Case ALCOA

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Fotos: Divulgação

TECNOLOGIA

Onde está o alumínio? Adoção de ferramenta tecnológica da Opentech garante precisão às informações de rastreio nas operações logísticas da Alcoa em todo o Brasil

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om mais de 120 anos de história, a Aluminum Company of America, ou simplesmente Alcoa, é a principal produtora de alumínio primário e industrializado e a maior mineradora de bauxita e refinadora de óxido de alumínio do mundo. Presente em todos os continentes, a companhia trabalha com produtos laminados, extrudados, forjados, rodas, sistemas de fixação e construção, fundição e microfusão para os principais segmentos da indústria, mineração, refinamento, redução, industrialização e reciclagem do alumínio, além de atuar também com outros metais leves, como níquel e titânio. Somente em 2011, as vendas da empresa somaram US$ 25 bilhões. No Brasil, onde atua desde a década de 1960, a Alcoa possui unidades em São Paulo, Santo André (SP), Poços de Caldas (MG), Tubarão (SC), Brasília, Itapissuma (PE), São Luís, Belém e Juruti (PA). Os negócios brasileiros da Alcoa 60 - Revista Tecnologística - Fevereiro/2013

somaram, em 2011, um faturamento de R$ 2,5 bilhões. Obviamente, a logística envolvida nas operações da Alcoa representa uma das etapas mais importantes de toda a sua cadeia de negócios. A qualidade e a precisão na entrega de seus produtos necessitam ser tratadas com extremo zelo, o que fez com que a companhia procurasse no mercado uma solução tecnológica para o gerenciamento de seus processos de distribuição, com o objetivo de garantir cada vez mais a satisfação dos clientes. As operações da Alcoa envolvem um total de 16 transportadoras, que realizam entre 6 mil e 7 mil entregas e cerca de 1,8 mil viagens todos os meses. Com esses números expressivos, a rastreabilidade tornou-se uma necessidade. “A demanda pela informação da gestão logística surgiu em meados de 2008, quando o mercado passou a exigir um posicionamento ainda mais preciso das entregas”, lembra o superintendente

de Logística da Alcoa, Arnaldo Costa. “Não bastava informar somente a data prevista para a chegada. Era preciso também dar um posicionamento com previsão do horário, por exemplo.” Costa conta que, em agosto de 2010, por intermédio de dois clientes da Alcoa que utilizavam soluções desenvolvidas pela Opentech, a companhia tomou conhecimento das ferramentas oferecidas pela desenvolvedora de sistemas voltados para a gestão logística e gerenciamento de risco no segmento de transporte. O gerente de Contas da Opentech, Eliezer Tarso, recorda que, à época, tiveram início os contatos comerciais entre as duas empresas. “Eles nos procuraram para conhecer um pouco mais dos produtos que ofertávamos e também alguns cases de clientes com os quais já havíamos trabalhado.” De acordo com o executivo, a solução chamada Sistema Integrado de Logística (SIL) já havia sido aplicada em operações


Costa: volume de dados exigiu ferramenta mais robusta

de grande porte em empresas como Renner, C&A e JBS. O SIL é uma solução tecnológica voltada para a gestão logística, com o objetivo de gerenciar e proporcionar um controle sistêmico dos processos do cliente. A ferramenta pode colocar à disposição do utilizador diversas informações, como a localização precisa dos veículos, o tempo percorrido de direção contínua e as paradas, os próximos destinos, os possíveis atrasos, a situação do veículo (vazio, carregado ou em manutenção, por exemplo) e até mesmo dados a respeito da temperatura da carga. Costa diz que o sistema era exatamente o que a Alcoa estava procurando. Apenas dois meses depois de iniciados os contatos, em outubro de 2010, a Opentech iniciou o processo de implantação da ferramenta dentro da Alcoa.

Adaptação De acordo com Tarso, o SIL é uma solução bastante maleável, característica necessária para que seja adaptado às necessidades de cada cliente. “O foco principal da Alcoa era dispor de uma ferramenta que proporcionasse o gerenciamento total de suas opera-

ções. A ideia era ter uma visão macro e pontual de todos os processos logísticos”, diz. “É importante ter essa visão para auxiliar nas tomadas de decisões estratégicas da companhia.” O gerente conta que a equipe de programadores da Opentech, formada por 25 profissionais, dedicou cerca de mil horas ao desenvolvimento e à adaptação do SIL a fim de prepará-lo plenamente para atender às demandas da Alcoa. Tarso explica que a flexibilidade é uma das principais características e um grande atrativo da ferramenta. “Essa área de programação, inclusive, é uma das que mais recebem investimentos dentro da Opentech. A expectativa é chegarmos a 50 profissionais no final do primeiro semestre de 2013”, completa. Além da adequação técnica do SIL para atender às demandas da operação da Alcoa, Tarso aponta ainda outro tipo de adaptação necessária no processo de implantação do sistema. “É preciso haver uma mudança de cultura. A Alcoa já havia trabalhado com algumas ferramentas parecidas antes, mas eles não acreditavam totalmente no valor deste tipo de solução. Era tudo feito utilizando planilhas”, diz. Costa detalha o procedimento. “Até então, a área Comercial tinha um trabalho intenso para falar com o transportador para que ele fizesse contato com os motoristas e, então, informar onde estava o veículo e a previsão de chegada.” O processo era demorado e, muitas vezes, ineficaz. Era preciso acreditar nos dados que eram repassados pelas transportadoras nas planilhas. “É um modo precário de se fazer o rastreamento. Não retrata a operação em tempo real e não é totalmente confiável”, analisa Tarso. Para promover essa mudança de cultura, o gerente de Contas da Opentech explica que visitou todas as plantas da Alcoa, realizando reuniões nas quais eram passadas todas as instruções necessárias para as pessoas que seriam, de fato, usuárias do sistema. “Costumávamos

fazer visitas de dois dias, apenas. Não é uma tarefa que demanda muito tempo, porque o sistema é simples de se utilizar. No início de 2011, a ferramenta já estava a todo vapor”, diz. Totalmente web, podendo ser acessado de qualquer lugar que apresente conexão com a internet, o SIL, segundo Tarso, é essencialmente autoexplicativo. “Quando o usuário clica em uma tela, o próprio aplicativo explica o que é e pra que serve.” Além do treinamento direcionado aos usuários do sistema, a Opentech realizou, logo no início do processo de implantação da ferramenta, uma série de workshops reunindo todos os envolvidos, direta ou indiretamente, nas operações compreendidas pelo SIL. “Participaram, além dos usuários, executivos de todas as empresas envolvidas, como os transportadores, por exemplo”, conta Tarso. Segundo ele, trata-se de um evento que a Opentech realiza todos os anos, com o objetivo, quando do início de um novo projeto, de apresentar a solução e, nas edições posteriores, fazer um acompanhamento junto a seus clientes. “No primeiro ano, mostramos tudo o que vai acontecer. Nos anos seguintes, organizamos o workshop com o objetivo de analisar o trabalho e mostrar os resultados alcançados.”

Tarso: solução permite ter visão macro das operações Fevereiro/2013 - Revista Tecnologística - 61


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Operação da Alcoa envolve 16 transportadoras, que realizam cerca de 1,8 mil viagens por mês

rastreamento das transportadoras que prestam serviços para a Alcoa e todo o processo é gerenciado pela Base Logística da Opentech, localizada na cidade de Joinville, em Santa Catarina. São cerca de 350 operadores que monitoram, sem interrupções, o andamento das mais de 100 mil viagens no Brasil e no Mercosul realizadas todos os meses por, aproximadamente, 700 clientes da provedora de soluções tecnológicas. “Se um caminhão quebra, o motorista, utilizando seu teclado de comunicação, que faz parte do sistema de rastreamento, informa a situação a essa central”, exemplifica Tarso. A partir dessa informação inicial, a base entra em contato com o motorista para saber mais detalhes daquela ocorrência. “É preciso alimentar

Funcionamento Os 150 profissionais da Alcoa treinados pela Opentech utilizam seus logins e senhas do SIL para realizar consultas. São profissionais chamados pela Alcoa de administradores de venda. “Quando a empresa comercializa determinado produto, essa equipe realiza toda a administração remota das operações relacionadas a ele. Esses colaboradores acessam o sistema para pegar, por exemplo, gráficos gerados pelo aplicativo a partir das informações coletadas.” Dessa maneira, se um cliente entra em contato com a Alcoa para saber, por exemplo, onde está a remessa de telhas de alumínio que ele comprou e quando o pedido vai chegar, esses profissionais sabem informar com precisão os mais variados dados em relação à carga do comprador. “Inclusive, se houver algum problema ou imprevisto, eles sabem informar o que houve, qual a providência tomada e qual a nova previsão de entrega”, explica o gerente. Para prover toda essa gama de informações em tempo real, com precisão e confiabilidade, as antigas planilhas foram deixadas de lado. O SIL é alimentado diretamente pelos sistemas de 62 - Revista Tecnologística - Fevereiro/2013

História e aplicação

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Alcoa possui uma trajetória que se confunde com a própria história do alumínio. Em 1886, com apenas 22 anos, o norte-americano Charles Martin Hall inventou o processo de fabricação industrial do metal a partir da bauxita por meio da fundição, descoberta patenteada quase três anos mais tarde, em abril de 1889. Um ano antes, com o auxílio de corretores financeiros, Hall havia fundado a Pittsburgh Reduction Company, que em 1907 seria denominada Aluminum Company of America, mais tarde difundida com o nome Alcoa. Com o passar dos anos, o alumínio da empresa se fez presente em momentos históricos, como na construção do Flyer 1, aeronave dos irmãos Wright reconhecida como o primeiro aparelho voador controlado; do arranha-céu norte-americano Empire State Building, em Nova York; do módulo humano que pousou na lua em 1969 e, até mesmo, nos sistemas propulsores dos foguetes da agência de Administra-

ção Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA). Na década de 1960, a Alcoa começou a almejar outros mercados, buscando participar de empresas no exterior. Em 1961, formou a Alcoa da Austrália em conjunto com a empresa Western Mining, para desenvolver as grandes reservas de bauxita existentes naquele país. Começava assim a expansão da empresa ao redor do globo. Em meados da mesma década, a empresa iniciou as operações no Brasil (veja na matéria principal). A partir de 1972, a companhia passou a licenciar a tecnologia da fabricação do alumínio para outras empresas. Atualmente, o produto desenvolvido e aperfeiçoado pela Alcoa está presente no dia a dia das pessoas mais do que se imagina. O alumínio é aplicado em uma ampla variedade de produtos que fazem parte da nossa rotina, desde embalagens de alimentos, latas de refrigerante e cremes dentais até telhados, janelas, máquinas, automóveis, casas e edifícios.


o sistema com dados como o tempo de parada, por exemplo. Dependendo da natureza do problema, acionamos o que chamamos de cadeia de ajuda.” Segundo o executivo, existem algumas pessoas escaladas para serem contatadas, tanto na empresa que utiliza o SIL quando em suas prestadoras de serviço, sempre que um problema mais grave ocorre, para que a melhor solução possa ser tomada no menor espaço de tempo possível, sempre provendo dados em tempo real para alimentar o sistema e manter o cliente final informado a respeito da situação. Dessa maneira, o sistema coleta e gera uma enorme gama de indicadores. Onde está a entrega de um determinado transportador? Como anda o desempenho

geral de outro? Qual o tempo de carregamento das plantas da empresa? Quantas mercadorias partiram dela em um determinado período? O SIL deu à Alcoa a oportunidade de responder, de forma fácil, rápida e precisa, a todas essas perguntas. Dentre as inúTela do SIL: sistema deu à Alcoa acerto de 97% no atendimento meras variáveis que aos pedidos compõem o sistema, como previsão de entrega, tempo de via- da Alcoa. “Esse é um aspecto muito integem e atrasos, Tarso destaca a previsão ressante. Imagine que um veículo saiu do recalculada como um diferencial que Recife trazendo uma carga até São Paulo confere mais confiabilidade às operações e precisa chegar em cinco dias. Digamos


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que ele está na estrada e ainda faltam dois dias para chegar. O sistema pode pegar a velocidade média empregada na viagem até então e, utilizando a distância que ainda falta, dizer se o veículo vai ou não chegar dentro da previsão inicial.” Dessa maneira, os usuários do sistema podem tratar eventuais problemas de forma preventiva. “O SIL mostra o atraso antes de ele ocorrer de fato, permitindo que a Alcoa tome medidas preventivas para impedi-lo”, explica Tarso. “Com o SIL, saltamos de uma performance da ordem de 70% no nível de atendimento para mais de 97% em todas as plantas da Alcoa”, indica Costa. De acordo com o superintendente de Logística da empresa, os números foram fundamentais também para colaborar com o gerenciamento de risco da companhia. “A gestão logística é muito importante no caso de, por exemplo, exposição da carga a situações de risco. Se, por algum motivo, a comunicação com o rastreador falha, automaticamente são disparados planos de contingência.” Para o executivo, a utilização das informações coletadas e geradas pelo SIL possibilitou à Alcoa agir proativa-

mente em situações adversas. “Com essa prática, nossos sinistros relacionados a roubo têm diminuído consideravelmente. Tivemos uma economia expressiva nesse sentido”, completa, sem revelar números.

Futuro Costa lembra que, assim que entrou em contato com o SIL pela primeira vez, logo imaginou que a utilização da ferramenta poderia ser ampliada para permitir a consulta direta por parte dos clientes. Isso já é possível, mas Tarso conta que essa adaptação irá além. O cliente poderá não apenas acompanhar a situação da sua carga, mas passará a figurar como mais um elemento utilizador do sistema. “O SIL vai permitir que ele diga, por exemplo, se pode ou não receber a mercadoria no dia programado. Se não puder, basta entrar no aplicativo e agendar o próprio recebimento. Automaticamente, o sistema manda uma mensagem para o motorista responsável por essa carga avisando o dia correto em que a entrega deve ser realizada”, explica. Em vez de mero espectador, o cliente passa a

fazer parte e a influenciar diretamente no processo. “Já temos a ferramenta preparada. Agora é mais uma questão de adaptação”, revela Tarso, sem definir uma data para a implantação. O executivo conta ainda que as empresas estão em negociação para incluir os processos inbound no SIL. “Hoje gerenciamos tudo que a Alcoa vende, mas vamos trazer o processo de compras para o sistema.” Desse modo, a ferramenta passará a realizar também a gestão de todo o fluxo de materiais recebidos pela Alcoa, como a matéria-prima que chega a cada uma das plantas, por exemplo. “A intenção é acompanhar a cadeia toda. Saber quando a carga vai ser entregue em uma determinada fábrica, se vai haver atraso e outras informações relevantes”, completa Tarso. De acordo com Costa, a Alcoa realiza perto de 8 mil viagens todos os meses se somados os serviços de inbound e outbound. “A ferramenta da Opentech tem sido crucial para acompanharmos todas as nossas entregas e informarmos tudo com o máximo de exatidão aos nossos clientes, inclusive antecipando as informações”, analisa o superintendente da Alcoa. Tarso concorda. Segundo o gerente, o maior ganho com a utilização do SIL está relacionado exatamente à credibilidade dos processos. Ele diz que a Alcoa tinha uma visão ofuscada do que realmente eram suas operações logísticas, mas o projeto trouxe uma noção real de toda a cadeia. “Atrasos e imprevistos sempre acontecem. Porém, quando você apresenta isso de forma específica, passa a demonstrar um controle muito maior sobre suas atividades. O sistema traz clareza às operações em números reais. E contra números, não há argumentos”, finaliza. Fernando Fischer

Fábrica de São Luís é uma das nove unidades da Alcoa no Brasil 64 - Revista Tecnologística - Fevereiro/2013

Alcoa: 0800 015 9888 Opentech: (47) 2101-6122


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