Mundo contemporâneo 7ªedição nº1

Page 1

MUNDO CONTEMPORÂNEO

MUNDOCONTEMPORÂNEO. ISSUU | NOVEMBRO 2015

7ª E dição | N.º1 M ensal | D istribuição O nline

01

Fotografia de: Muhammed Muheisen


ÍNDICE SOCIEDADE 06 OPINIÃO Uma visão do futuro com os recém-chegados 08 REPORTAGEM Os refugiados aos olhos dos algarvios

POLÍTICA 10 CRÓNICA Eleições, o seu final... 12 ANÁLISE Imprensa estrangeira e a situação política portuguesa

CULTURA 14 REPORTAGEM Feira de Santa Iria 16 GRANDE REPORTAGEM Pálacio de Estoi, entre a memória e a atualidade

INTERNACIONAL 20 CRÓNICA Nova rota no velho continente 22 REPORTAGEM A vida de uma criança refugiada

CIÊNCIA E TECNOLOGIA 24 ANÁLISE Os gadgets mais famosos de 2015 26 ANÁLISE As funcionalidades do novo IPhone

02


ECONOMIA E EDUCAÇÃO

ENTREVISTA UALG em constante crescimento 28

CRÓNICA Que futuro se espera para a educação em 30 Portugal?

MODA

NOTÍCIA A moda regressa à capital 32 ENTREVISTA Backstage - Um olhar sobre a Moda Lisboa 34 NOTÍCIA A fragância espacial 36 CRÓNICA A passerelle serve a todos 38

CINEMA E TELEVISÃO

REPORTAGEM American Horror Story: Uma viagem de 40 horror NOTÍCIA Netflix chegou a Portugal 44 OPINIÃO Séries do Momento 46

DESPORTO CRÓNICA Futebol: uma modalidade desportiva ou uma 48 fábrica de dinheiro? CRÓNICA A corrupção no Futebol 50 REPORTAGEM Toca a acordar, Mister 52 ENTREVISTA O que mudou na arbitragem... Ou não 54

03


EDITORIAL

Distribuição: Online Periodicidade: Mensal Escola Superior de Educação e Comunicação Morada: Universidade do Algarve Estrada da Penha, Campus da Penha 8005-139 Faro Portugal

http://esec.ualg.pt/home/pt

04


Vivemos num Mundo Contemporâneo. Um mundo historicamente ocidental repleto de mudanças – muitas delas positivas – mas, essencialmente, um mundo que ainda trata a sociedade como uma equação. Uma equação onde seres humanos não passam de números e onde a sua humanidade se encontra dentro de parêntesis fechados. Liderar esta série da revista Mundo Contemporâneo (MC) constitui para todos nós escritores, criadores, criativos e apaixonados pelo conhecimento e pela História – um enorme orgulho. A partir do momento em que abraçámos a tarefa de dar continuidade a este projeto, decidimos abordar temáticas atuais e comuns em toda a parte do mundo. Num tempo em que o mundo está mais próximo do que nunca, continuamos a encontrar entraves à resolução dos grandes problemas que, ainda hoje, dois séculos após as revoluções que lhe deram origem, permanecem na contemporaneidade dos nossos dias. Da parte da direção da MC, congratulamos todos os intervenientes neste projeto informativo e reflexivo, que se esmeram a apoiar e a desenvolver uma ideia há muito lançada por colegas nossos. Esperamos que a leitura destes artigos vá ao encontro das preocupações de muitos de vós, queridos leitores, e que, daqui a mais um século, vos continue a fazer tanto sentido e a ser tão atual como hoje.

Por Madalena Inverno (Diretora) e Stefanie Palma (Subdiretora)

Fonte Mundo Contemporâneo

Docente: Aurízia Anica | Diretor Editorial: Madalena Inverno, a52694@ualg.pt | Subdiretor Editorial: Stefanie Guerreiro, a51711@ualg.pt | Diretor de Arte: Beatriz Teixeira, a52791@ualg.pt | Subdiretor de Arte: Marta Santos, a51766@ualg.pt | Coordenador Sociedade: Emídio Pontes, a52270@ualg.pt| Coordenador Cultura: Marc Gorzelniak, a52234@ualg.pt | Coordenador Ciência e Tecnologia: João Campos, a52869@ ualg.pt | Coordenador Economia e Educação: Sara Caldeira a51655@ualg.pt| Coordenador Desporto: Alexandre Santos, a52691@ualg.pt | Coordenador Política: Ricardo Catarro, a52622@ualg.pt | Coordenador Internacional: Solange Antunes, a52998@ualg.pt | Coordenador Cinema e Televisão: Mariana Ramos, a52071@ualg.pt | Coordenador Moda: Joana Filipa, a51624@ualg.pt

facebook.com/revistamundocontemporaneo2015

05


01 SOCIEDADE OPINIÃO

Fonte Organização 350

UMA VISÃO DO FUTURO COM OS RECÉM-CHEGADOS Por Emídio Pontes.

O

assunto da chegada dos refugiados a Portugal tem dado que falar um pouco pelo país inteiro. Quase como se isso se tornasse mais importante que todas as outras preocupações atuais existentes num país que se considera desenvolvido mas em que, em variadas áreas básicas, se nota um pouco de falta de desenvolvimento. Ainda há muito a rever na área da política, da economia, da educação, da produção, no entanto, observa-se o foco no acolhimento a estas pessoas que precisam

de ajuda iminente. Compreendo perfeitamente este espírito de solidariedade para com os outros (por mais que haja escassez da mesma entre aqueles que são o “nosso povo”). Fica muito bonito aos olhos do mundo ver um país que ainda se encontra a recuperar de uma crise bem acentuada, receber de braços abertos estas pessoas necessitadas de refúgio. Mas será isto visto com bons olhos por quem cá está? Sinceramente, ouço mais opiniões negativas que positivas quanto a esta situação.

06


01 SOCIEDADE Refletindo um pouco sobre a cultura deste povo, parece a alguns que este é constituído maioritariamente por radicais, com uma mentalidade bem conservadora e uma religião que dita todo o seu dia-a-dia, deixando que esta os domine. Prova disso são as constantes queixas dos países que já se encontram com refugiados quanto a motins e revoltas dos mesmos por motivos “simples” como, por exemplo, a simbólica Cruz de Cristo. Tenho a dizer que não sou religioso, considero-me ateu, e assim serei até encontrar alguma religião que tenha fundamento suficiente para “merecer” a minha crença. Mas sei comportar-me como um ser humano racional que, embora não compreenda esta religião, sabe respeitar quem a segue e os seus símbolos. Algo que não vejo acontecer por parte destes refugiados. Entendo que seja uma questão de cultura e que ninguém se deve subordinar a uma cultura diferente por mudar de país, mas vamos analisar a condição destes: estão vulneráveis, a precisar de ajuda. Ora, quem precisa REALMENTE de ajuda está capaz de a receber seja de onde for, aceitando os termos da mesma desde que estes não violem a sua dignidade pessoal. Refiro também que a Europa é um continente maioritariamente cristão, mas sem impor a religião a ninguém. Nesta perspetiva, temos os fatores para que a vinda dos refugiados seja bem mais prejudicial que benéfica. Analisando agora de uma perspetiva diferente, Portugal é um país que sofre imenso de emigração, principalmente na camada mais jovem, na procura de melhores condições de vida e de trabalho. Ora, como é que vamos receber ainda mais gente e dar ofertas de emprego e inserção social, quando os nossos jovens não conseguem integrar no mundo do trabalho? Iremos despedir quem já trabalha? Iremos dar as nossas escassas oportunidades de trabalho a estes refugiados? Uma questão para refletir e que só o futuro irá responder. Outro ponto a analisar é a ajuda mensal que cada um destes refugiados irá receber. Até há bem pouco tempo, o ordenado mínimo em Portugal não chegava aos 500 euros. Agravando

esta situação, tínhamos uma subida dos impostos. No entanto, para os refugiados, a Europa está disposta a financiar 500 euros por cada adulto e 300 por cada criança. Ora, os que recebem o ordenado mínimo trabalham um mês inteiro para auferirem pouco mais que os 500 euros oferecidos pela Europa a estes refugiados. Onde estava toda esta ajuda, quando o nosso país bateu no fundo do poço, quase declarando a banca rota? Onde estava esta solidariedade e apoio quando centenas de famílias abdicaram dos seus bens para conseguirem sobreviver com o básico? Afinal, a União Europeia é apenas União para algumas coisas? Esta é outra questão que me deixa confuso. Por fim, quero refletir sobre o impacto social que esta realidade trará. Ora, quem vai receber estas pessoas como seus vizinhos não deverá estar preocupado? As crianças agora já mal brincam na rua devido ao medo dos pais. E agora? Com a chegada deste povo, que é visto por alguns como marginal e radical, como se sentirão os que terão de conviver diariamente com estas pessoas? Alguém se perguntou sobre a instabilidade e o medo que isto poderá trazer? Dizem que estão a fazer uma seleção destes refugiados, no entanto, com os milhares a querer entrar na Europa, acho que se torna difícil escolher a dedo quem é que realmente deve entrar ou não. Para não falar no perigo do terrorismo que poderá estar a entrar na Europa com os refugiados. Será um mito? Outra pergunta que o futuro irá responder. Concluindo, esta ajuda é merecida porque a dor e o medo de morrer a qualquer momento ou perder tudo deve ser enorme, mas será que os refugiados nos irão respeitar e adaptar-se ou será que nos vão conduzir para um cenário ainda mais negro? São as dúvidas que pairam na minha cabeça e, certamente, na de muitos portugueses. Agora, é uma questão de esperar para ver. Lá no fundo, ainda há uma parte de mim que acredita que a integração dos refugiados poderá resultar mas, mais uma vez, as dúvidas que pairam são mais fortes que qualquer esperança.

07


01 SOCIEDADE REPORTAGEM

OS REFUGIADOS AOS OLHOS DOS ALGARVIOS Por Andreia Almeida, Cristiana Brito e Neusa Jesus..

“SONHO COM O DIA EM QUE TODOS SE LEVANTARÃO E COMPREENDERÃO QUE FOMOS FEITOS PARA VIVERMOS COMO IRMÃOS.” - Nelson Mandela

N

uma altura em que são cada vez mais os grupos de refugiados que tentam chegar aos países da Europa, Portugal não é exceção. Os assuntos que envolvem a questão dos «refugiados» já não são, por si só, temas fáceis de abordar e, quando se especula sobre a possibilidade de se vir a tornar numa realidade cada vez mais próxima, acabam por provocar desassossego e inquietação. Na sequência da divulgação de que Portugal iria, tal como outros países Europeus, acolher refugiados, é lançada a hipótese de que o primeiro centro de acolhimento do país seja instalado na Fuseta, em Olhão.

rantidas todas as condições básicas», bem como «escolas para as crianças e trabalho para os adultos». Isabel afirma ainda que não vê qualquer tipo de problema na vinda dos refugiados para o país, desde que estes sejam «acolhidos de forma controlada e estruturada». Por outro lado, «se chegarem sem controlo, será certa a ocorrência de situações desagradáveis do ponto de vista económico e social», não só na zona oriental algarvia, mas em todo o país. Cristina Martins, também residente em Olhão, partilha a mesma opinião que Isabel no que toca à garantia das condições necessárias ao bem-estar, e condena quem se refere aos refugiados como uma «praga», «não chamo praga, mas considero que vamos ter um grave problema económico e social para o nosso país». No entanto, considera que o impacto deste acolhimento será «muito negativo», uma vez que «não somos um país rico» e «temos atravessado uma fase difícil». Cristina alega ainda que «há muito trabalho a fazer em Portugal de natureza social e de desenvolvimentos cívico e humanitário.» Enquanto uns afirmam que o impacto da chegada não vai ser muito significativo, outros defendem que os portugueses vão passar a viver receosos.

Contudo, apesar de ainda não haver certeza quanto à localização das instalações de acolhimento, a opinião dos habitantes do sotavento algarvio divide-se. Isabel de Jesus, residente há alguns anos em Olhão, admite que se sente incomodada em relação à vinda das vítimas da guerra para território nacional. Este desconforto prende-se essencialmente com a incerteza das circunstâncias após a chegada, uma vez que «têm que ser ga-

08


01 SOCIEDADE

Fonte Periódico Correio

Sofrimento versus ódio.

No entanto, não escondem o seu desagrado e receio inerentes a esta mudança, «se é para ajudar, que sejam ajudados com as mínimas condições», argumentando que a Fuseta não tem capacidade para garantir condições a estas pessoas «que almejam uma vida melhor». No que diz respeito à «amabilidade» dos portugueses, a opinião é unânime: «claro que será fácil sentirem-se acolhidos», tendo em conta «o povo que somos» e «as condições que tinham», afirma Cristina. Apesar de concordar, ao declarar que «se for usado o estilo português de se ajustar para agradar ao estrangeiro, sentir-se-ão verdadeiramente acolhidos», Isabel confessa que, pelo contrário, «se os portugueses forem exatamente como são», incluindo «ter a religião católica tão presente no dia-a-dia, duvido que se sintam acolhidos.» Quando surgiram as primeiras impressões por parte dos países Europeus face à atual situação dos refugiados, o Papa Francisco proferiu que, atualmente, o mundo vive numa espécie de 3ª Guerra Mundial. Posto isto, é essencial que a desigualdade seja posta de lado e que a atual situação mundial seja o pontapé de saída para que o mundo se transforme num lugar melhor e mais justo. Tal como afirma Cristina, vive-se, hoje em dia, «numa guerra de valores» na qual «o dinheiro é o valor mais alto» e «a vida humana não tem qualquer importância». «Temos os valores completamente invertidos e é esse o grande problema da Humanidade», remata Cristina.

Para Sandro Dionísio, louletano, a palavra que melhor define o dia-a-dia destas famílias vítimas da guerra é «sofrimento». «Não consigo pensar na dor e sofrimento destas pessoas, ao deixar para trás familiares e amigos, uma vida, uma cultura», todos estes sacrifícios «em prol de uma vida melhor, longe da guerra, da fome e da pobreza». Porém, para Sandro torna-se inevitável não fazer referência ao «ódio» que vê «em relação a estas pessoas». «Umas alegam medo, outras, incerteza», mas Sandro confessa «que não estava à espera de ver tanta propaganda de ódio dos portugueses», contra os refugiados e que, na sua opinião, a única «praga» que existe, neste momento, é «nas redes sociais», uma praga de «pessoas com mentalidade xenófoba». Na visão de Sandro, o número (ainda indefinido) de refugiados que o centro de acolhimento da Fuseta irá receber «não será suficiente para gerar um grande impacto». Sandro adianta ainda que «se forem bem distribuídos pelo país», ninguém irá sentir «grandes mudanças». Consequentemente será de esperar que «haja um grande mediatismo nas primeiras semanas», no entanto, quando se tornar habitual, acabará por cair no «esquecimento». Os habitantes da região da Fuseta mostram-se, no geral, recetivos à chegada dos refugiados, uma vez que, tal como afirma Maria Antunes, habitante desta pacata vila, «Todos somos seres humanos, e todos merecemos ser ajudados».

09


02 POLÍTICA CRÓNICA

ELEIÇÕES, O SEU FINAL... Por Ricardo Catarro.

10


Fonte Blog Gladius

N

02 POLÍTICA

oite de 4 de outubro. Cavaco Silva decide convidar Pedro Passos Coelho a formar Governo. Decidiu fazê-lo antes de ouvir os Partidos que foram a sufrágio. Quem sabe se terá tomado tal decisão por se tratar do seu Apóstolo preferido… O Presidente da República pode teimar em fazê-lo “doa a quem doer”. O problema é conseguir que

um Governo oriundo dessa teimosia venha a ter aprovação e apoio na Assembleia da República. E, não tendo, as dores são capazes de mudar de costas… Durante a campanha eleitoral, Catarina Martins mostrou-se disponível, num debate com António Costa, a dialogar com o mesmo no dia 5. E se todos ficámos com a ideia de que o PS viabilizaria um Governo PSD-CDS no dia 4, quando Jerónimo de Sousa disse que o PCP estava disposto a abrir também a porta às negociações, e que a nova correlação de forças na AR fazia com que o PS só não formava Governo se não quisesse, isso fez com que Costa fizesse a mesma figura que Martim Moniz em 1147: ficou entalado. O eventual acordo, ainda sem ter acontecido, já fez correr rios de tinta e parece atormentar muita gente de bem. Por outro lado, os críticos mais aficionados da PÀF acreditam que estas eleições, e todo o seu desenrolar, já valeram bem a pena só para ver as caras de Passos quando diz que ainda não ficaram claras as intenções do PS, e de Portas ao invocar uma tal “tradição constitucional”. O referido acordo e a tomada de posse de um Governo PS, podem revelar-se um tiro no pé do próprio PS, caso este venha a tentar pôr em prática o programa que apresentara, dentro de uma “pastinha” e com “as contas feitas”, durante a campanha eleitoral. Sabemos que este programa não satisfaz nem PCP nem BE, e assim que o PS apresentar a primeira proposta de “cortes nas pensões” ou de “privatizações”, a tão aclamada “união das esquerdas” fugir-lhe-á debaixo dos pés. Por outro lado, o PS terá sempre muita dificuldade em fugir do seu passado recente dos “PECS” e do “Memorando de entendimento”. Em conclusão, eu, que não partilho quaisquer crenças espirituais ou religiosas, tenho cá um palpite que o próximo Governo a tomar posse, seja ele qual for, não conseguirá ultrapassar um segundo ano de legislatura. Convenhamos até que o primeiro consenso a que PS, PCP e BE chegaram deve ter sido o da não atribuição de durabilidade ao acordo a celebrar.

11


02 POLÍTICA ANÁLISE

LEGISLATIVAS 2015 NA IMPRENSA INTERNACIONAL Por Carlos Gois, Tânia Lucas e Margarida Sousa.

Fonte When the Crisis hit the Fan

S

egundo análise da imprensa internacional, o resultado das legislativas do passado dia 04 de outubro, revelam que o povo Português aprovou a austeridade, virando à direita. Salientam o facto de Pedro Passos Coelho ter sido o primeiro a aplicar o programa de austeridade e ser reeleito primeiro ministro de Portugal, em coligação de dois partidos, manifestando-se a seu favor 36,86% dos votos.

No entanto, esta vitória, longe da maioria absoluta, irá implicar um governo mais frágil, necessitando de alguns acordos para governação. Desde a implementação da democracia em abril de 1974, nenhum governo minoritário cumpriu o seu mandato até ao fim. Estas foram as primeiras eleições, após anos de recessão económica que só começou a inverter-se no ano transato.

12


02 POLÍTICA Do outro lado do oceano atlântico, o “New York Times” compara a vitória de Passos Coelho ao primeiro ministro britânico David Cameron, como dois líderes conservadores que “beneficiaram de uma recuperação económica”. A estabilidade política portuguesa pode tornar-se um grande desafio, com a aprovação do orçamento de estado para 2016. O facto de a abstenção ter sido cerca de 43,07%, demonstrou o desânimo e apatia por parte dos eleitores portugueses. A recente turbulência política Grega no que respeita às negociações de resgate ajudou Passos Coelho a aumentar o desentendimento entre a já fragmentada esquerda em Portugal. A dívida pública, cerca de 125% do P.I.B, está entre as mais elevadas da Europa. Este jornal realça ainda que o país foi recentemente atingido pelo colapso da família Espírito Santo e que o custo de resgatar o banco com o mesmo nome fez aumentar o défice português de 2014. Em França, os títulos são basicamente idênticos, salientando “uma larga vitória da direita”. O jornal “Le Monde” refere que a coligação de direita venceu as eleições, mas não conseguiu manter a maioria absoluta no Parlamento. Pedro Passos Coelho reconheceu a sua perda no discurso em direto após serem conhecidos os resultados, declarando estar disponível para formar um novo governo. Pedro Passos Coelho, que procedeu a grandes cortes orçamentais e a um aumento de impostos sem precedentes, manifestou ainda que estava «satisfeito com o trabalho». A vitória do governo de coligação, formado pelo Partido Social-Democrata (PSD) e o seu aliado minoritário, o Partido Popular (CDS-PP), segundo este jornal, seria algo impensável até há poucos meses. O “Le Figaro” menciona, também, o facto de o primeiro-ministro ter vencido as eleições, mas ter perdido a maioria absoluta no parlamento. Refere ainda que, embora frágil, é bastante positiva a recuperação económica do país. O “Liberation” escreve, no mesmo contexto, «larga vitória da direita em Portugal». A imprensa britânica, nomeadamente o “Financial Times”, refere que, o resultado das eleições irá implicar um acordo entre os partidos

da coligação com o PS, de forma a tornar viável a formação de um governo. Já o “The Guardian” destaca que as eleições «resultam em mais um governo de esquerda expulso do poder na Europa». O “Times” manifesta as boas vindas pelos investidores a um governo de centro-direita. O jornal “Portugals National Newspapers in English” escolheu como título de capa «O Impasse Eleitoral e agora?», dando destaque ao primeiro encontro entre Passo Coelho e António Costa, numa tentativa de evitar um impasse político, depois de nenhum partido conseguir ganhar maioria absoluta, explicitando uma vez mais que os 38% de votos que a coligação PSD-CDS obteve foram insuficientes. A imprensa Espanhola, não querendo dar grande relevo as eleições em Portugal, teve nos jornais “El País” e “El Mundo” os seus maiores comentários. O “El País” na sua capa escreve que a direita «consegue uma vitória calma», salientando uma viragem à direita da política Portuguesa. O “El Mundo” dá destaque, afirmando que «Portugal vira à direita para sair da crise». Em Itália, os jornais ”La Stampa” e ”Corriere della Sera” escrevem que em Portugal vence o centro-direita. Por último, os jornais alemães basicamente referem que os resultados são uma derrota “castigo” para a esquerda, para Sócrates, entregando o poder aos conservadores. Em síntese, as leituras da imprensa internacional relativas aos resultados das últimas eleições legislativas portuguesas não ponderaram, nem sequer previram, os mais recentes acontecimentos tendentes a afastar a coligação PàF do exercício do poder político, apesar de esta ter sido a força política vencedora.

13


03 CULTURA REPORTAGEM

Fonte ashterdesign

Por Catarina Pereira e Filipa Grade.

O LARGO DE SÃO FRANCISCO VOLTOU A ACOLHER MAIS UMA EDIÇÃO DAQUELA QUE É UMA DAS MAIS TRADICIONAIS E ANTIGAS FEIRAS DO ALGARVE 14


03 CULTURA Fonte My Sound Magazine

C

om origem medieval, a feira de Santa Iria voltou em força este ano. Organizada pela empresa Ambifaro, em parceria com a Câmara Municipal, esta foi considerada a maior edição de todos os tempos, trazendo algumas novidades, entre as quais, a atribuição de nomes às ruas e largos, todos eles relacionados com a história e identidade de Faro e da própria Feira. Novidade que agradou a Maria de Fátima, de 72 anos. Nascida e criada em Faro, visita a feira de Santa Iria desde criança, e não esquece como era antigamente: «era diferente (…). Havia circo, era maior e as tendas estavam nas ruas também (…) era tudo menos sofisticado, e chegava a chover mesmo lá dentro». Outra das inovações foi a ampliação da tenda das Atividades Económicas «para quase o dobro em relação ao ano passado, com um vasto leque de produtos e serviços» e do número dos pavilhões para as associações e instituições, que quase duplicaram, conseguindo ao todo 26 entidades «cuja atividade se relaciona com a causa animal, social, desportiva e cultural», segundo Bruno Lage, presidente do conselho de administração da Ambifaro. Em relação aos divertimentos também a diversão Transformer, com cerca de 30 metros, colocou à prova os nervos dos mais corajosos. Para além das novidades não faltaram as tradicionais farturas e os churros de diversas roulotes, assim

como as típicas diversões e todos os corredores de tendas repletos de produtos tradicionais e artesanais. As más condições climatéricas que caracterizaram alguns dos dias desta edição causaram desânimo aos trabalhadores: «este ano não foi como desejávamos (…) perdemos imensas horas de trabalho devido ao mau tempo (…). Afinal isto é a minha vida», confessa Jorge, proprietário da Roda Gigante, que trabalha na feira desde os seus quinze anos, sendo assim um dos feirantes mais antigos em Portugal. Bruno Lage acrescenta ainda que «esta tradição está longe de acabar, embora seja inevitável adaptar estas feiras à evolução dos tempos e às exigências do mercado». Contudo, são cada vez mais aqueles que apreciam e valorizam os produtos endógenos e tradicionais e até a forma mais antiga e artesanal como são vendidos, fabricados e embalados.

15

Fonte Mundo Contemporâneo


03 CULTURA GRANDE REPORTAGEM

PALÁCIO DE ESTOI, ENTRE A MEMÓRIA E A ATUALIDADE Por Adriana Guerreiro, Janine Jesus, Marc Gorzelniak e Stefanie Palma.

16


03 CULTURA

Fonte Mundo Contempor창neo

17


03 CULTURA GRANDE REPORTAGEM

C

A História

aminhando pela aldeia de Estoi, ergue-se sobre uma pequena elevação o palácio de Estoi, considerado por muitos como “O Queluz do Sul”. Este foi construído na década de 80 do Séc. XVIII, em plena época Barroca. A ideia da construção desta majestosa obra deveu-se a um nobre local, que acabou por falecer pouco tempo depois do início da construção do mesmo. A construção deste palácio provém dos rendimentos do morgado Francisco Coutinho, filho mais velho de Fernando José de Seabra Neto, que fora capitãomor da cidade de Faro. Francisco José Moreira de Brito Pereira Carvalhal e Vasconcelos, filho varão de Fernando Neto acaba por seguir, à semelhança do seu progenitor, uma carreira militar. Anos mais tarde, após a data do falecimento do seu pai herda uma enorme quantidade de bens, entre eles os terrenos situados em Estoi. Existe, no entanto, um dado bastante peculiar que é importante referir: no seu testamento, o progenitor pede que se construa na Quinta uma capela ou Ermida pública a São José. Em consequência deste pedido, Francisco Vasconcelos decide reestruturar a Quinta e dar início à construção do palácio. Posteriormente, em 1893, foi adquirido pelo futuro visconde de Estoi, Francisco José da Silva, que deu poderes ao arquiteto Domingos da Silva Meira para o restaurar. O Palácio foi habitado pelos descendentes desta família até à década de 80 do Séc. XX, tendo sido classificado como Imóvel de interesse público em 1977. Comprado, em 1987, pela Câmara Municipal de Faro, ficou abandonado e sem uso até 2007, quando se iniciaram as obras de recuperação.

18

O

A Atualidade

palácio foi cuidadosamente restaurado e transformado numa pousada, atualmente gerida pelo grupo Pestana. Preservou-se todo o edifício original, tendo sido construído um anexo do lado ocidental para albergar os hóspedes. A arquitetura colorida do palácio contrasta fortemente com o estilo moderno e funcional da parte mais recente; mesmo assim, o conjunto integra-se bem na paisagem. A parte histórica faz lembrar o palácio de Versailles, com os seus três luxuosos salões, cuidadosamente decorados com pinturas nos tetos. É aqui que se encontra também o restaurante do hotel, que serve principalmente pratos tradicionais do Algarve, bem como especialidades da vila. No edifício antigo inclui-se ainda uma pequena capela, dedicada a S. José. No exterior, o jardim geométrico, de estilo francês, impressiona qualquer visitante. De ambos os lados, há uma pequena sala de chá. Fontes e painéis de azulejos enfeitam este local, bem como um conjunto de estátuas e bustos, entre os quais estão representadas figuras como Milton, Moltke, Schiller e Goethe. A estátua mais interessante é, sem sombra de dúvida, a Preguiça, cujo nome é uma representação literal da sua atitude: deitada junto de uma das fontes, e apesar de estar com sede, não se levanta para beber a água. Quem diria que, mesmo sendo demasiado preguiçosa para se mexer, na verdade já viajou além-fronteiras? Em 2006 foi roubada do palácio, e foi encontrada somente há um ano, em Espanha. Restaurada, voltou ao palácio para retomar a


03 CULTURA

Fonte Mundo Contemporâneo

sua principal tarefa de não fazer nada… Do lado oeste do jardim, um portão em ferro forjado dá acesso à piscina. Ao contrário da parte histórica, em que qualquer pessoa pode entrar, o edifício onde se situam os quartos está reservado aos hóspedes. No total, são 63 quartos, todos virados para sul. Assim, todos os hóspedes têm a possibilidade de desfrutar tanto do sol, como da magnífica vista panorâmica, que se estende à cidade de Faro e à Ria Formosa. Segundo Filomena Martins, rececionista, a grande maioria dos visitantes e clientes são estrangeiros, principalmente alemães, holandeses e britânicos. Normalmente, a beleza do palácio é a razão pela qual escolhem a pousada. Deve ser dos poucos casos em que o hotel, no qual se fica hospedado, é ao mesmo tempo a principal atração turística do local que se visita. Desde que a pousada abriu em 2009, o balanço tem sido muito positivo: no verão, costuma estar com lotação quase esgotada, e a excelência do serviço é confirmada pelos diversos sites de avaliação de hotéis, em que a maioria dos comentários dá pontuação máxima. Isto motivou também a integração na cadeia internacional Small Luxury Hotels. Além do mais, o palácio acolhe frequentemente festas, jantares e casamentos, dispondo de um espaço com lotação para 200 pessoas, naquilo que eram antigamente as cavalariças. As obras de melhoramento ainda estão a decorrer, com a construção de um parque de estacionamento especial para estes eventos.

E

A Vila

stoi é uma vila pequena, que se encontra apenas a dez quilómetros a norte da capital algarvia. Com a abertura da pousada, o potencial turístico aumentou drasticamente, o que influenciou o comércio. Nas proximidades do palácio, abriu uma loja de souvenirs e produtos tradicionais, tais como compotas de figo, abóbora, pasta de azeitona, azulejos e postais com a imagem do palácio. Stefano Malobbia, italiano, abriu o negócio este ano e, até agora, tem-lhe estado a correr bem. Designer gráfico de profissão, chegou até a editar um livro sobre as pousadas em Portugal, que não inclui informações sobre o palácio porque foi editado antes do seu restauro. Apesar de se encontrar a poucos minutos de Faro, a aldeia parece estar um pouco abandonada. É esse o fator que mais preocupa uma das habitantes, que prefere ficar anónima. Sente falta do convívio de outrora, embora reconheça que há locais bem mais isolados em Portugal. Quanto ao palácio, acha que os estoienses não lhe dão a devida importância, pois apenas vê estrangeiros a visitá-lo. Ela conhecia a última proprietária do palácio, Maria de Melo, descendente da família que o mandou construir. Segundo a mesma, a proprietária não se dava bem com as pessoas da vila, e saía raramente do palácio. Um retrato bem diferente daquele que Amélia Domingues Guerreiro faz. «No dia de Reis, fazíamos sopa para os pobres» recorda, descrevendo a antiga detentora do palácio como uma pessoa amável e simpática. Amélia vive numa pequena casa nas traseiras do emblemático edifício. Sempre trabalhou no palácio, como empregada doméstica, no campo, a tratar dos animais, etc. Ainda hoje, com 82 anos, entrega todos os dias os jornais à pousada como voluntária. Considera o restauro deste património muito positivo, uma opinião que parece ser partilhada pela maioria dos habitantes da aldeia.

19


04 INTERNACIONAL CRÓNICA

NOVA ROTA NO VELHO CONTINENTE Por Karla Scarmigliati.

Fonte Boas Divagações (Adaptado)

20


04 INTERNACIONAL

«Terra à vista!» O grito de um

ria lhe perguntado se no Brasil caçávamos antes de comer, como nas sociedades primitivas. Teria sido brincadeira? Ou seria ignorância do interlocutor? De toda forma está claro o descaso com o povo brasileiro, não é mesmo!? Ao voltar para meu novo lar, entretanto, encontrei reunidas as minhas colegas portuguesas de apartamento. Precisei fazer consertar um equipamento, mas não entendia as instruções, pois não percebia algumas palavras, elas vieram me ajudar, sem que eu pedisse nada. Lembrei-me, então, que desde que cheguei, em todas as vezes que precisei de ajuda elas estavam sempre dispostas. Senti-me, novamente, um pouco mais reconfortada. Mas, como cristã, brasileira com sangue português nas veias, não conseguia tirar da cabeça imagens como do pequeno Ayslan Kurdi, menino sírio encontrado na praia da Turquia em uma das milhares de tentativas de fugas frustradas. Ayslan não teve a mesma sorte da família real, em 1820, que encontrou no Brasil um novo lar. A crise migratória, aqui na Europa, deixou, há muito, de ser um problema só da Síria ou da Turquia. Vivemos uma crise humanitária. Todo o planeta será afetado. Como agora vivo aqui - pelo menos pelos próximos meses - espero que meus irmãos lusitanos, especialmente aqueles mais resistentes, imaginem o desespero dessas pessoas que em frágeis botes infláveis não conseguem gritar “terra à vista” como os aventureiros portugueses do passado.

navegador Português ao avistar o Monte Pascal, na Bahia, no distante abril de 1500, ainda ecoa pelos quatro cantos do planeta. A Nova Terra descoberta ao acaso foi a salvação para a frota do aventureiro Pedro Álvares Cabral, que perambulava perdido pelo Atlântico em busca de um “atalho” para as Índias. Mas não foi só a frota de naus comandada por Cabral que se salvou graças ao Brasil. Quando o louco francês Napoleão Bonaparte, em 1820, decretou o Bloqueio Continental e invadiu Portugal, Dom João e a família real debandaram para a “terrinha”. E trouxeram com eles cerca de 10 mil “refugiados” da corte, que foram recebidos de braços abertos. Sim! Isso mesmo! Refugiados, apavorados pela sandice do Imperador Bonaparte. Para seu povo, Napoleão era um “conquistador”. Mas para outros, era um sanguinário como os aloprados terroristas do Estado Islâmico ou dos carniceiros do Al-Qaeda. E como dizem que a história se repete, eu estava em um café de Faro, cidade de Algarve, quando escutei na televisão uma reportagem sobre a chegada, neste mês, de refugiados para Portugal. Naquele momento não tive como não fazer uma ligação entre o passado e o presente. Estariam esses refugiados na mesma situação da família real a fugir da fúria do Imperador Bonaparte? No dia seguinte, fui à pastelaria comprar algo para o pequeno almoço. Lá, estavam duas crianças negras a brincar na rua, enquanto o pai tentava comprar alguns pães. O rapaz, um possível imigrante, de aparência jovem, tenta falar português. Entretanto, não conseguia entender o que a funcionária, com seu português frenético, respondia. Impaciente com o estrangeiro, ela então exclamou: - Se não consegues entender, sinto muito! É melhor comprar em outro lugar! Não houve outra tentativa de comunicação. Aquela cena, para mim, bateu como uma agressão. Certamente, uma estudante branca como eu, mesmo se não dominasse bem o idioma, teria melhor sorte com a balconista. Triste com o que vi, segui adiante para encontrar com uma amiga brasileira. Para a minha surpresa, ela começou a contar que uma pessoa te-

21

Fonte Boas Divagações (Adaptado)


04 INTERNACIONAL REPORTAGEM

A VIDA DE UMA CRIANÇA REFUGIADA Por Adriano Bom, Carolina Lagarto e Solange Catarina.

Nos dias de hoje, as crianças refugiadas são as que mais sofrem, no entanto, não são notícia em jornais reconhecidos. Milhares delas passam fome e não têm condições de vida. Estes pequenos refugiados, depois de vivenciarem momentos muito difíceis, poderão nunca mais voltar a ser os mesmos. «Quem quer pôr bombas vem de avião, não se mete em barcos que podem afundar». Foram estas as palavras usadas por António Guterres, antigo primeiro-ministro Português e atual Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, quando questionado sobre a maior crise de refugiados do século XXI. Todos os dias, dezenas de barcos em mau estado atravessam o Mediterrâneo na rota com mais afluência para chegar à Europa. Adultos e principalmente crianças tentam fugir de uma guerra que não é deles. A grande maioria vem na esperança de encontrar um local onde consiga sobreviver até a guerra acabar. O número de crianças deixadas para trás quando os progenitores morrem aumenta todos os dias, sendo estas consideradas orfãs. Em Atenas, dezenas de menores, entre os 12 e os 17, foram encontrados em prisões policiais com condições desumanas. Estas crianças tinham apenas direito a uma refeição por dia e partilhavam as celas com todo o tipo de criminosos. O cerco às regiões de origem destas crianças torna o acesso muito limitado, di-

ficultando a chegada de ajuda humanitária. Segundo a UNICEF, a crise síria terá, no final do ano, transformado a vida de mais de 8.6 milhões de crianças. No entanto, estas crianças não são apenas números, são caras e nomes. Como é o caso de Laiba Hazrat que, com apenas 6 anos de idade, já enfrentou situações complicadas na sua curta vida. Dados da ONU sugerem que a maior parte destas crianças têm menos de 11 anos de idade e enfrentam ameaças, como o «trabalho infantil, o casamento precoce e o risco de exploração sexual e tráfico». Como a maioria destes pequenos refugiados são órfãos quando chegam à Europa, a necessidade de criar normas e centros de acolhimento com as devidas condições é fulcral. Neste sentido, a União Europeia encontra-se, de momento, a propor linhas de proteção para estas crianças.

22


04 INTERNACIONAL

23

Fonte Business Insider Fotografia de: Muhammed Muheisen


05 CIÊNCIA E TECNOLOGIA ANÁLISE

OS GADGETS MAIS FAMOSOS DE 2015 Por Cristina Barrancos e Paulo Viana..

O século XXI, um tempo de revolução ideológica e de inovação tecnológica. Passaram apenas 15 curtos anos desde o início do novo século e apesar da sua insignificante duração, já foram registados enormes avanços nos mais diferentes campos. O ano de 2015 revelou-se como um ano enorme no que toca a novas tecnologias, com inúmeras novas possibilidades, engenheiros trabalham em todo o mundo para dar asas a ideias inconcebíveis em décadas passadas. A secção de ciências e tecnologias da revista “Mundo Contemporâneo” compilou a seguinte lista, com o objetivo de dar a conhecer ao leitor os mais inovadores gadgets do ano 2015. A máquina que te vai dar a volta à vida chegou! Juntamente com a evolução de todos os engenhos eletrónicos, também a Máquina Fotográfica 360º entra na corrida. A Máquina Fotográfica 360º surge em 1957, pelas mãos do fotógrafo brasileiro Sebastião Carvalho Leme. O conceito baseava-se na fotografia panorâmica, uma fotografia que mostrava literalmente 360º daquilo que se encontra à nossa volta. Hoje em dia, com os progressos tecnológicos, a câmara 360º oferece-nos várias perspetivas do mundo, e novas formas de dinamizar e interagir virtual-

mente. O grande impacto foi nas visualizações de vídeos no Youtube onde o público aderiu rapidamente. Presenciámos, então, uma experiência ativa e dinâmica onde é permitido aos visualizadores ver todo o local onde decorre a ação do vídeo. Surgiram também APPs (aplicações) da Apple e do Google Play denominadas “Câmera 360” que nada têm a ver com a máquina mas é um bom modo de divulgação do nome da máquina.

A MÁQUINA 360º

Fonte 3Drobotics Fonte Kickstarter

DRONE Falamos agora de uma das maiores inovações da década, no que diz respeito a técnicas de captação de imagem. O drone telecomandado utiliza tecnologia originalmente concebida para atuar no campo da espionagem aérea de maneira a que seja possível captar vídeo e imagem em ângulos previamente inexplorados. Esta tecnologia foi apresentada pela primeira vez na 2ª Guerra Mundial de uma forma ainda muito rudimentar e foi evoluindo no mundo militar, até que, no ano 2000, os E.U.A. permitiram a utilização destes aparelhos para uso particular. Foi apenas depois desta data que empresas como a Amazon e a Ebay começaram a utilizar estes aparelhos

para entregas de curta distância e a comercializar o produto através das suas plataformas online. Com o avançar dos anos, o Drone tornou-se num gadjet extremamente complexo, sendo capaz de captar uma imagem estável e nítida até 250 metros de distância. Este novo “brinquedo” foi recebido de braços abertos pela indústria cinematográfica mundial, especialmente por aqueles que se dedicam à filmagem de desportos radicais. Desportos como o Surf e o Motocross beneficiaram imenso com o aparecimento dos drones telecomandados, pois os novos ângulos de filmagem vieram revolucionar a perceção do público, deslumbrando milhões com novas e espetaculares filmagens aéreas nunca antes vistas.

24


05 CIÊNCIA E TECNOLOGIA Fonte PhunkeeDuck

HOV-BOARD Um dos gadgets mais falados do ano é sem dúvida alguma a Hov-Board criada pela empresa PhunkeeDuck. Este novo aparelho foi apresentado ao público em 2014 e é o fruto de imensas horas de trabalho por parte da empresa criadora. A Segway sem mãos como é conhecida nos E.U.A. tem várias empresas a reclamar a sua invenção, mas devido a problemas com a patenteação, os direitos de venda, assim como os louros da sua invenção foram cedidos à empresa acima referida. Utilizando tecnologia já existente no mercado, a Hov-Board reduziu o impacto visual do seu antepassado, a Segway, e aumentou a longevidade da sua bateria elétrica, permitindo ao utilizador percorrer cerca de 5,6 quilómetros por cada carregamento completo. Com uma velocidade máxima que atinge

os 7 quilómetros por hora, este aparelho aparenta ser perfeito para aqueles que sofrem com o quotidiano da cidade, grandes caminhadas passam a ser menos dolorosas e o aspeto inovador do aparelho vai ainda criar alguma comoção com a sua passagem. A HovBoard começou a despertar o interesse do público no presente ano de 2015, principalmente devido à enorme adesão por parte de celebridades em todo o mundo, nomes como Jamie Foxe e Chris Brown já fizeram aparições públicas utilizando o aparelho e atestam a sua utilidade na confusão e violência que é a vida citadina nos dias que correm, permitindo ao utilizador deslocar-se de um ponto para o outro com a rapidez de uma bicicleta e sem os seus inconvenientes, visto que basta apanhar a Hov-Board do chão e coloca-la debaixo do braço para seguir caminho.

Selfie Stick é um dispositivo que permite tirar fotografias de grupo sem a necessidade de recorrer a terceiros.

roubadas!” A segurança acima de tudo e assim não corremos o risco de sermos roubados. Praticabilidade, qualidade e intimidade são mais três dos adjetivos que continuam a caraterização do Selfie Stick. Poder fotografar com qualidade, onde e como apetecer, um momento sem que nos sintamos observados por alguém que capture o momento é mais uma dos motivos que apela à compra do utensílio. Por último, afirma-se que o objeto auxilia na autodefesa e os serviços pessoais quando necessário.

O Self Stick veio acompanhar a inovação das selfies (autorretratos fotográficos) de modo a facilitar e dinamizar as capturas dos momentos. O termo selfie, derivado do substantivo self (eu) juntamente com o sufixo –ie, surgiu pela primeira vez em 2002 num fórum de discussão mas só ganhou fama em 2012 com a utilização das hashtagsnas redes sociais. Segundo o site da companhia Selfie Stick Portugal, Lda. a independência entra no momento em que deixa de ser necessário recorrer a estranhos para nos tirarem fotografias. No entanto, o fator comunicação com os outros desaparece, reduzindo assim a socialização. O que por um lado é negativo por outro é positivo a dobrar. “Adeus telemóveis ou câmaras

SELFIE STICK Fonte Proporta (Adaptado)

25


05 CIÊNCIA E TECNOLOGIA ANÁLISE

AS FUNCIONALIDADES DO NOVO IPH  NE Por João Campos e Laura Caroço.

Chegou às lojas portuguesas a mais recente versão do smartphone produzido pela Apple, que após a produção do seu primeiro modelo em 2007, foi considerado o smartphone mais procurado a nível mundial.

A

multinacional norte-americana depois ter lançado os novos modelos iPhone 6s e iPhone 6s Plus, em primeira mão, no continente asiático, nos Estados Unidos e em alguns países europeus como França, Alemanha e Reino Unido a finais de Setembro, lançou finalmente em Portugal esta versão melhorada do iPhone 6, tão esperada pelos fãs da marca. Estes dois novos modelos agregam funcionalidades extras muito positivas relativas ao modelo anterior. As principais características deste novo iPhone, vão para além do habitual upgrade na rapidez ou na melhoria da qualidade das câmaras. O novo 6s e 6s Plus introduz

Fonte Apple

26

uma tecnologia já existente nos Macbooks, em que o aparelho consegue detetar os diferentes níveis de pressão feitos pelo utilizador, deste modo, desbloqueando um novo leque de funcionalidades. A qualidade das câmaras da Apple, já com um estatuto elevado na comunidade, conseguiu mais uma vez elevar o seu padrão de qualidade subindo a câmara traseira de 8 megapixels para 12 megapixels, mas isso não é tudo, a qualidade do vídeo subiu de 1080p para a nova qualidade de imagem 4k. Já a câmara frontal subiu de 1.2 megapixels para 5 megapixels e uma opção de gravar uns segundos após tirar uma fotografia de modo a criar uma imagem animada (gif).


05 CIÊNCIA E TECNOLOGIA APPLE BATE NOVO RECORDE COM A VENDA DE 13 MILHÕES DE UNIDADES NO PRIMEIRO FIM-DE-SEMANA APÓS O LANÇAMENTO DO IPHONE 6S E 6S PLUS.

Fonte Apple

A ligação à internet está mais rápida, o novo telefone da Apple terá mais opções na utilização das redes móveis e um aumento na qualidade da tecnologia Wi-Fi tornou a ligação duas vezes mais rápida. O Touch Id foi também melhorado, o sensor de impressão digital, utilizado na versão anterior do telefone (Iphone 6), está mais rápido em comparação com a sua versão anterior. Ficou mais rápido fazer o desbloqueio do telefone mas também surgiram vários problemas com este sensor melhorado, como indicam as várias reclamações no site da Apple em que pessoas afirmavam que o botão ficava demasiado quente para colocar o dedo, impossibilitando desbloqueá-lo. As melhorias não ficam por aqui, segundo a Apple o body do telefone está mais resistente. Ao que parece, a nova “liga de alumínio 700” irá reparar o problema da versão anterior em que os telefones “dobravam”. O vidro foi também reforçado e está mais resistente. A Apple não

se esqueceu de melhorar também uma das coisas pela qual é reconhecida, a estética dos seus produtos, introduzindo a opção de cor-de-rosa. O resto permanece igual, o tamanho do ecrã é o mesmo, 4.7 polegadas para o 6s e 5.5 para o 6s Plus. As opções de armazenamento também continuam as mesmas 16, 64 ou 128 gbs são as opções disponíveis. Os preços atribuídos variam de acordo o modelo e a capacidade de armazenamento que cada versão possuí. Relativamente ao iPhone 6s, com o ecrã de 4,7 polegadas, começa nos 749 euros na versão de 16GB, passa para os 859 euros no modelo com 64GB e termina nos 969 euros na versão de 128GB de capacidade de armazenamento, segundo a informação publicada no site da Apple. Por outro lado, o iPhone 6s Plus, com o ecrã de 5,5 polegadas, os preços marcados começam nos 859 euros para a versão de 16GB, 969 euros para a versão de 64GB e 1.079 euros para a versão de 128GB.

27


Fonte Universidade do Algarve

06 ECONOMIA E EDUCAÇÃO ENTREVISTA

UALG EM CONSTANTE CRESCIMENTO Por Fernanda Ngungui e Catarina Mercês.

te recorda b e d a id s r e Univ

N

Patrícia G. (Turismo) - Acho que devido à grande aposta no turismo aqui no Algarve, é a melhor universidade para tirar um curso de turismo. Tatiana B. (L.L.C) - O principal motivo foi o facto das médias de acesso aqui no Algarve serem baixas.

uma época em que consecutivamente o número de candidatos ao ensino superior vem diminuindo, a Universidade do Algarve (UAlg) apresenta este ano, e pelo segundo ano letivo consecutivo, uma tendência de crescimento no número de candidatos a frequentar a instituição. A Universidade do Algarve regista ainda uma taxa de ocupação de 85% das vagas oferecidas para 2015/16, o que representa um acréscimo de 11% em relação a 2014/15 (74%) aproximando-se, assim, da média nacional do presente ano (89%). Nestas circunstâncias, a revista Mundo Contemporâneo (MC), decidiu entrevistar vários caloiros desta universidade para entender a sua escolha e espectativas futuras.

MC - Acha que os programas o vão ajudar a nível profissional? Raquel B. (D.C) - Uma das coisas que tive em atenção ao escolher o curso foi o programa e as cadeiras que ia ter durante estes 3 anos, acho o programa completo e completamente adequado para o que eu quero seguir profissionalmente. Daniel C. (Turismo) - Sim, acho que sim. Vi que a Universidade tem muitas parcerias com instituições a nível de turismo e isto pode ser benéfico para o futuro nesta área.

MC - A UAlg foi a sua primeira escolha? Tatiana B. (L.L.C) - Não. Foi a segunda. Emylio M. (C.C) - Eu encontrava - me em Londres. Já tinha concluído o secundário no Brasil e decidi viajar para aprender idiomas, daí ter estado 5 meses em Inglaterra. Foi lá que fiz a candidatura para as universidades em Portugal. A UAlg foi a única que ainda estava em processos de candidatura, então acabou por ser essa a minha escolha.

MC - Pensa que a universidade tem bons recursos materiais e humanos? Raquel B. (D.C) - A nível de recursos humanos penso que está bom mas quanto aos recursos materiais apenas me desiludiu na área da reprografia. Só possuem 3 computadores e apenas num deles é que consegue abrir os documentos que levo numa pen, o que se torna ainda mais desagradável quando se acumula lá muita gente.

MC - Porque escolheu a UAlg?

28


06 ECONOMIA E EDUCAÇÃO Alejandra S. (Gestão) - Sim, as matérias e os professores são muito bons e sempre dispostos a ajudar, tenho gostado muito. MC - Quais os aspetos que a universidade proporciona que a atraem mais? Alejandra S. (Gestão) - Os que mais me atraem são a inclusão de diferentes culturas, o facto de estarem sempre dispostos a ajudar os alunos e os programas extracurriculares na área do desporto, artes e da cultura como, por exemplo, aulas de surf, caiaque, sessões de cinema. São atividades muito atrativas. Raquel B. (D.C) - Quando estava a pesquisar a UAlg uma das coisas que realmente me atraiu foi a questão da ação social e a atenção que eles dão aos alunos através disso, o facto de terem diversas residências que, para o caso de alunos de fora, como eu, é excelente e a ajuda que eles dão para o caso de precisarmos de ir a uma consulta de clínica geral, a alimentação e tudo mais.

Fonte Universidade do Algarve

Alejandra S. (Gestão) - Sim, bastante. Surpreendi-me bastante, não sabia que tinha tantos. MC – Consideras que o teu curso tem uma boa empregabilidade? Ângelo R. (Biotecnologia) – Sim, tem muita. Tanto posso ir para análises clínicas, criar um projeto que seja relevante para medicina, biologia marinha e meio ambiente. Tatiana B. ( L.L.C) - Sim, tem bastante, por acaso tinha pensado em tradução, mas depois de algumas pesquisas encontrei LLC e achei que este curso tem mais saídas profissionais.

MC - Gosta das metodologias utilizadas nas aulas? Tatiana B. (L.L.C) - Acho que são um tanto monótonas, os professores só falam. Joana M. (C.C) - Depende dos professores, mas no geral sim. Fazemos muitos apontamentos com base no que os professores dizem porque raros são os professores que fazem PowerPoint.

MC - Em que área pensa encontrar trabalho quando concluir o curso? Ângelo R. (Biotecnologia) - Algo a ver com investigação ou pesquisas ou algo relacionado com a saúde como, por exemplo, análises farmacêuticas ou clinicas. Tatiana B. (L.L.C) - Muito sinceramente acho que não será aqui em Portugal, mas sim no estrageiro. Mas, neste momento, ainda não penso muito nisso, estou focada em concluir e usufruir do curso.

MC - Quais é que preferes e quais é que não preferes? Porquê? Emylio M. (C.C) - Preferia aulas mais dinâmicas em que o aluno pudesse participar mais e levar seus próprios conteúdos. Raquel B. ( D.C) - Prefiro a metodologia das aulas mais práticas em que os professores vêm mesmo ao nosso lugar, veem como estamos a trabalhar e ajudam-nos, dão-nos apoio e dessa forma melhoramos mais facilmente.

A entrevista destina-se a analisar os critérios de seleção dos estudantes pelo leque formativo das licenciaturas da UAlg. Destacam-se como relevantes a pertinência dos conteúdos lecionados e a perspetivação de um futuro. Curiosamente, a perspetiva de encontrar uma atividade laboral no nosso país, não parece estar na expectativa dos estudantes, confrontando-se, desde logo, com hipóteses de emigração.

MC - Acha que a UAlg tem uma oferta diversificada? Daniel C. (Turismo) - Sim, tem cursos bastante abrangentes.

29


06 ECONOMIA E EDUCAÇÃO CRÓNICA

QUE FUTURO SE ESPERA PARA A EDUCAÇÃO EM PORTUGAL ONDE ESTÃO “OS CÉREBROS”? Por Sara Caldeira e Cláudia Oliveira.

30


06 ECONOMIA E EDUCAÇÃO

C

om tantos cortes orçamentais ultimamente em Portugal, onde fica a educação? É mais que sabido que a educação é um dos alicerces fundamentais para qualquer estado, para qualquer povo. Um povo sem educação é um povo fraco. E educação torna-nos mais sábios, mais críticos e isso permite-nos uma maior investigação e compreensão dos fatos e daquilo que o dia-a-dia nos propõe. A educação, no geral, torna-nos mais humanos. Ora, com os consequentes cortes do orçamento de Estado, a educação tem ficado em carência. Mais cortes, significa menos recursos para as escolas, menos professores e menos técnicos, o que a curto e a longo prazo se traduz na diminuição da qualidade do ensino público em Portugal. Contudo, o Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentou um estudo em que afirma que Portugal tem um maior desenvolvimento na área da Educação do que na Economia, nos últimos 30 anos. Os jovens têm desistido cada vez menos da escola e as notas têm tendência a subir, ao longo deste período de tempo. No

entanto, apesar do aumento da escolarização e da redução do abandono, as taxas de retenção escolar ainda continuam muito elevadas no nosso país, segundo o CNE. O investimento em educação, com amplos benefícios sociais, culturais e humanos, reporta essencialmente para um tempo futuro quando se procuram evidentes mais-valias produtivas. Apesar de todos os benefícios que a educação promove na sociedade, a crise financeira, o desinvestimento na investigação e as dificuldades na obtenção de uma empregabilidade estável e apelativa têm conduzido a uma significativa “fuga de cérebros” do país. Nestas circunstâncias, o investimento nas pessoas acaba por contribuir para o desenvolvimento de outros países. Não ganha Portugal. Não reverte para o país. Não beneficia o país. Sem um investimento adequado na educação, organizado, e interligado com outras áreas como o mercado de trabalho, o estado, entre outras, o país dificilmente terá oportunidade de evoluir e de se tornar grande, mais humano, mais conhecedor, mais educado, mais feliz.

Fonte Comunidad Levante (Adaptada)

31


07 MODA NOTÍCIA

A MODA RE-

Por Cátia Agostinho e Joana Inácio.

A

45.ª edição da Moda Lisboa chegou com todo o tipo de novidades, tomando lugar no Pátio da Galé com vista à apresentação das coleções de Primavera/Verão. Como é hábito, esta é uma semana de interesse para todo o público apaixonado pela alta-costura. Os desfiles começaram no dia 9 de outubro e, apesar de o acesso a estes ser feito através

de convite, a Moda Lisboa tem dois eventos em todas as edições que são abertos a todo o público, com entrada livre e este ano não foi exceção. O primeiro realizou-se no dia 8 de outubro, dirigido pela atriz e blogger Joana Barrios, enchendo o Salão Nobre dos Paços do Concelho para se discutirem as mudanças no mundo da moda.

32


07 MODA

-GRESSA À CAPITAL

Fonte TSF Website

Também se realizou, no dia 9 de outubro, o Wonder Room, uma pop-up store com várias novas marcas de estilo alternativo que teve lugar na Praça do Município em Lisboa. No entanto, não é só da passarela e manequins que se caracteriza a semana da moda. Não faltaram caras conhecidas neste evento, como Sofia Ribeiro, Ruben Alves, Leonor Poeiras, Te-

resa Tavares e Luísa Beirão, que marcaram a sua presença no último dia da Lisboa Fashion Week, assistindo aos desfiles de Nuno Gama.

33


Fonte Moda Lisboa Website

07 MODA ENTREVISTA

BACKSTAGE - UM OLHAR SOBRE A MODA LISBOA Por Inês Aivado e Joana Rodrigues.

Estamos no mês da Moda Lisboa. Por isso, estivemos à conversa com Ana Duarte. Criadora, jovem, empreendedora e criativa. Já viu as suas coleções nas passerelles da Moda Lisboa e tem uma marca. Duarte. Esta promete marcar a diferença e agitar o mundo da Moda.

M

Qual foi o teu primeiro projeto relacionado com a Moda? Sou violoncelista e no secundário desenhava os meus vestidos para os concertos.

esmo com toda a azáfama diária, das viagens entre Portugal e o Reino Unido, dos desenhos, dos projetos, do styling dos famosos, Ana teve a amabilidade de nos conceder um pouco do seu precioso tempo para esta entrevista. Simpática, prestável e detentora de um grande talento, só Fonte Moda Lisboa Website nos veio confirmar as maravilhas da tecnologia num Mundo Contemporâneo. Falámos com ela via Internet.

Tens formação académica na área da Moda? Se não, qual foi a tua formação? Sim, tirei a Licenciatura na FAUL (Lisboa) e o Mestrado na Menswear Design na London College of Fashion (Londres). O que é a Moda para ti? Uma forma de expressão. Como se desenrola o teu processo de criação? Defino um conceito (que pode partir de algo concreto como um desporto ou mais abstrato como um livro), escolho materiais, desenho a coleção e por fim faço modelagem, protótipos e fichas técnicas.

Quando é que percebeste que a Moda tinha de fazer parte da tua vida? Ana Duarte: Não houve um momento certo, o percurso foi muito natural. Quando chegou a altura de escolher o curso na faculdade não tive dúvidas.

34


07 MODA Dentro da Moda, o que mais te fascina? O facto de cada indivíduo atribuir significados e expressões diferentes a uma mesma peça de roupa.

es sólidas e essa é a minha prioridade neste momento. Na tua opinião, o que faz da Moda Lisboa um evento tão influente no mercado da Moda em Portugal? É uma boa plataforma para o público conhecer o trabalho dos designers portugueses.

Como surgiu a oportunidade de participares na Moda Lisboa ou como foi esse processo? Através da candidatura à plataforma Sangue Novo . A minha coleção foi selecionada e apresentei em março de 2015 a minha coleção AW15. Em que consistiu a tua participação (tema da coleção, inspiração, materiais, objetivos…) este ano? O nome da coleção era Animan-Man the Cultural Animal. A inspiração foi o contraste entre a Natureza e Tecnologia, realçando o que nos une e distingue do resto dos animais. As cores azul e verde faziam relembrar a Terra e os metalizados a construção do Homem. Os materiais seguiam a mesma lógica e opunham elementos orgânicos, como a pele de ovino, o pelo de coelho, a caxemira e algodão, com o nylon, poliéster e spacers.. A coleção explorava a junção de texturas muito diferentes, criando um efeito de luxo e qualidade.

Em que nível encontras o nosso país no que toca a oportunidades no mercado da Moda? Definitivamente devia haver uma maior atribuição de valor ao que é produzido nacionalmente. Penso que este setor merecia reconhecimento e mais ajudas para conseguir uma expansão boa e sustentável. Que projetos futuros tens em mente? Por agora, continuar a desenvolver a minha marca. Em termos profissionais, onde e como te vês daqui a 10 anos? Com a Duarte, a produzir em Portugal e a vender internacionalmente.

Fonte Moda Lisboa Website

Qual te parece que foi o contributo da tua participação na Moda Lisboa, a nível pessoal e profissional? Em termos de contributo, quis chamar um mercado e consumidor que atribui grande importância à qualidade das peças em termos de originalidade, construção e acabamentos. Gostaria que o “Made in Portugal” fosse reconhecido cada vez mais como símbolo de qualidade.

Qual é a marca que queres deixar no mundo das passerelles? Inspiração para futuros designers e profissionais na área.

Qual a tendência de eleição desta estação? Penso que as silhuetas que se estão cada vez mais a afastar do corpo humano, obtendo na roupa um movimento quase próprio. O que não pode faltar no teu guarda-roupa? Bons casacos. Que conselho queres deixar às pessoas que queiram ingressar no mundo da Moda? Que, se sabem o que é que querem e não se imaginam a fazer mais nada, então dedicação a 100%, muita persistência e trabalho.

Vamos voltar a ver a tua marca na Semana da Moda Lisboa? Talvez. Mas para criar uma marca é preciso ter bas-

35


07 MODA NOTร CIA

Fonte Imagem O Boticรกrio Website (Brasil) Fonte Fundo Universe Beauty

36


07 MODA

A FRAGRÂNCIA ESPACIAL Por Inês Aivado e Joana Rodrigues.

O BOTICÁRIO APRESENTOU O SEU NOVO PERFUME COM FRAGRÂNCIAS ESPACIAIS, UM EXCLUSIVO: SPACE ROSE.

F

oi no passado dia 15 de setembro, no planetário de Lisboa, que o Boticário apresentou a sua nova coleção: Make B. Universe Collection, de edição limitada. A estrela da apresentação foi, contudo, o tão aguardado perfume: Space Rose. Foi através do método “living flower” que Napoleão Bastos, perfumista brasileiro de renome, criou esta tão inovadora fragrância. O método consiste na captação das emanações olfativas de duas rosas, sendo que uma ficou na terra e outra foi enviada para o espaço. Desta experiência, pretendia-se comparar

os odores das duas rosas. No final, o resultado foi surpreendente. A rosa enviada para o espaço revelou um odor mais puro e limpo, consequência de um ambiente sem gravidade, poluição ou interferência externa. Para além do “living space rose”, o perfume mistura ainda aromas como a lavanda, jasmim, limão, pimenta rosa ou manjericão. Segundo o criador, foi escolhida a rosa por «ter uma fragrância de aceitação e conhecimento universal por parte das consumidoras». O lançamento deste produto promete revolucionar a história da perfumaria mundial.

37


07 MODA CRÓNICA

A PASSERELLE SERVE A TODOS

Por Cátia Agostinho e Joana Inácio.

C

hegou a altura de mostrar à sociedade que não existem limites físicos ou mentais que impeçam as jovens de fazer parte de um grande espetáculo de moda. Estilistas que acreditaram nestas jovens são de louvar, pois acreditaram tanto nas suas belezas físicas como também nas suas belezas interiores. São cada vez mais as pessoas portadoras de deficiência que lutam por representatividade no mundo da moda, e por que não o fariam? São lindas como todas as outras modelos estereotipadas pela sociedade e é necessário romper com esses padrões. Para além de conseguirem desta forma fazer chegar a moda a todos os indivíduos e abranger um maior leque de modelos, também é uma forma de fazer a diferença e provar a igualdade, algo que, por vezes, a comunidade ignora.

Modelos como Madeline Stuart, com Síndrome de Down; Rebekah Marine, portadora de um braço biónico e ainda Caroline Marques, paraplégica, marcaram a diferença com as suas presenças na Semana da Moda de Nova Iorque. Muitas empresas têm vindo a apostar na moda inclusiva, fabricando roupa que facilite o vestuário para este núcleo de pessoas. Estes desfiles são cada vez mais necessários pois contribuem para a divulgação mundial desta causa, onde a beleza e a “deficiência” andam de mão dada, sem preconceito.

38


07 MODA

Fonte IBTIMES Website

AINDA RESTAM DÚVIDAS DE QUE A PASSARELLE SERVE A TODOS

39

?


08 CINEMA E TELEVISテグ REPORTAGEM

AMERICAN HORROR STORY: UMA VIAGEM DE HORROR Por Catarina Palma.

Fonte Creativos Online

40


08 CINEMA E TELEVISÃO

SÃO MUITOS OS MOTIVOS QUE NOS LEVAM A MERGULHAR NUMA HISTÓRIA DE UM LIVRO, DE UM FILME OU DE UMA SÉRIE. MAS PASSA A SER AINDA MAIS CURIOSO QUANDO NOS ARRISCAMOS A VIVER UMA HISTÓRIA DE TERROR. VIVENCIAR O MEDO, TEMER ULTRAPASSAR OS NOSSOS LIMITES.

P

oderemos ter uma série para a vida? A série «American Horror Story» faz-nos aventurar no pânico do invisível, misturar o pesadelo com a realidade, tudo de olhos bem abertos. Faz com que a mente seja invadida por quadros bizarros, humor provocativo e uma espécie de abstração. É mesmo conhecida como «o projecto perfeito de estímulo artístico e vertiginoso», segundo o criador Ryan Murphy. «American Horror Story» é uma série norte-americana e trata temas como horror-drama, tendo como criadores Ryan Murphy e Brad Falchuk. A data de estreia foi a 5 de outubro de 2011 e até agora conta com 5 temporadas. Cada uma delas se afirma como «independente», uma vez que cada uma conta uma história diferente. Murphy afirma que «a série é ótima porque se pode afirmar. Temos uma temática todos os anos e isso é uma grande alegria para mim em termos de escrita». A primeira decorreu em 2011 e aborda, primeiramente, o tema da infidelidade, quando apresentada ao público. Denominada de «Murder House», retrata a mudança da família Harmon de Boston para Los Angeles, com o objetivo de começar do zero após um aborto não esperado e uma traição por parte do marido. Há a ocorrência de acontecimentos estranhos, todos passados na casa para onde foram residir, chegando-se à conclusão de que se trata de uma mansão assombrada pelos fantasmas dos antigos moradores. «Asylum», temporada em que a série ganhou uma grande dimensão e deixou os fãs mais atentos e “pegados” ao ecrã, aconteceu nos anos de 2012 e

2013. Esta aborda um leque de mitologias e momentos psicóticos passados num hospício dos anos 60. Pacientes, médicos e freiras ocupam a Instituição Mental Briarcliff e temas sobre Deus, o diabo, experiências com pessoas e tratamentos doentios são um retrato do que se passa nesta segunda temporada de «American Horror Story». A terceira, «Coven», foi a que teve maior audiência da série. Esta foi exibida nos anos 2014 e 2015 e deu-nos a conhecer um grupo de bruxas residentes numa casa em New Orleans nos dias de hoje. Apresenta-nos a prática dos seus feitiços e tenta passar a ideia de união por parte do clã, uma vez que a existência de bruxas não era ampla. Posteriormente, percebemos que o grupo não é perfeito, fazendo a referência à mentira e à traição. «Coven» aborda um mundo de elementos espirituais, feitiçaria, caça às bruxas e voodoo. «Freak Show» coloca as seguintes questões: o que é ser uma aberração e como se sentem aqueles que nascem marcados pela natureza e têm que saber lidar com a ideia do antinatural. Estas criaturas são o foco nesta quarta temporada e são-nos dadas a conhecer num circo de aberrações. Elsa Mars (Jessica Lange) é dona do circo e a história gira à volta de encontrar um lar e sentir-se em casa, junto da família. A discriminação é, por isso, um tema abundante no meio das personagens. O drama está presente e a música, com perturbadores toques angelicais na abertura dos episódios, remete-nos para um claro panorama de terror, não visto nas temporadas anteriores.

41


08 CINEMA E TELEVISÃO REPORTAGEM «Hotel» e «Lady Gaga» são os pontos em que é colocada a tónica na quinta temporada. Esta estreou no dia 7 de outubro deste ano e trouxe consigo Lady Gaga, artista marcada pelo seu estilo extravagante. «Hotel» apresentou-se ao público com uma história marcante, onde o sangue e a sede dos vampiros foram uns dos elementos presentes e, segundo Ryan Murphy, «lidará com uma série de horrores americanos, incluindo os vícios». De acordo com John Landgraf, presidente do canal FX onde a temporada «Hotel» foi lançada, esta vai exigir uma «grande reinvenção» da série. Brad Falchuk afirma que esta temporada é «mais imoral, mais sombria». Segundo o site adorocinema, as audiências da série desde a primeira temporada têm rondado os mesmos números, mas têm vindo a aumentar. «Murder House» contou com 2,8 milhões de espectadores por episódio, em média, sendo o último o mais visto pelo público americano. «Asylum» atingiu 2,6 milhões, onde o primeiro episódio foi o mais assistido da temporada. «Coven» reuniu 4 milhões de americanos e, «Freak Show» 3,9 milhões, também com maior audiência no episódio de estreia. Ultimamente, são muitas as novidades que se têm vindo a revelar no percurso da série. A presença de Lady Gaga foi uma delas, devido à sua figura original, o que levou o público a imaginar que esta se encaixaria bem na série «American Horror Story». A hipótese de se estrearem duas temporadas no ano de 2016 é outra das notícias, «mas ainda temos que nos decidir», consoante o criador, em entrevista para a revista EW. A curiosidade de se chegar a uma resposta conceptual da preferência do público pela série em questão e do porquê da sua ligação ao universo do terror é imensa. Para David Afonso, estudante de Som e Imagem em Caldas da Rainha, a série consegue combinar três fatores, sendo esta «muito gráfica, artística e freaky». Adora o «medo constante» que o terror o faz sentir e afirma ser difícil decidir com qual das personagens mais se identifica, pois existe «um leque de personagens por onde escolher». Andreia Norberto, fazendo parte do público que começou a ver a série por recomendação,

é aluna de Marketing na Universidade do Algarve e garante que as suas expetativas para a quinta temporada, «Hotel», «são muito altas, principalmente por ter um novo membro de elenco, Lady Gaga». Tem uma personagem com a qual se identifica, Lana, jornalista da segunda temporada e defende que «temos medo de passar por alguma situação assustadora, terrível ou incomum», daí a sua admiração pelo género terror/suspense. Estudante do curso de Gestão Hoteleira, na Universidade do Algarve, David Ramires é «adepto de filmes de terror» e assegura que sempre teve «interesse no sobrenatural, lendas urbanas, psicopatas…». Posto isto, começou a ver a série por interesse pessoal e não se identifica com nenhuma personagem em especial. Para si, a quinta temporada «Hotel» tem até agora um grande potencial e espera «que seja, pelo menos, melhor que a terceira e a quarta». Laura Custódio, estudante de Línguas, Literaturas e Culturas em Faro, em Gambelas, começou a ver «American Horror Story» porque viu o trailer e achou «que era diferente» do que estava habituada. Ao contrário de todos os outros entrevistados, que afirmaram que a segunda temporada «Asylum» era a preferida e com a história mais marcante devido ao seu tema, Laura interessou-se mais pela primeira. «Porque à partida, eram pessoas normais que iriam viver uma vida normal mas que de normal nada tinha». Posteriormente, a personagem com quem mais se identificou foi Violet, também de «Murder House», «porque começa por ser uma rapariga que mostra ser ingénua e simples, mas que com o correr da história vai deixando de se mostrar como tal». Segundo o criador, «o género de terror está a tornar-se cada vez mais popular porque, se olharmos para um certo período, no qual existia o terror que se contava numa história, como “Rose Mary’s baby” e “The Exorcist”, esses filmes clássicos, (…) acho que se virou um pouco para uma virgem sendo perseguida por uma faca, (…). E eu acho que está a voltar, particularmente na televisão, algo com base nas personagens, o que é óptimo. Até porque não consegues atrair um elenco como este se fores apenas fazer filmes sangrentos. Tem de ser sobre algo mais.»

42


08 CINEMA E TELEVISテグ

Fonte Cafテゥ com Blablabla

43


08 CINEMA E TELEVISÃO NOTÍCIA

CHEGOU A PORTUGAL Por Susana Silva.

Fonte Mashable Website

44 44


08 CINEMA E TELEVISÃO

Fonte Netflix

P

ortugal deu as boas vindas à Netflix, o serviço de televisão onde se podem assistir a séries, filmes e outros conteúdos online em todos os ecrãs ligados à internet, no dia 21 de outubro. A empresa norte-americana, que está presente em mais de 50 países, chegou finalmente à Península Ibérica com a sua estreia em Espanha no dia 20 de outubro. Durante o primeiro mês o serviço será gratuito e após esse período estão disponíveis vários planos à escolha do consumidor, com valores desde os 7,99 euros por mês pelo plano “base”, em que os clientes podem usar apenas um ecrã num dado momento e a imagem é em definição standard. Existe ainda o plano standard de dois ecrãs com imagem em alta definição por 9,99 euros por mês, e o plano premium de quatro ecrãs e uma imagem em Ultra HD, por 11,99 euros por mês. O valor cobrado pelas assinaturas é o mesmo que nos restantes países da moeda única e tem ainda a vantagem de a subscrição do serviço poder ser cancelada a qualquer altura. Em Portugal, algumas das aclamadas séries que foram produzidas e têm o cunho da Netflix, como House of Cards e Orange Is The New Black não estão disponíveis devido à venda dos direitos de transmissão para televisão. Porém, não se pense que a variedade é escassa. Para além de séries (como Sense8) estão disponíveis filmes produzidos pela própria Netflix. O sul da Europa recebeu este serviço apenas neste mês de outubro e vai ser em Lisboa o centro de operações da empresa para Portugal, Espanha, França e Itália.

45

45


08 CINEMA E TELEVISÃO OPINIÃO

SÉRIES DE MOMENTO PENNY DREADFUL

Fonte Blah Cultural

Por Adriano Ferreira.

P

enny Dreadful vai a caminho da terceira temporada e mantém-se como uma das séries de maior qualidade neste momento. Passa-se durante o século XIX e utiliza personagens de clássicos literários, juntamente com originais. A série começa com o desaparecimento de Mina Murray (uma das personagens principais do livro Drácula) e foca a misteriosa Vanessa Ives, amiga de infância de Mina, que junta um grupo variado de indivíduos para desvendar o mistério. Apesar desta premissa inicial, o foco da série está no desenvolvimento e exploração das personagens, bem como na forma com que interagem entre si, desde o pai de Mina a lidar com os problemas que trouxe à própria família, até às consequências de Victor Frankenstein criar nova vida a partir de corpos mortos.

Penny Dreadful também tem um estilo gótico e foi criada por John Logan, conhecido guionista de filmes como Gladiador (2000), Sweeney Todd (2007) e Skyfall (2012). Apesar de o primeiro episódio manter as personagens num autêntico mistério, a série vai torna-se cada vez mais viciante, à medida que as “peças se encaixam no puzzle”. Fonte Hey u Guy

46


08 CINEMA E TELEVISÃO SCREAM QUEENS

Fonte College Candy

Por Susana Silva.

A

nova temporada de séries televisivas nos Estados Unidos já arrancou e entre as novidades encontra-se a série Scream Queens da Fox. Esta retrata a vida numa Irmandade Universitária onde o horror começa a imperar com o Red Devil, um serial-killer que começa a assassinar pessoas e a aterrorizar o campus universitário. O início desta série teve como marca o episódio especial de duas horas e desde logo conseguiu cativar o público devido à conjugação de dois géneros aparentemente antagónicos: a comédia e o horror/suspense e também ao desafiar o próprio público a des-

vendar o mistério (Quem é o Red Devil? O que quer? Quem é a próxima vítima?). A realização é bastante interessante e o elenco é um convite à audiência, no qual atrizes como Emma Roberts, Keke Palmer e a veterana Jamie Lee Curtis são apenas alguns dos nomes de destaque que nos prendem desde logo ao “pequeno ecrã”. Fonte Bloody Disgusting

Fonte SapoMag

SENSE8 Por Mariana Ramos.

S

ense8 é uma série original Netflix criada por Andy e Lana Wachowski, responsáveis pela aclamada trilogia cinematográfica The Matrix, e J. Michael Straczynski, criador da série Babylon 5. O seu enredo gira em torno de oito desconhecidos, espalhados por culturas e países em redor do mundo, que subitamente descobrem ter uma conexão mental entre eles que lhes permite partilhar experiências, vivências, memórias e habilidades. Enquanto se tentam conhecer e desvendar os mistérios por detrás da sua conexão, têm ainda de sobreviver à perseguição dos que os consideram uma ameaça à humanidade. Sense8 foi recebida pelos

críticos com reações tremendamente díspares acerca da sua cinematografia e pacing, mas é consistentemente destacada pelo mérito das temáticas que aborda e dos problemas sociais que traz à luz. Com um balanço final positivo, foi recentemente renovada para a sua 2ª temporada com estreia prevista para 2016.

47

Fonte FilmAffinity


Fonte Eurosport

09 DESPORTO OPINIÃO

FUTEBOL: UMA MODALIDADE DESPORTIVA OU UMA FÁBRICA DE DINHEIRO?

Por Pedro Faísca.

O

futebol é visto, atualmente, como uma religião onde cada pessoa investe a sua fé no clube, ou melhor, idêntico à política, em que os clubes são semelhantes aos partidos. Os adeptos chegam a desperdiçar horas da sua vida a pensar na modalidade, que não passa de uma distração sem fundamento algum. Os que apoiam os diversos clubes não ganham nada com o jogo, apenas mais uma forma de se distraírem em detrimento daquilo que deveria ser importante. Ainda pioram a situação quando criam batalhas, de onde ninguém sai feliz. Quem aproveita são os políticos que utilizam grandes jogos para fazer comunicados. Quem é que vai estar interessado em ver um comunicado sobre cortes ou aumentos de impostos quando está a realizar-se um belo jogo de futebol? E os que estão do lado de dentro acabam por tornar um hobby numa profissão, na qual são geridos milhões e milhões de euros. Uma indústria de fazer dinheiro, em que quem está no poder é quem ganha mais. O gosto pelo desporto é substituído pela ganância, e a modalidade torna-se numa empresa, onde a corrupção é bem-vinda. Onde existe dinheiro é lógico que haja corrupção, pois existem sempre empresários gananciosos que se intitulam de mais espertos que

os outros e tentam passar por cima da lei. Neste aspeto Portugal não é exceção. São conhecidos exemplos como o caso Apito Dourado, o de Vale e Azevedo, o caso Cardinal e o mais recente, o kit Eusébio, que foi oferecido pelo Benfica aos árbitros que se deslocavam ao Estádio da Luz. O que, por si só, não tem mal nenhum, visto que o limite de ofertas imposto pela UEFA é de 183€ e o kit referido apenas alcança os 59,90€. O que agrava a situação são os jantares oferecidos a toda a equipa que chegam a ultrapassar, em grande quantidade, esse valor máximo imposto. Todavia, como ninguém aceitou esses jantares, não houve alegada subordinação e corrupção. Para além disso, ainda existem especialistas em direito desportivo que dizem que se o prémio atribuído for de cortesia, em que não existe nenhum acordo verbal ou escrito para falsear o resultado, também não pode ser considerado corrupção. Quer isto dizer que é possível alguém oferecer a um árbitro uma semana de férias na República Dominicana, com todos os luxos incluídos, no valor de um milhão de euros, mas como não existe uma conversa para falsear o resultado, está tudo bem. Pois, isso é tudo bonito e engraçado e não vai em nada motivar o árbitro a olhar mais para o lado de quem ofereceu o prémio em questão, seja ele de que valor for.

48


09 DESPORTO O certo é que se numa liga de Portugal bol não é exceção». E como previsto foi reeleito existem casos destes, não é difícil imaginar o mas não aguentou que acontecerá em instituições de maior poder, a pressão, as polémicas e os escândalos e acabou como a FIFA e a UEFA. E o mais curioso é o por abdicar do cargo e retirar-se. Contudo, confacto de nunca se ter falado de nenhuma suspeita tinuou à frente da FIFA até às eleições seguintes até este ano. Joseph Blatter, atual presidente deque, segundo a norma, demoram quatro meses a missionário da FIFA, esteve à frente desta orgaorganizar. Mas, como se costuma dizer, um azar nização durante 17 anos, sem nunca ter estado nunca vem só, as investigações continuaram e relacionado com nenhum caso deste género, até novos casos começaram a surgir. Platini já se enao momento. Ironicamente, foi apanhando em contrava pronto para assumir o cargo da FIFA ano de eleições. O estranho é que, numa ficha mas acabou por ir tudo pelo cano abaixo. Este limpa como a dele, durante tantos anos venha estava envolvido num acordo de “cavalheiros”, agora aparecer uma nódoa. E eis que surge a como foi dito por Blatter. O antigo jogador da questão, o que poderá estar escondido nos outseleção francesa recebeu, ilegalmente, 1,8 milros anos? O que sucedeu é comparado a uma hões de euros do suíço, para não falar da estranha bela novela mexicana de sucesso. A diferença é escolha da Rússia e do Catar para a realização que numa novela existe um romance, um vilão e dos Mundiais de 2018 e 2022, respetivamente. um final em que tudo acaba bem. Mas neste caso Ainda hoje as razões são duvidosas e a polémica o final ainda é bem incerto, os está inexplicada, todavia o faromances são muitos e o vilão tor monetário e político parece Não pode haver lugar ainda está por descobrir. Neste estar acima de qualquer outra para a corrupção e o enredo, a história começa com razão plausível. Afinal, quem a campanha eleitoral para a futebol não é exceção no seu perfeito juízo iria mepresidência da FIFA. Os canter uma alta competição como didatos foram muitos, incluo Mundial, onde os jogadores indo o próprio Blatter que iria concorrer para apresentam um alto rendimento, num país como o seu quinto mandato. No entanto, as coisas o Catar onde as temperaturas não são nada facomeçaram a ficar estranhas quando vários canvoráveis? E as consequências foram 90 dias de didatos começaram a desistir, incluindo uma cara suspensão e um final incerto. muito conhecida em Portugal, Luís Figo. E tudo O futebol com o tempo está cada vez principiou quando o ex-jogador das Quinas conmais associado ao dinheiro e o que ordena é a fessou que desistia da presidência da FIFA devlei do mais forte. Os Estados Unidos, como é do ido a episódios “que devem envergonhar quem conhecimento geral, sempre tiveram o seu lugar deseja um futebol livre, limpo e democrático”. no topo a nível de desenvolvimento económico Assumindo que aquele não era um ato eleitoral mas com o passar dos anos têm perdido terreno normal e que tudo estava a ser feito para um só para a Rússia, China e até mesmo para países árahomem vencer. Indicando que existiam aconbes como o Catar e o Dubai. Entrar no mundo tecimentos desconhecidos do público que ledo futebol seria uma jogada de génio, visto os vavam a crer que Blatter já estava eleito, ainda milhões que são gerados. Avizinha-se uma nova antes das eleições. Contudo, o inesperado acon“guerra fria” na luta pelo pódio da economia teceu: sete dirigentes com importantes cargos na mundial e o futebol poderá ser um dos trunfos. FIFA foram detidos por suspeita de corrupção, Se o Catar e a Rússia tentam entrar neste negócio, as acusações contra Blatter começaram a surgir ou seja, com a realização do Mundial, como já de todos os lados, Platini, presidente da UEFA, e referido, os EUA utilizam outra tática e a tentatiMaradona chegaram a pedir a sua demissão, mas va passa pela organização-mor. Não é por acaso este continuou firme, assumindo que não conseque foi devido a investigadores norte-americaguia controlar tudo e todos, e que queria fazer de nos que toda esta novela teve início. E com o tudo para combater a corrupção. afastamento de Blatter, o caminho está comple«Não pode haver lugar para a corrupção e o futetamente livre nesta batalha.

49


09 DESPORTO OPINIÃO Carrillo tem de decidir entre a gratidão e os milhões.

O OUTRO LADO DA MOEDA

Por Miguel Lourenço.

A

ndré Carrillo, jogador do Sporting Clube de Portugal, está a marcar a atualidade desportiva nacional, pois aparentemente irá assinar em Janeiro, contrato com o rival Futebol Clube do Porto, transferindo-se a custo zero. Como tal, o jogador está a ser afastado dos jogos e treinos da equipa principal do Sporting que, segundo se sabe, tudo fez para que o mesmo renovasse o contrato que ainda mantém com o clube e que está a poucos meses de terminar. As críticas à direção pelo afastamento do atleta têm sido várias, debatendo-se na imprensa se será ético o braço de ferro que Bruno de Carvalho tem vindo a fazer. Mas a questão raramente tem sido colocada de outra forma… Será ético por parte de Carrillo «trair» o clube que, quando ele tinha 18 anos, o projetou no futebol europeu e lhe proporcionou o desenvolvimento que tem tido como desportista ao longo dos últimos cinco anos? É que Carrillo não se pode esquecer que antes jogava num desconhecido Alianza Lima do Perú e que se não fosse o scouting do Sporting a descobri-lo, provavelmente ainda hoje lá estaria, visto que o campeonato peruano não tem grande visibilidade mundial. Poderão, eventualmente, as questões financeiras ser a principal razão da necessidade de mudança para o Porto. Mas não será a gratidão um valor mais bonito que os euros? O atleta tem igualmente de fazer o seguinte raciocínio: se não renovar com o atual

clube, fica sem jogar uma época inteira, pois apenas pode transferir-se para o Porto em Julho (apesar de poder assinar em Janeiro) e André Carrillo está a oito me nunca é bom para seu atual contrato que o um jogador de fupodendo abandonar o club tebol estar um ano sem ritmo de jogo. para um rival, de modo a mel Muito menos quando na nova equipa terá de lutar por um lugar no onze titular que no Sporting já estava conquistado. Estando este espaço conquistado no seu atual clube, se o atleta renovasse, mesmo que por um salário mais baixo do que o oferecido pelo rival Porto, poderia valorizar-se bastante nesta época com Jorge Jesus (treinador conhecido por potenciar as qualidades de jovens jogadores), sendo vendido na próxima janela de transferências por um preço a rondar os 25/30 milhões de euros para um clube de grande dimensão como Manchester United, Arsenal, Juventus, Paris Saint Germain, Bayern Munique, Atlético de Madrid ou até Real Madrid e com um contrato mais elevado do que qualquer clube em Portugal lhe possa oferecer.

50


09 DESPORTO

meses de terminar

o liga ao

Sporting,

be a custo zero

lhorar o seu salário.

Fonte Footballzz

Deste modo, Carrillo deverá analisar bem a sua situação e situações semelhantes que ocorreram, em Portugal, com alguns dos seus colegas de profissão e ver o que é realmente vantajoso. Olhemos para Jan Oblak (ex-jogador do Benfica) e para Jackson Martinez (ex-jogador do Porto): quando estavam a um ano de acabar o seu contrato com os clubes portugueses, decidiram renovar mesmo tendo outras propostas financeiramente mais vantajosas de outros clubes de média dimensão. Resultado? Foram posteriormente vendidos por 20 e 35 milhões, respetivamente, e

estão hoje num dos clubes mais reconhecidos a nível mundial (Atlético de Madrid) com contratos substancialmente melhorados relativamente aos que tinham aqui em Portugal. Se calhar a gratidão acaba por recompensar, mais tarde, também financeiramente, pois o que é imediatamente bom nem sempre garante o melhor futuro…

51


09 DESPORTO REPORTAGEM

TOCA A ACORDAR, MISTER! Por Alexandre Santos.

E

ncontramo-nos na primeira metade de um dos mais prestigiados campeonatos de futebol na Europa e no mundo, a Barclays Premier League (BPL), o qual somente os melhores clubes de Inglaterra têm a possibilidade de integrar. Atualmente com vinte clubes, muitos dos quais pela primeira vez na primeira divisão inglesa e muitos, também, pela última vez, a não ser que consigam despertar antes do final, a BPL é liderada pelo clube chefiado por Manuel Pellegrini o Manchester City. O atual campeão desta prestigiada liga, o Chelsea F.C, é liderado pelo treinador português José Mourinho, que atualmente se encontra numa fase onde ninguém alguma vez pensou que pudesse estar, sim, o atual campeão inglês encontra-se não nos três primeiros, não no Top 5, nem no Top 10, mas mais perto das posições da fatídica despromoção que alguma vez poderíamos imaginar. José Mourinho, aka The Special One, é visto como um dos melhores treinadores do mundo. Ele treinou o Benfica, o União de Leiria, o F.C Porto, com o qual ganhou a edição de 2004 da Champions, em seguida foi para o Chelsea onde ganhou a alcunha acima referida e que ficou bem saliente entre os adeptos ao ganhar a BPL por duas vezes, bem como a Liga dos Campeões, algo que não acontecia havia mais de cinquenta anos. Após três épocas em Londres, foi para o Inter de Milão onde ganhou o Scudetto (Escudo referente ao Campeonato Italiano) e a Liga dos Campeões mais uma vez. Depois, Mourinho, de regresso à Península Ibérica, desta vez como treinador do Real Madrid, ao serviço dos “merengues”, o Special One, não foi muito «special», não indo além de quatro títulos, sendo eles um campeonato espanhol, uma Copa del Rey, uma Supertaça Espanhola e três troféus Santiago Barnabéu, infelizmente nenhum internacional. Ajudando ao pouco desempenho triunfal de Mourinho surgem os problemas com alguns jogadores, nomeadamente

com o capitão Iker Casillas. Após alguma conversação com o presidente do Real, Mourinho rescinde o seu contrato e, em Junho de 2013, regressa à casa onde nasceu o grande treinador que é. Novamente com o Chelsea, na segunda época oficial, José Mourinho conquista a Premier League e ainda a Taça da Liga Inglesa, dando mais ênfase à alcunha que por lá foi criada. Muitos adeptos vêm isto como uma fase, assim como muitos clubes que começam por baixo mas com tempo e dedicação alcançam o patamar mais alto, lembrando que os primeiros três lugares dão acesso à prestigiosa UEFA Champions League e o quarto e quinto à UEFA Europe League. A verdade é que há mais de 40 anos que o Chelsea não passa por uma fase destas. Atualmente, com apenas três vitórias, dois empates e quatro derrotas, José Mourinho vê a crise na qual o Chelsea está mergulhado e prevê que, na melhor das situações, é a segunda posição da tabela classificativa o melhor que poderá conseguir, face aos resultados que se apresentam. Infelizmente, a vida de Mourinho não está fácil. Sendo campeão inglês, para além do trágico começo, na primeira jornada, foi a casa do Manchester City e perdeu por 3-0. Ainda surgiram guerras, não com elementos do plantel, mas sim com membros da equipa técnica, sendo que neste caso foi a médica de serviço Eva Carneiro. Uma guerra que levou ao seu despedimento e a um processo por parte da mesma por despedimento sem justa causa. Special One não gostou do trabalho da médica e declarou que ela foi a causa do pobre desempenho da sua equipa. Mas a verdade é que ninguém sabe explicar os presentes maus resultados. Terá sido a fatídica saída de Didier Drogba, o seu calcanhar de Aquiles? Ou será que a mística de Mou desvaneceu como um fechar de cortina de uma peça de Shakespeare? Odiado por muitos e idolatrado por tantos outros, José Mourinho, mantém a autoconfiança, dizendo que

52


09 DESPORTO “(…) não há nenhum outro treinador capaz de treinar o Chelsea como eu, sou o melhor que este clube alguma vez teve e terá (…)”

«(…) não há nenhum outro treinador capaz de treinar o Chelsea como eu, sou o melhor que este clube alguma vez teve e terá (…)», e vê esta situação como um “escorregão” que não impede de, no final, sair vitorioso e feliz. Resta esperar e seguir este tão generoso campeonato com todo o louvor que ele possui e ver o que se segue na agenda do Chelsea, não esquecendo que, embora com o mau desempenho na BPL, continua a triunfar na liga milionária, na qual ainda só somou uma derrota, contra (ironica-

mente) o clube que Mourinho já treinou e no qual venceu, pela primeira vez, essa mesma liga, o F.C Porto. Mourinho é uma pessoa de caráter controverso e que gosta de jogar mind games. Por estes lados, todos esperam o regresso do treinador português às vitórias que o tornaram célebre, inclusive, todos os adeptos do Chelsea pelo mundo fora que só querem vitórias e um regresso ao que ocorreu entre 2004 e 2007. Por enquanto, resta esperar e garantir que aquilo que corre em Mourinho é o sangue dos Blues.

53

Fonte Facebook Oficial do Chelsea


09 DESPORTO

Fonte The Star

ENTREVISTA

O QUE MUDOU NA ARBITRAGEM... OU NÃO Por Inês Figueiras.

A

o longo dos anos, foram constantes os problemas ocorridos na arbitragem nacional de basquetebol. Para além dos árbitros não serem remunerados da maneira mais justa ainda são pagos muito depois da data prevista. Perante esta situação, a Associação Nacional de Juízes de Basquetebol (ANJB), comunicou, no passado dia 1 de Outubro, que os árbitros e juízes não iriam comparecer a nenhum jogo que se realizasse após a publicação daquele comunicado, devido aos atrasos dos pagamentos por parte

da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB). Para que as competições não fossem adiadas, por falta de comparência das equipas de arbitragem, a FPB liquidou parte da dívida que possui com a ANJB, garantindo que, assim que fosse possível, iria solver o montante restante. Neste momento, colocam-se as seguintes questões: Será que esta decisão de pagar só uma parte da dívida foi a mais correta? Será que não foi a maneira mais fácil de “calar” os árbitros? Será que ocorreram mudanças significativas na pós-greve?

54


09 DESPORTO Considerámos que a melhor maneira de obter respostas para as referidas questões é colocá-las diretamente a um árbitro oficial. O nosso entrevistado é Alexandre Santos, de 18 anos, estudante e árbitro. Há quantos anos és árbitro? Qual o teu grau? - Eu já sou árbitro há 4 anos, três oficialmente e um como estagiário. O meu grau neste momento é de árbitro regional. O que está a ocorrer na arbitragem nacional? - Atualmente podemos dizer que a arbitragem nacional vive períodos negros, pois há uma constante “guerra” entre a Associação Nacional de Juízes de Basquetebol e a Federação Portuguesa de Basquetebol, devido à falta de pagamentos. Infelizmente este desporto não é como o futebol onde todos recebem bem e a horas. Este desporto tem passado por muitas dificuldades e uma das principais é a manutenção dos seus juízes, pois não é fácil andar de um lado para o outro pelo país e proporcionar o melhor que este desporto tem para dar. Atualmente muitos juízes, nos quais infelizmente ainda me incluo, não receberam o valor respetivo aos jogos realizados na época passada. Muitos ainda estão à espera do dinheiro que corresponde ao ano civil de 2014, portanto podes ver que há uma grande falha financeira. A ANJB organiza varias reuniões para tentar facilitar o pagamento mas não tem cumprido e isso levou a que muitos árbitros fizessem greve, como forma de protesto o

que prejudica muito o desporto. Alguns árbitros tiveram de atuar mesmo com a ordem de greve pois tiveram ordens de não entrar em greve pela própria FIBA, o órgão máximo do Basquetebol mundial. E acredito que muita água irá correr debaixo da ponte, ainda nos dias que se aproximam. Qual a tua posição em relação a esse assunto? - Acho que se fazemos o esforço financeiro e pessoal de estar nos locais a tempo e horas então também deve haver um acordo mútuo de pagamentos, pois nada é gratuito. Por exemplo, eu ando muito de transportes públicos e o dinheiro serve para cobrir essas e outras despesas. Ora, se não for entregue no devido momento isso poderá levar a que não possa continuar, pois eu sou estudante a tempo inteiro e tenho várias despesas diariamente. Na tua opinião, depois de ter ocorrido a greve, já mudou alguma coisa? - Acredito que tenha sido um choque para a FPB e que muito irá mudar, mas por enquanto não há mudanças significativas, apenas os habituais avisos e troca de e-mails entre as duas organizações. Concordas com a greve? - Sim, concordo pois, todos nós sofremos ao longo de uma época, uns mais que outros e a falta de compromisso é uma “chapada de luva branca” que leva a que muitos juízes tomem atitudes contrárias ao esperado pois nenhum de nós é fantoche, somos pessoas com vidas que merecem ser respeitadas. Fonte Basket Club Missillac la Chapelle

A FPB E A ANJB LUTAM POR UM CONSENSO E UM RETORNO DA NORMALIDADE DESTE GRANDE DESPORTO

55


56


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.