O Vale do Neiva - Edição 77 Setembro 2020

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Trilha turísta Estado do Pará, (Brasil) pérola da Amazónia

Teatro

“Enxota Diabos” apresentado em Barcelos

Setembro 2020 edição 77 Propriedade:

A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Vamos falar sobre antibióticos pág. 4

Substitui o Pe. Ernesto Faria de Carvalho, que abandona a sua paróquia de mais de 30 anos por razões de idade e de saúde. .

pág

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Pe. Manuel de Brito Ferreira é o novo Pároco de Tregosa


índice edição 77

setembro 2020

ficha técnica diretoria e administração: Direção de “A Mó” redação: José Miranda; Manuel Pinheiro; Estela Maria; António Cruz colaboradores: A.C.Mujães; Adão Lima; Alcino Pereira; Amaral Giovanny; Américo Santos; Ana Sofia; Bruno Amorim; Cristiana Félix; Daniela Maciel; Domingos Costa; Eliza Souza; Florbela Sampaio; Herman Manuel; José Duarte; José Miranda; Luciano Castro; Pedro Marques; Pedro Tilheiro; Sandra Leiras; Sónia Grilo design e paginação: Mário Pereira supervisor: Pe. Manuel de Passos contacto da redação: Avenida S. Paulo da Cruz, Apartado 20 4905-909 Barroselas e-mail: redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade: Mensal

“Amor por dor”: o sonho de Maria da Conceição página 06

Memórias dos caminhos de Ferro página 10

Reviver o passado: as romarias ontem e hoje página 16

editorial Divulgar é dar a conhecer…

por José Maria Miranda Presidente da Direção de A Mó

N

esta edição, vou falar do jornal “O Vale do Neiva” que é propriedade de A Mó Associação do Vale do Neiva, sediada na Vila de Barroselas. Após ter sido criado o Grupo das Cantadeiras das Terras do Neiva, o Manuel Delfim (já falecido), não cruzou os braços e, após várias reuniões no café “Retiro do Souto”, em Barroselas, apoiado por um grupo

de entusiastas, fundou o jornal “O Vale do Neiva”, cujo o primeiro exemplar saiu a 15 de janeiro de 1984, impresso em papel. Tinha por finalidade falar do Vale do Neiva nas vertentes cultural, patrimonial e ambiental. Este mensário, publicouse na Vila de Barroselas até janeiro do ano 2002 (durante 18 anos). Os seus fundadores foram Manuel Delfim, Ismael Carvalho, Marçal Almeida, Aquilino Almeida, José Maciel, Jaime Ribeiro e José Dias. Após interregno de doze anos (2002 a 2014) foi reativado pela Direção em exercício no dia cinco de maio de 2014 em formato digital. Hoje afirma-se como um mensário credível

e com uma ótima recetividade por parte dos leitores, graças ao elemento gráfico e à boa qualidade dos conteúdos, elaborados pelos nossos colaboradores. Todos juntos, vamos continuar a dar o nosso melhor, para colocar o jornal “O Vale do Neiva” no lugar que merece. Bom trabalho!

formato: Digital distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.

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www.ovaledoneiva.pt uma referência na região do Vale do Neiva


Literatura: 5 livros para quem gosta de história página 18

Cinema: O correio da droga no espaço da 7ª arte página 20

o pulsar da sociedade A incontinência da paixão

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

O

tropismo associado ao estado de espírito apaixonado, é o sentimento que proporciona um roldão avultado de emoções e sensações, que pode contemplar diversas disposições, como o amor ardente, a fascinação, a obstinação, o histrionismo, a levitação, o pragmatismo na ação, o ciúme, o fanatismo, o sofrimento, o empreendedorismo e a própria felicidade, mas apesar de ambas as características mencionadas, terem enquadramentos e âmbitos esparsos, eles convergem numa correlação intrínseca, com o pretérito absoluto da incontinência da paixão. Esta predisposição abrupta e impetuosa, que concerne à incontinência da paixão, pode no limiar da exacerbação,

desencadear atos vilipendiosos e perniciosos, nem que seja de forma ténue, ou simplesmente ficar retido numa elucubração mental aturada, caso esse denodo voluptuoso da paixão, esbarre numa rejeição ou complicação insolúvel, e que por força dessa natureza eloquentemente apaixonada, podemos encontrar alguns modelos consignados, com esse género de atributos e indagações, no primeiro caso, podemos invocar a personalidade geral do modelo estereotipado do indivíduo, como se sabe no estudo da psicanálise, na Classe Apaixonado, pode albergar vários condimentos ou tendências condizentes com esse destarte de carácter, definidos por Carl Jung, em 16 tipos, que pode compaginar o estilo do inovador, o aventureiro, o empreendedor, o romântico, o sonhador e o idealista, entre outros, que podem potenciar alguma efervescência grotesca, quando levam os seus intentos ao extremo, mais concretamente nas suas causas e estratégias de grande alcance, noutro plano podemos também elencar de forma taxativa e mais

inequívoca, o romance amoroso natural, que se pontifica na relação e o desejo, de índole carnal e sexual, e a consequente paixão arrebatadora, que pode surgir na pontificação sentimental intensa na atração entre duas pessoas, como igualmente numa só pessoa, quando conserva um manancial incônscio, de amor platónico não correspondido, no que diz respeito aos efeitos colaterais estigmatizantes, acerca da incontinência deste âmbito de paixão, pode certamente ocasionar o ciúme desmedido, violência no namoro ou no casamento, ou o nocivo suicídio, outro aspeto conspecto que porventura pode patentear a intemperança da paixão, é a carência afetiva ou a solidão, normalmente esse tipo de pessoas, que vivem com ausência de afetos, liminarmente isoladas, sem o apego fraterno, quando conhecem alguém que demonstra simpatia e atenção, sem necessariamente recorrer aos meandros do súbito amor carnal, podem incorrer numa interpretação e uma atitude demasiado hiperbólica e egocêntrica, porventura pirrónica e fanática,

que pode irreversivelmente destituir essa precoce relação e por consequência volatilizar outras ações de índole nefasta, por último, outro género de indivíduo que pode entronizar, esta corrente da incontinência da paixão, é uma pessoa com um distúrbio mental significativo ou um psicopata, que evidentemente devido às suas deficiências e desequilíbrios de ordem patológicas, tem dificuldades de controlar as suas emoções, pode eventualmente desembocar numa paixão disruptiva, se de forma inopinada tiver um interesse paradigmático por alguém, correndo o risco de se envolver em picardias, ou em situações de cariz pejorativo. Apesar dos exemplos que enumerei, que no meu ponto de vista são os mais ilustrativos, penso que ninguém está imune à entoação indómita da paixão, porque está sujeito à complexidade dos cenários, como à proporcionalidade da ocasião, dos fatores incomensuráveis impostos pela natureza, como também perpetuados pela a propensão belicosa do homem, que pode alterar consideravelmente os modos de vida instituídos, e gerar por consequência outro vernáculo de interesses e motivações, que o leve a proceder à metamorfose radical dos seus sentimentos e ideais, apaixonando-se por algo substancialmente contundente e semântico. jornal

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saúde » questões sobre os antibióticos

Vamos falar sobre antibióticos

Um dos motivos que gera mais receio no contexto da Covid-19 é ainda não existir tratamento para esta doença, o que se está a fazer nos casos de doença é o controlo dos sintomas e coadjuvar com alguns fármacos usados noutras doenças, cuja utilização não reúne consenso dentro da comunidade científica. E uma pergunta que muitos colocam é: porque não se usa antibióticos na covid-19? Para ajudar a esclarecer esta questão, apresento este artigo sobre antibióticos. 4 edição 77 • setembro 2020

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Especialista em Enfermagem

O

s antibióticos são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que têm a capacidade de impedir a multiplicação de bactérias ou de as destruir, sem ter efeitos tóxicos para o Homem. A penicilina (obtida a partir de um fungo) foi o primeiro antibiótico descoberto. Para além dos fungos, atualmente os antibióticos também podem ser obtidos sinteticamente em labotatório.

Estas substâncias são amplamente utilizadas no tratamento e prevenção de doenças infeciosas causadas por bactérias. No entanto não tem acção sobre os vírus. Portanto, não devem ser tomados antibióticos, por exemplo, nos casos de gripe. Nem todos os antibióticos são activos contra todas as bactérias. Existem mais de 15 classes diferentes de antibióticos que se diferenciam entre si pela sua estrutura química e pelo seu modo de acção contra as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de


saúde » questões sobre os antibióticos

bactérias ou apenas contra um. Nos últimos anos, a Organização Mundial de Saúde e as demais sociedades científicas tem alertado para uma problemática crescente a nível mundial, decorrente do uso inadequado dos antibióticos: A resistência bacteriana aos antibióticos. A resistência aos antibióticos ocorre quando estes perdem a capacidade de controlar o crescimento ou morte bacteriana; assim, uma bactéria é considerada resistente a determinado antibiótico quando continua a multiplicar-se

“Os antibióticos são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que têm a capacidade de impedir a multiplicação de bactérias ou de as destruir, sem ter efeitos tóxicos para o Homem. A penicilina (obtida a partir de um fungo) foi o primeiro antibiótico descoberto. Para além dos fungos, atualmente os antibióticos também podem ser obtidos sinteticamente em labotatório. Estas substâncias são amplamente utilizadas no tratamento e prevenção de doenças infeciosas causadas por bactérias. No entanto não tem acção sobre os vírus. Portanto, não devem ser tomados antibióticos, por exemplo, nos casos de gripe.”

apesar da presença de níveis terapêuticos desse antibiótico. O uso inadequado dos antibióticos contribui para o aumento deste fenómeno: Utilizar antibióticos por razões erradas ou de forma incorreta são práticas que devemos evitar. Todas as pessoas podem desempenhar um papel importante na redução da resistência aos antibióticos, através de medidas como:

• Efetuar os tratamentos com antibióticos nas doses adequadas, cumprindo estritamente os horários das tomas e duração do tratamento, sempre de acordo com as recomendações do médico. • Evitar a auto medicação. • Não ingerir bebidas alcoólicas com a toma de antibióticos. • Prevenir as infecções por meio de vacinação adequada e higienização das mãos. • Perguntar nas farmácias qual a forma apropriada de eliminar os medicamentos não consumidos. Respeite sempre as recomendações do seu médico sobre quando e como tomar os antibióticos! O uso responsável de antibióticos é essencial no combate ao desenvolvimento de bactérias resistentes e na manutenção da sua eficácia! E respondendo à questão inicial: os antibióticos não tem ação sobre os vírus, portanto, não têm efeito sobre o coronavírus, o vírus por trás da Covid-19. Sejamos responsáveis, continuemos prudentes. jornal

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religião » biografia

Maria da Conceição, tinha como sonho dar a todos “Amor, por Dor”

Participantes no Retiro

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

I

lustríssimo leitor, os textos por mim publicados sobre Maria da Conceição, a “Serva de Deus”, - por várias vezes referido - são fruto de recolha dos livros alusivos à sua vida e obra. Neles, são revelados notáveis testemunhos de Espiritualidade

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de Maria da Conceição, e, por serem valiosos, - sem maçar o prezado leitor - prossigo na caminhada assumida em divulgar ainda mais a sua fortificada, vasta e frutífera Espiritualidade. Neste sentido, creio justo integrar na minha mensagem, uma frase contida no Prefácio do livro “O Sopro da Vida Interior” de Joan Chittister: “Depois de percebemos que a vida Espiritual não pode ser uma coisa à parte, e que saudavelmente coincide com a única vida que temos”. Esta frase incorpora plenamente Maria da Conceição a “Serva de Deus” de coração dócil e com

“Convenhamos acrescentar que a sua enraizada conduta Missionária, tinha como sonho, a todos dar “Amor, por Dor” para assim, se deixarem encaminhar na rota do Céu. Convém, porque é importante divulgar, que o seu coração estava dilatado em resultado do “Amor, em Espírito”. Assim sendo, as mensagens de Maria da Conceição percorrem o mundo, com elevada força Espiritual.”

visão de acrescida amplitude, concebia – porque era seu desejo -, inequívocos gestos salvíficos onde havia carência. Convenhamos acrescentar que a sua enraizada conduta Missionária, tinha como sonho, a todos dar “Amor, por Dor” para assim, se deixarem encaminhar na rota do Céu. Convém, porque é importante divulgar, que o seu coração estava dilatado em resultado do “Amor, em Espírito”. Assim sendo, as mensagens de Maria da Conceição percorrem o mundo, com elevada força Espiritual. Direi ainda, que a “Serva de Deus”, preocupava-se por orar,


religião » biografia

“O coração da Serva de Deus, “Ardia em Viva Chama” para levar a todos a “vida da graça, as doçuras de Jesus! Este amor ardente, que me queimava, era o fogo que consumia os pecados daqueles que ia fazendo meus, lavando-os com as minhas lágrimas, pedia ao Céu amor e misericórdia para todos os meus irmãos culpados”.”

Auditório da Conferência da Congregação

orava no sentido de minorar os efeitos nefastos por todos quantos não “oram e sofrem, por não saberem amar a Deus de toda a consolação”. Porque a sua intrínseca vontade, consistia em levar todas as almas junto de Deus, para assim, sarar as graves feridas que as afligem, bem como enxugar as escorregadas lágrimas e ainda respeitar a Sua palavra. Para, depois, as converter em Fé, a fim de prestarem mais atenção ao exemplo que Deus dá ao mundo, aquando da crucificação. O coração da Serva de Deus, “Ardia em Viva Chama” para levar a todos a “vida da graça, as doçuras de Jesus! Este amor

“Sempre direcionado nas linhas sóbrias, encontra-se o amor, aquele amor que a “Serva de Deus” se entregou a Deus e se apresentou ao Mundo para o servir. ”

ardente, que me queimava, era o fogo que consumia os pecados daqueles que ia fazendo meus, lavando-os com as minhas lágrimas, pedia ao Céu amor e misericórdia para todos os meus irmãos culpados”. Mais uma vez dirijo-me respeitosamente ao leitor, para consultarem o que a solícita “Serva de Deus”, carinhosamente nos legou, para assim ficarem mais sintonizados da sua beleza Espiritual. Características importantes que a acompanhava indo ao encontro da sensibilidade, humildade, generosidade, da ardente Espiritualidade e do seu

profundo amor e veneração a Deus e humanidade. Sempre direcionado nas linhas sóbrias, encontra-se o amor, aquele amor que a “Serva de Deus” se entregou a Deus e se apresentou ao Mundo para o servir. Ilustríssimo leitor, apresento de seguida uma mensagem de substancial amor que foi Maria da Conceição de profunda espiritualidade e de obrigatória reflexão, nos deixou para alimentar as nossas almas: “Os pecados do mundo, a infelicidade ao amor, me fizeram pobre vítima desta dor, aonde só fala o amor”. jornal

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a mó » em movimento

Secção TeatroNeiva

porJosé Maria Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

Prá Frente Barcelos” foi o título da sugestão do Município para as atividades culturais a realizar na frente ribeirinha de Barcelos entre 18 de julho e 5 de setembro. E foi assim ao longo de três meses, com uma programação que integrou teatro, música dança e cinema, em espaços montados na frente ribeirinha de Barcelos,

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ao ar livre, numa área limitada, com assistência condicionada às determinações da Direção Geral da Saúde. Os espetáculos foram de entrada gratuita e o espaço estava preparado para receber 400 pessoas com todas as condições de segurança. A programação de Verão “Prá Frente Barcelos”, terminou no dia 5 de setembro com a peça de teatro “Frades do Vale do Neiva Enxotam Diabos” pelo Grupo de teatro de A Mó - Associação do Vale do Neiva. O Grupo TeatroNeiva felicita o município de Barcelos pela sujestão encontrada, a qual permitiu relançar as atividades culturais com conteúdos capazes de atraírem a população.


história » heródoto tinha razão

A Rendição do Japão na II Guerra Mundial

MacArthur na cerimônia de rendição

por Amaral Giovanny amaral.giovanny@gmail.com

N

o final de 1942, iniciou-se a ruptura do equilíbrio de forças no Pacífico. As forças japonesas foram vencidas pelos norte-americanos nas batalhas do mar de Goral e de Midway, assim como na resistência de Guadalcanal. Essas vitórias impediram a queda da Austrália e do Hawai, possibilitando o início da contra-ofensiva norteamericana no Pacífico. Ao fim de 1944, as tropas americanas, comandadas pelo general MacArthur, conquistaram sucessivamente as ilhas Marshal, Carolinas, Marianas e Filipinas e em 1945 foi conquistada a Birmânia. Com a ocupação da ilha de Okinawa, iniciaram-se os bombardeios sobre o Japão.

Em 6 de agosto de 1945, por decisão do presidente Truman, realizou-se o bombardeio atómico de Hiroxima, que destruiu cerca de 60 % da cidade e matou cerca de 60 mil pessoas, seguido, três dias depois, de um novo ataque atómico contra Nagasáqui, matando cerca de 80 mil pessoas. Em 2 de setembro de 1945 o Império Japonês se rendia em uma cerimónia oficial que pôs fim às hostilidades da Segunda Guerra Mundial. Toda a circunstância foi uma forma planejada de vexar os japoneses. A formalidade aconteceu a bordo do encouraçado USS Missouri (BB-63) da Marinha dos Estados Unidos. Ali, os funcionários públicos representantes do governo japonês assinaram o Instrumento de Rendição do Japão. No final de julho de 1945, a Marinha Imperial japonesa já era incapaz de realizar operações de grande monta e via como algo iminente a invasão aliada no Japão. Enquanto declaravam publicamente sua intenção de lutar até o fim, os líderes do Japão

“Toda a circunstância foi uma forma planejada de vexar os japoneses. A formalidade aconteceu a bordo do encouraçado USS Missouri (BB-63) da Marinha dos Estados Unidos. Ali, os funcionários públicos representantes do governo japonês assinaram o Instrumento de Rendição do Japão)”

- personificados no Conselho Supremo conhecido como os “Seis Grandes”- tratavam em privado com a União Soviética para mediar a paz. Em realidade simplesmente buscavam encontrar termos mais favoráveis para os japoneses. Enquanto, os soviéticos se preparavam para atacar as forças japonesas na Manchúria e Coreia em cumprimento das promessas que tinham feito em segredo aos Estados Unidos e Reino Unido nas Conferências de Teerão e Yalta. Em 6 de agosto de 1945 ocorreu um dos episódios mais terríveis da história da humanidade. Os Estados Unidos lançou uma bomba atómica sobre a cidade japonesa de Hiroshima. Na tarde de 8 de agosto de 1945, em conformidade com os acordos de Yalta, ainda que violando o Pacto de Neutralidade Soviético-Japonesa, a União Soviética declarava guerra ao Japão, e pouco depois da meianoite de 9 de agosto de 1945, invadia o estado imperial japonês de Manchukuo. Mais tarde, nesse mesmo dia, os Estados Unidos voltavam a apertar o botão: uma segunda bomba atómica, desta vez na cidade japonesa de Nagasaki. O Japão estava devastado e o imperador Hirohito interveio e ordenou ao Conselho Supremo que aceitasse os termos que os Aliados tinham estabelecido na Declaração de Potsdam para pôr fim à guerra. Após vários dias de negociações e um golpe de estado frustrado, Hirohito renunciou em 15 de agosto. Assim chegamos à data oficial de 2 de setembro, momento que ocorreu a referida cerimónia de rendição japonesa. A ata foi assinado pelos representantes do Império Japonês, Estados Unidos, República da China, Reino Unido, União Soviética e a entidade legalmente constituída por Austrália, Canadá, República Francesa, Reino da Holanda e Nova Zelândia. jornal

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história » caminhos de ferro

Memórias dos caminhos de ferro N por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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o sentido de dar continuidade ao artigo anterior, refiro que em resposta da proposta de 20 de março de 1906, Sua Majestade, a 4 de abril de 1906, concedeu licença para assentamento de uma linha férrea tipo Americano, em dois troços de estrada: Um, na estrada nº. 196 entre Loulé e Faro, por São Baz de Alportel, e o outro, na estrada real nº. 17 entre S. Braz de Alportel e Faro.

Deste modo, é concedido licença ao Senhor Joaquim Lopes do Rosário “proprietário e industrial a residir em Faro”, para os construir, desde que respeite as condições decretadas e assinadas nas clausulas do Decreto Lei. Julgo oportuno acrescentar, que das linhas férreas americanas escritas neste mensário, nem todas foram construídas. Como ainda adiantarei, que outras já citadas, também não tiveram muito sucesso. A imprevisibilidade deve ser sempre respeitada, pelas preferências dos Governantes. Também lembro, que outras linhas deste tipo de transporte, estiveram ao serviço público tal como estas. Todavia, ao não me referir a elas, não é minha intenção as menosprezar, porque, considero que as mencionadas, dão um parecer suficiente da sua circulação nas vias de comunicação em todo o País. Aproveitei no projeto de decreto de 21 de abril de 1906,

“Todos, contribuíram, na vida económica; na vida social; na vida humana, no sentido tornar as mentalidades do povo Português; tornou possível o acesso a praias e termas; descobriu e destapou as paisagens Portuguesas, bem como a indústria turística, não descurando os escritores/poetas e jornalistas. Por isso, espelhou com mais intensidade na literatura do País desse tempo.”


história » caminhos de ferro

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA

SETEMBRO

Lisboa antiga algo interessante sobre os regulamentos para concessão de caminhos de ferro sobre estradas. Neste século, neste ano, neste mês e dia, ninguém duvida da importância acrescida que as estradas, bem como os caminhos de ferro Portugueses têm em múltiplos domínios. Todavia, tempos houve, – dizem os antiprogressistas -, que a viação acelerada ‘caminhos de ferro’ prejudicaria sobremaneira a viação rodoviária ordinária, como ainda a navegação. Convenhamos dizer, que nesses momentos contestáveis, - nada inovadores -, Portugal com a implementação de vias de comunicação aceleradas, beneficiou em velocidade e capacidade de carga rebocada, com benefícios inequivocamente inigualáveis. Reconheceu-se que a estrada ordinária e navegação eram complementos da viação acelerada, sem descurar os caminhos de ferro americanos, dado circularem no leito das estradas ordinárias. Por merecer destaque, direi que diversos países “…com assinalável estrutura a nível cultural e financeira”, como exemplo:

“Logo, a 12 de março de 1896, foi emitido alvará no sentido de conceder permissão pelo “…trespasse da concessão de um caminho-de-ferro Americano com tração animal, entre a nova avenida superior esquerda da ponte D. Luiz I e a estação de Vila Nova de Gaia”. O trespasse foi entre José Leão e João César Pinto de Guimarães para António de Pádua Meneses Russel e João Batista de Carvalho.”

França, Bélgica e em especial a próspera Itália, não exitaram em implementar meios de transporte mais abrangentes, para assim assegurar o serviço básico da população. Esses países, internacionalmente reconhecidos, foram exemplo, bem positivo. Por isso, será justo assinalar, que penetrou em todos eles, - bem como no nosso -, a desejada e proveitosa prosperidade. Convém dizer ainda, que a dotação de uma vasta rede de caminhos de ferro tipo “Americano” construídos sobre as estradas reais, perfazem, neste momento, 3. 251 quilómetros. Em Portugal, os caminhos de ferro americano, embora com algum resultado, não obteve o desejado sucesso. Todavia, em outros países foi apreciado como altamente vantajoso, visto, no parecer deles, ser rápido, fácil de construir e mais barato a circular em vias – secundárias de comunicação acelerada, com efeitos deveras importantes.

Lisboa das tascas e das leitarias das imensas alegrias dos fados e das desgarradas das varinas descaradas um bêbado sentado numa tasca de lisboa e a seu lado uma fadista canta o fado na noite da Madragoa

Pág. 38 a 40 do livro de Legislação de 1906.

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jornal

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cultura » trilha turística

O estado do Pará, pérola da Amazónia

N por Eliza Sousa elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

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o norte do Brasil, em plena região amazónica, surge fulgurante, rico e belo o estado do Pará. De todos os estados do Brasil, o Pará talvez seja o que mais guarda em si a cultura e traços lusitanos. Percebe-se no falar do paraense um “S” chiado, diferentemente de outras regiões do Brasil onde ele é sibilado. Outra característica importante é a forma de tratamento através do pronome pessoal “tu” conjugado de forma correta: Tu foste ao mercado? Tu queres um pedaço de pão? Tu és de onde? É muito evidente nesse linguajar o português lusitano, claro, misturado com outros sons e expressões caboclas.

“Percebe-se no falar do paraense um “S” chiado, diferentemente de outras regiões do Brasil onde ele é sibilado. Outra característica importante é a forma de tratamento através do pronome pessoal “tu” conjugado de forma correta: Tu foste ao mercado? Tu queres um pedaço de pão? Tu és de onde? “

Última república a aderir à Independência do Brasil, tem sua representação na bandeira brasileira através de uma estrela solitária acima da faixa branca, dentro do círculo azul. Correlação direta ao facto histórico do dia 15 de agosto de 1823, a adesão do Pará à nova república. O ciclo migratório de cidadãos lusitanos ao Brasil, e especialmente a terras paraenses, se deu ao longo de todo século XIX. Na primeira metade desse século, o comércio foi uma atividade económica de grande crescimento na região amazónica. O Pará e Maranhão, ocupavam o quarto lugar entre


cultura » trilha turística

as capitanias exportadoras brasileiras. O cacau tornava-se o principal produto exportador da capitania, mas também produtos como castanhas e guaraná eram comercializados com muito sucesso para Europa e América do Norte. Na segunda metade do século XIX, houve uma explosão de prosperidade com o ciclo da borracha em toda região norte e em especial na província do Pará, iniciando-se um período conhecido como belle époque paraense e que atraiu grande parte dos portugueses a essa província. Estima-se em dados não oficiais, que cerca de mais de 13.300 cidadãos portugueses

imigraram para o estado. Segundo o senso de 1872, cerca de 12% da população era formada de estrangeiros e destes 80% eram portugueses, na maioria homens entre 25 e 35 anos. Mas não foi só o facto do Brasil ser na época a terra da riqueza e da prosperidade, que trouxe os portugueses às terras amazónicas. Conflitos políticos e o declínio da economia portuguesa também foram determinantes para o deslocamento de muitos lusitanos as terras brasileiras. Na segunda metade do século XIX no Pará, a Revolta da Cabanagem,

“Ainda hoje, porém, a região continua sendo berço de forte traço lusitano, seja na linda arquitetura dos casarios e igrejas, seja na gastronomia ou na profunda religiosidade católica de seu povo, que tem como sua expressão máxima O Círio de N. Sra. de Nazaré, padroeira do povo paraense.”

grave conflito político social, deixou marcas profundas na história da província. Essa revolta eminentemente popular convulsionou o ambiente e as relações entre brasileiros e estrangeiros, notadamente portugueses, sinalizando uma convivência não muito harmónica entre os cidadãos da época. Ainda hoje, porém, a região continua sendo berço de forte traço lusitano, seja na linda arquitetura dos casarios e igrejas, seja na gastronomia ou na profunda religiosidade católica de seu povo, que tem como sua expressão máxima o Círio de N. Sra. de Nazaré, padroeira do povo paraense.

“Mas não foi só o facto do Brasil ser na época a terra da riqueza e da prosperidade, que trouxe os portugueses as terras amazónicas. Conflitos políticos e o declínio da economia portuguesa também foram determinantes para o deslocamento de muitos lusitanos as terras brasileiras. “

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local » durrães e tregosa

Movimento Religioso

Reverendo Padre Ernesto Faria deixa a freguesia de Tregosa Arcipreste de Barcelos, Sr. Manuel da Graça

E porJosé Maria Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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m 1990, o Sr. Arcebispo Primaz nomeou-o para pároco de Tregosa e Aldreu, onde deu entrada solenemente no dia 7 de outubro de 1990, portanto há trinta anos que o Sr. padre Ernesto se encontra entre nós. Ao longo destes anos mostrou ser um sacerdote exemplar, cumpridor, zeloso e atento às necessidades das suas paróquias quer em termos espirituais como sociais. Desde o ano 2000, que é o presidente do centro social e paroquial de Tregosa tendo sido também um dos seus fundadores.

No campo social, destacase a fundação em 1994 da Delegação da Cruz Vermelha em Aldreu, que até à atualidade tem prestado um apoio fundamental na assistência pré-hospitalar nesta área geográfica do concelho de Barcelos e Viana do Castelo. Resumindo: - O Sr. Padre Ernesto ao longo destes anos, esteve sempre disponível e muito atento a todos, tendo sempre uma palavra de incentivo e apoio nos projetos que a paróquia se envolveu bem como nos diferentes organismos ligados à igreja. Trata-se de uma pessoa com uma personalidade bem vincada, simples, recatado, mas tendo sempre uma palavra certa para o momento certo. Não gostava de aborrecer nem incomodar ninguém, mas o que mais apreciava era a convivência com os seus paroquianos. Mas a vida de uma pessoa seja ela de que extrato social for, tem o seu limite e, desta vez, tocou ao Reverendo Pe. Ernesto. Assim, o Sr. Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, nomeou no passado dia 19 de julho de 2020, o Pe. Manuel de Brito Ferreira como novo Pároco de Nossa Senhora da Expectação de Tregosa tendo, na mesma data, dispensado, por razões de idade e de saúde, o Pe. Ernesto Carvalho Faria da paroquialidade desta mesma paróquia. Sua Exa. o Sr. Acipreste de Barcelos, Manuel da

Graça Ferreira de Oliveira, presidiu à celebração litúrgica de tomada de posse do Pe. Manuel de Brito e a despedida do Pe. Ernesto Faria. A cerimónia ocorreu no passado dia 06 de setembro de 2020 pelas 16 horas na igreja paroquial de Tregosa. Na cerimónia Litúrgica estiveram presentes: O Sr. Arcipreste de Barcelos, Manuel da Graça Ferreira de Oliveira em representação do Sr. Arcebispo Primaz; Pe. Laureano Alves e Pe. Porfírio de Sá, membros da comunidade Passionista; Pe. Manuel Domingos Sampaio Viana, Pároco da Freguesia de Aldreu; Sr. José Dias e Sr. Joaquim Ferros, Presidente e Secretário da Autarquia da União de Freguesias de Durrães e Tregosa; Dr. Rogério Barreto, Presidente da Assembleia da União de Freguesias de Durrães e Tregosa; Sr. Sampaio Viana, Presidente da Junta de Freguesia de S. Paio de Antas; Coletividades e Organismos religiosos locais. A Comunidade religiosa Tregosense deseja ao Reverendo Pe. Ernesto muitos anos de vida e nunca se esquecerá do Sr. Pe. Ernesto como uma figura simpática, compreensiva e afável. Ao novo Pároco, Sr. Pe. Brito Ferreira, fazemos votos para que o trabalho na nova messe seja coroado de contínuos êxitos.


local » durrães e tregosa

Autarquia em movimento

Rua da Calçada renovada em toda a sua extensão

porJosé Maria Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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Autarquia de Durrães e Tregosa presidida pelo Sr. José Dias mantemse atenta às necessidades da população e neste caso concreto a ação incidiu na rua da Calçada que anteriormente era em terra batida em toda a sua extensão e com vários atrofiamentos. Hoje está totalmente renovada quer a nível de piso (todo em cubo), e os atrofiamentos eliminados onde foi possível. Agora com esta reabilitação a rua da calçada já é digna que lhe chamem de rua. A título informativo esta rua tem uma extensão de 395 metros (agradece-se a gentileza do Sr. José Dias) e liga a rua de Tregosa à rua de Vale do Neiva.

jornal

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local » reviver o passado

Romarias: ontem e hoje

Procissão do S. Lourenço, Durrães, finais dos anos 30 do século passado

por Luciano Castro lucianomcastro56@gmail.com

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ão se fizeram ouvir, este verão, os altifalantes anunciadores das romarias, que tanta vida dão às aldeias deste vale. Esta pandemia, que aos olhos da maioria de nós nunca aconteceria, apanhou-nos à falsa fé, sobretudo idosos e doentes crónicos, causando pânico, à medida que íamos escutando os relatórios diários de mortos e infetados. Uma das várias consequências foi a suspensão de todos os eventos onde houvesse grandes concentração de pessoas. Este

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ano, ao meu redor, só recordo as festas de Santo Amaro, São Brás e Senhora das Candeias, pelo facto de se terem realizado no início do ano. O romeiro de hoje, acautelando as devidas exceções, já não vai em romagem pagar a sua promessa. Sendo certo que nas romarias homenageamos os santos protetores e os padroeiros das várias paróquias, a componente religiosa, não tendo perdido importância, tem sabido acompanhar os tempos e conviver com a lúdica. Importará também referir, que é no terreiro da festa que nos encontramos e muitas vezes matamos saudades dos ausentes. Além das festas religiosas que se realizavam por todo este vale e redor, outras havia mais distantes, onde as pessoas se deslocavam a pé e geralmente em grupo, liderado por um ou vários cavalheiros a quem eram

“O romeiro de hoje, acautelando as devidas exceções, já não vai em romagem pagar a sua promessa. Sendo certo que nas romarias homenageamos os santos protetores e os padroeiros das várias paróquias, a componente religiosa, não tendo perdido importância, tem sabido acompanhar os tempos e conviver com a lúdica.”

confiados os mais jovens. Saíam pelas duas ou três da manhã, porque eram várias as léguas a palmilhar. Cantava-se durante o caminho, para amenizar o cansaço. Eram famosas a Senhora da Abadia, O São Bento da Porta Aberta ou o São Torcato de Guimarães. E a que sacrifícios os jovens se sujeitavam para poderem integrar o grupo. Era a altura de aprender as modas novas que se cantariam nos campos durante o trabalho. E na festa nada escapava, que fosse motivo para uma boa risada, como a quadra que uma moça toda airosa lançou ao Zé Beato, que tinha acabado de comprar um chapéu na festa da Senhora da Abadia: Ó moço onde comprou O seu chapéu de palhinha. Também quero um igual, P’ra aninhar uma galinha. Contam-se vários episódios na minha aldeia, de raparigas que iam trabalhar ao jornal para os lavradores, a fim de angariar o dinheiro para a função, como era então designada. Também perdura ainda na lembrança dos mais idosos, a decisão daquele pai, a quem as filhas pediram para ir à Santa Marinha de Forjães. Começaram a fazer o pedido com vários dias de antecedência, não obtendo resposta. O dia aproximava-se e a esperança era já pouca. Faltavam três dias, e à noite ganharam coragem lembrando o pedido. O ano corria quente e seco, e o fio de água que alimentava a poça de rega que se situava a poucas dezenas de metros do rio Neiva, não chegava para enchê-la. Foi então que ouviram a resposta: - Deixo-vos ir, mas com uma condição: antes, tendes que encher a poça, trazendo a água ao cântaro do rio, porque a leira de Real está com tudo a ficar seco. A poça não era grande, mas nem aquele balde de água fria impediu que fossem a Forjães.


decoração » arte floral

Breve história da Ikebana, arranjo floral Japonês

por Eliza Sousa elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

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arte da Ikebana tem sua origem na Índia. Conta-se que certa vez Gautama – Buda, viu no chão um galho de flores quebrado pelo vento. Cheio de piedade pediu a um de seus discípulos para pôr os galhos na água para que assim as flores tivessem sua vida prolongada. A partir daí os discípulos de Buda começaram a cuidar com muito esmero de todas as flores que encontravam caídas pelo caminho. Faziam com elas lindos arranjos florais em homenagem ao seu mestre. Com o tempo esses arranjos passaram a ser ofertados a Buda e a decorar os altares dos templos se tornando aos poucos parte dos rituais do budismo indiano. Os monges budistas ao longo do tempo foram se aperfeiçoando na arte dos arranjos florais até chegarem a uma forma de jardinagem de grande profundidade espiritual chamada “Paisagem Seca”. Porém, foi com um monge conhecido como “ermitão do lago” que a técnica se desenvolveu de uma maneira mais harmoniosa atraindo monges de outros templos que vinham lhe pedir que ensinasse a arte. A arte de criar arranjos florais passou a se chamar Ikebana. Essa é reconhecida como primeira escola de arranjos florais no Japão. Por volta do ano de 1334 surge a escola

Ikebobo a escola mais antiga e tradicional da Ikebana. Durante os anos que se seguiram várias outras escolas surgiram até os dias atuais culminando com o moderníssimo “Estilo Livre”, onde as possibilidades de criar são ilimitadas combinando com ambientes e gostos contemporâneos.

“Porém, foi com um monge conhecido como “ermitão do lago” que a técnica se desenvolveu de uma maneira mais harmoniosa atraindo monges de outros templos que vinham lhe pedir que ensinasse a arte. A arte de criar arranjos florais passou a se chamar Ikebana. Essa é reconhecida como primeira escola de arranjos florais no Japão.”

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crónica » literatura

5 Livros para quem gosta de História

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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e é verdade que o verão pede leituras mais leves, a chegada do outono convida-nos a descobrir outro tipo de leituras. Se é um apreciador de História e gosta de explorar narrativas que abordam temáticas relacionadas com a História Mundial, então venha conhecer as 5 sugestões de livros que tenho para si. A Rainha Branca, de Philippa Gregory, é o primeiro volume de uma série passada em plena Guerra das Rosas. Esta guerra consistiu num conjunto de lutas dinásticas pelo trono da Inglaterra, ocorridas ao longo de trinta anos (entre 1455 e 1485). Esta é a história de Isabel Woodville, uma plebeia que ascende à realeza e que revela estar à altura de todas as

“Se é verdade que o verão pede leituras mais leves, a chegada do outono convida-nos a descobrir outro tipo de leituras. Se é um apreciador de História e gosta de explorar narrativas que abordam temáticas relacionadas com a História Mundial, então venha conhecer as 5 sugestões de livros que tenho para si!”

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exigências da sua posição social. Enquanto luta fortemente pelo sucesso da sua família, esta rainha vai estar no centro de um intrigante mistério: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre de Londres. Uma história cativante, contada na primeira pessoa, e que vai despertar a sua curiosidade por este acontecimento histórico. Dez Mil Guitarras, de Catherine Clément, inicia-se em Marrocos, em 1578. E se D. Sebastião, o rei

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Uns dizem que a beleza vem de dentro, outros dizem que vem de fora. Com a DOGTYBY vem dos dois lados.

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português desaparecido durante a batalha de Alcácer-Quibir, tivesse sobrevivido e tido uma vida diferente, mesmo não tendo voltado para Portugal? Foi este desaparecimento que a autora quis explorar neste romance histórico. Um livro muito interessante e de leitura agradável, com episódios de ficção, mas claramente com uma base histórica muito bem fundamentada. Inês, de Maria João Fialho Gouveia, é a história de Inês de Castro, a bela aia galega que arrebatou o coração do príncipe D. Pedro, futuro rei de Portugal. Embora seja uma leitura densa, assim que o leitor se adapta, começa a ver uma beleza incrível em cada palavra, em cada frase, em cada diálogo. A escrita da autora transporta o leitor para a época sobre a qual está a ler. A autora oferece uma história intensa que faz jus a este amor que foi maior que a vida. Uma leitura que recomendo absolutamente, quer sejam amantes de romances históricos, quer queiram apenas conhecer


crónica » literatura

melhor estas personagens da História Portuguesa e Castelhana. Sissi – Coragem até ao Fim, de Allison Pataki, conta-nos a história da imperatriz Isabel da Áustria–Hungria. A escrita de Allison Pataki é absolutamente maravilhosa! Ela consegue envolver o leitor e fazê-lo sentir a sua paixão por esta personagem. Sissi foi uma imperatriz amada e controversa, que também sentiu o ódio do povo. Era uma mulher inteligente, extremamente bela e com um destino trágico. A narrativa é muito pormenoriza e rica em acontecimentos, notando-se que teve como base um grande trabalho de pesquisa.

“Inês, de Maria João Fialho Gouveia, é a história de Inês de Castro, a bela aia galega que arrebatou o coração do príncipe D. Pedro, futuro rei de Portugal. Embora seja uma leitura densa, assim que o leitor se adapta, começa a ver uma beleza incrível em cada palavra, em cada frase, em cada diálogo. A escrita da autora transporta o leitor para a época sobre a qual está a ler. A autora oferece uma história intensa que faz jus a este amor que foi maior que a vida. Uma leitura que recomendo absolutamente, quer sejam amantes de romances históricos, quer queiram apenas conhecer melhor estas personagens da História Portuguesa e Castelhana.”

A Filha do Barão, de Célia Correia Loureiro, decorre em Portugal, no período das invasões francesas. A história começa a ser narrada em 1805,

prolongando-se depois por vários anos em que acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos. Percebe-se que houve uma pesquisa exaustiva por parte da autora, que conseguiu caracterizar na perfeição este momento histórico. Não é um livro para ler de forma compulsiva, mas sim para ler devagar e de forma concentrada, enquanto saboreamos cada palavra. Posso afirmar que é um excelente romance histórico que devia chegar ao maior número possível de leitores. O facto de retratar um período da história de Portugal torna-o ainda mais especial. Agora que acabou de conhecer as minhas sugestões para este outono, já decidiu que período histórico vai querer explorar?

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cinema » sugestão ao leitor

O correio da droga

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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om o crescimento inesperado e cocuruto do narcotráfico de estupefacientes, designadamente as drogas, relacionadas com a cocaína e a heroína, que se pontificaram em dimensões incomensuráveis, a partir dos anos 70 e atingindo o pináculo da sua expansão, na década de 80, simultaneamente as artes cénicas em geral, foram produzindo enredos e histórias, muito demonstrativas da personificação desse flagelo, que evidenciam a concretização ardilosa do tráfico dessa mercadoria pungente, compaginando com os atributos implícitos, da violência, da marginalidade e a corrupção associada, contrariando essa semântica, com o combate tenaz e persecutório por parte das autoridades, à exportação criminosa dessas substâncias ilegais e perniciosas para o ser humano. Para este despique inolvidável, entre traficantes, próceres mafiosos, com a polícia e a justiça, que trespassou gerações, e que consubstancia laivos de adrenalina e ação, às narrativas cinematográficas, explica se por uma combinação de fatores, que se foram cimentando e que convém sublinhar, para tentar alocar a volatilidade e as ramificações inerentes ao transporte acintoso, peçonhento e multifacetado do correio da droga. Como primeiro predicado, destaco a necessidade premente do vício intrínseco, do prevaricador

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Gene Hackman, William Friedkin, Roy Scheider, Eddie Egan e Randy Jurgensen “Os Incorruptíveis Contra a Droga” 1971

e deleitante consumidor, que com o afã característico, consome avidamente a sua droga, sendo que este estereótipo de indivíduo, pode ter sido eufemisticamente influenciado, pela a conspurcação abusiva das correntes implicadas com o Movimento Estudantil do Maio de 1968 em França, que defendia uma maior libertinagem em termos sociais, de índole sexual e pela ampla revisão dos preceitos e costumes conservadores, numa euforia juvenil que se contagiou transversalmente por todo o mundo ocidental, como também a cultura hippie, que se catapultou e se afirmou, numa lógica de hedonismo desmedido, em que um acervo considerável de jovens, se juntavam numa congregação iconoclasta, para invocar uma das premissas, nomeadamente o consumo de vários tipos de drogas, visando o delírio, a liberação transcendental da sua mente, sendo que esse bem estar psíquico, que conduz à levitação concludente, faz o consumidor tornar se num hipotético hiperbólico dependente,

“Os Incorruptíveis Contra a Droga” de William Friedkin 1971

no entanto pode se em casos esporádicos, encontrar outro género de interessados, em drogas muito específicas para colmatar e ser eficaz, em situações insanáveis, que a medicina não consegue ser resolutiva, em segundo lugar indico, a rigidez e a probidade da proibição, no impedimento taxativo do uso destes produtos, como um elemento preponderante, para consolidar a proeminência e a protuberância do tráfico, pelo o


cinema » sugestão ao leitor

simples fato de ser considerado ilícito, no que diz respeito às razões consabidas, acerca desta proibição, podemos elencar os danos colaterais, das substâncias rotuladas com mais nocivas, como o ecstasy, heroína, cocaína e cannabis, que convergem em comum nos efeitos secundários, que devido ao uso excessivo, podem potenciar o surgimento de problemas cardíacos, dependência, ansiedade, agitação e deficiência pulmonar, por último e em terceiro lugar, menciono a especulação e o lucro decorrente, do preço do custo elevado da droga, no mercado negro, que se aproveita desta dicotomia entre a urgência imperiosa do consumo e o aforismo da restrição, para inflacionar o custo, gerando um negócio ilegal de grande envergadura, ao qual estes entorpecentes que são especialmente produzidos na América do Sul e no sudeste asiático, expandem se cirurgicamente pelo os restantes continentes, através do despiciente e tortuoso correio da droga. A orgânica de charneira, congeminada com esta ordem de fatores, que se posiciona e adere a uma holística de âmbito mafioso, que soezmente gere o negócio da droga, em que poderosos e caciques providenciais, lideram uma horda de intervencionistas implacáveis e sédulos, que não olham a meios, para patentear o titubeante auguro do contrabando, é indubitavelmente indagado através de exemplos pertinentes de cinema, que sugiro, comutativamente com outro tipo de atributos e causas, que podem acontecer inusitadamente, dentro da ecologia do tráfico de droga. “Os Incorruptíveis Contra a Droga”, de 1971 - é um filme sstadunidense, de âmbito policial, que está cotado como um ícone cinematográfico de

“Em consonância com a evolução repentina e o alcance multilateral desse incremento do narcotráfico, a produção aposta numa história verídica, que contempla atributos de um filme de ação empolgante, um thriller exorbitante, que retrata um período funesto e insidioso, em que a cidade de Nova Iorque está mergulhada no exicial mundo do crime, em que a comorbidade do consumo de droga, reveste se como o agudizar crescente dessa tendência, para isso o detetive Jimmy ‘Popeye’ Doyle, um homem de carater decidido e pragmático, persistente e com instintos de obstinação, que costuma aplicar bravatas ostensivas aos suspeitos (...)”

renome internacional, sendo o mais ínclito e pródigo, na demonstração unívoca do tráfico de droga e na tentativa eloquente por parte das autoridades em nocautear, esse negócio inexorável e ilícito. Em consonância com a evolução repentina e o alcance multilateral desse incremento do narcotráfico, a produção aposta numa história verídica, que contempla atributos de um filme de ação empolgante, um thriller exorbitante, que retrata um período funesto e insidioso, em que a cidade de Nova Iorque está mergulhada no exicial mundo do crime, em que a comorbidade do consumo de droga, reveste se como o agudizar crescente dessa tendência, para isso o detetive Jimmy ‘Popeye’ Doyle, um homem de caráter decidido e pragmático, persistente e com instintos de obstinação, que costuma aplicar bravatas ostensivas aos suspeitos, e o seu ajudante mais comedido de nome Buddy Russo, estão incumbidos de investigar os crimes relacionados com o tráfico de droga, sendo que por força desse afincado esforço, acabam por descobrir e desmantelar uma rede oriunda de França, em que o cabecilha dessa estrutura Alain Charmier, se encontra na cidade, gerando a atenção minuciosa e incisiva dos investigadores, com o

intuito de arranjar um subterfúgio ou uma prova, para o tentar deter, a ele e os seus sequazes, de preferência em flagrante delito. Além da vertente policial, que o enredo invoca, existem dois aspectos implícitos, que o filme expõe, que são muito ilustrativos acerca dessa idiossincrasia urdida e acérrima, na competição entre a polícia e os traficantes, designadamente nas constantes perseguições verificadas com denodo e intrepidez, e também na maneira como os traficantes arranjavam as formas mais criativas e mirabolantes, e de difícil detecção, para esconder a droga, transportada em peças, viaturas e em eletrodomésticos. “O Clube de Dallas”, de 2013 - é um filme estadunidense, baseado em fatos ocorridos em 1985, nos EUA, que conta a historia de Ron Woodroof, um eletricista heterossexual de Dallas, que vive a vida no limiar da depravação social, numa lógica de fruição e lazer, de índole frívolo e leviano, juntando se em grupos, onde é notório o consumo de drogas e o polvilhar de orgias sexuais, acabando por infortúnio ser diagnosticado com o vírus VIH/Sida, após uma observação patológica de enfoque superficial, por parte da (continuação na página seguinte)

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cinema » sugestão ao leitor

equipe médica de serviço, que taxativamente lhe dá somente 30 dias de vida. Com a consumação deste insólito veredicto, Ron fica completamente petrificado e estupefacto, com a celeridade fulminante deste vírus inóspito, que até aquela data, mantinha se incógnito para a generalidade da população, começa a ser tratado com o antiviral AZT, um medicamento recentemente autorizado, que susceptivelmente pode prolongar a vida dos infetados, mas com efeitos colaterais, danosos, que podem acicatar o aparecimento da leucemia, no doente. Devido a este quadro dantesco, de pronuncio categórico de fim de vida, Ron Woodroof não se resigna, e com uma atitude irreverente e de premência absoluta, usa os seus múltiplos contatos, para procurar tratamentos alternativos, conseguindo esse desiderato, no vizinho México, encontrando essas substâncias, que supostamente poderão significar um grau de eficácia imprevisível e inconstante, que inevitavelmente vão colidir com os ditames da ilegalidade, estabelecidas pela as delegações de saúde, afetas ao EUA. Tomando a iniciativa, de usar esses contracetivos, com o decorrer do tempo, Ron Woodroof começa se a sentir francamente melhor, decidindo dar inicio a um espiral, de tráfico dessa mercadoria ilegal para os EUA, para desse modo, com a ajuda da sua médica, e de Rayon, um

travesti também infetado, deia passos concretos para a criação do Dallas Buyers Club, com o escopo de fornecer esses providenciais medicamentos a outras pessoas com a mesma patologia, devido ao crescimento acentuado do vírus HIV, que atingia índices descomunais, naquela época. O êxito daquele negócio paralelo, promovido auspiciosamente e inopinadamente por Ron, começa a melindrar e a chamuscar, a comunidade médica e as companhias farmacêuticas, que apresentam queixa crime às autoridades competentes, só que neste caso específico, a proibição inequívoca destes medicamentos, que se sucedeu em 1985, verificou se ser contraproducente e constitui um debacle, pois devia ter prevalecido, o cariz mais congregador e sinérgico, entre a ciência e a comunidade médica, com o intuito de evitar um maior sofrimento, para aquelas vítimas da sida. “Amar Pablo, Odiar Escobar”, de 2017 - é um filme espanhol/estadunidense, que aborda a arrepiante e lacónica catarse, de uma antiga conceituada jornalista da televisão colombiana, Virgínia Vallejo, que relata o momento mais periclitante e sinuoso da sua vida, quando a dado momento, se apaixonou irremediavelmente, pelo o mais infame Barão da Droga, o impiedoso Pablo Escobar. Em termos anacrónicos estamos no

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t. 963 316 769

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966 334 363

Matthew McConaughey e Jennifer Garner “O Clube de Dallas” 2013

“Amar Pablo, Odiar Escobar” de Fernando León de Aranoa 2017

“(...)baseado em fatos ocorridos em 1985, nos EUA, que conta a historia de Ron Woodroof, um eletricista heterossexual de Dallas, que vive a vida no limiar da depravação social, numa lógica de fruição e lazer, de índole frívolo e leviano, juntando se em grupos, onde é notório o consumo de drogas e o polvilhar de orgias sexuais, acabando por infortúnio ser diagnosticado com o vírus VIH/sida (...)”

famigerado ano de 1981, em que o líder do Cartel de Medellín (Colômbia), Pablo Escobar, é indubitavelmente considerado o maior traficante de sempre de cocaína, principalmente devido ao acervo colossal de contrabando, que é enviado para os Estados Unidos, usando para o efeito aviões e submarinos articulados por controle remoto, além disso é visível a imagem de marca desta figura, que revela a latente deriva incongruente de caráter, para uns utilizando a sua peculiar húbris e o seu manancial pérfido, sendo execrável e hostil, para quem lhe faz frente, mais concretamente aviltando políticos opositores, traidores e inimigos, mas pela outra face da moeda, exime a sua filantropia, com os mais pobres e excluídos de Medellín, tudo isto emanado pela a proeminência do seu nefasto poder. Na esteira dessa semântica de ostentação, Escobar patenteia o esbulho omnipotente de cariz sexual, em que um cardápio de mulheres subjugam se aos ditames do cacique, fazendo inclusive a prodigiosa corte, à popular apresentadora de TV, Virgínia Vallejo que está literalmente vocacionada para a jactância e para o glamour, deixando se encantar pela prosápia bajulatória e a cornucópia de ofertas de fino recorte e portentosos jantares, tornando se sintomaticamente


cinema » sugestão ao leitor

Javier Bardem and Penélope Cruz “Amar Pablo, Odiar Escobar” 2017

Clint Eastwood e Alan Heckner “Correio de Droga” 2018

amante de Escobar. Porém devido à postura firme e resoluta do Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, que com veemência considera o narcotráfico, uma ameaça permanente, à soberania nacional do seu país, impulsiona com um proselitismo retumbante, a criação de um tratado entre os dois países, que permita a caça ao barão da droga, e que Escobar seja julgado em solo americano. Apesar de Escobar ser eleito deputado federal, para dirimir essa possibilidade, tendo inclusive assassinado sem apelo nem agravo, os seus inimigos políticos, mais concretamente o Ministro da Justiça, a cerco começa se a apertar rumo ao descalabro, para isso contribui a prestação decidida e arrojada, de Steve Murphy agente federal americano,

“O Clube de Dallas” de Jean-Marc Vallée 2013

“Correio de Droga” de Clint Eastwood 2018

“(...)Virgínia Vallejo, que relata o momento mais periclitante e sinuoso da sua vida, quando a dado momento, se apaixonou irremediavelmente, pelo o mais infame Barão da Droga, o impiedoso Pablo Escobar.”

e por consequência Virgínia Vallejo, começa a passar por momentos voláteis e angustiantes, com o espectro do perigo, a ruminar a cada passo. “Correio de Droga”, de 2018 - é um filme estadunidense, que conta com realização e atuação primorosa do incontornável e icónico Clint Eastwood. Quanto ao enredo, a história gira em torno de Earl Stone um octogenário, solitário e que vive na penúria económica, com um relacionamento tíbio e deteriorado, com a sua única filha, mas detendo um passado, municiador de um currículo invejável, nomeadamente como um prestigiado horticultor, como um antigo combatente graduado da Guerra da Coreia e um condutor exímio de viaturas motorizadas. Todavia e apesar da idade avançada que tem, é um homem de estilo equânime e prático, habituado ao desenrasque transitório ou prolongado, e não obstante estes constrangimentos circunstanciais, aceita um trabalho de motorista para transportar cocaína, afeto aos negócios ocultos, de um cartel de droga Mexicano de Illinois, rotulados como um bando de facínoras implacáveis, ficando Earl mandatado de levar a nociva mercadoria, com a finalidade de atravessar todo o estado de Michigan. Com o intuito da danosa droga, passar incólume e sem acidentes de percurso, Earl é o homem ideal,

pois devido á sua vetusta idade, sem registo criminal, representa uma manobra dilatória por parte dos traficantes, pois o motorista encarregue, devido á sua fisionomia e cordura, não levanta suspeitas de maior. Fazendo o trajeto estipulado, á risca e com a maior das descontrações, cantarolando as suas músicas prediletas, enquanto observa a paisagem árida das estradas do Michigan, tudo parece correr de feição, até que um dia Earl, decide fazer uma súbita paragem no meio do percurso, para visitar a sua ex-mulher, que está gravemente doente, atrasando sintomaticamente a entrega do carregamento, começando as coisas a descambar, no seu relacionamento tenso e crispado com os traficantes e simultaneamente quando se vê no alcance de um detetive da Agência dos antinarcóticos. A dependência da droga está implicitamente relacionado com o vício, a infelicidade e a impotência social do indivíduo, ao absorver esses entorpecentes podem produzir efeitos agradáveis e uma espécie de alquimia devaneador, mas não resolve o problema de fundo, e quando o doente não procura apoio médico e se coaduna com as inerências do mercado negro, sujeita se à provação de outros riscos, como roubo, violência, consumo involuntário de outras drogas pungentes e à suscetibilidade da prisão.

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paisagens » vale do neiva

Ponte centenária sobre o Neiva construída em 1906 (114 anos) por José Miranda A construção desta ponte deve-se à ação do Conselheiro da Rainha D. Amélia, Manuel Inácio de Amorim Novais Leite (1860-1825), conhecido por Conselheiro Novais, natural de Durrães. Esta ponte centenária substituiu uma antiga travessia, que o pároco da freguesia descreve nas Memórias Paroquiais de 1758 como sendo “huma ponte de pedra tosca no sítio chamado da ponte”. De tabuleiro horizontal, com oito pilares com talhamares, a ponte mede 32 metros de comprido por 3,27 de largo, delimitado por guarda simples em ferro, com 0,91 metros de altura. in “Rio Neiva - Rodas d’água e agro-sistema tradicional”, de Rogério Barreto, Raimundo Castro, José Oliveira e Manuel Delfim Pereira, página 389, setembro de 2013.

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vida » bem-estar

A espiritualidade: - uma fonte inesgotável de energia

Uma história de amor eterno…

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

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odos sabemos como é importante despertar nas crianças a imaginação e a fantasia que as conduzirá ao mundo mágico do encantamento e da magia. Contar uma boa história pode ser um grande trunfo para o educador divertir, desenvolver o gosto pela leitura, estimular o imaginário e a formação de hábitos sociais e morais, proporcionando à criança uma verdadeira adaptação ao contexto social numa esfera de desenvolvimento saudável. Caro leitor, este preâmbulo serve para justificar a razão de escolher um conto infantil para partilhar algumas ideias sobre o AMOR. Então… Era uma vez um prado verdejante repleto de flores e arbustos de grande beleza. Aqui e além viam-se árvores de fruto e lado a lado conviviam duas macieiras frondosas de copa larga e frutos coloridos. Quando as pessoas passeavam por aquele lugar, eram imediatamente atraídas por aquelas árvores e não resistiam à tentação de colher uma daquelas maçãs e saborear o gosto que aquela aparência deixava transparecer. Só que havia uma grande diferença entre as duas macieiras, aparentemente

de boa qualidade; quando as pessoas provavam as maçãs de uma das macieiras, as maçãs eram intragáveis produzindo nas pessoas uma expressão facial de repulsa causada pelo mau sabor… No entanto, quando as pessoas provavam as maçãs da outra macieira as suas expressões eram indicadoras do prazer sentido pelas papilas gustativas. Aquelas maçãs eram tão boas que as pessoas levavam algumas consigo para oferecer e todas começaram a guardar as suas sementes para semear e tentar reproduzir nas suas quintas e quintais aquela macieira. Assim aconteceu e em todos essas quintas e quintais as macieiras continuavam sem parar a nascer, a crescer e a produzir aqueles maravilhosos frutos. A outra macieira lá continuava e os seus frutos acabavam por apodrecer sem que ninguém os conseguisse comer. Um dia veio uma grande tempestade com ventos e chuvadas fortes e as macieiras lá foram resistindo, mas no meio de uma intensa trovoada um raio atingiu e matou a macieira boa… A má permaneceu lá, mas as pessoas continuavam a não comer dos seus frutos que lentamente apodreciam na macieira. Esta história é utilizada na terapia com crianças em situação de perda em contexto de cuidados paliativos. Foi construída, do meu ponto de vista com muita inspiração, para dar resposta à velha questão tantas vezes formulada perante mortes prematuras em pessoas de conduta exemplar. Porque é

que os bons morrem e os maus ficam? Embora seja um conto idealizado para crianças, deixa-nos a todos um vasto campo de reflexão sobre o que vale a pena na vida, sobre a imortalidade e sobretudo do poder de expansão do bem. A ciência vigente diz-nos que neste planeta nós, seres humanos, experienciamos uma vida em três dimensões e dispomos de uma quarta dimensão que é o tempo. Eu percepciono o tempo como algo sagrado que me foi oferecido como um oceano de oportunidades. Viajando no tempo posso ir ao passado e reviver momentos marcantes da minha história, da história da minha família e da história do mundo. No presente eu disponho de um manancial de informação que me deve ajudar a discernir sobre o que faz sentido, para usufruir no presente de uma vida boa de uns com os outros em instituições justas, projetando um futuro melhor para as gerações futuras. Numa honesta análise crítico reflexiva sobre a maior parte das ocorrências absurdas do presente, nós rapidamente percebemos que muitas das opções no passado só poderiam conduzir a este estado de sítio onde está infelizmente com muita frequência instalada a total falta de respeito pelo outro: no mundo empresarial, na política, nas famílias e nas relações humanas em geral. No entanto, no tempo presente, nunca tanto se dissertou sobre o AMOR, talvez porque estejamos

coletivamente a reconsiderar novos trajetos para as nossas vidas acreditando que temos todos, sem exceção, não só o direito, mas sobretudo o dever de ser felizes para distribuir felicidade à nossa volta. O tempo futuro dir-nos-á certamente se valeu a pena dar esse passo gigantesco de AMAR que não é gostar, mas sim RESPEITAR com tudo o que esta palavra contém. Se em dois meses de paragem conseguimos que o planeta tenha sofrido uma intensa regeneração e que os nossos paradigmas estejam todos em revisão, então podemos concluir que o TEMPO está a nosso favor e cabe a cada um de nós a opção por esse AMOR colocado à nossa disposição. Se o primeiro mandamento da lei de Deus é amá-LO sobre todas as coisas e se Deus é AMOR então o nosso dever é AMAR O AMOR. AMAR O AMOR é oferecer ao mundo um pouco dos frutos saborosos e suculentos do nosso tempo, nos nossos pensamentos reciclados, nas nossas orações sentidas, nas nossas meditações continuadas, nas nossas ações reformuladas. É viver o eterno no agora e elevar o agora ao trono da eternidade. É sempre vida. Parafraseando Maria Bethânia numa das suas belas interpretações, “vida é um sopro do criador numa atitude repleta de amor”. jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro Tel: 258971259 Tm: 962903471

www.funerariatilheiro.com Barroselas

86 anos

78 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Belmiro Fernandes Gomes

Avelino Martins Neiva

Fragoso - Barcelos

Fragoso - Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

80 anos

85 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Rosa de Amorim Ferreira

Maria Alzira de Castro Maciel

Cossourado - Barcelos

Durrães - Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

87 anos

79 anos

60 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Tereza Alves Vieira

Manuel Araújo Sousa

António de Araújo Gomes

Freixo - Barcelos

Carvoeiro - Barcelos

Carvoeiro - Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

26 edição 77 • setembro 2020


necrologia

86 anos

80 anos

71 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Mário Carvalho Oliveira

Manuel Augusto Rodrigues Nobre

Benvinda Aurora Carmo da Costa

Aborim - Barcelos

Subportela - Viana do Castelo

Fragoso - Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

89 anos

69 anos

76 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Bernardina Ferreira Júnior

António Gomes Castilho

Ana Ferreira Lima

Palme - Barcelos

Subportela - Viana do Castelo

Carvoeiro - Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

65 anos

71 anos

78 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Manuel Artur Rocha Meira

Maria de Sá Lopes

José Padela Gonçalves

Subportela - Viana do Castelo

Barroselas - Viana do Castelo

Barroselas - Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

jornal

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