Revista Mundo Contemporâneo | Junho 2015

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Junho’ 15 | N.º4 | 6.ªEdição | Mensal | Distribuição Online

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Índice Sociedade Cultura

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Ciência e Tecnologia

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Economia

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Política

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Internacional

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Desporto

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Ficha Técnica: Facebook: revistamundocontemporaneo2015 DOCENTE: Aurízia Anica | DIRETOR EDITORIAL: Duarte Lago, a49843@ualg.pt | SUBDIRETOR EDITORIAL: João Carmo, a49573 @ualg.pt | DIRETOR DE ARTE: André Sousa, a50130@ualg. pt | SUBDIRETORA DE ARTE: Tatiana Palma, a47394@ualg. pt | SUBDIRETORA DE ARTE: Sónia Aço, a49677@ualg.pt | COORDENADOR SOCIEDADE: Ana Leonor Fiel, a49859@ualg. pt| COORDENADOR CULTURA: Ariana Nobre, a49613@ualg. pt | COORDENADOR CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Marta Gouveia, a49874@ualg.pt | COORDENADOR ECONOMIA: Karine Garrido a49715@ualg.pt| COORDENADOR DESPORTO: Miguel Lelo, a47367@ualg.pt | COORDENADOR POLÍTICA: Rodrigo Thiel, a53374@ualg.pt | COORDANDOR INTERNACIONAL: Soraia Gonçalves, a50625@ualg.pt Distribuição: Online Periodicidade: Mensal Morada: Universidade do Algarve Estrada da Penha, Campus da Penha 8005-139 Faro Portugal Escola Superior de Educação e Comunicação http://esec.ualg.pt/home/pt

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Editorial Bem-vindos! Quatro meses depois de assumirmos funções como diretores nesta grande revista que é Mundo Contemporâneo, eis que chega o momento de “pendurar as chuteiras”, como se diz na gíria futebolística, e colocar os cargos à disposição. Não que seja por nossa vontade, mas dado o caráter académico com que se rege este projeto, da unidade curricular de História Contemporânea, torna-se obrigatório este desfecho, não só para nós, como para toda a equipa de excelentes colegas que deram sempre o máximo das suas capacidades em prol desta nossa vossa revista. Mas isto não termina por aqui. Dentro de alguns meses, uma nova fornada de candidatos à imprensa, que já se encontram em formação, irá ocupar a nossa “redação” e dar continuidade a este projeto que conta já com seis anos de existência. Uma página no Facebook com perto de 250 seguidores; reportagens feitas em vídeo, tal como uma entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau; um suplemento especial dedicado às Expressões Artísticas Contemporâneas… Toda esta evolução, comparativamente a anos transatos, fez desta série uma edição muito especial. E é este legado que pretendemos transmitir agora a uma nova equipa. No último número desta 6ª série, optámos pelo destaque dos

níveis de pobreza que se fazem sentir no nosso país, com um artigo ligado ao relatório anual de contas da AMI, contrastando com as opiniões dos nossos cronistas ligados da secção de Economia. Temos, também, alguns conselhos úteis para seguir neste verão que agora se inicia, e que não podem nem devem ser descurados. Resumindo, temos reunida, uma vez mais, informação acerca dos temas mais pertinentes do nosso dia-a-dia, com a Ciência e Tecnologia, a Cultura, o Desporto, a Economia, o Internacional, a Política e a Sociedade muito bem apresentados pelos nossos profissionais. É com nostalgia que agora nos despedimos, mas chegou a hora de darmos oportunidade a novos colegas de mostrarem o seu valor e darem continuidade a esta magnífica aventura dirigida pela docente Aurízia Anica, sempre disponível para auxiliar os seus discentes nestas funções, e a quem deixamos o nosso especial agradecimento, sem ela nada disto seria possível. A todos, o nosso muito obrigado. Venha a nova equipa e, quanto a nós, voltamos a ver-nos, quem sabe, em outros grandes projetos. Até já e… Boas leituras! Duarte Lago (Diretor) | João Carmo (Subdiretor)

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Sociedade

Arroz ácido

Um negócio milionário insustentável Arroz ácido. É verdade. É esta a tradução à letra da palavra Sushi. Su (ácido) e Shi (arroz). Esta arte da confeção do Sushi remonta à necessidade de preservação de peixe cru. Simplesmente era assim: as vísceras e cabeça do peixe eram removidas, aproveitando-se apenas as melhores partes. Salgava-se e punha-se num pipote de madeira com várias camadas de arroz. Este, naturalmente, ia fermentando enquanto ficava armazenado num longo processo de espera, entre um a três anos. Durante este processo ocorria a libertação de ácido lático, o que azedava o peixe e garantia a sua conservação duradoura. Claro que isto tornava o arroz impróprio para consumo, apenas o peixe ia para a mesa. No século VII, os japoneses acrescentaram algo a esta técnica – à conservação do peixe e do arroz, juntaram pedras para que ficasse tudo comprimido. E foi nesta evolução que surgiu o Sushi. Dez séculos depois, o vinagre é acrescentado no preparo do arroz, em Edo (atual Tóquio), o que proporcionou a diminuição do tempo de preparo do sushi para um dia. Assim como a tradução da palavra, a história real e atual por detrás deste prato tradicional japonês é, igualmente, ácida, azeda. O atum rabilho do nordeste Atlântico e do Mediter-

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râneo é o ingrediente principal da cozinha japonesa e, desde que o sushi virou moda, foi criada uma indústria alimentar milionária. Muitos ambientalistas afirmam que a grande culpa do colapso das reservas de peixe recai sobre a pesca industrial. É uma atividade extremamente lucrativa. A organização ambientalista Green Peace já se fez ouvir várias vezes sobre este assunto e as suas atenções estão mais focadas nos países terceiros, “perseguindo” diversas embarcações. Devido ao consumo excessivo, o estado da população desta espécie é considerado trágico e encontra-se em perigo de extinção. Em verdadeiro risco de colapso. Existem várias emWpresas com viveiros que não declaram honestamente a quantia real de atum que possuem. Os pescadores artesanais, que fazem disto vida, são os primeiros a afirmar que, há cerca de quinze anos atrás, a quantidade de atum era muito superior à que existe atualmente. Estes trabalhadores dizem sair lesados devido às grandes frotas industriais. A mais recente geração de navios congeladores – Reefers – percorrem, durante a primavera, as águas do Mediterrâneo com o objetivo de pescar a maior quantidade de atum que conseguirem armazenar. E isto para podermos comer sushi. A ganância asiática torna-se insustentável e nós, ocidentais, somos cúmplices deste ato que está a exterminar mais uma espécie do nosso ecossistema. Crónica: Sónia Aço


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Fonte: Seafoods Sushi Food

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Sociedade

Fonte: DR

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Sociedade

AMI identifica 515 novos sem-abrigo Em relação ao ano de 2013, os números diminuíram na ordem dos 10%. A maioria dos afetados não apresenta habilitações literárias superiores e a faixa etária encontra-se na meia-idade Há mais 515 pessoas a viver na rua. Este foi um dos dados relevados ontem pela Assistência Médica Internacional (AMI), no seu relatório anual de atividades e contas. No total, a associação atendeu 1511 sem-abrigo em 2014. Este número traduz-se numa descida de 10% face ao ano anterior e é o mais baixo dos últimos 6 anos, depois de José Sócrates ter iniciado o seu segundo mandato à frente do Governo Português. Dos 515 novos sem-abrigo, 134 são mulheres, o que representa um aumento de 116% face às 62 de 1999, mas esses 515 são, precisamente, o número mais baixo desde essa data, altura em que se iniciou esta contagem, segundo dados da AMI. No caso dos representantes do sexo masculino, a idade incide sobretudo entre os 40 e os 59 anos, sendo que a outra faixa etária mais afetada é entre os 30 e os 39. Desde 1999, esta associação já apoiou 10 405 pessoas na situação referida, o que se traduz numa média de 650 novos casos anuais. No entanto, apesar do número tão elevado, apenas 1511 frequentaram os equipamentos sociais em 2014, o que significa uma descida na ordem dos 10% face a 2013. Segundo a AMI, “esta redução poderá estar relacionada com a melhoria de articulação institucional com a criação dos Núcleos de Planeamento e Intervenção com os Sem-Abrigo no contexto da estratégia nacional para as pessoas sem-abrigo que tem vindo a ser operacionaliza-

da no contexto das redes sociais”. Dos 1511 referidos, a maioria vive na rua (27%), enquanto 19% pernoita em quartos ou pensões, 17% temporariamente em casa de familiares ou amigos, 11% em centros de emergência, 9% em habitações inadequadas e 12% em locais não especificados. No ponto de vista da nacionalidade, a grande maioria dos habitantes que se encontram nestas situações precárias é sobretudo de origem lusa, sendo que os oriundos dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), com 13%, representam a outra grande fatia deste flagelo caracterizador da pobreza que se faz sentir em Portugal. Como justificação para este facto poderá falar-se nas habilitações de cada um, dado que metade dos afetados tem habilitações literárias ao nível do 1º e 2º ano de escolaridade. Com o ensino superior concluído encontram-se apenas 2%, 4% não regista frequência escolar e 61% não possui qualquer tipo de formação profissional. Além disso, estas pessoas, num total de 72%, encontram-se completamente sozinhas, sendo que outras 13% são casadas ou vivem em união de facto. Deste último lote, o número é superior nas mulheres (24%, contra 9% nos homens). Outro dado do relatório anual de atividades e contas da AMI revela que são também as mulheres quem mais recorre a apoio, ora de familiares, ora de amigos, mas em termos de mendicidade este é dominado, essencialmente, por homens. Segundo o mesmo, 22% encontra-se nesta situação há mais de 4 anos e 11% entre 1 e 2 anos. Notícia: Duarte Lago | João Carmo

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Sociedade

Fonte: Marafado.wordpress

34ª Concentração Internacional de Motos em Faro Faro, conhecida como a capital do Motociclismo em Portugal, prepara-se para receber este ano mais motards O Moto Clube de Faro celebra, este ano, mais um aniversário que promete fazer movimentar a capital do sotavento algarvio. Desde a sua primeira concentração, em 1982, o Moto Clube movimenta mais de 15 mil pessoas até à cidade de Faro, promovendo não só o convívio entre os motards, como também o maior dinamismo da cidade e de toda a região envolvente. Segundo o presidente do Moto Clube de Faro, José Amaro, a paixão pelas motos mantém-se presente, razão pela qual a cidade é considerada a capital do Motociclismo, o que faz com que motards de todas as nacionalidades queiram vir até Faro, aliciados pelo cartaz deste ano, para mais um momento de saudável e cosmopolita convivência. O evento realizar-se-á nos dias 17, 18, 19 e 20 de julho, e contará com bandas como The Stranglers e Blind Zero. O preço do evento manter-se-á nos 45 euros, com direito a acampamento, música ao vivo todas as noites, quer no palco principal, quer no Oásis, shows surpresa todas as noites, feira biker, concurso de tatuagens, autocarro gratuito para inscritos

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desde a praia até à cidade, e o habitual saco de inscrição com t-shirt, autocolantes, medalha, senhas de refeição e, ainda, a possibilidade de ganhar uma viagem a Dayona, no já habitual sorteio. Apesar de considerar este como «um dos melhores ambientes possíveis de se encontrar durante o verão», o presidente José Amaro não deixou de recordar que, tal como no ano passado, a existência de «um controlo policial repressivo» tende a «afastar os motociclistas» ou a mantê-los «apenas dentro do recinto», sublinhando que este tipo de controlo «não é positivo para o comércio local». O problema já foi discutido com a Câmara Municipal de Faro mas, até agora, não se verificaram quaisquer mudanças. As Operações Stop constantes, dirigidas exclusivamente a motociclistas, são um dos motivos que levantou essa polémica e receio de que, um dia, esta confraternização possa deixar de existir. Até lá, a Concentração Motard promete realizar-se uma vez mais, na Meca Europeia do Motociclismo, para que muitos mais visitantes possam dizer «eu estive em Faro!». Notícia: Cátia Pires | João Carmo


Sociedade Quatro cuidados e precauções durante o verão Se, por um lado, o verão é uma ótima estação para descansar e recuperar energias, existem alguns cuidados que todas as pessoas devem ter durante este período Com o verão, o aumento da temperatura e as saídas para férias, deveriam, também, aumentar os cuidados que os portugueses têm tanto consigo como com os seus bens. Vários são os conselhos e indicações úteis para nos protegermos de algumas situações de risco durante esta altura do ano. Mundo Contemporâneo selecionou quatro dos que considera ser os principais cuidados que todos deveriam ter. Cuidado com o sol São muitos os benefícios que a luz solar proporciona, no entanto, o excesso de sol pode ser bastante prejudicial para a saúde. Como todos sabem, a exposição prolongada durante as horas de maior risco pode provocar queimaduras, insolações e até mesmo ferir gravemente os olhos. Por isto, é importante ter algumas recomendações em mente – evitar a exposição durante as horas mais críticas (entre as 11 e as 16h30), usar sempre protetor solar com um filtro adequado à sua pele, beber líquidos frequentemente, ter óculos solares com proteção e usar roupa que evite a exposição direta da pele sensível aos raios solares. Insolações e desidratação Tanto as insolações como a desidratação podem ser fatais, por isso devem ser tratadas o mais depressa possível. Os sintomas são bastante semelhantes para as duas doenças – dores de cabeça, tonturas, sede, confusão, perda de consciência, etc. Para evitar estas situações durante as suas férias tome em atenção os seguintes conselhos – beba

muita água e tente passar o maior tempo possível dentro de casa em dias muito quentes e húmidos. Quando sair, proteja-se, evite chá com cafeína, café, refrigerantes ou bebidas alcoólicas, pois estes podem levar à desidratação. Previna acidentes O verão é a estação do ano que mais convida a passeios e atividades livres. Muitos são os portugueses que seguem rumo ao Algarve para dedicarem alguns dias a apanhar banhos de sol, tanto na praia como na piscina, e por este motivo é muito importante a vigilância. Os afogamentos são a segunda causa de morte em crianças, e é vital ter alguns cuidados para que isso não aconteça – vigiar, vedar a piscina, escolher praias e piscinas vigiadas, respeitar sempre os nadadores salvadores e as suas indicações e ter os contactos das entidades socorristas. Se for de férias proteja a sua casa Durante o período de férias é possível que aconteçam alguns imprevistos à sua casa. Assim, existem algumas medidas a ter em conta – avise algum vizinho de confiança e peça para que ele lhe acenda as luzes de vez em quando, evite comentar com pessoas estranhas que vai viajar e reforce as fechaduras. A GNR – Guarda Nacional Republicana – tem ainda ao dispor de quem vai de férias um serviço de vigilância especial entre os meses de julho e setembro. Para ter acesso a esse serviço basta dirigir-se ao posto mais próximo da sua zona de residência e solicitá-lo. Notícia: Abigail Machado

Fonte: Hotel Taiyo

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Sociedade

Fragmentos de uma sociedade selvagem Desde as nossas infâncias, no ensino pré-escolar ou, mais tarde, na escola primária, mas também ao longo de toda a nossa vida, somos quase formatados a obedecer a um certo tipo de padrão social e a adquirir uma certa postura considerada como a base de todo o nosso comportamento e maneira de ser. A vida é mesmo assim, toda ela feita à base de regras que, não sendo consideradas leis, são quase como se fossem, pois de uma maneira ou de outra somos obrigados a segui-las, sob pena de sermos postos de lado, criticados ou julgados. Vivemos numa sociedade em que, apesar de todos falarem mal de todos, todos parecem viver muito felizes e amicíssimos uns dos outros. Parece, até, que os objetivos do outro deixam de ser os seus próprios objetivos. Enquanto o benefício de um pode traduzir-se no benefício do outro, o cavalheirismo e a transparência serão comportamentos mútuos entre as duas individualidades. Mas quando o benefício de um deixa de ser o benefício do outro, toda essa cumplicidade que os caracteriza deixa de existir. E voltamos à primeira situação, em que um fala mal do outro e assim sucessivamente. É um ciclo vicioso, e não há volta a dar. Está enraizado na cultura que nos envolve desde o nosso nascimento. Podem achar que não é a regra, mas não estamos certamente a falar da exceção. É algo tão comum que muitas das vezes já nem liga-

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mos, nem achamos que seja pertinente alimentar. Outra situação sobre a qual aqui podemos refletir, e que faz também ela parte do modo como nos relacionamos com os outros, é acerca da forma como falamos para alguém, que pode ser nosso conhecido, ou fazer parte do nosso leque de amigos, ou não. Como é que tratamos essa pessoa? Será que é legítimo tratarmos alguém por ‘tu’, ou devíamos fazer como no Brasil em que todos se tratam por ‘você’? Qual é o critério que é utilizado para distinguirmos se devemos tratar aquela pessoa, que está agora connosco, por ‘tu’ ou por ‘você’? Não haverá uma certa discriminação social no modo como o fazemos? Até porque se tratarmos alguém por ‘você’, esse alguém pode sentir-se desrespeitado: “Não é você, é senhor professor!” Quantas vezes ouvimos isto na Primária! Achávamos que estávamos a tratar o professor com o máximo de respeito possível, mas afinal ele sentia-se desrespeitado. Ficávamos confusos. Vivemos numa sociedade de ‘senhores doutores’, não importa qual seja o grau académico. Se tem mais dinheiro, se tem um carro melhor, se tem um emprego melhor, vamos tratá-lo por ‘doutor’. Se calhar tem tantos estudos como o outro, mas como parece ser alguém que está melhor na vida, o melhor é dar aquele ‘toquezinho’ de oportunismo, de graxismo, pode ser que saiamos beneficiados. Pelo menos


Sociedade

ficamos ‘bem vistos’, é assim que achamos. Ou ainda, se esse alguém está melhor do que eu, posso não gostar nada dele, mas vou-me dar bem, ora. A qualquer momento posso precisar de uma ajudinha. Na qualidade de jovens estudantes universitários, e mesmo que já fossemos licenciados, somos muitas vezes alvo de discriminações por parte dos mais velhos. Nem todos, felizmente. Há sempre aqueles que já passaram pelo mesmo e que, portanto, agora, na situação inversa, procuram tratar-nos com o respeito com que não foram tratados, quando tinham a nossa idade. Tudo isto para deixarmos aqui o testemunho de um episódio que nos aconteceu há uns tempos atrás, num conceituadíssimo café da cidade em que vivemos. Sentámo-nos com um desejo fora do comum de tomar um chocolate quente. “Um chocolate quente e uma torrada, se faz favor”. Alguns minutos depois colocam-nos na mesa um de certeza saboroso chá de cidreira, mas não era aquilo que queríamos tomar na altura, nem para aquilo que iríamos despender o nosso (pouco) dinheiro. Pedimos desculpa e dissemos que não era aquilo que tínhamos pedido e, apesar de nem ser habitual frequentarmos aquele estabelecimento (e mesmo que fosse), ainda nos foi colocada a questão se não gostávamos de chá. Efetuou a troca, maldisposto. Pagámos e fomos embora.

Não fazemos questão de voltar. O indivíduo que nos atendeu teria os seus cinquenta anos. Já noutro café, em que também a torrada foi um dos nossos aperitivos, não fora feita de pão fresco, e tinha um pouco de bolor. Alertámos para o facto, deram-nos outra e só nos fizeram pagar os sumos que bebemos. Quem nos atendeu foi uma funcionária nos seus trinta anos. Diferenças? À vista. No caso em que a proximidade de idades mais se fazia sentir, o atendimento foi ótimo. Quando a diferença de idades era maior, péssimo, com um desprezo e uma ironia que de certeza não aconteceria se o queixoso fosse mais velho e se vestisse de fato e gravata. Apesar de tantas perguntas que aqui colocamos, não temos preparada resposta para nenhuma. Pretendemos apenas fazer um desabafo, mas, ao mesmo tempo, pôr toda uma sociedade a refletir sobre esta problemática da desigualdade no modo como as pessoas são tratadas, às vezes devido à idade, às vezes devido às condições económicas, às vezes pelo simples facto de se ser homem ou mulher. E talvez numa próxima vez já tenhamos novas opiniões para dar e, quem sabe, novos testemunhos, mais favoráveis à união e ao respeito por outrem, e nunca ao contrário. Duvidamos. Crónica: Duarte Lago | Leonor Fiel

Fonte: DR

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Cultura

Um Algarve mais Indie A cidade de Faro recebeu, uma vez mais, o festival de cinema internacional e independente através de um prolongamento do IndieLisboa. Após uma primeira extensão do festival de cinema IndieLisboa, no ano anterior, o Teatro das Figuras voltou a juntar-se ao Cineclube de Faro para dois dias de exibição de filmes nacionais e internacionais na capital algarvia. Originalmente, o evento teve lugar em Lisboa, proporcionando ao público onze dias de exibição cinematográfica autónoma nacional e internacional. De entre os filmes apresentados, o leque de géneros foi muito variado, sendo exibidas curtas e longas-metragens, documentários, filmes de ficção e animação e foram, inclusive, englobados no festival filmes experimentais. O IndieLisboa mostrou-se, este ano, na sua décima segunda edição. Por Faro, o espírito Indie sentiu-se na grande tela da sala de espetáculos do Teatro das Figuras nos dias 6 e 7 de maio, tendo sido apresentados dois filmes em cada dia, todos eles diferentes entre si. Primeiramente, no dia 6, o espectador foi presenteado com o Prémio do Público do Indie, “A Toca do Lobo”, documentário atribuído a Catarina Mourão, e o Prémio Universidades do Indie, “Mingo of Harlem”, de Phillip Wernell. No

Fonte: Teatro das Figuras

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segundo dia de sessões do festival, foi exibida a longa-metragem documental de Joaquim Pinto, “Rabo de Peixe”, que recebeu o Prémio Tap do Indie e, para concluir foi apresentado “Ela Volta na Quinta”, da autoria de André Novais Oliveira. No geral, as longas-metragens exibidas nesta extensão do festival cinematográfico foram, todas elas, documentários, pois note-se que Catarina Mourão contou a história do seu avô, o escritor Tomaz de Figueiredo e autor da obra que nomeia este filme; Phillip Wernell documentou a vida de um nova-iorquino que, tentando fazer um zoo privado, viveu com um tigre e um crocodilo como animais de estimação, fechados no mesmo apartamento onde habitava; Joaquim Pinto e Nuno Leonel mostraram a realidade de uma aldeia piscatória açoriana e, sobretudo, da sua comunidade, um grupo de pescadores extremamente ligado ao mar e ao trabalho manual; e, por fim, André Novais de Oliveira tratou a crise pessoal num casal de idosos e que afeta também a vida dos filhos destes. E assim, pelo segundo ano consecutivo, o IndieLisboa desceu a terras do Sul. Não durante onze dias, como na capital, mas durante dois. Dois dias, quatro filmes premiados, um festival, um público diferente, não comercial, e mais uma edição da extensão IndieLisboa, em Faro.

Reportagem: A. Nobre | J. Silva | M. Vicente


Cultura

Fonte: Wikipédia

1.º de Maio – Dia do Trabalhador Muitos conhecem o dia 1 de maio como sendo feriado, e talvez até saibam que se comemora o Dia do Trabalhador, no entanto, poucos conhecem a história e o verdadeiro significado deste dia. Atualmente, todos sabemos que o horário laboral oficial é geralmente composto por uma carga horária diária de oito horas e de quarenta horas semanais, mas nem sempre foi assim e foi preciso lutar bastante até aí chegar. Com o início da industrialização, no final do século XIX, começaram a aparecer novos problemas relacionados com o trabalho. Um enorme conflito “entre o mundo do capital e o do trabalho” assolava a sociedade, sendo frequentes as situações de miséria extrema. Um dos conflitos centrais desenrolava-se em torno da carga horária excessiva a que os empregados estavam sujeitos. Estes decidiram, então, manifestar-se e reivindicar a divisão do dia em três períodos de oito horas – um para o trabalho e os outros dois para que pudessem descansar e dedicar-se a atividades de lazer. No entanto, os empregadores não aceitaram a proposta, tornando-se, assim, com o desenvolvimento do associativismo operário e do sindicalismo, um dos principais focos das lutas operárias e também a causa de repressões, prisões e até mesmo morte de trabalhadores.

Em 1886, uma manifestação de trabalhadores invadiu as ruas de Chicago e contou com a participação de milhares de pessoas. Teve, assim, início uma greve geral nos EUA. No seguimento de múltiplas mortes e da aclamada “Revolta de Haimarcet”, a data do 1º de Maio foi escolhida como homenagem às lutas sindicais pelos direitos dos trabalhadores e, mais tarde, reconhecida como feriado. Em Portugal, só a partir de 1974, ano da Revolução de Abril, se começou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, pois até então tais comemorações eram reprimidas pela polícia. Este dia é comemorado por todo o país com marchas, manifestações, comícios e festas de caráter reivindicativo, com o objetivo de dar a conhecer ao governo e aos empregadores as necessidades dos trabalhadores. Igualmente, por ser um dia em que, geralmente, os cidadãos não trabalham, muitos optam por reunir com a família e amigos em atividades sociais e lúdicas, como sardinhadas, bailes e convívios com animação musical. Reportagem: A. Afonso | C. Martins | R. Westwood

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Cultura

De Norte a Sul, a semana mais jovem do ano Mais uma vez os estudantes saem à rua vestindo as cidades de espírito universitário, num misto de música, desfiles e animação. Assim são vividos os dias de maio por todo o país. No decorrer do mês de maio sucedem-se as festas de estudantes, conhecidas como Semana Académica, Queima das Fitas ou Enterros. Desde caloiros a finalistas, todos consideram estes dias como os mais especiais durante a vida académica. Das mais diversas formas, as associações académicas, juntamente com núcleos de estudantes, reúnem esforços para proporcionar aos seus estudantes dias inesquecíveis, regados de boa música, convívio, animação e algum álcool. A segunda e terceira semana de maio é brindada com estes eventos em muitas cidades do país. No Porto, por exemplo, a Queima das Fitas decorre entre os dias 3 e 9 e em Coimbra entre 8 e 15. Lisboa será palco da Semana Académica de 11 até 16 e Faro tem a sua entre os dias 8 e 16. Entre os vários cartazes, com uma diversidade musical bastante enriquecida, alguns artistas podem ser encontrados em comum, como acontece com os portugueses D.A.M.A, o angolano Anselmo Ralph e o ex Da Weasel Carlão.

Muitos destes eventos não se deixam ficar pela música nos palcos principais, possuindo ainda tendas electrónicas, onde a música continua até horas tardias e em outros ritmos, após terminados os concertos. Entre todos os fatores contemplados ao longo destes dias, a alma académica não é deixada de lado, pois praticamente todos estes cartazes possuem um dia dedicado às tunas, que são privilegiadas com uma noite, toda sua, na qual dão a conhecer a toda a população o seu canto. O momento da queima das fitas ou da bênção das pastas é tempo de reflexão sobre tudo aquilo que passou e que, inevitavelmente, se irá eternizar na memória e no coração. É sentida pelos estudantes a metamorfose de quem entra jovem e sai adulto e preparado para os desafios da vida e as melhores palavras e momentos vividos são guardados e recordados no mais profundo silêncio pelos estudantes e ex-estudantes. Uma semana em que os trabalhos académicos passam para segundo plano e se aproveita para fazer uso da diversão e também de algum descanso, por forma a recuperar forças antes das últimas avaliações. Notícia: Ana Catarina | Maria Beatriz

Fonte: FAP

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Cultura XXX Semana Académica do Algarve 30 Anos de História sempre foi notória, desde os dias de curso à atual tradição Trinta anos depois, o apelo dos organizadores da pridas barraquinhas sob a responsabilidade de cada curso. meira Semana Académica do Algarve define tudo aquilo Repletas de cores, luzes, tradição e amor ao curso foram que este evento, ainda hoje, proporciona: «levantar vinte as barraquinhas que deram cor ao cenário do País a moral, a extroversão e a irreverência». Trinta anos das Maravilhas. depois, renova-se também aquele que era o desejo dos estudantes de 1985: «Esperamos que os bons e os Com um cartaz coerente, sob uma aposta essencialmaus momentos da Semana Académica sejam vividos mente nacional, muitos foram os artistas – Carlão, HMB, e não passados». Regula, Rui Unas, ft. Dj Van Breda, D.A.M.A, Tribruto, Jimmy P - que pisaram o palco de um dos maiores eventos a sul Faro foi palco de um dos maiores eventos a nível nacional do país. As duas últimas noites da XXX Semana Académica – a Semana Académica do Algarve – que celebrou, este do Algarve corresponderam às expectativas num balanço ano, de 8 a 16 de maio, a sua trigésima edição. Durante dez de aproximadamente oito mil pessoas na noite de Anselmo dias, muitos foram os que rumaram ao País das Maravilhas, Ralph e seis mil da noite do internacional Dj Jay Hardway. junto ao Complexo Municipal da Penha. É também de mencionar que este ano, tal como já aconA animação, a cultura e a tradição foram presença teceu em edições anteriores, o evento assídua neste evento, fruto da orgacontou com uma Tenda Eletrónica, nização por parte de estudantes da que ficou a cargo dos tão conhecidos Universidade do Algarve (UAlg) e da bares de Faro, First Floor e Twice. Comissão Organizadora da Semana Com Dj’s de norte a sul do país e Académica (C.O.S.A.). Este ano, o com festas temáticas para todos os tema escolhido foi a comemoração dias, estas noites foram de arromba. nomeada «Recorda-te». A Semana Académica do Algarve marcou e Para miúdos e graúdos, algumas continua a marcar a passagem de foram também as atividades diurnas muitos estudantes pela academia alque se realizaram. Por forma a integarvia, pelo que valoriza o tempo e a grar toda a comunidade farense, o tradição que fazem parte do espírito País das Maravilhas abriu portas a académico. Esta Semana é também uma visita bastante especial. Foi uma para muitos, sinónimo de início/fim tarde diferente para os seniores da de um percurso, o académico. Santa Casa da Misericórdia de Faro, com muita animação proporcionada E se recordar é viver, muitas são as pelas tunas Feminis Ferventis e Veriniciativas que a Semana Académica do Algarve continua a proporcionar Fonte: Marco Vallesantos sus Tuna – Tuna Académica da Universidade do Algarve e pelo Instituto - desde o Rally Tascas, ao Desfile do Emprego e Formação Profissional. Académico, até à memorável Bênção Seguido do Faro Sénior, o Faro Júnior foi também um sudas Pastas, este ano realizada no Largo de São Francisco, cesso e o País das Maravilhas recebeu a energia contagiante local rico em termos de tradição, pois, segundo Nuno Lopes, dos pequenos que nos visitaram, numa tarde repleta de Presidente da Associação Académica da Universidade do atividades em que a boa disposição e a brincadeira não Algarve (AAUAlg), «com a roupa do avesso, megafone na quiseram faltar. mão e muita garra, todos nós acabámos aqui o nosso primeiro desfile… o desfile do caloiro. Depois de uma semana Após 30 anos, é bom recordar momentos e histórias a dormir pouco para conciliar a azáfama desses dias é aqui que a Semana Académica do Algarve marcou. É bom que nos apercebemos da dimensão desta etapa, que hoje fazer parte da História e ser um dos muitos estudantes que termina para vocês no sítio onde começou». ajudaram a que a semana académica não fosse apenas mais uma, mas sim a singular Trigésima. Estes foram alguns dos momentos que preencheram vinte e nove semanas académicas e a vida dos estudantes, que tanto antes como agora espelham a garra, atitude e Notícia: Tatiana Palma jovialidade da mui nobre UAlg. A dedicação aos cursos

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Cultura Golden Elephants com um novo rumo

Golden Elephants é uma banda de Rock Alternativo criada em Faro, em dezembro de 2013, por um grupo de cinco jovens. Atualmente, encontra-se em Londres, e é constituída por três membros – David Correia, de 21 anos é o vocalista da banda; Bruno Paixão, de 22 anos, é o guitarrista; e Renato d’Oliveira, de 22 anos, é o baterista. Todos partilham o mesmo gosto pela música, sendo através dela que expressam os seus sentimentos e emoções. Um dos seus maiores objetivos é partilhar as suas músicas e tentar mudar a maneira de pensar e de agir das pessoas. MC: O que é que a música significa para vocês? GE: A música faz parte de nós. É a nossa forma de exprimirmos o que sentimos e de mostrar quem somos. MC: Quando e como surgiu esta paixão? GE: Começou bastante cedo para todos nós. O David começou a cantar aos 6 anos e a ter aulas de órgão; o Bruno começou por volta dos 11-12 anos a tocar guitarra, tal como o Renato a tocar bateria. MC: O que sentem quando cantam? GE: Sentimos uma enorme realização. É um conjunto de emoções bastante fortes que nos movem e que nos fazem querer voltar a esse mesmo momento vezes sem conta. MC: Como se conheceram e quando decidiram formar a banda? GE: A banda, neste momento, é composta por três membros. Antes era constituída por cinco, dois dos quais se mantêm desde o início (dezembro 2013), eu e o Bruno. A banda foi criada pelo primeiro baterista que falou com as restantes pessoas para integrarem o projeto. MC: Como surgiu o nome “Golden Elephants”? GE: Surgiu de uma simples conversa entre todos para

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decidir o nome da banda. Inicialmente, ficou tudo muito indeciso, mas uns meses mais tarde acabou por ficar Golden Elephants. MC: Já gravaram um álbum, Crossing Troubled Oceans. Porquê este nome? GE: Gravámos esse álbum inteiramente em casa e achamos que o nome assenta que nem uma luva, devido ao trajeto que a banda percorreu com a mudança de membros e com alguns desentendimentos. MC: Como foi esta primeira experiência? GE: Todos nós já tínhamos gravado outros projetos. Mas a nível de “primeira” experiência, todos juntos, foi bastante gratificante, apesar da qualidade final não ter ficado como queríamos devido a recursos reduzidos. MC: Tiveram algum tipo de apoio para lançar o álbum? GE: Não, fizemos tudo por nós. MC: Como se sentem ao transmitirem a vossa música a outras pessoas? GE: O nosso maior objetivo é passar uma mensagem às pessoas, visto que a transmissão da música deve sempre ser acompanhada de uma mensagem relevante. MC: Das músicas que compuseram, qual foi a que mais vos marcou? Porquê? GE: Acho que não temos uma que nos marcou mais. Sinceramente, cada uma tem algo de nós que outra não tem, por isso é difícil responder. MC: Porquê Londres, para seguirem o vosso sonho? GE: Escolhemos Londres porque tanto o David como o Bruno queriam estudar Produção Musical. E como o Renato já estava em Kingston a estudar dança, fazia sentido virmos para cá. MC: Como está a ser a experiência “lá fora”? GE: Neste momento, o David e o Bruno estão a trabalhar em Newbury, relativamente perto de Londres (mas não assim tão perto), o que torna um pouco difícil ensaiar e encontrarmo-nos com o Renato. Mas já tocámos num Open-mic e, quando fomos à rádio Kennet, para além da entrevista, tocámos quatro músicas do álbum ao vivo em acústico. MC: Pensam regressar um dia? GE: Gostamos muito do nosso país mas não sabemos o que nos vai trazer o futuro. MC: Que mensagem gostariam de deixar às pessoas que têm esta mesma paixão de cantar? GE: Queríamos dizer-lhes que arriscar por algo que se ama nunca é em vão, mesmo que nem tudo corra como planeado. Continuem a lutar e a traçar o vosso caminho. Entrevista: Sofia Elisiário Fonte: David Correia


Cultura O verão está aí e os festivais também O verão está à porta e, com ele, chegam os tão esperados festivais. Independentemente do gosto musical de cada um, a oferta em Portugal não é nada reduzida. Entre eles, destacamos alguns. Entre 4 e 6 de junho, a cidade do Porto recebe a quarta edição do NOS Primavera Sound, que contará com atuações de Mac de Marco, Interpol, FKA Twigs, Patti Smith e muitos outros. A grande novidade deste ano é o Mini Primavera, que decorrerá quinze dias antes do evento, também no Parque da Cidade, com um programa específico para os mais novos e para famílias. Um pouco mais a Norte, entre os dias 19 e 22 de agosto, realiza-se o Vodafone Paredes de Coura. Um festival com mais de 20 anos de história e que conta este ano com Tame Impala, TV the Radio e, ainda, The War on Drugs. A sul, na vila da Ericeira, entre os dias 2 e 4 de julho, o Sumol SummerFest, conta com os portugueses Buraka Som Sistema e Richie Campbell e, ainda, os internacionais Knife Party, Chance The Rapper e Rudimental Live. Também no mês de julho, entre os dias 9, 10 e 11, realizar-se-á o NOS Alive, um dos melhores festivais

europeus, segundo o Time Out London. Este festival, que volta mais uma vez ao passeio marítimo de Algés, em Oeiras, tem como principais confirmações Muse, TheProdigy, Sam Smith, Mumford & Sons e Alt-J. Já na capital, conta-se com três dias de muita música no Super Bock Super Rock 2015, que se realizará no Parque das Nações, de 16 a 18 de julho. Este contará com Blur, Florence, TheMachine e Sting, como cabeças de cartaz. De 5 a 9 de agosto, na Zambujeira do Mar, com direito a espaço para campismo, realiza-se o festival Meo Sudoeste. Os artistas convidados são diversos e para todos os gostos, desde Hardwell, Calvin Harris, W&W, Emeli Sandé, Steve Aoki a Dimitri Vegas & Like Mike e muitos outros. Para tornar o festival ainda mais interessante, o Meo Sudoeste contará, ainda, com a comparência de Juicy M, Blinders, Mundo Segundo e Sam The Kid, Tribruto, Di Ride e outros artistas que prometem ser capazes de dar as melhores batidas para finalizar as noites de verão. Notícia: A. B. Lopes | C. Gonçalves | J. Gama

Fonte: Sticket News

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Fonte: Altamont

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Festival NOS Primavera Sound - Primavera para sempre!

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Fonte: WikipĂŠdia

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Festival NOS Alive

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Ciência e Tecnologia Verdadeiros companheiros de aventuras

Fique a conhecer alguns gadgets para o verão O verão está a chegar e com ele inúmeras aventuras. Mundo Contemporâneo traz-lhe algumas sugestões de gadgets a ter à mão a qualquer hora do dia. Seja numa saída com os amigos, uma ida ao parque aquático ou até a descida de um rio em caiaque, guarde esses momentos tendo sempre por perto a GoPro HERO4 Black Edition Surf. Esta nova versão da aclamada câmara desportiva garante gravação em 4k e uma lente que promete captar tudo mesmo em situações de baixa luminosidade. A sua caixa protetora permite que esta seja submergida até 40 metros, resistindo a condições extremas. Pode, ainda, ser controlada através de Bluetooth e tem conectividade wifi. A versão Black Edition da GoPro HERO4 Surf está disponível desde 479,99€. As colunas portáteis estão cada vez mais na moda, e a nova proposta da Grace Digital distingue-se por ser à prova de água, o que a torna perfeita para uma tarde na praia. Apesar de a sua construção ser em aço inoxidável, as colunas EcoXBT flutuam na água e conectam-se a qualquer dispositivo que tenha Bluetooth. A sua bateria tem uma autonomia de cerca de 10 horas. As colunas estão disponíveis por 93,99€.

Para quem gosta de acampar, a BioLite dá, com o Camping Stove, a possibilidade aos menos aventureiros de manter alguns dos confortos que poderiam ter em casa. Alimentado a lenha ou galhos, não se trata de um pequeno forno portátil – para além de ser útil na confeção de refeições, pode, também, carregar dispositivos como, por exemplo, telemóveis ou leitores de mp3 graças à tecnologia patenteada da BioLite, que produz energia elétrica através de calor num aparelho de dimensões reduzidas (12.7 x 12.7 x 21 cm). O Camping Stove está disponível por cerca de 160€. Todos nós já ficámos sem carga nos nossos smartphones, tablet ou leitor de mp3. Mundo Contemporâneo dá-lhe a conhecer um acessório que ajuda a evitar que isso volte a acontecer. O ReVIVE PowerUp 3P permite a utilização do isqueiro do carro para vários dispositivos, este mantém a entrada do isqueiro mas acrescenta duas portas de USB, perfeitas para carregar o seu smartphone ou tablet. Acessórios como este estão disponíveis por cerca de 20€. Notícia: André Sousa | João Mota

Fonte: Studica, Gadgetgenie, Go Pro

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Ciência e Tecnologia

Fonte: Tecmundo

Uber proibida em Portugal Providência cautelar proposta pela ANTRAL e contestação dos taxistas portugueses suspendem a atividade da empresa A Uber opera em Portugal desde o ano 2014, tendo um serviço de veículos com um modelo low-cost. A sua chegada ao nosso país não foi bem recebida pelos taxistas, em comparação com outros países europeus, que acusam a empresa de concorrência desleal e de violar as leis nacionais para o transporte de passageiros. Arbitrariedades que dão origem ao encerramento da empresa em território luso, reforçadas não só com uma providência cautelar como também por uma petição na Assembleia da República, passada pela ANTRAL, e que conseguiu recolher cerca de 10 mil assinaturas. Segundo a decisão do tribunal, a empresa norte-americana não só é encerrada mas também é proibida, como resposta à providência cautelar interposta pela Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), que contesta que se trata de uma “grave violação no direito europeu e nacional das regras de acesso e exercício da atividade e de concorrência”.

A aplicação móvel da empresa fica, assim, interdita, tendo como resultado o encerramento do seu site em Portugal, bem como o de acabar com o transporte de passageiros e ainda o pedido de pagamento por cartão bancário ou por sistemas online a possíveis clientes. Para que tal seja cumprido, o tribunal notificou todas as operadoras de telecomunicações, bem como a ANACOM, Autoridade Nacional de Comunicações, para que “suspendam a transmissão, o alojamento de dados, o acesso às redes de telecomunicações ou a prestação de qualquer outro serviço equivalente de intermediação” relacionado com a Uber. Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL, declara que o próximo passo será avançar com uma ação principal para pedir uma indemnização à Uber “pelos prejuízos que os seus serviços provocaram à indústria” do transporte de passageiros ligeiros, salientando que “esta é uma grande vitória, é uma vitória de um país de Direito”. Notícia: Sara Sousa

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Ciência e Tecnologia

Vamos jogar – The Shining Um clássico do cinema foi agora adaptado a videojogo The Shining, para além de uma adaptação cinematográfica da obra de sucesso de Stephen King e também de uma mini série lançada mais tarde pelo mesmo, foi recentemente adaptado a um videojogo gratuito, um jogo Atari disponível para jogar online. A adaptação a filme pelo realizador Stanley Kubrick, por ter sido elevado a clássico, tornou-se numa das maiores referências do cinema, repleto de passagens icónicas que são relembradas ao longo do jogo; criado por Pippin Bar, não apresenta gráficos sofisticados nem mesmo sons gravados em estúdio e o próprio refere que “é como se o jogo tivesse acompanhado o lançamento do filme, parecido com o que aconteceu com E.T”. A película chegou ao cinema em 1980 e a Atari 2600 chegou ao mercado em 1978. O que se pode esperar de um videojogo como este é, pois, um conjunto de pixéis granulados, um som um tanto ou quanto arcaico que, certamente, os mais velhos reconhecerão com saudade e que os jovens não vão deixar de experimentar, por reconhecerem o valor da experiência que já foi moda e da referência ao filme de Kubrick. Nesse aspeto, o jogo será melhor compreendido por parte de quem já viu o filme; para quem já o conhece, a experiência virá carregada de nostalgia, capaz de rever as suas cenas mais características.

Fonte: DR

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Os comandos são acessíveis – o espaço e as quatro teclas em forma de seta. Cenas como a de Danny a correr pelos corredores, até encontrar as gémeas, Wendy com um taco de basebol, perto das escadas, ou ainda a mais reconhecida, quando Jack tenta arrombar a porta – aquela porta – com um machado e, por entre a madeira, diz as palavras que seriam e continuam a ser uma das imagens de marca do filme, “Heere’s Johnny”. Em pouco tempo são condensadas várias cenas que acabam por servir como um breve sumário do filme, em formato retro, o que deixa uma sensação de curiosidade e de reconhecimento na recordação dos pormenores que fazem deste uma referência cinematográfica incontornável. O filme de terror/suspense é registado num formato simples onde, sem ser preciso muito, permite a quem joga reconhecer as tais cenas icónicas que nunca deixam de nos ser indiferentes, ou pelo menos a quem leu e conhece a obra de Stephen King e, posteriormente, viu o filme de Kubrick. Viajar no tempo só deve ser justificado quando trazemos com ele recordações e imagens do que foi bem-feito e estas imagens saudosas que voltam a ser revividas são-no, de facto, aproveitadas em breves segundos, onde a viagem valeu a pena. Crónica: Marta Gouveia e Naomi Seys


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CiĂŞncia e Tecnologia

Fonte: Impresa.pt

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Ciência e Tecnologia

A investigação científica em Portugal Qual o futuro dos cientistas no país? Se recuarmos uns anos no tempo, deparamo-nos com uma época em que ainda era possível escolher o que queríamos realmente fazer na nossa vida profissional, e não vivermos asfixiados com a impossibilidade de nos empregarmos. No entanto, ainda são muitos os que enveredam pela vertente da investigação científica, apesar dos entraves que se lhes colocam. Para quem não sabe, em Portugal os cientistas vivem de bolsas dadas pelo Estado, que, não sendo contratos de trabalho, não implicam descontos para a reforma, segurança social, 12º ou 13º mês, nem indemnizações. Isto pode parecer muito bom para quem olha de fora, mas é extremamente difícil para os quadros desta área profissional, sendo que muitos dos cientistas brilhantes que temos no nosso país continuam, ainda, a viver de bolsas que não passam de uma pequena mesada. Existe uma grande descriminação em relação ao facto dos cientistas serem bolseiros, dando muitas vezes descrédito ao seu trabalho por não terem um ordenado fixo nem pertencerem aos quadros da sua especialidade. Esta ideia é completamente errónea, visto que a grande parte dos que vivem nestas condições já foram reconhecidos mundialmente pelas suas descobertas. Os cientistas bolseiros, apesar de não terem horários de trabalho, trabalham mais horas do que as regulamentares e, muitas vezes, com mais eficiência do que em outras profissões, o que invalida o estigma criado por muitas pessoas que pensam que o que os investigadores ganham é merecido por não terem horários fixos. Podemos ver os cientistas como pessoas apaixonadas pela sua profissão e com uma grande noção da realidade, pois sabem que é uma área extremamente competitiva e, se não se esforçarem, nem direito a bolsa têm.

Se pensarmos na França e na Inglaterra, que se encontram no topo da investigação científica, podemos encontrar uma grande discrepância em relação a Portugal, pois nesses países são raros os investigadores que, aos 40 anos, não têm um emprego fixo, sendo praticamente obrigatório fazer contrato de trabalho aos doutorados. Creio que serve, também, como um modo de incentivo natural da atividade de investigação, dignificando o trabalho dos cientistas, que lutam diariamente em busca do conhecimento. Apesar destes entraves, não podemos descorar os investimentos que têm sido feitos na ciência dos últimos 20 anos, particularmente na formação de investigadores. Para além disso, temos uma grande qualidade de formação e investigadores recém-formados de alta qualidade. Se estes investimentos continuarem a ser feitos podemos evitar a saída destes profissionais para o estrangeiro, não podendo esquecer o facto de muitos já terem abandonado o território luso em busca de laboratórios onde possam trabalhar. O governo tem consciência da excelente qualidade dos nossos investigadores e, apesar de tentar arranjar soluções, estas são insuficientes, pois os cientistas continuam a não ser incorporados nos quadros, pois só são oferecidas bolsas aos melhores e os outros são esquecidos. Devemos renovar os quadros universitários e as bolsas deviam aumentar conforme os anos de experiência profissional. Assunto que deveria ser mais falado, porém, cabe ao governo investir para que a ciência no nosso país se desenvolva cada vez mais e mostre realmente os excelentes profissionais de que dispomos. Crónica: Raquel Cardoso

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Economia

Portugal volta a ficar fora do top 10 das energias eólicas A liderança do ranking mundial, com praticamente o dobro da capacidade eólica dos EUA, pertence à China. Portugal foi empurrado para fora do top 10 dos países com mais eólicas a nível mundial Primeiro, foi a Dinamarca, que há dois anos conseguiu ultrapassar Portugal na capacidade eólica instalada, atirando-nos assim para 11º lugar nos investimentos nesta especialidade. Agora, o panorama mudou para nós, que passamos a encontrar-nos no 12º lugar dos países que investem mais na energia eólica. No entanto, a Dinamarca voltou a ficar para trás, já que adicionou apenas 67 novos megawatts (MW) ao seu parque eólico durante o passado ano, enquanto o nosso país instalou 184 MW. Este ano quem surpreendeu foi a Suécia, que ganhou 1 050 novos MW de eólica apenas em 2014, o que perfaz um total de 5 425; mas também o Brasil que, no espaço de um ano, passou de 3 466 para 5 939 MW. Portugal concluiu (dados do final de 2014) 4 914 MW de eólica. A Global Wind Energy Council (GWEC) publicou números que mostram uma outra evidência, essa sim,

Fonte: Expresso

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bastante avassaladora. Os números mostram que a China é, cada vez mais, líder mundial no aproveitamento de energia do vento. Só em 2014, instalou 23 351 MW, o que fez disparar o seu parque eólico para os 114 763 MW. Este valor é quase o dobro do valor apresentado pelos Estados Unidos da América, com 65 879 MW, os quais se encontram no segundo lugar deste top 10 mundial. Na Europa, o país que mais investiu no aproveitamento da energia do vento em 2014 foi a Alemanha, que instalou cerca de 5 279 MW. De seguida, temos o Reino Unido, com 1 736 novos MW. Neste momento, os britânicos estão na 6ª posição a nível mundial e têm um total acumulado de 12 440 MW. Para conseguirmos perceber o que representa um MW de capacidade eólica, podemos dizer que, em condições normais de vento, será o suficiente para abastecer 1 500 casas típicas portuguesas. Notícia: Nádia Saramago


Economia

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Economia

Fonte: DR

PORDATA Uma viagem pela Base de Dados de Portugal Contemporâneo Uma visita à página oficial da PORDATA em http:// www.pordata.pt, permite-nos, não só, tomar conhecimento de diversos quadros estatísticos sobre o Portugal de hoje (e dos outros países da UE), como nos permite, também, comparar vários indicadores, como, por exemplo, os económicos, os sociais, os políticos e os demográficos, em séries temporais. Apesar da limitação de espaço a que este artigo está sujeito, é possível efetuar uma comparação muito interessante de alguns quadros estatísticos, através de uma baliza temporal de quarenta anos, recuando até ao final da década de setenta, início dos anos oitenta do século passado. Começando pelos aspetos negativos, e pelo tema da demografia, destacam-se, na atualidade, os índices da percentagem de jovens com menos de 15 anos, o índice de envelhecimento, a taxa de divórcios, a taxa de abstenção eleitoral, o número de processos pendentes nos tribunais, a taxa de desemprego, a despesa efetiva do estado, a dívida da administração pública. Pelos aspetos positivos, destacam-se a taxa de mortalidade infantil, a esperança de vida (homens e mulheres), a taxa de analfabetismo, o número de alunos no ensino superior, o número de portugueses com casa própria, a taxa de inflação, o saldo da balança comercial e o Pib per capita de €15 908, em 2014 (€9.014,1 em 1981). Não há dúvida que, ao fazermos este exercício, estamos a contrariar o negativismo militante dos portugueses em geral e de todos os profetas da desgraça, que tentam sempre incutir-nos a sensação que vivemos sem presente e sem futuro. É verdade que, desde 2008, passámos por um período muito difícil, com origem na famosa crise dos mercados do subprime nos Estados Unidos, que fez implodir a nossa frágil economia devido à incúria, irresponsabilidade e impunidade da maioria dos nossos políticos e governantes, que levaram o Estado a níveis de endividamento inaceitáveis, originando verdadeiros casos de polícia. É crucial, para o nosso futuro, uma maior responsabilização da classe governante, acabar com as imunidades e impunidades da classe política e seus dirigentes, não permitir a existência de portugueses de 1ª e 2ª, i.e., ninguém estar acima da lei. Sobre este

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facto, destaco duas notícias recentes – em primeiro lugar, a dos juízes do Tribunal Constitucional reagirem mal à auditoria do Tribunal de Contas que apontou para várias irregularidades cometidas por aquele órgão de soberania (que deveria ser o 1º a dar o exemplo, como órgão máximo na defesa das nossas leis), e de afirmarem que «não têm de se sujeitar a ninguém». A outra notícia que passou despercebida foi a de que todos os partidos, friso “todos os partidos”, aprovaram, por unanimidade, uma lei inédita para retirarem as contas dos seus grupos parlamentares do controlo do Tribunal de Contas. Intolerável! O país, para continuar a ter futuro, precisa de apostar na Educação, na Ciência, na Cultura, numa Justiça mais célere e defensora de todos por igual, na redução do défice externo, privilegiando as exportações relativamente às importações, na redução do endividamento, eliminando cláusulas abusadoras de contratos que penalizam o erário público (como as famosas PPP’s e taxas de rendibilidade “garantidas” das empresas energéticas), na redução da despesa do Estado (urgente a aplicação da tal regra de equilibrar as contas através da intervenção 2/3 na redução efetiva da despesa do estado e 1/3 na receita), na criação de emprego. Para tudo isso é necessário captar investimento estrangeiro no país, só possível se oferecermos garantias de segurança, de soberania, de estabilidade política, se merecermos a confiança dos mercados, dos nossos credores. Agora, que se proxima um período eleitoral, é preciso estarmos atentos e não cairmos na tentação de promessas vãs, de utopias ideológicas impraticáveis, de oportunistas do “tacho” e de potenciais surripiadores da riqueza produzida por todos. Voltando à comparação, não tenhamos dúvida, com a conquista da nossa liberdade, de um modo geral, a vida de hoje é muito melhor do que há quarenta anos. Os dados estão aí e não mentem. Verifique por si, caro leitor, “vá pelos seus dedos” (passe a publicidade de um slogan que ficou famoso), e faça uma viagem pelos números reais do país. Deixe-se surpreender.

Opinião: Jo Guer


Economia

Portugal – VENDE-SE (e a preço de saldo!) Vários economistas avisaram que o endividamento de Portugal iria levar à venda de empresas a investidores estrageiros. Eles tinham razão. Neste momento, o poder negocial do Estado encontra-se debilitado e está pressionado para vender os ativos financeiros - que preço esperar nestas circunstâncias? O choque de liquidez do Estado motivou estas iniciativas e, dada a posição financeira frágil em que o Estado se encontra, parece que não tem sido possível atrair, em tempo útil, compradores mais eficientes que consigam extrair mais valor destas empresas. Em suma, Portugal está à venda e a preço de saldo! Tudo começou em abril de 2011, quando o governo dirigido por José Sócrates pediu um resgate de 78 mil milhões de euros para evitar a bancarrota. Desde então, o nosso país comprometeu-se com a «troika» – BCE, UE e FMI – a privatizar as «jóias empresariais estatais». Cumpre-se, assim, a profecia dos economistas. Segundo o artigo de Rui Albuquerque (professor da faculdade de Ciências Empresariais e Económicas da UCP), publicado a 18 de setembro de 2012, no semanário SOL, «o primeiro fator é o nível de endividamento da empresa a privatizar, relativamente ao endividamento médio na sua indústria. Empresas com grande endividamento são geralmente transacionadas a grande desconto em situações semelhantes» (...) «o grande endividamento limita o que os acionistas podem retirar da empresa em caso de insolvência e limita a capacidade de quem manda de tomar dívida na empresa para relançar a mesma». Ainda para justificar estas “promoções”, são também apontados outros fatores, como por exemplo a especificidade dos ativos das empresas que, por sua vez, é proporcional ao desconto, isto é, quanto mais específicos à indústria forem os ativos, maior o desconto e, por último, é referido o custo de financiamento de longo prazo no mercado obrigacionista. Lá fora, o governo de Passos Coelho ficou conhecido como o governo que colocou Portugal à venda, prova disso é o título do artigo do diário espanhol EL

PAÍS, “Governo põe Portugal à venda”, publicado em 2012. O balanço foi feito e esse ano foi considerado como «de ajustes e privatizações» que terminou com uma «avalanche de privatizações de empresas emblemáticas: desde a companhia aérea TAP à televisão pública RTP, passando pela ANA – aeroportos». Já em 2015, e inspirada no mesmo tema, Ana Suspiro, jornalista do Observador, publica um livro cujo título é, persistentemente, “Portugal à venda”. Nesta obra, editada pela Esfera dos Livros e lançada no dia 24 de abril, a autora responde a questões como quem comprou o quê e de onde tem vindo o capital que tem sido aplicado na aquisição de grandes empresas portuguesas, dedicando um capítulo aos «novos donos de Portugal». Nesse mesmo capítulo podemos encontrar o seguinte parágrafo – “Entre 2008 e finais de 2014, os portugueses venderam a investidores estrangeiros empresas e participações num valor próximo dos 30 mil milhões de euros. O número engorda para 37 mil milhões de euros com a alienação aprovada já no início de 2015 da PT Portugal. A transação é feita entre brasileiros e franceses, mas envolve a operação em Portugal da PT. O valor oferecido pela Altice, de 7400 milhões de euros, é o mais alto a preços correntes atribuído a um ativo ou empresa transacionados em Portugal. Já a receita da venda do Novo Banco deverá ser menor, mas o negócio terá uma importância simbólica equivalente”. BCP, BPI, EDP, REN, ANA, CIMPOR, CTT, TAP, GALP, ÁGUAS, NOVO BANCO, RTP, CGD... Siglas. À primeira vista, não são mais do que letras, combinações de caracteres. Cada uma delas tem o seu significado, este que pode deixar de fazer sentido, pelo menos para nós portugueses. A maior parte já não nos pertence e as restantes estão prestes a partir.

Crónica: Karine Garrido

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Política PCP critica a privatização da transportadora aérea portuguesa Secretário-geral do PCP afirma que o maior problema da TAP é o executivo insistir na sua privatização Jerónimo de Sousa acusa o Governo de querer acabar com o património empresarial público português: «O Executivo PSD/CDS-PP quer privatizar a Transportadora Área Portuguesa, não por razões económicas, mas fundamentalmente com uma opção de fundo do governo de estoirar com tudo e tendo como principal objetivo entregar a mesma a grupos económicos e financeiros, particularmente estrangeiros», garantiu. Explicou, também, que a greve dos pilotos, que durou dez dias, surgiu como uma forma de reação dos trabalhadores que se encontram preocupados com o seu futuro. O líder dos comunistas defendeu ainda que «quanto mais cedo forem marcadas as legislativas, melhor, porque esta é a única forma do governo deixar de fazer tanto mal ao país», prevendo que o resultado eleitoral da coligação PSD/CDS-PP venha a ser «uma banhada eleitoral». Notícia Breve: Nádia Baptista

Fonte: Jornal da Madeira

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Política

Fonte: Daniel Rocha

Medida que restringia liberdade de imprensa é anulada Partidos tentam mas não conseguem controlar os media nas eleições de 2015 e 2016 Há pouco mais de três semanas, os partidos do bloco central, em conjunto com o Partido Socialista, haviam entrado em acordo sobre uma proposta de lei que prevê um controle político sobre os media. A medida, que foi criticada pelos responsáveis dos meios de comunicação, acabou por ser refutada pelos partidos, não tendo chegado a valer para as eleições legislativas deste ano e presidenciais em 2016. Em termos gerais, esta lei estabelecia que uma comissão mista, formada por elementos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), teria de averiguar planos prévios de cobertura mediática de campanhas eleitorais. Assim, todos os media estariam obrigados a apresentar tais planos, sob pena de pagarem multas que poderiam ir dos 5 mil aos 50 mil euros. Os meios de comunicação portugueses opuseram-se com veemência em relação à tentativa dos três maiores partidos políticos do país (PSD, CDS/PP e

PS) de controlar a cobertura das campanhas políticas no país. Jornais, estações de rádio e TV juntaram-se em um mutirão anti-censura contra o projeto de lei que impunha a cada meio de comunicação social um “projeto de cobertura” para cada eleição. Por julgarem que esse tipo de regulamentação poderia restringir as liberdades de expressão e de informação, diversos grupos de comunicação informaram que não efetuariam qualquer cobertura das eleições caso o projeto fosse aprovado. A proposta também foi criticada por partidos opositores de esquerda. As agências que seriam responsáveis por regular os meios de comunicação, caso as medidas fossem aprovadas, afirmaram não ter sido sondadas sobre o projeto. Notícia: B. Zamperetti | G. Gabbi | R. Thiel (Erasmus)

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Internacional

Paralisação Nacional de Professores Contestação de condições de trabalho pelos professores brasileiros foi duramente reprimida pelas forças policiais Professores do ensino público param as ruas de dezoito estados brasileiros reivindicando um aumento salarial. A maior parte dos sindicatos pede reajuste de 13%, que tem como base a lei do piso nacional do magistério. Em São Paulo, a categoria pede 75% de aumento, melhores condições de trabalho e equiparação salarial com outras categorias profissionais com mesmo nível de formação, como prevê a meta 17 do Plano Nacional de Educação. A greve dos professores nas redes estaduais iniciou-se em São Paulo no mês de março, assim como em Santa Catarina, Pará, Pernambuco e Paraná. As paralisações aconteceram por um dia nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Goiás, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, Sergipe e Tocantins. Segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), no final de abril cerca de 60 mil professores protestaram por uma qualidade melhor para alunos e professores de escolas públicas do estado. Confronto no Paraná Também no final de abril, as ruas perto do Palácio Iguaçu, sede do Executivo, e a Assembleia Legislativa do estado do Paraná, ilustraram um campo de batalha. Os mais de 2 mil policiais militares reagiram às man-

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ifestações dos professores que ocupavam o lugar e os mesmos foram impedidos de entrar no plenário da Assembleia para acompanhar a votação do projeto de lei que mexe na previdência estadual. Os polícias lançaram bombas de gás lacrimogéneo, balas de borrachas e jatos de água contra os professores. Mais de 200 pessoas foram feridas e 8 ficaram em estado grave. Entre os feridos, há quatro jornalistas, um deles foi atacado por um cão da raça pitbull da Polícia Militar. Ocorreu uma repercussão imediata por todo o Estado. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Paraná enviou uma nota de repúdio às medidas e classificou o episódio como um “verdadeiro massacre”. O procurador-geral de Justiça do Paraná, Gilberto Giacoia, instaurou um procedimento para apurar as responsabilidades por “eventual excesso” na repressão das manifestações. O ministério público do Paraná havia expedido uma recomendação ao governo do estado, à Secretaria de Segurança Pública e ao Comando-Geral da Polícia Militar para que a intervenção da polícia acontecesse somente para garantir a segurança dos professores, exceto em caso de eventuais infrações penais. O governador Beto Richa colocou a culpa nos manifestantes e em supostos black blocs infiltrados, e explicou como sendo a “ação de defesa” da PM sobre o ocorrido. Situação do ensino público


Internacional

Para entender melhor a situação é preciso saber como funciona boa parte das escolas de ensino público no Brasil, por exemplo, no estado de São Paulo. Hoje, existe a “categoria O”, que é onde está a maioria dos contratados e o que há de mais precário na rede pública. O professor só pode faltar duas vezes ao ano, não possui o direito de usar a assistência médica do estado (Iamspe), não tem direito à aposentadoria profissional (SPPrev) e, depois de dois anos de contrato, tem que cumprir duzentos dias sem poder dar aulas. Na situação “O”, estão cerca de 50 mil professores da rede estadual. Os professores dizem em depoimento que as aulas da escola pública estão sem imaginação ou criatividade. Baseiam-se muito no conteúdo, com a famosa “decoreba” sem ser construtivista. Renata Hummel, professora de sociologia da rede estadual paulista diz, em depoimento, o quanto é difícil explicar para jovens qualquer assunto numa situação precária e com um método de ensino antiguado. “Eles não veem como saber algo que aconteceu em 1789 possa fazer diferença em 2015. Mas mais difícil ainda é conseguir falar cinco minutos numa sala lotada com quarenta jovens num dia de verão com apenas um ventilador a funcionar e sem água nas torneiras”. Segundo Renata, falta material para fazer as provas e isso depois sai do próprio salário dos professores, não têm papel higiénico e os alunos precisam de o trazer

de casa e algumas escolas têm uma densa vegetação por não haver verba para a mandar cortar. O salário de um professor normalmente não chega aos R$ 2.600, mesmo trabalhando em duas escolas diferentes, cerca de quarenta horas por semana (fora as de preparação e planeamento de aulas, correção de trabalho, que ultrapassam mais de quinze horas de trabalhos semanais), com cerca de setecentos alunos para organizar. A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, afirmou que aproximadamente 130 mil professores do estado estiveram em greve, o que representou 75% de apoio, número 28 vezes maior do que informou o governador Geraldo Alckmin numa entrevista coletiva no dia 25 de abril – “não está tendo greve, a verdade é essa. Você tem 2,6% [de adesão], é falta normal”. A professora Cassiana de Souza Perez, quarenta anos e dezoito de profissão, falou do salário de mais de 3 mil reais que recebe. “Ganho isso porque fiz mestrado. Sabe quanto meu salário valorizou com o diploma? Duzentos reais”. As respostas destas greves não podem decidir apenas o que acontecerá com os professores contestatários, mas também com o futuro da escola pública brasileira. Grande Reportagem: Ivana Carolina | Marina Rett (Erasmus)

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Internacional Simpsons contra o

Racismo Fonte: RTP

Os EUA são considerados, por muitos, como o país da liberdade e do sonho. Mas este dito país da “liberdade” tem vindo a enfrentar graves problemas raciais e de violência policial. Tais episódios desencadearam diversos protestos nas ruas norte-americanas, mas devo dizer que a forma como um ativista decidiu protestar é das mais inteli-

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gentes e eficazes. Alexsandro Palombo, artista contemporâneo, decidiu dar à sua arte outra função para além da de objeto artístico – transformou-a num meio de protesto e de alerta para os problemas sociais que têm vindo a abalar a sociedade americana. Este coloca, nas ilustrações, a família Simpsons, um símbolo da sociedade norte-americana, como protagonista dos

episódios que vitimaram Walter Scott, um afro-americano de 50 anos, morto pelas costas por um polícia na Carolina do Sul e Tamir Rice, uma criança de 12 anos que, no ano passado, e tal como Scott, foi morto pelas forças policiais. O cartoonista vai ainda mais longe e coloca toda a caricata família com a boca tapada por uma tira que diz “I can’t breath” (não consigo respirar), referência clara a Erick Garner, um afro-americano abordado por um polícia sob a aparente suspeita de prática de tráfico de tabaco ilegal, asmático, Garner acabaria por morrer no hospital após a imobilização com um “mata leão” por parte da polícia. Tudo isto ocorre sob um cenário totalmente antagónico. Por detrás das, outrora, personagens amarelas, encontramos a Estátua da Liberdade com uma máscara do Ku Klux Klan, designação dada a várias das organizações racistas que apoiam a supremacia branca, significando que cada vez mais a sociedade norte-americana se aproxima dos tempos da segregação racial e que o “sonho” de Martin Luther King Jr., também referenciado nos seus cartoons, ainda está longe de ser alcançado. Ao colocar nas suas ilustrações Homer, Bart, Marge, Lisa e Maggie Simpson, elementos da “família americana”, bastante acarinhados em todo o mundo, associados à comédia, num ambiente totalmente oposto ao habitual e no lugar de Scott, Rice e Garner, faz com que, obrigatoriamente, o espectador personalize todos esses cenários e com que desperte uma consciência para o que ocorre atualmente nos EUA e a influência que poderá ter no mundo. Alexsandro Palombo afirma, através da sua obra, que não se pode continuar a fechar os olhos ao racismo. Mas será que esta situação irá melhorar no futuro? Crónica: Ana Rita Sobral | Soraia Gonçalves


Internacional

Fonte: Visão Nacional

Terramoto no Nepal mata 3900 e fere 7000 Faltavam poucos minutos para o meio dia quando um movimento de placas tectónicas, a 15km de profundidade, originou as ondas de choque que se propagaram pelo Nepal e países vizinhos como a China e a Índia, destruindo casas, monumentos e, principalmente, a vida de milhares de pessoas. Esta era uma tragédia prevista e anunciada, mas nunca com dia e hora marcada. Aconteceu no passado dia 25 de abril, com uma magnitude de 7.8 na escala de Ritcher, causando 3900 mortos, 7000 feridos e 1 milhão de crianças a precisar de ajuda urgente. Catorze estados-membros da União Europeia já ofereceram ajuda às vitimas da tragédia, assim como a Cruz Vermelha, que participa desde o primeiro dia no auxílio médico e resgate; o Programa Mundial de Alimentação, que ajuda no combate à fome; a Handicap International, que apoia pessoas com deficiência e distribui kits para estas mesmas pessoas, assim como

equipamentos de mobilidade e na organização de programas de reabilitação; a Oxfam, uma coligação de organizações de apoio humanitário, que lançou uma missão de resgate a vítimas no Nepal e se encontra em coordenação com a Unicef para fazer chegar água potável às vitimas e cuidar dos feridos. Save the Children também faz parte das organizações que estão a prestar auxílio no Nepal e esta, tal como a Unicef, tem como principal objetivo dar assistência às crianças e às famílias mais vulneráveis. Por fim, é de realçar o contributo da Care que se destina a recolher doações para tentar alcançar o máximo de vítimas e lhes oferecer abrigo temporário, alimentação e kits de purificação de água, bem como a ação da rede nepalesa Ajudar o Nepal, que se concentra no apoio médico e educativo. Notícia: Beatriz Lança | Inês Santos

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Desporto Jogos Olímpicos 2016

O que esta edição dos Jogos Olímpicos traz de novo e o que Portugal tem para oferecer Os Jogos Olímpicos irão realizar-se já no próximo ano no Rio de Janeiro, Brasil. São, portanto, os primeiros JO a serem realizados na América do Sul desde 776 a.C., altura em que se iniciou esta competição, na Grécia. O evento decorre de 4 em 4 anos e é um tributo aos Antigos Jogos, pois na Grécia Antiga usavam os Jogos como forma de medir o tempo. Em 2016, o evento vai decorrer de 5 a 21 de agosto e irá contar com 10 500 atletas de 205 países. Durante os 17 dias de prova serão disputadas 306 medalhas. Esta edição vai contar com duas novas modalidades – Golfe e Rugby. As provas serão divididas por quatro regiões da cidade – Deodoro, Maracanã, Barra e Copacabana. As mascotes dão pelo nome de Vinícius e Tom. A primeira faz parte dos JO e o seu nome remete para um poeta de Bossa Nova. Esta é uma mistura de todos os animais do Brasil. O segundo, Tom, representa os Jogos Paralímpicos e é uma mistura de todas as plantas brasileiras. O seu nome provem de um maestro que cantou os encantos do Brasil. Quanto a Portugal, segundo o site oficial do Comité Olímpico Português, estão confirmados 71 atletas divididos por 15 modalidades, entre as quais Atletismo, Judo, Ténis de Mesa e Vela. Notícia: Andrew Brito | Mónica Miranda

Fonte: Wikipédia

José Mourinho novamente campeão Inglês No jogo da consagração, em Stamford Bridge, a equipa treinada pelo português José Mourinho derrotou o Crystal Palace pela margem mínima (1-0) e assegurou o título O Chelsea de José Mourinho derrotou o Crystal Palace por 1-0, na partida referente à 35ª jornada da Premier League, e assegurou o título inglês. Hazard apontou o único golo do jogo, em Stamford Bridge, marcando de recarga, na sequência de um penálti que o próprio jovem prodígio belga tinha falhado. Os “blues” entraram lentos na partida e, durante o primeiro tempo, o Crystal Palace, orientado por Alan Pardew, até esteve mais pressionante, mas a equipa da casa conquistou uma grande penalidade aos 44 minutos, por intermédio de Hazard, após re-

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ceber um passe de Willian e cair na área adversária, aproveitando o contacto de McArthur. Os adeptos do Chelsea fizeram a festa durante todo o segundo tempo e os “blues” conseguiram segurar a vantagem mínima. O ritmo manteve-se lento até ao final do encontro, mas a equipa de Mourinho fez o suficiente para garantir os três pontos. O Chelsea sucede, assim, ao Manchester City como campeão inglês. Este foi o quinto título para o Chelsea e o terceiro para Mourinho na Premier League, que já havia sido campeão em 2004/05 e 2005/06. Notícia: A. Gonçalves | J. Oliveira | M. Lelo


Desporto

Fonte: Sports Blog

Floyd Mayweather vs. Manny Pacquiao Mayweather vence o combate do século frente a Pacquiao e arrecada jackpot O campeão em título Floyd Mayweather alcançou a vitória no chamado “combate do século”, derrotando o pugilista filipino Manny Pacquiao por via pontual. Foi no último dia 2 de maio, em Las Vegas, que o americano se impôs após decisão unânime dos três árbitros-júris (118-110, 116-112, 116-112) e permaneceu, desta feita, invicto em 48 combates, enquanto Pacquiao concedeu a sua 6ª derrota da carreira, balançando-a com 57 vitórias e 2 empates. Mas é sobretudo devido à fortuna de (no mínimo) 120 milhões de dólares prometida a Floyd “Money” que este combate ficará para a posteridade. Nunca antes na história da modalidade um confronto gerou tanta atenção, ansiedade e receitas. Meia-década foi o tempo necessário para que os dois melhores pugilistas da sua geração chegassem a um acordo para se defrontarem. O duelo do século deverá movimentar mais 400 milhões de dólares, algo que, como já foi referido, nunca tinha sido visto no boxe ou mesmo em qualquer outro desporto. Foi visto ao vivo por 16 800 pessoas que dispensaram milhares de dólares para poderem estar à beira do ringue, como o ator Denzel Washington, as antigas estrelas do ténis Steffi Graf e Andre Agassi e o casal dourado da música americana atual Beyoncé e Jay-Z.

Porém, o combate em si não ficará na posteridade pela sua qualidade, considerada medíocre, algo que provocou várias reações, nomeadamente da estrela do boxe Mike Tyson, visivelmente desiludido com o confronto. «We waited five years for this…», escreveu na sua conta no Twitter. Fiel aos seus hábitos, Mayweather fez a diferença através do seu jab e do seu jogo defensivo, face a um adversário nitidamente mais ofensivo mas menos preciso. É certo que o americano de 38 anos foi posto em dificuldades em diversas ocasiões mas soube controlar com muita frieza o entusiasmo de Pacquiao e do próprio público, acertando 148 golpes no filipino, enquanto apenas 81 chegaram à pele desprotegida de Mayweather. No entanto, tal facto não impediu o “PacMan”, considerado um semideus no seu país (de onde é deputado) de afirmar solenemente que merecia ter vencido o combate, revelando-se algo surpreso «I thought I won the fight. He didn’t do nothing, he just ran». Mayweather, por sua vez, repetiu que desejava colocar um termo à carreira no final do ano 2015, após um quadragésimo nono e último combate que espera ser vitorioso «I don’t know who I will be facing yet, but it will definately be my last fight», terá atirado o “Pretty Boy”. Notícia: Madjane Silva | Tiago Neves

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