Revista Impressão & Cores

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Janeiro 2020

A ARTE DO SERIGRAFISTA FIGUERA DE NOVAES HERDADA PELA NETA HELENA

Indústria

Para qualquer objeto (vestuário, calçado, carro, avião, bandeira, jornal, revista, etc.) a fabricar, hoje, Nós e o Robô estamos de mãos dadas pela engenharia interdisciplinar da nova indústria.

4.0

Corantes & Pigmentos

18 a 21 de Março | Expo Center Norte

Eis-nos a viver as circunstâncias científicas e técnicas que moldam cotidianos, sociedades, a determinar rupturas com ofícios ancestrais e, na maioria das vezes, a injetar a renovação que moderniza e fornece segurança. Depois do troca-troca de mercadorias e da ´coisa´ a vapor..., eis-nos na plataforma 4.0, a indústria da robótica e da Inteligência Artificial que grifa, corta e estampa, mas precisa de nós para a comandar nos botões...



SANEAMENTO BÁSICO

Edição

145 Jan. 2020 Ano XIII

Título/Marca _ TerraNova Comunic CNPJ 02.206.278/0001-45 / NAE 58822100 // Certificado Digital _ NF@ INPI 829.256.253 [2008-2029] Desde Jan. 2008 | Ano XIII _ Rua Kátia 91, Casa 1 Pq S. George / 06708-130 Cotia/SP Brasil Edição _ Cristiane Ramos [MTb 39615] & João Barcellos

Marco Regulatório & Comunicação Visual As contas são simples e terríveis: o Brasil abriga mais de 30 milhões de pessoas sem água corrente e mais de 70 milhões sem tratamento de esgoto. Em relatório bem cuidado, o deputado Geninho Zuliani fez aprovar no Congresso o Projeto de Lei (3621-2019) do senador Tasso Jereissati, que trata do Marco Regulatório do Saneamento Básico. São padrões e normas para operacionalizar a prestação de serviços públicos em meio ao interesse do Estado e da Iniciativa Privada. Não se pode ignorar que o Saneamento Básico é de muita importância para combater doenças originadas por falta de água tratada e de esgoto a céu aberto. Por outro lado, cresce no Brasil a consciência cidadã por parte de uma fatia significativa do empresariado quanto ao tratamento de resíduos líquidos e sólidos. É a Nação a se integrar na realidade social globalizada e que exige consciência republicana. Segundo os congressistas, “os contratos de saneamento deverão definir metas de universalização que garantam o atendimento de 99% da população com água potável e de 90% da população com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033, assim como metas quantitativas de não-intermitência do abastecimento”. A lei prevê novas atribuições entre as normas de referência a serem estabelecidas pela Agência Nacional de Águas (ANA), como conteúdo mínimo para a prestação universalizada e a sustentabilidade dos serviços. O que isto tem a ver com as empresas da Comunicação Visual (estamparia, autoadesivo, solda eletrônica, tampografia, têxtil digital, facções têxteis, lavanderias, etc.)...? Tudo. A adaptação do mundo da Moda e da Sinalização ao tratamento de resíduos líquidos e sólidos vai exigir mais cuidado, mais cidadania empresarial. João Barcellos

Impressão _ QuatroCor Gráfica e Editora UMA OPÇÃO EDITORIAL

ANOTAÇÃO 2

SUMÁRIO

Web + Assessoria Técnica _ Georg Hans revista.ic@uol.com.br

MERCADO 04 e 05

www.impressaocores.com.br

- FESPA | Conferência sobre Têxtil Digital - AGRESTE TEX | expansão regional - JOBPLAS - Solda, uma arte... | Mário G. de Castro

Fone _ WhatsApp 55 11 99966.5246

BOLETOS FALSOS Clientes estão a receber boletos falsos e ligações telefônicas da bandidagem. Revista I&C é marca da TERRANOVA COMUNICAÇÃO E EVENTOS CULTURAIS LTDA CNPJ 02.206.278/0001-45 Banco do Brasil agª 0916-4 Cotia-SP

VITRINE EMPRESARIAL 06 - Autoadesivo | conceito IMPRIMAX

PERSONALIDADE 06 - Gaultier, fashion e carnaval | MAyP

ANOTAÇÃO 1

p.07

- Corantes & Pigmentos - Doutor Solda

FESPA | digitalprinting 08 _ Informações Gerais

l

p.09

- Indústria do Autoadesivo resenha historiográfica w

AGRESTE TEX 10 _ Informações Gerais

ESPECIAL 11 - Global Química & Moda _ em Fortaleza / CE - ALL PIGMENTS

NOSSA CAPA 12 - Indústria 4.0

REPORTAGEM 13 - Helena Novaes_ a Serigrafia e a Arte - TRANSZENITE / logística

TECNOLOGIA 14 - AGRESTE TEX (histórias de sucesso empresarial) - LIIGO _ site de compras e vendas

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EDITORIAL

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MERCADO Janeiro 2020

FESPA | Digital Printing 2020

Digital Textile Conference O que é a Indústria Têxtil, hoje? Do artesanal à leveza sustentável da ferramentaria digital em meio à ´Indústria 4.0 ´, quase tudo foi alterado entre 2004 e 2019, ou seja, 15 anos de transformações em chão-de-fábrica e logística e mercado. Mas foi e é na tecnologia que aconteceu a diferença.

De acordo com Alexandre Keese, diretor do evento, é “...um momento realmente transformador na indústria têxtil, que recebe o impacto direto de novas tecnologias e dá início a um novo modelo de consumo. Este novo conceito traz maior eficiência produtiva quando

Revista Impressão & Cores - ed. 145

Por isso, a FESPA Digital Printing 2020

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falamos nas produções em escalas menores e

apresenta na sua 6ª Edição brasileira a

na criação de peças customizadas e sob

Conferência do Têxtil Digital (Digital Textile

demanda permitidas pela impressão digital. E o

Conference), um espaço de palestras e exibição

FESPA Digital Textile Conference vem

de materiais com o patrocínio da empresa

exatamente para apresentar este panorama do

Global Química & Moda.

mercado e como é possível se beneficiar das

Segundo a AP&S, promotora do evento, está em debate nesta indústria o ciclo de produção

tecnologias”. No espaço, uma certeza: a estamparia digital

da moda, que se transforma no mundo com

está preparada para atuar nesta nova forma de

coleções que surgem e são substituídas com

consumo, com coleções 100% personalizadas e

muita rapidez. Isso faz com que as inovadoras

sob demanda. Serão discutidas as tecnologias -

tecnologias em impressão digital ofereçam

seja sublimação, impressão direta (DTG) ou

novas capacidades aos produtores, agregando

impressão industrial, as tendências, os desafios,

mais oportunidades.

as questões sustentáveis e tópicos que fazem e farão parte do pensamento do produtor têxtil.

AGRESTE TEX O que dizer de um polo têxtil diversificado entre facções familiares e pequenas e médias empresas no nordeste pernambucano? A pujança econômica e social alcançada pelo polo têxtil de Totirama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru, é um espelho do Brasil que dá certo quando as políticas públicas e privadas juntam esforços. O que temos, hoje? As 3 cidades formam o 2º maior polo do Brasil no segmento, com 18.000 empresas,

120.000 empregos diretos e indiretos, uma produção de 800 milhões de peças/ano para gerar R$3,5 bilhão/ano. De tal pujança nasceu a feira tecnológica Agreste Tex, organizada pelo FCEM Group, o mesmo da Febratex, que ocorre em Blumenau. Quem pensa que o Brasil é o sudeste não conhece o norte-nordeste na sua essência de produtor de bens de consumo. O polo têxtil pernambucano mostra que o Brasil é um todo e assim tem que visto e abraçado.


Solda, Uma Arte... Li um dos artigos de J. C. Macedo acerca “da Solda de Alta Frequência aplicada nos bastidores da Comunicação Visual” e lembrei da serralharia artístico do meu avô, que operava com muitas armações para luminosos de néon, por um lado, e com solda-plástico na ´panelização´ (emenda de grandes painéis) para publicidade. Com ele aprendi a soldar com eletrodos e com cabeçote, mas foi com ele, também, que aprendi a arte de fotografar e que me fez, até hoje, fotojornalista. Mas, vamos à solda: os artigos de J. C. Macedo são lições de quem esteve com os olhos e as mãos no ´arco´ e na área útil do cabeçote, alguém que, como eu, teve que aprender na juventude a se ´virar´: e é aqui que temos um traço comum, porque ambos escrevemos, fotografamos e publicamos acerca da “arte de soldar estruturas metálicas e plásticas”. O que ele escreve são pormenores tecnológicos que, lidos, abrem espaços para diálogos sem-fim e permite que outras pessoas aprimorem as suas habilidade e conhecimentos. O meu avô dizia: “Um profissional não se faz só com as mãos na massa, precisa buscar conhecimentos para ser melhor”. É com esta sentença familiar que saúdo o trabalho de J. C. Macedo. Gostei da abertura de espaço dada pela Revista I&C ao tema do Mercado Tron. E, sei pela redação, que vários leitores se manifestaram pela qualidade dos artigos. Parabéns. Mário Gonçalves de Castro | fotojornalista. Rio de Janeiro - Brasil.

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M. G. de Castro

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VITRINE EMPRESARIAL Janeiro 2020

AUTOADESIVO UMA PROPOSTA DE PRATICIDADE

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Conceito Imprimax

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Dinâmico e extremamente funcional. É assim que, em primeiro plano, o autoadesivo se comporta. Trata-se de um produto extensamente utilizado em etiquetas e outros rótulos comerciais e que, através desta aplicação mais voltada ao comércio em si, também é observado em comunicação visual e fachadas de maneira geral. O autoadesivo possui uma definição técnica bastante clara, mas, antes que a mesma seja descrita, é importante destacar que a principal função deste objeto é justamente trabalhar diretamente com a identificação de produtos e/ou serviços gerais. Além de também servir para transmissão de sinalizações e segurança diversas, o autoadesivo se caracteriza por ser um papel (ou filme) que recebe uma fina camada de um adesivo absolutamente sensível aos níveis de pressão externa. Nesta etapa, existe a proteção por um papel (ou filme propriamente dito) siliconizado. Atrelado a isso, existem cinco diferenciados tipos de autoadesivo dispostos no meio comercial. Os mesmos serão discriminados na sequência. Enquanto a parte frontal pode usar papel couchê, o autoadesivo acrílico, como o próprio nome sugere, é formado através de polímeros acrílicos. O chamado adesivo Hot Melt, por sua vez, é composto por resinas e outros tipos de borrachas. Por fim, o líner se condiciona por utilizar o glassine – o tipo que leva silicone se explica por si só. ||

PERSONALIDADE(s)

GAULTIER da Fashion chic à exuberância do Carnaval “Quando um estilista demarca a exuberância carnavalesca no desenho para um frasco de perfume ou para o corte de um vestido, ele sabe do caimento social que é a moda...”, escreveu João Barcellos acerca de Jean Paul Gaultier. “O que é Carnaval? A praticidade de revelar costumes em desfiles onde a sociedade é a alegoria. Já na Moda a alegoria é a silhueta da pessoa, muitas vezes repassada ao objeto que guarda encantos de fragrância” [idem]. Hoje, nas vésperas do Carnaval 2020, homenageio Jean Paul Gaultier que, ousado, esteve no Carnaval carioca, de 2019, em uma demonstração sociocultural globalizada para prestigiar uma circunstância local. Muitas tendências em cores e brilhos são testadas nas escolas de samba que levam suntuosos enredos para a avenida, por isso, o estilista francês sentiu-se ´em casa´ ao se integrar ao carnaval carioca. _ Mariana d´Almeida y Piñon (g. d. Noética)

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ANOTAÇÃO 1 Janeiro 2020

Corantes & Pigmentos A complexidade química e física de corantes e de pigmentos é de

Azul Egípcio. Já os colonizadores romanos aplicavam em suas capas

tal ordem que não podem ser designados na simplicidade de uma

um tingimento obtido de caramujos; entretanto, por todo o ocidente e a

fórmula única. E como a maioria é de mistura, a estrutura química final

África uma cor naturalíssima chamava a atenção: o Índigo, obtido da

não é definida, pelo que se aplica uma nomenclatura fora do contexto

´isatis tinctoria´

científico: uma designação mercantil e logo reconhecida até por leigos. Corantes e pigmentos são identificados de acordo com classes 1432 cec (calendário da era cristã) / O capitão Sancho Brandão químicas originais e com a aplicabilidade industrial definida. Duas listas desembarca além da costa do golfo guineense após dias e dias no são importantes – a saber: a Colour Index (CI), publicação da meio de uma tempestade. Nessa costa, diante da foz de um rio (depois American Association of Textile Chemists and Colorists e a British

dito ´syará´), conviveu com nativos, observou o colorido das pinturas

Society of Dyers and Colorists.

corporais (o único ´traje´) e, buscando, encontrou a ´receita´: o melhor

Estas listas que contém nomes e números para identificar os diversos tipos de corantes e pigmentos.

´páo vermelho´ já encontrado, de qualidade muito superior ao adquirido a peso de ouro na rota da seda. Dada conhecimento ao rei

No caso da Colour Index, os corantes e pigmentos são 26 tipos,

Afonso IV, este ditou carta ao papa Clemente VI, em fevereiro de 1343,

classes químicas, originárias, e 20 subdivisões tratadas segundo os

dizendo que os seus homens haviam descoberto novas terra, gentes e

tipos de aplicação.

´mui páo vermelho´, terra a que deu o nome ´Ilha do Brasil´

Já a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) possui diversas classificações de acordo com a realidade têxtil-gráfica, coureira e

[documentos guardados no Vaticano e que já podem ser lidos]. Em pouco tempo, o grão moído da ´caesalpinia echinata´, ou Pau-

papeleira continental. Foi adotada em 1995, pelo Uruguai, Paraguai,

Brasil, valia fortunas e virou assunto em todos os cais da era

Brasil e Argentina, tendo por base o Sistema Harmonizado (SH).

caraveleira. E assim o Brasil entrou na rota dos Corantes e Pigmentos.

Da Definição || Existem diferenças entre corantes e pigmentos.

1856

Corantes são substâncias orgânicas coloridos [ou fluorescentes],

Henry Perkin ao lavar com álcool os resíduos da reação entre

solúveis, que colorem um objeto por absorção seletiva de luz. E os

fenilamina e dicromato de potássio observou uma cor avermelhada,

Pigmentos são coloridos, preto, branco ou fluorescente dos sólidos

que o encantou. Após novas experiências classificou a substância

orgânicos ou inorgânicos em partículas que geralmente são insolúveis,

como corante designando-a Púrpura de Tiro, que os tintureiros

física e quimicamente inalterados no objeto em que foram

franceses chamam de Mauve.

incorporados. Entretanto, alteram a aparência pela absorção seletiva ou

Da oxidação da Anilina ao Mauve. O químico inglês William

O impacto deste corante sintético desenvolveu uma indústria química

no espalhamento de luz. Estas substâncias são geralmente dispersas

própria. Não era mais a alquimia do acaso, era a ciência a operar com

em veículos ou substratos para a aplicação no fabrico de tintas,

a arte.

plásticos ou outros materiais poliméricos.

E logo surgiram outros corantes. Entre os Sécs 19 e 20 os países industrializados [Suíça, França, Alemanha, Inglaterra, EUA, etc.] acabaram por adotar corporações que se dedicaram à formulação de corantes sintéticos para os ramos têxtil, papeleiro e coureiro. Ao final do Séc. 20 existiam fabricantes em todo o mundo industrializado.

Tábua Historiográfica / A ciência indica que manuseamos e aplicamos cores há cerca de 20.000 anos e que o primeiro corante foi o Século 21 A indústria de Corantes e Pigmentos está em todo o Negro-de-Fumo, ou talvez não, se se pensar nos ´trajes´ da maioria mundo. Estes produtos são fornecidos em pó ou grão para serem dos povos nativos a circularem entre os desertos e as florestas: traços

moídos e/ou dispersos até ao ponto desejado de aplicação industrial ou pintados para rituais sociais e bélicos. Nos períodos glaciares [há cerca artesanal. de 18.000 anos] os povos em início de socialização juntavam-se em Como são operações que laboram com muita substância de base cavernas e ornamentavam com desenhos as paredes para um registro

metálica existe uma geração de detritos nocivos a sistemas ecológicos

do cotidiano, e o faziam gravando com lascas de pedra, ou pintavam

(ambientes e pessoas), o que exige instalações químicas modernas e

com Fuligem e Argila, que dá uma cor ocre.

capazes de reaproveitar parte desses detritos; como o processo tem uma custo muito elevado, países em desenvolvimento têm dificuldade

3000 aec (antes da era cristã) Surgem no Egito corantes inorgânicos (sintéticos), especialmente o

em montar as suas próprias unidades industriais, por isso é que várias empresas viraram transnacionais e dominam este mercado. ///



ANOTAÇÃO 2 Janeiro 2020

INDÚSTRIA DO AUTOADESIVO

Rowland Hill

Ray S. Avery

A indústria de adesivos e autoadesivos é um ramo de atividade que abrange todos os setores produtivos, desde o rótulo à logomarca passando pela etiqueta, a decoração de ambientes e objetos. O que se sabe do assunto? Arqueólogos acabam de encontrar “restos de papeis com preços em antigos mercados egípcios, papeis colados nas paredes” [das agências de notícias], o que mostra que o papel adesivado é um produto comum na civilização que somos. Entretanto, o primeiro papel adesivo é um invento de Rowland Hill, que o apresenta em 1839 e, um século depois, é reutilizado na invenção de Avery... Tudo começa, ou recomeça..., em 1935, em Los Angeles (USA), com o comerciante Ray Stanton Avery, quando ele inventa um mecanismo para remarcar o preço nas embalagens: a rotuladora autoadesiva. O que é e como funciona? É um papel que recebe uma camada de adesivo muito sensível à pressão e, importante, protegido por outro papel (este) siliconizado: impresso o preço no papel, pressiona-se contra a embalagem e retira-se o protetor... Um dos primeiros sanduiches tecnológicos da indústria produzidos numa geringonça artesanal. De tal pioneirismo nasce a Avery Adhesives que, mais tarde, funde-se com a Dennison Manufacturing e dá lugar à Avery Dennison. O ´sanduiche´ torna-se em pouco tempo um dos aplicativos industriais mais conhecidos e começa a ser visível também na produção de etiquetas, pois, a sua versatilidade técnica é um desafio à criatividade de projetistas de outros ramos de atividade. “Em poucos anos, o auto-adesivo torna-se uma ferramenta de comunicação visual e um símbolo industrial cuja presença, no lar e na escola, no comércio e na oficina, é a celebração da sociedade em desenvolvimento” [J. C. Macedo – in “Auto-Adesivo: O Símbolo Da Cultura Industrial (A lembrar Mr. Avery...)”, artigo; Guimarães/Portugal, 1975]. Para se entender a rapidez com que se espalha o autoadesivo, já em 1940 a nipônica Sato torna-se a primeira empresa em soluções de autoadesivo fora do Ocidente e, em 1967, estabelece produção no Brasil como Prakolar Sato... Neste rastro industrial despontam no Brasil sucursais de grandes empresas do Ocidente e do Oriente e, logo, empresas nacionais, como Alko (1975), Aplike (1984), Imprimax (1993), Plavitec (1997) e Alltak (2001), esta última no parque industrial da Alko, etc., entre muitas outras empresas. Assim como nos ramos da Serigrafia e do Transfer, o do Autoadesivo desembarca no Brasil novas tecnologias em maquinários e soluções aplicativas; e, a bordo, também muitos técnicos. Pode-se dizer que entre estes ramos (que são artesanais e são industriais) é que o Brasil começa a conhecer um novo mercado, além da Moda e também multidisciplinar: a Comunicação Visual. BARCELLOS, João – da palestra “Nós e o Autoadesivo”, 2015.

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Avery, Sato, Imprimax, Alko Plásticos, Alltak, Plavitec, Aplike...

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JoĂŁo Barcellos e Cristiano (CNC Sorocaba)


GQM FORTALEZA

ESPECIAL Janeiro 2020

Líder brasileira no segmento de insumos e maquinários para impressão digital têxtil, a Global Química & Moda (GQM), companhia paulista que se destaca por parcerias com marcas globais e fortalecimento regional através de união com empresas já consolidadas em cidades pelo interior do Brasil, chega agora ao Ceará. Se a transformação digital chegou na indústria, ela com certeza vem acompanhada do fortalecimento de técnicas de produção, como a impressão digital. Além da área têxtil, esse tipo de trabalho está cada vez mais presente também nas áreas de comunicação e brindes. E é nestes segmentos que atua a Global Química & Moda (GQM). Eduardo Girão, 901. O objetivo, de acordo com Felipe Simeoni, gerente de marketing e inteligência de mercado da companhia, é facilitar o crescimento da empresa através da regionalização, marcada por parcerias com marcas locais já consolidadas: “Assim ficamos mais perto do nosso público, tendo o respaldo de parceiros reconhecidos nestas regiões. A GQM tem sede em São Paulo e filiais em Santa Catarina, mas acredita que esta proximidade é fundamental para conseguir chegar com agilidade e eficiência a novos mercados”. A Global Química & Moda (GQM) é parceria Epson, líder mundial no desenvolvimento de impressoras para impressão digital. As centrais de vendas da marca, além de serem

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Na cidade, a central de vendas da empresa – a 5ª unidade aberta em 2019 – fica na Avenida

estabelecidas em parceria com marcas regionais, contam com o apoio da Epson para estruturação e oferta de portfólio.

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CAPA Janeiro 2020 Dezembro 2019

Indústria

4.0

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Segurança & Alta Qualidade

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Cronologia || A Revolução Industrial passou por 3 fases – a saber: 1ª- A invenção, em 1698, da Máquina a Vapor por Thomas Newcomen, logo aperfeiçoada por James Watt, em 1765. A máquina passou a dominar as linhas de trabalho na Inglaterra em vários ramos de atividade, principalmente o têxtil. 2ª- Entre os Séc.s 19 e 20 surgiu na Europa a industrialização das linhas de produção, conceito que ganhou destaque na II Grande Guerra, inclusive com a descoberta de produtos petroquímicos e a chegada do motor elétrico. 3ª- Com os experimentos militares da II GG a sociedade civil alcançou um nível industrial global entre os Anos 40 e 90 do Séc. 20, quando a automação de teares e de montagem de veículos alterou a manufatura de vez com a tecnociência. E, a 4ª-, é o conjunto de ´obra´ com a nanotecnologia e a

Idealizar, projetar, processar em computação gráfica e... cortar, estampar e etc., eis a unidade compacta de recursos humanos e tecnologia que zera desperdício e gera custo-benefício com segurança e alta qualidade. “Entre o vestuário que ´serve´ e que acima de tudo tem de ´vestir´, o calçado que ´serve´ e tem de ´calçar´, eis o revestimento que, além de ´servir´, tem de embelezar e oferecer comodidade, e, saiba-se, tudo isto depende do ´corte´, daquele olhar de alfaiate/modista que faz da pessoa ou de um objeto um ´ente´ querido...” [João Barcellos – in “Corte, Beleza & Segurança: da tesoura e do fio e da agulha à robótica”, palestra; Sorocaba/SP-Br., 2018] Silmaq

A verdade é que se a ´revolução industrial´ alterou comportamentos no Séc. 18, em nossos dias, no Séc. 21, ela o faz novamente, mas..., não é a transição do artesanal para o eletromecânico na continuidade da ´mão´ (de-obra), e sim, a transição para a ´cabeça´ (de-obra). Éramos a mão a fazer tudo junto com a máquina, agora, somos a cabeça a pensar para permitir que a ´inteligência artificial´ faça o esforço que era físico, sem desperdícios e sem sujeira. “Vivenciamos a [quase] plenitude das tecnologias de transformação integradas em programas de computação gráfica que acionam máquinas sulancapresentes, mas robotizadas nas linhas de produção. Sim, ah sim!, nós estamos somos a cabeça que pensa e projeta, sem que isto afete profissionais que operam analogicamente produções perfeitamente personalizadas” [idem], produções que as máquinas robotizadas, diante dos substratos, cortam e estampam segundo o desenho inserido no computador que é a ´alma´ dessa máquina. Desde que “...o pigmento sintético surgiu para alterar a tradição histórica do pau-brasil e a nanotecnologia fez, e faz, desse pigmento (e outras substâncias), o fluido que atravessa todos os ramos de atividade, sabemos que a civilização não será mais a mesma, apesar da animalidade que ainda somos capazes de expressar” [ibidem]. A imagem cinematográfica do Chaplin a ser engolido por uma máquina em linha de produção contínua parece uma fantasia junto da imagem da I.A. (inteligência artificial) que opera linhas de produção industriais. Eis a realidade. A máquina computadorizada que corta o couro para o estofado de um carro, ou de um sofá, é a mesma que corta a película para o vestido, as calças ou as botas, e outras que bordam dezenas de peças ao mesmo tempo. O que temos em mãos é a ´internet das coisas´ [IoT = Internet of Things], pois, através da rede mundial de computadores estamos conectados e, ainda, conectamos as coisas que nos convém serem conectadas, por ex., o comando de uma linha de produção gráfica, têxtil e por aí vai. Quando dizemos que hoje operamos com cabeça-de-obra é porque tudo é um jogo de troca de dados em sistema cibernético que passa por satélites de comunicação nos quais estabelecemos uma nuvem de dados interrelacionados [´cloud computing´], dados que podem ser operados de um computador de mão: o telefone. Sejam bem-vindos à Indústria 4.0, a quarta revolução industrial conhecida em nossa história civilizacional.

I.A. a dominarem todos os serviços. – João Barcellos [da palestra]

J. C. Macedo | poeta, jornalista e tecnólogo


REPORTAGEM Janeiro 2020

Helena de Novaes da Serigrafia e da Arte

A herança de Figuera de Novaes? O serigrafista e expadre lationoamericano de muitas batalhas pela liberdade em nome da Palavra jesuana e da mundividência de Sócrates, tem agora na neta a retomada das suas habilidades artísticas e intelectuais. Ela é Helena de Novaes, filha de Marta, falecida recentemente. Professora de história com incursões na Filosofia, serigrafista nas horas vagas em peças de ´fine art´, agora, também parceira do Grupo de Debates Noética, coordenado pelo historiador João Barcellos. TEREZA NUÑEZ – Você é mesmo “a herdeira artística e intelectual de Figuera de Novaes”, seu avô, como gosta de dizer o mestre Barcellos? HELENA DE NOVAES – O mestre Barcellos, que minha mãe Marta tinha como bússola intelectual, junto com o filósofo Manuel Reis, ele é muito generoso. Sim, eu tento ´agarrar´ essa alma criativa do meu avô. Passo muitas horas a estudar os seus escritos, as serigrafias (capas, estampas, panflos políticos contra ditadores de direita e de esquerda, cartazes, até caricaturas de papas que ele considerou bestas teológicas, é muita coisa...), ele deixou um acervo grande que, certa vez (contou minha mãe) exigiu a presença de Barcellos para organizar.

entendia a forma de trabalhar da ceramista Rosa Ramalho, e ele explicou que “a imagem que registramos é a que, na primeira sensação, reproduzimos em peça artística. A arte popular é alma pura do que somos”. Tenho isso na minha mente até hoje. Quando ele ´se foi´, herdei de suas mãos o ´cristo´ de Rosa Ramalho, do qual ele fez várias serigrafias em releitura da peça cerâmica. TN – E assim você foi ´tocada´ pela serigrafia? O que é a serigrafia para você? HN – Para mim, a serigrafia é “um universo artístico que me permite filosofar poeticamente”, como diz João Barcellos. Ser serigrafista é ter a mente como ferramenta e reproduzir sentimentos. Li há pouco o livro ´Big Brother´, do incansável Manuel Reis, do qual o Barcellos já escreveu resenhas e fez palestras, e identifiquei-me muito com as teses filosóficas ali expressas: o que vale é o que, em leitura própria, conseguimos produzir em humanismo crítico, construtivo, por isso, a arte deve acompanhar este conceito. Por isso, imaginar e serigrafar ´objetos´ sob leituras várias é reinventar o que somos, humanizar o meio. TN – Você vive entre culturas chilena e argentina, e é porteña de nascimento (como eu, sim). Isso atrapalha? HN – Sim, nem sempre, às vezes percebo em mim uma pessoa em busca de ninho. E a arte de ser serigrafista ajuda-me, muito. Por isso, a serigrafia é uma estrada aberta que me permite outras rotinas artísticas e filosofar nelas.

TN – Uma leitura recente... HN – Não, não, desde criança. E é engraçado que a primeira vez que escutei falar de Barcelos, a cidade portuguesa, não a cidade amazônica, foi quando questionei um cristo de barro que o meu avô adquiriu lá, em Portugal. Eu não

TEREZA NUÑEZ - Buenos Aires / Argentina _ Entrevista exclusiva para Terranova Comunic | Revista I&C.

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TECNOLOGIA Janeiro 2020

AGRESTE TEX

Revista Impressão & Cores - ed. 145

Histórias De Sucesso Empresarial

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O grupo Febratex, que promove a Agreste Tex, marcou a edição 2019 com um evento de grande importância social: as histórias de sucesso empresarial contadas pelos próprios Calandra Mogk empreendedores. Para isso, contou com o apoio da Avil, referência de sucesso no polo têxtil do agreste pernambucano. O evento contou com Luciano Ferreira (da Avil), Edilson Tavares (da Mamute Lavanderia e também prefeito de Toritama), João Bezerra (da Etical e da unidade regional do Agreste da Fiepe), José Gomes Filho – o Menininho (da Jogoff Moda Masculina e Síndico do Moda Center Santa Cruz), e Deoclécio Nascimento (da Kikorum Jeans Wear). Luciano Ferreira encantou a todos com a narrativa da sua trajetória empresarial a partir da sulanca (a feira popular de Caruaru), aliás, ponto de partida comum a todos os presentes. Logo, Edilson Tavares adensou a memória com os causos da falta d´água e os esforços para a buscar em meio a pedreiras infindáveis até que acabou por instalar um sistema de tratamento d´água e reuso, hoje, referência para o Brasil. E todos fizerem emergir uma memória de causos que os uniu e une nos esforços pelo progresso do agreste. Entre a dura realidade e o pitoresco das narrativas, o encontro teve a relevância de levar a público os bastidores do agreste empreendedor. A rematar, Hélvio Pompeo Madeira, diretor-presidente do Febratex Group, destacou: “O País inteiro conhece vocês. E vocês são conhecidos por não pararem de trabalhar”. O que deixou todos os presentes orgulhosos, com razão, porque vivenciam essa realidade social e industrial e comercial. E agora, na edição 2020, a Agreste Tex aguarda a maior movimentação tecnológica e empresarial na história do evento.


COMUNICAÇÃO VISUAL JOÃO BARCELLOS lançou o livro SUSTENTABILIDADE com abordagens a têxteis e gráficos.

Literatura Técnica Além de coordenar duas coletâneas literárias já com 14 volumes cada, João Barcellos editou 5 livros dedicados à Comunicação Visual e é hoje referência bibliográfica na indústria têxtil-gráfica. Com mais de 30 palestras sobre moda e estamparia, convencional e digital, João Barcellos é um intelectual que abre horizontes tecnológicos no âmbito de uma filosofia didático-pedagógica modernizadora. || Carlota M. Moreyra Profª de Artes Gráficas - Paris/Fr.

pedidos p/ terranovacomunic@uol.com.br



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