SANTANA DE PARNAÍBA

Page 1

Centro de Estudos d Humanismo Crítico Portugal & América Latina

Grupo de Debates Noética

Paneíbo / Sant´Anna de Parnahyba

SANTANA DE PARNAÍBA entre famílias de grandes cabedais e interesses políticos o bravo assentamento mameluco de Suzana Dias que gerou a nação brasileira da lavra d´ouro ao ferro

[apontamentos historiográficos de 1991-92 revistos e ampliados em 2017]

João Barcellos


Índice

Observações de Ab´Sáber e Donato Abrindo... Dois Poemas a Suzana, Paneíbo e Anhamby Paneíbo d´Além Anhamby / do rio bravo ao arraial d´ouro & ferro entre muita caça & pesca Suzana Dias a matriarca Capella & Matriz de Sant´Anna A importância de frei Agostinho de Jesus Caminhos de Dentro & de Fora rotas nativas Cronologia Histórica Tradições Populares, Teatro & Museus Dados Geossociais & Institucionais c/ Brasão, Bandeira e Hino, Executivo e Legislativo Instituições + Bibliografia João Barcellos dados literários

Nota: ilustrações do autor e outras pinçadas da web s/ restrição autoral. Fotos de esculturas de Murilo Sá Toledo e desenhos murais historiográficos de Sérgio Sdrous. Esculturas e desenhos adquiridos e publicamente expostos pela Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba.



Apreciações de Ab´Sáber e Donato

“Adentrar as entranhas históricas de Sant´Anna de Parnahyba, como o faz João Barcellos, é revolver um passado para certificar um presente que precisa daquele: não há futuro sem o conhecimento da raiz histórica que transportamos, e Sant´Anna de Parnahyba faz parte deste Brasil imenso que está em nós e é, como ele mesmo diz, ´uma geografia d´almas a brotar lusofonia´...” AB´SÁBER, Aziz - 1993

“[...] E leio o Brasil a partir de Sant´Anna de Parnahyba, esse lugar de alta miscigenação luso-afro-americana que permitiu a construção desta nação única. E, por ser única, é que João Barcellos foi ´ao coração do terreiro para saber do outro Portugal feito de bandeirante em bandeirante´ [...]. É com estudos de pormenor geográfico e social que um Povo tem o seu certificado de Nação. Ao estudar Sant´Anna de Parnahyba ele escreveu uma lição de historiografia para todas as gerações.” DONATO, Hernâni - 1993


Abrindo A vida é uma circunstância telúrica e cósmica, mas a gente portuguesa acaba por descobrir que é, também, um querer estar para ser em lugar diferente. Os mais de 20 anos de caranguejice entre as regiões de Marataiama, Gohayó e Itapema, permitem aos portugueses coletar informações entre os nativos acerca das terras além do ´paredão´: mapas precários são idealizados, mas é com guias guaranis e tupis, e raramente a sós, que os portugueses se aventuram serr´acima. São trilhas antigas entre o mar e o sertão e do sertão para outros sertões. Tão grande é o sertão quanto o mar. Os portugueses jamais haviam imaginado uma imensidão luxuriosa entre fauna e flora, fios d´água caudalosos a perder de vista: um paraíso nos trópicos. Mas, dar de caras com o paraíso é uma coisa, adentrar e assentar para viver o paraíso, é outra... A presença de gente estranha nos planaltos acima do ´paredão´, a dita ´serra do mar´, cordilheira marítima que se estende de Meiembipe a Guanabara, é coisa rara, raríssima, e na maioria das vezes os ´fogos´ assentados são logos destruídos por nativos mais aguerridos, outras vezes, com a morte da gente intrusa. O que essa gente estranha encontra? Uma fabulosa e complexa rede de rios e riachos, cachoeiras, aves e mamíferos de toda a sorte, aldeias geograficamente assentes como atalaias em proteção a cada tribo aí instalada – e, logo, a percepção de vários dialetos e comportamentos. Eis que os portugueses de serr´acima celebram a descoberta de terras imensas para cultivo e, ao mesmo tempo, o medo. A ideia que têm é da muita adversidade que percebem em cada caminhada. Têm que aprender a viver e se alimentar como os nativos fazem e, antes, atrai-los ou dominá-los. O que são os certõens e mattos acima da serra paranapiacabana e de um lado e do outro o da Jaguamimbaba com o planalto piratiningo pelo meio?


As trilhas, que são ramais d´além e d´aquém Anhamby, com ligação ao Jeribatyba e a Gohayó, têm em Paneíbo o eixo logístico que alimenta as vivências guaranis e tupis na servidão ao Piabiyu. * Esta rede logística guarani é que vai, muitos séculos depois, embasar as redes viárias entre São Paulo e o Merco Sul tendo o Rodoanel como novo eixo de rotas.


Os primeiros 30 anos do Século 16 marcam a extraordinária aventura dos portugueses de serr´acima, ainda com a chefia litorânea do judeo-castelhano Cosme Fernandes (o Bacharel) a partir do Porto das Naus, em Gohayó. É quando conhecem João Ramalho, um português há muito integrado aos costumes tribais e casado com Bartira, filha do cacique tupi Tibiriçã. O achado é sensacional. De onde veio e com quem?, perguntam-se. Logo percebem que o melhor é nem questionar este luso tribalizado, mas assegurar dele a segurança necessária para dar continuidade à exploração das terras e novos caminhos. Com ele conhecem o chefe Tibiriçã e, com este, dois filhos: um, nada favorável à presença de estranhos, e outro, mais acessível, conversador. Seja como for, estão longe da chefia autoritária do ´bacharel´ e sem a sua proteção, mas diante de Ramalho que é mais nativo do que português. O que fazer? Aos poucos, é Ramalho que faz Tibiriçã entender a presença da gente intrusa, como já o fizera em relação a Cosme Fernandes e as suas gentes guaranis de Gohayó, com o qual tem negócios no Porto das Naus.


* A época de Tibiriçã é de grande importância para o estabelecimento jesuítico na região piratininga.

Tibiriçã é um nome tupi q.s. “vigilante da terra” (´teberiçã´) e/ou “olho de trás”, segundo Theodoro Sampaio e Eduardo Navarro, respectivamente. É com este cacique tupi que Manoel da Nóbrega se encontra para definir o melhor local para instalar a igreja-colégio e dar início à expansão jesuítica pelo Piabiyu guarani. A aldeia principal na região de Piratininga está sob seu comando e é conhecida como Inhampuambuçu. Ele é irmão de Piquerobi, inimigo declarado dos colonos portugueses, e de Caiubi, este, talvez a ´chave´ que permite a Nóbrega um assentamento tão rápido na região, pela influência que tem entre as novas gerações tupis de entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú. Óbvio, o ´sul´ logístico é dado por Tibiriçã que se move entre outras tribos e principalmente entre os guaranis espalhados pelo litoral e pelo sertão tendo Koty e Ibituruna como pontos de ligação aos cais de Carapochuyba e de Quitaúna,


linhas de abastecimento e contato chegadas ao Piabiyu, o caminho central a ligar o continente sul-americano, desde Meiembipe a Cataguaz passando pela Paranapiacaba e a Jaguamimbaba. Eis o caminho/rota que Manoel da Nóbrega quer conhecer para chegar aos distantes lugares sulistas de tanto gentio guarani, cuja fé própria ele sabe poder miscigenar com a cristã e, então, criar um império teocrático jesuítico.

*

Este é o quadro geossocial e político que Lopo Dias encontra; português abastado e desembarcado da frota de Martim Affonso de Souza, que chegou a Gohayó em 1530. Ilustrado, Lopo Dias interessa-se rapidamente pelas ´coisas´ da colônia tão logo Gohayó vira villa e capitania de São Vicente. O seu interesse é tal que, chegado aos confins sertanejos, pega os exemplos do Bacharel e do Ramalho, e se faz mais um entre os portugueses que adentram sexualmente a natureza tropical: toma como esposa Beatriz, uma das filhas de Tibiriçã e vai fazer a vida entre roçados além Anhamby, porém, sem deixar de estar atento às políticas reinóis, pelo que assume ser escriba da vereança e juiz da capitania. E é além Anhamby, nos roçados das margens do rio Mojy, que o casal se instala sob as benções de Sant´Anna, de quem ele é devoto e faz fé. Conseguira uma sesmaria de meia légua em quadra e faz jus ao seu querer sertanejo; um naco de terra boa que o casal melhora a olhos vistos e nele tira sustento e ainda comercializa verduras e frutas para a vila jesuítica. Por causa da fé do casal, a região começa a ser designada por Sant´Anna de Mogy. O casal gera vários filhos tal qual é farta a vida na roça. Uma das filhas, Suzana, tem problemas de saúde na meninice, e então ela se escuda na fé que


o pai devota a Sant´Anna. Diz-se: A minha vida será para viver na sua plenitude se vencermos a morte, jurou. E mais tarde, entre Mojy e Quitaúna, mas do outro lado do Anhamby, ela, com família própria, instala-se num arraial de roçados e minas d´ouro e ferro dito Paneíbo para ser ela mesma a

fazendeira e uma das mais notáveis matriarcas da história paulista e brasileira.


Poesia Na Praça Da Matriz Sant´Anna de Parnahyba, 2017

Balada da Paixão de Suzana Eu sei que não existe espaço tão tamanho para abraçar um querer estar na plenitude d´amar. E eis que tu, ó Suzana, desembarcas no arraial com Sant´Anna nos braços e fazes de Paneíbo um lar de tão amorosa fé... A pessoa vive pelo que é por isso cada passo é um desbravar intenso de dura jornada. O que vejo de ti, ó Suzana, é um fraterno olhar plenitude d´alma e alquimia para abraçar o mundo no seu próprio espaço! E do arraial fazes um altar a Sant´Anna, em cada jornada um ato de fé; sim, ó Suzana, tu vives a alma amada que na vila o é!


Crônica de Paneíbo d´Além Anhamby Os humores do rio bravo entre ilhas clamam por aventura e gente aficionada de sant´Antônio se faz às águas turbulentas d´Anhamby. Não, não é arroio nem fio d´água é o mar ribeirinho dito Anhamby – e o que ele diz a jusante? Ora, ora, o mesmo que a montante, pois que ele é aqui a magia que corre livre... Uma dama de sangue misto e livre por aqui veio a dizer de amores ecoados na serra d´Itaqui. Traz ela uma Sant´Anna e se temos um sant´Antônio por aqui já os fervores à santa ecoam de tambores doados em Mojy por gente boa e livre! Ah, e Suzana ela o é nas águas d´Anhamby que olha como gotas abençoadas. Ela o sabe, ela o diz, ela é a musa que aqui ecoa as novas do oráculo tropical. Oh, abençoadas águas que correm no olhar da mulher que o é aqui!

Das turbulências d´Anhamby ao rio bravo de Paneíbo uma dama de sangue misto e livre faz das lágrimas d´amor um fio d´água – e gera neste fio d´água gente moça que vai além Anhamby para ser livre qual rio bravo! João Barcellos


Paneíbo d´além Anhamby do rio bravo ao arraial d´ouro & ferro entre muita caça e pesca

1 _ Situando Paneíbo

“[...] na margem esquerda do rio Tietê [...] arraial do município d vila de São Paulo de Piratininga, fundada pelo paulista capitão André Fernandes, que aí edificou uma capela à invocação de Santa Ana [...] e que para êsse lugar atraiu a seus pais Manuel Fernandes Ramos, natural de Portugal e D. Suzana Dias, natural de São Paulo, filha de Lopo Dias e de Beatriz...” Azevedo Marques [in ´Apontamentos...´]

Adentrando a costa africana já os portugueses se sentem ´em casa´ no que toca à mineração, nos finais do Séc. 15; e quando a meio do Séc. 16 circula a informação de ouro, prata e ferro e etc., nos sertões da ´ilha do páo vermelho´, muitos dos especialistas em montanística e mineração e forjaria, que estão em


Moçambique e em Angola, embarcam para o outro lado do atlântico. E é assim que as terras d´Ibirapoera, d´Ibitátá e Paneíbo, entre a Paranapiacaba e a Jaguamombaba, logo recebem um autêntico contingente de aventureiros e práticos mineradores que adentram o Anhamby e o Jeribatyba. Ora, a região de Paneíbo não é causo de pescador, Paneíbo é a primeira região acima do ´paredão´ e onde os portugueses, pela primeira vez, saciam a vontade de fortuna sob o imaginário do ´eldorado´.

É entre esta região de aldeias tribais, como a Paneíbo, e a serra de Jaguamimbaba, que os portugueses seguem a gente nativa, numa primeira fase, em pescaria e caçadas; não por acaso, a tradição paneíbana diz-nos muita da caça à onça, porque a onça é o mais feroz animal que circula por aqui – aliás, ´jaguamimbaba´ traduz-se também por ´casa da onça´. O que as gentes nativas dizem é que pelas matas corre aqui, além Anhamby, um rio bravo que, no tupi-guarani, se sabe ser paneíbo. Lá pelo meio do Século 16, primeiro Braz Cubas e depois Affonso Sardinha (o Velho) adentram o território de Paneíbo – e aqui, aliás, Cubas tem sesmaria imensa que tange também Moji – em busca de ouro, mas se pouco ´faísca´ da pedra tão almejada, o ´velho´ Sardinha encontra ferro. No entanto, quem fixa residência no arraial paneíbano é Clemente Álvares, um dos mais antigos e poderosos moradores. “...Do Tieté se pode entrar no Tamanduatehy, que condus até S. Paulo, ou tomar o rio Pinheiros, chamado rio Grande, de que fallamos e subil-o, e ir desembarcar não longe do pico da montanha, passar dalli só per terra para o Cubatão embarcar de novo para Santos a depois para toda a Costa do Brasil”


encontro do Anhamby com o Jeribatyba

Esta descrição, ´desenhada´ no oitocentos na escrita de José Bonifácio de Andrada, mostra o ritmo logístico quinhentista entre os certõens y mattos guaranis e tupis no ir e vir do litoral. Percebe-se que o lugar dito Paneíbo, no Anhamby, liga aos cais de Quitaúna e de Carapochuyba para o acesso à villa jesuítica e ao Jeribatyba.

* Já com a maioria das aldeias nativas dominadas e em fase de catequização cristã, umas com jesuítas outras não, e por isso continuam com as designações tupi-guaranis [Quitaúna, Ibituruna, Guaru, Carapochuyba, Koty, M´Baroery, Paneíbo, as Caucaias de Itapecerica e de Guaru, etc.], embora parte com capela e cruzeiro a sinalizar o marco-zero da geografia colonial, uma decisão dos ´homens bons´ é escutada amiúde: ir ao mar requerer couzas q’ são necessairias para a vila de Piratininga o que exige caminhos mais roçados entre os mattos & certões d´anhamby y jeribatyba e muita mais gente para o trabalho campesino, logo, e antes que as regiões de Paneíbo acumulem as gentes portuguesas pelas riquezas que têm, é preciso uma linha de abastecimento direta com as aldeias abastadas e o cais de Santos.


Em requerimento de 1585 enviado requerimento de setembro de 1585, dirigido ao capitão-mor vicentino Jerônymo Leitão, a vereança paulista sublinha a sua preocupação: “[...] q’ esta terra perece e está en mto risquo de se despovoar mais do q’ nunca esteve e se despovoa cada dia por causa dos moradores e povoadores della não terem escraveria do gentio dessa terra, como tiverão e com q’ sempre se servirão [...], porque per hiren a abenturar suas vidas e fazendas e pollos em suas liverdades sera melhor não ir la e trazendo os e repartindo-os polos moradores como dito sera muito serviço de deus e de sua Mag. e ben desta terra porquanto o dito gentio vive em sua gentilidade, em suas terras comendo carne humana e estando ca se farão xpãos [cristãos] e viverão em serviço de deus”.

É dentro deste quadro de aldeias com atividade econômica precária, mas em evidência entre mineração e agropecuária, para lá e para cá de Paneíbo, que os portugueses se situam definitivamente nos caminhos de dentro e de fora no entorno da aldeia paneibana e isso faz despovoar a Sam Paolo dos Campi de Piratinin. E se em algumas aldeias ainda é possível verificar nativos a comerem carne humana, no ano 1585 já não é tão usual por força da colonização que avança sertão adentro. Então, a alusão geral a um gentio que come carne humana é mais um estratagema político para adensar o ódio ao gentio nativo. O que de fato faz a gente paulistana optar pelos sertões é a ilusão do eldorado que ecoa desde Ybiraçoiaba, Guaru, Paneíbo e Ibituruna gerando uma corrida típica das gentes que não desembarcaram das caravelas para virarem unicamente camponesas...

*

É por causa da demanda aurífera que a região paneíbana recebe todo o tipo de aventureiros, entretanto, é a camada geológica ferrífera que mais se sustenta em explorações contínuas e a partir do esforço de Affonso Sardinha (o velho), logo, a sua ação com este metal começa em Paneíbo e se estende, depois, para Ybiraçoiaba; nesta linha exploratória é que vem a surgir o yngenho de Nossa


Senhora da Assunção de Ibirapoera, ou seja, a siderurgia de Tenório de Aguiar iniciada com um dos fornos catalães d´Ybiraçoiaba oferecido pela Família Sardinha ao governador Francisco de Souza que tem intentos empresariais além dos políticos [Barcellos, in ´Viver História´]. Da região paneibana ao morro dos guaranis ditos ibituruna a distância é curta e é aqui que se encontra um veio d´ouro que o ´velho´ Sardinha arremata em leilão oficial para imediata exploração: é o sítio dos arassarys, que logo vem a nomear a região como arassariguama. Desta maneira, a região de Paneíbo começa a ter influência na logística e na sociedade mineralógica que estende às margens anhambyanas. Também, o lugar começa a dar ´ares´ de arraial e já tem até uma ermida em homenagem a Santo Antônio.

"Daquelle sitio nos dirigimos para a villa de Parnahyba, e seguindo algumas veredas d'ouro, que merecessem mais exame, chegamos a um outeiro, que se pega a outro chamado Vacanga, em que achamos mineraes do ferro vermelho (werner), muito compactos e pesados. O outeiro que se segue é inteiramente composto de camadas, ou bancos de schisto argiloso se estende uma formaçã de grés. Depois de descer a encosta para a banda do rio Tieté, se começa a ver uma especie de piçarra vermelha e nas quebradas visinhas, resto de antigas minas d'ouro. A constante tradição diz que foram trabalhadas pelos habitantes de Parnahyba”

Nesta observação de Andrada [in ´Viagem Mineralógica...´] acerca da região configura-se uma espécie de certidão científica das potencialidades industriais do arraial que, por isso, torna-se villa tão importante quanto e..., diga-se a propósito, quase despovoa a Sam Paolo dos Campi de Piratinin.


Mineração & Casos Históricos

“[...] A informação de veios d´ouro e prata além da presença de muita área ferrífera, entre Jaraguá e Ybiraçoiaba, tendo Paneíbo e Ibituruna e Quitaúna pelo meio, e sendo Paneíbo o ponto de acertos e pousos, faz desta região o marco d´aventura na demanda do eldorado. Assim, da Capella de St Antônio à de Sant´Anna, cria-se a América Lusa já com sotaque mameluco na pessoa do minerador e creso Clemente Álvares, e quando se fala das gentes parnaibanas fala-se de todos esses territórios [...]” BARCELLOS, João – in “Do Rio Bravo (Paneíbo) Ao Eldorado Piratiningo”, palestra; Igreja Matriz de Sant´Anna de Parnaíba, 1994.

Das Minas do Geraldo Nas bandas de Paneíbo estão lavras de mineração ditas minas do Geraldo, na trilha que leva ao morro do Jaraguá. Sabe-se desta mineração por um documento sem assinatura que consta do Livro Segundo do Governo do Brasil, e no texto se lê que, depois de quase ter sido preso por tentar averiguar os quintos na casa de fundição da vila, o autor foi levado a ver amostras de ouro de Clemente Alvares, o qual tinha descoberto e


fundido um ouro ´mui finíssimo e limpo´ e bem melhor do que o das minas do Geraldo. Quanto às minas do Geraldo deve-se esclarecer a existências das minas velhas do Geraldo em Guaru e as de Paneíbo, pois, por aqui se estabelece e mais tarde atua com Raposo Tavares em encontros políticos e bandeirísticos na Quitaúna. Obs.: Geraldo Correia Sardinha [1575-1668] é oriundo dos Sardinhas, famílias judaicas (ou cristãs-novas) da região do Minho, norte de Portugal, assim como Affonso Sardinha, embora não se conheça parentesco entre eles, por omissão de defesa (eram judeus) ou por nunca se terem encontrado.


Clemente Álvares

Clemente Alvares vem a ter grande atividade na região de mineração paneibana e em toda a Capitania vicentina, a mais das vezes como sócio do ´velho´ Sardinha. Casa com a filha do castelhano Rodrigues Tenório, um dos sócios do yngenho de ferro de St Amaro, que tem a ver com o engenheiro flamengo Cornélio de Arzão. As atas da Vereança paulistana registram que Clemente Alvares é um prático nômade, porque vagueia de mina em mina com a sua tenda de ferreiro, e que, pelos anos de 1580 e 90, é nas bandas de Paneíbo que mais concentra o seu ofício.


E é um homem de posses. Gerencia o trabalho de nativos preados, mais de 80 segundo o seu inventário, tem roupas ´finas´, gado, alfaias e a sua tenda de ferreiro é avaliada em 13$000, tem casarão na Sam Paolo ´de telhas de três lanços com sua tacaniça com sete portas e um meio sobrado´, de cerca de 10$000 e, no arraial de Paneíbo, outro casarão, tido como o principal, avaliado em 20$000.

Obs.: Clemente Alvares nasceu na Sam Paolo dos Campos de Piratininga cerca de 1569 sendo batizado pelo padre Anchieta, que escolheu o nome por ter ele nascido no dia em que a Igreja celebrava a Última Ceia, dia do perdão e da clemência. É filho de Álvaro Rodrigues e Catarina Gonçalves, segundo os informes de Anchieta (1622, 1627). Clemente aprende, a partir de 1588 e com Domingos Fernandes, o ofício de ferreiro e minerador. Entre 1596 e 1600 é almoçatel na Câmara paulistana e tem sesmaria de uma légua na parada d´Ybiraçoiaba.

2 _ Suzana em Paneíbo

Paneíbo tem acesso por cais anhambyano e logo quem chega dá de caras com a Capella de Sant´Anna mandada ´fabricar´ por Suzana.

Pelos anos 50 e 80 do Século 16, Lopo Dias serve a vereança paulistana e, ao mesmo tempo, a capitania vicentina: é um fiel reinol. Antes da partida para o sertão anhambyano, ele e Beatriz fixam residência na praça da villa, o que mostra poder social e político no quadro jesuítico de então. Lopo Dias é conhecido pela sua devoção a Sant´Anna, padroeira dos mineradores, fé herdada pela sua filha Suzana desde menina. É na fazenda das bandas de Moji que o casal gera Suzana, a menina que vem a constituir família com Belchior da Costa, primeiro, e depois com Manuel


Fernandes Ramos, com os quais tem vasta geração. Dois dos filhos ficam famosos na história da colonização: Balthazar Fernandes, que vai fundar Sorocaba, a partir do lugar de Nossa Senhora da Ponte, que substituiu a Villa de Nª Sª do Monte Serrat no arraial ferrífero d´Ybiraçoiaba, Domingos, que vai fundar Itu, e André Fernandes que, com ela, vive a fundação de Sant´Anna de Parnaíba. Casada em segundas núpcias, Suzana parte para a região paneíbana. Aqui, como matrona ciente do seu potencial poder social, Suzana quer e decide alterar as crenças pela sua devoção, e assim é que o arraial que tinha orago para Santo Antônio passa a ser o arraial de Sant´Anna: a matrona dos Fernandes oferece terreno e logo o gentio ´fabrica´ a Igreja de Sant´Anna.

Corre o ano 1580, quando a Capitania vicentina constitui a sesmaria que protege jesuítas e colonos (os ´índios´ citados como ´donos de terras´, são apenas paisagem política) de quaisquer tentativas castelhanas (a Espanha acaba de tomar o Trono luso) de esbulho em relação ao poder fundiário, a Família Fernandes tem fazenda em Paneíbo. Orfão de pai, André segue a mãe Suzana e Belchior Dias Carneiro para os roçados e lavras de Paneíbo, o que acontece cerca de 1580, e são terras dadas em rito sesmeiro pelo capitão-mor vicentino Jorge Correia. É desta fazenda sesmeira que ela faz a doação de duzentas braças em quadra para a construção da igreja. Obs. Documental: Não é verdade o que diz Azevedo Marques sobre ser Pedro o ´fundador´ da vila, pois, havia nascido cerca de 1578, assim, não teria 3 anos de idade e nem era ´capitão´.


O que dizem os documentos acerca do ´patrimonio da Capella de Sant´Anna´ em 1624?

Livro de Tombo da Parochia de Parnahyba, de 1747 a 1828, Archivo da Curia Metropolitana... "Escrittura de dote, que fas Susana Dias a Senhora Santa Anna de Parnahiba. Duzentas braças em quadra ou o que na verdade se achar. Saybam quantos esta publica escrittura de doaçãm virem que no anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seis centos, e vinte e quatro annos ao primeyro dia do mes de Agosto da sobreditta era, nesta Villa de Sam Paulo da capitania de Sam Vicente, partes do Brasil. Nesta ditta Villa nas casas de André Fernandes, onde eu publico Tabelliam fuy chamado, ahi logo appareceu Suzana Dias, por ella me foy ditto perante as testemunhas que foram prezentes todo ao adiante declarado que seu filho André Fernandes tinha feyto novamente uma Capella na Igreja de Santa Anna e a tinha dotado como padroeyro, e fundador da dita caza, como mais largamente constara da ditta escrittura feyta por mim Tabelliam, e que ella para ajuda da ditta Capella e augmento della, e para ir cada ves em merecimento lhe dotava duzentas braças de terras em quadra, que começarãm, digo que lhe dotava as terras, que ella tinha entre o ditto André Fernandes, e Balthazar Fernandes, tudo o que se achar ser seu na ditta paragem de testada, e para o Sertam dentro duzentas bra... ... está a dita Igreja, e que as dittas terras toma em sua terça por sua morte e que he contente que se dê posse dellas ao administrador da ditta Capella, que hora he, e pelo em diante for o que assim dotava de sua livre vontade, e motu proprio, e promettia em tempo nenhum ir contra o teor desta escrittura, antes se obrigava em tudo cumprilla, como nella se contem, e por estar presente o Reverendo Padre Joam Pimentel acceytou a ditta escrittura em nome da ditta capella, o que em fe e testemunho de verdade assim o outorgou, a pela ditta dotadora nam saber assignar, por ella Anastacio Fernandes, seu netto com as testemunhas que foram presentes Francisco de Payva, e o Reverendo Padre Frey Thome Couceyro, Religioso da Ordem da Santissima Trindade. Eu Calisto da Motta, Tabelliam do publico judicial, envias o escrevy. Assigno por minha avó Suzana Dias a seu rogo por não saber assignar: Anastacio Fernandes - O vigr.º Joam Pimentel - Frey Thome Couceyro - Francisco de Payva - e nam Continha mais a ditta escrittura, do que somente o que aqui bem, a fielmente trasladey de outro traslado, que se acha acostado aos autos de mediçoens de terras, de que se trata na escrittura de doaçam a fl. 116, e se achão no Cart.º desta Villa de Parnahiba e por verdade me assigno Manoel Mendes de Almeyda" [...]


"Por serem passados muytos annos nem apparecerem autos alguns por onde conste que fossem medidas, nam se pode com certeza vir ao conhecimento do lugar, em que se acham as duzentas braças de terras em quadra, ou as que na verdade forem, como na escrittura retro se declara". "Estando o Senado de posse dessas terras, neste anno em Correição do Doutor Ouvidor requeri sobre a restituição dellas: como com effeito consegui, e se nos restituio fazendo-se medição judicial, cujos autos em translado se achão no livro dos mesmos foros: e estando aforadas, procedi na remissão dellas, como constará dos mesmos livros foros. Parnaiba 22 de Dezembro de 1801. O Vigario João Gonçalves Lima". Nada mais continha o sobredito termo a cujo original fielmente me reporto e dou fé. S. Paulo, 3 de Agosto de 1933. ASSIGNADO F. de Salles Collet e Silva Director Archivista da Curia Metropolitana".

Eis aqui o que se pode considerar a certidão administrativa da Villa de Sant´Anna de Parnaíba: um documento luso-vaticano validado por quem de direito. E é nesta região paneíbana que vêm a “assentar vizinhança” o famoso ´anhanguera´ Bartolomeu Bueno da Silva, Domingos Jorge Velho, Guilherme Pompeu de Almeida, pai e filho, Clemente Álvares e etc., pois que muitas pessoas fazem da nova vila o ´ponto´ de referência da economia e da aventura paulista que já desencadeia o Brasil continental. De tal sorte que a vila paneíbana agrega administrativamente regiões como Arassariguama, Itu, Sítio de Nª Sª da Ponte (nas yby soroc), São Roque, Pirapora do Bom Jesus e Cabreúva.


Suzana Dias a matriarca

Em toda o Brasil-colônia está ativo um sistema matriarcal de segurança, ou melhor dizendo, de sobrevivência: os homens estão em campanhas nos certõens y minas e é preciso que a mulher tome conte do todo fundiário e da família. Casadas com 14, 15 ou 16 anos, as jovens portuguesas, as nativas (e mais estas e) as mamelucas, são matronas com poder de mando aos 19, 20, 21 anos, e algumas tornam-se mesmo matriarcas sociais e políticas no pleno sentido do termo, enquanto que muitas nativas americanas e escravas africanas viram amas de leite da criançada que vai nascendo nas fazendas. Aos poucos, regiões como Paneíbo tornam-se terreiros sob uma língua comum: o tupi-guarani. Uma das mulheres de grande influência social no contexto jesuítico-paulistano é a mameluca Suzana Dias. Nascida cerca de 1553 e morta em 8 de dezembro de 1634, Suzana Dias, neta do cacique Tibiriçã, gera uma família diferenciada na própria luso-brasilidade.


Filha do português Lopo Dias com a nativa Beatriz, veio a casar com Belchior da Costa e, em segundas núpcias, com Manuel Fernandes Ramos, e com ambos gerou Francisco e os Fernandes (André, Baltasar, Domingos, Pedro e outros mais...). Depois de viver a meninice na fazenda dos pais, Lopo e Beatriz, e já imbuída de uma força de querer e ousadia bem no traço dinâmico daquele casal, é que Suzana adentra a vida sob a benção de uma fé dedicada a Sant´Anna. Cerca de 3 anos depois de se casar deixa as bandas de Mogy e parte para as de Paneíbo: é hora de gerar a própria família. O que dizem os documentos acerca de Suzana? [...] Educada num meio ainda inculto, apenas desbastado pela sabedoria jesuitica, não pudera Suzana Dias formar sua intelligencia no conhecimento das sciencias e nem mesmo nos rudimentos das lettras. As suas doações posteriores são todas assignadas a rogo "por não saber lêr nem escrever". Não é cousa admiravel maxime em mulheres daquelles tempos primitivos. Recebiam, sem duvida, a doutrina christã. com grande aproveitamento para a sua natural piedade. Lêr e escrever, julgavam, era mais para homens! No entretanto, pelo altissimo espirito de sua religiosidade, salientava-se Suzana Dias entre as matronas paulistas. Basta lembrar que a acta da camara de S. Paulo de 6 de Agosto de 1593, sobre a posse do almotacel Antonio Roiz, diz que este era genro de Suzana Dias, bastando seu nome para dar importancia ao genro. É uma das raras vezes que o escrivão cita o nome de uma mulher (este bem a conhecia, pois, Belchior da Costa fora o segundo marido de Suzana Dias, a quem consagrava verdadeira paixão). Eis, a meu vêr, o motivo porque nomeia, a mulher e não o marido Manoel Fernandes Ramos! No mesmo anno, em 1593, é novamente citada em acta para mandar entupir duas covas feitas na praça por um de seus filhos de nome Francisco, que o linhagista Silva Leme não menciona. Dahi a conclusão do Dr. Americo Brasiliense Antunes de Moura, que nesse tempo já Suzana Dias era viuva e dirigia os negocios da familia. Diz Pedro Taques que o Padre Lourenço Dias Machado, primeiro vigario de S. Paulo, era primo directo de Suzana Dias. Tudo, emfim, fazia desta senhora a mais illustre matrona paulista! Herdara de seu avô, o primelro cidadão de S. Paulo, Tibiriçá, a coragem varonil, e de seu pae, Lopo Dias, a generosa piedade. Quando estava prompta a sua fazenda na Parnahyba transferiu sua residencia para 1á, como se vê no inventario de seu irmão Belchior Carneiro, de 1608, quando seu segundo marido notava aos juizes que apressassem o andamento do processo, pois deviam voltar a Parnahyba. Apontam como sua residencia uma casa a margem do Tietê, em frente a Santa Casa, propriedade da familia Aquilino de Moraes. Contava a tradição que seus filhos lhe offereceram riquissimo sofa engastado de ouro e prata. Assistiu ao engrandecimento do povoado, fez, com seu filho André Fernandes, grandes doações de terras a Sant'Anna, levantando-lhe uma igreja e procurando fosse elevada a Matriz. Presenciou a rivalidade de sua Parnahyba


com S. Paulo, e, quando esta fora elevada a Villa, assistiu as festas, mas, no mesmo anno, perdera seu segundo marido. Nove annos depois, a 8 de Setembro de 1634, passou desta terra para o céu, onde foi receber o premio de suas virtudes. Seu corpo fôra depositado na capella-mór de sua igreja de Sant'Anna, após solemnissimas exequias. Ensina com seus exemplos como deve ser a vida de uma senhora christan - paulista verdadeiramente ciosa da nobre tradição de sua terra e de sua gente. Já ficou provado que quando Manoel Fernandes Ramos falleceu, sua fazenda na Parnahyba ia em franco progresso. Seus filhos, mamelucos de força herculea desbastavam as mattas, formando novas roças. Ficou dito que eram treze entre homens e mulheres. Todos ou quasi todos constituiram familias e levantaram suas residencias no povoado. Principalmente os tres: André, Balthazar e Domingos foram infatigaveis propugnadores do progresso local, com especial menção de André Fernandes que não se ausentou do povoado, enquanto elle se formava! Os antigos papeis, quando se referem a estes heroes, logo declaram a identificação delles "da Parnahyba". Na bandeira de Nicolau Barretto, 1602, encontraram-se varios habitantes desta paragem, entre outros Domingos Fernandes. Iam ao sertão buscar braços para a lavoura, como continuadamente faziam! Casando-se Suzana Dias com Belchior da Costa, este traz para a sua vizinhança os filhos de sua primeira mulher, e, novas residencias vão surgindo. Belchlor Carneiro, irmão de Suzana Dias recebe desta uma doação de quinhentas braças de terra e fixa residencia ahi, cultivando seu terreno. De seu testamento feito em 1607, pode-se fazer uma idela do povoado. Assignaram como testemunhas: Belchior da Costa, Gonçalo de Frias, Pero Fernandes, Domingos Fernandes, Luiz Yanes, Pero Martins e João Noqueira de Pazes, moradores ou cultivadores da zona. Deviam pagar avenças (aforamento), até primeiro de Agosto de 1608 como consta dos recibos de Belchior Carneiro, Domingos Fernandes, André Fernandes, Luiz Yanes e Pero de Frias, dados pelo rendeiro Antonio Alves. A lavoura tomava, pois, um incremento enorme e attrahia sempre novos elementos, augmentando a população. Suzana Dias e André Fernandes iam distribuindo suas terras aos parentes e amigos, e, novos moradores appareciam. A cultura era quasi sempre, trigo, mi1ho, algodão, feijão branco, canna de assucar, uvas, marmellos, legumes, etc... Os instrumentos agricolas da epocha eram: Foices, enxadas, machados, facões, cunhas, escopros e serras. Cada familia possuia um tear, e as matronas, com suas filhas e escravas, teciam em sua propria casa os estofos, geralmente de algodão, para as roupas. Os tecidos mais luxuosos eram comprados em S. Paulo ou em Santos aos importadores do Reino. Os productos da lavoura eram permutados corn outros. O assucar era fabricado nos proprios engenhos. O oleo preparado em casa, de mamona ou cousa semelhante, servia para illuminação, em candieiros de barro, ferro ou cobre com um, dois ou mais bicos, cada quaI com seu pavio de algodão. Tambem usavam o sebo, principalmente nas festas de rua, com uma grande mecha para illuminar o pateo. As fogueiras serviam de illuminação primitiva. Nos povoados, á noite,


ellas surgiam de espaço a espaço para auxiliar os viandantes e aquecer os moradores. O sal vinha de Santos e para lá dirigiam-se as tropas, levando, quasi sempre, assucar ou outro producto. Valiam pouco as mercadorias. Assim: A mão de quarenta espigas de milho, posta na Parnahyba, valia cinco réis. Um alqueire de trigo quinhentos réis. Um bom cavallo dois mil réis, e assim por diante. Isto em tempo de bons negocios, pois: houve epocha de muito menor custo. As casas iam surgindo aqui e alli cobertas de folhas e as mais fidalgas de telhas. Belchior Carneiro mandou construir um forno para cinco milheiros de telhas. Fôra construido pelo especialista Domingos Agostin pelo preço de seis mil réis! Com o correr do tempo outros fornos foram apparecendo para a construcção dos enormes predios... de S. Paulo. A capella, como já vimos a principio, de Santo Antonio, pequena, coberta de folhas, depois reconstruida em louvor de Sant'Anna, e já coberta de telhas, mas, ainda de pau a pique, era o centro ao redor do qual surgiam as habitações. Nas festas geralmente ficavam do arco cruzeiro para cima: Suzana Dias, André Fernandes, protectores da capella, sua familia e demais pessoas importantes do povoado. No corpo da Igreja: O povo, atraz no coreto: os cantores e musicos. Os padres vinham de São Paulo, ou das aldeias mais proximas, apenas nas festas, pois bem mais tarde é que houve capellão effectivo. No testamento de Belchior Carneiro não ha referencias alguma a capella, nem a capel1ão. Em 1609 as exequias foram realisadas em S. Paulo. Em 1610, vê-se pela sesmaria pedida por Melchior da Costa que a capella Sant'Anna já estava prompta. Donde não seria erro concluir-se que a capella de Sto. Antonio já estava arruinada e que trataram de reedifical-a, ficando prompta em 1610, mas, em honra a Sant'Anna. Manoel da Costa do Pino era filho de Belchior da Costa e de sua primeira mulher Isabel Rodrigues. Era portanto enteado de Suzana Dias. Aprendeu musica e serviu no coro. Fazia parte da commissão dos camaristas de 1810 que encarregou Cornelio Arzão de reedificar a igreja matriz de S. Paulo. Transferindo-se para Parnahyba, formou o coro local com varios cantores e musicos para a orchestra. Regeu os canticos até 1653, quando falleceu. Seu enterro e exequias foram solemnissimas. Fôra, com respeito á igreja e cargos publicos, o homem de maior prestigio de seu tempo em Parnahyba, juntamente com André Fernandes. No mesmo anno de 1610, quando os de Parnahyba reconstruiram sua capella, Domingos Fernandes e seu genro Christovam Diniz que já residiam alem do Porto de Pirapetinguy, perto de uma curva onde o Tieté faz um salto, por isso chamavam o lugar Outu-Guassú, que quer dizer "grande catadupa ou salto", construiram pequena ermida em honra de Nossa Senhora da Candelaria. Novo povoado vae-se formando ao derredor, é Itú que vae surgindo para as glorias de sua historia na pujanca de sua nobreza e no christianismo fecundo e abençoado de seus habitantes! [...] Aqui está uma crônica notável pinçada da escrita do padre Paulo Florêncio da Silveira Camargo a mostrar a importância desta matriarca mameluca e de como,


naturalmente, ela se impôs na sociedade reinol; apesar de inculta, Suzana Dias tem nos conhecimentos do pai um livro aberto e imensos e intensos serões socioculturais que lhe marcam o querer ´ser alguém´.

E, de fato, ser matriarca com responsabilidade fundiária e política é uma quase utopia no quinhentos patriarcal e colonial, de sorte que no caso de Suzana Dias a sabedoria familiar lhe dá cabedais de cultura oral suficientes para se afirmar socialmente. Mameluca, sim, analfabeta, sim, ignorante, não!..., e a comunidade a vê assim e a respeita tanto na Casa do Poder municipalista quanto fora dela. Respeito é o que ela ensina aos filhos e estes levam a lição vida afora tornando-se partes do processo histórico em curso. A mãe Suzana é o exemplo que consagra os atos do ´velho´ casal Lopo e Beatriz. Uma geração de lusopaulistas identificada não com Portugal, mas já com um Brasil emergente em cada casal, em cada produto.


Capella & Matriz de Sant´Anna

uma história de fé & família

“A diferença entre castelhanos e portugueses na colonização da região americana está no orgulho em exibir a força dominadora que os primeiros demonstram de qualquer jeito, pois, os portugueses ajeitam-se até ao modo de viver dos nativos e vão se arranchando tendo uma capela como marco-zero do seu assentamento: assim, para a gente castelhana é preciso mostrar e exercer a força, enquanto que à gente portuguesa basta um chão e um altar para continuar Portugal... Assim é com Lopo Dias e assim é com a filha Suzana nos chãos de Mojy e de Paneíbo” João Barcellos _ Sant´Anna de Parnaíba, 1991


É uma capella do tipo choupana e até muito a ver com a oca nativa, como a maioria das casas, embora algumas já tenham o requinte arquitetônico da taipade-pilão (argila e cascalho amassados em fôrmas na formação de paredes), mas somente algumas, pois que a casa é na colônia ainda o refúgio temporário, o lugar onde se dorme. O lugarejo, já um arraial pelo número de fogos assentados entre roçados, lavras d´ouro e trato ferrífero, tem altar para Santo Antônio, o padroeiro. Correm os anos de 1570 e no final da década um evento familiar altera a comunidade: Suzana, a filha mameluca de Lopo Dias, chega para amanhar terras de Paneíbo e um querer... Onde estou eu sou o altar de Sant´Anna.

Suzana c/ Sant´Anna e a foto antiga da capella-matriz de Sant´Anna

Assim é que nos Anos 80 substitui-se o santo pela santa e ergue-se a capella de Sant´Anna que, em 1625, e sob esforços do filho André, é elevada a matriz.


Sant´Anna de Parnahyba: todos os caminhos vão dar à matriz, do mesmo jeito que o nome Suzana Dias indica a história própria.

História de fé & família a capela/matriz de Sant´Anna de Parnahyba é um exemplo da abnegação e da liturgia luso-cristã no mundo. Entretanto, é no Brasil que esta característica mais se faz ressaltar diante da precariedade que é o desbravar a imensidão de terras e catequisar o gentio nativo. Portanto, se “a casa é refúgio, a capela do lugarejo também o é, pois, entre o sobreviver e a fé na vida a religiosidade estampa a estética da resistência” [João Barcellos, in “De Caucaia a Pirapora e Sant´Anna: Entre Taipas e Fé”, palestra, 2007].


A Importância De

frei Agostinho de Jesus a alma artística da comunicação visual mística

A imagem é quase sempre um todo que não deixa dúvidas: é o que é. Poderse dizer que “[...] o tipo de imagem não importa, o que importa é como impacta o olhar da pessoa, por isso, as organizações místicas adoptaram, e adoptam, símbolos visíveis para difundirem dogmas com um ritual próprio a cada uma delas. Sob a óptica da cristandade em expansão, os portugueses colonizaram a ´Ilha do Brasil´...” [J. C. Macedo – in “Mística & Símbolos Evangelizadores”, palestra. Braga/Portugal e Vigo/Galícia, 1973]. De tal vertente artístico-visual é que surgem no Brasil os padres ´santeiros´ e os ´montanísticos´ – uns, pintores e escultores, outros, especialistas em geologia e pedras preciosas. É em tal enquadramento que se conhece a obra e a vida de frei Agostinho de Jesus, da ordem beneditina. É um brasileiro que nasce entre a preciosa fauna e flora carioca, em 1600. Já o Brasil não é uma “ilha”, mas um continente que os ´bandeirantes´ da Sam Paolo dos Campos de Piratininga desbravam em todas as direções a partir de vilas como Sant´Anna de Parnahyba e Cutaúna e Carapochuyba, vilas com cais ribeirinhos [rios Anhamby e Jeribatyba] de acesso às rotas guaranis de abastecimento nativo, como o Piabiyu, para o litoral e para os ´certõens y mattos´. A história de frei Agostinho de Jesus confunde-se com os “certõens y mattos” da Capitania vicentina, e mais ainda com Sant´Anna de Parnahyba... Lá por meados do Séc. 16, estima-se 1553, nasce Suzana Dias, mameluca (filha de nativa e de português), neta do cacique Tibiriçã, um dos mais importantes do planalto piratiningo. Três décadas depois, e já em segundo casamento, ela adquire um sítio na embocadura anhambyana dito Paneíbo [mais tarde Parnahyba], onde ergue fazenda e capela, esta, em honra de Sant´Anna. Mameluca educada nos dogmas da cristandade, ela registra o sítio como Sant´Anna de Parnahyba, e aqui financia a instalação de um convento beneditino, que vem a abrigar o padre escultor Agostinho de Jesus. A ação missionária luso-católica ganha, no Século 18, o importante esforço artístico da pintura e da escultura, de tal sorte que o mosteiro parnahybano possui oficina de olaria e pintura, além dos serviços rurais e religiosos. E se frei Agostinho de Jesus vem da escola ´rococó´ [objetos ornamentados], o certo é que logo o seu trabalho ganha o detalhismo do ´barroco´ sob o


imaginário renascentista ´da história que ensina´, que leva o dogma cristão para os novos continentes descobertos na era caraveleira.

Frei Agostinho de Jesus em escultura de Murilo Sá Toledo e desenho de Sérgio Sdrous

Este padre ´santeiro´ é quem, além de trabalhos deixados no Rio de Janeiro, lega à São Paulo beneditina peças sacras de altíssima qualidade tendo Sant´Anna de Parnahyba como polo de produção. Do mosteiro parnahybano não restam nem sombras – apesar de a cidade ter conseguido preservar a sua estrutura arquitetônica até o Século 21 –, mas mantém-se o mosteiro de Sorocaba, cidade fundada por Balthazar Fernandes, um dos filhos da notável mameluca. O padre-escultor morre em 1661 com um painel largo de obras espalhadas pelo Brasil, mas pode-se dizer que ele contribui, ao tempo de Suzana Dias, para difundir arte sacra enquanto instrumento da catequização.


Os Pompeu de Almeida da vila à capitania: gente que ousa

O paulistano Guilherme Pompeu de Almeida, nascido em 1606, ao tempo das grandes mudanças administrativas incentivadas pelo governador Francisco de Souza, e ainda com Clemente Álvares e o ´velho´ Affonso Sardinha em grande atividade política e minerária, no ciclo aurífero, argento e ferrífero entre Paneíbo e Ibituruna e Ybiraçoiaba. A gozar de grande prestígio político e militar entre os reinóis lusos, o paulista chega a capitão-mor e recebe a região de Paneíbo, já denominada de Parnahyba, como reduto de ações administrativas, no social e no minerário. Isso altera a sua vida. Por isso, muda-se para Sant´Anna de Parnaíba com toda a família e aqui expande a sua influência política. E é aqui que nasce Guilherme Pompeu de Almeida, o filho, enquanto as riquezas da família se acumulam em todo o território d´além Anhamby, i.e., entre a região paneibana e as sorocas [yby soroc] de Nª Sª da Ponte passando por Arassaryguama, e etc. No meio de uma fortuna nababesca, fazer do filho um padre jesuíta não é um sonho, é, por assim dizer, o eldorado teocrático, e envia o primogênito para estudar na Bahia; ora, abastada e com um padre jesuíta do mesmo sangue, a família Pompeu de Almeida não precisaria de mais...


Por um lado, tudo corre de feição, mas o jovem Pompeu de Almeida aprende, ainda entre os jesuítas, que ser filho de abastado e viver ricamente entre padres não é ´coisa´ boa, de tal sorte que conhece uma exuberante nativa e com ela vive a paixão primeira dos arroubos sexuais. E o fruto do ´pecado´ tem nome: Inês. Carreando o nome familiar e uma filha, o jovem Pompeu de Almeida retorna à Capitania vicentina e aqui, em meio a precários atos sacros, envolve-se com tudo o conhece do submundo político e econômico, e mais no contrabando. Sabe-se: quilos e quilos de prata são desviados da mina de Potosi. E ele também o sabe. Herdeiro de uma fortuna incalculável, ele investe forte cabedal no submundo e multiplica a riqueza da família para ser o que foi o ´velho´ Sardinha: o Poder. E o é. Em pouco tempo, readquire o arraial mineiro de ouro no Ibituruna, e transforma o eldorado dos Sardinha em uma fazenda tão próspera que vira notícia em Portugal e nas colônias.

O padre e banqueiro Pompeu de Almeida em sua fazenda e mina d´Ibituruna/Arassariguama

De tal maneira gerencia as suas atividades que tudo parece lícito. Ora, o senhor padre e doutor Pompeu de Almeida é lá ´ome de coisa errada?! Além de abastecer as linhas de contrabando, ele faz da região parnaibana o centro econômico da Capitania vicentina e financia, além dos jesuítas, obviamente, a expansão do bandeirismo e do ciclo minerário em toda a colônia. E é verdade, o paralelo: assim como Affonso Sardinha (o Velho) o padre-banqueiro Pompeu de Almeida utiliza o Piabiyu como rota principal para o desenvolvimento familiar e o da capitania.

Eis o quadro familiar e econômico da Família Pompeu de Almeida no que à Capitania vicentina e a Sant´Anna de Parnahyba diz respeito.


* Quando se se estabelece paralelo entre os Sardinha (e mais com o pai, o ´velho´) e os Pompeu de Almeida busca-se ilustrar melhor a história sociedade parnaibana e paulista, pelo que aqui logo se notam equívocos historiográficos. Um deles, e o mais grave: alguns (e até notáveis) pesquisadores anota(ra)m que o capitão-mor Pompeu de Almeida ´fundou´ a vila de Parnaíba, o que não corresponde à verdade.

Desenhos de Sérgio Sdrous

É o mesmo que dizer “o padre Anchieta fundou São Paulo” (e foi Manoel da Nóbrega, nos escritos do próprio Anchieta), ou “os jesuítas fundaram 12 aldeias ao redor de Piratininga” (ora, elas já existiam, eram aldeias tupis e guaranis que foram catequizadas, não fundadas). E no caso de Paneíbo, é uma aldeia nativa que se desenvolve a partir dos primeiros colonos, em torno da Capella de St Antônio, e, com a chegada de Suzana Dias, que lhe dá ´ares´ de vila, transformase em município: assim, a matriarca mameluca é, na verdade, a fundadora da Vila de Sant´Anna de Parnahyba. [BARCELLOS, João – da palestra “Economia Liberal no Piabiyu”,2011]

*


CAMINHOS de Dentro & de Fora rotas nativas

Paneíbo, já agora Sant´Anna de Parnahyba, é um território privilegiado no que respeita a recursos naturais e posicionamento geográfico, quiçá, um dos melhores pontos de contato e de pouso entre o Paranapanema e a Jaguamimbaba com ligação aos cais de Santos e S. Vicente.


Alcançar o arraial paneíbano a partir da Sam Paolo é um ´arranjo´ logístico com dois pontos, ditos de dentro e de fora. A saber: 1- a estrada de dentro tem início na ponte sobre o Anhamby cruzando a estrada para Jundiaí (ou: Estrada Velha de Campinas), e prosseguia pela estrada do Mutinga, visualizando o arraial na chegada à fazenda Tamboré; e, indo por esta até chegar na margem direita anhambyana na ponte da Meatinga. Uma viagem de oito léguas; 2- a estrada de fora tem origem na aldeia de Jeribatyba, onde se cruza o Anhamby pelo Ibitátá, e daí para a Ytu passando pelo arraial de M´Baroery: é a divisa com Paneíbo que se alcança de embarcação. Das duas estradas a de dentro é a mais utilizada, porque em meio à mineração e à agropecuária, a caça e a pesca têm grande valia para a sobrevivência na nação luso-afro-brasileira que aqui se ergue, além de que, também para a mineração de ouro no Ibituruna, e de ferro, no Ybiraçoiaba, a passagem pela de dentro é a mais viável.

É nestas estradas e tendo os cais ribeirinhos de Quitaúna e Carapocuyba, e outros de menor atividade no Anhangabaú e no Tamanduteí, a ligar os cursos anhambyanos e jeribatyanos, que se faz o tronco principal da Estrada Geral dos Paulistas, tomada ao Piabiyu guarani, entre o sul e o norte, dos ibiturunas de Meiembipe aos ibiturunas de Cataguaz, e eis nos no Brasil.


A importância geossocial de Sant´Anna de Parnaíba está no percurso do arraial paneíbano que vai a Guaru e Guararema e Jacarahi, de onde se toma a estrada para São José e Tubaté, Pindaminhaguba, Guratinguito e, logo, Porto de Guaypacaré (ou Lorena), assim como vai a Santos.


Paneíbo / Sant´Anna de Parnahyba

Cronologia Histórica

Séc. 16 os anos do desbravamento & assentamento

Anos de 1540 a 1592 A região paneíbana, habitada por guaranis e tupis, na sua maioria, é observada pelos portugueses de serr´acima como lugar de grande potencial para assentamento por estar entre complexos serranos e ser cais natural no ´rio grande´, dito anhamby pelos nativos. Os moradores são “pola maioria Mamalucos e raros Portugueses [...] esses de terrível condição; o trajo seu, fora da povoação, é andarem como encartados, com gualteiras de rebuço, pés descalços, arcos e frechas, que são suas armas


ordinárias [...] e há muita escravaria da terra”, lembrando aqui a crônica do padre Cardim na sua passagem por tais bandas.

1580

Cerca do ano 1580, a matriarca mameluca Suzana Dias desloca-se de Mojy para Paneíbo e aqui consagra o resto da vida tornando o arraial Villa de Sant´Anna de Parnahyba. A matriarca doa terras e ajuda a erguer a Capella/Matriz de Sant´Anna de Parnahyba. Minas auríferas e ferríferas são encontradas na região e o forjador e mineiro Clemente Álvares torna-se, então, o mais poderoso habitante da região paneibana. É nesta época que Portugal perde o Trono para a gente castelhana e os colonos do Brasil se acham à deriva. Para se defenderem lançam um recurso institucional a partir da Capitania vicentina: o capitão-mor Jerônymo Leitão cria a Sesmaria dos Índios de Pinheiros e Barueri. Na verdade, é um instrumento em que os ´índios´ não passam de figuração: a sesmaria defende unicamente os interesses dos colonos e eclesiásticos assentados na Sam Paolo piratininga e seu entorno.

1633

É construído o mosteiro da ordem beneditina onde se alberga frei Agostinho de Jesus, que vem a realizar importantíssima obra sacra.

Existe um conflito fundiário que toma ares políticos e milicianos graves: os colonos não querem a presença de jesuítas e os têm como opositores campesinos privilegiados por lavrarem com mão-de-obra nativa e gratuita. Por várias vezes os vigários de Sant´Anna de Parnahyba se obrigam a agir para pacificar a guerrilha que tem eco na Câmara paulistana:


“[...] pusesen cobro nas tera da cuty e caraquabuiba porquaoanto os reverendos padres da companhia querião usurpar as teras e não consentião que lavrasen os moradores de que se perdia muito e aos dízimos de sua magde pelo que lhes requerião pusesen cobro niso.” E existe até um ponto ´quente´ - a saber: a aldeia M´Baroery. É aqui que se gera o motim maior. No dia 21 de agosto de 1633 uma ação miliciana é montada e chefiada pelo colono e temível Antônio Raposo Tavares, com ajuda de Pero Leme, Manuel Pires, etc., que resulta em depredação dos sítios e no roubo das ´peças´ [gente nativa]. A ´sede´ da confusão é, como sempre, a fazenda de Quitaúna que é pertença de Raposo Tavares e onde colonos abastados se reúnem endossando as reclamações contra os jesuítas. O ato miliciano e arruaceiro dos colonos contra os jesuítas merece a condenação e excomunhão pelo vigário de Sant´Anna de Parnahya, o padre João de Ocampo y Medina, a cuja jurisdição é M´Baroery. Óbvio, e cientes do poderio que têm e representam, os acusados e ´condenados´ rasgam a sentença. ´É um castelhano igual aos jesuítas´, acusam eles por sua vez. Assim é que nos Sécs 16 e 17 a região de Paneíbo é foco do todo social e político que a colonização assenta nas margens anhambyanas e jeribatybanas.

Sécs. 17 e 18 os anos da idade paulista & sociedade bandeirística

É de tal importância social a região paneibana, e até para ´arranjo´ de casamentos entre famílias poderosas que, em 1610, Belchior da Costa, segundo o Livro das Sesmarias (São Pulo, 1921), alegando ter as filhas Beatriz Diniz e Vicência da Costa para casar, pede “...terras em frente às de Suzana Dias, defronte à capela de Santana do Pernaíba, na banda do além Anhembi”. 1625 A aldeia nativa que virara arraial colonial é agora vila crescendo em torno da capela.


No dia 14 de novembro de 1625, o arraial é elevado à categoria de vila com a denominação de Sant´Anna de Parnahya. É estabelecida nesta data a Câmara Municipal. O evento político tem a participação plena da Família Fernandes e da sua matriarca Suzana Dias. É a terceira vila municipalizada no trecho administrativo de serr´acima. O território parnaibano é grande e agrega as regiões de Araçariguama, Pirapora do Bom Jesus, São Roque, Cajamar, Itu, Jundiaí, Carapicuíba, Barueri, Franco da Rocha, Caieiras e Sorocaba, o que mostra como o caminho de dentro é importante para o desenvolvimento regional e paulista.

1634 Suzana Dias, a matriarca parnaibana, morre no auge da sua respeitabilidade sociopolítica e econômica. 1659 Nasce Guilherme Pompeu de Almeida, filho do capitão-mor e empresário ferrífero do mesmo nome.

A viver da opulência financeira e poderio político do pai, o jovem parnaibano é levado para a Bahia onde estuda com os jesuítas. Padre, sim, mas homem também... Sem deixar de lado a fé, o jovem Pompeu de Almeida aprecia os prazeres sexuais e, com uma nativa baiana gera Inês. Cedo aprende que a fortuna puxa fortuna e logo torna-se um dos homens mais importantes do submundo entre a Sam Paolo e o Potosi: o contrabando da prata flui por todos os ramais do Piabiyu guarani e o padre Guilherme Pompeu é o cabeça.


É tanta a fortuna que compra o arraial aurífero de Ibituruna, que foi de Affonso Sardinha (o Velho) e aqui transforma tudo numa imensa e produtiva fazenda, além da extração de ouro. Por outro lado, o contrabando faz dele um banqueiro informal: o seu dinheiro fortalece os jesuítas e também a expansão bandeirística. É um nababo. Nem a fortuna fantástica de Clemente Álvares lhe faz sombra. Se o pai havia levado quase todos os parentes para a vila criada por Suzana Dias, o filho alimentou o sonho do ´eldorado´ nestas bandas retirando mais gente da velha vila Piratininga. Quando manda fazer a ´fábrica´ da igreja de Nª Sª da Conceição, em Arassariguama, na prática manda dizer à Sam Paolo dos Campi de Piratinin que a vila de Sant´Anna de Parnaíba é a capital do novo mundo. 1679 Realiza-se a primeira sessão ordinária com a presidência do vereador mais velho, entre os ´homens bons´. Obs.: Os ´homens bons´ são aqueles que têm posses e servem o reino com serviços sociais e empresariais. Parte deles fazem parte das congregações de apoio às Casas de Misericórdia. A designação de ´homens bons´ tem origem nas Ordenações Afonsinas, do Séc. 15, promulgadas pelo regente Pedro e também duque de Coimbra.

1691 Morre em 12 de novembro o capitão-mor Guilherme Pompeu de Almeida. 1713 Morre na vila o jesuíta, contrabandista e banqueiro Guilherme Pompeu de Almeida e deixa uma fortuna fabulosa nas mãos dos padres. 1776 Censo colonial e eclesiástico indica: a vila tem 1.283 mulheres e 1.258 homens. Para a época, uma cidade de tamanho semelhante às outras da capitania.

Sécs. 19 e 20 os anos da idade brasileira & sociedade industrial paulista

1835 Criados os cargos de Prefeito Municipal e Vice sob nomeação do Presidente da Província. 1836 A vila é parte da 2ª Comarca da Província de São Paulo como Oitavo Termo, cuja cabeça é a capital, juntamente com esta e a vila de Sant´Amaro.


O censo provincial indica 4.296 habitantes, sendo 1.977 homens e 2.319 mulheres, entre brancos, índios, pardos livres e cativos.

1872-75 Estrada de Ferro Sorocabana

É estabelecida a linha férrea na região de Barueri, aberta ao tráfego em 10 de julho de 1875. A linha entra em território parnaibano entre Jandira e Barueri, ainda em pleno interior, e dá rumo a São Paulo cruzando o córrego Carapicuíba. A estação de Barueri é a segunda parada da ferrovia; a primeira é a estação de São Paulo. Outras estações são abertas no trecho entre São Paulo e Barueri, como as de Osasco e de Carapicuíba e, logo, a de Cotia, na região de Itapevi. 1890 As câmaras são dissolvidas pelo Governo Provisório. 1892 É criado o Conselho de Intendência. 1898 É reorganizado o Poder Executivo na região sendo o mesmo exercido por um vereador denominado Prefeito.


Até aqui, e depois da mineração e do bandeirismo, a vila tem poucas atividades econômicas, e a situação piora com a abertura de novas estradas a ligar São Paulo a outras vilas e cidades sem passar pela região parnaibana. Outro impacto: a agricultura local não faz a substituição da cultura de canad´açúcar pela de café. Sant´Anna de Parnaíba é uma região de cultura agropecuária e este regionalismo torna a vila um lugarejo de muita criatividade artesanal, de tal maneira que passa a ser um dos focos de excelência na produção de cachaça. A cidade passa se denominar Santana de Parnaíba. 1900-01 O municipalismo vive o período da intendência e, de 1901 a 1906 tem como intendentes (chefes executivos) Joaquim M. da Silva Sobrinho, Alfredo Branco, Benedito C. de Carvalho e João Alves de S. Castro. 1907 O último intendente, João Alves de S. Castro, assume como primeiro Prefeito de Santana de Parnaíba. É a modernidade que altera o curso histórico regional parnaibano: a Light & Power Company constrói a primeira usina hidrelétrica no Brasil e, neste rincão paulista, abre um novo campo de trabalho. A usina é inaugurada em 1901 estando no contrato uma contrapartida: a Light & Power tem de construir uma linha de bondes a partir de Barueri até a sede da vila. Entretanto, os bondes nunca saíram do papel e fazem parte do imaginário parnaibano.


A primeira usina hidrelétrica, inaugurada em 23 de setembro de 1901, é mais tarde ´batizada´ como Barragem Edgard de Souza. A usina é desativada em 1982, quando a região metropolitana paulista recebe energia elétrica vinda da Usina de Itaipu. 1906 A vila ganha a categoria de cidade em 19 de novembro sendo sede de município. 1910 O coronel Raymundo Ignácio da Cruz, prefeito, decide construir a casa da Câmara Municipal no Largo da Matriz. Inaugurado em 1911, a Casa abriga também o gabinete do prefeito por um longo período.

1930 São fechadas no Brasil as câmaras municipais por ordem do Governo Provisório Getúlio Vargas. 1934 São realizadas eleições municipais.


1937 Golpe de Estado: dissolução e fechamento dos legislativos federal, estadual e municipal e dos partidos políticos. 1948 São reabertas as câmaras municipais. 1960 No dia 7 de dezembro, o Governador do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto, através do Decreto 37.631 institui o dia 14 de novembro, o Dia do Bandeirante, a ser comemorado em todo o estado e que é projeto de lei do príncipe dos poetas Paulo Bomfim, descendente de bandeirantes em reverência à data de aniversário de Santana de Parnaíba. 1982 Reconhecimento histórico No dia 13 de maio de 1982 é feito o tombamento das 209 edificações históricas do centro de Santana de Parnaíba pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico [CONDEPHAAT]. 1988 Assembleia Nacional Constituinte promulga a constituição permitindo que cada município edite a sua Lei Orgânica, para ser a base da organização do estado de direito.

Séc. 21 a nova era tecnológica e o desafio social

2001 - 2006 No dia 7 de novembro de 2006, em sessão ordinária e com unanimidade de votos, é aprovada a Resolução nº 006/2006 que altera o Regimento Interno extinguindo todo o tipo de votação secreta no plenário: “As deliberações do plenário dar-se-ão sempre por voto aberto, sem exceção”. Escultura Históricas _ O escultor Murilo de Sá Toledo projeta e faz surgir, em 2001, na frente à igreja matriz o busto de Suzana Dias.


É do mesmo artista, em 2006, o Monumento Aos Bandeirantes que abre as portas da cidade histórica à curiosidade de brasileiros e de estrangeiros. A obre tem 60 m de comprimento e 20 m de largura, 2 pórticos de pedra e 23 estátuas de bronze. O cenário exibe os bandeirantes Anhangüera, Bartolomeu Bueno da Silva, Raposo Tavares e Fernão Dias, além de que destaca Suzana Dias e o filho André Fernandes.

2007 A administração moderniza serviços e espaços. É inaugurada a nova Prefeitura Municipal.


2008 No dia 12 de dezembro a Câmara Municipal inaugura sua nova sede à Rua Porto Rico, 231.

2010-15 Em 2013, um dos edifícios históricos parnahybanos recebe desenhos murais historiográficos de André Sdrous, do escritório de Julio Abe, que ilustram com perfeição os ambientes coevos.

Largo da Matriz: o Museu Casa do Anhanguera é reestruturado e recebe como anexo a Casa de Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo.

A vereança conquista a certificação ISO 9001:2008 que através de normas técnicas estabelece um modelo de sistema de gestão de qualidade (SGQ). Em 2013 recebeu a recertificação ISO 9001:2008 da Empresa de Auditoria Externa Germanisher Loydes do Brasil, e em 2015 recebeu a certidão de manutenção da empresa QSM Brasil.

28 de Outubro de 2015 _ o Poder Judiciário


Mais de uma década após a criação da lei que constituiu o Poder Judiciário na municipalidade parnaibana, eis a velha vila tem agora em seu espaço os 3 poderes representados.


Tradições Populares, Cine-Teatro & Museus Das marchinhas ao samba-de-roda, violeiros, saltimbancos, blocos carnavalescos, cantares ao desafio, a região paneibana, que hoje é Santana de Parnaíba, vive tradições populares que embasadas no luso-afrobrasileirismo cuja pujança é um misto de geossocial e místico pelo sincretismo elaborado e projetado de geração em geração. Neste ambiente se vai fundo na história quando se escutam as bandas musicais no coreto... E a história é longa, vem lá dos tempos da velha Sam Paolo, quando um Manuel da Costa Pino “[...] Fazia parte da commissão dos camaristas de 1810 que encarregou Cornelio Arzão de reedificar a igreja matriz de S. Paulo. Transferindo-se para Parnahyba, formou o coro local com varios cantores e musicos para a orchestra. Regeu os canticos até 1653, quando faleceu”; aliás, Pino foi também o primeiro juiz da villa parnahybana. Mais tarde surge o nordestino Severino Díglio, o ´Bilo´, ou mais popularmente ´maestro Bilo´, que forma a Corporação Santa Cecília, que hoje, no Séc. 21, tem continuidade na Banda da Guarda Civil.

Dos corais às corporações musicais a região parnahybana possui um histórico que se embasa em todos os ambientes que deram à villa a fama de lugar poético.


Se através do Circuito dos Alambiques pode se observar como o arraial colonial virou vila entre a mineração e a ação canavieira, nas celebrações religiosas é possível conhecer o todo cultural parnaibano. Carnaval _ A festa tem início na sexta-feira com o Grito da Noite. Aqui, o carnaval é um arraial de folias de rua em rua. É o rufar dos tambores – no estilo samba de bumbo – que abre a folia na noite de sexta-feira: a cidade apaga as luzes e o povo acompanha os tambores com tochas entre os cabeções.

Obs.: Os bonecões de Sant´Anna de Parnaíba são uma tradição da Família Villar, hoje capitaneada por Miguel, artista plástico e carnavalesco. É uma tradição que remonta a 1930. Os bonecões/cabeções, de 3 m e 20 kg de peso, são confeccionados numa mistura de água sanitária, farinha de trigo e papel, já o suporte é uma armação de madeira.


Drama da Paixão _ É a semana santa.

A uma encenação cristã: o nascimento, a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, o Cristo. O ambiente cenográfico é montado em espaço de 15.000 m², às margens do Rio Tietê. Cururuquara / Congadas & Sambas de Raiz _ Celebração da Lei Áurea [13 d Maio de 1888]. Na época, os escravos de Nhô Bueno foram até a Capela de São Benedito, ou Capela das Palmeiras, para agradecer a liberdade.

A afro-brasileira fica na capela por 4 dias, e dança e canta, e o samba de bumbo marca o ritmo da euforia libertadora. Também, a celebrar o santo, plantam aqui 4 coqueiros. E logo, anualmente, o local é a meta de peregrinações artísticas de sambas e congadas. Corpus Christi _ Celebração da cristandade.


O povo monta nas ruas principais parnaibanas tapetes de 850 m de serragem colorida: as ilustrações, com motivos religiosos, surpreendem pelo capricho e perfeição. Várias missas e a tradicional procissão finalizam o evento religioso. Festa da Padroeira Sant´Anna _ É o dia 26 de Julho. Celebra-se o Dia de Santa Ana, avó de Jesus e padroeira da cidade.

Tudo começa com a tradicional Alvorada sob o som da banda musical pelas as ruas do Centro Histórico; depois, há atos religiosos, comes-e-bebes, eventos culturais e, a rematar, a procissão. Presépio & Cantatas Natalinas _ Virou tradição parnaibana. Com a decoração do Centro Histórico o povo pode visitar um dos maiores presépios do Estado paulista.


O presépio é uma poética geringonça com peças e bonecos mecanizados. Na mesma época, as Cantatas Natalinas são uma atração imperdível. Artesanato _ Artistas e público têm encontro domingueiro na Feira de Artes e Artesanato que acontece na Praça 14 de Novembro, na área histórica.

Cine-Teatro Coronel Raymundo A casa de projeções cinematográficas, inaugurada como Cine-Teatro Coronel Raymundo, mas mais conhecida como Cine Parnahyba ou Parnahyba Cinema, foi responsável pelo lazer e pela formação cultural de várias gerações de parnaibanos.

Tudo está ligado a uma trupe de teatro amador que, lá por 1891, funda a Sociedade Benemérita Recreativa Dramática Particular Parnahybense, e as receitas dos eventos são levadas à população carente, aos doentes e, até para custear funerais dos sócios. A sociedade termina em 1908 e o acervo e o dinheiro são doados à Santa Casa de Misericórdia, o que auxilia na construção do prédio da Santa Casa, em 1909, sob batuta política de Raymundo Ignácio da Cruz, que logo seria prefeito. Em 1919, o casal Amélia Sant’Anna Leite e Braz da Silva Leite vendem para a Santa Casa o terreno onde está o cinema, mas a sala de filmes é arrendada para a continuação da exibição cinematográfica. Após uma reforma, em 1920, o espaço vira Cine-Teatro Coronel Raymundo, que havia falecido 3 anos antes.

Casa do Anhanguera _ Museu Histórico e Pedagógico Casa do Anhangüera é um sobrado construído no Séc. 17, onde está a Casa da Cultura. O conjunto arquitetônico é tombado pelo IPHAN. É uma edificação em taipa de pilão e taipa de mão, onde terá residido o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva [o Anhangüera, do tupi-guarani q.s. ´diabo velho´]. É uma edificação típica das construções do século XVII, representando uma tradição urbana das primitivas moradas paulistas, que mantêm até hoje seu estilo original. Coreto Maestro Bilo _ De 1892, é uma construção com ferros enviados a Inglaterra.


Em 1963, o monumento é aterrado e na reforma perde em 60 cm de altura, mas preserva o gradil original e o traço arquitetônico. Situado na Praça 14 de Novembro, ao lado da Igreja Matriz, é um dos cartões postais da cidade.

Casa da Cultura “Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo” – É um sobrado do Séc. 18, exemplar do estilo paulista. As paredes são estruturas em taipa de pilão e telhas do tipo capa canal, portas altas e pé direito elevado. A casa situa-se no Largo da Matriz, e é tombada desde 1958 pelo IPHAN, situação confirmada em 1982 pelo CONDEPHAAT. Circuito dos Alambiques – A região parnaibana está entre as que fabricam cachaça artesanal.

Um giro e degustação pelas destilarias é um roteiro para ver e saborear o ambiente das vivências paneibanas da era mineira e bandeirística.


Paneíbo / Sant´Anna de Parnahyba

Dados Geossociais & Institucionais

Fundação: 14 de Novembro de 1580 Gentílico: parnaibano Localização: Município situado na microrregião de Osasco, região metropolitana de São Paulo, a oeste. Área: 179,949 Km2 Fronteiras Municipais: Pirapora do Bom Jesus, Cajamar (N), São Paulo, (L) Barueri, (S) Itapevi (NO), Araçariguama (O). População: 108,813 pessoas [2016] Pessoas Eleitoras: 78,574 [2016]


Brasão Apresenta uma coroa-mural, herança da heráldica portuguesa. No caso de Santana de Parnaíba, a cor é prata, simbolizando corretamente a condição de município não capital de estado (capitais recebem coroas de cor dourada). No escudo, em fundo azul (blau), a representação do mapa do Brasil dividido em terça parte, recebendo o terço da direita a cor prata e os dois terços da esquerda cor dourada, alusão ao Tratado de Tordesilhas.

Como tenentes, dois bandeirantes complementam o significado do escudo, responsáveis pela expansão do território brasileiro, sendo muitos deles parnaibanos. O bandeirante da esquerda, armado à cintura com espada, carrega o pavilhão de Sant´Anna, e o da direita, armado com bacamarte apoia-se no escudo. O listel, da mesma cor do escudo, apresenta em letras douradas o dístico latino "PATRIAM FECI MAGNAM" (Engrandeci Minha Pátria). [Projeto de Affonso de Escragnolle Taunay oficializado pela lei nº1 de 2 de maio de 1925.]


Bandeira Tem a forma retangular na cor azul, contendo uma cruz firmada de vermelho coticada de amarelo e um círculo branco carregando o brasão, que é composto por um escudo ibérico e dois bandeirantes envergando seus trajes característicos.

A cruz representa a fé, e o círculo, a eternidade, numa alusão à fé dos munícipes na eternidade de seu Município. As cores amarela e branca representam os metais ouro e prata, a cor vermelha, a audácia, o valor, a galhardia, a intrepidez, a magnanimidade, a honra e a nobreza conspícua, simbolizando o legado dos bandeirantes parnaibanos. [Projeto de Arcinoe Antônio Peixoto de Faria]

Brasão e Bandeira Lei nº1973, de 13 de Setembro de 1996


Hino Santana de Parnaíba Berço de heróis consagrados Cidade dos Bandeirantes Deste solo muito amado Com orgulho festejamos O dia dos Bandeirantes! Salve! Anhanguera, Borba Gato, Fernão e Suzana Dias, Bravos heróis do passado. Daqui partiram as bandeiras Por rincões ignorados Levando no peito a cruz Nos lábios o nome amado De Santana de Parnaíba Essa terra alvissareira. Viva! Esses homens destemidos Todos que engrandeçam Nossa terra brasileira!

[Projeto de Alba de Mello Bonilha, instituído pela lei nº 1.193 de 28 de novembro de 1986.]


Hino à Bandeira

Exalta o grande bandeirante Herói desbravador, valente, varonil Bandeira parnaibana Orgulho do Brasil Tremula soberana E tem belezas mil Exalta o grande bandeirante Herói desbravador, valente, varonil E as entradas no sertão deste Brasil Simboliza grandeza e valor Galhardia, audácia e amor O vermelho, amarelo e azul Tremula de norte a sul Bandeira parnaibana Orgulho do Brasil Tremula soberana E tem belezas mil

Representa um passado de glórias E a fé de um povo vibrante gentil Engrandece São Paulo e o Brasil E a beleza desta terra juvenil O future fiel promissor Eterniza com garra e fervor E Sant´Anna de glória e luz De Parnaíba que reluz Bandeira parnaibana Orgulho do Brasil Tremula soberana E tem belezas mil Exalta o grande bandeirante Herói desbravador, valente, varonil

Letra e música do grupo Alegria dos Koroas c/ arranjo do maestro Sidney Simião da Silva Lei nº2.701, de 20 de Fevereiro de 2006


Paneíbo / Sant´Anna de Parnahyba

Santana de Parnaíba Executivo & Legislativo

Intendentes 1901 – Joaquim Marques da Silva Agostinho; 1903 – Alfredo D. Branco; 1904 – Benedito Cyrilo de Carvalho; 1905/1906 – João Alves de Siqueira Castro [Major]


Prefeitos 1907– João Siqueira Castro [Major]; 1908 – Joaquim Branco de Arruda; 1909/10 – Cândido de Oliveira [Alferes]; 1911/13 – Raymundo Ignácio da Cruz [Coronel]; 1933 – Belmiro da Silva Porto; 1914/16 – Israel de Oliveira Pinto; 1917/24 – Pedro Antunes de Siqueira; 1924/30 – João José de Oliveira; 1930 – Joaquim de Moraes; 1931 – Francisco Alfieri [Major]; 1932 – Alfredo Domingues Branco; 1933/34 – Pedro Antunes de Siqueira 1934 – Manoel Lacerda; 1934/35 – Alfredo Domingues Branco; 1935-36 – Juvenal de Oliveira; 1936/37 – Israel de Oliveira Pinto; 1939/42 – Israel de Oliveira Pinto; 1942/44 – Benedito de Oliveira Pedroso; 1944/46 – João José de Oliveira; 1947/48 – Abelardo da Silva; 1948/51 – Bernardino M. da Silva; 1953/55 – Antônio Brito; 1956/59 – Bernardino M. da Silva; 1960/63 – Iris Machado; 1964/68 – Antônio de Oliveira; 1969/72 – Hidemi Kawamoto; 1973/76 – Bruno Comenho [Coronel]; 1977/82 – Gabriel M. da Silva; 1983/88 – Victor M. Bastos [Capitão]; 1989/92 – Luiz Iwanaga; 1993/96 – Aristides O. R. de Andrade; 1997/2000 – Silvio Peccioli; 2001/04 – Silvio Peccioli; 2005/08 – José Benedito P. Fernandes; 2009/12 – Silvio Peccioli; 2013 – Antônio Cezar; 2013/16 – Elvis L. Cezar; 2016/19 – Elvis L. Cezar.

Vereadores 1963 – Abimael B. C. de Oliveira [Presidente]; Benedito L. Pedroso; Delcidio Pires; Miguel Alonso Junior; Gabriel M. da Silva; Holmes Villar; Joaquim S. Costa; Joaquim S. da Costa; José Antunes da Silva; Pedro Santana; Washington H. dos Santos; Wilson P. Marques. 1964/68 – Benedito Ferreira; Boanergue Vilodres; Miguel Alonso Junior; Geraldo C. Machado; Hidemi Kawamoto [Presidente, 1966]; João Oliveira, José Carlos Florido; José de Oliveira Braga; José Oliveira Braga; Júlio M. da Silva [Presidente, 1968]; Pedro Miguel, Teodoro Elias [Presidente 1964]. 1969/72 – Abimael B. C. de Oliveira; Benedito L. Pedroso; Delcidio Pires; Miguel Alonso Junior; Gabriel M. da Silva; Holmes Villar; Joaquim S. da Costa; Joaquim Antunes da Silva; Pedro Santana; Washington H. dos Santos; Wilson P. Marques /// Presidentes: Boanergue Vilodres [1969/70] e Júlio M. da Silva [1971/72]. 1973/76 – Adair Mendes; Daniel Daher; Gabriel M. da Silva [Presidente, 1975/76]; Homes Villar; João Antônio M. Camargo; Manoel Bernardino de Sena; Masami Kobayashi; Paulo Botelho; Sebastião Chaves; Silvio Peccioli Junior [Presidente, 1973/74]. 1977/82 – Adair Mendes; Angelo Muriano; Benedito Ferreira; Jane Maria Villar; José B. dos Santos; Nelson Morais; Pedro M. de Oliveira; Sebastião S. Chaves [Presidente, 191/82]; Silvio Peccioli Junior [Presidente, 1977/78]; Sylvio Lustoza; Wilson P. Marques. 1983/88 – Agnaldo B. Moreno; Antônio Hisao Kobayashi [Presidente, 1985/86]; Ataides Ribeiro de Barros; José Barbosa dos Santos; José Carlos M. Gianini [Presidente,


1983/84 e 1987/88]; José Flávio de Oliveira; José Messias da Silva; Paulo José do Rosário; Sebastião S. Chaves. 1989/1992 – Agnaldo B. Moreno [Presidente, 1989/90], Francisco G. Rodrigues; Ieda J. Osório Neto; João Bispo de Oliveira; José Bezerra da Silva; José Messias da Silva; Luiz Valente Filho; Nathanael da Cruz Silva [Presidente, 1991/92]; Nelson P. de Godoi; Paulo Benedito Sant´Anna; Pedro Tamishigue Mori; Roberto B. Fragoso [Presidente, 1990/91]; Sebastião S. Desanti. 1993/96 – Agnaldo B. Moreno; Antônio da Rocha M. Cezar; Clóvis F. da Silva; José Bezerra da Silva; José Messias da Silva; Juracy Holanda Padilha; Paulo Benedito Sant´Anna; Pedro Tomishigue Mori [Presidente, 1993/94]; Reinaldo Ascêncio Ferreira; Roberto N. Xavier; Sebastião P. de Menezes; Sebastião Silveira N. Desanti; Silvio R. C. Peccioli [Presidente, 1995/96]. 1997/2000 – Aloísio C. de Mendonça; Antônio da Rocha M. Cezar [Presidente, 1999/2000]; Clóvis F da Silva; Daniel Daher; Jamil T. Akkari; João Bispo de Oliveira; Jorge T. Pedrozo; José Bezerra da Silva; José Messias da Silva; Lauro Rena Peretti; Nelson P. de Godoi; Oswaldo Luiz O. Borrelli; Paulo Ciangoli; Reinaldo Ascêncio ferreira; Sebastião Silveira N. Desanti; Vicente Augusto da Costa. /// Presidente: Pedro Tomishigue Mori, 1997/98. 2001/04 – Agnaldo B. Moreno; Antônio da Rocha M. Cezar; Cícero A. das Neves; Guilherme da Silva Correia; Janil T. Akkari [Presidente, 2003/04]; João Bispo de Oliveira; José Bezerra da Silva; José Messias da Silva [Presidente, 2001/02]; Nathanael da Cruz Silva; Clóvis F. da Silva; Pedro Nogueira de Sant´Anna Neto; Régis de O. Salles; Sebastião Silveira N. Desanti; Ronaldo Ascêncio S. Ferreira; Vicente A. da Costa. 2005/08 – Agnaldo B. Moreno; Célio R. da Fonseca; Guilherme da Silva Correia [Presidente, 2005/06], José Messias da Silva; Oswaldo Luiz O. Borrelli; Pedro Tomishigue Mori [Presidente, 2007/08]; Pedro Nogueira Sant´Anna Neto [licenciou-se em 17.1.07]; Tales Garcia dos Santos [assumiu em 17.1.07]; Régis de O. Salles; Sebastião Silveira N. Desanti; Vicente A. da Costa. 2009/12 – Agnaldo B. Moreno; Carlos Fernando S. Rosin; Cibele C. da Silva; Elvis Leonardo Cezar; Francisco Miguel Neto; Hélio F. de Carvalho [renunciou em 03.5.12]; Jonas Soares da Silva [assumiu em 03.5.12]; Maria Helena T. A. Santos [destituída em 1º.2.12]; Guilherme da Silva Correia [assumiu e, 1º.2.12]; Maria Suely F. Risaffe; Ronaldo Ascêncio S. Ferreira; Vicente Augusto da Costa. /// Presidente: Régis de Oliveira Salles, 2009/12. 2013/16 – Agnaldo B. Moreno; Amâncio R. de Sousa Neto; Angelo da S. Souza; Antônio Marcos B. Ferreira; Evanilson Martins; Francisco Miguel Neto; Genuino Antônio de Lima; Guilherme da Silva Correia; José Cardoso Boachar; Régis de O. Salles; Rogério W. Rezende; Ronaldo Ascêncio S. Ferreira; Valmir B. Damas; Vicente Augusto da Costa. /// Presidentes: Elvis Leonardo Cezar, 2013; Sebastião Silveira N. Desanti. 2017/20 – Alemão da Banca; Hugo Silva; Angelo da Silva; Marcos Tonho [Presidente, 2017]; Sabrina Colela; Dr. Rogério; Xerife; Ronaldo Santos; Adalto Pessoa; Vicentão; Luciano Almeida; Gino Mariano; Magno Mori; Amâncio Neto; Enfermeira Nelci; Nilson Cadeirante; Ebenezé de Paula [Pastor].


Instituições + Bibliografia Arquivo do Estado de São Paulo Atas da Câmara Municipal de São Paulo _ Sécs 16 e 17 Biblioteca Universidad de Sevilla Câmara Municipal de Santana de Parnaíba Cúria Metropolitana de São Paulo _ acervo bibliográfico Grupo de Debates Noética _ acervo historiográfico Prefeitura de Santana de Parnaíba Regimentos da Capitania de S. Vicente _ Sécs 16 e 17 Torre do Tombo / Biblioteca Nacional _ Lisboa/Portugal ///// ANDRADA, José Bonifácio de – Viagem Mineralogica na Provincia de S. Paulo, 1820. Atas da Vereança Paulistana – Sécs 16 e 17. AZEVEDO MARQUES, Manuel Eufrásio de – Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos, Noticiosos da Província de São Paulo, 1879. BARCELLOS, João – O Ferro, O Mundo, O Ybiraçoiaba [in Viver História, Parte 2 / Col. Debates Paralelos, Vol. 12]; Ed Edicon + TerraNova Comunic, GD Noética & CEHC; São Paulo, 2017. – Piabiyu: o velho caminho americano – João Barcellos. Ed Edicon + Grupo Granja, 2005. BARRIOS, Feliciano – El gobierno del mundo: Virreinatos y Audiencias en la América Hispánica. Cuenca: Universidad de Castilla- La Mancha, 2004. CALDEIRA, Jorge _ O banqueiro do Sertão. Edit Mameluco, 2006. ELLIS, Miriam – Pesquisas sobre a existência do ouro e da prata no planalto paulista nos séculos XVI e XVII. Revista de História, São Paulo, ano 1, n.1, p.51-71, jan./mar. 1950. FRANCO, Francisco de Carvalho – História das minas de São Paulo: administradores gerais e provedores (séculos XVI e XVII). São Paulo: Conselho Est. de Cultura de São Paulo, 1964. HOLANDA, Sérgio Buarque de – A mineração: antecedentes luso-brasileiros. In: História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I, Livro II. São Paulo: Difel, 1968. Instituto Nacional da Torre do Tombo (INTT) – Papéis do Brasil, Códice 10, MF 695, fólio 82. Livro Segundo do Governo do Brasil - governo de india e ultramar - documentação paulista de procedencia bahiana; São Paulo, 1927 Livro de Tombo da Parochia de Parnahyba, de 1747 a 1828, Archivo da Curia Metropolitana. MADRE DE DEUS, Frei Gaspar da – Memórias para a História da Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia; SÃO PAULO: Edusp, 1975. Col. Reconquista do Brasil, v. 20.


MENDONÇA, Marcos Carneiro de – Raízes da Formação Administrativa do Brasil. Rio de Janeiro: IHGB/Conselho Federal de Cultura, 1972. MONTEIRO, John Manuel – Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. Regimentos da Capitania de S. Vicente – Sécs 16 e 17. SILVEIRA CAMARGO, Paulo Florêncio (Pe.) – Notas para a Historia de Parnahyba, 1935. TAUNAY, Affonso d’Escragnolle – São Paulo Nos Primeiros Anos. São Paulo no século XVI. [1920 e 1921]. São Paulo: Paz e Terra, 2003. (Coleção São Paulo).


JOÃO BARCELLOS Escritor / Jornalista / Pesquisador de História / Conferencista

“Há muito radicado nos caminhos da América do Sul, tornou-se um estudioso da Luso-Brasilidade e produziu vários livros sobre o assunto: romances e estudos históricos - um sobre o capitão-general de São Paulo[O Morgado de Matheus, SP-1991] e outros sobre a região cotiana do Piabiyu [Cotia - Da Odisséia Brasileira De São Paulo Nas Referências Do Povoado Carijó, SP-1993; De Costa A Costa Com A Casa Às Costas, SP-1996]. Os seus conhecimentos sobre a Cultura Minho-Galaico Sob Referências Célticas permite-lhe alcançar várias rotas de estudos e aprofundar o seu conceito de Ser-Estar Português No Mundo. Filho de família que mistura as linhas de serviço público, tecnologia industrial, comércio, artesanato e literatura, João Barcellos transpõe para os seus escritos essa vivência cultural que aprofundou nas suas andanças jornalísticas - é, assim, um intelectual de vanguarda com bagagem humanística poeticamente assumida! [OLIVEIRA,Tereza de - artista plástica, poeta; Paris/Fr, 1998]” /// “O universo que nos cerca, seja o sistema ecológico seja o sistema humano - e, na realidade, o segundo sobrevive sem o primeiro (somos seres solares e lunares, ou cósmicos) -, é o material de base para as ações intelectuais do escritor luso-brasileiro João Barcellos. Ele é o Ser em busca do Ser entre as coisas da Terra e a floresta do Pensamento. Se o Ser Humano é o que é em função da evolução cósmica, João Barcellos é um poeta que escreve com a coragem de Viver esta evolução natural; e por isto, ele Vive em si mesmo a Humanidade que raro encontra nas esquinas do sistema humano. Ele é o Poeta por inteiro na Anarquia do prazer de Viver!... [CÉDRON, Marc - ecologista, psiquiatra; 1999, Zurich/Ch]” /// “Pesquisador de mangas arregaçadas e pé na trilha, eis o historiador e jornalista João Barcellos, do mesmo jeito que é o poeta e o romancista na observação profunda da realidade que faz e que o rodeia. Em todos os seus trabalhos está o ato sociocultural por excelência pela filosofia pura do olhar que abre espaços para a liberdade de estar e ser [NOVAES, Marta - Buenos Aires, Arg., 2010].


Tábua Litero-Historiográfica POESIA E SEIS CONTOS DUM BARALHO SÓ coletânea [1989, SP]; – ESTÓRIAS POÉTICAS crônicas [1989, RJ]; – TEMPO DE VINGANÇA romance [1990, SP]; – UM LUSO NA ILHA DE SAMPA poema; – COTIA as referências de são paulo na aldeia carijó pesquisa [1991, SP]; – PARATY estudos [1989]; – UMA CARAVELA DE PRATA romance [1992, RJ]; – MORGADO DE MATHEUS pesquisa/ensaio [SP, 1993 e 2000], 2ª Ediç./SP-Br, 2004; Prêmio Clio de História 2004; – COTIA pesquisa/ensaio; – TEATRO [peças em 1 Ato] ; – DE FERNANDO PESSOA A MACHADO DE ASSIS ensaio/palestra; – CAMÕES / O POETA DO TEMPO LUSITANO ensaio [1991, RJ]; – SIDÔNIO MURALHA / O POETA DA VIDA ensaio/palestra; – MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO ensaio/palestra; – ANTERO DE QUENTAL ensaio/palestra; – CAMILO PESSANHA ensaio; – A CRIAÇÃO POÉTICA ensaio/palestra [1990/91, Rio de Janeiro e Florianópolis]; – O TROPICAL JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS palestra; – OS DESCOBRIMENTOS ensaio [Prêmio Pedro Álvares Cabral, 1990 - SP]; - REFLEXÕES SOBRE FERNANDO PESSOA ensaios/palestras; – A MULHER E A POESIA EM FLORBELA ESPANCA palestra; – CELTAS ensaios/palestras; – DE COSTA A COSTA COM A CASA ÀS COSTAS história brasileira a partir de acutia; – OI, COTIA! / HISTÓRIA PARA CRIANÇAS [com ilustrações de Ricardo Feher]; – O PEREGRINO / A ESSÊNCIA POÉTICA DO SER ensaio/palestra [1995]; – O PEQUENO PEREGRINO e outros contos; – ENTRE O POETINHA E O CANTO DAS VANGUARDAS ensaio sobre Vinicius de Moraes; – CONTOS PARA TODOS contos para jovens [1995]; – CONTOS para jovens [1995];– MÁRIO SCHENBERG / O SER QUE SABIA ESTAR palestra; – JOSÉ DE ALENCAR palestra; – O PEREGRINO / Palestra Primeira e Palestra Segunda [1998]; – TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA / palestra [Ouro Preto/MG,1998]; – AMOR poesias c/ marc cédron joane d'almeida y piñon tereza de oliveira jb mário castro [Grupo Granja, 1999]; – RIO / O ROMANCE NA CIDADE romance; – OUTROS ESCRITOS - poesia, teatro, conto [1998]; – EXUBERÂNCIA E FOLIA NO MAR DE LONGO – poema épico [Rio de Janeiro e Buenos Aires, 1998; reescrito em 2004]; – CLUBE BRASIL romance [São Paulo e Buenos Aires, 1992/98]; – O OUTRO PORTUGAL romance [SP-Br, 2000]; – 500 ANOS DE BRASIL ensaios-palestras [SP-Br., 2000]; – BAPTISTA CEPELLOS o poeta do drama brasileiro [com ilustrações de Ricardo Feher, 2000]; – OLHAR CELTA [Portugal e Brasil, 2001]; – ORDEM & SOCIEDADE [1ª Ediç, 2003; 2ª Ediç, 2004; 3ª Ediç, 2009, Brasil e Portugal]; – OUTROS POEMAS coletânea; – EDUCAÇÃO & CULTURA textos vários; – GIL VICENTE ensaio [2001/02]; – PIABIYU ensaio-palestra [1ª Ediç, 2003]; – COMO SE ENCONTRA RELIGIÃO NA CIÊNCIA ensaio [2003]; – CONTOS EXEMPLARES c/ Maria Fernanda Sousa e ilustrações de Wagner Barbosa [2004]; – SAMPA 450 ensaio-entrevista [2004]; – HAROLDO DE CAMPOS ensaio (2004); – MORGADO DE MATHEUS / O GRANDE GOVERNADOR DE S. PAULO – João Barcellos. Ed Pannartz / São Paulo / Br., 1992; 2ª Ediç Ampliada: MORGADO DE MATHEUS / UM FIDALGO PORTUGUÊS NA CASA BANDEIRANTE; Ed Edicon, São Paulo / Br., 2004 [Prêmio Clio de História]; – MITO-HISTÓRIA & ÉPICA ensaios c/ outros autores [Edicon-Br c/ Grupo Granja – Br, Centro de Estudos do Mar - Pt & Centro de Estudos Humanismo


Crítico - Pt, 2005]; – BONIFÁCIO / Princípio & Fim Do Império Bragantino-Brasileiro [e-book, 2005]; – CECÍLIA MEIRELES / A Materna Linguagem Da Vivência [e-book, c/ Rosemary O´Connor, TN Comunic, 2005]; – ALMA AÇORIANA / No Mundo E No Brasil [e-book, c/ Johanne Liffey, TN Comunic, 2005]; – CONTOS & SONHOS lij c/ Johanne Liffey e Márcia Fecchio [inclui o conto “Uma Menina Chamada Koty”]; – POESIA, CONTO & NOVELAS [SP, 2009]; – VIVÊNCIAS sócio-pedagógicas [A Opinião De Um Professor ]; – JD NOVA COTIA / Um Bairro De Migrantes; Trabalho Coletivo sob orientação de JB [Edicon & TNComunic, 2005]; – AGOSTINHO E VIEIRA: MESTRES DE SUJEITOS! [c/ Manuel Reis. Ediç FrenProf. Pt, 2006]; – ATO CULTURAL sobre as lic´s [Edicon, CEHC & TC Comunic, 2006]; – GENTE DA TERRA o romance da luso-brasilidade [2007]; ARAÇARIGUAMA – do Ouro ao Aço [Ed Edicon, TN Comunic & Prefeitura de Araçariguama, SP – 2007. Prêmio ´Clio de História´ 2007];– O IMPÉRIO DO CAPITÃO AFONSO [SP, 2009]; FEIJÓ & CEPELLOS / Brasileiros De Cotia [c/ Walter de Castro], 2009;– COTIA / Uma História Brasileira [Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética / SP, 2011]; – DO FABULOSO ARAÇOIABA AO BRASIL INDUSTRIAL [Edicon & CEHC, Brasil-Portugal, 2011]. COTIA / Uma História Brasileira, 2011; – UM MORGADO NO IMAGINÁRIO DE UM MARQUÊS / Uma novela acerca do Morgado de Matheus, do governador Francisco de Souza e do ´velho´ Affonso Sardinha [Edicon & CEHC, Noética, Brasil-Portugal, SP, 2013]; – CARAPOCUYBA / Edicon + TerraNova, 2013; – IPERÓ / Edicon + TerraNova, 2013; – PARDINHO / Edicon + TerraNova, 2013; – PARDINHO / Edicon + TerraNova, 2013; – MAIRINQUE / Entre o Sertão e a Ferrovia / Edicon + TerraNova, web, 2013; – VARGEM GRANDE PAULISTA / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2013; – IBIUNA / web, Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2013;– O BRASIL DE TROPEIROS & ESTRADAS REAIS / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2013; – VINHO & PODER / SÃO ROQUE: ENTRE A UVA LUSO-PAULISTA E O PODER POLÍTICO-FUNDIÁRIO DO VAZ-GUASSU / web, Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2014; – REY & MASON / O Bacharel de Cananéia – web, Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2014; – CAUCAIA DO ALTO / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2014; – GRANJA VIANNA / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2014; – FORTALEZA / RYO SIARÁ – A PONTA DO NOVO MUNDO / Ensaio-palestra (GD Noética / web), 2014; – O FERRO, O MUNDO, O YBIRAÇOIABA / TerraNova + CEHC + GD Noética, 2015-2016; – POESIA, FILOSOFIA, NOVELAS & SARAU D´AMOR NA ESCRITA DE JOÃO BARCELLOS (Organização: Marta Novaes & Johanne Liffey) / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética / Ediç Web, 2016; – MENS@GENS POLÍTICAS & FILOSÓFICAS / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2016;– PÁO VERMELHO, BRASIL / Edicon + TerraNova + CEHC + GD Noética, 2017; – VINHO & PODER (a história da Villa S. Roque do notável Vaz-Guassu) / Ediç Web, 2016; ediç impressa, 2017. /// Obs: 1- todas as obras editadas pela Ed Edicon com exceção de ´Estórias Poéticas´, pela Ed Cadernos Oficina, e de “Agostinho e Vieira...”, pela Ed FrenProf.; 2- alguns livros e palestras estão editadas no formato e-book [noetica.com.br].

Currículo Lítero-Tecnológico Além de romance, poesia, história, contos e ensaios, João Barcellos publicou, com a TerraNova Comunic e a Ed Edicon, no Brasil e Portugal, uma série de livros técnicos e atua na imprensa especializada a par da exibição de conteúdos em palestras para professorado e empresariado – a saber: COMUNICAÇÃO VISUAL [2008]; ESTAMPARIA [2010]; DO FABULOSO ARAÇOIABA AO BRASIL INDUSTRIAL [2011]; IMAGEM ESPECIALIZADA [2012]; INDÚSTRIA DIGITAL [2013 + palestra, 20132015]; ALQUIMIA, MODA & COMUNICAÇÃO VISUAL [2014] e SUSTENTABILIDADE [palestra, 2014 e 2015]; TÊXTIL DIGITAL [palestra, 2015-2016]. // João Barcellos é co-fundador [2008] da Revista Impressão & Cores e foi co-fundador/editor do jornal O Serigráfico [1996-2007], do Science and Education [Dublin], do En Vivo y Arte [Barcelona] e da revista Vida & Construção, entre outros.

Coleções Literárias [Coordenação] /// DEBATES PARALELOS Vol 1 [Temas Gerais], 2002; Vol 2 [Temas Gerais], 2004; Vol 3 [Igreja-Estado ou Religião], 2004; Vol 4 [A Palavra Jesuana, Textos Gnósticos & Outras Opiniões], 2007; Vol 5 [´Q´ Jesuânica / Opiniões], 2009; Vol 6 [Educar Para Viver], e-book em noetica.com.br; Vol 7 [Oh, Liberdade!], 2011, e-book, noetica.com.br; Vol 8 [Viver História], 2012; Vol 9 [Educação, Misticismo & Desenvolvimento], web, 2013; Vol 10 [Democracia Mística & Igrejista], web, 2014; Vol 11 [Ocidente vs Oriente], web, 2015; Vol 12 [Viver História, Parte 2], 2017. /// PALAVRAS ESSENCIAIS Vol 1 [Políticas Educacionais + Cultura de Raiz = Projeto Nacional], 1ª e 2ª Ediç, 2003; Vol 2 [´Os Lusíadas´ Em Debate], 2004; Vol 3 [Homenagem a Manuel Reis], 2008; Vol 4 [O Filósofo Manuel Reis / A Crise] / Web ´Noética´, 2009; Vol 5 [O Sentido Da Vida], 2010; Vol 6 [Humanismo,. Educação & Justiça Histórica], 2011; Vol 7 [Escritos Luso-Afro-Brasileiros], 2011, e-book em noetica.com.br; Vol 8 [Res Publica], 2012; Vol 9 [Átrio Dos Gentios], 2012 na web (noetica.com.br) e 2013


em edição gráfica; Vol 10 [Noética Vivência], web, 2013; Vol 11 [Antropologia], 2015; Vol 12 [Ontem & Hoje], web, 2015.

Peças Videográficas A POESIA E O MUNDO, 1988 [Rio, RJ]; O INTELECTUAL E A FAVELA, 1988 [Rocinha, RJ]; A BIBLIOTECA E A COMUNIDADE, 1996 [Paraty, SP]; COTIA - CIDADE CENTENÁRIA, 2006 [Cotia, SP; c/ César Tiburcio]; JD NOVA COTIA: UMA EXPERIÊNCIA LÍTERO-SOCIAL & HISTÓRICA, 2006 [Cotia, SP; c/ César Tiburcio]; ARAÇARIGUAMA: DO OURO AO AÇO, 2006 [Araçariguama, SP; c/ César Tiburcio]; FILOSOFIA & POESIA PELA PAZ, 2007 [Embu, SP, c/ Mariana d´Almeida y Piñon]. Em outras línguas: ‘Familia, Mercancía & Transnacionalidad / la batalla por la Raíz Social es sobrevivir en Humanidad’ [Ediç. ‘Jeroglífo’, Buenos Aires / Arg., 1989; 2. Ediç., 1991; esgotado]; ‘Concept et Tendance: Politique, Marché des Capitaux et Question Sociale’, BARCELLOS, João & OLIVEIRA, Tereza de [Egalité / Maison d’Edition, Paris/Fr., 1996]; ‘Liberté Provisoire – Terreur et Politique contre Nous’ [Egalité / Maison d’Edition, Paris/Fr., 1996]; ‘Freedom and Social Ruptures’, essays and poems, published by Cult Journal, Houston/USA, 1998]. Jornalismo Enquanto leitor crítico, JB escreveu, especialmente na parceria com a Edicon, mais de duas centenas de Prefácios e Opiniões; editor, foi responsável pelo jornal O Serigráfico e o Jornal d' Artes, o jornal Tempo de Educar e o jornal Corpus, a par da revista Vida & Construção; editor de Cultura em jornais e rádios regionais; orienta Oficinas de Poesia, palestras em universidades e clubes literários, além de aulas de português e literatura brasileira; em 2008 fundou a revista Impressão & Cores de conteúdo tecnológico. É membro e fundador dos restritos grupos intelectuais “Eintritt Frei” [Berlin/De] e "Grupo Granja", substituído pelo Grupo de Estudos Noética [Brasil e Mundo] e colaborador internacional do Centro de Estudos do Humanismo Crítico [CEHC, Guimarães/Pt] e fundador do CEHC - América Latina. Integrou o grupo que fundou a Associação Profissional dos Poetas do Estado do Rio de Janeiro (APPERJ), é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina / IHGSC e da União Brasileira de Escritores [UBE, SP]. Entre 1990 e 92 participou da diretoria do Centro de Estudos Americanos Fernando Pessoa no qual editou o jornal Gente das Letras para o 1º Encontro de Artistas e Intelectuais Portugueses do Brasil. Fundou a revista eletrônica Noética que tem portal-web como “noetica.com.br”.

Web

www.noetica.com.br jb.escritor@uol.com.br

PALESTRAS João Barcellos

1.

Lítero-Historiográficas

A Conquista Do Oeste Paulista A Koty (Cotia) Do Folclore Do Rio Bravo (Paneíbo) Ao Eldorado Piratiningo A Mobilidade Socioeconômica No Século 16 Araçariguama / Byturuna Araratiguama / Porto Feliz A Visão Humana Em Vieira Affonso Sardinha Antônio Raposo Tavares / Utopia Além Sertão Baptista Cepellos Biblioteca / Ponto D´Encontro Sociocultural Brasil / Um Cais Funcional Brasil: Aquel´Outro Portugal Caucaia do Alto Carapocuyba


Carlos Drummond De Andrade Cecília Meireles Certõens, Mattos & Minas Serr´Acima Congada (c/ Céline Abdullah) Consciência Negra Cotia: 7 Momentos Históricos Cotia, Tropa & Nipos Crise (c/ Manuel Reis) Cura Da Cor Crônica (c/ Mattos Jr) Da Edificação Do Poder Absoluto & Da Ideologia Libertária Descobrimentos Portugueses / Partes 1 e 2 Do Arraial Minerário E Eis O Brasil Empregabilidade & Motivação Profissional Escrever Um Livro Fazendo Gente Crescer Fernando Pessoa Fernando Pessoa & Machado De Assis Ferro, Mundo & Ybiraçoiaba Filosofia (c/ Manuel Reis) Fortaleza Fundação Luso-Cristã Na América Gente De Serr´Acima Ibiraparanga (pau-brasil) Identidade & Cultura Popular Impacto De Vizinhança Islã & Mundo Ocidental Estação Blumenau Lendo Poemas De Baptista Cepellos Maçonaria & Equilíbrio Socioeconômico Mairinque Maniçoba Modernidade & Letras Lusas Morgado de Mateus Manuel Reis / O Filósofo Mulher / Um Manto Gilânico De humaníssimo Aconchego O Ideal Industrial D´Ipanema O Império Do Capitão Affonso Sardinha Os Ideais Luso-Brasileiros & Mamelucos No Século 18 Ouro na Jaguamimbaba Paneíbo & Sant´Anna: Uma História Exemplar Paranapanema Paranapiacaba e Cantareira / Estrada Geral Paraty Poder Local & Cidadania Portinho/Cais De Carapocuyba Portugueses de Serr´Acima [na Jaguamimbaba e na Paranapiacaba] Povos Da Floresta Religião, Poder & Maçonaria Rey & Mason / Acerca Do Bacharel De Cananeia Ryo Siará, Algodão, Tinta & Couro São Roque Segurança (Institucional & Privada) Sociedade & Sobrevivência Tempos D´Eunuco Uma Poeta Chamada Cora Coralina Vargem Grande Paulista Política Empresarial versus Segurança Nacional Yibraçoiaba, Iperó, Estrada Real & Rio De Janeiro


2.

Tecnológicas

A Estampa E A Nossa Poesia Cotidiana Comunicação Visual Criatividade Na Concepção Da Imagem Gráfica [publicidade / sinalização] Estamparia Estoque & Venda Feiras Setoriais & Desenvolvimento Imagem Graficamente Especializada Imprensa & Tecnologia Empresariado & Publicidade Indústria Digital Jeans & Denim Moda Agreste Moda & Comunicação Visual Novas Tecnologias, Outra Sociedade O Algodão Colorido Entre Povos Nativos Do Agreste O Autoadesivo Na decoração & Sinalização O Editor De Conteúdos Técnicos O Gráfico Como Base Do Mundo Visual [entre o convencional e o digital] Por Uma Cultura De Comunicação Visual Publicidade Serigrafia Serigrafia & Transfer Ser-Estar Comunicação Visual Sustentabilidade Na Comunicação Visual & Moda Têxtil Digital ////////////////////


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.