Revista Mundo Contemporâneo | Março 2015

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Março’ 15 | N.º1 | 6.ª Edição | Mensal | Distribuição Online

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Índice Sociedade Cultura

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Ciência e Tecnologia

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Economia

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Desporto

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Política

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Internacional

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Ficha Técnica: Facebook: revistamundocontemporaneo2015 DOCENTE: Aurízia Anica | DIRETOR EDITORIAL: Duarte Lago, a49843@ualg.pt | SUBDIRETOR EDITORIAL: João Carmo, a49573 @ualg.pt | DIRETOR DE ARTE: André Sousa, a50130@ ualg.pt | SUBDIRETORA DE ARTE: Tatiana Palma, a47394@ualg. pt | SUBDIRETORA DE ARTE: Sónia Aço, a49677@ualg.pt | COORDENADOR SOCIEDADE: Ana Leonor Fiel, a49859@ualg.pt| COORDENADOR CULTURA: Ariana Nobre, a49613@ualg.pt | COORDENADOR CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Marta Gouveia, a49874@ ualg.pt | COORDENADOR ECONOMIA: Karine Garrido a49715@ ualg.pt| COORDENADOR DESPORTO: Miguel Lelo, a47367@ualg. pt | COORDENADOR POLÍTICA: Rodrigo Thiel, a53374@ualg.pt | COORDANDOR INTERNACIONAL: Soraia Gonçalves, a50625@ ualg.pt Distribuição: Online Periodicidade: Mensal Morada: Universidade do Algarve Estrada da Penha, Campus da Penha 8005-139 Faro Portugal Escola Superior de Educação e Comunicação http://esec.ualg.pt/home/pt

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Editorial Bem-vindos ao Mundo Contemporâneo! Criada no ano letivo 2009|2010 por alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve, a revista Mundo Contemporâneo inicia, assim, a sua sexta edição. Com uma equipa totalmente renovada mas disposta a manter o excelente trabalho desenvolvido pelos seus antigos colaboradores, é com muita honra e sentido de responsabilidade que aliámos, ao papel de repórteres, o de diretores deste novo desafio. Depois de um interregno de cerca de um ano, novos assuntos emergem no dia-a-dia de todos nós, numa sociedade cada vez mais devastada pela avolumada crise económica que se faz sentir não só a nível nacional, como europeu e mundial, abrindo assim o debate para a realização de artigos que motivam e captam a atenção dos leitores. Mas não é só da crise que se fará o nosso destaque. Esta revista prima por uma rigorosa seleção de temas que, ajustando-se aos mais diversos estilos jornalísticos, fazem desta um espaço de contemporaneidade. Comprometemo-nos a elaborar artigos, sempre frutos de rigorosa investigação, com o mais elevado profissionalismo, seriedade e, como nunca poderia deixar de ser, baseados na verdade, no rigor e na exatidão, fazendo uso de toda a ética e deontologia que deve permanecer constante no nosso trabalho como jornalistas e como profissionais da comunicação. Repugnámos, ainda, qualquer tipo de plágio ou ataque à liberdade de expressão, sendo que toda e qualquer fonte de informação por nós

utilizada será sempre devidamente mencionada, estando ainda todos nós conscientes da grande responsabilidade que é a de informar o cidadão. Neste primeiro número de uma série que desejamos que seja ainda melhor do que as anteriores e que pretendemos que esteja ainda mais próxima dos nossos leitores, abordamos diversas questões da atualidade, em sete categorias subdividas em Ciência e Tecnologia, Cultura, Desporto, Economia, Internacional, Política e Sociedade. Das demolições na Ilha de Faro à falta de água no Brasil, da Guerra na Ucrânia às situações política e económica de Portugal e da Grécia, da noite de Óscares ao encontro nacional de estudantes de Bioquímica, passando pela candidatura do português Luís Figo à presidência da FIFA, organismo máximo do futebol mundial, ou do 30º aniversário do melhor futebolista do mundo, também de origens lusitanas, Cristiano Ronaldo. É com muito orgulho que vos apresentamos, em nome de toda a equipa, o primeiro número desta 6ª edição do Mundo Contemporâneo, e é com grande expetativa que esperamos que todos possam desfrutar, em todo o seu conteúdo, da pertinência e da atualidade das questões abordadas pelos nossos repórteres, que trabalharam sempre de uma forma empenhada, coesa e cooperativa. Muito obrigado a todos e até ao próximo mês. Boas leituras! Duarte Lago (Diretor) | João Carmo (Subdiretor)

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Sociedade Fonte: sapo.pt

Demolições na Praia de Faro Há mais de dez anos, as ilhas da Ria Formosa têm sido alvo de ameaças de destruição de habitações, que se foram degradando pela força do tempo, e de renaturalização de espaços abertos. Desde novembro do ano passado que os moradores, quer do lado nascente, quer do poente da Praia de Faro, têm vindo a receber avisos de ordem de despejo por parte da Sociedade Polis, entidade responsável pelo processo das demolições que se encontram previstas até ao final do ano corrente. Segundo esta Sociedade irão incidir, numa primeira fase, nas casas que estão registadas como segunda habitação, sendo que, posteriormente, também as outras poderão vir a ser demolidas, havendo, neste caso, a promessa de realojamento a esses moradores. Das 112 habitações, que foram sinalizadas com spray azul como indicador de demolição, tidas como secundárias, 97 já se encontram sob posse administrativa por parte da Polis. Conforme o presidente desta entidade, Sebastião Teixeira, afirmou no jornal algarvio Sul Informação, «Correu tudo como esperado. Há sempre tensões, mas correu como esperávamos e está concluído». A comunidade piscatória sente-se injustiçada perante a situação descrita, pois, após vários anos de pagamento de impostos, vêem as suas vidas serem destruídas, dado que a razão apresentada para tal ação reside no facto das casas se encontrarem ilegais. No entanto, os residentes interrogam-se sobre essa mesma ilegalidade, pois as suas residências contêm os bens necessários, como, por exemplo, água canalizada, gás e eletricidade, e efetuam ainda o pagamento de taxas e impostos como o IMI, Imposto Municipal sobre

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Imóveis. «Nós pagámos impostos, pagámos água e luz e alegam o quê? Que somos clandestinos? De quem é a ilegalidade? Nossa ou das autoridades?», lançou Augusta Pudim, de 59 anos, mariscadora profissional, que avançou com uma providência cautelar para tentar evitar a demolição da casa onde vive com o pai, de 89 anos. Segundo esta fonte, o facto de ter uma segunda habitação, alugada, fá-la correr o risco de ser desalojada sem ter direito a qualquer tipo de indemnização, apesar de o progenitor ter passado uma vida inteira a viver naquele local. Já Manuela Costa, esposa de um pescador ativo, vê-se forçada a abandonar a sua única habitação, onde vive com o marido há mais de dez anos, pelo facto do seu nome estar envolvido na compra de uma propriedade. Sem dinheiro para pedir uma providência cautelar, o casal é obrigado a retirar os seus pertences para irem viver com o seu filho, nora, e netos, numa casa alugada na cidade de Faro, onde não se sentem confortáveis a residir, dado que o seu marido leva a vida de um homem livre com alma de marinheiro que não se deixa aprisionar pela cidade. Esta situação leva-a não só a abandonar toda a sua vida, memórias e alguns pertences, como estes que lhe restam ainda foram vandalizados, após uma semana de intervenção. Já José Pinheiro, ex-militar, levou o caso a tribunal, afirmando que «o juiz vai decidir melhor que ninguém o que fazer, até lá, não saio». Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e Energia, justifica os incentivos de destruição com o propósito de desoprimir da força humana os espaços reservados à biodiversidade e à natureza no seu estado puro. Esta preocupação tem na sua génese os acontecimentos ocorridos na ilha da Fuseta, que em 2010 devastou inúmeras casas por estas se encontrarem nos limites da orla costeira. Reportagem: A. Fiel | C. Pires | D. Lago | J. Carmo


Sociedade

Fonte: Câmara Municipal de Lisboa

Lisboa não é para todos Mora em Lisboa e possui um veículo anterior aos anos 1996 e 2000? A sua vida vai mudar! Foram estipuladas algumas medidas que poderão não ser do seu agrado… Depois de efetuados vários estudos de impacto ambiental, foi possível para a Câmara Municipal de Lisboa concluir que a principal causa dos elevados níveis de poluição na cidade se devem ao excesso de tráfego automóvel na baixa. Conhecidos os resultados dos testes feitos à qualidade do ar, de modo a minimizar e prevenir futuros danos, foi decidido que conferência que veículos anteriores ao ano de 1992 passam a estar proibidos de circular em algumas ruas da capital. Esta proibição dividiu-se em três fases, a primeira tendo ocorrido em julho de 2011, que proibiu a circulação de veículos anteriores a 2000 na zona 1, que se entende pela Rua Alexandre Herculano e pela Praça do Comércio. No entanto, existem exceções, pois os moradores que possuam veículos com dísticos atribuídos pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa estão desvinculados desta proibição nas zonas de estacionamento limitado. Na Av. da Liberdade e no Chiado foram também proibidos de circular os veículos pesados anteriores a esse ano. Numa segunda fase, que entrou em vigor em abril de 2012, foram contempladas nesta restrição as áreas delimitadas pela Av. de Ceuta, Eixo Norte-Sul, Av. das Forças Armadas, Av. dos Estados Unidos da América, Av. General Spínola e Av. Infante D. Henrique, tendo a

zona 1 sofrido alterações na proibição de circulação, ficando então condicionados de circular todos os veículos anteriores ao ano de 1996. Diferenciando esta zona da anterior foram agora considerados proibidos de circular, também, os veículos anteriores ao ano de 1996, a não ser que se enquadrem nas exceções acima enunciadas ou que residam na capital. Já numa terceira fase, implementada a 15 de janeiro deste ano, a proibição de circulação na zona 1 foi alargada aos veículos anteriores ao ano 2000, enquanto na zona 2 apenas está interrompida a circulação aos veículos anteriores a 1996. Excetuados desta proibição estão os veículos das autoridades policiais, táxis e transportes públicos. Caso estas exceções não tivessem sido aplicadas possivelmente não seria possível encontrar nenhum destes serviços nas zonas referidas. Para os incumpridores desta medida, o auto de contraordenação consiste na aplicação de uma coima de 24,90 euros. Sobre a incidência destas fugas à lei, entre os anos de 2012 e 2014, a PSP adianta que o número médio de infratores é cerca de 9 veículos por mês. Este baixo número de contra ordenadores deve-se à dificuldade em controlar todas as zonas e matrículas que nestas circulam, sendo por essa razão que irão ser tomadas algumas medidas que visam levar a um melhor controlo, entre elas a colocação de um chip nas matrículas dos veículos contemplados nas proibições. Reportagem: Ana Catarina | Maria Beatriz

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Sociedade

Ir é o melhor remédio Nunca te prendas a nada, arrisca, avança, evolui, porque ir é isso mesmo, seguires um novo rumo, um novo caminho, agarrares uma nova experiência. A palavra Erasmus envolve em si um conjunto de conceitos, culturas, línguas e a descoberta de um novo mundo. Portugal é um dos países que mais recebem estudantes estrangeiros; no entanto, é também um dos que menos se aventuram além-fronteiras. A Universidade do Algarve (UAlg) é lar de um dos maiores programas de mobilidade internacional, através do programa Erasmus. Com o apoio de um Gabinete de Relações Internacionais e Mobilidade, este desenvolve, promove e coordena as atividades internacionais subordinadas à universidade (informações anteriores à vinda, orientações à chegada e integração cultural). Desde a abertura do programa, em 1993, a UAlg assinou mais de 200 acordos bilaterais com universidades por toda Europa, recebendo estudantes de mais de 50 nacionalidades, que escolhem o Algarve para apurar os estudos, conhecer novas culturas e criar elos de ligação com novas pessoas, novos horizontes. João Paulo, estudante do 2.º ano da licenciatura de Turismo, na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) na Universidade do Algarve, aderiu ao programa Erasmus. Se inicialmente apenas arriscou mudar o seu rumo durante um semestre, o gosto pela cultura e hospitalidade do povo turco fez com que a sua aventura se prolongasse ao longo de mais um semestre. A Universidade de Yasar foi e continua a ser o porto de abrigo de João Paulo. Calorosa, diversa e patriota: é assim que descreve Izmir, cidade no sudoeste da Turquia. Tal como Lauma, também João detém que «Ir é o melhor remédio», filosofia marcada pelo seu espírito positivo e aventureiro aquando a sua resposta às seguintes perguntas. Tatiana Palma: Porque decidiste fazer Erasmus? João Paulo: A minha decisão de participar no programa Erasmus prendeu-se com a oportunidade de viver por conta própria e sair de casa dos meus pais. Não que tenha algum problema na relação com os mesmos, mas com 19 anos senti a necessidade de sair da minha zona de conforto. Queria ganhar responsabilidade e aprender a desenrascar-me e fazer tudo por mim mesmo. Outro dos motivos que me fizeram querer fazer parte desta aventura foi a oportunidade única de estudar e de conviver com estudantes de toda a Europa. Esta é sem dúvida, para mim, a grande mais-valia do programa Erasmus – o facto de conhecer pessoas diferentes e aprender com as mesmas, simplesmente, através do convívio. Tatiana Palma: Quais as barreiras que encontraste a nível linguístico e cultural? João Paulo:Sendo que escolhi Izmir, uma cidade no su-

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doeste da Turquia, como a minha cidade de acolhimento, não me faltaram barreiras. A nível linguístico posso dizer que foi onde encontrei maiores dificuldades, pois fora da Universidade era muito difícil encontrar alguém que falasse outra língua para além do turco. No entanto a minha comunicação foi sempre possível com a comunidade local muito devido ao meu esforço em aprender algum vocabulário básico e à incansável hospitalidade do povo turco. No que diz respeito às barreiras culturais devo dizer que parti apreensivo por se tratar de um país em que, apesar de ser laico, a religião predominante é o Islão e fazer fronteira com a Síria, que se encontra atualmente envolvida em conflitos armados. Ainda assim devo dizer que não senti um choque tão grande como imaginei. Talvez por ter uma mente aberta e tentar respeitar sempre a cultura local, mas a verdade é que a única coisa que me incomodou foi o facto de não haver carne de porco à venda em restaurantes e supermercados. Tatiana Palma: Repetias a experiência? João Paulo: Sem dúvida que repetiria a experiência. E a prova disso é que o meu plano inicial quando cheguei à Turquia seria de ficar apenas por um semestre, no entanto preferi estender a minha estada e prolongar por um ano. Acredito que esta é uma aventura única e que me marcará em muitos aspetos da minha vida. E por isso recomendo a todos e apoio quem pensar em juntar-se a este programa. Tatiana Palma: Achas que o Erasmus é uma mais-valia no teu percurso académico? João Paulo: Acredito, sim, que ter participado neste projecto me ajude bastante a nível académico. São indiscutíveis os benefícios de estudar temporariamente fora do nosso país, seja pelas novas visões que nos são apresentadas, pelos contactos que se fazem, o podermos observar o trabalho que se faz na nossa área de estudos no país que nos acolhe, a possibilidade de discutir interesses comuns com estudantes de outros países europeus ou mesmo a adaptação e responsabilidade que nos são impostas. Testemunhos como o João Paulo são essenciais para abrir mentes, horizontes e quem sabe dar azo a novas experiências. Muitos estudantes deixam-se ficar, deixam-se levar pelo hábito, pelo comodismo. Sempre ouvi dizer que «Quem não arrisca não petisca» e, neste caso em concreto, o programa Erasmus surge como uma nova aventura repleta de imensos desafios. Desde a cultura e língua diferentes ao miudinho nervoso que se sente quando se parte à descoberta de um outro caminho, de uma outra perspetiva. É entre o desconhecido e a busca por novas aventuras que desafiamos quem somos e quem queremos ser, embarcando numa viagem memorável. Entrevista: Tatiana Palma


Fonte: Jo達o Paulo

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Sociedade

Ao som do samba Um bocadinho de história Do original «carnis levale», em latim, o Carnaval chega até nós como uma mistura de origens pagãs. É na Grécia Antiga que surge em agradecimento aos deuses da fertilidade do solo sendo adotada séculos mais tarde pela Igreja Católica antes do início da Quaresma.

Fonte: http://soaquipassagensbaratas.com.br/

Nos nossos dias Poucas são as similaridades entre as duas comemorações. O nosso Carnaval, pautado por uma vasta gama de cores e músicas ritmadas, como o samba, em nada nos faz pensar que a origem se encontra tão enraizada no costume grego onde se organizavam pequenas festas em todos os povoados. É-nos fácil entender, no entanto, que o objetivo é sempre o mesmo, uma tentativa de evasão e de escapamento do que se passa em todos os outros dias do ano. A fuga que o Carnaval permite, através dos fatos do super-homem, do homem aranha, ou de qualquer outra fantasia, dá a quem participa a liberdade de, por momentos, não se lembrar das coisas menos boas que sucedem no resto do ano, da crise, da falta de emprego, ou da austeridade. Os corsos carnavalescos servem, normalmente, de pretexto para alguma forma de crítica ou de humor para com algum assunto da atualidade, utilizando-se a ironia, o exagero e, numa época em “que ninguém leva a mal”, permite ainda que se faça todo o tipo de brincadeiras e contestações sem que, por isso, estas sejam alvo de olhares mais azedos. É, porém, acima de tudo uma altura de alegria e de júbillo. Os foliões que, durante três dias, podem escapar da normalidade e gozar o que bem lhes apetecer são aos milhares em todo o país, desde

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ao mais pequeno até ao mais graúdo, e marcam o Carnaval como uma festa que atravessa gerações. As serpentinas de todas as cores, os fatos mais ou menos elaborados, as cores na cara e a ilusão de se poder ser o que se quiser, as músicas que nos chegam do país com a maior tradição do mundo no que diz respeito a esta festividade, o Brasil, concedem ao Carnaval um estatuto de uma das festas mais badaladas e esperadas do ano. Por outro lado, numa altura em que a economia agradece tudo o que possamos fazer para a melhorar, nada melhor do que juntar animação a mais alguns tostões no bolso, como esperam as autarquias. Apesar do investimento ser quase sempre elevado, o retorno que obtém permite que estas contabilizem um bom cachê no final da época carnavalesca e nos prenda todos os anos com desfiles cada vez melhores. E logo nos damos conta que o Carnaval é isto mesmo, uma época de alegria para todos. Um momento em que as cores, que no resto do ano não se usam, sejam então as mais vistas. Um período em que nada, ou quase… é proibido e em que todos parecem ter os mesmos direitos. Uma altura em que ninguém fica em casa. Uma altura… demasiado curta. Crónica: Abigail Machado


Cultura A Orquestra das Lendas Sonoras Os Concertos Promenade da Orquestra Clássica do Sul voltam aos palcos apostando numa forte ação pedagógica e educativa para os mais novos. Os Concertos Promenade da Orquestra Clássica do Sul (OCS) acontecem uma vez por mês, aos domingos, nas cidades de Faro, Lagoa (Algarve) e Évora (Alentejo). Uma hora de concerto destinada a toda a família que alia a música erudita a célebres lendas do Reino de Portugal. Num palco quase às escuras e com instrumentos que exaltam a música a OCS, vestida de preto, oferece aos mais novos a cor das lendas de Santo António, da Rainha Santa Isabel, de D. Nuno e de São Martinho. Lendas narradas por Susana Paixão e acompanhadas por composições especialmente compostas pelo Maestro Assistente da OCS, John Avery, destinadas especialmente para o público infantil. Estes espetáculos distinguem-se pelas apresentações alegres, onde as histórias são narradas de um modo mais descontraído que desperta as crianças e jovens para o mundo da arte e da cultura,

Óscares 2015 A 87ª edição da entrega dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ocorreu no passado dia 22 de fevereiro. A cerimónia, apresentada pelo ator de “Foi Assim Que Aconteceu”, Neil Patrick Harris, contou com nomes já bastante conhecidos do grande público como Meryl Streep, Steve Carell, Nicole Kidman, Jared Leto e muitos mais. Os grandes favoritos da noite eram os filmes Birdman e O Grande Hotel Budapeste, que contavam com nove nomeações cada um, e ainda a história do mais consagrado cientista da atualidade, Ste-

assumindo, assim, uma vertente fortemente educativa. Dessa forma, embora as lendas apresentadasneste ciclo de concertos tratem temas mais sérios, a apresentação das mesmas surge como elemento contrastante, pois convida o público a adotar uma postura mais descontraída e divertida. O tema principal que deu nome ao primeiro espetáculo que inicia, aliás, os Concertos Promenade deste ano – D. Nuno, o Santo Cavaleiro – exibe a lenda de D. Nuno Álvares Pereira, afamado cavaleiro que ficou conhecido por Santo Condestável, visto ter adotado uma vida desprovida de riqueza e ter-se dedicado por inteiro àqueles que mais precisavam, vindo a tornar-se São Nuno de Santa Maria. Este ciclo de concertos continua por algumas regiões do país até ao mês de maio e com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, Mecenas Extraordinário da Orquestra Clássica do Sul, em coprodução com o Teatro das Figuras, em Faro, e com o apoio das autarquias de Lagoa e de Évora. Notícia: Ariana Nobre

phen Hawking, «A Teoria de Tudo», com oito nomeações. Oito foi também o número de estatuetas conquistadas pelo mesmo, apesar de o filme do mexicano Alejandro Iñárritu ter ganho os mais desejados da noite, entre os quais o de melhor filme e o de melhor realizador. Por outro lado, Boyhood, filmado ao longo de 12 anos, foi uma das grandes derrotas da noite. Das seis nomeações, o projeto independente de Richard Linklater, que ganhou um Globo de Ouro e um BAFTA para melhor filme, só conseguiu arrecadar o Óscar de melhor atriz secundária para Patricia Arquette. Notícia: João Gama | Cláudia Gonçalves

Fonte: cinema.uol.com.br

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Cultura IV Convenção Urban Xpression A cidade de Faro foi invadida pelo espírito irreverente do Hip-Hop Todos os anos, associações do Algarve trazem à região bailarinos nacionais e internacionais dispostos a partilharem os seus conhecimentos de dança. Esta foi a vez da Associação de dança, cultura e arte – Urban Xpression - com a sua convenção e campeonato de Hip-Hop. Dia 21 deste mês, Faro tornou-se uma vez mais o palco da Cultura Hip-Hop, com a IV Convenção Urban Xpression e o III Campeonato Urban Dance Styles. A convenção teve lugar no pavilhão municipal de Faro, onde a partir das 9.30h começaram a ser dadas aulas de variados estilos de dança. Este ano os prestigiados bailarinos convidados foram Valter Vieira, que presenteou os participantes com uma masterclass de Hip-Hop, Andreia Silvestre, com UXstyle, Daniela Dias, com Dancehall, Bruno Bogalho com Newstyle, João Figueira com Vogue, Fernando Lopes com RnB e Blaya Rodriguez, com Kuduro. No recinto, a organização trabalhou afincadamente para manter tudo em ordem e, entre aulas e atuações, concretizou-se o evento que terminou a primeira parte perto das 18h. As portas do pavilhão municipal reabriram pelas 21h para o grande campeonato de crews. A plateia encheu no momento da atuação das categorias júnior e sénior. Para abertura destes, a associação preparou com dedicação três especiais atuações. Primeiramente, foi apresentado um trabalho criado pela bailarina e coreógrafa Andreia Silvestre e pelos seus alunos do APPC Faro. Um momento que deixou a plateia com um nó na garganta e lágrimas nos olhos. Seguiu-se a atuação dos alunos mais novos da associação, que reencarnaram com vivacidade variadas estrelas pop, e a atuação dos bailarinos

que participaram no Workshop Kids, lecionado durante a tarde pelo coreógrafo Valter Vieira. Este ano, a Urban Xpression trouxe-nos novidades no Campeonato Urban Dance Styles como a existência de um campeonato júnior e a atribuição dos prémios para melhor bailarino, melhor bailarina e melhor coreógrafo/a. No ansiado campeonato sénior, estiveram presentes as crews nacionais Fell It Crew, Enigmatic Decadance, Dance Coolture, Urban Xpression, Exclusive Dancers, G-Sparks - ADA, Stand Up e no campeonato júnior Urban Xpression, Sparks Kids – ADA e Academia de Dança Ana Monteiro. Foram convidados para jurados do campeonato os quatro brilhantes profissionais Rudrigu Santos, Daniela Dias, Edgar Carvalho e Filipa Rodrigues que, durante a noite, fizeram uma pequena demonstração do que valem, tendo a mais difícil tarefa, a de decidir quem ganhava entre tantas crews trabalhadoras e criativas. Pela decisão destes jurados especializados no nível técnico e artístico foram atribuídas as classificações e os prémios aos vencedores. Do campeonato sénior o primeiro lugar foi atribuído ao grupo Enigmatic Decadance, o segundo a Fell It Crew, tendo merecido o terceiro lugar por fim, a crew Dance Coolculture. Na categoria júnior o lugar privilegiado no pódio foi reservado aos Sparks Kids - ADA. Os merecidos vencedores, carregados de atitude e muito amor pela dança, levaram para casa, para além do prémio monetário de 600€ e 350€, a entrada gratuita para a V Convenção Urban Xpression e respetivo IV Campeonato Urban Styles, que têm data marcada para o próximo ano mas que já são bastante esperados pelos bailarinos. Notícia: Ana Beatriz Lopes | Sofia Elisiário

Fonte: Tixa Galvão

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Cultura

COWSPIRACY

Uma verdade escondida «Cowspiracy: O Segredo de Sustentabilidade» pouco ou nada tem a ver com conspiração, tal como poderia induzir. Este, por sua vez, baseia-se em factos reais que nos confrontam com a existência de um grave problema a nível mundial. Dirigido por Kip Andersen e Keegan Kuhn, o documentário segue Kip na sua jornada de aprendizagem sobre a criação de gado e os efeitos chocantes que esta tem sobre o meio ambiente. Um exemplo dado logo no início do documentário é que, enquanto automóveis, camiões e aviões contribuem com 13% dos gases do efeito de estufa, estudos recentes mostram que a pecuária e derivados contribui com uns gritantes 51%, além de usar um terço da nossa água potável e cerca de 50% da nossa terra. Além disso, é ainda a maior responsável pela destruição de florestas, extinção de espécies, perda de habitat e erosão dos solos. Torna-se claro que a principal razão pela qual estamos a ficar sem recursos se deve à criação de gado, podendo, assim, afirmar-se que não existe nenhuma indústria que prejudique tanto o nosso planeta como o consumo de produtos de origem animal. No en-

tanto, esta continua quase sem refutação. Baseando-se nessa problemática, para os realizadores torna-se importante descobrir o porquê das Organizações Não Governamentais (ONG’s) ambientalistas, como a Greenpeace, entre outras, e do Governo se esforçarem ao máximo por esconder aquela que é a principal causa do aquecimento global e das alterações climáticas, concentrando-se apenas sobre os efeitos dos combustíveis fósseis e da poluição. Esta é a principal causa que levou à realização deste filme bastante factual, que trata problemas reais com consequências catastróficas, que não são tratados nem tão pouco abordados e, como tal, são ignorados pela maioria das pessoas. O documentário acaba por mostrar uma nova visão, tentando levantar uma maior consciência sobre as forças destrutivas no nosso planeta. Foi contra todos os obstáculos que os realizadores se dedicaram a destruir o sigilo que existe à volta de um tema bastante polémico para que a verdade sobre o impacto da pecuária industrial no ambiente fosse revelada. Reportagem: A. Afonso | C. Martins | R. Westwood

À caça de talento na RUA

A Rádio Universitária do Algarve procura, entre os alunos da Academia, interessados em colaborar. Os estudantes já inseridos no projeto encontram-se na fase de formação. Este desafio lançado pela Rádio Universitária do Algarve (RUA) vem ao encontro da necessidade constante de novos colaboradores na Rádio bem como à sua ligação à Universidade. «Estamos constantemente à procura de pessoas novas e obviamente que os alunos universitários são um dos alvos da RUA. Muitas vezes são aqueles que têm mais tempo, são aqueles que querem também mostrar algumas coisas e são não só o nosso público-alvo de emissão mas também o nosso público-alvo de captação», explica Pedro Duarte, diretor de Antena. A Rádio, que emite em 102.7 FM, é fruto de uma parceria entre a Associação Académica e a Universidade do Algarve, sendo estes os seus principais financiadores. Devido à sua vertente académica, para além da transmissão de música alternativa, torna-se também divulgadora do trabalho desenvolvido na Universidade e da cultura regional, de onde obtém outra parte do seu financiamento. No entanto, “a Rádio, como não tem grandes recursos, viveu sempre à custa de voluntários”, acrescenta Pedro Duarte. O projeto de busca de novos talentos conta já com um grupo de oito alunos universitários que iniciam a primeira fase de inserção na RUA através de uma formação, «que se ajusta às necessidades de cada um», reforça o diretor. Nesta etapa, adquirirão os conhecimentos e técnicas necessárias para, em seguida, participarem ativamente nas emissões e se prepararem para um futuro profissional. Quanto às expectativas da participação, Pedro Faísca, aluno da Universidade do Algarve, afirma que «o principal objetivo é aprender ao máximo e ganhar alguma experiência». O envolvimento nos conteúdos da Rádio passará um pouco

pelos gostos e sugestões dos candidatos, contribuindo assim para possíveis inovações na programação. O diretor de antena expressou a sua intenção de «aproveitar a leva de novas pessoas para novas ideias». Com a colaboração dos jovens universitários, a Rádio ganha um novo som, procurando cativar um público mais vasto. Na sua maioria, os voluntários optam por sugerir programas de autor ligados à área da música. Contudo, Pedro Duarte aponta outras temáticas em défice nos conteúdos de emissão que gostaria de ver dinamizadas, «seria interessante descobrir os talentos que há na UAlg em termos de humor». Apesar da atual caça ao talento, a Rádio Universitária do Algarve não coloca impedimentos a quem procure juntar-se à equipa de colaboradores em qualquer outra ocasião. Toda a cooperação é bem-vinda pois, nas palavras da locutora Leila Leiras, «a porta da RUA está sempre aberta». Reportagem: Joana Silva | Mafalda Vicente

Fonte: RUA FM

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Cultura

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Cultura A Guerra dos Tronos - Polémica, imprevisível e a não perder! Com cerca de cinco milhões de pessoas a assistir, a Guerra dos Tronos é hoje um fenómeno mundial que ultrapassou as pequenas dimensões de um ecrã, transportando-se para vários formatos, garantindo que podemos até nunca ter assistido mas ouvimos pelo menos falar. Esta série televisiva é uma adaptação de um drama medieval escrito por George R. R. Martin e composto por vários livros que são comparados, pelo «The Guardian», com os dramas arquetípicos de Homero, Sófocles e William Shakespeare. O jornal inglês afirma que o “conflito entre o autossacrifício e o autointeresse, entre o espírito e ego humanos, entre o bem e o mal” são as características comuns entre as obras magnas apontadas. Esta não é apenas uma série com uma história que fica bem lá atrás no tempo e que alia dragões, monstros e línguas que mais ninguém reconhece, mas sim uma história de como alcançar o poder e conseguir mantê-lo. Não é de todo uma série a que estejamos acostumados. Aqui, os personagens não se encaixam nos estereótipos, havendo uma certa ambiguidade onde os heróis são vilões e os vilões são heróis. Nada é preto no branco. Diferencia-se do resto pela sua imprevisibilidade nos acontecimentos, o que acaba por prender o espectador ao ecrã. Além disso, prima pelo enredo extraordinário onde são testados os limites da condição humana e onde todas as personagens têm uma história e se assumem cada qual como uma importante «peça no tabuleiro». A série centra-se em três pontos fulcrais, sendo o primeiro a conspiração e, subsequentemente, a guerra pelo Trono de Ferro por parte das famílias mais poderosas dos sete reinos após a morte do Rei Robert Baratheon, onde é narrada a luta entre as casas rivais e os seus aliados, havendo muitas reviravoltas durante toda a trama. O segundo ponto centra-se nas criaturas sobrenaturais apelidadas de “White Walkers”, que se encontram para lá da grande

muralha do Norte que forma uma fronteira entre Westeros, continente no qual se situa a ação da história, e os «Selvagens» e que conta com a Patrulha da Noite para a proteger. No passado, esta era uma patrulha respeitada e composta por grandes senhores de muitas casas, mas depois de se ter pensado que os White Walkers estavam extintos a Patrulha da Noite ganhou uma má reputação e passou a ser composta por exilados, criminosos e iletrados. Após a morte de quase todos os vigilantes da Patrulha, revela-se um grande perigo a caminho dos sete reinos. O terceiro ponto centra-se em Daenerys Targaryen, exilada para além do mar estreito, em Pentos, juntamente com o seu irmão Viserys, que a vende como esposa ao líder de milhares de guerreiros Dothraki, Khal Drogo. Com a morte destes dois personagens, Daenerys ou Khaleesi, portadora e mãe de três dragões inicia a sua jornada com o seu exército para reconquistar o Trono de Ferro que é seu por direito, libertando escravos pelo caminho da sua jornada e fortalecendo as suas tropas livres. A Este de Westeros destaca-se Essos, um continente com um povo diferente, habitado principalmente por comerciantes, pastores, feiticeiros e exilados que apresentam uma cultura própria e um estilo de vida completamente diferente do que é vivido nos sete reinos, onde a maioria vive e morre pela espada. Devido à época histórica de todo o enredo, a série está repleta de cenas violentas, onde machados perfuram crânios, onde proliferam banhos de sangue e cenas de cariz sexual que, para muitos, podem ser conteúdos difíceis de aceitar, mas que na realidade só nos demonstram a intemporalidade do caráter humano e do que todos somos capazes de fazer nas circunstâncias “certas”, mesmo que através de cenas mais fortes. É sem dúvida uma série a não perder. Opinião: Ana Laura Valverde | Nídia de Matos

Fonte: playbuzz.com

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Ciência e Tecnologia VIII Encontro Nacional de Estudantes de Bioquímica O evento irá contar com mais de 200 pessoas, vindas de todo o país O Núcleo de Estudantes de Bioquímica da Universidade do Algarve (NEBQUAL), juntamente com a comissão organizadora do encontro nacional de estudantes, realiza este ano mais uma edição do ENEBIOQ. Contando já com 8 edições, este evento promete juntar alunos de Bioquímica de todo o país, com o intuito de dar a conhecer esse curso existente na UAlg e de apelar ao convívio de todos. A iniciativa tem também o objetivo de recolher e difundir informação da área da Bioquímica, através de palestras e programas que promovem e incentivam o desenvolvimento de atividades científicas, assim como a criação de parcerias para o funcionamento do NEBQUAL e, consequentemente, para os alunos desta área. Tendo a sua sétima edição sido na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, esta nova edição garante muitas novidades, tais como o “ENEBIOQ QUIZZ” e atividades como Paintball e Carts. «Desafia o desconhecido» foi o nome eleito

para esta edição pois, segundo Joana Gomes, vice-presidente do Núcleo de Estudantes de Bioquímica «o mundo da ciência está em constante transformação, sendo que há sempre algo por descobrir». Realizar-se-á de 27 a 30 de Março, na Universidade de Ciências e Tecnologia da UAlg (FCT) e contará com a presença de inúmeros cientistas de renome, entre eles Paula Moreira, Maria Helena Vasconcelos, João Magalhães, Pedro Baptista e Goreti Sales, que irão participar em inúmeras palestras, workshops e debates. Espera-se que o ENEBIOQ possa contar com mais de 200 pessoas, entre elas professores, alunos e curiosos vindos de todo o país, que se juntarão nesta busca do desconhecido. Notícia: Raquel Cardoso | Sara Sousa

O Snapchat não é o futuro do Jornalismo O Discover é o primeiro passo de mudança na estrutura da aplicação A aplicação para telemóvel, que permite a captura de vídeos e imagens que se autodestroem em segundos, foi recentemente atualizada e introduz uma nova secção – Discover, onde podem ser publicados conteúdos de informação e entretenimento para os mais de 100 milhões de utilizadores do Snapchat. Criada em 2011, a aplicação inicialmente conhecida como Picaboo, tornou-se cada vez mais influente e é hoje considerada uma das redes sociais mais bem-sucedidas, especialmente entre jovens, ameaçando comunidades como o Facebook ou o Twitter. A introdução do Discover surge assim como o maior passo na evolução da empresa, desde a sua origem. É portanto possível ter acesso a notícias selecionadas por algumas empresas envolvidas desde a Yahoo News à CNN ou da National Geographic à Cosmopolitan. A questão que se coloca é a de saber se este novo conceito de app media, isto é, de aplicação não noticiosa com formato inovador informativo, não colocará alguns entraves ao que chamamos de «old media». A verdade é que a história continua e o que considerávamos meios de comunicação «à antiga» correspondia a toda a comunicação impressa. Porém, hoje podemos, através desta definição, referir-nos a toda e qualquer empresa que se dedique à transmissão de informação, como acontece com os sites ou mesmo canais de televisão. Apesar dos milhões de utilizadores, o Discover é uma plata-

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forma no mínimo intrigante. O Snapchat não é uma fonte ideal de informação, isto porque é conhecida simplesmente pelo envio de imagens e vídeos efémeros. Nesse caso, como é que as notícias se poderiam encaixar na aplicação? Como utilizadoras casuais do Snapchat (principalmente por acharmos sábio o adquirir de novas técnicas para tirar selfies ou fotografias de gatos), observamos que o Discover aparece como uma aplicação totalmente diferente e forçosamente ligada ao Snapchat. A funcionalidade em nada se assemelha ao que estamos habituadas e a página que contém vários círculos com marcas de notícias não acrescenta nada de novo ao que já existe. Poderia pôr-se em causa a existência das app media enquanto substitutas dos old media, onde num futuro próximo passaria a existir uma corrida às novas plataformas como o Discover, e os jornalistas sentir-se-iam esquecidos pelas novas técnicas de distribuição online. Mas, na nossa opinião, o Discover não nos parece afirmar o papel de «app media» nem propriamente o de «disruptor». As app media não vão destruir as old media, mas sim servir-lhes de extensão. Certamente que haverá muitos jornalistas entediados e postos de parte no processo, mas isso foi o que sempre aconteceu. As empresas estão acima das pessoas e os negócios nos meios de comunicação não são exceção. Crónica: Marta Gouveia | Naomi Seys Fonte: Businessinsider.com


Ciência e Tecnologia Las Vegas – O Palco do Futuro A feira tecnológica existe desde 1967 e é o reflexo maior das tendências de mercado Las Vegas recebeu a primeira grande feira de tecnologia do ano. Em janeiro, a Consumer Electronic Show (CES), uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, desvendou as mais recentes novidades de marcas como Samsung, LG e Apple. Os televisores dominaram a feira, mas o grande destaque recaiu sobre os gadgets e as suas evoluções que tornam a utilização do homem mais cómoda. Este evento é destinado à apresentação de novos produtos, investidores e meios de comunicação social, bem como a captação de novos clientes e parceiros, não estando aberto ao público. As grandes revelações deste ano foram: 1. O maior de todos os Chromebook, apresentado pela Acer, com um ecrã de 15,6 polegadas e microarquitectura Intel Core, que promete um grande desempenho e tem apenas 95 milímetros de espessura e um acabamento texturado. 2. O Gogoro SmartScooter, uma scooter que reúne características que prometem atrair os consumidores. Aliada à sua aparência futurista, é alimentada a energia elétrica e adopta um sistema inovador de troca de baterias para rentabilizar o uso. 3. A Samsung apresentou a sua nova linha de televisores SUHD, com um ecrã curvo e uma definição de 4K e uma tecnologia de reprodução de cores superior à anterior, o OLED. A Sony, por sua vez, aposta num design elegante, com 4,9 milímetros de espessura, com uma moldura quase inexistente e suportes super pequenos, que cria uma ilusão de suspensão no ar. A LG regressa a esta feira com os seus smartphones de ecrãs cur-

vos e com Full HD, na segunda edição dos seus telemóveis G Flex. Para além disto, apresentou também, em conjunto com a Audi, um smartwatch inspirado na série dos anos 80 - Knight Rider. Aliado ao design inspirado na série, este relógio inteligente conta com uma aplicação desenvolvida pela Audi que possibilita controlar várias partes do veículo, sendo para isso necessário estabelecer uma ligação Bluetooth de modo a, por exemplo, destrancar as portas a partir do produto referido. Por último, e não menos importante, foi apresentado um vaso inteligente, apresentado pela Parrot, com um reservatório que liberta água quando a planta necessitar de água. As grandes marcas tecnológicas vivem hoje em grande competição e cada vez mais é maior a rivalidade entre as mesmas e as respetivas empresas. A oferta é muita e a qualidade tem vindo a ser cada vez maior, o que faz com que haja uma contínua luta de poderes entre o valor de um produto enquanto a marca a que está associado. Mais de 150 mil participantes circularam durante quatro dias por vários hotéis onde se encontraram um total de 3600 expositores e 250 conferências. Las Vegas torna-se, assim, no palco do futuro e do dinheiro – a indústria da eletrónica representa, só nos EUA, um mercado no valor de 208 mil milhões de dólares. Esta feira é um dos reflexos dessa competição e que faz antever o ano de 2015, que será repleto de novas tecnologias sofisticadas e cada vez mais eficazes e presentes no nosso quotidiano. Notícia: André Sousa | João Mota

Fonte: cesweb.org

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Economia Aumento do peso da Economia Paralela Portugal apresenta uma nova subida no peso da «economia subterrânea». A tendência é explicada pela elevada carga fiscal e pelo crescente aumento do desemprego. O peso da economia não registada subiu para um valor recorde de 26,81% do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos anos. Atualmente, cerca de 45.900 mil milhões de euros não são objeto de participação ao fisco, o que reflete a crise económica vivida e o consequente desemprego. Óscar Afonso, autor do estudo em questão, revelou aos meios de comunicação social que as causas destes valores elevados estão relacionadas com o «aumento dos impostos indiretos», para além do «aumento do consumo do Estado e da taxa de desemprego». Os dados divulgados pelo Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF), da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, demonstram que a economia paralela representa cerca de 60% do empréstimo que Portugal pediu à Troika. Conclui-se que o desaparecimento da economia paralela faria com que a balança comercial apresentasse saldo positivo, ou seja, aumentar-se-iam as exportações de bens e serviços. O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que a economia

não registada represente cerca de 13% do PIB, o que diverge do índice calculado pelo OBEGEF. Carlos Pimenta, presidente desta entidade, considera que os valores apresentados pelo INE estão relacionados com a falta de deteção das transações realizadas em todas as áreas da economia paralela. Salienta, ainda, que a inclusão da economia paralela na contabilidade nacional «permite ao Estado fazer aumentar o PIB oficial», prática que se assemelha com uma «contabilidade criativa», e não nacional. No intuito de combater a economia paralela, o OBEGEF sugere a «necessidade de maior transparência na gestão de recursos públicos», e ainda medidas como a «educação da sociedade civil.» Apesar do aumento da evasão no IVA, Portugal é o sexto país com nível de fuga fiscal mais reduzida da União Europeia. Notícia: Joana Teixeira | João Rodrigues

Portugal mostra a sua qualidade em Berlim Este ano, Portugal foi um dos convidados da Fruit Logistica, em Berlim. A maior feira de frutos e legumes do mundo contou com cerca de 65 mil visitantes, onde 44 empresas do setor estiveram representadas pelo Stand da Portugal Fresh. Foi, assim, a maior delegação de sempre desde 2011, data em que a associação se estreou no certame. Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, afirmou ao Jornal Público que “em 2010 exportávamos 780 milhões de euros. Em Novembro de 2014 chegámos aos mil milhões. Trata-se de um crescimento de 41%. São números brilhantes para o setor”. Afirmou ainda que as empresas estavam preparadas para mostrar as suas frutas e legumes de grande qualidade. O setor apresenta-se cada vez mais preparado para a exportação, porém, ainda faltam desobstruir as barreiras higiénicas, em países fora da zona europeia. A pêra rocha, por exemplo, não consegue entrar na Índia. Deste modo, as empresas queixam-se que existe mais dificuldade em quebrar as barreiras sanitárias do que em encontrar clientes para a sua mercadoria. O Governo garante estar a trabalhar no assunto e Assunção Cristas, ministra da Agricultura, declarou aos órgãos de comunicação social que «a abertura dos mercados internacionais fora do mercado europeu é um trabalho que não termina. Tem processos muito exigentes do ponto de vista fitossanitário». Ao mesmo tempo que o país pensa em exportação, depende da importação para se estabelecer. Enquanto o mesmo se

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preocupava em mostrar que já possuía capacidade de produção para dar resposta aos pedidos da quantidade e qualidade, as atenções viravam-se para a repressão dos portugueses nos gastos, mesmo em produtos alimentares, e os preços comprimidos no retalho que tornaram o negócio no mercado interno menos lucrativo. Além disso, desta maneira, diversifica-se o risco mas ganha-se dimensão pois são cada vez mais as organizações a apostar na produção direta no estrangeiro, com vista a vender frutos durante todo o ano. Cá dentro podemos ver algo completamente diferente, já que nos supermercados há imensos produtos frescos de concorrentes europeus e, apesar dos esforços de comunicação e dos cartazes nas bancas de legumes, os portugueses continuam a reclamar da abundância de fruta estrangeira. Segundo dados do INE de 2013, Portugal agravou a sua dependência alimentar. O saldo da balança comercial de produtos agrícolas e agroalimentares indicou que houve uma baixa de cerca de 39 milhões de euros em relação a 2012. Todavia, em 2014, entre Janeiro e Novembro – e considerando somente as frutas e os legumes – foi registada uma melhoria; as importações chegaram a pouco mais de mil milhões de euros, tendo uma redução de 3,7 % comparado com 2013. Conclui-se que compramos quase tanto ao exterior como o que vendemos, dado que as exportações aumentaram para 996 milhões de euros. Notícia: Nádia Saramago


Economia

Ao ritmo da crise Segundo dados do INE, no ano de 2014 o PIB português registou um aumento de 0,9% em volume, após uma diminuição de 1,4% em 2013, em resultado da recuperação da procura interna. No entanto, o saldo da balança comercial continua negativo, tendo uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 82,02%. Quase quatro anos depois do pedido de resgate, Portugal continua a ser um dos países com maior taxa de desemprego na Europa e estima-se que em 2013 tenham saído do país cerca de 110 mil portugueses. A nova emigração portuguesa é hoje mais qualificada do que no passado, no entanto, para os mais qualificados não há cá lugar e só lhes resta partir para longe em busca de uma vida melhor. Aos que ficam, são-lhes impostas medidas de austeridade e o cinto aperta cada vez mais, sem fim à vista. Somos a geração à rasca, a geração que cresceu ao ritmo da crise. Fomos educados pela disciplina da poupança e pela severidade da sobrevivência. Ensinaram-nos a ser realistas e por isso tão cedo deixámos de ser crianças, tão cedo deixámos de sonhar. Nos dias de hoje, existe apenas uma réstia de esperança; esta vem desenhada nos livros de História que nos contam que, um dia, nós Portugueses também já fomos um povo. Agora dizem-nos que «andámos a viver acima das nossas possibilidades», verdade ou não, a questão é que a economia portuguesa tem várias fragilidades estruturais que são a base do seu desempenho medíocre. Ainda antes do resgate da Troika, o francês Jean Tirole (Nobel da Economia 2014) esteve em Portugal numa conferência promovida pelo Banco de Portugal, em 2010. Nessa altura, alertava já para a «extrema gravidade» do sobre-endividamento das famílias e das empresas, bem como dos bancos, e colocou a hipótese dos mesmos poderem ser excluídos dos mercados globais. Além disso, teceu considerações sobre Portugal, apontando a crise da dívida e a falta de competitividade do país. Jean Tirole apelou a um maior controlo orçamental, que chegou em força um ano depois, com a entrada da Troika e com o Governo a querer ir mais além das exigências do FMI, Comissão Europeia e BCE. Também defendeu a necessidade de reformas no mercado de trabalho e em algumas fontes de crescimento da produtividade, como o turismo. Os acordos comerciais realizados pela UE com as grandes econo-

mias emergentes e o alargamento da União Europeia a Leste acentuaram as consequências da estrutura frágil da nossa economia. Segundo o economista Ricardo Paes Mamede, «o mercado europeu foi inundado de produtos que concorrem com as exportações portuguesas (com custos de produção muito mais reduzidos), as baixas qualificações da população dificultam uma transformação estrutural da economia que evite essa concorrência direta, e a posição geográfica desfavorável acentua a desvantagem de custos nos mercados internacionais». Deste modo, o problema na economia portuguesa está relacionado com a baixa intensidade do investimento e não com os salários nominais, pois apesar dos baixos índices de produtividade do trabalho, a massa salarial portuguesa continuou a ser das mais baixas de toda a Europa. Ao mesmo tempo, Portugal continua a ter um nível de qualificação muito inferior à da média europeia mas, no entanto, o setor da Educação sofre cortes a cada dia que passa e a maioria dos licenciados que se conseguem formar no nosso país optam por emigrar – Afinal, temos licenciados a mais? Já que não existem respostas, resta falar dos factos. Ao longo destes quatro anos Portugal recebeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) 26.350 milhões de euros. Nos próximos anos vai enfrentar um conjunto de picos de reembolsos de dívida, sobretudo entre 2016 e 2020. Porém, devido às baixas taxas de juro que o Tesouro está a conseguir no mercado para obter financiamento, o Governo vai negociar com o FMI a antecipação do reembolso do empréstimo concedido pela instituição. Tal como reforçou Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, o Estado conseguiu acumular um “montante de reservas de liquidez muito significativo”, o que dá a segurança necessária para iniciar a devolução do empréstimo. Se existe uma dívida, há que pagá-la - isso é certo - mas durante quanto tempo mais o «Zé-povinho» irá aguentar o ritmo? Depois dos excessivos cortes salariais, das excêntricas reformas na educação, na saúde, na segurança social, do aumento dos impostos, do aumento do IVA, dos descontos no IRS, uma questão se levanta - existirá Portugal depois da dívida? Espero que desta vez a economia portuguesa aprenda a lição. Crítica: Karine Garrido

Fonte: André Carrilho

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Dubai

uma aposta das arábias Para quem pretenda apostar numa carreira profissional internacional, o Dubai assume-se, na atualidade, como uma das três cidades (juntamente com S. Francisco e Londres) mais aliciantes para se considerar a escolha certa. Localizada no golfo pérsico, à beira do deserto, tornou-se famosa pela sua opulência em projetos de dimensão faraónica, destacando-se, de entre muitos, a maior ilha artificial do mundo (The Palm) e o ainda mais alto edifício do planeta, o Burj Khalifa, com os seus 163 pisos e mais de 820 metros de altura. Com uma população multicultural de 2.2 milhões de habitantes, provenientes de mais de 120 nacionalidades (os naturais designados como “emirati”, representam somente 10% da população), o Dubai tornou-se no maior porto franco entre a Ásia e a Europa (com acesso a um mercado de 2.2 biliões de pessoas) e já representa um terço do planeta das rotas aéreas, em virtude da sua economia relativamente transparente e aberta à economia real e das leis da oferta e da procura, onde o dinheiro é quase todo ele de privados e cotado na bolsa, ao contrário de Abu-Dhabi (a capital do país), onde quase tudo é financiado pelo estado. O Dubai é um dos sete estados dos Emirados Árabes Unidos (EAU), país de monarquia absoluta, que obteve, em 1971, a sua independência da Grã-Bretanha. Nos anos cinquenta do século passado, a economia do governo estava dependente da pesca e da cada vez mais decadente e pobre indústria de pérolas. Esta situação viria a mudar com a descoberta do petróleo (é a 6ª maior reserva do globo) que revolucionou toda a sociedade e tecido económico. A região passou rapidamente de um país discreto para um dos mais importantes centros económicos do médio oriente. Nos últimos quarenta anos, os EAU conseguiram reduzir o seu grau de dependência do chamado ouro negro ao diversificar a economia, mas enquanto Abu-Dhabi assumia uma estratégia mais contida, o Dubai conseguiu o feito de reduzir para cerca de 4% do seu produto interno bruto (PIB), a dependência direta das receitas do petróleo e gás natural, apostando na diversificação de outras áreas tais como no turismo, na construção e imobiliário, no comércio, na indústria, nas novas tecnologias, na logística, na saúde e na educação. A previsão do governo para 2015, conforme plano estratégico, tem como objetivo manter a taxa de crescimento económico real nos 11% ao ano e atingir um PIB de 108 mil milhões de dólares americanos (e um PIB per capita de 44.000 usd). Ultimamente, têm beneficiado em grande parte da fuga de capitais dos países da chamada «primavera árabe», do Magrebe ao golfo pérsico, além da Rússia e de muitos estados africanos. Para os próximos cinco anos, estão previstos investimentos de 21 biliões de usd para a área abrangida pelo conselho de cooperação para o golfo, grande parte dos quais serão aplicados nesta cidade imponente, que se prepara para receber a tão esperada feira universal «Expo 2020» com o tema «connecting minds», cujo recinto faz parte do plano «aerotropolis de Jebel Ali», a maior cidade aeroportuária do mundo, com as suas cinco pistas e capacidade para 260 milhões de passageiros em 2027. Reportagem: Jo Guer

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Portugueses Já são mais de 2.000 a trabalhar (a maioria quadros superiores) e a residir no Dubai, seduzidos pela qualidade de vida e segurança, atraídos por ordenados difíceis de encontrar em Portugal e totalmente livre de impostos. Alguns já manifestaram a decisão de não regressar à pátria tão cedo, apesar das dificuldades que sentem por estarem longe da família e dos amigos, pelo choque cultural, pelo calor insuportável (temperaturas chegam aos cinquenta graus em julho e agosto) e pelo custo elevado da saúde, educação e alojamento.

Curiosidades - Moeda local é o Dirham (1 Euro = 4,2 AED); - Litro da gasolina - 0,43 eur; - Diferença horária - + 4 horas. O Sheik oferece (só aos emirati) como prenda de casamento, casa, água e eletricidade subsidiada, emprego garantido (mulheres casadas não trabalham). No ano passado, todos os funcionários públicos tiveram um aumento de cem por cento do ordenado e foram contemplados com o pagamento dos seus créditos pessoais e familiares junto dos bancos. Não consomem porco (considerado uma ofensa) e o álcool é uma questão sensível só permitido em hotéis (os supermercados estão proibidos de o comercializar). Só é possível adquirir em lojas licenciadas (que são muito reduzidas) para quem tiver um cartão devidamente autorizado pela entidade patronal. A taxa de alcoolemia é 0.0 (quem for apanhado a conduzir com 0.1 já dá prisão).

Fonte: http://glamurama.uol.com.br/

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Economia Episódios de uma boa telenovela grega Em 2010, como sabemos, a Grécia, assim como alguns outros países europeus, nomeadamente Portugal, foi a protagonista de uma longa telenovela, que se arrasta até agora, sobre uma profunda crise económica. O argumento principal prende-se com o facto de esta se mostrar incapaz de pagar a sua própria dívida pública ou fazer o seu refinanciamento (adiar o pagamento) e, portanto, ter que se socorrer da ajuda de terceiros. Se bem me lembro, esta decisão tomou-nos a todos ligeiramente de surpresa e, depois do visionamento do primeiro teaser sobre a dramática telenovela, levamos todos as mãos à cabeça e pensámos que recairia o pior sobre aquela pobre alma, uma vez que, a seguir a uma boa crise económica, não pode faltar uma boa crise político-social também. Verdade seja dita, também não faltaram desconfianças e vaias devido ao facto desta ter ocultado importantes dados macroeconómicos, inclusive o valor da verdadeira dívida. As considerações e teorias e os artigos de opinião, tal como este, dividiam-se. E, portanto, lá fez o óbvio para recuperar a prosperidade de tempos passados, a pobre empregada de famílias pobres, simples, mas honesta, que trabalhava na casa duma família rica alemã. A Grécia abriu-se à União Europeia e à Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), de quem já recebeu dois resgates, e a investidores externos que queriam comprar a sua dívida, visando reduzir o défice, graças ao

crescimento económico. Viu-se, portanto, obrigada a recorrer a um plano de austeridade apertado que visiona o pagamento da sua dívida perante estes agentes internacionais, sobrecarregada com constante medo das inerentes ameaças dos patrões de «despedimento» da zona euro. Recentemente, Aléxis Tsípras, primeiro-ministro grego, fez o infeliz comentário de que considerava uma «obrigação histórica e moral» da Grécia de reclamar cerca de 162 mil milhões de euros, devido a supostas indeminizações relativas à Segunda Guerra Mundial, 70 anos volvidos, durante a apresentação do programa do governo no Parlamento. Nem a altura me pareceu a mais oportuna, nem o comentário, nem a lógica, nem coisa nenhuma. A única coisa que me pareceu, mas perigosamente oportuna, é o facto de este valor coincidir com praticamente metade da atual dívida pública grega, que se estima na ordem dos 315 mil milhões de euros. Tsípras parece mostrar-se inventivo e com olho para a realização de esquemas de usurpação de dinheiro sem motivos lógicos aparentes. Mas, apesar desta possível tentativa, a Alemanha já recusou assertivamente o seu pedido. E tendo em conta este desfecho, parece-me que a Grécia não verá dias felizes tão cedo. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos... Crónica: Ana Raquel Cabral

Fonte: www.huffingtonpost.com

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Desporto

Fonte: kilambanews.com

Luís Figo apresenta candidatura à FIFA Ex-futebolista propõe medidas dramáticas Luís Figo apresentou no passado dia 19 de Fevereiro, em pleno estádio de Wembley, a sua candidatura à presidência do maior organismo de futebol europeu, a FIFA. Ao candidatar-se, revelou as suas propostas eleitorais, sendo a mais relevante a realização de mundiais com 40 ou 48 seleções de modo a que várias confederações, que não as europeias, venham a beneficiar disso mesmo e, segundo Figo, esta alteração só viria a aumentar 3 ou 4 dias a duração da competição. Outra medida preponderante que o candidato defende é a de que 50% das receitas da FIFA, ou seja, 2.5 mil milhões de dólares, sejam igualmente divididas entre as federações nacionais. Figo justifica como sua principal motivação para a can-

didatura o facto de «ao longo dos últimos meses ter visto a FIFA a degradar-se» e de todos os treinadores e jogadores «salientarem que algo deve mudar neste organismo». Referiu ainda que, se for eleito, tudo na sua governação será «transparente». Para as eleições que vão decorrer no dia 29 de maio, Figo tem como seus adversários o atual presidente da FIFA, Joseph Blatter, o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael Van Praag, e o príncipe da Jordânia Ali Bin Al Hussein que é, também, membro do comité executivo da FIFA. Notícia: Miguel Lelo

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Desporto O Sonho de um Jovem Bilharista Duarte Lago, ex-jogador do Viana Taurino Clube, conta a sua curta carreira bilharista, os problemas atuais e os objetivos futuros numa modalidade que, aos olhos dos portugueses, é pouco popular

Fonte: Manuel Rocha Mundo Contemporâneo: É de facto, uma modalidade ainda com pouca visibilidade a nível nacional. O que lhe despertou interesse pela sua prática? Duarte Lago: Tudo começou em 2005, no dia em que completei 13 anos. O meu pai levou-me a jogar pela primeira vez numa mesa a sério. Havia um torneio no Shopping (Viana do Castelo) mas os jogos eram só à noite, durante a tarde o público em geral podia treinar livremente. Gostei e tornou-se um vício. Mundo Contemporâneo: Pensou logo que poderia vir a ser, também, um jogador profissional de bilhar? Duarte Lago: Um dos jogadores que participou naquele torneio, aliás, o que viria mesmo a ser o vencedor, era vianense e o então campeão nacional da modalidade, o Manuel Gama. O meu pai conhecia-o e apresentou-mo, desde logo senti que poderia talvez não ser tão bom como ele mas pelo menos bater-me com os melhores. Mundo Contemporâneo: Daí até à chamada a uma equipa, quais foram os principais passos? Contou com grandes apoios ou foi uma batalha solitária? Duarte Lago: Não, tive sempre algum apoio do meu pai. Inicialmente, treinava apenas com ele e de vez em quando às escondidas em algum café. Ainda não tinha idade permitida por lei para jogar em cafés mas por vezes mentia e dizia que já tinha 16 anos. No entanto, a escola era e ainda é uma prioridade. Entretanto, o clube da cidade era pela terceira vez consecutiva campeão nacional (2007, 2008

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e 2009) e foi depois disso que comecei a frequentá-lo. O meu falecido avô paterno, que nunca conheci, foi lá diretor, na altura o bilhar ainda não era o forte daquela casa, mas por esse motivo tinha mais um ponto de interesse e motivação em frequentar aquele local. Treinei durante cerca de um, dois anos, ganhei uma amizade com o Gama e o meu pai também fez alguma pressão sobre ele e alguns responsáveis pelo clube para apostarem na formação de jovens. Foi então que, em 2011, decidiram criar uma equipa B, mas que pelas regras da Federação Portuguesa de Bilhar permitiam que essa equipa pudesse também frequentar a primeira divisão nacional, e o sonho tornou-se real. Mundo Contemporâneo: Era o sentimento de uma batalha ganha então. Como progrediu depois dessa «contratação»? Como funcionava a equipa? Duarte Lago: Éramos 6 jogadores. A equipa principal também contava com o mesmo número, embora alguns fossem espanhóis e só dois ou três treinavam regularmente naquelas instalações. Em relação à minha, foram chamados alguns dos melhores a nível regional, jogadores que apesar de jogarem em cafés, já tinham participado em alguns torneios amadores a nível individual e vencido. Eu era como que a sexta opção, treinei com eles várias vezes e por vezes lá lhes ganhava. Aos poucos fui ganhando um lugar na equipa principal. Mundo Contemporâneo: Mas para os pouco entendidos na matéria, em que consiste, a este nível, jogar bilhar por


Desporto equipas? Duarte Lago: Bem, o nosso grupo era constituído por 5 equipas e jogávamos na zona Viana-Braga. As três primeiras equipas apuravam-se para jogarem a fase final contra as restantes equipas a nível nacional, que geralmente se disputa num fim-de-semana em Julho e que naquele ano seria em Oeiras. Nos jogos propriamente ditos eram titulares três jogadores. Cada um jogava numa mesa diferente contra alguém da equipa adversária. Um jogava Bola 8, que é o jogo mais comum em Portugal, no qual um tenta embolsar as denominadas “bolas grandes”, o outro as “pequenas” e quem marcar a preta vence. Outro jogava Bola 9, no qual se embolsavam as bolas por ordem numérica e quem marcasse a 9 vencia e por fim Bola 10, que era basicamente o mesmo mas até à bola nº 10. Algumas regras variavam mas de um modo geral é assim que se jogam. A equipa que tivesse pelo menos 2 dos seus jogadores vitoriosos vencia, sendo então que os resultados podiam ser de 2-1 ou 3-0. Mundo Contemporâneo: Quais eram as principais equipas a nível nacional e em que patamar se encontrava a sua? Tinha dito que o Viana Taurino Clube havia sido tricampeão nacional. Duarte Lago: Sim, a equipa A do Taurino era, e ainda é, uma das melhores a nível nacional. No entanto, depois dessa senda vitoriosa não voltou a ganhar títulos. Perdemos o Gama para o Sporting de Braga em 2011, clube que para além dele contratou também o melhor jogador espanhol da atualidade e então campeão europeu de Bola 8, David Alcaide. Ficaram com uma super equipa e foram campeões logo no primeiro ano. Também o Benfica é uma equipa de topo e a que mais rivaliza com o Braga, foram

mesmo campeões no ano seguinte. São as duas melhores no panorama nacional e entre elas tudo pode acontecer. A nossa equipa não teve a melhor prestação, tivemos alguns problemas e no fim do primeiro ano quebramos as ligações com o clube. Duarte Lago: Que tipo de problemas existiram? Houve falta de apoios ou problemas a nível interno? Um pouco das duas. Havia quem preferisse fazer outras coisas do que vir treinar, e além disso os próprios jogadores da equipa tinham de pagar para treinar. Em Portugal, excetuando Braga e Benfica, mais nenhuma equipa tem possibilidades de pagar salários aos jogadores, mas pelo menos criam-lhes condições para treinarem gratuitamente e darem o seu melhor pelo clube. Ali não, os da equipa A não pagavam mas os da B tinham de pagar. Ninguém concordava e essa foi uma das principais razões para o insucesso daquele projeto. Duarte Lago: Agora que já nos contou um pouco da sua, para já, curta carreira bilharista, e visto estar sem clube, quais são os principais objetivos, quer imediatos quer a nível futuro, dentro e fora da modalidade? Duarte Lago: Atualmente ainda me encontro a estudar na Universidade e a minha prioridade é mesmo terminar o curso. Mas de vez em quando ainda jogo com amigos, não perdi os contactos das muitas pessoas que conheci no mundo do bilhar e espero, quando me encontrar numa situação mais estável do ponto de vista financeiro, visto que a crise também não ajuda, voltar a jogar contra os melhores, nem que seja apenas a nível individual, porque o bilhar é das minhas grandes paixões. Entrevista: Andrew Brito | Mónica Miranda

Fonte: Domingos Correia

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Desporto

Jiu-jitsu não é desporto Jiu-jitsu é uma arte marcial. Esta é a frase que é importante que seja repetida pois está tudo lá! Marcial, porque diz respeito à guerra, ao combate (e, por conseguinte, tem que ser eficaz em situação real). Arte, relativamente à técnica, à filosofia, à aprendizagem ao longo da vida, à história, à cultura e, acima de tudo, à disciplina. O jiu-jitsu nasceu e desenvolveu-se no Japão na época feudal e na mesma altura em que surgiram os samurais, nomeadamente entre os séculos VII e VIII, e o seu conceito deriva de jiu (flexível, macio) e jitsu (técnica, arte), ganhando assim o significado de «via suave». E uma via não é um desporto, nem um jogo. É uma filosofia de vida, um caminho que decidimos percorrer e que indubitavelmente nos ajuda física e mentalmente a sermos melhores pessoas. O último toque do jiu-jitsu é o desenvolvimento humano/pessoal através da prática continuada (ao longo de toda a vida) de um conjunto de procedimentos que foram transmitidos, de mestres para discípulos, ao longo dos tempos. Busca-se a harmonia pessoal através da interligação corpo-mente e a prática da modalidade permite, assim, dar vida a técnicas e estilos milenares, divididos por várias escolas, à semelhança das demais artes marciais. O jiu-jitsu não se trata de uma competição com os outros mas sim de uma luta interior para sermos

cada vez melhores e, por essa razão, não podemos olhar para esta prática unicamente como um desporto. O jiu-jitsu desportivo corre o risco de distorcer o treino e até a própria competição, com o grande objectivo de gerar um espetáculo que seja rentável, e a verdade é que têm vindo a ser alteradas algumas regras de competição, quer dos katas (a execução coreografada de um conjunto de técnicas pré-definidas que simulam um combate contra vários adversários), quer dos combates, muitas vezes não indo ao encontro da tradição e ao verdadeiro significado dessas atividades. Nesse «desporto», os mestres passam a ter o papel de treinadores, os discípulos o de atletas e objectivo do treino passa a ser o de se tornar campeão. Quando decidirem praticar jiu-jitsu não se esqueçam de uma coisa, a vertente desportiva é tão benéfica para as pessoas como qualquer outro desporto, no entanto, se quiserem algo que vá para além de uma prática desportiva, devem procurar organizações que mantenham a prática tradicional da arte. Procurem associações que tenham estágios regulares com mestres japoneses e onde a competição é encarada como um mero acessório (e não o centro) da prática do jiu-jitsu. Opinião: Madjane Silva

Cristiano Ronaldo celebra mais um aniversário Português chega a casa dos trinta rodeado de luxo e enfrenta, uma vez mais, a polémica O menino de ouro do futebol português comemorou, no dia 5 de fevereiro, o seu 30º aniversário. Como todos esperavam, o recentemente coroado pela 3ª vez melhor jogador do mundo preparou uma festa à altura do que este dia exigia. Fechou um dos mais luxuosos restaurantes madrilenos, situado no consagrado bairro de La Finca, In Zalacain, conhecido por ter uma das cozinhas mais modernas da Europa. O menu exibido pelas melhores refeições fez-se preencher por uma gama de vinhos bastante nobre e requintada. Durante o banquete, todos os convidados, a maior parte deles jogadores do Real Madrid, foram lisonjeados com vários brindes como fogo de artifício e um mini casino, requerido pelo próprio jogador. No entanto, os traços portugueses não foram de maneira nenhuma esquecidos. Carminho e Paulo Gonzo, ambos cantores portugueses, foram os artistas escolhidos para representar a cultura portuguesa. Ainda assim, não só de aspetos positivos o trigésimo aniversário do craque será relembrado. A imprensa madrilena e os fervorosos adeptos do Real Madrid ripostaram contra este festim devido ao último desaire da equipa, nada mais, nada menos, do que contra um dos seus maiores rivais, o Atlético de Madrid,

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por quatro bolas a zero. Consideraram que esta pesada derrota pouco pesou a Ronaldo e à equipa, visto que horas depois se encontravam a festejar, deixando estes com um sentimento de indignação. Fora isto, Kevin Roldan, um dos artistas convidados para esta noite, e amigo do jogador James Rodriguez, publicou na sua página da rede social Instagram uma foto com a sua participação na festa e, logo a seguir, um vídeo onde aparecia a cantar com o anfitrião da mesma. Estas publicações do cantor colombiano tiveram um efeito viral na sociedade e no mundo do futebol, deixando o craque à mercê de várias críticas dos media e de vários homólogos. Foram várias as entidades que saíram em defesa do melhor do mundo, tais como o seu empresário Jorge Mendes e o seu treinador Carlo Ancelotti. No entanto, toda esta polémica acabou por manchar a festa do capitão da seleção portuguesa, relacionando-o ainda com outros temas controversos, como o fim da sua relação com Irina Shayk. Notícia: Tiago Neves


Desporto Novak Djokovic assina o «penta» em Melbourne Em cinco finais, o sérvio não sabe o que é perder no court final do Grand Slam australiano Se na terra batida de Roland Garros Novak Djokovic não soma ainda qualquer triunfo (o melhor resultado foi conseguido nos anos de 2012 e 2014, terminando, em ambos, no segundo posto, apenas atrás no inevitável Nadal), os courts australianos produzem um verdadeiro efeito talismã no sérvio. Em onze presenças naquele que é o primeiro Grand Slam do ano desportivo, Djokovic, atual número um do Ranking ATP, soma cinco triunfos (2008, 2011, 2012, 2013, 2015) em tantas outras presenças no derradeiro encontro do torneio, em Melbourne. Desta feita, Djokovic selou o triunfo frente ao britânico Andy Murray, num conjunto de quatro sets (3-1), os dois primeiros apenas resolvidos no tie-break, tendo o tenista sérvio resolvido a questão nos dois sets seguintes, por números evidentes (6-3, 6-0), após mais de três horas e meia de um encontro de alta intensidade, que levou o ex-número um mundial de pares, Todd Woodbridge, a apelidá-lo de «ténis de ficção científica». O líder do ranking mundial dominou a partida, aproveitando-se sistematicamente da fragilidade emocional de Murray. A cada erro não-forçado, o britânico esbravejava e reclamava consigo próprio, em voz alta, motivando múltiplas falhas de concen-

tração no seu jogo. Por outro lado, foi provado o atual estado de graça do atleta dos Balcãs face à concorrência – os índices físicos e mentais de Djokovic encontram-se num momento superlativo, que deixam uma expectativa suplementar para aquele que será o seu desempenho nos courts de Paris, já que as persistentes lesões de Nadal ameaçam, até, a sua presença no torneio. Foi a primeira final masculina da história do Open da Austrália a encerrar com um bagel (termo usado na gíria para descrever o 6-0) e foi a final que consentiu a Novak Djokovic um lugar na História, ao conseguir o seu quinto título no torneio na Era Open, suplantando Federer e Agassi – os dois com quatro. Este foi o seu oitavo título no Grand Slam, o que o coloca no oitavo lugar da lista de vencedores de majors, ao lado de Andre Agassi, Jimmy Connors, Ivan Lendl, Fred Perry e Ken Rosewall. Murray continua sem conseguir prevalecer em Melbourne, tendo quatro finais perdidas, três das quais frente ao sérvio. Notícia: André Gonçalves

Fonte: eurosport

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Fonte: http://www.brandingmagazine.com/

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Desporto

Novas tatuagens de Ibrahimovic são protesto contra a fome Jogador Sueco tatua o nome de cinquenta pessoas que, diariamente, no mundo, passam fome, associando-se à campanha do Programa Alimentar Mundial Zlatan Ibrahimovic, tal como outros jogadores mundialmente conhecidos, é rei no campo das polémicas, mas por vezes tem alguns casos positivos na sua carreira, como no jogo da Primeira Liga Francesa entre o PSG e o Caen (2-2) quando, ao minuto 2, marca um golo, apelidado pela imprensa internacional de «golo kungfu», em que o avançado sueco, ao festejá-lo com os seus colegas, acaba por tirar a camisola e deixa toda a gente espantada. Ao festejar o golo, Zlatan exibe, durante longos segundos, uma série de tatuagens impressionantes, no peito, braços e costas e, como ditam as regras, o árbitro mostra-lhe o cartão amarelo. Muito se especulou sobre a possível «excentricidade» do jogador mas todos estavam errados. Na verdade, o verdadeiro motivo pelo qual Ibra tomou essa atitude foi o de mostrar a todo o mundo o nome de cinquenta pessoas que passam pelo flagelo da fome. Uma forma de se associar à nova campanha do Programa Alimentar Mundial, das Nações Unidas. «Onde quer que eu vá, as pessoas reconhecem-me, chamam o meu nome e acarinham-me. Mas há nomes que ninguém se lembra de acarinhar», explicou Ibrahimovic neste domingo, ao revelar que aquelas tatuagens no corpo (não definitivas) são de nomes de pessoas que passam fome, tais como Carmen (uma boliviana de 52 anos) e Mariko (um congolês de 80 anos). «Ninguém torce pelas 805 milhões de pessoas que passam fome em todo o mundo», acrescentou o jogador sueco, que é o novo rosto do Programa Alimentar Mundial (PAM). «Escrevi 50 nomes no meu corpo. Não sou suficientemente grande para escrever os 805 milhões», descreveu o jogador, pedindo que, quando ouvirem o nome dele, se lembrem de quem passa fome. Segundo as estimativas do PAM, uma em cada nove pessoas no mundo não tem comida suficiente. A agência humanitária espera este ano fornecer 17 mil milhões de refeições diárias a 78 milhões de pessoas de 76 países. Notícia: Joel Oliveira

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Política JS Algarve debate a fixação de jovens no interior algarvio A Juventude Socialista do Algarve organizou uma conferência com o tema “Os jovens e a Interioridade: desafios para a fixação de jovens no interior algarvio”, no sábado, dia 21 de fevereiro, na sede do Partido Socialista de Monchique. A iniciativa teve como oradores o professor catedrático da Universidade do Algarve e coordenador do Projeto Querença, António Covas, e a coordenadora do Projeto Via Algarviana, Anabela Santos. A iniciativa foi moderada pelo Presidente da JS Algarve, José Cardoso. Os jovens socialistas algarvios pretenderam trazer para a agenda política a problemática da desertificação do interior algarvio, a questão do desaparecimento do tecido económico, do emprego e dos serviços públicos e a relação dos mesmos com a dificuldade em fixar jovens nos concelhos do Algarve afetados pela interioridade.

A Comissão Política Regional da JS reuniu no mesmo dia em Monchique, concelho do interior algarvio que perdeu cerca de metade da sua população na última década. Esta jornada de trabalho teve como objetivo, assim, colocar em perspetiva os desafios e as oportunidades para os mais jovens. A JS Algarve considera ser este «um tema da maior importância, visto que apesar do forte potencial de captação populacional da região, os concelhos do interior contrariam fortemente essa tendência, encontrando-se hoje com elevados índices de envelhecimento populacional. A coesão territorial e social da região requer um debate sério e urgente neste sentido.» Notícia: João Silva

Eurogrupo prorroga empréstimo grego por mais quatro meses Em crise desde 2010, Grécia consegue protelar empréstimo Na última sexta-feira, dia 20, em Bruxelas, o governo grego teve sua proposta de prorrogação de empréstimo por quatro meses aceite pelos 19 ministros das finanças da zona do Euro. O pedido inicial dos gregos era de seis meses. A resolução serve como um meio termo entre a posição da Alemanha, principal credora da Grécia, e a própria posição grega. Além disso, a medida segura o país sulino na zona do euro, removendo por enquanto o risco de uma bancarrota. Caso o resgate não fosse prorrogado, os gregos, pela primeira vez desde a crise de 2010, ficariam sem ajuda externa e o risco de obrigá-los a deixar a zona do euro aumentaria.

tas pelo Eurogrupo. Algumas das medidas, acordadas ainda no governo anterior ao do Syriza, consistiam em cortes de gastos públicos e aumentos de impostos. No início do mês, Alexis Tsipras, atual primeiro-ministro grego, ao apresentar o programa de governo para os próximos quatro anos de mandato afirmou: «Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo». Notícia: Bernardo Zamperetti, Guilherme Gabbi e Rodrigo Thiel (Erasmus)

O desejo do atual governo grego, que venceu as eleições no fim do último mês, é de diminuir as medidas de austeridade impos-

Fonte: REUTERS/Yves Herman

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Política

Crise na Ucrânia Violação do acordo de cessar-fogo acentua incerteza Apesar do acordo para o cessar-fogo no leste da Ucrânia que deveria ter sido respeitado, segundo o acordo de Minsk, a partir da meia-noite do passado 15 de fevereiro, continuaram os confrontos violentos que já causaram cerca de seis mil mortos. A reunião entre os presidentes Putin, Poroshenko, Merkel e Hollande realizada em Minsk, capital da Bielorrússia, que durou mais de dezasseis horas, conduziu a um acordo para o respeito pela integridade territorial e soberania da Ucrânia mediante certas condições, como informou um comunicado conjunto distribuído no final da reunião. O acordo de Minsk impunha o cessar-fogo a partir de 15 de fevereiro, a retirada da artilharia pesada, a criação de uma zona de segurança e a entrega do controlo total da fronteira à Ucrânia até ao final de 2015. No entanto, o exército ucraniano já apontou inúmeras violações do cessar-fogo. Após a entrada em vigor do acordo de Minsk, continuaram os combates, tendo as forças rebeldes conquistado a cidade de Debaltseve. Atualmente, apesar do futuro continuar muito incerto, verifica-se que o governo da Ucrânia deu início à retirada da artilharia pesada da zona sujeita às regras do acordo, admitindo a vigilância do processo de pacificação pelos agentes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Presidente egípcio pretende vingar morte de cristãos executados na Líbia Estado Islâmico divulga vídeo em que mostra a decapitação de cristãos egípcios O grupo terrorista do Estado Islâmico (IE) publicou no passado domingo, 15 de fevereiro, um vídeo intitulado “Uma mensagem assinada com sangue para a nação da cruz”, que exibe o momento da morte de 21 cristãos sequestrados na Líbia em dezembro de 2014. A execução ocorreu na costa de Wilayat Tarabulus, na Líbia, onde vários cidadãos cristãos estavam com as mãos algemadas atrás das costas. A veracidade do vídeo já foi confirmada e pressupõe-se que as vítimas foram executadas devido à sua religião e por serem apoiantes de Al-Sissi. O presidente do Egipto, Abdel Fattah Al-Sissi, afirmou que o extermínio destes homens não passará impune e que irá trabalhar de forma a encontrar a melhor resposta para estes criminosos a quem, segundo o mesmo, «não resta uma ponta de humanidade». O primeiro ataque em homenagem às vítimas decorreu um dia após a divulgação, quando a força aérea egípcia bombardeou posições do Estado Islâmico na Líbia. O governo liderado por Abdel Fattah decretou sete dias de luto em memória dos homens assassinados e pediu aos egípcios que não viajassem para aquele país vizinho. Notícia: Nádia Baptista

Entretanto, Bruxelas e os EUA dispõem de um plano para agravar as penalizações à Rússia no caso de incumprimento deste acordo, o que põe em causa esse mesmo acordo, segundo o governo russo. Moscovo prometeu uma resposta apropriada às sanções que lhe foram impostas a partir da anexação da Crimeia em março do ano passado. Nas zonas afetadas pela guerra as condições de vida das pessoas agravaram-se drasticamente, continuando o governo da Ucrânia a reclamar mais apoio financeiro e militar do ocidente. Christine Lagarde confirmou que o FMI poderá emprestar à Ucrânia mais de 17,5 mil milhões de dólares, ao passo que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha prometeram ajuda militar. Notícia: Tiago Bentes

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José Sócrates, um caso complicado José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, célebre político português, nasceu a 6 de setembro na cidade do Porto, tendo sido registado na freguesia de Vilar da Maçada, pertencente ao concelho de Alijó. Licenciado em Engenharia Civil na Universidade Independente no ano de 1979, concluiu ainda um Mestrado em Ciência Política no ano de 2013 em Paris. Iniciou a sua carreira política logo após a revolução dos cravos, no ano de 1975, quando ajudou a fundar a juventude social-democrata da Covilhã, cidade onde, acompanhado pelo seu pai, passou a maior parte da sua infância e adolescência. Na década de 80, Sócrates mudou a sua afiliação política, aderindo ao Partido Socialista, partido do qual ainda é militante nos dias de hoje. Foi eleito deputado pelo PS em 1987, de maneira a representar o distrito de Castelo Branco, cargo este onde, através do seu carisma, rapidamente o tornou popular e, pelo ano de 1991, passou a integrar o secretariado nacional desse partido.

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Fonte: Visão

Seguiram-se, então, uma série de anos extremamente frutíferos para José Sócrates. Fez parte do governo de António Guterres, no cargo de Adjunto do Secretário de Estado do Ambiente. Em 1997 foi promovido a Adjunto do Primeiro-ministro, função esta na qual foi um importante membro na organização do Europeu de Futebol de 2004, em terras lusitanas. Acabou então por transitar para o cargo de Ministro do Ambiente e da Ordenação do Território, durante o segundo governo de Guterres, gabinete onde foi protagonista de inúmeras polémicas, como o caso de licenciamento do Freeport de Alcochete, um dos maiores centros comerciais a céu aberto em Portugal. Com a vitória de Durão Barroso nas eleições legislativas de 2002, volta para o parlamento na condição de deputado e, em 2004, após o abandono de Ferro Rodrigues, tornou-se secretário-geral do Partido Socialista, triunfando sobre grandes nomes da democracia portuguesa como Manuel Alegre e João Soares. No desfecho das eleições legislativas de 2005, José Sócrates foi chamado, dia 24 de fevereiro, pelo então Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, de maneira a constituir o trigésimo sétimo governo constitucional (pós 1976). Reteve este cargo nas eleições de setembro de 2009 e exerceu até dia 21 de junho de 2011, quando o Partido Social Democrata, liderado pelo Dr. Pedro Passos de Coelho, venceu as eleições antecipadas. Durante os seus muitos anos de serviço ativo como diplomata, Sócrates foi muitas vezes alvo de críticas de opinião pública, devido a casos como a co-incineração de resíduos tóxicos e o já referido caso “Freeport”. Mas nenhuma destas polémicas teve repercussão para o político da Covilhã, até que, no passado dia 21 de novembro de 2014, foi detido no aeroporto da Portela, no âmbito de uma investigação levada a cabo pela Autoridade Tributária e Aduaneira. Indiciado pelos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, foi obrigado a permanecer no comando metropolitano da PSP de Moscavide durante três dias, onde foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, seguindo depois para o estabelecimento prisional de Évora, onde se encontra até hoje. A opinião pública acerca desta personagem política varia muito na população portuguesa. Muitos ainda apaixonados pelo seu carisma enviam votos de apoio e até organizam excursões às instalações da prisão. Outros condenam veementemente as suas ações, mesmo sem provas de algum ato criminoso. A verdade é que este é um tema extremamente volátil aos olhos dos portugueses, porque em nenhuma nação que se queira considerar desenvolvida, alguma vez haverá espaço para representantes da população que não exprimam fielmente a vontade do povo, algo sobre o qual nós, os portugueses, temos de refletir e agir de maneira a assegurar um futuro próspero. Perfil: Paulo Viana

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Internacional

Au Revoir Charlie Como todos sabemos, através da comunicação social, que decidiu transmitir-nos essa informação quase até à exaustão, no dia 7 de janeiro de 2015 foi testemunhado um ato de terrorismo em França. Charlie Hebdo, jornal semanal de carácter satírico e anarquista foi o alvo do atentado, que causou 12 mortos e 5 feridos graves. Os protagonistas do massacre, irmãos Kouachi, muçulmanos e residentes em França, serão os únicos responsáveis pelo atentado? A comunicação social tratou de espalhar a notícia sobre a ocorrência e, em pouco tempo, o movimento «Je suis Charlie» tinha uma legião de fãs, idolatrando as pobres vítimas, gritando nas ruas pela liberdade de expressão e denegrindo a imagem de todo e qualquer muçulmano, desencadeando atos de xenofobia para com estes religiosos, por todo o mundo. Poderemos punir uns pelos crimes de outros apenas por partilharem a mesma fé? Charlie Hebdo, um jornal semanal que ao longo dos seus anos de atividade foi alvo de muitos processos, tendo até Stéphane Charbonnier, seu diretor, sido considerado um dos mais procurados pela Al-Qaeda e recebido uma carta onde o ameaçavam com a ocorrência de um atentado. Mas o que é que este resolveu fazer para evitar um cenário sanguinário? Suspender o jornal? Abolir alguma dessa liberdade de expressão extrema? Não, utilizaram a edição seguinte do jornal para ironizarem com a ameaça. Ter ignorado e ainda mostrado publicamente o seu desinteresse pela intimação, não terá levado a que ela de facto se realizasse? Será que foi este lado da história e dos factos que chegou a todos? Punimos o que está – ou o que nos parece – errado mas também nos precipitamos a defender o que não conhecemos só porque um certo pensamento nos é incutido. Quantas mensagens não vimos a circularem na internet e nos média que diziam «Je suis Charlie»? E quantas dessas pessoas sabiam o que realmente era Charlie? Hoje, quase dois meses depois, já não se faz notícia com o Charlie. O público parece nem se lembrar do ato terrorista porque os meios de comunicação assim o quiseram, mas terá perdido importância para nós enquanto pessoas e defensores da liberdade de expressão?

Fonte: http://charliehebdo.fr/

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O atentado tinha como objetivo pôr um fim à revista. Ao invés de terem acabado com ela, os terroristas só lhe deram ainda mais visibilidade. Após o atentado, Charlie teve uma tiragem de 7 milhões de cópias traduzidas em seis idiomas, em comparação com as 60 mil cópias semanais habituais. Foram muitas as pessoas que, até então, nunca tinham ouvido falar de Charlie, mas após o atentado defenderam a sua liberdade de expressão e manifestaram o seu apoio, tornando completamente virais essas mensagens de apreço. Não foi só o apoio público, o jornal recebeu através do Fundo para a Inovação Digital e do Guardian Media Group mais de 350 mil euros em fundos. Será que os terroristas ficariam satisfeitos com estas consequências? O dia 7 de janeiro foi visto pelos líderes partidários como algo evitável se as medidas de segurança fossem distintas. França é o país europeu com a maior comunidade muçulmana, facto que alegrava e vangloriava o país por pensar que tinha incutido os seus valores tradicionais e únicos de amor e respeito à pátria a estes imigrantes. Não era bem assim, pois não? Agora, medidas de segurança extremas e olhares reprovadores para com os cidadãos divergentes serão o futuro dia a dia dos franceses. Será correto achar que «é tudo farinha do mesmo saco»? Será que o público conseguirá separar a imagem de terrorista daquele muçulmano com quem se cruzou na sua ida à boulangerie? O massacre traduziu-se num ciclone por todo o país do champagne, a nível social, de segurança, mas, também, a nível político. O partido de extrema-direita conduzido por Marine Le Pen, Frente Nacional, marca a liderança com uma percentagem entre 29% e 31%, segundo dados do jornal francês Le Monde. Como podemos comprovar em todo o percurso da história, sempre que um país atravessa um período difícil, a principal tendência da população é apostar nos partidos extremistas. Marine Le Pen, principal defensora do «Je ne suis pas Charlie», será a melhor aposta? Fiquemos a refletir, sozinhos e donos da verdadeira razão, pensando sobre a nossa verdade, a nossa visão e o nosso mundo. Opinião: Inês Santos | Soraia Gonçalves


Internacional

O Canarinho Crise hídrica no país com maior reservatório mundial São Paulo, cidade que já foi abundante em chuvas, hoje, sofre com a seca que afeta os reservatórios e mais de 15 milhões de habitantes. «Não choveu, por isso está faltando água»; «Precisamos economizar»; «Não há racionamento»; «Precisamos confiar na Sabesp», essas são algumas das afirmações que se ouvem no Brasil, principalmente no estado de São Paulo, que fica a sudeste do país. Esta grande metrópole foi desenvolvida com base nos rios e regos, aliado à abundância de chuvas que era imensa, assim sendo, a falta de água parecia que seria algo bastante improvável se soubessem lidar com estes trunfos. A crise de falta de água dominou o ano de 2014 e ainda afeta grande parte da região, havendo racionamento em algumas partes da cidade, principalmente nas mais pobres, sem que a comunicação social dê importância, apesar de não se tratar de um problema recente. A crise na gestão Segundo o arquiteto e jornalista Gabriel Kogan, formado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, os mitos sobre a crise hídrica que introduzem este texto e que estão na boca do povo, servem para simplificar o grande problema que não é nada simples. De acordo com suas pesquisas académicas, no caso de São Paulo, não basta apenas economizar água e fazer racionamento ou rodízios de abastecimento nas casas, comércios e indústrias,

é preciso investimento por parte da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) que tem cerca de 30% a 40% de perda de água tratada por falta de manutenção do sistema. «Os índices elevados não são normais e são resultado de décadas de maximização de lucros da Sabesp ao custo de uma manutenção precária da rede», conta Kogan em seu artigo. Uma notícia saiu recentemente na revista brasileira Carta Capital em que mostra uma lista de clientes da Sabesp, obtida pelo jornal El País, que são incentivados a consumirem mais água, tendo assim, descontos e prêmios. A Agência Pública mostrou em janeiro que o contrato começou a ser usado em 2002 pela rede para «fidelizar» comerciantes e indústrias que possuem um grande consumo. Estes grandes consumidores, além dos vazamentos que acontecem, são representantes dos maiores gastos de água. O difícil é prever se o sistema voltará ao normal com as próximas chuvas e com a economia de água. Porém, o Estado de São Paulo possui uma reserva de água subterrânea, como o aquífero Guaraní, de onde é possível retirar água, principalmente em momentos como este. O grande problema é que isso interferiria nos lucros da companhia de saneamento que teria de entrar com custos para que isso ocorra. Será importante a saúde das pessoas face aos lucros? Crónica: Ivana Carolina e Marina Rett (Erasmus)

Fonte: Milton Correia Jr. e Ricardo Arnt, revista planeta terra

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Mandela – Uma vida pela igualdade, pela democracia e pela aprendizagem Há 25 anos a África do Sul e o Mundo pararam para assistir a libertação de Nelson Mandela, um homem que disse não ao rancor e sim à igualdade e à democracia. Vinte e cinco anos depois, recordamos a vida do homem que mudou a África do Sul e que mostrou ao Mundo que, por vezes, é necessário perdoar um passado doloroso para construir um futuro promissor.

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Nelson Mandela nasceu no seio do clã Madiba em Mvezo (África do Sul), com o nome Rolihlahla Mandela, em 1918. Desde cedo mostrou o seu carácter protestador e lutador, razão que levá-lo-ia a ser expulso do Bacharelato em Artes. Mandela terminaria esse curso em 1943. Nessa mesma altura, inicia o Bacharelato em Direito, que só viria a completar 27 anos depois. Em 1944 participa no Congresso Nacional Africano (CNA) e, juntamente com Walter Sisulo e Oliver Tambo, funda a Liga Jovem do CNA. Nesse mesmo ano casa-se com Evelyn Mase. Desempenha o papel de porta-voz e chefe nacional da Campanha de Desafio, em 1952, acabando por ser detido e condenado a uma pena suspensa de nove meses de trabalhos forçados, e recebe ordens de interdição à sua atividade política. Nessa mesma época funda, juntamente com Oliver Tambo, a primeira firma de advogados negros da África do Sul. Apesar das advertências, Mandela continua a participar em eventos políticos, mas de modo clandestino. A 5 de dezembro de 1955 é detido, o que desencadearia a sua participação no Julgamento por Traição, de 1956, sentença que colocaria no banco dos réus arguidos de todas as raças durante cinco anos. Durante o decorrer da mesma contrai matrimónio com Winnie Madikizela. Em Junho de 1961 é-lhe pedido que lidere a luta armada, causa que o leva a deixar a África do Sul, em Janeiro de 1962. Viaja por África, recebendo treino militar em Marrocos e Etiópia, e chega a estar em Inglaterra. Regressa à pátria em julho, onde acaba por ser detido sob as acusações de deixar o país sem autorização e de incitar os trabalhadores à greve, e punido com cinco anos de prisão. A 9 de Outubro 1963, meses após a invasão do esconderijo secreto do CNA e do Partido Comunista em Rivonia (Joanesburgo) pela polícia, Mandela, juntamente com outros dez companheiros, é acusado de sabotagem. No julgamento, profere o seu célebre discurso «Speech from the Dock«. Um ano depois é declarado culpado e condenado a prisão perpétua, sendo transferido para a prisão na Ilha Robben, o seu local de cativeiro durante dezoito anos. Em março de 1982 é transferido para a prisão de Pollsmoor, na Cidade do Cabo. Três anos depois, iniciam-se conversas sobre uma possível reunião entre o governo e o CNA. Em 1988, após um diagnóstico de tuberculose, é transferido para uma casa na prisão de Victor Verster, local onde passa os seus últimos catorze meses de encarceramento. A 11 de fevereiro de 1991, às 16h22, Nelson Mandela dá os primeiros passos para a liberdade após 27 anos de clausura. Depois da sua libertação emerge em conversas oficiais de modo a dar fim ao regime segregacionista, o Apartheid.

Ainda nesse ano é eleito presidente do CNA e, dois anos depois, juntamente com o Presidente FW de Klerk, ganha o Prémio Nobel da Paz. A 27 de abril de 1994, aos setenta e seis anos, vota pela primeira vez na sua vida. Em maio é aclamado Presidente da África do Sul, o primeiro a ser eleito democraticamente. Em 1999, mantendo a sua promessa, acaba o seu mandato como Presidente e dedica-se ao Fundo Nelson Mandela para as Crianças e à Fundação Nelson Mandela, bem como à Fundação The Mandela Rhodes. Morreu a 5 de dezembro de 2013 na sua casa em Joanesburgo, com 95 anos. Homenagens a Mandela no Mundo Mandela Day é um dia de celebração internacional dia em que foi lançado o reconhecimento do aniversário de Nelson Mandela, em 18 de julho de 2009, por decisão da Assembleia Geral da ONU. Ao longo da sua vida, a auto libertação, a liberdade dos outros e o servir todos os dias foram as três regras que seguiu com grande sacrifício pessoal, e desse modo o Mandela Day é como uma campanha global de ação para os cidadãos do mundo, que apela a que todos aceitem seguir estas regras que Madiba percorreu ao longo da sua vida. Foi um homem que não só transformou a sua vida, mas também libertou o seu povo e serviu o seu país. Para além de querer que os indivíduos tornem este mundo melhor, tem o objetivo de construir um movimento global para sempre. Madiba é homenageado pelo mundo inteiro, de diversas maneiras. Recebeu mais de 250 prémios e condecorações, incluindo o Nobel da Paz em 1993, Presidential Medal of Freedom dos Estados Unidos e a Ordem de Lenine da União Soviética. Outra forma de ser homenageado e recordado foi através de inúmeros filmes e documentários, como «Mandela: Son of Africa», «Father of a Nation»; «Invictus»; «Remember Mandela!» ou até mesmo o mais recente filme «Mandela: Long Walk to Freedom», em 2013. Por fim, é de realçar ainda que todos os dias podem ser o Mandela Day, que todos nós podemos fazer a diferença e que todos nós devemos inspirar as gerações seguintes a tornar o nosso mundo um mundo melhor, lutando pelos direitos humanos, pela liberdade, pela igualdade e, especialmente, instaurando a paz pelo mundo! Perfil: Ana Rita Sobral | Beatriz Lança

Fonte: http://blogdoamstalden.com/

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