Revista Mundo Contemporâneo | 12ª Temporada | 2ª Edição

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MUNDO CONTEMPORÂNEO DEZEMBRO 2020 | 2ª EDIÇÃO

ECONOMIA Sobreviver a Pão e Água Subsídio de risco para profissionais de saúde

INTERNACIONAL Coronavírus ao redor do mundo A Vacina

sociedade Todd Sheldrick O Natal como todos o conhecemos


EDITORIAL __________________________________________________ Aproximamo-nos da quadra natalícia, portanto, no segundo número desta temporada, trazemos-vos algumas temáticas adequadas ao tempo que vivemos. Uma prenda que chega ao sapatinho dos portugueses e do mundo inteiro é a vacina da Covid-19, que irá ser analisada na secção internacional. Ainda dentro desta secção, complementa-se a temática com uma exposição de como se vive esta pandemia em vários pontos do globo. No âmbito económico, explanamos a situação nacional em relação ao novo subsídio de risco para profissionais de saúde e o Movimento Sobreviver a Pão e Água. As apostas desportivas têm vindo a ganhar mais terreno com a pandemia e outro fenómeno que tem tomado o país de assalto é o campeonato Moto GP, sendo estas temáticas analisadas na secção de Desporto. O assunto polémico das máscaras é abordado na secção de LifeStyle, na qual também podem encontrar um artigo sobre os pontos comuns e as diferenças entre o veganismo e o vegetarianismo. Ainda na temática da alimentação plant based, a secção de Cultura oferece alternativas vegetais às tradicionais receitas de Natal; nesta secção, faz-se uma reportagem sobre o impacto da pandemia COVID 19 na vida dos artistas. Na secção de Sociedade, com o foco ainda no mundo da música, traçamos um perfil de Todd Sheldrick e da sua longa carreira. Em 2021, Portugal terá de eleger um novo Presidente da República, e, por este motivo, na secção de Política apresentamos as sondagens presidenciais, e uma crónica sobre o atual Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. A pensar nos dias de descanso que se aproximam, sugerimos Parques e Reservas Naturais para uma eventual visita e, em contraste, consciencializamos para os grandes focos de poluição a nível mundial. Numa onda alternativa, expomos, na secção de Saúde, diferentes vertentes terapêuticas: Reiki, Cromoterapia e Homeopatia. Por fim, mais uma vez, deixamos uma nota de apreço pelo esforço de toda a equipa envolvida neste projeto, com especial agradecimento à Profª. Aurízia Anica por todo o apoio, paciência e dedicação.

FICHA TÉCNICA __________________________________________________ Diretor: Daniel Jacinto; Subdiretores: Beatriz Almeida e Mariana Rocha Design: Catarina Marreiros, Catarina Pinto, Inês Saleiro, Marta Beja da Costa e Raquel Rebelo Política: Ana Tavares, Andreia Góis, Beatriz Cabral, Miguel Poço e Soraia Lampreia Economia: Ana Margarida Gomes, Bárbara Reguengo, Catarina Cardoso, Inês Ferreira e Luís Coelho Internacional: Ana Dias, Ana Fernandes, Bruna Maia, Denise Almeida e Larissa Ribeiro Sociedade: Beatriz Morais, Joana Candeias, Mariana Bárbara e Tatiana Felício Saúde: Beatriz Roldão, Mário Barbosa, Marta Vicente, Rita Cardeira e Rute Guerreiro Desporto: Francisca Bettencourt, Marco Amaral, Rita Agostinho, Tales Lobo e Tomás Alves Cultura: Cátia Rodrigues, Jéssica Mestre, Laura Mendes, Margarida Freitas e Pedro Anico Ecologia: Claúdia Sucio, Jéssica Sofia, Joana Serafim, Francisca Pugsley e Mariana Guerreiro Lifestyle: Ana Inglês, Ana Moreno, Roberto Pereira, Tamires Siqueira e Teresa Alexandre Fotografia da capa: Canva MUNDO CONTEMPORÂNEO

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MUNDO CONTEMPORÂNEO _________CONTEÚDO __________________________________________________

I II III IV V VI VII VIII IX

POLÍTICA Marcelo - Uma ave rara Análise das sondagens Presidenciais 2021

ECONOMIA

Sobreviver a Pão e Água - A Queda do Setor Terciário Subsídio de risco para profissionais de saúde

INTERNACIONAL

Coronavírus ao redor do mundo A Vacina

SOCIEDADE

Todd Sheldrick O Natal como todos o conhecemos

SAÚDE

Medicinas Alternativas: Cromoterapia e Reiki Há 265 anos nascia o pai da Medicina Homeopática Um poder alternativo

DESPORTO

Apostas Desportivas em cescimento com a pandemia MotoGP consolida provas de velocidade no país

CULTURA

Um Natal com alternativa vegetal O Impacto da Covid-19 na vida dos artistas

ECOLOGIA

O agravamento na poluição - os casos da China e dos EUA Parques e Reservas naturais - Portugal

LIFESTYLE Vegetarianismo vs. Veganismo Uma nova realidade: as máscaras

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I

CRÓNICA

MARCELO UMA AVE RARA

FOTOGRAFIA: PÚBLICO

O grupo redatorial responsável pelo caderno de política escreveu uma crónica que perspectiva o Senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa por um nativo do Brasil, assim como a sua possível recandidatura ao lugar em Belém, com alguma analogia ao Brasil As eleições presidenciais de Portugal estão chegando.

Tem falhas? Claro, todos temos. Talvez um deles saiba

Pelo menos é o que se diz. Que sabemos nós, não é

enumerá-las e explicá-las com mais propriedade. Mas

mesmo? Eu sei muito pouco sobre esse ou aquele

eu não sou um deles, sou um dos meus, e ainda que

candidato. Sei muito pouco sobre a estrutura do sistema

todos sejamos parte do grande Nós que forma este país,

em si, mas sei com bastante certeza que os que são

temos as nossas diferenças. Se calhar, uma das maiores

iguais a mim também não sabem. Até os que são iguais

diferenças é que, de onde eu vim, não há nenhum

a eles, são poucos que sabem de qualquer coisa que

político

tenha relação com janeiro do ano que vem. O que tanto

Presidente, então, não preciso nem dizer nada. Não há e

nós quanto eles sabemos é que é muito fácil querer que

nunca houve. Se calhar, não há de haver. De onde eu

o ainda não-recandidatado Marcelo Rebelo de Sousa

vim há muitas coisas boas, e de fato, muitas das aves

continue na presidência. É um grande companheiro...

que aqui gorjeiam não o fazem como lá. Mas a grande

simpático, respeitoso, um grande amigo de todos os

questão, a importantíssima questão que o senhor

nossos que estão neste tão belo país. Ouso dizer que, por

Gonçalves Dias talvez se tenha esquecido de expressar,

vezes, este presidente fez mais para os de nós do que

é que as aves que são daqui não são como as de lá. O

para os deles. Será que sei mesmo sobre o que estou a

senhor Marcelo é, muito por conta do lugar de onde eu

falar? Se calhar não sei. Eles é que sabem. O que eu sei

vim, um raríssimo tipo de ave. Os deles e os meus

com certeza é que, vindo de onde eu venho e estando

formamos o Nós de Portugal, e eu só espero que os deles

onde eu estou, Marcelo Rebelo de Sousa é um grande

consigam de fato perceber, como nós percebemos, o

presidente e um grande político.

quão sortudos eles são por terem alguém como Marcelo

como

o

senhor

Marcelo,

nenhumzinho.

a cuidar da nação.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR BEATRIZ CABRAL E MIGUEL POÇO

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I

SÍNTESE

ANÁLISE DAS SONDAGENS PRESIDENCIAIS 2021 Apresentados os candidatos ao lugar da Presidência, tanto de direita como de esquerda, em que cada um deles defendeu e distinguiu as suas ideias, restam-lhes agora apenas dois meses para convenceram os portugueses que merecem o lugar em Belém.

Segundo o Jornal de Negócios, Marcelo Rebelo de Sousa encontrase na liderança da sondagem, com um diferencial de 45 pontos para as eleições presidenciais. O atual Presidente da República, e provável recandidato ao cargo, apresenta, numa primeira volta, 62,5% das intenções de voto na mais recente sondagem para as eleições de janeiro de 2021. Prevê-se a vitória do atual chefe de Estado, caso o mesmo se recandidate, na primeira volta das eleições presidenciais, segundo a sondagem realizada pela Aximage para a TSF - Rádio Notícias e Jornal de Notícias. Ana Gomes, principal opositora a Marcelo Rebelo de Sousa, encontra-se a uma distância de 45 pontos percentuais com 17,2% e, a quase dez pontos da ex-deputada socialista está André Ventura, líder do partido CHEGA!, que vem em terceiro nas sondagens, com 7,6% das intenções de voto. O estudo feito em meados do mês de outubro pela Intercampus para o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã, mostra também que Marcelo se encontra na frente e afasta, para já, o cenário de uma segunda volta que só seria possível se nenhum dos candidatos conseguisse mais de metade dos votos. No inquérito divulgado a 2 de novembro, Marisa Matias, eurodeputada pelo BE, recolhe 4,7% das preferências. João Ferreira, candidato da CDU surge empatado com Tiago Mayan Gonçalves da Iniciativa Liberal (1,6% e 1,5%, respetivamente). Tino de Rans encontra-se pela primeira vez a fechar a sondagem (0,3%). De referir ainda os “microcandidatos presidenciais” Bruno Fialho (pelo PDR) e Paulo Alves (pelo JPP), dos quais não se obtém resultados nestas mais recentes sondagens.

POR ANA TAVARES, ANDREIA GÓIS E SORAIA LAMPREIA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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SÍNTESE

SOBREVIVER A PÃO E ÁGUA No passado dia 9 de novembro, entrou em vigor um novo estado de emergência

nacional.

Com

diferentes

medidas

impostas,

nomeadamente o recolher obrigatório e a proibição de circulação entre concelhos, vários foram os estabelecimentos que se viram forçados a encerrar por tempo indeterminado.

“Sobreviver a Pão e Água” é o nome do movimento encabeçado por trabalhadores da restauração e comércio, contando com o apoio de figuras como José Gouveia, Manuel Salema e Ljubomir Stanisic, que apelam a que Marcelo Rebelo de Sousa “interceda urgentemente a favor do setor”. Numa nota entregue ao Presidente da República, consta o seguinte: “considerando a urgência de medidas que apoiem um setor que já há 9 meses que se encontra em agonia, e que, agora, com as novas restrições, entra numa fase ainda mais dramática, o movimento não tem outra opção se não a de prosseguir esta luta”. O pedido de audiência feito a 16 de novembro foi endereçado ao Presidente da República, ao Primeiro Ministro e também ao Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Dr. Pedro Siza Vieira. No entanto, dos três pedidos enviados apenas o dirigido ao gabinete da Presidência obteve resposta. Para o movimento “Sobreviver a Pão e Água”, mesmo sabendo que não cabe ao Presidente da República a responsabilidade de legislar, afirmam que é “uma das suas funções chamar a atenção da Assembleia da República para qualquer assunto que, no seu entender, reclame uma intervenção do parlamento”. Como forma de mostrar o descontentamento perante as novas medidas do novo Estado de Emergência, alguns membros deste movimento iniciaram uma greve de fome em frente à Assembleia da República, a qual já terminou.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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II

A QUEDA DO SETOR TERCIÁRIO Empresas de restauração e similares, empresas de alojamento turístico, o setor de restauração e hotelaria, que perdeu mais de 49 mil empregos (durante o terceiro trimestre de 2020), foram algumas das empresas mais revoltadas com estas novas medidas. As medidas de prevenção à covid-19 paralisaram essencialmente o setor terciário, tendo o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertado para que a pandemia irá desgastar todos os progressos feitos, desde 1990, a nível de combate à pobreza, assim como aumentará a desigualdade social. O FMI prevê ainda a queda da economia mundial em mais de 4,4% em 2020, com uma contração de 4,3% nos Estados Unidos da América, enquanto a China deverá crescer 1,9%, aproximando-se daquilo que é “o sonho chinês”. A queda prevista para Portugal pelo FMI ronda os 10% para 2020, no entanto, prevê também uma recuperação de 6,5% para o ano seguinte. Contudo, o Governo português prevê uma queda da economia nacional de 8,5% para este ano, com uma recuperação de 5,4% em 2021. Já a Comissão Europeia apresenta os valores 9,3% e 5,4% para a queda da economia portuguesa em 2020 e a recuperação em 2021, respetivamente.

Fotografia: Diário de Notícias

POR ANA MARGARIDA GOMES, BÁRBARA REGUENGO E INÊS BRAVO

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SÍNTESE

SUBSÍDIO DE RISCO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE Médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde da linha da frente da Covid-19 vão ter direito a subsídio de risco até 219 euros. O reforço do número de profissionais no Serviço Nacional de Saúde e o reforço monetário para todos aqueles que enfrentam a Covid-19 diariamente são duas propostas que o Governo implementou no Orçamento de Estado para o próximo ano de 2021. Num cenário de crescente risco para os profissionais de saúde, onde cerca de 6596 profissionais de saúde foram infetados pela Covid-19, sendo a maioria enfermeiros ou assistentes operacionais, muitos consideram necessária a execução destas medidas. O Governo atendeu a estes pedidos, investindo cerca de 200 milhões de euros para o reforço do SNS. A pandemia da SARS-CoV-2 implica que seja necessária a contratação de mais profissionais de saúde. No relatório para o Orçamento de Estado, é possível ver-se que está prevista a "contratação de 4200 novos profissionais de saúde". Porém, por mais importante que seja a contratação de novos profissionais para a área, é necessário protegê-los, não só da Covid-19, mas da falta de meios de sustentar as suas famílias.

Como

tal,

o

Governo

irá

Fotografia: Sábado

implementar uma medida que irá dar aos profissionais

de

saúde

um

subsídio

extraordinário no valor de 20% do salário base, indo até a um máximo de 219 euros. Esta

medida

muito

pedida

pelos

partidos de esquerda será aplicada já no próximo ano e esta remuneração adicional será

paga

existirem

mensalmente

períodos

de

enquanto

contingência,

emergência ou calamidade. Terão acesso a este serviço todos os profissionais de saúde que tenham contacto direto com equipas de tratamento de doentes com a Covid-19, incluindo profissionais do INEM. MUNDO CONTEMPORÂNEO

Fotografia: Renasçença

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II No entanto, a questão que suscita mais discussões é a questão do valor do subsídio e por quanto tempo é que o vão receber. Segundo a proposta do OE, o período em que o pagamento do subsídio estará em vigor será enquanto a situação da pandemia da Covid-19 persistir. Também estará em vigor em períodos de estado de alarme, nomeadamente estados de calamidade, emergência ou contingência. Relativamente ao valor, corresponde a 20% da remuneração base mensal de cada profissional, como já foi referido, sendo que poderá atingir os 219 euros. Porém, este valor será pago “bimestralmente”, ou seja, não estará incluído no salário mensal dos trabalhadores, chegando apenas às mãos dos trabalhadores de dois em dois meses. Consoante o caso do profissional, o valor do subsídio será calculado de forma proporcional. Em junho, aquando da aprovação do Orçamento Suplementar de 2020, o CDS-PP apresentou uma proposta que previa uma “renumeração extraordinária aos profissionais de saúde”. Nessa proposta, o partido em questão sublinhava que o valor desta renumeração corresponderia a um justo e simbólico reconhecimento pelo seu esforço, trabalho e abnegação nesta altura de combate à pandemia. A proposta foi a votação e acabou por ser chumbada pelo PS, sendo este o único a votar contra. Tanto o BE como PCP, CDA-PP, Chega e IL votaram a favor, já o PSD optou pela abstenção.

Fimagem: SaúdeOral.pt

2021 será, segundo dados da OMS, o Ano Internacional dos Trabalhadores da Saúde e Cuidadores, um gesto que serve como agradecimento e respeito pelos profissionais na área da saúde. Esta ação veio confirmar uma tendência a que se tem assistido desde o começo da pandemia da Covid-19: a consciencialização da importância da área da saúde. A criação do subsídio de risco, acompanhada pelo direito de gozar mais um dia de férias por cada 80 horas de “trabalho normal” e mais um dia de férias por cada 48 horas de trabalho suplementar, nos períodos de situação de calamidade pública, são a resposta que o Governo Português encontrou de responder a esta tendência a que se assiste internacionalmente. Este reforço ao Sistema Nacional de Saúde é, portanto, fundamental. Por mais grave que a situação com a SARS-CoV-2 esteja, não se pode baixar os braços; é necessário um investimento na Saúde, não só em equipamentos, como na contratação de novos profissionais, não esquecendo daqueles que já exerciam as suas funções, pois esses são uma peça fundamental. Apenas juntos poderemos vencer esta grande adversidade. POR CATARINA CARDOSO E LUÍS COELHO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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ANÁLISE E ENTREVISTA

CORONAVÍRUS AO REDOR DO MUNDO Países adaptam-se à nova realidade para conter a pandemia do vírus que já infetou mais de 55 milhões de pessoas e levou à morte de mais de 1 milhão Os primeiros casos do coronavírus surgiram no fim de dezembro de 2019 no mercado de frutos do mar de Wuhan, China. No início o que correspondia a pouco mais de 50 casos, alastrou-se pela China e alcançou países vizinhos da Ásia. Em fevereiro já causava maiores impactos na Europa e conseguiu contagiar o maior país da América Latina, o Brasil. Como consequência da taxa de transmissão do vírus de 2,75, em poucas semanas espalhou-se uma pandemia pela humanidade e governos de todo o lado procuram, até hoje, formas de conter a propagação. Atualmente o número de casos de coronavírus ao redor do mundo já ultrapassa a marca dos 55 600 000 e o de morte 1 300 000, nos quais os Estados Unidos, Índia e Brasil são os países com maior número de casos. Máscara, álcool em gel e distanciamento social passaram a ser o novo normal para aqueles que vivem em contacto com outras pessoas quotidianamente. Febre e dores no peito ao respirar são logo associados aos sintomas de Covid-19 e despertam preocupação em quem os tenha.

Em 21 de novembro de 2020, 11 752 298

Unido, anunciou que fez o pedido de

casos foram notificados e 288 444 mortes

avaliação da vacina ao regulador MHRA

foram notificadas na UE/EEE e no Reino

para o seu uso. Posto isto, o Reino Unido

Unido. Nos últimos dias, os hospitais de França têm estado cheios (cerca de 95% das suas capacidades

ocupadas)

num

estado

alarmante. A cada 30 segundos foram registadas hospitalizações e, a cada 3 minutos, foram registadas admissões a terapias intensivas. O presidente francês decretou um novo confinamento a nível nacional no dia 30 de outubro, o que obriga

o

fechamento

de

negócios

considerados não essenciais. Assim, os franceses só podem sair de casa para ir trabalhar quando não têm possibilidade de o fazer em casa, ir a consultas médicas ou fazer compras essenciais.

E U R O P A

encomendou 40 milhões de doses da vacina da Pfizer e está a contar com 10 milhões de doses até ao final de 2020. Tendo uma perspetiva positiva, o Reino Unido apresentou os países com quem vai abrir fronteiras. Portugal não está incluído na lista. Em suma, os casos diários aumentaram em muitos países europeus desde julho. Espanha, Itália e Reino Unido registaram mais de um milhão de casos e a França mais de dois milhões. Estes números, contudo, têm vindo a estabilizar ou até mesmo a diminuir nos últimos dias. O diretor da OMS na Europa, Hans Kluge,

No dia 20 de novembro de 2020, Matt

diz: «há luz no fim do túnel, mas serão

Hancock, ministro da Saúde do Reino

seis meses difíceis».

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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III

AMÉRICA DO NORTE Atualmente a segunda onda de transmissão do vírus Covid-19 ocorre em muitos países. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, a marca de 11 milhões de casos já foi ultrapassada desde o começo da pandemia, e agora bate o recorde de 65 368 americanos hospitalizados em 11 de novembro. Em média, mais de mil americanos morrem por dia com o vírus e o número total de óbitos aproxima-se de 250 mil. Embora Trump tenha descartado a ideia de adotar um lockdown no país, muitos Estados estão aplicando suas próprias medidas restritivas, pois o aumento rápido dos casos ameaça uma sobrecarga dos seus sistemas de saúde. Por outro lado, no estado da Flórida, pouca coisa mudou desde o início da pandemia. Segundo a brasileira Evelyn Costa de 37 anos, “no início da pandemia

teve

todo

um

movimento.

Imediatamente fecharam as escolas, restaurantes, parques, fecharam as fronteiras. Mas em relação à diferença das medidas tomadas no início da pandemia e agora, pouca coisa mudou, pelo menos aqui

na

Flórida.

Acredito

que

das

poucas

mudanças que tiveram aqui, as mais marcantes foram a volta às aulas e a reabertura dos parques temáticos, mas isso aconteceu há uns meses já. Até agora, nada mais mudou”. O Canadá também já se encontra na lista de países afetados pela segunda onda desde setembro e vem tomando medidas mais duras. Recentemente, o Primeiro-Ministro canadense, Justin Trudeau, fez questão de reconhecer o cansaço da população com a rotina imposta pela pandemia, mas também deixou claro a extrema necessidade de adoção de medidas mais rígidas para conter a propagação do vírus em todo o país. Esse controlo tem-se mostrado eficaz no país, que até ao início de novembro apresentava um total 230 mil casos e 10

Na Oceânia, diferentemente de muitos outros continentes do hemisfério sul, a transmissão da Covid-19 foi rapidamente controlada. Esse foi o caso da Nova Zelândia que, ao tomar medidas rígidas desde o início da pandemia, conseguiu em determinados momentos eliminar as transmissões do vírus no país, tendo por volta de 2 mil casos e 28 mortes causadas pelo vírus. A Austrália, por sua vez, registou em 1 de novembro a feliz marca de 24 horas sem novos casos de contágio local de Covid-19, após 112 dias de um rígido confinamento. Até ao presente momento, o país regista em torno de 27 mil casos e 907 mortes desde o início da pandemia. A pandemia atual não mudou só a vida dos locais, mas também a dos imigrantes do país. Esse foi o caso de Pedro Colacioppo, brasileiro de 23 anos que deixou o seu país de origem na esperança de melhorar o inglês e conseguir um emprego do outro lado do mundo, em Brisbane. A respeito das principais mudanças do quotidiano devido ao coronavírus, o jovem lamentou o desemprego repentino, “em um dia eu estava trabalhando em restaurante, no dia seguinte quando anunciaram o lockdown,

o

manager

dispensou

a

maioria,

começou aí, perda de emprego!”. Até o momento da entrevista, em novembro de 2020, não houve mais casos positivos em Queensland, porém o rapaz relembra sobre o começo da pandemia “todos usavam máscaras e os policiais paravam você na rua para questionar aonde estava indo e o motivo.” Além disso, a reabertura progressiva do país feita em três estágios alinhada ao fechamento de fronteiras e quarentena obrigatória foi um dos principais fatores para que houvesse tamanho êxito no combate ao aumento de casos positivos.

OCEÂNIA

mil mortes pela doença. MUNDO CONTEMPORÂNEO

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AMÉRICA LATINA Os países latino-americanos tiveram imensos problemas na contingência do vírus, fazendo com que a região fosse uma das mais atingidas e abrigasse metade das dez nações com mais atestados positivos. Até agosto de 2020, o número de casos em todos os Fotografia: sapo

4,9 milhões e o número de óbitos correspondeu a

ÁFRICA

pouco mais de 200 mil, sendo três quartos relativos

O continente conta com cerca de 42 869 vítimas fatais do novo coronavírus e cerca de 1 784 083 infetados. Na região os maiores propagadores do vírus são os europeus, e por isso, diversos países fecharam as suas fronteiras desde o começo e isolaram

pessoas

quarentena.

Em

provindas uma

da

entrevista,

Europa Maria

em Maia,

brasileira moradora em Angola, revelou que “No início o governo de Angola foi bem rígido com relação ao confinamento e distanciamento social. Hoje a população está usando máscara e o comércio oferece álcool em gel, mas sinto muita diferença do começo para agora. Não há tanta rigidez sobre o confinamento e distanciamento social. É possível observar muita aglomeração.” Apesar

disso,

o

povo

africano

teve

grande

grande parte da população não consegue seguir a rotina de confinamento devido ao trabalho informal, que não traz segurança nesse momento e resulta em grande exposição para aqueles que se apertam em transportes públicos. Outra adversidade é a Malária, que já matou cerca de 405 000 africanos em 2019, e possui sintomas parecidos com os do coronavírus, o que traz dificuldades ao diagnóstico. Outra questão muito importante, é a falta de equipamentos nas unidades de terapia intensiva e médicos nos sistemas de saúde africanos. Não existe estrutura de saúde em muitas regiões e cerca de 258 milhões de pessoas não têm acesso nem à MUNDO CONTEMPORÂNEO

ao Brasil e ao México. Segundo

o

Ministério

da

Saúde

brasileiro,

recentemente o Brasil atingiu os 5,9 milhões de infetados com mais de 166 mil mortes. Entre todos os estados, São Paulo é o mais afetado com mais de um milhão de casos testados positivos ao novo coronavírus. Em uma entrevista sobre como está a situação no território paulista, Maria Albuquerque, gerente comercial, de 52 anos, declarou que “o governo demorou demais, e ainda não está tomando as medidas necessárias (para conter o coronavírus)”.

Além

disso,

acredita

que

o

afrouxamento das medidas de contingência, como abertura de comércios e restaurantes, por exemplo, ocorreu muito antes do tempo necessário para o

dificuldade de enfrentar essa pandemia já que

água tratada.

países que compõem a América Latina ultrapassou

controlo efetivo da doença. O governo brasileiro sofreu grandes imprevistos no combate do vírus. Um dos principais problemas foi, sem dúvida, a troca de dois Ministros da Saúde em plena situação pandémica. Ademais, além do presidente Jair Bolsonaro amenizar a gravidade da doença, chamando-a de “gripezinha” e discursar contra as medidas de isolamento social, ainda defende a cloroquina e hidroxicloroquina como tratamento

da

Covid-19,

mesmo

sem

embasamentos científicos sólidos. Outro país que tem problemas para amenizar a situação é a Argentina. Com mais de 1 300 000 de casos, é o quarto país com mais óbitos por milhão de habitantes no mundo mesmo com a quarentena de mais de 230 dias. 11


III

ÁSIA Naquele que foi o berço deste vírus que abalou o mundo, ocorreram pelo menos 15 857 000 infeções e 279 000 mortes registadas, até à presente data de 23 de novembro de 2020, na Ásia e no Médio Oriente. A Índia destaca-se como sendo o 2.º país, a nível mundial, detentor do maior número de casos ativos de contaminação pelo novo coronavírus, com 9 140 312 (últimos dados registados a 22 de novembro de 2020). Com a aproximação do Inverno, os surtos esporádicos de Covid-19 começam a ocorrer com maior frequência e a China já começou a manifestá-los. Com 60 e 85 novos casos, a 22 e 23 de novembro respetivamente, confirmados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o país volta a ter a atenção dos media. De acordo com estudos feitos pela Reuters, 14 países asiáticos encontram-se perto do pico da sua curva de infeção, tendo em conta a evolução do vírus em relação ao número populacional. Entre estes podemos encontrar: Japão, Indonésia, Malásia – no pico –, Irão (99%) e Myanmar (98%). No final de outubro, o Paquistão anunciou oficialmente uma segunda vaga, com o aumento dos casos diários e das mortes. As autoridades paquistanesas impuseram novas restrições, tornando as máscaras obrigatórias e restringindo as reuniões públicas. Em conversa com uma jovem residente do Paquistão, Rene – a qual preferiu não identificar o seu último nome por motivos pessoais –, de 17 anos, considera que o país adotou medidas bastante restritas ao combate do vírus, mas que o governo é influenciado por aqueles que não acreditam muito na existência ou na severidade da Covid-19.

Fotografia: vecteezy

Fotografia: estadão

POR ANA DIAS, ANA FERNANDES, BRUNA MAIA, DENISE ALMEIDA E LARISSA RIBEIRO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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Fotografia: canva


III

SÍNTESE

A VACINA Vacina. Segundo a definição da palavra, disponível no dicionário Priberam online, esta é designada por «qualquer substância que, inoculada num indivíduo, lhe confere imunidade contra uma determinada doença». Esta palavra, em tempos tão frágeis que a sociedade, a nível global, está a enfrentar, é o suficiente para, de certa forma, trazer uma certa esperança para quem a ouve – a esperança de que as suas vidas voltem a ser o que eram. A verdade é que a anunciação de uma possível vacina capaz de combater a pandemia atual foi, e é, a notícia mais antecipada pela humanidade.

Várias vacinas estão a ser estudadas e, se se provar que uma dessas vacinas seja eficaz e segura para a população, então esta será aprovada pelos reguladores nacionais, fabricada e distribuída. Contudo, a maioria dos cientistas prevê que a vacina COVID-19 não será 100% eficaz, tal como maior parte das outras vacinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a trabalhar para que a vacina seja o mais eficiente possível. Quem não se encontra longe da eficácia total é a farmacêutica americana Pfizer, que está a trabalhar

Fotografia: notícias de coimbra

numa vacina em pó. Muitos foram os estudos por

para as mesmas, espera-se uma comissão

parte desta empresa, entre os quais, a criação de uma

consultiva

vacina normal que possui uma taxa de eficácia de

Prevenção de Doenças, em que se recomende

95%, tendo em conta fatores como a idade, o sexo, a

quem deve ser a primeira farmacêutica na fila

raça e a etnia de cada indivíduo voluntário.

para o número inicial limitado de doses.

Em tempos em que a confusão se instalou, a

No início de novembro, a Pfizer já se

insegurança é a principal característica de uma

disponibilizara para fornecer 200 milhões de

sociedade que exige respostas a todas a questões –

doses à UE; 120 milhões de doses ao Japão; 100

referente à segurança, ao tempo que levará o combate

milhões de doses aos EUA e 30 milhões de

à pandemia, se os efeitos da vacina durarão a longo-

doses ao Reino Unido.

prazo, entre outras – às quais a OMS ainda não

Desde o início da pandemia, há quase um ano,

consegue responder. O impacto das vacinas COVID-19

de tudo se fez para o controlo deste vírus que

na pandemia «dependerá de vários fatores», de acordo

veio para mudar toda a nossa perceção de

com a OMS, sendo alguns deles «a eficácia das

normalidade. Um vírus que veio sem aviso

vacinas; com que rapidez elas serão aprovadas,

prévio e que pretende ficar. O mundo pede uma

fabricadas e entregues; e quantas pessoas são

solução com urgência. Os cientistas correm

vacinadas».

contra o tempo para produzir uma vacina

Nos EUA, o FDA (Food and Drug Administration)

segura e eficaz até ao próximo ano.

dos

Centros

de

Controlo

e

determinará se se deve autorizar a utilização das vacinas. As farmacêuticas Pfizer e Moderna deverão

Convém reter que a vacina proteger-nos-á da

esperar por essa aprovação até dezembro deste ano e,

infeção, mas não a curará. POR ANA FERNANDES E DENISE ALMDEIDA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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IV

ENTREVISTA

TODD SHELDRICK É o principal Trompa da Orquestra Clássica do Sul, músico de origem americana e amante incondicional de sinfonias clássicas. Todd, 18 anos Recebeu o seu primeiro certificado a nível profissional depois da sua participação na orquestra dos jovens. Foi nesse momento que sentiu que este era o caminho certo a seguir.

Percurso académico e profissional Foi no Oberlin College Conservatory que tirou o seu

Fotografia: TOdD SHELDRICK

bacharelato em trompa performance. Esteve durante 1 ano em

Todd, 8 anos Nesta

época,

assistiu

a

um

concerto da Symphony Orchestra, em

Boston,

onde

ficou

deslumbrado pelos instrumentos metais que, pela sua imponência, lhe

despertaram

particular

interesse. Foi na escola, após uma demonstração

de

vários

Chicago, altura em que trabalhava numa padaria durante as manhãs e ocupava as suas tardes com os estudos para a noite procurar inspiração, assistindo a vários concertos. Tirou um

Fotografia: Casamentos.pt

mestrado no Arizona State University’s School of Music, onde

Foi no Arizona que conheceu a

conquistou o título de mestre em execução de trompa. Depois

sua

disto, mudou-se para Nova York, onde se vinculou ao

nacionalidade

Manhattan New Music Project. Tocou por conta própria, como

logo

freelancer, em várias orquestras.

atual

esposa,

de

portuguesa,

e

planos

de

fizeram

constituir família.

instrumentos, que percebeu que o que mais o cativava era a trompa. Foi então que decidiu que queria aprender a tocar este instrumento e dominar esta arte.

2001 Foi a 11 de outubro que se mudou para Portugal, onde reside até aos dias de hoje e onde trabalhou com o Remix Ensemble, com a Orquestra do Norte, durante 4 meses.

Fotografia: Wikipédia

1974 Nasceu em Boston, Estados Unidos da América, no dia 20 de dezembro. Desde cedo que sentiu um grande fascínio pela música, tendo o seu primeiro contacto com esta aos 4 anos. Nesta altura, Todd tinha por hábito brincar com a sua irmã com dois peluches, uma coruja e um

Fotografia: Orquestra Clássica do Sul

2003 Entrou para a Orquestra do Algarve, atualmente Orquestra

denominada clássica

do

de

Sul,

que

anteriormente pertencia apenas ao Algarve

mas

que

agora

inclui

também o Alentejo.

unicórnio, que emitiam sons e que lhe despertavam muita atenção.

2020 Em tempos de pandemia, admite que não parou de trabalhar, a sua carreira

continua

igualmente

estável.

POR BEATRIZ MORAIS, JOANA CANDEIAS, MARIANA BÁRBARA E TATIANA FELÍCIO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

Fotografia: Orquestra Clássica do Sul

15


IV

CRÓNICA

O NATAL COMO TODOS O CONHECEMOS O Natal é uma das épocas festivas mais esperadas do ano, tanto pelos mais velhos como pelos mais novos. É a altura ideal para reunir a família, para cumprir tradições e para viver o espírito natalício. Para além das decorações características, da gastronomia típica, da famosa abertura dos presentes e do convívio que se faz com toda a família, esta quadra é muito marcada pelos momentos de lazer, tanto com jogos mais convencionais, como são os de tabuleiro, como com os filmes que cativam e entretêm todos durante a consoada. Por falar em filmes, digam lá se já não sabem de cor todos os passos do Kevin, o menino do famoso filme Sozinho em Casa, não fosse esse um dos clássicos que todos os anos passa na televisão, ou se não esperam ansiosamente por ver a ama mais conhecida do mundo, a Nanny Mcphee. É verdade que isto é coisa dos antigos, pois hoje em dia todos preferem ligar a Netflix e cada um vê o que quer e ninguém se chateia. Algo que não pode faltar em todos os Natais são os doces e aquelas comidas que começamos a pensar meses antes e a salivar como loucos só de imaginar que já falta pouco para esquecermos a dieta e o plano de verão e, como diz o ditado, comer e chorar por mais. Confessem lá: todos adoram, mesmo que secretamente, as decorações de Natal. Aquelas árvores todas bonitas que, em pleno outubro, já estão espalhadas por todo o lado, que encantam os olhos de uns e “dão cabo da cabeça” a outros.

Os que as adoram, chegam a casa e vão a correr às arrecadações buscar todas as caixas, cobertas por camadas gigantescas de pó, para montar as ditas árvores cheias de bolinhas, fitinhas, transformando a casa num paraíso natalício que, por vezes, mais parece um desfile de carnaval. Os coitados que não gostam assim tanto de ser invadidos pelo espírito natalício antes do tempo, têm de se conformar, porque para onde quer que vão está a tocar o All I Want For Christmas Is You. Outras das coisas que não podem faltar em todas as casas durante o Natal é aquela birra que as crianças fazem por nunca mais chegar a hora de abrir os presentes, aquela reclamaçãozinha da avó que já só pensa no aconchego da sua cama e o desespero dos pais que já só querem que todos se calem para poderem ver televisão à vontade. O pior é mesmo depois de abrir as prendas, porque aí começa a luta contra o sono. É isso mesmo, parece que a maior oferta do pai natal é a recarga de energia que dá aos miúdos que ficam eufóricos e se esquecem que está na hora de ir dormir e só querem fazer ainda mais barulho e brincar. O Natal pode ter todas estas peripécias, mas o que é certo é que é uma época pela qual todos ansiamos, juntamos aqueles familiares que não víamos há meses e passamos bons momentos todos juntos. Chegou a hora de admitir: O Natal não seria o mesmo sem todas estas “chatices”, sem o bom e o mau. Tudo isto contribui para o sentimento de conforto e de “casa” que tão bem caracterizam esta época, e não o queríamos de outra forma.

POR BEATRIZ MORAIS, JOANA CANDEIAS, MARIANA BÁRBARA E TATIANA FELÍCIO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

16


Fotografia: SIC NotĂ­cias


V

ENTREVISTA

MEDICINAS ALTERNATIVAS SEGUNDO ELISABETE ALVES: CROMOTERAPIA E REIKI Nesta segunda edição, procuramos dar a entender ao nosso público o que seria a «medicina alternativa», vista, por muitos, como um tabu. A medicina alternativa pode ser definida como um conjunto de práticas e uso de substâncias que não são, hoje, considerados

como

válidos

pela

medicina

convencional. Para perceber o que é a medicina alternativa, falámos com

Elisabete

Alves,

mestre

de

Reiki

e

de

Cromoterapia, dois tipos alternativos, que nos ajudou na pesquisa e a chegar a um consenso. Primeiro que tudo, o que é a cromoterapia? A Cromoterapia é uma das medicinas alternativas espirituais mais antigas do mundo. Nasceu no Egipto entre os crentes da espiritualidade. Podia ser chamada

Fotografia: grupo redatorial de saúde

de «medicina espiritual, mas também medicina de cores.

de relaxamento e o azul é como um antibiótico. É como

É uma terapia da luz que surge como uma grande

se fosse «o nosso antibiótico na medicina convencional,

promessa para a humanidade nesta virada do milénio,

em que se pode aplicar uma dose de 500 mg ou duas

praticada desde o início dos tempos por diversas

para fazerem 1000 mg. Acaba por corresponder à toma

culturas»;

de outro medicamento».

Elisabete ainda explicou que muitos registos afirmam que «médicos gregos e do antigo Egito praticavam a cura

Explicou também que quem não tenha um nível de

por exposição à luz solar», isto em «Heliópolis, a cidade

espiritualidade

grega do sol, (que) era uma verdadeira cidade de cura

necessária e não conseguirá aplicar a cromoterapia de

pela luz (…) através da helioterapia”. Embora se atribua

forma correta, por isso, é importante continuar a estudar

ao Egipto a descoberta da terapia cromo espetral, foram

e desenvolver os conhecimentos.

os gregos, através da helioterapia, que deram início às

Ainda realçou que é um processo lento e que, se não for

práticas da atual cromoterapia.

seguido da forma correta, claramente o tornará mais

elevado,

não

tem

a

preparação

complicado, «a cromoterapia é como tudo, as coisas não E como é praticada?

acontecem de repente, têm de ter o seu tempo».

A esta pergunta, Elisabete enuncia que é praticada com

A mestre acredita que se fosse uma medicina aprovada

um bastão, com uma ponta de cristal em quartzo

pela lei, seria mais procurada pois «não prejudica os

transparente em que são multiplicadas as cores,

órgãos de ninguém, pelo contrário, cura», sempre

projetadas nos «chakras» das pessoas, para cura de todo

reforçando a ideia de que deve ser bem aplicada. «Cada

o corpo humano. Afirma ainda que «cada doença tem as

pessoa reage de forma diferente ao processo, mas desde

suas cores, as cores que devem ser aplicadas. Sem o

que seja feito tudo o que o terapeuta diz, dependendo

curso, não se pode fazer cromoterapia, pois existem

também da credibilidade que o paciente tem no

cores com algumas contradições que podem prejudicar o

terapeuta e da confiança que colocou no processo, será

ser humano, caso seja mal aplicada».

concluído com sucesso». Isto lembra-nos a medicina

Numa breve explicação das cores, exemplificou que o

convencional, pois, se não cumprir a receita, não terá os

vermelho é uma cor bastante forte, o verde tem efeito

resultados esperados no tempo previsto.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

18


Agora, o que vem a ser o Reiki? Elisabete começa por dizer que «o Reiki tem muita mais envolvência a nível espiritual do que a cromoterapia». O Reiki é uma medicina das mais recentes, não por ser jovem, mas porque não existem muitos registos antes de Mikao Usui, o ponto de partida do Reiki: «desde sempre sem tem conhecimento que existe uma corrente invisível de energia que flui através de todos os organismos vivos». Apesar do ceticismo de muitos, estudos científicos revelam que isto realmente existe no processo de cura física, emocional e espiritual, reconhecendo e validando o Reiki. Para contextualizar, pode-se avançar que a palavra «Reiki» é formada por duas palavras japonesas: «rei» significa alta inteligência infinita, que guia a criação do universo, fonte da orientação das nossas vidas, e o «ki», a força vital que dá a vida, «é um vital que flui em nós através dos chakras e dos meridianos. A força do «ki» está no ar, nos alimentos, no sol e no sono e pode se aumentar através de exercícios respiratórios, meditação ou oração». Alertou para que «um nível fraco de «ki» significa vulnerabilidade […]. É a fonte de saúde à volta da pessoa, dá vida alimentando os órgãos, as células e os tecidos responsáveis por melhorar as funções vitais». Elisabete explicou que os chakras são «centros de energia do corpo que conseguem acumular e distribuir energia por todo o corpo» e os meridianos são «pequenos vasos sanguíneos que saem dos chakras, onde se colocam a agulhas da acupuntura». Apesar de, popularmente, serem conhecidos apenas sete chakras, a terapeuta revelou que na realidade existem «88 000 chakras no corpo humano» e a forma mais correta é dizer que «são 9 os mais importantes».

Como é que se pratica Reiki? O Reiki é uma «técnica de transmissão de energia

Exprime ainda que, este tipo de tratamento,

humana através das mãos, limpando de toxinas,

«Trata a pessoa na sua totalidade, no corpo,

restaurando o equilíbrio das energias». Este

mente, emoção e no espírito, e é fácil, pois

processo «abre os chakras bloqueados (doentes),

recarrega

e os meridianos, libertando os corpos de energia,

vibracional à volta do corpo físico onde haja

deixando-os relaxados e em paz».

pensamentos e sentimentos negativos, dos quais

as

energias,

aumenta

o

nível

o liberta, quebrando todos os fatores prejudiciais Ao

contrário

do

que

muitos

pensam,

diz

e, afasta-os, fortalecendo os caminhos da força

Elisabete, «é um tratamento suave, envolvente e

vital e essa passa a fluir naturalmente».

confortável, simples e seguro, não tem risco e

É

não pode ser usado incorretamente porque cura

subconsciente pois «não se guia pela mente da

sempre, mesmo que a pessoa esteja com as mãos

pessoa que o está aplicando, por essa razão é

numa posição incorreta o que flui é através da

independente, é como se fosse um ponto de

energia divina, está sempre certo, desde que a

passagem da fonte divina para a pessoa que

pessoa tenha essa intenção».

necessita, sem precisar de entrar num estado

um

processo

que

também

resulta

no

alterado como o da meditação». Ainda esclareceu que os chakras «estão em constante movimento, numa trajetória circular e

Muitas pessoas vêm o Reiki como algo que vai

cada chakra está responsável por um certo órgão

contra a religião, ou que implique uma religião,

ou glândula, variando na cor, no brilho, diâmetro,

concorda com esta corrente de opinião?

aparência e som vibracional». Como terapeuta,

Não. «O Reiki não é uma religião, não tem

afirma que «a base do Reiki é sentirmos os

dogmas nem se baseia em crenças obrigatórias

benefícios no fim do breve processo de admissão,

de nenhuma religião, portanto não se pode

no fim do tratamento ajuda o corpo a libertar-se

associar a qualquer religião».

do stress e da tensão, levando a um estado de

A mestre explicou que «o Reiki apenas defende

relaxamento

que (quem o aplica) vive a vida em harmonia com

profundo,

elevando

equilíbrio». MUNDO CONTEMPORÂNEO

o

nosso

mundo de forma a trazer bem-estar e praticando 19


V certos ideais éticos para promover a paz e a

Acha que a medicina alternativa substitui a

harmonia».

medicina

Curiosamente os reikianos (terapeutas de Reiki)

completar-se?

conseguem reconhecer-se pela forma como agem

Apesar

com os outros. Segundo consta, na sua formação

hospitais portugueses, no Divino Espírito Santo

devem seguir cinco «mandamentos» obrigatórios:

na ilha de S. Miguel (Açores) já fazem Reiki»,

não se zangar, não se preocupar, mas sim confiar,

explicou. Assim sendo, se um paciente pede Reiki

ser grato, levar uma vida honrada e honrar os

no hospital, o mesmo encarrega-se de chamar um

responsáveis e mais velhos. Tudo isto «exige um

mestre desta área.

compromisso

A

consciente

e

ativo

para

nos

convencional

de

não

entrevistada

ser

ou

muito

defende

a

as

duas

podem

conhecido

«nos

colaboração

das

melhorarmos, para ser um sistema completo,

medicinas, dando o seu próprio exemplo, pois é

pois sem isso nãopoderá ajudar ninguém».

uma doente de fibromialgia diferente dos demais.

Apesar de tratarem, «não influenciam o karma

Normalmente os doentes desta doença tomam

daquela pessoa», ou seja, o «não envolvimento

muitos medicamentos para controlar a doença,

permite

brilhe

ela apenas toma um para dores, dado ao estado de

livremente e as energias nunca se esgotam, pois

equilíbrio que encontra nas duas medicinas.

quem cura também recarrega a sua energia no

Ainda brincou, afirmando que os médicos chegam

processo». Beneficia ambos e, como não se

a dizer-lhe que se não houvesse registos dos seus

envolvem, o que acontece ao paciente não afeta o

exames, ninguém diria que era uma doente como

terapeuta, que apenas serviu como um ponto de

os outros. Chegam-lhe até propostas para abrir

passagem dessa energia.

um

que

a

consciência

divina

consultório

onde

as

duas

medicinas

trabalhassem em conjunto! «A dor é inevitável, É Mestre nestas duas medicinas. Como foi a sua

não a consigo parar, mas consigo equilibrar pelo

formação?

menos 50% dela».

Elisabete conta que fez a sua formação na Abrath,

Acredita que a medicina alternativa seria uma

«uma associação de terapias holísticas do Brasil» e recebeu o seu cartão como terapeuta em 2015, após participar em 320 aulas teóricas (quase 6 meses) e 48 em aulas práticas na área da cromoterapia. Posteriormente, terminou os seus 3 níveis de reiki em 2018, adquirindo o grau de mestrado. Ainda confessou que pratica um pouco de reflexologia, uma medicina através do toque em pontos específicos dos pés. Aconselha este tipo de medicina a que faixas etárias? A esta pergunta sugere que «a partir dos 5 anos, quando já desenvolveram o seu livre arbítrio». Os mais novos podem ser autorizados pelos seus pais ou responsáveis, pois se o paciente não autorizar a aplicação do Reiki, isso é considerado «violação do livre arbítrio». POR MARTA VICENTE

MUNDO CONTEMPORÂNEO

opção

para

quem

está

com

problemas

psicológicos, dada a pandemia que vivemos? Respondeu

afirmativamente.

Agora

com

a

pandemia, explicou que tem feito sessões à distância gratuitamente, porque à distância pode fazer em grupo, realçando sempre que a pessoa que pretende receber Reiki é quem deve contactála, seguindo o princípio do livre arbítrio, pois não pode aplicar Reiki, como já foi dito, a ninguém que não o autorize. Para terminar, Elisabete, afinal o que é a medicina alternativa? Como bem se sabe, «existe muita medicina alternativa, muitos campos, das mais diversas formas». Uma vez que não têm efeitos negativos «aconselho a todas as pessoas que precisam a praticar as duas (medicinas) em conjunto», nem que seja só pela experiência, sem medo de avançar para a medicina alternativa.

20


Fotografia: canva


V

PERFIL

HÁ 265 ANOS NASCIA O PAI DA MEDICINA HOMEOPÁTICA

No dia 10 de abril de 1755, nasceu em Meissen, no leste da Alemanha, Christian Friedrich Samuel Hahnemann, o médico que viria a revolucionar os métodos terapêuticos. Desde cedo que mostrou ter facilidade para as línguas, tendo aprendido cerca de oito idiomas,

para

além

do

alemão,

demonstrando ter aptidões para as ciências naturais e a botânica. Graças a uma bolsa, teve a oportunidade de estudar numa universidade de renome, ingressando no curso de Medicina na Universidade de Leipzig. Contudo, ficou profundamente insatisfeito com o conteúdo teórico

lecionado,

acabando

por

pedir

transferência para Viena. Hahnemann, apesar de ser visto como um bom profissional médico, sempre considerou que os métodos terapêuticos da época ficavam aquém do que seria suposto. Posto isto, desejando criar um método eficaz de tratamento, começou a experimentar as substâncias registadas noutros ensaios no seu próprio organismo e, consequentemente,

Fotografia: Google imagens

a utilizá-las em doentes com sintomas semelhantes.

Ingeriu

diferentes

medicamentos, até os testes comprovarem o que já suspeitara. Deste modo, Hahnemann patenteara o princípio da homeopatia, tendo sido, por si, batizado de «Similia similibus curentur», do grego «homoion», que significa similar e «pathos», doença. Esta

nova

terapia

era

baseada

em

tratamentos primitivos e sem quaisquer bases científicas e, por isso, ao ser divulgada, gerou bastante controvérsia da parte dos defensores da medicina tradicional, ao ponto de

existirem

países

que

decretaram

a

proibição da sua prática. O médico ajudou, ainda, na contenção da epidemia da cólera na Europa, o que fez com que essa sua contribuição e tratamento despertasse

um

interesse

a

nível

internacional. Assim, nos países que outrora aboliram a sua medicina começou-se a reconhecer

a

sua

eficácia

e,

consequentemente, a formar uma sociedade homeopática.

Hahnemann faleceu aos 88 anos, a 2 de julho de 1843, em Paris. Os seus estudos difundiram-se rapidamente e foram fonte de inspiração para as novas gerações. O pai da medicina homeopática desenvolveu cerca de 100 substâncias curativas, chegando a homeopatia atualmente às 3 mil. Desta forma, entende-se que os seus princípios perduram após mais de dois séculos. POR RITA CARDEIRA E BEATRIZ ROLDÃO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

22


V

SÍNTESE

UM PODER ALTERNATIVO Tudo parece ter uma alternativa. Esta é uma realidade que se tem verificado nestes últimos tempos difíceis, em que se ponderam vários planos e se procura a concretização dos objetivos. E quais são esses objetivos atualmente? Não só que tudo volte à normalidade de outrora e que a liberdade social e humana seja menos condicionada, mas também que se concretize o desejo de escapar do vírus ou de, pelo menos, possuir imunidade suficiente para conseguir ultrapassá-lo. Em Portugal, já foram reconhecidos legalmente alguns

do sistema imunitário e na inflamação, desenvolvendo,

tipos de medicina alternativa, como terapias não

assim, efeitos altamente benéficos, seguros e eficazes

convencionais, que fortificam o sistema imunitário das

no decorrer do processo infecioso devido às suas

pessoas que as praticam. Desta forma, o corpo humano

propriedades,

ganha defesas que lhe permitem combater este e

Fitoterapia.

outros tipos de vírus ou doenças.

A Osteopatia é uma outra abordagem terapêutica que

Um estudo recente do Interamerican Journal of

tem revolucionado a área da Saúde no tratamento da

Medicine and Health, afirma que os tratamentos de

dor, sendo cada vez mais procurada. Esta estuda as

acupuntura podem promover a imunidade à COVID-19.

disfunções do movimento ao nível neuro-músculo-

A técnica desta terapia consiste na inserção de

esquelético, visceral e craniano e procura, através de

agulhas muito finas em vários locais estratégicos do

técnicas exclusivamente manuais, eliminar a dor e

corpo, que permitem aliviar, ou até mesmo remover

promover

total ou parcialmente a dor, protegendo o organismo

restabelecendo

contra infeções e regular as funções fisiológicas.

vascularização normais. Possui uma visão global do

Deixar de sentir certos sintomas após a realização do

corpo humano e tem como objetivo encontrar a causa

tratamento como a febre, a tosse, a dor de garganta, a

verdadeira do problema e tratá-la. Normalmente os

fadiga, as náuseas, a diarreia e as dores musculares, é

resultados são rápidos e eficazes e os seus tratamentos

não só completamente normal, como também é o

consistem

resultado do efeito desta cura alternativa.

determinadas para cada tipo de situação. Desta forma,

o

em

confirmando

equilíbrio o

os

do

movimento,

exercícios

ou

contributos

corpo a

da

humano,

posição

massagens

e

a

pré-

esta medicina promove a imunidade, diminui a No entanto, existem sintomas que, infelizmente, a

inflamação e aumenta a esperança média de vida.

acupuntura não consegue amenizar. A Síndrome Respiratória

do

Síndrome

Por último, mas não menos importante, surge a

Respiratória Aguda Grave são patologias resultantes

medicina homeopática que, para fazer com que o corpo

do

como

ganhe imunidade e resistência na luta e defesa contra

consequências alterações no sistema respiratório a

possíveis infeções ou ameaças de vírus, a medicina

nível

provoca

Coronavírus

que

pulmonar.

universidades

Médio

Oriente

costumam

Alguns

chinesas

e

a

acarretar

departamentos

realizaram

um

de

nos

pacientes,

através

de

substâncias

estudo

digeridas por estes, os mesmos sintomas da própria

focando-se na melatonina, uma hormona produzida

doença, fazendo com que o agente provocador da

por animais e plantas conhecida pelo seu poder anti-

doença proporcione a cura através da criação de anti

inflamatório, descobrindo que esta atua na regulação

corpos ou defesas para determinado tipo de doença.

Estas são apenas algumas alternativas que poderão fazer a diferença. Face à pandemia, já existem estudos que se debruçam sobre os resultados positivos dos tratamentos, tanto em pessoas infetadas, como nas pessoas de corpo e mente sãos. Estas ciências serão ainda muito desenvolvidas e exploradas, e como a ciência é uma porta aberta a novos horizontes, muitas outras se irão descobrir com fins desconhecidos. Quem sabe, nestas alternativas, se encontre o futuro que o mundo tanto desespera que chegue. Talvez sejam a alternativa, de todas as outras alternativas. Cabe a cada um de nós informar-se, testar e entender qual é a diferença. POR MÁRIO BARBOSA E RUTE GUERREIRO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

23


VI

NOTÍCIA

APOSTAS DESPORTIVAS EM CRESCIMENTO COM A PANDEMIA

Fotografia: Bukmacherka

Analisando e comparando os valores entre 2019 e 2020, a dimensão de apostas de fortuna ou azar do primeiro semestre anual (janeiro a junho) quase que duplicaram, subindo de um registo de 1,31 mil milhões de apostas feitas para 2,29 mil milhões. Em termos da resultante receita bruta, os referidos jogos haviam arrecadado 48,1 milhões de euros no ano passado, enquanto que no presente ano os números alcançaram os 87,2 milhões. Na vertente das apostas à cota, muito por culpa do adiamento ou cancelamento de vários eventos desportivos de alto calibre, como o caso das principais ligas do futebol e o circuito profissional do ténis, denota-se um decréscimo equivalente a 1,5% das receitas obtidas, com o valor de 243,4 milhões de euros obtidos no semestre inicial de 2019 a descer para 239,9 milhões no ano presente.

Contudo, graças ao regresso das competições desportivas mais populares nos meses de maio e junho, também as apostas regressaram e resultaram num crescimento positivo para as receitas brutas. Em comparação com os meses de março e abril, onde a atividade de jogo caíra em 25,8% e 23,1% respetivamente, maio e junho gozaram de um aumento de 19,7% (27,7 milhões de euros) e 28,2% (55,6 milhões de euros). Devido a este facto, o primeiro semestre de 2020 gerou uma receita bruta de 55,2 milhões de euros, uma subida de 15,6% face ao mesmo período do ano transato, cuja conta ficou-se pelos 47,8 milhões.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

24


VI Averigua-se que, entre as razões para este crescimento, cuja tendência indica estabilização, estão fatores como a procura de rendimentos extra e o tempo livre, ambos principalmente provenientes da quarentena imposta pelo combate à pandemia. Bónus de incentivos iniciais para experimentação disponibilizados por determinados sites também serviram de incentivo para um crescente número de novos apostadores entrarem no mundo dos jogos e apostas desportivas online. Perante esta tendência de crescimento e adesão que o panorama das apostas goza de momento, coloca-se a pergunta: quanto poderão ganhar todos estes novos apostadores em jogos online?

Segundo uma teoria das probabilidades aplicada aos casos práticos das apostas online, a probabilidade é de 50/50, ou seja, é um ponto de equilíbrio. Este ponto de equilíbrio é transformado em hipóteses decimais de 2,0. No entanto, considerando que a casa de apostas online fica com 10% da margem interna, as hipóteses reais na casa de apostas são de 1,91 (no formato fracionário 10/11 e -110). Estas hipóteses reais de 1,91 vão representar uma probabilidade de 52,4% de resultados, e por isso, precisará ganhar a 52,4% e não de 50% para alcançar o ponto de equilíbrio. Temos então, 52,4% que é o número mágico e também de equilíbrio das apostas online. A margem da casa de apostas força-te a ganhar 2,4% a mais de taxa para teres um retorno igual (isto significa que ganhas o valor exato da sua própria aposta).

Fotografia: Darshan Shah

Fotografia: Techstory

Agora, de outra perspetiva, não é necessária nenhuma taxa de vitória irrealista de 70% ou 80% para ser rentável, como costuma ser anunciado por diversos informantes. Precisa-se somente de 52,4%. Qualquer coisa ou valor para além disto resultará em lucro. Com este equilíbrio, afirma-se e define-se 57% (taxa vencedora) como o objetivo vencedor de qualquer jogador.

POR MARCO AMARAL E TOMÁS ALVES

MUNDO CONTEMPORÂNEO

25


VI

NOTÍCIA

COM VITÓRIA PORTUGUESA, O MOTOGP CONSOLIDA ANO DAS PROVAS DE VELOCIDADE NO PAÍS

Fotografia: EPA

Com a vitória, Miguel Oliveira, piloto da equipa Tech3, finalizou o campeonato de MotoGP na nona colocação. O título ficou com o espanhol Joan Mir, da Suzuki, que já havia chegado à prova de Portugal com o primeiro lugar na tabela garantido. Ao final da prova, Miguel dedicou sua vitória a todo o povo português e enfatizou a dificuldade da corrida, mesmo tendo largado na pole position “Sim, foi uma corrida longa, muito longa. Na Áustria (local da primeira vitória na MotoGP), foi uma ultrapassagem de última hora. Houve muita adrenalina. Aqui não havia ninguém (à frente), comecei e acabei em primeiro", declarou o piloto de 25 anos.

O calendário já divulgado da próxima época de Fórmula 1 dececionou os portugueses. A competição retornou ao país após uma ausência de 24 anos e já se foi. Os autódromos portugueses estão fora das 23 corridas planejadas pela organização para 2021. Na memória, fica o recorde de Lewis Hamilton, que chegou a 93 vitórias na carreira ao cruzar a bandeira quadriculada em primeiro no Autódromo Internacional do Algarve. Com isso, o britânico se tornou o piloto com mais vitórias na história da F1, superando o histórico alemão, Michael Schumacher. A ausência do circuito português foi repercutida no conceituado site e revista TopGear, especialista no mundo automóvel: “Portimão foi deixado de fora do calendário da Fórmula 1 para 2021, tal como Imola. Dois circuitos fantásticos só estarão como reserva na próxima época", disse a publicação. MUNDO CONTEMPORÂNEO

Em contrapartida à F1, a MotoGP pode voltar a Portugal em 2021. O calendário da próxima época ainda não foi divulgado pela organização, entretanto, há um consenso entre as equipas de que o Autódromo de Portimão deve permanecer para o planeamento do próximo ano. Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Federação Internacional de Motociclismo, Jorge Viegas, afirmou que o Grande Prémio português "foi um sucesso" e que tem havido "imensa pressão para o campeonato voltar". Jorge Viegas prevê ainda que as motas mais potentes do planeta devem estar de volta a Portimão já em abril.

POR FRANCISCA BETTENCOURT, TALES LOBO E RITA AGOSTINHO

26


RECEITAS

UM NATAL COM ALTERNATIVA VEGETAL Cada vez mais observamos a tendência para uma alimentação vegetariana e/ou vegana, notando assim que este tipo de nutrição à base de vegetais veio para ficar. Assim sendo, já existem muitos restaurantes e cafés que oferecem uma vasta ementa adequada aos vegetarianos e veganos. Nem todos têm conhecimento de que um terço da superfície terrestre é dedicada à indústria pecuária, para que isto fosse possível tiveram de ser destruídas florestas o que conduziu o nosso planeta à desertificação e extinção de cerca de 1000 espécies de animais e plantas. Para os animais desta indústria serem alimentados, ocorrem ainda mais fenómenos de desflorestação para se criar plantações de soja, para posteriormente servirem de ração para os mesmos. Se consumíssemos estas plantações em vez dos animais para consumo humano, não só eliminávamos a necessidade da desflorestação como evitávamos o desperdício. Os animais consomem mais alimento do que propriamente o produzem, pois estes geralmente ingerem 10 mil calorias e apenas produzem 1000 calorias em forma de carne, isto significa um desperdício de 90% do alimento que foi consumido. Sendo assim, esta é uma das razões pela qual se apela cada vez mais à redução do consumo de carne. Se houvesse uma redução de 50% do consumo de carnes, isto iria aumentar consequentemente a quantidade de calorias disponíveis para consumo humano em cerca de 25%, o que seria suficiente para alimentar quase 2 biliões de pessoas do mundo inteiro. Aproxima-se uma época festiva, definida pelos excessos alimentares e sobras, o Natal. Num artigo do jornal Público, afirma-se “Todos os anos, os portugueses deitam para o lixo um milhão de toneladas de alimentos, ou seja, cada um desperdiça, em média, 132 quilos de comida por ano”. Assim, é de extrema importância consciencializar os consumidores para uma mudança de atitude, para que passe a haver um uso sustentável dos alimentos e o combate ao desperdício. Deste modo, escolhemos duas receitas natalícias, uma vegana e outra vegetariana, para aqueles que têm curiosidade em experimentar pratos desta natureza, que certamente se tornarão numa alternativa mais saudável, colaborando para o combate ao desperdício.

Vídeos com as receitas, disponíveis em: https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2020-09-29-esta-na-hora-de-acabar-com-odesperdicio-alimentar/? fbclid=IwAR0VMXPKF62wfV6eXW_s9BOJjSqg3Maks3vVo2Ii5ciM702XIfTvd8Jzy4E https://mercyforanimals.org.br/motivos-vegano-meio-ambiente https://www.publico.pt/2017/12/22/economia/noticia/quando-as-ferias-de-natal-acabam-mal-11796048

POR LAURA MENDES | MARGARIDA SILVA DE FREITAS | JÉSSICA MESTRE Fotografia: Irene Bergnucchini

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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VII TOFU ESPIRITUAL

Ingredientes: 1 bloco de tofu 540 g de leite (540 ml | xícara) 200 g / 7 fatias de miolo de pão de forma 200 g de cebola (2 unidades médias) 100 g de cenoura (1 unidade grande) Queijo Catupiry caseiro 60 g de azeite de oliva (4 colheres de sopa) 10 g de alho (2 unidades médias) 25 g de manteiga (3 colheres de sopa) 25 g de farinha de trigo (3 colheres de sopa) Sal a gosto

Preparação: 1. Corte a cebola, pique o alho, rale as cenouras. Passar o tofu por água, cortar o tofu em pedacinhos. Reserve. 2. Prepare o molho bechamel: 3. Numa panela pequena, aqueça a manteiga até derreter. De seguida, adicione a farinha de trigo e mexa para formar uma pasta. 4. Cozinhe até que atinja uma coloração dourada. 5. Adicione 300g (300 ml | 1 1/4 xícara) de leite e mexa até formar uma mistura homogênea. 6. Cozinhe o molho até que atinja a textura desejada e retire do fogo. Por fim, cubra com um plástico firme. Reserve. 7. Prepare o pão: 8. Numa tigela pequena coloque o miolo do pão. Em seguida, molhe o pão com 240 g de leite (240 ml | 1 xícara) e 240g de água (240 ml | 1 xícara). Quando o pão estiver totalmente molhado, reserve. 9. Numa panela aqueça o azeite e em seguida refogue a cebola, o alho, a cenoura ralada e o tofu até que a cenoura esteja macia. 10. Adicione o refogado ao pão embebido em leite e na água e mexa até que se forme uma mistura homogénea. 11. Adicione 3/4 do molho bechamel e mexa novamente para formar uma mistura homogênea. 12. Prepare o queijo catupiry: 13. Com uma varinha mágica ou no liquidificador, bata uma chávena de água, uma chávena de leite de soja, um dente de alho e o sal. 14. Com o liquidificador/ varinha mágica ligado, vá acrescentando, aos poucos, o óleo de canola e adicione farinha até dar o ponto de maionese. 15. Cubra a mistura já numa travessa com o restante do molho bechamel e queijo Catupiry, respetivamente. 16. Por fim, leve o tofu espiritual para gratinar no forno pré aquecido a 180°C até que o queijo esteja dourado.

SONHOS DE NATAL DE ABÓBORA Ingredientes: 500g de abóbora cozida e escorrida 10g/1 colher de sopa de fermento Raspa e sumo de 1 laranja 250g de açúcar 250g de farinha integral Óleo vegetal para fritar

Preparação: 1. Depois de cozinhada e escorrida, reduza a abóbora a puré. Junte-lhe açúcar e o fermento. Mexa tudo bem; 2. Junte os restantes ingredientes, misturando-os bem e deixe repousar por cerca de FONTE:20 CANVA minutos; 3. Retire pequenas porções da massa com duas colheres de sopa, molde bolas e frite. Depois de fritas, coloque em papel absorvente, deixe arrefecer e ponha açúcar por cima.

POR PEDRO ANICO | CÁTIA RODRIGUES

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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REPORTAGEM

O IMPACTO DA COVID-19 NA VIDA DOS ARTISTAS Com o surto da Covid-19, espaços culturais, discotecas e bares foram fechados.

Concertos e salões de baile cancelados. O ritmo das produções foi afetado e o andamento de projetos ficou em suspenso. A verdade é que este vírus veio para ficar e tem vindo a afetar os músicos de um modo geral, por isso decidimos entrevistar alguns artistas que se encontram ligados à música com o intuito de perceber como cada um lida com a forma como a pandemia afetou o seu processo artístico e a influência desta sobre a sua profissão. Como lida com as contradições geradas pelo embate entre os artistas e o poder público na garantia de direitos para este setor? DJ T. : Fomos os primeiros a fechar, logo quando a pandemia começou, estamos sem apoios desde aí, até ao dia de hoje, técnicos de som, luz, audiovisual, empresas de som, artistas, tudo desempregado, temos família, muitos têm filhos e mulheres ou vice-versa para cuidar e dar de comer e não o conseguem fazer porque não têm trabalho e nenhum apoio do estado. Estamos há meses, mais precisamente até há data de hoje, nove meses, sem trabalhar; nove meses sem sermos ouvidos e levados a sério pelos Fotografia: Instagram| tecnickdj

Um dos artistas que decidimos entrevistar foi Pedro Anica, mais conhecido por DJ TECNICK, DJ e produtor português de 20 anos, que é natural da Luz de Tavira. Atualmente o mesmo encontra-se a estudar na ETIC (Escola de Tecnologias, Inovação e Criação do

nossos governantes; nove meses em dificuldades financeiras e muitos de nós a vender tudo aquilo que temos para ao final do mês ter o que comer. Muitos foram os músicos que durante a quarentena, em alternativa

Algarve) e exerce a profissão de DJ desde os seus 14 anos.

aos espetáculos ao vivo, fizeram lives em plataformas como o

De que forma a Pandemia tem afetado o seu trabalho?

DJ T. : O streaming tem tanto coisas boas como más, o mercado do

DJ T. : A pandemia definitivamente afetou 100% do meu trabalho, sem festivais e com os clubs fechados, é impossível trabalhar, vi-

Instagram ou Facebook. O que acha sobre isto? showbusiness é o mais afetado com as lives pois técnicos de som, luz e toda a equipa são dispensados, porque as streams são feitas a

me obrigado a desmarcar todas as datas de 2020.

partir muitas das vezes do estúdio dos próprios artistas ou até do

A Pandemia afetou os artistas no geral, tanto financeiramente

presencial, a economia gerada num festival através da compra de

como socialmente. Parte da sociedade ainda considera que a cultura e a vida artística não são trabalho, por isso muitos artistas se questionam sobre continuar a criar ou não continuar. Como se posiciona face a esta forma de pensar a cultura e a vida artística? DJ T. : Discordo completamente da opinião dessa parte da sociedade, não somos só artistas, somos criadores, somos trabalhadores e produtores de algo que essa mesma sociedade consome e, no entanto, critica sem qualquer lógica. A sociedade consome música, consome luz, consome som, consome em bares, clubs, festivais e concertos. Considero quem tem essa opinião uma pessoa com falta de cultura, pois vejamos uma coisa, por exemplo, a televisão para a sociedade, a televisão é um simples objeto que permite mudar de canal e o espetador escolhe o que quer, mas esse espetador esquece-se que, por detrás daquele objeto na transmissão televisiva, estão técnicos de som, de luz, de vídeo e que sem nós uma simples transmissão televisiva não acontecia. Ser artista é uma profissão, ser técnico é uma profissão, pois sem eles nada à nossa volta seria como conhecemos hoje. Sem nós, músicos, produtores, técnicos de som, luz, essas pessoas não seriam nada e perderiam uma coisa muito importante na vida delas chamada, cultura. Que está presente no nosso dia a dia.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

próprio quarto. E uma parte muito importante, não existe público bilhetes e o turismo que implica que várias pessoas façam deslocações, por exemplo, a festivais. Isto vai ter um impacto enorme na economia, no âmbito comercial, turístico, entre muitos outros. Como vê o futuro da sua profissão pós pandemia? DJ T. : Neste momento? Não vamos desistir porque sabemos perfeitamente que somos importantes e que mais tarde ou mais cedo a ciência inventará uma vacina para que tudo melhore e que também nós possamos explorar mais alternativas para a realização de eventos e para a recuperação dos postos de trabalho do nosso setor. Mas continuamos a viver numa incerteza de como o nosso setor possa sobreviver até lá, se tivéssemos o apoio do estado sempre este nos aliviaria de muitos problemas. Entrevistámos

também

André

Salgueiro,

DJ

em

algumas

discotecas do Algarve, que afirma que a vida noturna sempre o cativou. A profissão surgiu “de forma natural, comecei a sair ainda bastante novo, com 15/16 anos, o que antigamente não era muito normal. Comecei a ter contacto e a fazer amizades entre os vários staffs das casas que frequentava, principalmente os DJ`s. Como a música era também uma paixão, fui aprendendo com eles, até que um dia tive a minha oportunidade e, desde então, parte da minha vida gira à volta de ser DJ.”

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VII

A.S: Um dia, tudo voltará ao normal. Acredito que irão De que forma a Pandemia tem afetado o seu trabalho?

desaparecer muitos artistas, outros irão nascer. Uns com

A.S: A pandemia, como é óbvio, teve uma repercussão brutal na

mais, outros com menos dificuldades, mas as pessoas vão

minha área, passei de mais de 270 eventos/gigs por ano, para

sempre precisar de vida social. A música faz parte da vida

25. Uma quebra de mais de 90% de atividade. Apesar de,

das pesso

constantemente, nos estarmos a reinventar, não é nada fácil,

Entrevistámos também Filipa Sousa, cantora de profissão,

principalmente para as casas que nos costumavam contratar, seja por via das restrições impostas, seja pela faturação das mesmas. Muitas vezes não é viável a nível financeiro contratar um artista.

que afirma que “A música sempre esteve presente na minha vida, desde pequenina…”. Participou em diversas festas e festivais, teve uma participação especial no festival da canção e na Eurovisão.

A Pandemia afetou os artistas no geral, tanto financeiramente como socialmente. Porque parte da sociedade ainda considera que a cultura e a vida artística não são trabalho, muitos artistas se questionam sobre continuar a criar ou não continuar. Como se posiciona face a esta forma de pensar a cultura e a vida artística? A.S: Tenho a sorte de ter outras fontes de rendimento, apesar de também me ter afetado a nível económico, felizmente. Comparando a muitos, mas muitos, colegas do sector, não é a parte que mais me tem afetado. A nível criativo, sim, parece que vivemos um bloqueio a nível artístico. Os artistas precisam do público para conseguirem criar, é basicamente com o público que nos inspiramos…

Fotografia: RITA CARMO

De que forma a Pandemia tem afetado o seu trabalho? F.S: Uma vez que sempre fui versátil, cantando vários estilos e fazendo parte de vários projetos, consegui minimamente manter-me a trabalhar, à exceção de 3 meses durante o primeiro confinamento. Valeram-me as unidades hoteleiras onde canto regularmente e que me permitiram trabalhar “normalmente” durante o verão. Claro que os palcos ficaram em standby. Tive oportunidade de fazer alguns trabalhos online e ainda surgiu um ou outro concerto, mas nada comparado com anos anteriores A

Pandemia

financeiramente

afetou como

os

artistas

socialmente.

no

geral,

Porque

tanto

parte

da

sociedade ainda considera que a cultura e a vida artística não

Fotografia: Instagram| DJANDRESALGUEIRO

são trabalho, muitos artistas se questionam sobre continuar a

Como lida com as contradições geradas pelo embate entre os

criar ou não continuar. Como se posiciona face a esta forma

artistas e o poder público na garantia de direitos para este

de pensar a cultura e a vida artística?

setor?

F.S: A parte financeira levou o grande “tombo”, mas

A.S:

Sinceramente,

fomos

completamente

esquecidos

e

felizmente o verão foi movimentado o suficiente para

ignorados. Continuamos a pagar todos os impostos da mesma

conseguir aguentar durante uns tempos. .

forma, sem qualquer fonte de rendimento. Praticamente fomos

Felizmente sou ponderada na gestão das minhas contas e

proibidos de trabalhar e, apesar de toda a resiliência

sempre fiz por ter um “pé de meia” para situações

demonstrada pela nossa classe, não se adivinham tempos mais

imprevistas. Creio que a parte mais difícil neste momento,

fáceis.

pelo menos para mim, é mesmo olhar para o futuro e não conseguir perspetivar o que nos espera! Temos tempo para

Muitos foram os músicos que durante a quarentena,

em

criar, mas lançar algo neste momento é muito ingrato, pois

alternativa aos espetáculos ao vivo, fizeram lives em

estar a promover algo que não trará frutos num futuro

plataformas como o Instagram ou o Facebook. O que acha sobre

próximo, é desmotivante. Já para não falar de quão estranho

isto?

é pisar um palco perante uma plateia quase vazia, seja pela

A.S: Foi uma forma de nos mantermos ativos e em contacto

lotação reduzida, seja pela falta de público... é a energia do

com o nosso público, eu próprio o fiz e posso dizer que me

público que nos move durante um concerto e não sentir o

diverti muito. Acredito que um artista é uma marca, e como tal

calor do público da mesma forma, não ver a reação das

deve ser trabalhada e publicitada, mesmo em tempos difíceis

pessoas por trás da máscara, é muito, muito, estranho.

para o negócio. Quando desparecemos, somos esquecidos. Como lida com as contradições geradas pelo embate entre os Como vê o futuro da sua profissão pós pandemia?

artistas e o poder público na garantia de direitos para este

MUNDO CONTEMPORÂNEO

setor?

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VII F.S: Os artistas são, na sua maioria, trabalhadores independentes.

esquecimento, principalmente os que trabalho na Cultura que

Logo aí já estamos prejudicados, pois do nosso cachet pagamos os

tanto tem contribuído para a melhoria do quotidiano da

nossos

sociedade.

impostos,

descontamos

para

a

segurança

social

proporcionalmente aos nossos ganhos, temos custos com material de som, roupas e tudo o que seja necessário à realização

Como lida com as contradições geradas pelo embate entre os

de um espetáculo, e nada disso é passível de ser declarado como

artistas e o poder público na garantia de direitos para este setor?

despesas inerentes à profissão. Não temos direito a subsídio de

H.S.: É uma situação muito difícil de lidar porque os interesses

desemprego, e os apoios dados pelo estado foram limitados aos

públicos falam mais alto do que qualquer outra situação, como a

primeiros 6 meses. Agora estamos por nossa conta! Felizmente

deste setor, esquecendo totalmente que milhares de artistas

existem entidades como a GDA, a SPA, ou outras parcerias que

dependiam da sua arte para sobreviver.

têm surgido para dar alguns apoios extra aos artistas e técnicos. Muitos foram os músicos que durante a quarentena, em Muitos foram os músicos que durante a quarentena, em

alternativa aos espetáculos ao vivo, fizeram lives em plataformas

alternativa aos espetáculos ao vivo, fizeram lives em plataformas

como o Instagram ou o Facebook. O que acha sobre isto?

como o Instagram ou o Facebook. O que acha sobre isto?

H.S.: Acho uma solução viável, porque através de diversas redes

F.S: Eu fui uma das que aderi a essa “moda”, pois nos primeiros

sociais conseguimos chegar a quem gosta de nos ouvir e tem

dias senti muita falta de cantar! Alguns colegas criticaram o facto

admiração pelo nosso trabalho, trazendo algum conforto e alegria

de se estar a “oferecer aquilo que temos para vender”, outros

a essas pessoas. Mas concordo também que não deverá ser usado

optaram por cobrar por esses concertos... eu cantei sempre que

excessivamente para não se cair em saturação e para não se

me apeteceu! Acho que o facto de podermos fazer companhia e

perder o encanto do artista.

entreter um pouco as pessoas ajudou muito a aliviar o stress da quarentena. Eu nunca olhei para a música como um trabalho,

Como vê o futuro da sua profissão pós pandemia?

embora seja a minha única fonte de rendimento, mas como uma

H.S.: O Futuro será muito subjetivo (…) mas tenho alguma

partilha. E saber que tínhamos pessoas do outro lado a ouvir-nos e

esperança de que voltará quase à normalidade, embora demore

a interagir connosco foi muito gratificante!

algum tempo até à recuperação. Em síntese, verifica-se que os artistas entrevistados salientam o forte impacto das medidas de

Por fim, conversámos com Humberto Silva, músico, residente em

controlo da pandemia nas suas vidas, as dificuldades de

Lagos, que afirmou que a pandemia lhe tirou “o chão debaixo dos

sobrevivência que têm na ausência de recursos para além dos

pés”.

provindos da remuneração da sua atividade como artistas. Manifestam-se criticamente quanto à falta de apoio do Estado, o

Como vê o futuro da sua profissão pós pandemia?

que não compreendem perante o apoio concedido a outras

H.S.: Apesar de saber que os próximos tempos não serão fáceis,

atividades económicas. E, por fim, não escondem a incerteza

neste momento ainda estou a encarar isto como se fosse apenas o

quanto ao seu futuro.

“fim de época”. Espero que, apesar da situação em que nos encontramos, continuem a surgir alguns trabalhos, para nos irmos aguentando. Entretanto, vou preparando novas canções para lançar quando achar oportuno. De que forma a Pandemia tem afetado o seu trabalho? H.S: A pandemia tem afetado em todos os aspetos, do ponto de partida que a música era a minha única profissão, posso dizer que me tiraram “o chão debaixo dos pés”, neste caso afetou quase

Fotografia: BARLAVENTO

totalmente a minha vida. A Pandemia afetou os artistas no geral, tanto financeiramente

Em síntese, verifica-se que os artistas entrevistados salientam o

como socialmente. Porque parte da sociedade ainda considera que

forte impacto das medidas de controlo da pandemia nas suas

a cultura e a vida artística não são trabalho, muitos artistas se

vidas, as dificuldades de sobrevivência que têm na ausência de

questionam sobre continuar a criar ou não continuar. Como se

recursos para além dos provindos da remuneração da sua

posiciona face a esta forma de pensar a cultura e a vida artística?

atividade como artistas. Manifestam-se criticamente quanto à

H.S.:Acho que todos os aspetos me têm afetado em partes iguais e

falta de apoio do Estado, o que não compreendem perante o apoio

diferentes. Economicamente a minha vida deu uma volta radical e

concedido a outras atividades económicas. E, por fim, não

tem que haver muita consciência para conseguir gerir todas as

escondem a incerteza quanto ao seu futuro.

dificuldades e tentar ir buscar soluções onde muitas vezes é quase impossível. Socialmente, esta pandemia veio instalar o medo de tudo e de todos. Estamos a viver num mundo em que reinam os interesses de uns enquanto outros caem no

POR LAURA MENDES | MARGARIDA SILVA DE FREITAS | JÉSSICA MESTRE | PEDRO ANICO | CÁTIA RODRIGUES

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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Fotografia: SIC NotĂ­cias


SÍNTESE

O AGRAVAMENTO DA POLUIÇÃO – OS CASOS DA CHINA E NOS EUA

Entende-se por poluição a introdução direta ou indireta de substâncias ou energias no ambiente, de forma acidental ou intencional, causando um efeito negativo no equilíbrio do planeta, provocando, deste modo, danos à saúde dos seres vivos e ecossistemas. A poluição tem incidência em vários âmbitos: a poluição atmosférica ocorre devido à emissão de poluentes no ar; a poluição dos solos interfere na qualidade agrícola do extrato superficial da Terra e dos seres vivos que nela habitam; a poluição das águas é provocada pela acumulação de resíduos e poluentes nos cursos de água; a poluição sonora está relacionada com o ruído nas grandes áreas metropolitanas e, por fim, a poluição visual que é causada, por exemplo, pelo excesso de publicidade e cartazes que transformam as paisagens e as zonas habitacionais. A Revolução Industrial agravou a questão da poluição atmosférica. O aumento das zonas industrializadas, aliado à urbanização massiva no mundo provocou um agravamento da emissão de diversos gases poluentes para a atmosfera. Atualmente, este tipo de poluição causa um forte impacto no mundo, uma vez que a sociedade é altamente tecnológica e desenvolvida, contando com um elevado número de fábricas em funcionamento para dar resposta às exigências desta. Além do mais, estes gases poluentes são também lançados para a atmosfera através de fontes naturais, de poeiras da terra e de vulcões. Estas substâncias podem causar sérios problemas para a saúde dos seres humanos: o monóxido de carbono, por exemplo, interfere com a capacidade que o sangue tem de transportar oxigénio pelo corpo; a diminuição de ozono na atmosfera, que possui propriedades oxidantes e citotóxicas, é uma das principais causas da estimulação da irritação nos olhos e da diminuição da capacidade pulmonar. Para além destas consequências, a poluição atmosférica está correlacionada com a diminuição da eficácia do sistema mucociliar das nossas narinas, o que provoca o aumento dos sintomas de asma, bem como de infeções das vias aéreas, o que origina uma maior probabilidade do surgimento de cancro nos pulmões.

Fotografia: MATT SHEEHAN

A água é um bem essencial para a sobrevivência dos seres vivos que habitam na Terra, sendo, por isso, fulcral existir uma atenção redobrada no que toca à poluição hídrica. Esta é causada pela filtração do mercúrio presente na crosta terrestre, o qual pode contaminar os oceanos, rios, lagos, canais ou barragens, no entanto, o maior motivo da deterioração das águas são as atividades humanas: o desmatamento, as indústrias agrícolas e pecuárias, lixos e efluentes de águas fecais, tráfego marítimo e o derrame de combustíveis são algumas das consequências provocadas pelo ser humano. A danificação da qualidade da água causa impactos negativos no meio ambiente, na economia e na saúde global. A destruição da biodiversidade, a poluição da cadeia alimentar, a escassez de água potável, doenças e a mortalidade infantil são algumas das consequências da poluição dos oceanos. A poluição, infelizmente, é algo que faz parte da sociedade moderna, uma vez que uma grande parte do globo terrestre é industrializada, ou encontra-se em vias de desenvolvimento. A China e os Estados Unidos são um claro exemplo de países industrializados, sendo que ambos são as maiores potências mundiais a nível económico. Além destes dois gigantes mundiais, a Rússia, a Índia, o Japão, a Alemanha, o Canadá, o Reino Unido, a Coreia do Sul e o Irão também integram o grupo de países mais poluentes do mundo. No que diz respeito à China, desde 2007 que esta ultrapassou os Estados Unidos relativamente às emissões de dióxido de carbono, mantendo-se desde então no topo da lista de países mais poluentes a nível global. MUNDO CONTEMPORÂNEO

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VIII De facto, a China é considerada o país mais poluidor do mundo, sendo responsável por 30% das emissões de CO2 mundiais durante todo o ano. Este é um problema que enfrenta desde a década de 80 e que tem vindo a agravar-se cada vez mais devido ao aumento do aquecimento lobal. Tal deve-se principalmente às cidades demasiado populosas e indústrias altamente ativas, que emitem gases demasiado poluentes para a atmosfera. Para além disso, a queima do carvão, as emissões por parte dos veículos e a poeira também são outros grandes responsáveis por este contínuo agravamento. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), as partículas prejudiciais no ar em Pequim são seis vezes maiores do que o recomendado, levando a que grande parte do país esteja rodeado por uma nuvem de fumo. Nesta medida, muitos consideram que a China esteja à beira de um desastre ecológico, o que provoca graves consequências para a natureza e o ser humano. A poluição atmosférica tem vindo a provocar cada vez mais alterações no clima. A temperatura tornou-se instável e imprevisível, com verões bastante secos e invernos extremamente frios, marcados pela ausência de chuva ou neve. O aumento do número de doenças a nível respiratório por conta da inalação dos gases poluentes é outra das consequências da poluição que preocupa os cidadãos. Segundo GanchuluunZundui, médica chinesa que foi entrevistada pela BBC News, em 2019, 300 crianças foram tratadas por dia nas unidades hospitalares, por apresentarem problemas respiratórios. Todavia, foi em 2020 com o aparecimento do Covid-19, que se deu uma mudança de paradigma nos níveis de poluição na China, que viu os seus números a descer. Apenas dois meses depois do início da pandemia, a qualidade do ar melhorou 21.5% devido às diminuições de dióxido de nitrogénio e as emissões de CO2 diminuíram 25%. A par do que acontece no país asiático, nos Estados Unidos a poluição atmosférica é também uma das grandes preocupações. As emissões provenientes de indústrias, escapamento de veículos, operações marinhas e ferroviárias e calefação residencial e comercial são algumas das causas para a poluição e contaminação da atmosfera. Vários são os estadunidenses que afirmam que o automóvel é o grande vilão da saúde pública. São reportadas cerca de 200 mil mortes anuais fruto da emissão de gases poluentes. De acordo com um estudo publicado pela revista Atmospheric Environment, as mortes estão relacionadas com doenças cardiopulmonares e cancro do pulmão. O pesquisador Steven Barrett afirma que a maior fonte de poluentes de material particularmente fino, com diâmetro menor que 2,5 micrómetros, é o transporte rodoviário, responsável por 53 mil mortes, seguida da produção de energia com carvão, com 52 mil mortes.

Y JEFFREY KESLER

No Estado da Califórnia encontra-se o maior foco de poluição, tanto atmosférica, como hídrica, uma vez que a maioria das fábricas das grandes empresas dos EUA estão situadas neste mesmo Estado. Além disso, e tal como acontece em todo o país, grande parte das mortes (21 mil mortes por ano) são atribuídas ao transporte rodoviário e a emissões residenciais e comerciais.

Fotografia: ap

POR JÉSSICA SERRA, JOANA SERAFIM E MARIANA GUERREIRO

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GUIA TURÍSTICO

PARQUES E RESERVAS NATURAIS DE PORTUGAL

Fotografia: seia

Parque Parque Natural Natural da da Serra Serra da da Estrela Estrela

Parque Parque Natural Natural da da Ria Ria Formosa Formosa

O Parque Natural da Serra da Estrela é a maior área protegida portuguesa e situa-se no maciço montanhoso central, num alto planalto inclinado para Nordeste, profundamente recortado pelos vastos vales de rios e ribeiros, como o Mondego e o Zêzere. A paisagem é marcada pelas fragas, rochedos e penhascos, alguns dos quais assumem formas que deram origem a denominações populares como a "Cabeça da Velha" e os "Cântaros", que poderá admirar seguindo os diversos trilhos pedestres existentes. O "Cristal de gelo" foi o símbolo escolhido para o Parque Natural, em alusão às características climáticas e também à origem glaciar desta Serra.

De seguida, sugerimos uma das mais bonitas riquezas naturais do nosso Algarve, tanto pela variedade dos seus habitats como pela sua localização singular. Recentemente eleita como uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, é uma das três áreas protegidas que definitivamente deve visitar nas suas férias no Algarve. Trata-se de um sistema lagunar em permanente metamorfose, devido ao contínuo movimento de ventos, correntes e marés. Toda esta área de extraordinária beleza estende-se ao longo de 60 km da costa sotavento do Algarve pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António desde a península do Ancão até à praia da Manta Rota.

Uma das grandes atrações deste parque, para além da possibilidade de estar em contacto com neve, são os grandes rebanhos de ovelhas que se alimentam nas vastas áreas de pastagem, guardados pelos cães Serra da Estrela, uma raça de cães típica da região. O leite de ovelha, dá origem ao produto mais característico da região, o afamado Queijo da Serra, fabricado artesanalmente, que poderá encontrar nas feiras que se realizam em várias localidades da região.

Um paraíso para os amantes da observação de aves, a Ria Formosa, é uma das áreas de maior preservação das aves aquáticas em Portugal, acolhendo, regularmente, mais de 20.000 durante a época de inverno, principalmente para espécies raras em Portugal como o Camão ou Galinhasultana, ave eleita como símbolo do Parque Natural, e outras espécies emblemáticas como os graciosos flamingos. A Ria Formosa é também conhecida pelo Cão de Água Português, uma raça algarvia ameaçada de extinção. Muito mais há para conhecer nesta área protegida. Poderá ter a oportunidade de fazê-lo quer seja através de um passeio pedestre, como uma visita guiada, quer seja por meio de um passeio de bicicleta, ou de barco, ou de caiaque. Relativamente às Reservas naturais, sugerimos as Reservas das Berlengas e do Estuário do Tejo.

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VIII Parque Parque Natural Natural das das Berlengas Berlengas

Em frente a Peniche e a noroeste do Cabo Carvoeiro, o Arquipélago das Berlengas, por sua vez constituído por três grupos de ilhéus (Berlenga Grande, Estelas e Farilhões), é um reduto da natureza quase em estado selvagem. A Reserva Natural das Berlengas compreende um vasto património marinho de evidente valor, sendo considerada a zona de maior diversidade subaquática da costa portuguesa, com presença frequente de mamíferos marinhos. Para além disto, apresenta-se como o refúgio ideal para muitas espécies de aves migratórias nidificarem. A presença mais marcante é, sem dúvida, a das gaivotas, que estão por toda a parte. Avistam-se também espécies ameaçadas como o airo, pássaro que se assemelha a um pinguim pequeno, escolhido para símbolo da Reserva. A área protegida compreende ainda uma vasta e diversificada flora, com uma centena de espécies herbáceas e arbustivas a maioria comuns ao litoral estremenho. Poderá ainda, visitar o forte de S. João Baptista e o farol das Berlengas.

Fotografia: Viator

Fotografia: berlengas

Parque Parque Natural Natural do do Estuário Estuário do do Tejo Tejo

Por último, recomendamos a Reserva Natural do Estuário do Tejo, situada a norte de Alcochete, Lisboa, que se apresenta como a maior zona húmida do país e uma das mais importantes da Europa, apresentando uma tal vastidão que costuma ser chamado “Mar da Palha”. O estuário adquiriu o estatuto de Reserva Natural, por se apresentar como um santuário para peixes, moluscos, crustáceos e, sobretudo, para aves aquáticas migratórias que nele se detém. Nas épocas de passagem, o Estuário chega a acolher mais de 120.000 aves de que se destacam os Alfaiates. No entanto, são os bandos de flamingos de plumagem rosa que oferecem uma paisagem verdadeiramente deslumbrante. Para além deste santuário marinho, a Reserva Natural do Tejo estende-se até Vila Franca de Xira, numa zona de lezírias, onde se criam touros e cavalos para as touradas à portuguesa. Poderá visitar a Reserva a pé, de bicicleta ou de carro, seguindo os percursos propostos, ou ainda, se quiser ter uma perspetiva diferente, poderá fazer um passeio numa das embarcações típicas que antigamente cruzavam o Rio.

Fotografia: CÂMARA MUNICIPAL DE VILA FRANCA DE XIRA

POR CLÁUDIA SÚCIO E FRANCISCA PUGSLEY

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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SÍNTESE

VEGETARIANISMO

O vegetarianismo e o veganismo, regime alimenta

consumo de alimentos de origem vegetal. Ambos adotados por múltiplas razões: o respeito pela vida

a estética; a religião e a economia. A maior diferen

não consomem nada que seja de origem animal, q

tais como os de cariz higiénico, limpeza, vestuári

carne nem peixe, mas maioritariamente permanec assim se considerarem ovo-lacto vegetarianos, identifica.

Ser vegetariano O vegetarianismo abrange várias tendências de acordo com o seu cardápio, já que interfere inclusivamente no regime alimentar do praticante. Ovolactovegetarianos: São assim designadas as pessoas que optam por não comerem nenhum tipo de carne, porém ainda consomem produtos de origem animal. Lactovegetarianos: São as pessoas que, além de não consumirem carne, também excluem o ovo de suas dietas. Vegetarianos estritos: São pessoas que cortam todos os alimentos de origem animal de sua dieta. Algumas religiões abraçam o vegetarianismo, também por acreditarem no não “consumo da morte”.

POR ANA MORENO E TAMIRES SIQUEIRA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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IX

X VEGANISMO

ar e estilo de vida, respetivamente, baseiam-se no

s, mas em especial o vegetarianismo, podem ser dos animais, a principal; a saúde; o meio ambiente;

nça entre veganos e vegetarianos é que os veganos

quer na sua alimentação, quer em outros produtos,

io e/ou até remédios. Já o vegetariano não come

ce com produtos de origem animal na sua dieta, se o regime com que maioria dos praticantes se

Ser vegan O veganismo é mais que uma dieta, trata-se de um estilo de vida que vai muito além de um regime alimentar. Adotar o estilo de vida vegan é cortar da rotina, dentro do possível, todo o contacto e consumo com produtos que de alguma maneira tenham origem animal (produtos de beleza, vestuário, entre outros). Pessoas que adotam o veganismo para as suas vidas geralmente estão ligadas a questões: Sociais Políticas Ambientais Entre outras. O veganismo cultiva o valor da vida, procurando levar de forma igualitária o valor e a dignidade à vida de todos os animais existentes. Em relação aos insetos e animais que configuram um risco para a saúde, não tomam as devidas previdências e precauções. Muitas vezes, estas situações constituem casos extremos para os veganos.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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CRÓNICA

UMA NOVA REALIDADE: AS MÁSCARAS Foi no dia 2 de março de 2020 que o vírus SarsCoV-2, simplesmente nomeado por «novo Coronavírus», que provoca a doença COVID-19, entrou em Portugal e nas nossas vidas. Pelo menos, foi nessa data que foram registados os dois primeiros casos positivos de infetados. Devido

a

isto,

drasticamente

vivemos diferente

num daquele

mundo que

conhecíamos. Agora, independentemente do nosso desejo e da nossa disponibilidade, o uso da máscara tornou-se obrigatório tanto em espaços públicos como em espaços de trabalho. Não é exagero dizer que se há alguns meses víssemos alguém andar com uma máscara na rua certamente acharíamos que aquela pessoa

Fotografia: Diogo Ventura

estaria a ter um comportamento estranho e peculiar. Ironicamente, o cenário não podia ser

Norma esta, que nos habituou a uma forma de

mais diferente atualmente, ao ponto de o uso da

vida um pouco distinta, onde as faces dos

máscara em espaços públicos se ter tornado

outros permanecem escondidas, como um

uma nova norma.

sombrio e permanente lembrete dos tempos difíceis que teimam em permanecer. Porém, o uso da máscara nem sempre foi recomendado, principalmente

nos

primeiros

meses

de

pandemia, pois as autoridades de saúde afirmavam que transmitia uma falsa sensação de segurança. Todavia, com o decorrer do tempo foi verificado que a máscara era um dos elementos essenciais de prevenção. Entretanto, parte da população ainda tem dificuldade em obedecer, tendo-se criado grupos de pessoas anti máscaras. Contudo, a grande maioria dos portugueses mostrou uma grande adesão às máscaras e considera que usá-las é um dever cívico e uma medida essencial Fotografia: RTP

MUNDO CONTEMPORÂNEO

para

conter

a

propagação

coronavírus. 39

do


IX Devido à constante presença das máscaras no nosso quotidiano, estas tornaram-se mais do que apenas uma forma de prevenção e proteção, como também uma forma de expressão por parte de certos indivíduos. É habitual vermos nas ruas vários tipos de máscaras, que incorporam diferentes cores ou formas. Por outras palavras, as máscaras tornaram-se uma forma de as pessoas em geral exporem os seus gostos e estilos. Para alguns a máscara foi incorporada como uma extensão daquilo que gostam de vestir e de como gostam de se apresentar perante os outros. Para além disto, também existem máscaras incorporadas como forma de protesto e símbolos de alerta para problemas como o aquecimento global ou injustiças sociais, mostrando deste modo o quão versátil o uso das máscaras pode na verdade vir a ser e de como o seu uso pode apresentar diversos significados em função das pessoas que as utilizam e dos contextos.

Fotografia: Pinterest

Fotografia: vogue

Não é difícil de acreditar que o uso das máscaras pode servir de lembrança de como alguém se deve comportar em público e de como uma simples peça de vestuário nos pode conectar, demonstrando, de certo forma, uma expressão de individualismo e de solidariedade e de como as máscaras são parte de um novo estilo de vida, símbolo de moda e um novo modo de sobrevivência na era da Covid-19.

POR ANA INGLÊS, ROBERTO PEREIRA E TERESA ALEXANDRE

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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Nelson Mandela

Fotografia: acnur - comitĂŠ espanhol


CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO | 2º ANO


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