Revista Mundo Contemporâneo | 13ª Temporada | 1ª Edição

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1ªEDIÇÃO| NOV2021

MUNDO CONTEMPORÂNEO

CIÊNCIA

O Aquecimento Global e as suas Repercussões nos Calotes Polares: Ainda é notícia?

CULTURA

FARO CANDIDATA A CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA

INTERNACIONAL

UM POUCO DA HISTÓRIA DO AFEGANISTÃO


Mundo Contemporâneo

EDITORIAL Nesta primeira edição da décima terceira série da revista Mundo Contemporâneo trazemos à vossa consideração vários temas da atualidade, não só em relação ao nosso país, mas também a todo o mundo. Este ano de pandemia aproximou ainda mais as pessoas do mundo virtual, sobretudo das redes sociais. Porém, esta nova realidade trouxe consequências, e é exatamente isso que a secção dedicada à sociedade vai mostrar. Iremos apresentar também as possíveis consequências do chumbo do Orçamento de Estado para 2022 e as mudanças que o mesmo poderá gerar no país. Na sequência do panorama cultural, mostramos a indignação dos trabalhadores com o novo estatuto de profissionais da Cultura, e a “precariedade” que o mesmo pode gerar. Cada vez mais se torna imperativo promover a consciência ambiental, e as alterações que o mundo tem sofrido devido a problemas climáticos. Por este motivo, na secção do ambiente, debruçamo-nos sobre o tema do aquecimento global e a sua repercussão nos calotes polares, e também sobre os recifes de coral e a sua extinção devido à poluição no mar. Deixamos a esfera nacional, para versarmos um pouco sobre a História do Afeganistão, descrevendo a perda dos direitos das mulheres e expondo as medidas de ajuda dos países europeus, sobretudo de Portugal. Com o nosso país a efetuar conquistas no Futsal e no Basquetebol, com a conquista do primeiro Campeonato do Mundo de Futsal e com a entrada de Neemias Queta na NBA, que é a competição mais prestigiada do mundo do basquetebol, o balanço do mês de novembro é bastante positivo para o desporto nacional e mundial. Concluímos com uma nota de apreço, por toda a equipa que tornou possível a feitura desta nova série da revista Mundo Contemporâneo e um agradecimento à Prof.ª Aurízia Anica que nos orientou e que continua a manter este projeto vivo ao longo de várias gerações de estudantes.

Coordenação

Diva Parreira

Francisco Grilo

Laura Pimenta

Victória Brandão

Design e Paginação

Miguel Veiga

Leonor Duarte

Catarina Horta

Redação

Política: Mariana Brandão; João Carvalho; Nuno Brito e Andreia Rosca Economia: Daniel Fernandes; Joyce Ferreira e Carina Rodrigues Internacional: Tomás Lopes; Joana Coelho; Francisca Pereira; Lia Revés e Carolina Coelho Sociedade: Beatriz Costa; Beatriz Guerreiro; Beatriz Bernardo; Margarida Moreira e Maria Serrano Ciência: Cátia Coutinho; Catarina Lopes; Filipe Silva; David Carvalho; Gonçalo Sofrino e Beatriz Castilho Cultura: Ana Cortinhas; Laura Candeias e Ema Silvestre Desporto: Tomás Martins; André Medeiros; Tomás Sousa e Guilherme Gonçalves

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Mundo Contemporâneo

04-06 POLÍTICA

“BAZUCA” Europeia e PRR De que cor se pinta o País Autárquico

07-11 ECONOMIA

Falhada a Aprovação do Orçamento de Estado para 2022 OE2022. Do Chumbo ao País a duodécimos e eleições

12-23 SOCIEDADE

Entre a Saúde Mental e as Redes Sociais As Redes Sociais e o seu mpacto na Saúde Mental E viveram felizes para sempre... ou Não? Agarra a minha mão

24-29 SOCIEDADE

Um pouco de história do Afeganistão O Apagão do Facebook

30-39 CIÊNCIA

O Recife de Coral e a Sua Extinção Telescópio James Webb: um avanço promissor para a Ciência Elon Musk & SpaceX: Colonização de Marte Elon Musk & Tecnologia Dos Teslas: O Problema Do Monóxido De Carbono O Aquecimento Global e as suas Repercussões nos Calotes Polares: Ainda é notícia?

40-44 CULTURA

O International Ocean Film Tour em Portugal Faro candidata a Capital Europeia da Cultura Estatuto dos Profissionais da Cultura deixa trabalhadores do setor indignados

45-51 DESPORTO

Neemias Queta representa Portugal na NBA Final da World Surf League Após conquistar o Europeu, Portugal conquista o Mundial de Futsal Tudo por decidir na Fórmula 1

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Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

“BAZUCA” EUROPEIA E PRR -4-


Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

Mariana Brandão

Andreia Rosca

O que é a “Bazuca”? O PRR assenta em três áreas principais – Resiliência, Transição climática e Transição digital, que irão usufruir dos recursos pela ordem mencionada, ou seja, a área da Resiliência é a que, de longe, mais terá investimentos, seguido da Transição climática e por fim a da Transição digital.

“Bazuca” é um termo que faz alusão ao dinheiro que irá ser desembolsado por Bruxelas num esforço conjunto dos estados-membros para a revitalização da economia europeia. O nome foi primeiramente usado pelo primeiro-ministro português e desde então tem-se tornado bastante utilizado quando referente ao assunto. Mas o que são esses dinheiros em concreto e para que servem? Tendo em conta o enorme impacto que a pandemia COVID-19 teve face à economia europeia, o Conselho Europeu criou o Next Generation EU, um mecanismo de emissão de dívida que tem em vista atenuar o impacto económico e social da crise e uma recuperação global. É no seio deste programa que surgiu o Mecanismo de Recuperação e Resiliência- um instrumento de onde deriva o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que se traduz num meio nacional de implementação de investimentos que levarão à estabilização e, futuramente, ao crescimento económico.

Portugal, o PRR e a distribuição do dinheiro Para serem capazes de recorrer aos fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência os estados-membros necessitam de entregar, cada um, o seu respetivo PRR para ser analisado. Portugal foi o primeiro a realizar tal tarefa, bem como um dos primeiros a receber verbas, depois de o seu programa ser aprovado pelo Conselho Ecofin, que apresentam valores de um total de 16,6 mil milhões de euros13,9 mil milhões em subvenções e 2,7 mil milhões em empréstimos em condições favoráveis. O objetivo engloba, além da reparação dos danos causados pela pandemia a nível económico, a criação de emprego e apoio ao investimento, de forma a tornar a Europa mais capaz de enfrentar crises futuras e também mais ecológica e digital.

Dentro destas três áreas existe uma variedade de categorias que apresentam diversos montantes, dentro do valor estipulado, condizentes com os projetos que já foram debatidos e se pretendem realizar.

Quando o PRR terminar que efeito vai ter sobre a economia portuguesa Sendo um dos principais objetivos do Next Generation EU amenizar o impacto económico da pandemia Covid-19, expecta-se que em 2025 os efeitos da “bazuca” sejam visíveis na economia portuguesa. Verificar-se-á um aumento considerável do PIB, garantindo a retoma da economia e do comércio e, consequentemente, um acréscimo na criação de emprego. Assim, a massiva destruição de postos de trabalho imposta pela crise pandémica será, por fim, atenuada; tornando mais claro o cenário negro em que Portugal se encontrava.

Aplicações anteriores de fundos europeus em Portugal Em 2011, Portugal necessitou de uma assistência financeira no valor de 78 mil milhões de euros. Esta quantia foi disponibilizada pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, contudo foi estabelecido um acordo. O Governo português deveria cumprir uma série de medidas de modo a garantir esta ajuda monetária, entre as quais estavam a otimização das estratégias de consolidação orçamental e de setor financeiro. O programa terminou em junho de 2014.

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Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

DE QUE COR SE PINTA O PAÍS AUTÁRQUICO? João Carvalho Portugal foi a eleições autárquicas durante o mês de setembro. Apesar de não interferir com a governação central, os resultados servem de indicador à tendência política nacional. Um mapa cada vez menos rosa e uma capital a laranja “frágil”. Portugal conta com 308 municípios a desenvolver a governação local. A cada 4 anos, a população é chamada a votar para eleger os órgãos autárquicos para o mandato seguinte. Num país que recupera agora da crise e do clima de instabilidade provocado pela pandemia, foram poucas as surpresas trazidas pela noite eleitoral. No entanto, existiram mudanças que abalaram o sistema político como um pré-aviso ao que viria a surgir na governação central, com o chumbo do Orçamento de Estado para 2022.

A “pseudo-vitória” Social Democrata Apesar de um resultado ligeiramente inferior às últimas autárquicas, o Partido Socialista (PS) foi o vencedor da noite, com 34% dos votos. No entanto, a perda eleitoral em alguns concelhos historicamente socialistas e de importância para a governação manchou a noite socialista, entregando uma “pseudo-vitória” ao Partido Social Democrata (PSD), com o partido de esquerda a perder concelhos como Lisboa, Coimbra, Funchal, Figueira da Foz e Barcelos. No entanto, é de destacar o aumento de maiorias absolutas, conquistado pelas coligações de direita, bem como a manutenção de autarquias governadas pelo CDS-PP. A Coligação Democrática Unitária (CDU) apresentou um resultado aquém dos objetivos, perdendo governação no Alentejo, local onde apresenta maior eleitorado.

Carlos Moedas e novos tempos para a capital Lisboa é um dos principais municípios do país, visto tratar-se da capital de Portugal e, ainda, por ser um dos municípios mais populosos do país. O concelho foi, também, o palco de uma das surpresas da noite, com Carlos Moedas a vencer por uma curta margem a candidatura de Fernando Medina, mudando a cor de governação da capital. No entanto, os tempos não se preveem fáceis para o autarca pois, apesar de vitorioso e empossado, conta com uma vereação maioritariamente de esquerda.

mapa de governação autárquico após as eleições autárquicas 2021

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

Falhada a Aprovação do Orçamento de Estado para 2022 O Orçamento do Estado para 2022 foi chumbado no Parlamento, pela primeira vez em 47 anos de democracia em Portugal. Com os votos contra do PSD, IL, Chega, BE, PCP e Os Verdes. Marcelo Rebelo de Sousa deverá dar início ao processo de dissolução do Parlamento, tal como tinha prometido, e convocar eleições legislativas.

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

Daniel Fernandes

Joyce Ferreira

Carina Rodrigues

O Orçamento do Estado para 2022 foi chumbado no Parlamento, pela primeira vez em 47 anos de democracia em Portugal. Com os votos contra do PSD, IL, Chega, BE, PCP e Os Verdes. Marcelo Rebelo de Sousa deverá dar início ao processo de dissolução do Parlamento, tal como tinha prometido, e convocar eleições legislativas.

Após o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) as consequências não tardam e as medidas anunciadas ao longo das últimas semanas, sem aprovação em sede orçamental, não terão pernas para andar. E que medidas são essas? Relativamente a impostos, cairá o desdobramento de dois escalões (3.º e 6.º) do IRS, o reforço do IRS Jovem, o englobamento dos rendimentos (aplicável às mais-valias mobiliárias), o aumento de 200 euros do mínimo de existência (que isenta do pagamento de IRS cerca de 170 mil contribuintes) ou a dedução majorada de IRS no segundo filho até aos seis anos de idade. Quanto às pensões, os pensionistas deixam de beneficiar do aumento extraordinário de dez euros das pensões até 1097 euros (mais de dois milhões de pensionistas) previsto para janeiro, além de que não seria eliminado o chamado “fator de sustentabilidade” para pensionistas com mais de 60 anos e com pelo menos 80% de incapacidade durante, no mínimo, 15 anos, uma medida que o executivo mostrou abertura para prosseguir como forma de recolher apoio da esquerda à sua proposta de OE2022. No domínio laboral, a suspensão da caducidade das convenções coletivas, que num esforço de última hora o Governo admitiu ser mesmo por tempo indeterminado, não teria de cair necessariamente, dado que este é um tema que estava a ser tratado extraorçamento, isto é, era uma contrapartida que o executivo estava disposto a conce der ao Bloco e ao PCP como moeda de troca para a viabilização do OE2022. No entanto, sem Orçamento seria bem menor a pressão para o Governo avançar com uma medida que tanto descontentamento gerou junto dos patrões. Já o aumento do salário mínimo nacional em 40 euros para 705 euros em 2022 poderia não cair, uma vez que

mesmo um Governo em plenitude de funções (mesmo que o Parlamento seja dissolvido) pode legislar e aprovar um diploma nesse sentido. Mais complexo seria o cumprimento dessa medida, dado que deveria pressupor a aprovação de um orçamento retificativo para acomodar esse aumento da despesa para os funcionários do Estado. O compromisso anunciado pelo Governo de chegar aos 850 euros de salário mínimo em 2025 poderia, ou não, ser posto de lado pelo executivo na senda de eleições antecipadas, mas isso dependeria do programa e estratégia política do PS. E agora? De que forma é que os portugueses vão ser impactados pelo chumbo do Orçamento de Estado? Primeiro, o Presidente da República é que detêm a responsabilidade de tomar a decisão seguinte. Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, etapas constitucionais para prosseguir com a dissolução da Assembleia da República. Se o Presidente analisar a situação e prosseguir com a mesma, os portugueses terão eleições legislativas antecipadas. De acordo com a Constituição da República Portuguesa, as eleições têm que ser realizadas nos 60 dias seguintes à dissolução do Parlamento e de serem marcadas nesse mesmo momento. Enquanto não houver a dissolução da Assembleia da República e não havendo demissão do primeiro-ministro, António Costa, o governo continua em função. António Costa constatou que está pronto se o Presidente decidir ir para eleições ou para governar por duodécimos (no caso de não haver dissolução e o OE21 entrar num regime excecional, a partir do dia 1 de janeiro de 2022).

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

No caso de um novo Orçamento de Estado não ser aprovado, não haverá governo em função, as novas medidas não serão implementadas e o OE de 2021 continuará em vigor, que têm um orçamento mais restrito e terá de ser através do regime de duodécimos, ou seja, os custos são controlados mês a mês. De qualquer forma, o poder está nas mãos do Presidente e a única coisa que os portugueses podem fazer é esperar pela decisão do chefe de estado. O presidente anteriormente já tinha apontado para eleições legislativas antecipadas, no caso do Orçamento não ser aprovado. É importante relembrar que até ao final do ano ainda há um Orçamento em vigor e, até ao fim do ano, a Assembleia da República deve chegar a conclusões antes da sua dissolução, de acordo com o Ministro da Economia, Siza Vieira. O mesmo também defende que no caso de eleições legislativas, as mesmas devem ser realizadas o mais rápido possível, em prol de diminuir o impacto na economia.

O chumbo do Orçamento do Estado abriu uma autêntica crise política em Portugal, com o Presidente da República agora com a responsabilidade de decidir o futuro do país e dos portugueses. Aprovação do Orçamento de Estado e a sua importância para Portugal, apresentação das decisões e dos dados económicos e, ainda, o papel do Presidente da República e da Comunicação Social no desenrolar de todo o processo.

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

OE2022. DO CHUMBO AO PAÍS A DUODÉCIMOS E ELEIÇÕES O Orçamento de Estado, que prevê e autoriza as receitas e despesas a efetuar pelo Estado durante o próximo ano, foi chumbado pelo Parlamento. O dia 27 de outubro de 2021 fica marcado na história e o destino do país está em aberto: o fim antecipado do XXII Governo Constitucional de Portugal ou um país a duodécimos. Marcelo Rebelo de Sousa teve a decisão final.

Nuno Brito

João Carvalho Todos os anos o governo apresenta à Assembleia da República uma proposta de Orçamento do Estado com as linhas de orientação financeira do país. No documento, que é de grande importância para a governação do país, constam as medidas a implementar, como, por exemplo, a definição das receitas a serem geradas através de impostos (IRS, IVA, ...) e as despesas a serem realizadas sob a forma de investimento em infraestruturas, recursos humanos ou serviços. A história política do país habituou-nos à aprovação anual do documento no “voto de generalidade”, permitindo que as propostas seguissem para as comissões de especialidade das diferentes áreas de atuação. Caso o Orçamento de Estado para 2022 tivesse sido aprovado, seguir-se-ia o caminho habitual de discussão e votação na especialidade, norma a norma, para posterior votação final global. Os votos contra do Bloco de Esquerda (BE) e da Coligação Democrática Unitária (CDU), formada pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Partido Ecologista Os Verdes (PEV), impossibilitaram a aprovação da proposta de lei

apresentada. Com votos contra da esquerda à direita política portuguesa, apenas com voto favorável do Partido Socialista (PS) e abstenção do Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e das deputadas não-inscritas, o chumbo da proposta de orçamento conduziu o país a uma crise política. Dois cenários possíveis e uma decisão Com a crise política instalada em Portugal, as soluções passavam por continuar a governação atual em regime de duodécimos ou avançar para eleições antecipadas. A decisão final coube ao Presidente da República, podendo alterar o cenário político do país. Marcelo Rebelo de Sousa fez saber que, havendo chumbo da proposta de orçamento, avançaria para eleições e cumpriu. Medidas previstas para o Orçamento de Estado de 2022 que ficaram em risco Em face da decisão definitiva de chumbo do Orçamento de Estado são muitas as medidas anunciadas que, sem

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

aprovação em sede orçamental, ficam sem efeito. É certo que medidas relacionadas com matéria fiscal, que é reserva de competência da Assembleia da República, poderão sempre ser aprovadas, no entanto, o tempo para o conseguir seria curto devido à dissolução do Parlamento. Relativamente a impostos, cai o desdobramento de dois escalões do IRS, o reforço do IRS Jovem, o englobamento dos rendimentos ou a dedução majorada de IRS no segundo filho até aos seis anos de idade.

Do lado oposto, encontramos uma das principais novidades da última legislatura: o partido CHEGA. Fortemente associado ao fascismo e a medidas consideradas discriminadoras e pouco democráticas, o CHEGA (CH), sob liderança do deputado único André Ventura, tem vindo a apresentar-se como principal rosto da oposição à política de esquerda (do socialismo moderado ao comunismo), prevendo-se que apresente um crescimento em cenário de futuras eleições.

Quanto às pensões, os pensionistas não beneficiam do aumento de dez euros das pensões até 1097 euros, além de que não é eliminado o chamado “fator de sustentabilidade” para pensionistas com mais de 60 anos e com pelo menos 80% de incapacidade. No domínio laboral, a suspensão da caducidade das convenções coletivas não terá de cair necessariamente, dado que este é um tema que estava a ser tratado extra orçamento.

A direita em Portugal encontra-se em crise política interna, com dois dos principais partidos a discutirem eleições internas e sem liderança e estratégia assumidas. Tanto o Partido Social Democrata (PSD) como o Partido Popular (CDS-PP) estão com eleições internas previstas, havendo agora pressões quanto às calendarizações das mesmas. No PSD a decisão passa pela continuação da liderança de Rui Rio ou pela passagem de pasta a Paulo Rangel. No CDS-PP os militantes vão a votos para decidir a continuação da liderança de “Chicão” (alcunha dada a Francisco Rodrigues dos Santos) ou o início da liderança de Nuno Melo. Em ambos os casos, cenários muito instáveis para quem terá de apresentar candidatos às eleições legislativas dentro de meses.

Já o aumento do salário mínimo nacional em 40 euros para 705 euros em 2022 poderá não cair, uma vez que um Governo em plenitude de funções (mesmo com Parlamento dissolvido) pode legislar e aprovar um diploma nesse sentido. Ainda nos rendimentos, o aumento salarial de 0,9% aos funcionários públicos fica sem efeito. Sobre as empresas, são muitas as medidas anunciadas que não chegam ao terreno: o alargamento do Fundo de Tesouraria de Apoio às micro e pequenas empresas; o fim do pagamento especial por conta; dedução de 10% do valor à coleta de IRC para empresas que no primeiro trimestre de 2022 atinjam o investimento médio dos últimos três anos. A gratuitidade progressiva das creches a partir do próximo ano letivo, o reforço das verbas para o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos e para “a densificação da oferta de transportes públicos”, o regime extraordinário de incentivos para fixação de médicos de família em zonas carenciadas ou o reforço de 700 milhões de euros do orçamento do Serviço Nacional de Saúde são também medidas que ficaram sem efeito. A geringonça, o fascismo e a direita sem líderes

Quais as medidas a tomar depois do chumbo do Orçamento Sendo um acontecimento presenciado pela primeira vez em 47 anos de democracia a decisão de reprovar a proposta de orçamento tomada pela Assembleia da República levanta questões acerca de como se deverá prosseguir. Sendo definitivo o chumbo do Orçamento de Estado, com os votos contra do BE, PCP, PEV, PSD, CDS, IL e Chega, com a abstenção do PAN e das deputadas não-inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues e com o voto favorável do PS, coube ao Presidente da República o início do processo de dissolução do Parlamento e de convocação de eleições legislativas que, segundo a lei, serão 55 dias após a “queda” do governo. Mesmo assim, António Costa assumiu um braço de ferro, não se demitindo e declarando que pretende que o PS venha a sair reforçado nas eleições antecipadas.

António Costa (PS) surgiu como Primeiro-Ministro de Portugal numa solução única de governação a que se deu o nome de “geringonça”. A união de PS, BE e CDU viabilizou a governação de esquerda no país, propondo o fim da austeridade vivida pela aplicação da política da Troika, por Pedro Passos Coelho (PSD). Ao longo destes anos, a tensão foi aumentando entre os partidos, com o BE a demarcar-se parcialmente da solução governativa no início da presente legislatura. Os votos da CDU e do BE marcam o fim efetivo da “geringonça” governativa, deixando grandes incertezas quanto à união futura para continuação da governação. - 11 -


Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Entre a Saú e as Rede

Beatriz

É natural o ser humano comparar-se num mundo interligado através das rede tas nos oferecem uma comunicação rápid

As inúmeras redes e plataformas de redes soc dos, fazem com que o ser humano tenha uma partilhar informações com outras pessoas, so

A verdade é que as plataformas de red onde a necessidade das pessoas de mo ais e apenas os melhores momentos de

O grande acolhimento que as redes socias no tretenimento proporcionados, claramente nã que estas assumem-se, também, como uma d cidade e angústia, por vezes impercetível, que dores. Será que isto é o mesmo que dizer que, somos? As redes sociais tornaram-se, tão ou m ilícita, e como resultado os usuários mais vul do contra as consequências negativas do se

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

úde Mental es Sociais

z Costa

e com os outros, principalmente es sociais, ainda mais quando esda e de quase imediata expansão.

ciais, com as quais estamos familiarizaa necessidade cada vez maior de comobre uma ampla variedade de tópicos.

des sociais se tornaram um lugar, ostrar férias de sonho, corpos idesuas vidas, atinge novos patamares.

os dão, no sentido da companhia e enão deve ser descartado, mas é notório das principais causas que levam à infelie está presente nos seus demais utilizaquanto mais conectados, mais infelizes mais, perigosas do que uma substância lneráveis estão constantemente lutaneu uso contínuo, e às vezes indevido.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

A ansiedade, a depressão, a falta de autoestima, a alteração no sono, a solidão e o grande medo da rejeição, conhecido como “Fear of Missing Out”, que em português significa, “Medo de Ficar de Fora”, são algumas consequências devastadoras na vida, e no bem-estar mental, dos indivíduos. Hoje em dia comunicamos pela internet, onde os nossos gostos, interesses, opiniões, e até mesmo relações, se encontram expostos na mesma. A facilidade de comunicação, conexão, integração, através da internet, faz com que horas sejam passadas a fio, conectados, numa plataforma que nos expões e fragiliza. Doenças do século passam a surgir, como a adição por internet, e tornam-se preocupantes, devido a facilidade com que nos atinge eficazmente. O Instagram, o Facebook e o Twitter são exemplos de redes sociais que facilmente levam os seus utilizadores a experienciar alguns destes efeitos. A constante comparação, principalmente entre as jovens raparigas, no Instagram, através das publicações, que as levam a acreditar que lhes falta algo, ou que têm algo a mais, é o primeiro que nos vem à mente, quando falamos da aparência “perfeita”, mas estereotipada, tão valorizada e cobiçada nos dias de hoje. Foi neste contexto que surgiu o interesse de desenvolver, e aplicar, um questionário sobre o tema “Saúde Mental e as Redes Sociais”, onde foi possível analisar as opiniões, da população portuguesa, quanto ao papel, influência e impacto das redes sociais na saúde mental dos mesmos. Num total de cento e cinquenta respostas às dez perguntas que constituíam o questionário, não foi difícil chegar a determinadas conclusões. Vejamos, agora, a resposta à primeira pergunta “Nas primeiras horas do dia acedes logo às redes sociais?”, 75,3% dos inquiridos responderam que sim, e apenas 24,7% dizem não ter este hábito. Quanto à rede social mais usada, as respostas incidiram no Instagram, uma vez que mais de 55% dos inquiridos, elegeu o Instagram como rede social mais utilizada, ultrapassando assim o Facebook, Twitter, Tik Tok e Youtube. Face à pergunta “Consideras que de um modo geral, no dia a dia, as redes sociais consomem bastante o teu tempo e causamte dependência?”, mais de metade dos inquiridos, 64,7%, assume o consumo de tempo e a dependência que as redes socias causam nas suas vidas. Direcionada para a aparência e aspeto físico, a pergunta “Ao usares as redes sociais, por exemplo, o Instagram, alguma vez te sentiste infeliz com o teu corpo e pensaste mudar a tua aparência?”, as respostas não tiveram muita discrepância relativamente às anteriores, dado que cerca de 49,3% afirmam que não, e os restantes 50,7% reconheceram que sim.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

É avassalador saber que determinados conteúdos expostos na internet contribuem negativamente para autoestima de milhares de pessoas pelo mundo fora, que se perdem, em busca da “perfeição”, ou fazendo que adotem determinados comportamentos e padrões de aparência, que são pré-estabelecidos pela sociedade, levando, assim, a que contrariem a sua própria especificidade, tendo como resultado, a frustração e a infelicidade. Quanto ao afastamento deliberado das redes sociais por motivos de saúde e bem-estar mental, 63,3% dos inquiridos assume que sim, já teve a necessidade de se afastar das redes socias, por haver consciência de que estas não lhes estavam a fazer bem, a nível psicológico. A mesma percentagem surge nas respostas às perguntas, “Alguma vez já sentiste que perdeste horas de sono, de trabalho ou de lazer para estares conectado nas redes sociais?” e “Mesmo ao fazeres uso ativamente das tuas redes sociais, já experienciaste o sentimento de solidão e vazio?”, em que os mesmos 63,3% responde que sim, e os restantes 36,7% responde que não. Ao serem questionados sobre qual o impacto as redes socias têm na vida e saúde mental dos indivíduos, 45,3% dos inquiridos respondeu que considera que as redes sociais têm mais impacto negativo do que positivo e apenas 15,3% considera que as redes socias têm mais impacto positivo que negativo. Em contrapartida, a restante percentagem de 39,3% respondeu “indiferente”, quanto ao impacto que as redes sociais têm na sua saúde mental. No seguimento da mesma pergunta, surge a questão “Se consideras que as redes sociais afetam a tua saúde mental, esse impacto compensa?”, em que 134 pessoas (89,3%) respondeu “Não, não compensa”, e as restantes 16 (10,7%) respondeu “Sim, compensa”. Por fim, já na última pergunta “No geral, achas que as pessoas têm noção do impacto das redes sociais na saúde mental, e sabem que em determinados casos devem procurar ajuda?”, 113 inquiridos (75,3%) responderam “Não” e os restantes 37 (24,7%) responderam “Sim”. Infere-se dos resultados deste inquérito por questionário a extrema importância de fazer uso de uma postura ativa, mas correta e consciente, das redes sociais e de tudo o que abrangem, de modo que estas não causem mal aos seus utilizadores. As redes sociais não podem ser um meio que nos leva a perder de vista valores, atitudes e comportamentos que nos proporcionam saúde e bem-estar, que fazem de nós seres felizes, realizados e únicos.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Beatriz Guerreiro

As redes sociais e o seu impacto na saúde mental Saúde mental: um termo cada vez mais presente nas nossas vidas. O que, antes, era um tema ignorado e desvalorizado pela sociedade, é agora um assunto que motiva as pessoas a lutar pelo seu aprofundamento e, sobretudo, para que todos tenham o apoio necessário ao bem-estar mental. A verdade é que existem inúmeros fatores que, ao longo do tempo, se tornaram adversários da nossa saúde mental. As redes sociais são um deles, uma vez que acarretam, para a maioria de nós, mais efeitos negativos do que positivos: ansiedade, depressão, busca exagerada da perfeição, medo, pressão, sentimento de solidão… Querem mais? Todos nós já tivemos a sensação de que a vida dos que seguimos – sejam conhecidos, amigos ou famosos – é fantástica e não tem defeitos. Contudo, essa falsa sensação acaba por desencadear em nós a crença de que todos os esforços que fazemos são insuficientes para a concretização dos nossos sonhos e objetivos, pois para o outro é sempre mais fácil. Isto é, parece mais fácil. Porquê? Porque não vemos os seus maus momentos nem o que essa pessoa passou para chegar a determinado fim. Esta perceção de insuficiência estimula uma cobrança pessoal progressiva, que se torna num peso cada vez maior para a mente, intensificando problemas como ansiedade e depressão. Quantas vezes viram uma amiga apagar uma fotografia numa rede social só porque não atingiu o número de likes que esperava? Eu já vi, demasiadas vezes. A insegurança resultante das redes sociais acaba por fazer com que nos sintamos inferiores e, muitas vezes, insignificantes, pois temos tendência a comparar-nos a corpos e vidas totalmente opostas. E porquê? Porque, geralmente, seguimos influencers e celebridades. Isto é, pessoas que, para além de terem como objetivo partilhar tendências e conteúdos atrativos, têm acesso a certos produtos e facilidades, seja por parcerias ou mesmo por capacidade financeira, que nós não conseguimos obter. E a verdade é que temos de nos lembrar disto e, acima de tudo, frisar a necessidade de terminar com estas comparações. A perfeição não existe, não vale a pena andarmos à sua procura e deixar para trás a nossa saúde mental, algo muito importante. As redes sociais fomentam uma forte sensação de solidão. Algumas pessoas sentem-se mais compreendidas em comunidades virtuais do que propriamente na vida real, o que provoca um gradual distanciamento dos amigos e familiares e uma maior necessidade de estar online com quem realmente se sentem compreendidos. Este é apenas mais um dos efeitos que as redes sociais exercem sobre a nossa saúde mental. A meu ver, o segredo está na forma como gerimos esses efeitos e permitimos que afetem o nosso bem-estar. Talvez o ideal seja conseguir criar uma barreira e distanciar a nossa realidade da dos outros. Saber entender que, independentemente de a vida dos outros parecer maravilhosa, a nossa também tem os seus aspetos positivos. Acima de tudo, é preciso consciencializarmo-nos de que a perfeição dos outros não invalida a nossa. Não temos de ter um estilo de vida igual ao que vemos nas redes sociais, nem um corpo padronizado como o das modelos. É importante saber encontrar o equilíbrio na utilização das redes sociais, pois tudo o que é em excesso deixa de ser benéfico.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Margarida Moreira

Maria João

E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE… OU NÃO! Em Portugal, e no mundo, cada vez mais a expressão “mente sã, corpo são” nos faz sentido. Compreendemos melhor a importância das relações interpessoais e sociais para o ser humano e as diferentes consequências, sejam elas positivas ou negativas, sobre a qualidade de vida dos indivíduos. Do vasto leque de interações e relações que influenciam a qualidade da nossa saúde mental, o amor e o relacionamento amoroso é visto quase como que um fator necessário, como um “must have”, para atingir a felicidade. Saúde Mental. Um conceito que já se estranhou e se entranhou no nosso quotidiano, seja em conversas de diaa-dia, nas notícias, na formação e educação e na área da saúde, por ser uma problemática cada vez mais real e sentida no seio das novas gerações, tendo vindo a ocupar o papel protagonista nos últimos dois anos, como consequência do isolamento do confinamento. De dentro de uma sociedade, ainda maioritariamente, tradicional e estereotipada, vivemos desafios no que respeita ao facto de manter esses valores morais: encontrar um parceiro/a para a vida.

Amor: o protagonista da minha felicidade Quem não ama não é feliz? É necessário ter um parceiro para psicologicamente nos sentirmos mais completos? Estas e muitas outras questões fazem parte do nosso cotidiano, e o tema do amor é colocado e visto como uma importante fonte de felicidade desde sempre. Novelas, filmes, obras de arte, programas de TV e rádio, livros e músicas associam o amor a elementos como: felicidade, qualidade de vida, bem-estar, paixão, entre outros que compõem o quadro de aspetos positivos da vida. É de enfatizar um aspeto central a ser pontuado no fenômeno amoroso que é a sua intrínseca relação com o bem-estar subjetivo, sendo assim, a sua relação com a saúde mental apresenta uma significativa relevância científica e social. Desde crianças, que praticamente somos ensinados a procurar o nosso príncipe encantado ou a nossa princesa perfeita que irá trazer a vida que sonhamos e o típico “E viveram felizes para sempre”. De um modo geral, as pessoas buscam um parceiro por um motivo oculto, seja para preencher a falta de amor na infância, seja para fazer do outro o protagonista a sua felicidade. - 18 -


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Apenas o amor permite estar com alguém em todos os momentos da vida, sejam estes alegres ou tristes, e é com base em estudos que é percetível que a maioria das pessoas extremamente felizes se encontram numa relação amorosa. O fenômeno do amor e dos relacionamentos amorosos é visto e comprovado como um estimulante à nossa saúde mental, seja no aumento do nosso poder de comunicação, no aumento da nossa criatividade, da nossa autoestima, da nossa empatia, entre diversas coisas. Ser amado, cuidado, mimado, é uma essência vital para nós seres humanos. Os níveis de ansiedade caiem assim como os riscos de doenças como, por exemplo, a depressão, e ficam condensados a esta química do amor que acontece no cérebro e no organismo. Além disso, pessoas contagiadas pela química do amor, possuem maior capacidade de adquirir hábitos saudáveis. Portanto, os relacionamentos amorosos, quando considerados uma fonte de bem-estar, são um importante fator de proteção da saúde mental, favorecendo o crescimento individual e a satisfação conjugal. Contudo, quando mal vivenciados e vistos sob uma ótica negativa, tendem a contribuir para o surgimento de transtornos, influenciando negativamente na vida pessoal e, consequentemente, na felicidade e na qualidade de vida.

Final Não Tão Feliz Nem tudo é um mar de rosas. Existem sim “felizes para sempre”, mas também há quem não viva essa realidade encantada. Deste leque, existem vários tipos de casos negativos como a não-correspondência à expectativa romântica estereotipada, a separação e o relacionamento tóxico, associado ao ciúme romântico/patológico/obsessivo, à violência, etc. Todos estes casos podem desencadear uma série de sentimentos que atravessam o estado psicológico da pessoa como a ansiedade, insegurança, dor, solidão e stress. Todos estes exemplos podem gerar intensa fonte de sofrimento e mal-estar, podendo desenvolver-se em diversos transtornos emocionais e, em alguns casos, físicos como depressão ou transtornos alimentares. Outra possível manifestação de sofrimento psíquico proveniente de relacionamentos amorosos é o ciúme patológico/romântico. Mesmo que para muitas pessoas possa ser uma forma de demonstrar amor, também pode ser um sentimento capaz de causar intenso sofrimento e angústia, atingindo formas doentias e abalando a saúde física e mental dos envolvidos e a estabilidade do relacionamento. Desta maneira, é importante compreender as relações interpessoais em que o ser humano vive estas emoções mais fortes, dentre elas o prazer decorrente do amor. Mesmo sendo um tipo de relacionamento naturalmente considerado positivo e idealizado, também possui os seus conflitos e dificuldades, podendo gerar tanto sofrimento quanto qualquer outra fonte de problemas.

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Ag a

Nos dias que c bastante delica entre a saúde do, uma vez q encaramos o d que definem u Deste modo, p

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garra minha mão

correm, a saúde mental tem representado um assunto ado que merece a atenção de todos nós. O equilíbrio mental e a física necessita fortemente de ser trabalhaque ambas comandam o nosso corpo na forma como dia a dia. A confiança e resiliência são características uma saúde mental saudável. podemos viver com qualidade.

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Beatriz Bernardo

Gonçalo Duarte

Com vista a desmitificar alguns preconceitos em relação a este tema, a psicóloga clínica Cláudia Estorrado reuniu-se numa conversa exclusiva, expondo factos e mitos presentes nesta matéria. O conhecimento e experiência da própria ampliou os juízos e esclareceu diversas dúvidas acerca do suicídio. A saúde mental pode ser confundida com o suicídio, neste sentido, a conversa visa abordar cada temática enquanto assunto singular. Relativamente ao Sistema Nacional de Saúde, existem variados métodos de tratamento do suicídio. Um dos que é mais conhecido publicamente é o uso de medicamentos. De que forma se manifesta a respeito deste modo de tratamento? O tema do suicídio é um assunto bastante complexo. Daria para desenvolvê-lo durante horas ou até mesmo dias. É um fenómeno que envolve diversos fatores e deste modo, não posso comentar qualquer tipo de ação por parte do Serviço Nacional de Saúde, visto que não exerço qualquer tipo de funções no mesmo. Contudo, o processo não passa apenas por medicação, há toda uma equipa multidisciplinar especializada que orienta cada paciente. Passa também por desenvolver consultas de psicoterapia e outras etapas necessárias para um bom acompanhamento. Com o aparecimento da pandemia, considera que o apoio era usufruído de igual modo numa fase pré-pandémica? Existe no Serviço Nacional de Saúde uma linha de apoio psicológico (808 24 24 24) que está funcional e acessível a qualquer pessoa. Esta linha está ativa permanentemente face ao início da pandemia, assim os profissionais encaminham devidamente cada situação para o serviço mais eficaz. É de reforçar que existem outros serviços no SNS que, se pedidos atempadamente, conseguem remediar com sucesso a problemática em questão.

Pede ajuda. Expõe o que sentes.

esta questão tão vulnerável. Procura mudar as mentali dades em relação aos comportamentos e pensamentos suicidas, transmitir a literacia em saúde mental e quebrar os mitos associados. O ministério e a Direção-Geral da Saúde assumem o suicídio como um grave problema da saúde pública, e dado isto, foi considerado urgente agir.

Psicóloga Clínica Cláudia Estorrado

Lembro-me da campanha do “Setembro Amarelo”, projetada a nível nacional e internacional, que visava revelar os sinais de alerta, fatores de risco/proteção de modo que a população em geral se sinta confortável em abordar este tema. Dizer-se que a exposição de conteúdos desta natureza é a causa da formulação de ideias, é errado. É um mito que deve ser desmitificado. Penso que estas campanhas têm esse prepósito, refutar estas noções pré-concebidas.

Quebra o mito Em termos mais precisos, que números podemos indicar acerca das mortes associadas a este fenómeno? Os números registados podem ser por vezes impactantes, mas são a forma mais comum de chamar a atenção para temas cujas palavras parecem ser medíocres. No mundo, este comportamento origina cerca de oitocentas mil As tentativas de suicídio são vinte e cinco vezes maiores e é a segunda maior causa de morte nas faixas etárias entre os quinze e os trinta e quatro anos. Podemos afirmar ainda que, bissexuais e homossexuais têm três vezes mais probabilidade de cometer comportamentos suicidas, podendo aumentar caso a sexualidade seja rejeitada pela família ou meio onde se inserem.

Vive. Sê livre.

O governo português desenvolveu uma campanha com o intuito de reduzir a taxa de suicídio. O ponto de partida deu-se no dia 10 de setembro de 2020 com a Campanha Nacional de Prevenção do Suicídio. Em que sentido é que estas campanhas são benéficas para atuar neste âmbito? A campanha foi realizada em regime online e pretendeu sensibilizar os cidadãos para

Que sinais podemos atentar nestas situações? Podemos enumerar diversas situações de que alguma coisa não está bem. Sinais esses como: a solidão, os avisos, o humor, a mudança da rotina, ... Um caso prático é o início de um estado extremo de sofrimento. O sofrimento pode estar inerente ao suicídio pois a colocação de um fim à vida é vista como a única forma de acabar com esse sentimento.

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A par disto, temos de considerar os perigos a que a pessoa está exposta a pôr fim à sua vida, como é o caso do acesso a qualquer tipo de armas, associação a uma doença ou lutas psicológicas, situações de guerra no local onde se encontram, a situação financeira, entre outras. Estes são então alguns dos fatores de risco. Uma vez que há risco, há também os fatores de proteção que previnem esse mesmo risco, como as conexões sociais, a estabilidade profissional, a restrição a armas, a espiritualidade, etc. Todas as situações que enunciei podem ser bastantes esclarecedoras quando falamos de casos desta categoria.

O mundo precisa de ti Já falámos deste tema de uma forma informativa, matemática, gostaríamos de ter um panorama científico. Há alguma explicação científica que justifique os pensamentos suicidas? Não. Não há uma explicação para o suicídio. O que pode haver são fatores de risco que podem contribuir ou potenciar para esse mesmo ato. Somos seres biopsicossociais, temos uma parte biológica, psicológica e social que nos define. Não somos só herança genética que trazemos dos pais e avós, não somos só a experiência de vida que temos nem só os nossos pensamentos, emoções e sentimentos. Somos um conjunto muito complexo destas três áreas de entre muitas outras. A doença mental pode efetivamente potenciar os comportamentos suicidários e assume um fator de risco importante, como já anteriormente mencionado. Embora isto não implique ter de sofrer de uma perturbação mental para cometer comportamentos desta natureza. Não podemos apontar uma única razão pois o leque de fatores é extenso. O que sabemos hoje em dia, fruto de investigações científicas, é que a doença mental potencia, mas não é uma condição necessária.

Todos pela vida! Qual é a reação ao receber a notícia de que um paciente se suicidou? Haverá algum sentimento de incapacidade? Culpa? Frustração? Sim, acontece claro. A morte faz parte da vida, é um fenómeno natural logo temos de lidar com isso da forma mais saudável possível. Claro que há sentimentos de culpa, tristeza, fazem parte e é bom que façam porque é um processo e vai ter de ser vivido como um processo de luto. Quando fazemos tudo o que está ao nosso alcance e se perdem vidas, faz parte desta área, mas não deixa de ser difícil. Os profissionais que lidam com a vida e com a morte vivem no constante inesperado, há processos bastante dolorosos e os mesmos podem ficar desgastados porque também têm as suas vivências, frustrações e a profissão obriga a lidar com questões como a morte.

O teu tempo é agora. Recomeça! Contactos úteis: Serviço de aconselhamento psicológico da linha SNS24 808 24 24 24 Apoio a sobreviventes: www.associacaosobreviver.org | www.fb.com/depoisdosuicidio Linhas de apoio e prevenção do suicídio (todas garantem o anonimato):

SOS Voz Amiga Lisboa, das 16h às 24h 213 544 545 | 912 802 669 | 963 524 660

A tua vida é precisa!

Linha Verde gratuita, entre as 21h e as 24h 800 209 899

Quando uma pessoa se apresenta nos serviços de ajuda, que género de acompanhamento lhes é dado? Apenas posso comentar os processos e etapas programadas no serviço privado, mas inicialmente é feita suma avaliação que direcionará a pessoa para o método que melhor se adequa. O acompanhamento é feito vinte e quatro horas sobre sete dias da semana por profisionais especializados que ajudam a uma rotina tranquila e ativa. Desta forma, cada paciente vive na clínica passando a fazer todas as ações auxiliado e vigiado. Há dias de visita médica, há dias de lazer para a distração dos mesmos. Portanto, de modo geral, é como uma nova vida.

Conversa Amiga Inatel, das 15h às 22h 808 237 327 | 210 027 159

Vozes amigas de Esperança de Portugal, das 16h às 22h 222 030 707

Telefone da amizade Porto, das 16h às 23h 228 323 535

Voz de apoio Porto, das 21h às 24h 225 506 070

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Joana Coelho

Carolina

Um pouco de histór

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Coelho

Francisca Pereira

ria do Afeganistão

A 15 de agosto, após somente dez dias de uma ofensiva pelo território afegão, os talibã conquistaram Cabul pela segunda vez na história, instalando-se triunfalmente no palácio presidencial, de onde havia desertado umas horas mais cedo o presidente Ashraf Ghani. No dia seguinte, milhares de afegãos tentaram fugir desesperadamente do país a partir do aeroporto de Cabul. Enquanto o mundo inteiro assistia e se questionava sobre as razões da rápida vitória do grupo terrorista, um retorno, mesmo que fosse sintético, à história recente e mais antiga do Afeganistão impunha-se, particularmente depois da partida dos soldados americanos do seu solo, a 30 de agosto. Uma evolução histórica na qual se viu esta nação aproximar-se sucessivamente da URSS, ser invadida por esta, afundar na guerra civil, ser dominada pela primeira vez pelo grupo islamita, e depois sofrer, durante vinte anos, a intervenção americana. Durante a Guerra Fria, a ajuda estrangeira maciça levou ao surgimento em Cabul de um estrato social privilegiado e isolado da realidade das províncias, aliciado com a entrada no mundo moderno. Na década de 1960, soviéticos e americanos competiram através de financiamento para atrair o Afeganistão nas suas áreas de influência. Neste “jogo”, os soviéticos venceram numa primeira fase, como o golpe de estado de 1978 o demonstra. Enfrentam movimentos de resistência cujos líderes se haviam estabelecido no país vizinho, como o Paquistão que, na tentativa de enfraquecer a URSS, prestou considerável assistência a esses partidos, juntamente com o apoio dos Estados Unidos, China, Arábia Saudita, entre outros. Toda a ajuda americana foi canalizada por meio de generais paquistaneses e dos seus serviços secretos. Apesar das advertências dos ocidentais familiarizados com o terreno, foram os partidos extremistas e os mais antiamericanos que tiveram maior investimento.

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Em 1989, as tropas soviéticas retiraram-se, todavia, a guerra civil continuou. No caos que se seguiu, o grupo dos radicais islâmicos intitulados de talibã apareceu, prometendo combater a corrupção e melhorar a segurança dos afegãos, muitos dos quais são afetados pela guerra civil destrutiva. Em 2001, após os ataques terroristas de 11 de setembro, organizados a partir do Afeganistão por Osama bin Laden (chefe do grupo terrorista Al-Qaeda), levou a uma reação dos Estados Unidos, com o apoio da NATO que invoca o artigo 5º pela primeira vez, e adotou uma abordagem mais ampla relativamente à segurança.

Os talibã, que governavam então o Afeganistão, protegeram o responsável pelos atentados, e recusaram-se a entregá-lo. Nos dois meses que se seguiram, os Estados Unidos e os seus aliados lançaram ataques aéreos de retaliação contra o Afeganistão para derrotar os dois grupos. Fizeram assim com que o regime talibã entrasse em colapso, levando os seus combatentes a se refugiarem nas suas bases do Paquistão, sem que desaparecessem e ao mesmo tempo aumentaram a sua influência. Os Estados Unidos – e a comunidade internacional, sob a égide das Nações Unidas – decidiram levar a cabo a reconstrução do Estado afegão, praticando “Nation building”, ao mesmo tempo que se defendiam dele. Uma constituição com um posto de chefe executivo foi criada, na qual os deputados não detinham grande poder, exceto o de acumular dinheiro o mais rápido possível. Uma disposição deste documento exigia os seus consentimentos para a nomeação dos ministros, que se refletia numa exigente corrupção. Um fracasso em que nenhum dos serviços estaduais funcionava, e ministérios importantes permaneceram sem titulares por meses, por falta de compromisso. Os Estados Unidos financiavam assim, tanto os funcionários como os corruptos.

Desde o início desta guerra, nenhum ataque terrorista internacional bem-sucedido foi planeado no Afeganistão. Portanto, se nos referirmos apenas à extensão do contraterrorismo internacional, os militares ocidentais e a presença de segurança ali cumpriram o seu propósito. Argumentaram sempre com o discurso que não teriam entrado no país para criar uma nação nem uma democracia unificada e centralizada, mas sim o de lutar unicamente contra o terrorismo, de forma a prevenir um possível ataque norte-americano. Saem ainda com o orgulho no peito de que deram todas as ferramentas que conseguiram para manter o país vivo e garantir um futuro àquele povo. Os talibã, que se autodenominam de nacionalistas, querem recuperar o poder no seu próprio país, para governá-lo como quiserem. Nisso, são diferentes dos extremistas do Daesh, que preferem ser internacionalistas. Para os talibã, trata-se de liderar a nação afegã, já para o Daesh, significa exportar para todos os lugares um regime que eles chamam de “islâmico”. Por conseguinte, os dois movimentos são incompatíveis. Além disso, lutaram previamente pela conquista do território, e os talibã conseguiram manter a superioridade. Desde a sua tomada de poder, instauraram a sharia (lei islâmica). Agora, toda uma secção da sociedade de Cabul, que se beneficiou direta ou indiretamente, ficará sem trabalho. As mulheres, que conquistaram a liberdade nesta atmosfera ocidental, ver-se-ão constrangidas e discriminadas, como o eram há séculos. À volta da disputa pelo poder em terras afegãs, o problema inicial instala-se novamente e traz consequências que se têm agravado ao longo dos anos sobre o povo afegão. Toda esta situação faz com que o mundo se sinta revoltado e incapaz de ajudar os grupos prejudicados com o regime em que vivem.

Nesse quadro de desilusão e corrupção generalizada, os talibã rapidamente recuperaram força territorial, estabelecendo uma administração que, embora severa para o povo, era vista como preferível ao caos. Em fevereiro do ano passado, os Estados Unidos e o grupo islamita assinaram um “acordo de pacificação” em Doha, depois de mais de um ano de negociações. Sob o acordo, os Estados Unidos e os seus aliados da NATO concordaram então em retirar todas as suas tropas em troca da promessa dos talibã de não permitirem que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere nas áreas que controlam.

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Em fevereiro do ano passado, os Estados Unidos e o grupo islamita assinaram um “acordo de pacificação” em Doha, depois de mais de um ano de negociações. Sob o acordo, os Estados Unidos e os seus aliados da NATO concordaram então em retirar todas as suas tropas em troca da promessa dos talibã de não permitirem que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere nas áreas que controlam.

Desde o início desta guerra, nenhum ataque terrorista internacional bem-sucedido foi planeado no Afeganistão. Portanto, se nos referirmos apenas à extensão do contraterrorismo internacional, os militares ocidentais e a presença de segurança ali cumpriram o seu propósito. Argumentaram sempre com o discurso que não teriam entrado no país para criar uma nação nem uma democracia unificada e centralizada, mas sim o de lutar unicamente contra o terrorismo, de forma a prevenir um possível ataque norte-americano. Saem ainda com o orgulho no peito de que deram todas as ferramentas que conseguiram para manter o país vivo e garantir um futuro àquele povo. Os talibã, que se autodenominam de nacionalistas, querem recuperar o poder no seu próprio país, para governá-lo como quiserem. Nisso, são diferentes dos extremistas do Daesh, que preferem ser internacionalistas. Para os talibã, trata-se de liderar a nação afegã, já para o Daesh, significa exportar para todos os lugares um regime que eles chamam de “islâmico”. Por conseguinte, os dois movimentos são incompatíveis. Além disso, lutaram previamente pela conquista do território, e os talibã conseguiram manter a superioridade. Nesse quadro de desilusão e corrupção generalizada, os talibã rapidamente recuperaram força territorial, estabelecendo uma administração que, embora severa para o povo, era vista como preferível ao caos.

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O Apagão do Mais de 3.5 bilhões de pessoas no mundo inteiro utilizam o Facebook, o Instagram e o WhatsApp para comunicar entre amigos e família, partilhar mensagens políticas e expandir negócios através de publicidade. No dia 4 de outubro de 2021, as plataformas de Mark Zuckerberg permaneceram inativas cerca de seis horas, uma das maiores quedas do Facebook desde a sua existência, o que custou à companhia uma perda de seis mil milhões de dólares e prejudicou várias pessoas que utilizam a plataforma como meio para trabalhar. A queda nas ações fez com que o seu valor descesse para 121,6 mil milhões de dólares, posicionando-se abaixo do fundador da Microsoft, Bill Gates, no quinto lugar do índice Bloomberg Billionaires. A notícia foi dada pelo próprio Facebook através da rede social concorrente, o Twitter, que espalhou o relato, informando os utilizadores do que estava a acontecer. Nesse sentido, muitas empresas beneficiaram do apagão. Como a aplicação de mensagens Telegram, que registou um novo recorde de 70 milhões de novos utilizadores apenas num dia, dados esses confirmados pelo próprio CEO do Telegram, Pavel Durov. O acontecimento incentivou os utilizadores a procurar “alternativas”, não só o Telegram, mas também o Signal, o Twitter, o Snapchat e o TikTok. Toda este aparato foi visto pelos olhos dos meios de comunicação de toda a parte do mundo como uma situação muito negativa, visto que a própria empresa está a ser julgada e criticada pela toxicidade existente nas suas redes sociais, que tem afetado especialmente os mais jovens. Time foi uma das revistas que em 2010 colocou Mark Zuckerberg na sua capa, com o título de “Person of the Year”, pela criação de uma das maiores plataformas que veio a mudar o mundo. No entanto, na capa lançada este ano, é nos apresentado o mesmo protagonista com uma notificação à sua frente, que coloca a pergunta “Delete Facebook?” com duas opções de resposta: “Cancel” ou “Delete”, realçando assim uma evolução negativa do Facebook.

Lia Revés

Tomás Lopes

Frances Haugen acusou, no passado dia 5 de outubro, durante o Congresso norte-americano, a plataforma pelo conhecimento de todas as ações ocorridas, sem nunca terem a intenção de impedir, mas sim de encobrir internamente os dados, priorizando os lucros. Incluindo nas suas inculpações o ataque à democracia, a falta de autoestima e o desequilíbrio da saúde mental dos adolescentes. Em declarações públicas Mark Zuckerberg, fundador da companhia, e Adam Mosseri, executivo-chefe do Instagram, parecem relativizar o perigo da mesma para o bem-estar dos seus utilizadores. Após ter permanecido em silêncio durante as acusações, Zuckerberg veio em público defender-se a si e à sua empresa, através de uma publicação no Facebook, de uma carta enviada aos seus funcionários. Na mesma, Mark pede desculpas por toda a situação causada pelo apagão das redes sociais e contraria todas as denúncias de que o site prioriza o lucro em vez das informações e conteúdos sensíveis, e de que prejudica os mais jovens e enfraquece a democracia. Afirmou ainda que a companhia está a ser pintada por uma imagem falsa e que os resultados foram tirados do contexto ao serem vistos individualmente. Deste modo, o Facebook nega todas as acusações e garante que existe uma profunda preocupação com a segurança e bem-estar dos seus utilizadores.

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

Por fim, após as duras críticas, Mark Zuckerberg anunciou, durante a conferência “Connect”, que a empresa-mãe (Facebook) vai mudar de nome para Meta, mantendo na mesma as plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp. A ideia da criação de um metaverso é o grande objetivo da Meta. Esse conceito consiste em criar um ecossistema virtual colaborativo que integra as plataformas, os produtos e as ferramentas da empresa, de uma forma em que as pessoas consigam compartilhar o mesmo espaço com diferentes tecnologias. Realidade virtual, realidade aumentada e óculos inteligentes são alguns dos recursos utilizados para isso acontecer. O metaverso permitiria, no mesmo ambiente, inserir jogos, interações sociais e o ambiente de trabalho sem limites para uma tela 2D. E, nesses casos, a experiência seria imersiva, para que as pessoas pudessem participar na ação e não apenas visualizá-la. Para o desenvolvimento de hardware e software para a realidade virtual e para a realidade aumentada. Pretendendo investir 10 bilhões de dólares em 2021. Com isto, a empresa também tenciona afastar-se do conceito de rede social tóxica e regressar ao objetivo inicial que tinha quando foi criada, a possibilidade de conectar pessoas.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

O Recife de Coral e a Sua Extinção O recife de coral é um ecossistema extremamente importante, mas também frágil. É um dos primeiros a sentir as consequências do avanço do aquecimento global e, com ele, diversas espécies.

Cátia Coutinho

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Os recifes de corais asseguram um papel extremamente importante no ecossistema do nosso planeta. Conhecidos por serem as florestas amazónicas do mar, estes recifes protegem 25% dos peixes que habitam no oceano. É neles que uma alga importante para a fotossíntese se desenvolve, num ambiente seguro e protegido, recebendo em troca oxigénio e ajuda na eliminação de poluição. Os benefícios não se mantêm só dentro de água. O ser humano depende fortemente deste ecossistema aquático para comida, medicina e oportunidades de trabalho. É também uma força na economia mundial, estimando-se que gere por volta de 2 triliões de dólares americanos, sendo que 36 biliões pertencem ao forte turismo criado à volta deles. Apesar de continuarem a ser importantes para o funcionamento não só do planeta, mas também da economia, os recifes de corais sofrem cada vez mais com as ramificações do aquecimento global e com o abuso humano. A acidificação dos oceanos, causada pela poluição e pelo aquecimento global, o uso de pesticidas agressivos na agricultura e a pesca invasiva e intensa levam a que os níveis de stress dos corais aumentem, causando coral bleaching – em situações de stress extremo, o coral liberta as suas algas, o que leva a um aspeto esbranquiçado e transparente. O efeito de bleaching não é, por si só, uma sentença de morte já que com as condições certas os recifes de corais podem recuperar. Contudo, pode demorar anos até que isso aconteça. As causas para estes acontecimentos tornam-se cada vez mais evidentes: a acidificação do oceano leva a que os corais tenham imensa dificuldade a desenvolver o seu exosqueleto. Por exemplo, na Grande Barreira de Coral, localizada na Austrália, a calcificação dos recifes diminuiu 14.2% desde 1990, uma descida proeminente que não acontecia há 400 anos. Os profissionais apontam, cada vez mais, para a dificuldade em salvar este ecossistema, com o aumento rápido e progressivo das temperaturas do ar e dos oceanos. Asseguram que só a diminuição da poluição bombardeada para o mar iria ajudar ao desenvolvimento e recuperação deste mundo aquático. O controlo da pesca, como tentativa de erradicar os meios evasivos e agressivos utilizados, devido ao consumo de marisco e frutos do mar, é essencial para que as espécies de peixes não sejam ameaçadas e os corais consigam sobreviver. No entanto, os cientistas continuam à procura de novas formas de proteger os recifes de corais, havendo agora viveiros com várias espécies de corais que, mais tarde, são transportados para recifes que se encontram extremamente danificados. A luta para a recuperação dos corais e para o combate ao aquecimento global irá continuar e estender-se-á durante muitos mais anos. Contudo, através dos cientistas e profissionais das várias áreas afetadas por este problema, serão sempre levadas a cabo novas descobertas que visam o melhoramento da nossa situação ambiental e do futuro dos nossos oceanos.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

#CIÊNCIA

Telescópio James Webb: um avanço promissor para a Ciência A Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica (NASA) lançará o mais recente telescópio espacial, Telescópio James Webb, com data prevista para 18 de dezembro de 2021, na base de lançamento da Agência Espacial Europeia (ESA), na cidade de Kourou, localizada na Guiana Francesa.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

David Carvalho O mais recente telescópio espacial criado pela NASA, inicialmente proposto em 1996, tem data de lançamento confirmada pela agência no dia 18 de dezembro de 2021, após ter tido o seu lançamento adiado várias vezes. Surgirá, não só para complementar as funcionalidades do já existente, telescópio Hubble, como também para potenciar a exploração espacial através da radiação infravermelha, ao contrário do seu antecessor, cuja exploração se baseia em luz visível e ultravioleta.

Após o seu lançamento, existirá um período de 29 dias de implantações, que acontecerão nos 6 meses que o telescópio demorará a chegar ao seu destino, a aproximadamente 1,5 milhões de quilómetros do planeta terra. O telescópio teve o custo aproximado de 10 mil milhões de dólares americanos, e é esperado que a sua vida útil seja de 10 anos. Amy Lo, diretora adjunta de engenharia veicular disse, no famoso vídeo “29 days on the edge”, publicado no canal de Youtube “James Webb Space Telescope (JWST)”, dedicado aos avanços deste projeto, que os 29 dias após o lançamento serão para os envolvidos, o equivalente ao “super bowl” para os fãs de futebol americano, um momento de muita expetativa e apreensão.

O seu nome, James Webb, foi-lhe atribuído em homenagem ao ex-administrador da NASA, durante o período das missões Apollo, na década de 60, James Edwin Webb, que esteve na linha da frente relativamente aos progressos na exploração espacial norte americana da época.

Mike Menzel, líder de sistemas de engenharia da missão, frisou a importância de não poderem existir quaisquer falhas técnicas, pois devido à distância, a complexidade e custo de uma viagem com vista a reparar essas mesmas falhas seria inviável. É uma missão minuciosa onde o menor dos erros pode comprometer o seu objetivo final.

Através da radiação infravermelha, e por ser o maior telescópio alguma vez construído, será possível revelar novas informações a cerca de estrelas e exo planetas, que não eram possíveis de ser observados antes, por se encontrarem demasiado distantes do nosso planeta, bem como fornecer novos dados sobre fenómenos que ocorreram após o Big Bang, o que levará a uma maior compreensão da história cósmica, desde o nosso sistema solar às galáxias mais distantes.

Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), o Professor Gunther Hasinger, Diretor de Ciência da ESA, afirmou que “O Webb é um empreendimento sem precedentes na ciência espacial, que exige a maior engenhosidade nos domínios científico e técnico, numa parceria internacional muito forte” e adiantou que “A ciência inovadora possibilitada pelo Webb revolucionará a nossa compreensão do universo”. Apesar de todos os contratempos, a comunidade científica seguiu com o projeto em frente e tudo parece indicar a possibilidade de grandes descobertas no domínio da astronomia num futuro próximo.

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Elon Musk & SpaceX: Colonização de Marte

Gonçalo Sofrino

Elon Musk é uma das sensações do mundo tecnológico atual. Empreendedor no ramo da tecnologia, nasceu na África do Sul no dia 28 de junho de 1971. Aos 50 anos, é o atual CEO da empresa TESLA e da SPACEX, e pretende colonizar o planeta Marte através do lançamento de naves espaciais. Marte foi o planeta escolhido para a colonização, devido a ser um dos poucos planetas perto da Terra que é habitável. Devido à sua distância do Sol, Marte consegue ter uma temperatura relativamente amena e uma boa exposição solar. O planeta dispõe ainda das dimensões necessárias para possuir uma atmosfera. Pela constituição atmosférica ser maioritariamente composta por nitrogénio e árgon, é possível gerar vegetação em Marte e assim criar as condições para o desenvolvimento de vida. A gravidade é cerca de 38% da que temos na Terra, portanto seria possível levantarmos coisas mais pesadas do que às que estamos habituados.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Sequência de reabastecimento da nave espacial com destino a Marte, SPACEX

Devido à distância a que Marte se encontra do nosso planeta, e ao facto de ainda não existir nenhuma nave espacial com autonomia para efetuar o percurso, é necessário efetuar um reabastecimento. Este é feito enquanto a nave está na órbita da Terra e da seguinte forma: 1. A nave espacial é lançada e os propulsores regressam à Terra; 2. A nave entra na órbita terrestre; 3. Outra nave com um tanque suplementar é lançada para a órbita da Terra para que a nave espacial com destino a Marte seja reabastecida; 4. A nave que serviu como tanque suplementar regressa à Terra e a que agora se encontra reabastecida segue rumo a Marte; 5. A nave espacial chega a Marte e reabastece usando os recursos naturais de Marte (H2O e CO2); 6. A nave espacial regressa a casa. O empresário não tem somente o objetivo de colonizar Marte, mas sim de criar um conjunto de leis para o planeta, visto que as regras terráqueas não terão validade em Marte. Apesar deste ser um dos seus grandes sonhos, o bilionário afirma que esta é uma missão bastante difícil de se concretizar, e estima que custará cerca de 10 mil milhões de dólares americanos. O percurso até Marte é longo, e caso consigam chegar ao planeta vermelho, os novos habitantes irão precisar de locais com ar suficiente que os proteja da atmosfera nociva e da radiação mortal que atualmente perdura no planeta. No entanto, Musk já tem planeada uma resposta a este gigante problema. Intitulado de “terraformação”, o processo de inserir gases específicos na atmosfera de Marte tem como objetivo que esta se torne mais parecida com a da Terra. Seria uma tentativa de utilizar os mesmos gases que causaram no nosso planeta a crise climática que hoje vivemos, para que a atmosfera de Marte se tornasse mais grossa, quente e amigável para os humanos. O bilionário acrescentou também que este processo poderia ser iniciado através do lançamento de bombas nucleares no planeta. Assim sendo, Marte passaria a intitular-se de “autónomo” e “autossustentável”, seguindo leis que nada têm a ver com o nosso planeta azul. Recentemente, o esforço para a colonização por parte da SpaceX tem sido intensificado, sendo que está a ser construída uma nave no Texas. Musk está confiante e afirma que, provavelmente, até 2024 será lançada uma nave não-tripulada cheia de bens essenciais para dar início à colonização do planeta.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Elon Musk & Tecnologia Dos Teslas: O Problema Do Monóxido De Carbono

Beatriz Castilho

A empresa Tesla Motors foi fundada em 2003, por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, com o principal objetivo de produzir e comercializar automóveis elétricos. Lançaram o seu primeiro modelo em 2008, já com o envolvimento de Musk como um dos investidores: Tesla Roadster - um veículo desportivo premium com a autonomia inovadora de 350 km em apenas um carregamento e um corpo exterior composto por fibra de carbono, tornando-se um dos automóveis mais baratos feito com este material. A sua produção acabou em 2011,

após uma dezena de protótipos. Elon Musk, o empreendedor e filantropo de 50 anos, CEO da Tesla Motors anunciou, em 2016, ao mundo a inovadora tecnologia e economicamente acessível, com o Model 3. A sua missão sustentável e perspetiva ecológica mudou a visão universal dos automóveis a diesel e resolveu o enorme problema da poluição através do monóxido de carbono.

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Photo by Beat Jau on Unsplash

Elon Musk, o empreendedor e filantropo de 50 anos, CEO da Tesla Motors anunciou, em 2016, ao mundo a inovadora tecnologia e economicamente acessível, com o Model 3. A sua missão sustentável e perspetiva ecológica mudou a visão universal dos automóveis a diesel e resolveu o enorme problema da poluição através do monóxido de carbono.


Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

A empresa Tesla Motors foi fundada em 2003, por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, com o principal objetivo de produzir e comercializar automóveis elétricos. Lançaram o seu primeiro modelo em 2008, já com o envolvimento de Musk como um dos investidores: Tesla Roadster - um veículo desportivo premium com a autonomia inovadora de 350 km em apenas um carregamento e um corpo exterior composto por fibra de carbono, tornando-se um dos automóveis mais baratos feito com este material. A sua produção acabou em 2011, após uma dezena de protótipos. manter o veículo na sua faixa de rodagem a uma distância mínima do carro à sua frente, travando e acelerando adequadamente e evitando peões e outros obstáculos. A novidade, introduzida este ano, é a de um sistema Autopilot mais avançado que permite conduzir em piloto automático, fazer ultrapassagens, mudanças de faixa de rodagem, entrar e sair de autoestradas, estacionar e o chamado “chamamento”, por meio do qual o condutor pode comandar o carro ao estacionar sozinho ou no retorno até si. Em 2012, foi anunciado o Model S, um automóvel semelhante ao Roadster, mas com uma autonomia significativamente maior (426 km), sendo considerado, na altura, o veículo elétrico com a maior autonomia do mundo. O Model X, produzido pela primeira vez em 2015, foi o primeiro SUV (veículo utilitário desportivo) da Tesla. A 31 de março de 2016, o Modelo 3 foi anunciado. Um automóvel compacto elétrico de 5 lugares, com uma autonomia de 499 km, ultrapassando as tecnologias anteriores. O modo Autopilot é uma das funcionalidades mais importantes para a Tesla Motors, estando no mesmo nível de atenção e importância que a autonomia e potência dos automóveis. A versão standard desta tecnologia permite manter o veículo na sua faixa de rodagem a uma distância mínima do carro à sua frente, travando e acelerando adequadamente e evitando peões e outros obstáculos. A novidade, introduzida este ano, é a de um sistema Autopilot mais avançado que permite conduzir em piloto automático, fazer ultrapassagens, mudanças de faixa de rodagem, entrar e sair de autoestradas, estacionar e o

chamado “chamamento”, por meio do qual o condutor pode comandar o carro ao estacionar sozinho ou no retorno até si. No entanto, esta tecnologia é escrutinada pelo governo norte-americano. Musk, o grande defensor do Autopilot declarou que esta funcionalidade tornaria a condução mais segura. Durante anos, críticos discutiam a veracidade desta “segurança”, do seu nome ilusório e até que ponto é que esta funcionalidade encorajava uma condução menos atenta. Desde então, várias investigações começaram em torno deste tópico, uma das mais recentes desenvolvida pelo Instituto Forense da Holanda, onde descriptografaram dados relativos aos verdadeiros dados do veículo (velocidade, ângulo do volante, posição do acelerador, etc.) e outras informações sobre acidentes envolvendo o sistema Autopilot. Os valores de emissão de monóxido de carbono (CO2) nos automóveis mais comuns do mercado podem chegar até aos 85g/km (em veículos a gasóleo e híbridos de gasóleo) ou até aos 44 g/km (em veículos a gasolina, híbridos de gasolina e GPL), o que é uma enorme diferença para qualquer carro elétrico que (enquanto trabalha na sua autonomia) emite 0/km. Segundo o relatório da Tesla Motors, o “boom” dos seus automóveis e o uso de painéis solares fez com que, em 2020, fossem salvas 5 milhões de toneladas de CO2 de serem emitidas para a atmosfera. No início de 2021, com o Regulamento de Emissões Corporate Fuel Economy, os limites de emissões de monóxido de carbono (CO2) na Europa baixaram para 95g/km. Com isto e a pressão da Tesla Motors no mercado automóvel, a necessidade e procura de carros elétricos é cada vez maior. É aqui que os automóveis fabricados pela Tesla ultrapassam as expetativas: com uma autonomia imbatível e, consequentemente, com emissões nulas de CO2; com tecnologias inovadoras como a do Autopilot ou a rede de Superchargers europeia e, no geral, uma ótima relação qualidade/preço, estes automóveis mantêm-se como vencedores no mercado dos elétricos.

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Fotografia de Adriana Lorena Benavides Estrada em unsplash

Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Catarina Lopes

Filipe Silva

O Aquecimento Global e as suas Repercussões nos Calotes Polares: Ainda é notícia? Estudos feitos pela ONU comprovam um aumento de temperatura no planeta, de cerca de 1,5° Celcius nas próximas décadas, e investigações da National Geographic, apontam para um possível “desaparecimento” das montanhas dos Himalaias, em menos de um século.

O ecossistema gélido presente nos polos, respetivamente a Norte e Sul do planeta, é atualmente um habitat natural para uma variedade de seres vivos, como, por exemplo, os pinguins imperadores, os leões marinhos, os ursos polares e até mesmo os recifes oceânicos. No entanto, estes são vítimas da destruição do seu habitat natural e dos seus ecossistemas. O derretimento das calotas polares, provocou um visível decréscimo no habitat natural destas espécies, como também contribuiu para o “envenenamento” das suas águas. Isto devido à libertação de uma alga marinha que prolifera devido ao aquecimento do mar. Sendo rica em ácido domótico, acaba por comprometer as outras espécies, que coabitam nas regiões. O aquecimento global, o derretimento das calotas polares, são consequências resultantes de ações humanas, que provocam mudanças críticas, a longo prazo. Principalmente, quando são esses ecossistemas, e as calotas polares, os responsáveis pela regulação da temperatura mundial.

O termo aquecimento global não nos é estranho. Há anos que ouvimos falar, das suas causas e consequências, mas o que é ao certo? O aquecimento global diz respeito ao aumento das temperaturas no planeta, causadas maioritariamente, pelas emissões de gás de efeito de estufa, emitidos pelo homem ao longo das décadas. É um problema que tem vindo a crescer ao longo dos anos, e tem afetado cada vez mais os nossos ecossistemas. Este fenómeno tem posto os habitantes da terra em grande risco. O aquecimento global pode afetar a hidrosfera, nomeadamente o gelo e as regiões polares. Devido às altas temperaturas que temos vindo a enfrentar ao longo dos anos, muitas destas regiões têm vindo a derreter, nomeadamente o gelo nas montanhas, no oceano e em áreas de habitação, localizadas em regiões com neve, e/ou superfície congelada.

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Mundo Contemporâneo

Fotografia por NOAA em Unsplash

#CIÊNCIA

Segundo um relatório da WWF (World Wide Fund for Nature) sobre a fusão dos glaciares na Índia, China e Nepal, “67% dos glaciares dos Himalaias estão em recuo”. Este estudo, no entanto, foi realizado em 2005. Um outro artigo da National Geographic, titulado “Quando o Teto do Mundo Derrete”, de Freddie Wilkinson, publicado em Portugal em dezembro de 2019, afirma que se fizermos uma viagem de avião a estas montanhas, daqui a 80 anos, os glaciares colossais dos Himalaias terão desaparecido. Estas grandes mudanças climáticas, sobre os calotes, irão resultar num aumento dos níveis médios da água do mar, que por sua vez poderão afetar vários países que vivem nas áreas costeiras, como, por exemplo, as Maldivas, que se prevê estar totalmente inundada por volta de 2100. A destruição dos calotes à volta do mundo poderá pôr milhões de pessoas em risco de inundações e de falta de água potável. Com o derretimento dos calotes, uma outra realidade que se tornará comum, são as cheias e inundações. Os aumentos dos níveis médios da água do mar, não só destroem a casa de muitas espécies selvagens, como também poderão pôr a nossa vida e realidade em risco. Este aumento de temperatura e de níveis de água do mar fará com que haja mais nuvens, levando ao aumento das chuvas torrenciais, originando mais inundações. As mais recentes incluem as inundações na Índia (outubro 2021), onde ocorreram cerca de 85 vítimas mortais.

Atualmente, imagens emitidas pela NASA, indicam a dramática diferença nos calotes, desde 1958 até aos dias de hoje, onde se verifica uma diminuição superior a 50% do gelo do Ártico e Antártica. Mais do que nunca, os esforços das organizações ambientais apelam a ações ecologicamente “verdes” por todos, devido a danos no planeta, que poderão ser irreversíveis com o tempo. A esperança de um mundo melhor vem, não só pela segurança e preservação de outras espécies e biomas, mas também da evolução do ser humano, tornando-se imperativo, portanto, agir. Este problema que assombra estas e futuras gerações tem proporções imensas e difíceis de resolver, contudo relembramos que apesar deste legado, os jovens e outros mostraram ser mais do que capazes de lutar contra a subida da maré. Entregando um pouco mais de esperança ao planeta Terra. “A Mudança começa em nós” Mahatma Gandhi “Não existe plano B porque não existe planeta B” Ban Ki-Moon (ONU).

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

Ema Silvestre

O International Ocean Film Tour Regressou a Portugal O International Ocean Film Tour regressou a Portugal, em outubro, com várias sessões em vários pontos do país. O International Ocean Film Tour é um evento cinematográfico sobre os oceanos, que inclui quatro dos melhores filmes relacionados com os mesmos, abrangendo algumas conversas com pessoas envolvidas em ações e organizações sem fins lucrativos, que ajudam na proteção dos oceanos, contando também com um sorteio de prémios. O evento que teve início no dia 2 de Outubro deste ano, em Setúbal, continua a fazer sucesso e a encher salas de teatros e universidades por todo o país, até ao dia 18 de Novembro. Tem a duração de 3 horas, sendo que a sessão dura 120 minutos e inclui curtas-metragens sobre variados temas: “Chasing The Thunder”, um documentário gravado em alto-mar, onde duas das frotas do Sea Shepherd Persegue Thunder, uma embarcação a realizar pesca ilegal na Antártida; “Sonic Sea”, que tenta expor de que forma uma força invisível chamada poluição sonora pode ameaçar a vida marinha; “The Weekend Sailor” sobre a história de um grupo amador que decidiu embarcar na aventura das suas vidas, concorrendo na primeira volta ao mundo à vela em competição e, por fim, “Paradigm Lost” sobre a vida no mar e no surf de Kai Lenny. O Internacional Ocean Film Tour é cofinanciado pelo Compete 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e os bilhetes podem ser adquiridos através do website https://oceanfilmtour.pt/

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

Ana Cortinhas

Sofia Pereira

Faro candidata a Capital Europeia da Cultura Faro apresentou a sua candidatura a Capital Europeia da Cultura no passado mês de outubro, sujeitando-se, neste momento, aos critérios de avaliação em vigor, que passam pelo desenvolvimento de eventos e iniciativas dentro da cidade e pela sua promoção social.

A iniciativa da Cidade Europeia da Cultura surgiu em 1985, em Atenas, com a missão de contribuir para um maior conhecimento mútuo dos cidadãos e de reconhecer a diversidade e a herança das culturas europeias ao nível das tradições, história e idiomas. O título de Capital Europeia da Cultura concede à cidade várias vantagens, tais como o aumento de um turismo de qualidade, o reforço da sua vertente internacional e uma maior adesão dos habitantes às atividades culturais. Todos os anos são escolhidas duas cidades da União Europeia para o título. Portugal e a Letónia foram os países eleitos para 2027, sendo várias as cidades portuguesas em concurso. O prazo para a entrega formal de uma proposta termina em novembro de 2021, mas apenas em 2023 será conhecida a cidade vencedora, cujo prémio consiste numa verba de 25 milhões de euros. A cidade de Faro é uma forte candidata ao título. Tendo submetido a sua candidatura no passado mês de outubro, sujeita-se, agora, aos critérios de avaliação em vigor, que passam pelo desenvolvimento de eventos e iniciativas dentro da cidade e pela sua promoção social. Nesta medida, Faro tem-se destacado na organização dos mais diversos eventos.

Durante o mês de setembro, o projeto “Banca da Cultura” desafiou toda comunidade e agentes culturais da região à apresentação, em formato online ou presencial, de propostas e iniciativas que visem enriquecer a candidatura de Faro. As 73 propostas apresentadas são marcadas pelos mesmos objetivos, procurando enriquecer o nosso património e divulgar o seu valor. No mês de outubro, a divulgação da iniciativa teve lugar na Feira de Santa Iria, onde foi apresentada a campanha “Amarrafados Para Ganhar”, um dos projetos integrantes da candidatura de cidade Faro. Esta contou com a realização de desafios culturais, como o questionário “Que problemas podemos solucionar através da Cultura?”, com direito a brindes simbólicos, e ainda um live graffiti do novo logótipo, criado pelo artista João Correia. Em novembro, Faro conta com a demonstração de um projeto que junta o jogo Minecraft com o Movimento Modernista: “MI.MOMO.Faro”. Este é um projeto de educação patrimonial que tem como objetivo reproduzir edifícios emblemáticos da arquitetura moderna de Faro, considerada a cidade modernista do Sul da Europa, utilizando a plataforma Minecraft. Para além de dinamizar a aprendizagem, o projeto promove e estimula a criatividade, contribuindo para a valorização do concelho e do seu património. É de destacar, também, o projeto Mar Motto. Organizado pela SCIAENA, uma organização com fins ambientais,

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

o projeto junta a comunidade local e artistas plásticos através de uma ação de reflexão sobre o mar e as suas múltiplas dimensões. Algumas das manifestações artísticas realizadas no âmbito deste projeto encontram-se pelo concelho de Faro, como é o caso da obra “O despertar da ilha”, cuja realização incluiu o uso de graffitis e cortiça. Esta obra, da autoria de David Mota (mais conhecido pelo nome artístico Curtiço), encontra-se na Ilha da Culatra. Portugal não é estranho ao título, uma vez que já três cidades portuguesas o conquistaram: Lisboa, em 1994; Porto, em 2001; e Guimarães, em 2012. Esperamos, agora, conhecer a cidade sucessora deste título do ano de 2027.

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

Laura Candeias

Estatuto dos Profissionais da Cultura deixa trabalhadores do setor indignados Os profissionais do setor da cultura mostraram-se preocupados e indignados com a aprovação do Estatuto no dia 21 de outubro, em Conselho de Ministros, pois receiam o aumento da precariedade. Na rede social Twitter, o Primeiro-Ministro descreve o acontecimento como “um marco histórico”. O Estatuto dos Profissionais da Cultura é uma reivindicação dos trabalhadores de há, pelo menos, duas décadas. O Governo começou a analisar a possibilidade da sua produção em 2020, anunciando a criação de um grupo interministerial, que teria como finalidade a “análise, atualização e adaptação dos regimes legais dos contratos de trabalho dos profissionais de espetáculos, e respetivo regime de segurança social”. Realizou-se um período de consulta pública depois de aprovada uma versão preliminar, a 22 de abril. Em julho, a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, confirmou a “disponibilidade do Governo” para ouvir as associações do setor. No entanto, estas afirmam que tal nunca chegou a acontecer. Durante a última semana, a ministra anunciou que, ao abrigo do decreto-lei, após um mês de inatividade, os trabalhadores do setor cultural passam a ter direito a um subsídio idêntico ao de desemprego, que estará compreendido entre os valores de 438,81 e 1097,03 euros. Dado que o acesso ao subsídio é apenas permitido a quem trabalha através de contrato de trabalho de muito curta duração, ou através de recibos verdes, os restantes trabalhadores culturais vêm-se fora do mesmo, e já fizeram questão de manifestar o seu descontentamento com tais medidas. Num comunicado conjunto, divulgado no dia 25 de outubro, a Associação Portuguesa de Realizadores (APR) e a Plateia, adiantam que a versão final do documento divulgado não resultou do prometido diálogo entre as entidades e o Governo. Afirmam ainda que, este não vem combater a precariedade, devido ao seu acesso extremamente limitado, manifestando assim o seu receio de que este venha apenas agravar a situação. Já a Convergência pela Cultura considerou que a aprovação “de um estatuto criado com base na adulteração, é uma demonstração do desrespeito pelos contributos dos agentes culturais, que já manifestaram a sua indignação pelo facto de este diploma se encontrar longe do modelo final”, acusando ainda a Ministra de “faltar à palavra relativamente à

Graça Fonseca, Ministra da Cultura

continuidade das reuniões”. O sindicato Cena/STE também emitiu um comunicado no dia 21, onde afirmou que, a aprovação do diploma “mais parece um estratagema para mascarar a irrelevância do peso orçamental proposto para o setor”. António Costa escreve que, “com este Estatuto combatemos a precariedade e informalidade. E garantimos maior segurança aos agentes culturais”. Este entende que, o Estatuto dos Profissionais da Cultura, vem reconhecer as especificidades e a irregularidade destes trabalhadores. Graça Fonseca define que este tem como objetivos fornecer uma maior proteção social alargada a eventualidades, combater a precariedade, através da criação de taxas contributivas, para desincentivar a celebração de contratos mais precários, e combater também os falsos recibos verdes, através do pagamento de uma taxa contributiva pelas entidades que celebrem contratos de prestação de serviços.

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Mundo Contemporâneo

Neemias Queta representa Portugal na NBA

#DESPORTO

Tomás Sousa

Contratado a 8 de agosto, Neemias juntou-se à equipa Sacramento Kings. Este contrato de 2 vias dá-lhe hipótese de jogar, tanto na NBA como na G-League, a liga de desenvolvimento. Na liga de desenvolvimento, Neemias joga pelos Stockton Kings. A 30 de junho de 2021, Neemias foi o escolhido pela equipa Sacramento Kings, e passou a utilizar o número 88 pois, o número 8 era o utilizado no Barreirense. A 14 de agosto, sob o nome dos Sacramento Kings, venceu o NBA Summer League, um torneio de verão, última vez vencido pela equipa em 2014. Ainda que Neemias não tenha jogado no primeiro encontro dos Sacramento Kings, frente aos Utah Jazz, espera-se um elevado desempenho por parte do jogador português. Aguarda-se a tão esperada data, 14 de novembro 2021, em que Neemias terá a sua oportunidade de mostrar o que vale, no confronto dos Sacramento Kings, com os Agua Caliente Clippers, para a Liga de Desenvolvimento, a G-League. Neemias Esdras Barbosa Queta nasceu em Lisboa, a 13 de julho de 1999, e pratica basquetebol desde os 10 anos. Cresceu no Vale da Amoreira e, iniciou-se ao serviço do FC Barreirense, em que jogou até à temporada 2016/17. Na temporada seguinte, jogou no SL Benfica, no qual fez 29 jogos na equipa B, e 4 na equipa principal, que compete na Liga Portuguesa de Basquetebol. Embora não tenha jogado no confronto final, devido a uma lesão, Neemias foi um elemento indispensável para a conquista do título da 2ª divisão europeia de sub-20. No dia 31 de agosto de 2018 abandonou o Benfica com rumo aos Utah State, uma equipa universitária dos Estados Unidos da América. Atualmente, o jogador de 22 anos, mede 2.13 metros de altura, e conta com um peso de 109 kg. Devido à sua altura, este joga na posição de poste. Ainda que Neemias não tenha um grande reportório na NBA, devido à sua recente chegada, já faz parte dos elementos presentes no videojogo, NBA 2K22, no qual tem um overall de 69 pontos. Também foi prestigiado, a 10 de abril 2021, com o título de atleta do ano, na premiação anual, Robins Awards. Para além disso, foi eleito, a 8 de março de 2021, como o Jogador Nacional de Defesa do Ano, pelo BleacherReport.com. Devido à grandiosidade dos seus feitos, o jogador recebeu em sua homenagem, um mural no Vale da Amoreira, região onde cresceu, pintado por um artista local, Pedro Pinhal. Este mural conta com uma altura de 22 metros. Neemias Queta torna-se assim, o primeiro atleta português, a jogar na 1ª liga americana de basquetebol. - 45 -


Mundo Contemporâneo #DESPORTO

André Medeiros

Final da World Surf League A final da World Surf League (WSL) é uma novidade do circuito mundial no ano de 2021, destinada apenas aos melhores surfistas. É uma espécie de superfinal exclusivamente para os cinco primeiros atletas do ranking de melhores surfistas, tanto da categoria masculina (Gabriel Medina, Filipe Toledo, Italo Ferreira, Conner Coffin, Morgan Cibilic), como da categoria feminina (Carissa Moore, Tatiana Weston-Webb, Sally Fitzgibbons, Johanne Defay, Stephanie Gilmore). Este torneio ocorreu de 9 a 17 de setembro numa zona destinada à prática de surf, denominada de Lower Trestles. Esta zona está situada na praia estadual San Onofre no Condado de San Diego, Califórnia, Estados Unidos. Depois do dia histórico da inauguração da final, a atleta feminina Carissa Moore e o atleta masculino Gabriel Medina foram classificados com o primeiro lugar das respetivas categorias deste ano, para encerrar as temporadas dominantes para os surfistas classificados com o primeiro lugar. Para a surfista Carissa Moore, esta conquista marca o seu quinto título mundial e uma defesa bem-sucedida do seu título conquistado em 2019, sendo assim a primeira vez durante a sua carreira que ela ganha campeonatos consecutivos. Este acontecimento também encerra o que pode ser uma Carissa Moore - Fotografia de - WSL / THIAGO DIZ das temporadas com maior sucesso na história do surf profissional, onde também conquistou a sua primeira medalha olímpica na modalidade. O feito é ainda mais marcante para Moore porque foi colocada num patamar onde competem os atletas de topo. Tornou-se assim a terceira mulher na história do surf a ter ganho cinco títulos mundiais (apenas as australianas Layne Beachley e Stephanie Gilmore têm sete títulos em seus nomes). - 46 -


Mundo Contemporâneo #DESPORTO

A conquista de Gabriel Medina é o seu terceiro título mundial e coloca-o numa posição bastante desafiadora e difícil face a outros grandes surfistas, como Tom Curren, Andy Irons e Mick Fanning, todos eles detentores de três títulos mundiais. Os únicos surfistas também neste “clube” são Mark Richards com quatro títulos e Kelly Slater que possui o recorde de surfista com mais títulos, os quais já totalizam mais de uma dezena.

Disputa pelo título Masculino Gabriel Medina VS Filipe Toledo Tendo sido o campeonato deste ano a primeira derrota para Medina, enquanto este se dirigia para a disputa do título, o “goofyfoot” (colocar o pé direito à frente na prancha e o esquerdo a trás) brasileiro continuou a enfrentar o rival Filipe Toledo, em Lower Trestles. Na primeira corrida contra Toledo, Medina conseguiu os primeiros nove pontos do dia. Acabou por derrotar Toledo com uma diferença de 0,60 pontos e com uma classificação de 16,30. Na segunda corrida, Medina executou uma manobra que lançara na internet uns dias antes do campeonato em questão, com a qual os juízes lhe concederam uma pontuação de 9,03, por acertar assim uma manobra recente e arriscada durante uma competição, colocando-o assim numa posição bastante confortável. A meio da disputa, a prova foi forçada a parar devido ao avistamento de um suposto grande tubarão-branco. Apesar deste inconveniente, Medina conseguiu responder à prova de Toledo, tendo este feito corridas de 8 pontos, fazendo assim com que Medina reivindicasse o seu terceiro título. No final da prova, o atleta brasileiro exclamou: “é tão bom sonhar. Cada sonho parece impossível até que seja realizado… Eu tinha esse sonho na minha mente há muito tempo”. “Não há outro caminho pelo qual tu possas ir trabalhando duro e tendo paciência (…) tive de surfar muito para ganhar este título”, concluiu Medina. Disputa pelo título Feminino Carissa Moore VS Tatiana Weston-Webb Depois de uma vitória de aquecimento contra Sally Fitzgibbons na partida anterior, Weston-Webb estava com um ritmo perfeito e com grandes ondas vindas do lado Sudoeste. A atleta surfava a onda com “hooks” (ganchos) bastante críticos. Parecia uma repetição da sua vitória anterior, a prova “Boost Mobile Margaret River Pro”. Superou Carissa Moore por mais de um ponto com uma classificação de 15,20. Depois de uma pausa para realizar a primeira prova masculina, Weston-Webb fechou a sua última onda da segunda corrida com uma pontuação de 8,33. A terceira corrida já foi mais equilibrada, com uma duração de 35 minutos. Weston-Webb executou manobras arriscadas e difíceis numa onda, mas teve o azar de se separar da sua prancha durante um movimento crítico no final, o que poderia ter sido uma onda de decisão pelo título mundial. Foi premiada com uma classificação de 6,17, surgindo a janela de oportunidade que Moore estava à procura, aproveitou-a e conquistou assim o seu quinto título mundial em Lower Trestles.

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Mundo Contemporâneo #DESPORTO

Após

Guilherme

EM 2018 CONQUISTOU A EUROPA E EM 2021 CONQUISTA O MUNDO Foi na Žalgiris Arena (Lituânia) pelas 20h locais que a seleção portuguesa venceu o duelo contra a seleção da Argentina por 2-1. Num jogo difícil para a seleção portuguesa, mas que consolidou um projeto ambicioso e de longo prazo por parte do selecionador Jorge Braz. Em 2018, Portugal sagrou-se campeão europeu da modalidade de Futsal, na Rússia, após vencer o duelo ibérico contra a seleção da Espanha, por 3-2 no prolongamento. Dessa conquista, surgiu a necessidade de que palcos mais altos fossem alcançados por parte da formação lusitana. Assim, com este 1º título continental, estava aberto o caminho para que se fizesse a história do dia 3 de outubro. Após uma qualificação atribulada até à grande final do Campeonato do Mundo de Futsal, Portugal após eliminar a Espanha e o Cazaquistão, encontra a seleção da Argentina, campeã em título e que vinha com a intenção de revalidar o seu estatuto de vencedor. O que não se esperava era a solidez defensiva e a sorte da seleção Portuguesa.

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O EFEITO PANY VARELA Pany Varela e Ricardinho fo portugueses nesta edição d conquistaram três prémios i Bota de Prata (2º melhor mar Bola de Prata (2º melhor joga Ricardinho foi premiado com melhor jogador da prova. O efeito Pany começou aos 1 po quando marcou o prime portuguesa diante da Argent gundo tempo, Portugal marc do 28 minutos de jogo e dois Esta vantagem, que parecia golo do jogador argentino golo de Pany Varela. Assim para Portugal, mas com a imi surgir a qualquer altura do jo


Mundo Contemporâneo

s conquistar o Europeu, Portugal conquista o Mundial de Futsal #DESPORTO

Gonçalves

oram de longe os destaques do Mundial de Futsal. Juntos individuais, sendo estes, uma rcador da competição) e uma ador do torneio) para Pany. Já m a Bola de Ouro, que elege o

15 minutos do primeiro temeiro dos dois golos da vitória tina. Aos oito minutos do secou o segundo, contabilizans golos para Portugal. a confortável, acabou com o Claudino, pouco depois do ficaram favoráveis as contas inência de um empate poder ogo.

O DRAMA DOS 12 MINUTOS FINAIS Nos 12 minutos finais, para além da seleção portuguesa, venceu a solidez defensiva e a sorte do povo lusitano. Que a jogar com a pressão de já ter provocado cinco faltas, estava a uma infração para que a Argentina pudesse ter um livre direto de 10 metros da baliza. Com este receio, Portugal fecha-se numa formação bastante conhecida que se trata de efetuar um losango para que se evitassem os passes com o intuito de trocar rapidamente de flancos, causando assim desconforto à defesa. Assim, com o drama e o receio do empate instaurado na formação lusitana, o tempo foi passando e surgiram diversas oportunidades de golo de ambas as partes, com a seleção sul americana a superiorizar-se ofensivamente. Valeu aos lusitanos a excelente exibição de Bébé, guardião português que depois do golo da Argentina, manteve a baliza segura. Deu assim, em conjunto com o resto da equipa, o primeiro título de cariz mundial para a modalidade em Portugal.

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Mundo Contemporâneo fotografia de Hanson Lu em Unsplash

#DESPORTO

Tomás Martins

Tudo por decidir na Fórmula 1

O vencedor do campeonato do mundo de Fórmula 1 continua longe de estar definido. Após a vitória Lewis Hamilton (Mercedes Amg-Petronas) no Grande Prémio da Rússia e de 15 corridas disputadas, a liderança do campeonato está separada por apenas 2 pontos, entre o britânico e o atual líder, Max Verstappen (Red Bull Racing Honda).

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Mundo Contemporâneo #DESPORTO

A Fórmula 1 é considerada por grande parte dos adeptos de desportos motorizados, a competição rainha do automobilismo e é também a mais popular em todo o mundo. Nos últimos 2/3 anos tem aumentado a sua popularidade muito graças à Netflix e na produção conjunta de “Drive to survive”. O campeonato mundial deste desporto é disputado por 20 pilotos pertencentes a 10 equipas, pertencendo 2 pilotos a cada equipa. A FIA (Federation Internacionale de l’Automobile) é a entidade organizadora e reguladora das corridas e do campeonato. Se na maioria dos desportos todos competem para ganhar, na Fórmula 1 as equipas têm diferentes objetivos. Isto acontece devido à diferença de orçamentos que existe entre as equipas. Por exemplo, a Mercedes, que é uma marca multinacional e tem milhares de trabalhadores apenas vocacionados para a Fórmula 1, tem como objetivo ganhar, já a Haas, uma empresa familiar com muito poucos anos no desporto, luta apenas para não ficar em último lugar. Existem dois campeonatos em disputa: o dos pilotos e o das equipas, onde se somam os pontos dos dois pilotos de cada equipa. A presente época é composta por 22 corridas em todo o mundo, sendo que a primeira foi em março e a última será em dezembro. Um dos factos mais interessantes na Fórmula 1 é que, enquanto nos outros desportos os companheiros de equipa trabalham para o melhor resultado da equipa, aqui o teu companheiro de equipa é o teu pior inimigo. Como é que isto se explica? A competitividade é tão alta que o facto de serem da mesma equipa e terem o mesmo carro aumenta ainda mais a competitividade entre os dois pilotos para verem qual dos dois é o melhor piloto. Claro que existe uma classificação por equipas, na qual os diretores das equipas têm total interesse, até pelos prémios monetários atribuídos no fim da época, contudo, dentro da pista, cada piloto quer ficar à frente do seu companheiro de equipa.

Como já foi referido, as equipas têm objetivos diferentes e a equipa com maior orçamento tem tendência para produzir o melhor carro, que aliado a um bom piloto, é um forte candidato a ser campeão do mundo. Sendo a última década totalmente dominada pela Mercedes, parece que se confirma a máxima de que quem tem maior orçamento tem maior possibilidade de vencer. Esta marca também está também associada àquele que já é o melhor piloto de sempre da história da Fórmula 1, Lewis Hamilton, vencedor de vários campeonatos mundiais e de vários outros prémios. A Mercedes venceu os últimos setecampeonatos tanto individualmente como por equipas, o que mostra a hegemonia desta equipa e dos seus intervenientes nos últimos anos.

Apenas em 2021 a história foi diferente e essa hegemonia parece estar a querer ser quebrada pelo jovem piloto holandês de 24 anos, Max Verstappen. Há alguns anos que os seguidores mais assíduos de Fórmula 1 falam de Max como um futuro campeão do mundo, mas mesmo após algumas vitórias em grandes prémios, o jovem piloto não se tinha conseguido afirmar e mostrar a consistência necessária para disputar o título. Foi este ano que o piloto da Red Bull, equipa na qual ingressou em 2015, apenas com 18 anos, assumiu que se queria tornar no mais jovem campeão do mundo de Fórmula 1 de sempre. Tem se mostrado uma época bastante renhida entre Verstappen e Hamilton, alternando a liderança do vencedor, até mesmo entre as equipas. Os fãs do desporto rei do automobilismo chegam ao delírio, corrida após corrida, com a disputa tão intensa entre os dois pilotos de equipas diferentes, o que já não se via há uns bons anos. Na décima quinta jornada, no Grande Prémio da Rússia, em Sochi, o vencedor foi Lewis Hamilton. Já Max Verstappen fechou na segunda posição com um desempenho fantástico, após partir na vigésima posição, a última da grelha, devido uma penalização em consequência do uso de uma nova unidade de potência. Com duas corridas bastante distintas (uma em controlo para conseguir a vitória por parte de Hamilton, e outra em recuperação por parte de Verstappen), os dois pilotos voltaram a ocupar os dois primeiros lugares da classificação em grandes prémios, o que aconteceu pela sétima vez esta temporada. A luta pelo título está ao rubro e com 15 corridas disputadas, 2 pontos separam Lewis de Max, com este último a liderar e já com 7 vitórias em grandes prémios, também mais duas que o piloto britânico. À décima quinta ronda, a margem entre primeiro e segundo não é tão curta desde 2006, quando Fernando Alonso liderava sobre Michael Schumacher, tendo o espanhol conseguido manter a vantagem até ao fim do campeonato. A especulação é enorme e os fãs estão ao rubro naquela que tem sido a época mais empolgante dos últimos tempos. Faltam 7 corridas para o final de temporada, pelo que aceitamos apostas para saber se o jovem holandês tem de facto “asas” para voar para o seu primeiro título e tornar-se o mais jovem campeão do mundo ou então se será o histórico britânico a acrescentar mais um parágrafo ao seu livro de recordes e a conquistar o oitavo título da sua carreira.

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Ciências da Comunicação 2021/2022 - 52 -


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