Cardápio de Projetos

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vel quando percebemos sua postura em sala. Agora sabe ouvir com mais atenção e mantém uma postura adequada ao ambiente escolar. Sabe se sentar corretamente; já não bate mais suas mãos sobre a mesa, atrapalhando o andamento da aula, e vem se aprimorando no processo de aquisição da leitura e da escrita, até mesmo segurando o lápis e os talheres de forma apropriada ao realizar seus registros ou refeições. Brinca com seus amigos no pátio com autonomia, conseguindo estabelecer uma relação harmoniosa com os colegas de classe e interagindo bem com todos da escola — inclusive, fazendo suas “baguncinhas”! E o mais importante: descobriu que, quando permitido, tudo é possível. A turma - O trabalho desenvolvido com base no respeito e que nos ensinou a conviver com as diferenças faz hoje parte de todo o contexto de minha sala de aula. Ele não se limita a Fabiano, mas se estende a todos os alunos, levando em consideração suas idades, grau de maturação e as particularidades de cada um. Reafirmou-se, portanto, a ideia de que cada pessoa é um indivíduo único, dotado de diferenças que devem ser respeitadas. Isso permitiu que os colegas percebessem as dificuldades de Fabiano e se solidarizassem com elas. No intuito de proporcionar a ele as mesmas ações proporcionadas aos demais colegas, os alunos Higino e Lucas Ignácio trouxeram de casa desenhos em relevo (utilizando agulha e papel) para presentear o colega — um exemplo de sensibilidade ao se relacionar com as diferenças. A relação de cumplicidade estabelecida entre os alunos Lucas e Fabiano, em especial, permitiu uma transformação de conduta admirável. Lucas, que era um aluno com um histórico de comportamento complicado, percebeu-se participante de um processo que atribui significado às suas ações. Assim tornou-se um menino prestativo, agradável e importante no processo de adaptação e vivência escolar de Fabiano, refletindo positivamente em seu comportamento dentro do ambiente escolar. O professor - Hoje percebo que não era necessário ter receio. Trabalhar com a deficiência me proporcionou momentos de crescimento e reavaliação da minha prática como docente. Perceber as dificuldades e superá-las não se limita somente a quem demonstra fisicamente essa particularidade. Ser sensível a quem solicita um olhar mais direcionado é o grande desafio da nossa profissão. Perceber que todos apresentam “necessidades especiais” caracteriza minha atuação como mediadora do processo de aprendizagem, o que é essencial para o norteamento de um caminho que vise ao sucesso. É claro que frustrações existem. Não é fácil descobrir as necessidades de cada aluno e o caminho certo para diminuí-las, mas é necessário esforço e dedicação para permitir que isso aconteça. Ouvir da mãe de Fabiano o relato emocionado acerca das experiências de seu filho na escola, inclusive quando diante de situações novas, reafirma que o trabalho se ampliou a dimensões que, a princípio, não eram almejadas. Superou as expectativas e, para mim, se tornaram mais que experiências profissionais. O trabalho não para por aqui. Afinal, foi somente um semestre de experiências, e os obstáculos a superar ainda são muitos. Por isso, ainda há muito a ser feito. Começar a entender que todos necessitam de nossa atenção especial foi só o início de um caminho que, com certeza, nos conduzirá ao sucesso.


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