SIM! 99

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TÁ NA

MODA?

HUMB ERT OE

ARQUITETURA | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

ANO XV | Nº 99

WWW.REVISTASIM.COM.BR

#99

AN

ÍRPOLI Z E C ALI

ARQUITETURA A | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

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SIM!

#99 TÁ NA MODA?

Diretor Executivo Márcio Sena (marciodesena@gmail.com)

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Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciamarinho@globo.com) Felipe Mendonça (felipe.bezerra@globo.com)

LUCAS OLIVEIRA

Como a arquitetura e a moda se relacionam ao longo do tempo

44

REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Edi Souza (edisouza.sim@gmail.com) Erika Valença Emanuele Carvalho Lorena Moura Mariana Clarissa

CONSTRUÇÃO A SECO

VICTOR MUZZI

A sustentabilidade por trás das obras

Carol Kirschner (carolmiraimidia@globo.com) Emanuel Neves Renata Braga Breno Lima Lucas Oliveira

PROJETO | DANIEL PIANA 120

40

Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com)

VICTOR MUZZI

LUCAS OLIVEIRA

VAMOS LER | MARIANNE PERETTI

52

Joelma Santos (81) 3039.2220 (comercial@revistasim.com.br)

126 PROJETO | GUILHERME EUSTACHIO

ZOOM | ARTISTAS DE BONITO

Operações Comerciais Eliane Guerra (81) 9.9282.7979 | 9.9536.7969 (elianeguerra@revistasim.com.br)

VICTOR MUZZI

LUCAS OLIVEIRA

SIM! é uma publicação trimestral da MIRAI ASSESSORIA EM COMUNICAÇÃO LTDA

110

FAZER O BEM I HCP 134

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

GERAL JARDINEIRA JARDINS ENTREVISTA PERFIL SIGA-ME VAMOS LER! DESIGN É TUDO! DELÍCIAS

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Novidades do mercado

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Narciso

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Os jardins da gentileza

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Thaís Frota

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Indústria Real Persiana e Cortina

34

Arquitetura no Instagram

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Sugestões de leitura

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Estúdio Nendo

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A casa veste

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Espumante para degustar

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LUCAS OLIVEIRA

DIVULGAÇÃO

VICTOR MUZZI

PORTFÓLIO | HUMBERTO ZÍRPOLI

Redação | Comercial R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220

CAPA Produção realizada em casarão do século XVII, sede do escritório da arquiteta Dió Diniz, responsável pela direção de arte, e fotografada por Lucas Oliveira. A capa veste: vestido Refazenda; tela de Burle Max; luminária Cogumelo, puff e colar de acervo pessoal; e arte popular da Oficina de Agosto, Minas Gerais.

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Anunciante marel

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MOMENTO SIM!

UMA FESTA DE AMOR AO VERDE A SIM! 98 foi lançada em meio ao verde, literalmente. É que a Villa Garden abriu as portas da sua nova loja, no Espinheiro, para um evento que reuniu arquitetos, designers, artistas e, claro, muitos paisagistas. Os convidados foram recebidos por nossa equipe e pelos empresários Janaína Souza e Luciano Lacerda, os quais apresentaram a campanha #AmoOVerde, que, entre as ações da noite, incluiu palestra sobre plantas exóticas com o paisagista paulista Murilo Soares e canções de Gabi Barreto, do projeto Música de Vitrine. “Por ser um veículo bem expressivo no mercado, nos ajudou bastante a levantar essa bandeira. Fiquei muito feliz com esse encontro”, disse Janaína. Para Luciano, foi importante a troca de experiências. “Muita gente boa passou por aqui e o que fica é o conhecimento adquirido”, completou. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Cobertura completa no Facebook: Luciano Lacerda, Janaina Souza, Patrícia Marinho e Murilo Soares

FOTO: WILTON MARCELINO

Revista SIM

Com a turma do paisagismo: Edi Souza, Paulo Ferreira, Nathalie Mendonça, Rodrigo Ferreira, Renata Romaguerra, Bruno Ferreira, Marta Souza Leão, Luiz Vieira, Murilo Soares, Felipe Viveros, Mariana Novaes, Mariana Ribas, Cristoph Jung e Patrícia Marinho. Sentados: Zenaide Nunes, Marcelo Kozmhinsky, Schirley Loureiro, Luciano Lacerda e Brenda Ferreira

Gabi Barreto lançou um encantamento musical com seu projeto @musicadevitrine

Jung, Catarina Durães e Luiz Veira

Mariana Novaes e Marta Souza Leão

Zenaide Nunes e Patrícia Marinho

Nosso querido Marcelo Kozmhinsky

Renata Romaguerra e Nathalie Mendonça

Ísis Baracho, Fernanda e Catarina Durães

Janaina Souza e Sophia Reinaux

Alexana Vilar e Elza Freire

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Tiago Ribeiro e Claudemir Barros

Ana Moura e Lucianna Pimentel

Náiade e Nilo Lins com Bruna Brito

Juliana Lustosa e Ju Nejaim

Tiago Amorim e Guilherme Malthus

Paulo Veloso e Cecília Chaves

Carlos Augusto Lira e André Dantas

Luciana Ramos, Eliane Guerra e Lucianna Pimentel

Roberto Montezuma

Daniele Guedes, Gabriela de Alencar e Fábio Pestana

Diogo Viana e Luciano Lacerda

Romero Duarte e sua filha Cecília

Claudia Aires com Patrícia Marinho

Tita de Paula, Juliana Vilaça, Raquel Laureano e Vivian Lima

Adolpho Leimig, Márcio Sena e Tony Pedrosa

Flávia Marques, Janaina Souza, Patrícia Marinho e Juliana Vilaça

Família Alcântara: Amanda, Antônio e Fátima

Edite Araújo e Edi Souza

Igo Bione e Hélia Scheppa

Patrícia Pessoa e Erika Valença

Elza Mendonça e Juliano Dubeux

Guilherme Eustachio e Marilene Moreira

Eric Dayan, Alfredo Lima e Fabiana Gusmão

Januária Quérette, Carol Godoy e Rikia Amaral

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MOMENTO SIM! SETE MODERNOS Em sua primeira exposição, a GaleriaSete selecionou obras raras dos principais artistas modernos pernambucanos. Com curadoria dos sócios e colecionadores Daniel Maranhão e Thomaz Lobo, o público pôde conferir durante dois meses 16 quadros, alguns inéditos no Estado, dos pintores Vicente do Rego Monteiro, Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Francisco Brennand, João Câmara, Reynaldo Fonseca e José Cláudio.

Daniel Maranhão e Thomaz Lobo

Zé Cláudio

Vânia Dias, Maria Juliane e Maria Amélia

Newman Belo

Giuliana Zirpoli

Aruza de Holanda e Antônio Falcão

Liliane Pinheiro

Clara Gouveia, Claudia Aires, Eduardo Lira e Lala K

Luanda Godoy, Esdras França e Thierry

Karina Agra e sua Joana

Karla Grimaldi e Cavani Rosas

A Joana de Dani Acioli

Waldick Jatobá

Ivo Feliciano

Mauricio Pinto e Silva com Paulo Alves

Ale Jordão e Paty Marmo

Sergio Saad e Walton Hoffmann

Julio Landmann

Maury Santana, Adriana Cavendish, Janaína Marques e Alessandra Villa Nova

Nayana e Ilca Calado com Mônica Torreão

Juliana Soares e Márcia Vieira

Doriva Medeiros e Isabela Rino

Ana Maria Freire e Camila Pereira

Taciana Feitosa e Andréa Calábria

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

FEMININAS Para comemorar os 25 anos da Galeria Joana D’arc, a Nuvem Produções realizou a exposição “Joanas”. A mostra reuniu o trabalho de 22 artistas, onde cada um fez uma interpretação própria da icônica Joana D’arc. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

GUIA DO DESIGN SP Os apreciadores do design ganharam um guia à altura da cidade de São Paulo. O roteiro com as principais casas de móveis, objetos e peças, assinadas ou não, foi lançado na casa Electrolux pelo editor Maurício Pinto e Silva e sua equipe. A noite foi de grandes nomes do mercado criativo paulistano. FOTOS: PEDRO ARCENE

+ Site: www.revistasim.com.br

LIVRO DE DECOR O lançamento do Anuário de Ouro da Arquitetura e Decoração de Pernambuco, editado pelo Novo Núcleo PE, aconteceu na Evviva Bertolini. No guia, os profissionais puderam conferir os trabalhos de mais de 30 escritórios, que revelaram os seus mais recentes projetos, como também as criações vencedoras da 6ª edição do Concurso Cultural do Novo Núcleo. FOTOS: VICTOR MUZZI

+ Facebook: Revista SIM

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Fernando Guimarães e Wilma Ramos

O abraço carinhoso de Zezinho Santos

Marcia, Roberta Jungman e Suzana

Família Curra: Sandro, Beth e Eduarda

A felicidade de Chicão e Márcia

Silvia Wanderley e Rosália Zirpoli

DE PORTAS ABERTAS O novo endereço do escritório Nejaim Azevedo está pronto para receber os clientes. O espaço é o reflexo da personalidade expressiva das sócias Marcia Nejaim e Suzana Azevedo. Para inaugurar o ambiente, as arquitetas convidaram amigos e profissionais da área, que comemoraram os novos ares. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

As Patrícias: Oliveira e Marinho

Os irmãos Eduardo e Márcio Nejaim

Tânia Jurema e André Wanderley

Lelê ladeada por Lilia e Juliana Santos

Valesca Brito e Tereza Fragoso

Kiko Selva e Marina Paiva

PARIS PRA VOCÊ A empresária paulista Lelê Saddi transformou suas viagens à capital francesa em um guia de bolso que reúne dicas sobre a Cidade Luz. O livro de 256 páginas aponta uma Paris inesquecível, seja para sua primeira ou centésima viagem à região. O coquetel de lançamento aconteceu na Dona Santa, multimarcas comandada pela empresária Juliana Santos. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

GRANDE ARTISTA Uma noite para celebrar um belo registro da arte moderna brasileira, o lançamento do livro: “Marianne Peretti – a ousadia da invenção”. Hoje, o trabalho de Marianne está sendo estudado pela Sorbone, sendo comparado ao de grandes nomes como o de Matisse e Chagal. O evento reuniu nomes importantes das artes, da política e arquitetura.

Germana Siqueira, Tactiana Braga e Marcelo Canuto

Carlos Fernando Pontual

Yves Lo-Pinto Serra e Marianne

Turíbio e Zezinho Santos com Zizi Possi

Ana Amélia e Luiz Vieira

Luciana e Urbano Victalino

+ Facebook: Revista SIM

José Luiz Menezes e Adriano Cabral

DA HORA A exposição “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte”, na Caixa Cultural do Recife, inclui 110 obras que realçam a faceta inquieta e generosa do artista pernambucano. Sob curadoria de Renato Magalhães, apresenta trabalhos inéditos de um dos maiores escultores expressionistas do Brasil.

Fátima Moraes

Os irmãos Lenora e Abelardo da Hora

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM Cláudia Ferreira da Costa e Carol Harrop

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Renato e Anneliese Magalhães Gouveia

Vera Brandão e Lygia Falcão

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#EUDIGOSIM

Estamos à procura de uma identidade e, para isso, é preciso que o olhar se volte para dentro. É lá que está a essência do que transmitir ao externo, o que temos a dizer, o que somos. Isso acontece com a nossa casca. O estilo a que nos propomos viver desde o que vestimos, a nossa casa, a cidade a nossa volta. Arquitetura é mesmo uma linguagem que nos permite conhecer uma sociedade, uma época, uma pessoa...

“Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, é a classe” (Coco Chanel)

Está nas linhas, formas, cores, nos materiais uma humanização incrível, capaz de nos seduzir ou repelir. Olhe à sua volta, o que diz a sua casa sobre você? Observe a cidade em que vive, suas construções. O que você sente? O que elas te remetem? Encare o espelho e permita se questionar se o que você veste te reflete... Em tudo, procure pela essência! Patrícia Marinho

LUCAS OLIVEIRA

patriciamarinho@globo.com

ILUSTRAÇÃO: CARLOS VAREJÃO

Estilo — Dicionário Michaelis

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sm (lat stilu) 1 Feição especial, caráter de uma produção artística de certa época ou certo povo. 2 Hábito, prática, praxe, costume. 3 ant Ponteiro ou pequeno instrumento com que os antigos escreviam em tábuas enceradas. 4 Maneira especial de exprimir os pensamentos, falando ou escrevendo. 5 Maneira de dizer, escrever, compor, pintar ou de esculpir de cada um. 6 Ponteiro ou agulha do relógio de sol. 7 Arquit Tipo peculiar de Arquitetura, baseado em qualidades distintivas das linhas gerais ou da decoração: Estilo gótico. 8 Inform O tipo de face, fonte, tamanho de ponto, cor, espaçamento e margens do texto num documento formatado.

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EDITORIAL Lifestyle

De olho nessa atitude, preenchemos nossas páginas com informações que vão além da estética, como na matéria de construção a seco. O termo para definir sustentabilidade na obra é assunto de interesse por discutir agilidade, limpeza e economia a qualquer tipo de edificação, algo que o escritório Humberto Zírpoli Associados inseriu há tempos no seu portfólio.

RAMÓN VASCONCELOS

Saímos da zona de conforto e fomos buscar na moda a junção perfeita de cor, estrutura e estilo, para dizer que ali há muito o que contar sobre arquitetura. As duas artes se encontram à medida que resgatamos a história, abrimos os projetos e falamos da casa vestida, por meio de fontes que são puro luxo: Fernanda Yamamoto, Jum Nakao, Bete Paes, Sônia Pinto, Juliana Santos e tantos outros nomes contribuíram para a matéria de capa mais fashion de todas as edições.

A CASA DE FERNANDA YAMAMOTO, EM SÃO PAULO, RESPIRA MODA! POR ISSO EDI SOUZA FOI LÁ CONFERIR

A boa expressão artística continua na versatilidade de Abelardo da Hora e na beleza de Marianne Peretti. Ele é notícia pela exposição comemorativa que circula o Brasil. Ela acaba de ganhar um livro que reúne suas histórias e produções pelo mundo. Para completar o deleite, confira o visual poderoso dos pratos dos chefs Diego Lozano e Luciana Sultanum, em Delícias.

LUCAS OLIVEIRA

O projeto Novo Jeito e sua parceria com arquitetos para a reforma de 19 ambientes do Hospital do Câncer de Pernambuco inaugura a seção “Fazer o bem”, aberta para falarmos de uma causa nobre pelo outro. Um exemplo de amor e solidariedade! E como bons projetos sempre ganham espaço, trouxemos a arquitetura expressiva do hospital de Caruaru, projetado por Guilherme Eustachio, e a suntuosidade do hotel Sheraton, da Reserva do Paiva, pelo argentino Daniel Piana. A sequência fica por conta da arte vinda de uma cidade que tem tudo a ver com este número: Bonito! Por lá, conhecemos os talentos de Heron, Marcelo e Alex, que gentilmente exibiram seus trabalhos para o nosso Zoom.

JULIANA SANTOS SABE TUDO SOBRE MODA E SIMPATIA

Não perca tempo. Leia SIM!

Edi Souza

LUCAS OLIVEIRA

VICTOR MUZZI

edisouza.sim@gmail.com

ENCONTRO DE PESO NO NOSSO EDITORIAL COM A REFAZENDA: VICTOR MUZZI, EDI SOUZA, PATRÍCIA MARINHO, MAGNA COELI, DIÓ DINIZ E HUMBERTO CAVALCANTI FICOU CURIOSO PARA SABER QUAL A ESTAMPA PREFERIDA DE BETE PAES? EDI SABE...

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EQUIPE REUNIDA NA CASA DE SILVANA GONDIM: EDI SOUZA, EMANUELE CARVALHO, NÚBIA GONDIM, SILVANA, VICTOR MUZZI E PAULA ALBUQUERQUE

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Fique por dentro das atividades do Novo Núcleo, no segmento da arquitetura e decoração

FOTOS: GLEYSON RAM

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Lançamento do Anuário de Ouro do Novo Núcleo é sucesso de público O último dia 2 de julho marcou o evento de lançamento da 4ª Edição do Anuário de Ouro da Arquitetura e Decoração de Pernambuco, livro de luxo que reúne projetos de 33 escritórios de arquitetura que se destacaram ao longo de 2014. Dessa vez os anfitriões foram Janaina e Zelândio Marques, da Evviva Bertolini. A capa desta edição deu espaço para um lindo projeto do escritório Marcelo Souza Leão & Chalaça. O entra e sai de profissionais da área entrou pela noite que teve clima de descontraída confraternização.

Novos integrantes no NOVO! O ano chega ao segundo semestre e o Novo Núcleo de Profissionais, Arquitetos e Designers de Pernambuco só tem o que comemorar: até o momento quatro novas lojas se juntaram a nós! Mas não é para menos, a cada dia que passa o NOVO confirma os seus diferenciais e isso se reflete em novas adesões. É por isso que, com muita alegria, damos as boas vindas à Domodi e à Zuhaus, duas marcas que comungam com o nosso objetivo de estar sempre na vanguarda do mercado de Arquitetura e Decoração. Conheça mais sobre os novos integrantes:t Domodi Especializada em móveis para ambientes externos, a Domodi preza pelo bom atendimento e, sobretudo, pela alta qualidade dos seus produtos, que aliam tecnologia e conceito. A ideia é fugir do convencional e oferecer conforto com uma boa dose de arrojo. Os produtos são trabalhados em alumínio, fibra sintética e madeira teka e os estofados são produzidos em tecidos náuticos, que resistem a chuvas e sol forte, o que garante a durabilidade. O design permite uma versatilidade ímpar aos produtos Domodi, que oferece pronta-entrega, comodidade procurada por todo cliente. Av. Engenheiro Domingos Ferreira, 2361, Boa Viagem | Recife | PE | CEP: 51.011-050 andre@domodi.com.br (81) 3326.8120 | 99641.4822 http://www.domodi.com.br

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Zuhaus A Zuhaus é uma loja multimarcas que possui showroom de 250 m² onde expõe e comercializa móveis de design e qualidade, garimpados nas mais importantes feiras e mostras de decoração do Brasil. Com curadoria apurada, feita com olhar de quem está afinado com as grandes vanguardas e tendências internacionais, a Zuhaus conta com um acervo que contempla todos os cômodos da casa, imprimindo estilo e sofisticação ao projeto. Av. Conselheiro Rosa e Silva, 1739, Graças Recife l PE l CEP: 52.050-020 contato@zuhausdesign.com.br (81) 3127.3310 | (81) 98179.8372 http:// www.zuhausdesign.com

O NOVO Núcleo de Profissionais, Arquitetos e Designers é um grupo com importantes lojas de materiais para arquitetura e decoração. A marca é composta por profissionais do segmento, que fazem a diferença no mercado e, ao mesmo tempo, participam das nossas atividades.

Avenida Domingos Ferreira, 1486, sala 11 Boa Viagem, Recife-PE (81) 3091.5451 contato@novonucleo.com.br /novonucleo

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1. Os cristais Swarovski® agora podem estar nas suas paredes. Revestimentos de mármore e porcelanato vêm recebendo aplicação manual de cristais e a responsável por trazer esse modelo ao Brasil é a Prime Revest. Os produtos são aplicáveis em todos os ambientes. Composta por diversos modelos e cores, as peças trazem texturas e grafismos em alto relevo, tornando cada peça única e delicada. www.primerevest.com.br (11) 4436.3316

2. A marca dinamarquesa Bang & Olufsen comemora 90 anos com o lançamento da sua coleção Love Affair. Trata-se de uma edição limitada com o equipamento BeoSound Moment, uma interface destacável que possui dois lados, permitindo diferentes experiências para a audição. O painel de carvalho faz com que as músicas flutuem pelo sistema de som da casa com apenas um toque na madeira. A venda será por período limitado, e aqui no Brasil pode ser encontrado na loja da marca, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo. www.bang-olufsen.com

3. A Tok&Stok dá continuidade a sua parceria de quase dez anos com o estilista brasileiro Alexandre Herchcovich, que assina a coleção Zigue-Zague, inspirada no tabuleiro de gamão na cor cobre em contraponto à neutralidade do konkret e aplicada em várias peças. www.tokstok.com.br

4. O designer de joias André Lasmar usa da despretensão e do aconchego rústico para estimular o interesse pela combinação das formas e a identidade de quem veste suas criações. Produzindo séries, em vez de coleções, o designer explica que os lançamentos não têm periodicidade e que elas traduzem a espontaneidade do seu momento com uma pitada de traços do cotidiano. Entre os materiais usados estão ouro, prata, bronze, vidro e madeira, sendo algumas peças combinadas com pedras. www.andrelasmar.com (21) 2285.1063

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5 São Paulo foi palco do maior festival de design da América Latina, o DW! Design Weekend, que reuniu grandes nomes do mercado. Confira alguns destaques do evento:

1. Decameron | Uma nova proposta de morar, através de móveis que aproximam as pessoas. No projeto Micro Arquitetura, o designer Marcus Ferreira trouxe uma linha de móveis que inclui um

extenso banco de madeira, que se encaixa e conecta. www.decameron.com.br 2. Saccaro | Para comemorar 30 anos de design autoral, uma coleção assinada por Roque Frizzo. Destaque para o estofado Ninho, com suas tramas que remetem verdadeiramente às fibras de um ninho, uma volta às origens da marca com as tramas de junco. www.saccaro.com.br

3. Caesarstone| Interatividade e criatividade marcam a mesa de pingue-pongue Islands, co-criada em parceria com o estúdio inglês Raw Edges. A peça de forma irreverente esteve no pátio da Baccarat. www.caesarstone.com.br 4. La Lampe | O grupo apresentou a mostra Anima, inspirada no espírito criativo da artista Lygia Clark, tendo sua obra Óculo, de 1966, como ponto de partida. A in-

tenção foi exibir composições que remetem a simples matéria transformada em poesia. www.lalampe.com.br 5. Faher | E se uma música se transformasse num mobiliário? A dupla Sergio e Jack Fahrer promoveu a exposição “Música&Design – Timeline Fahrer”, com peças ícones e reedições expostas de forma dinâmica, como o aparador Lux. www.fahrer.com.br/designers

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1. O artista plástico Marcelo Júlio faz interferência em utilitários, muitas vezes trabalhando o reúso. Entre as peças, o banco típico de praça pública foi pintado de vermelho. Seu desenho curvado e o aspecto desgastado foram preservados para contar a história do objeto. O outro assento é uma criação própria, com madeiras coletadas pela cidade de Bonito/PE, fazendo uma extensão direta da sua arte. “Chamo essa pintura de vias nuas”, explica. marcelojulio80@hotmail.com.br (81) 9.9760.4280

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2. A Tidelli apostou na designer Bia Martinez para criar a coleção 2015. São produtos artesanais, marcados pela identidade dos elementos e pela racionalidade da estruturação. Destaque para o balanço Bora Bora, tramado em cordas náuticas e estrutura 100% em alumínio. www.tidelli.com.br (81) 3040.4660 3. A Tramontina apresenta o banco Elo, que une modularidade ao interesse de ambientar áreas coletivas, internas ou externas. O produto é fabricado em polietileno com processo de rotomoldagem e está disponível na Villa Garden. www.vgarden.com.br (81) 3031.9999

RAQUEL MELO

CLAUDIO FONSECA

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4. Especializada em móveis para ambientes externos, a Domodi começou a investir no mobiliário para áreas internas. Para isso, fechou uma parceria com o designer Tadeu Paisan. A sua linha Plural prima por sofisticação, acabamentos impecáveis e comodidade, podendo ser utilizada para compor diversos tipos de ambientes, como rústicos, despojados e clássicos. www.domodi.com.br (81) 3326.8120

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5. O Projeto Viés vem movimentando a Casapronta. As peças apresentadas foram criadas por designers consagrados no país e são marcadas pela utilização de materiais como o couro e a madeira. Um dos sucessos é a poltrona Christina, que foi desenhada pela designer Aida Boal e tem estrutura em madeira catuaba, com assento e encosto em couro, seguindo conceitos de elegância e conforto. www.casapronta.com.br (81) 3465.0010

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1. Muitas vezes, uma luminária é a protagonista de um ambiente. É o caso da nova coleção dos Lustres Yamamura. Cofeccionados em madeira, possuem formas orgânicas e naturais, conferindo ao ambiente aconchego e sofisticação. www.yamamura.com.br 2. A Allumé aposta na luminária Coral, feita pelo designer David Trubridge, que inclui neste trabalho o uso de madeiras provenientes de áreas de manejo sustentável e de materiais facilmente renováveis, como o compensado de bambu. A peça opta pelo equilíbrio entre tecnologia e artesanato, curvas e vazios. Instagram: @allumeiluminacao (81) 3326.0780

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3. O design aerodinâmico do pendente Fly, assinado pela Iluminar, está entre as novidades na Daluz. O lançamento exclusivo na loja mostra o contraste da linearidade do anel de luz emitido entre as curvas opostas. São traços distintos que convivem em perfeita harmonia, nas cores branco, preto ou dourado, e também nas versões plafon de sobrepor e arandela. O item já foi até premiado pelo Salão Design Movelsul e Abilux. www.daluziluminacao.com.br (81) 3465.9433

4. A luminária Agogô é destaque na nova coleção do Cristiana Bertolucci Estúdio. Nesta temporada, a marca apresenta peças especiais em latão, ferro forjado, cobre e alumínio. Para compor um ambiente contemporâneo e sofisticado, acabamentos em ouro, prata e bronze. www.cristianabertolucci.com.br 5. Com design cru e contemporâneo, a Triângulo tem uma iluminação pontual, além de servir como peça decorativa ao ambiente. É fabricada em madeira e aço pelo estúdio de design catarinense T44 Creative, sendo um dos lançamentos recentes da MUMA, com venda exclusiva pela internet. www.muma.com.br

6. A Light Design + Exporlux apresenta o pendente Line, com linhas retas e minimalistas, sendo indicado para ambientes comerciais e residenciais. É composto por perfil de alumínio e difusor de acrílico leitoso. O produto tem três opções de tamanhos e versões para iluminação direta, indireta e direta/indireta, todas com LED integrado. Disponível nas cores branco, preto, prata e grafite. www.lightdesign.com.br (81) 3327.0845

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Ana Patrícia de Paula (Tita de Paula) Jornalista, designer floral, paisagista e jardineira Dona Jardineira: (81) 3036.6314 / 9.99152.1237 Instagram e Facebook: dona jardineira contato@donajardineira.com.br

A flor desta edição é, diria, cheia de mitos e histórias. Uma delas é sobre um jovem, filho do deus-rio Cephisus e da ninfa Liriope, dotado de incrível beleza, desejado por muitos, e também detestado por sua arrogância e desprezo. Por conta disso, é condenado a se apaixonar por sua imagem refletida nas águas de uma lagoa. Como toda tragédia grega que se preze, não parou por aí. Conta-se que de tão apaixonado e obcecado por seu reflexo, inclinou-se na tentativa de tocá-lo, mas caiu e afogou-se. No mesmo local nasceu uma flor maravilhosa que ganhou seu nome: Narciso. Curiosamente, a flor possui uma leve inclinação para baixo e muitos reforçam a lenda comparando-a a um corpo curvado.

NARCISO

Mas, não é que dá para entender as muitas histórias que giram em torno dele, só de vê-lo de pertinho? Um presente, para não dizer uma lisonja da natureza, ele tem flores que são uma verdadeira lindeza, perfumadas com um aroma, eu diria, até adocicado, que faz a origem do seu nome, do grego Narkê (narkhé), e que significa entorpecer, cair como uma luva. Atualmente, existe uma grande amplitude das espécies dessa vigorosa flor, muito comparada visualmente às orquídeas. Herbácea bulbosa (brota a partir de um bulbo, a exemplo de outras plantas como os lírios, as tulipas, o amaryllis e as dálias), é mais comum nas cores branca e amarela (embora em alguns casos apresenta-se cor-de-rosa e em misturas alaranjadas e creme). Dependendo do grupo, são originárias da Europa, do oriente e da África. Os narcisos (da família das Amaryllidaceae) crescem entre 10 a 50 cm, dependendo da espécie. Apesar de ser bem comum os com

uma única flor, existem os com inflorescências delas. Não precisam de cuidados muito especiais, tanto que é conhecida por muitos como uma planta “espontânea”. Os bulbos, plantados geralmente no outono, em solos ricos e com boa drenagem, multiplicam-se com facilidade e se desenvolvem melhor com exposição solar ou sombra parcial, mas necessitam de condições de clima ameno, sendo mais comum sua cultura nas regiões serranas no sul do país. Florescem no final do inverno e início da primavera (inclusive, milhares deles devem estar brotando neste momento, junto com nossa edição #99, oba!). Supervalorizado, são cultivados para fabricação de perfumes na França e para exportação das flores e das essências na Holanda, por exemplo. A gente sabe que foi a figura de Narciso que Caetano Veloso musicou em Sampa, no verso “é que Narciso acha feio o que não é espelho”. Mas, se tratando de uma flor tão linda e encantadora, a referência bem que poderia ter sido pra ela. Tem como discordar?

A flor possui uma leve inclinação para baixo e muitos reforçam a lenda comparando-a a um corpo curvado

CURIOSIDADES

ULKAN / DEPOSITPHOTOS.COM

• Outra versão do conto grego diz que Narciso passeava nos bosques e, perto dali, a ninfa Eco, apaixonada por ele e punida a só repetir os últimos sons que ouvisse, por ser tagarela demais, acompanhava-o, admirando sua beleza, mas sem deixar que a notasse. Narciso desconfiou e tentou saber quem estava lá. Como só ouvia o final das frases, ficou angustiado por desejar amar algo que não poderia ver. Entristeceu-se e foi à beira de um lago, onde deparou-se com sua imagem nos reflexos da água, apaixonando-se por aquele reflexo. Por isso, tentou tocá-lo e acabou morrendo afogado. Sentindo-se culpada, Eco transformou-se em um rochedo, que emitia os últimos sons que ouvia. Do fundo da lagoa, surgiu a flor que recebeu o nome de Narciso. • Os gregos chamavam de narciso as plantas que tinham propriedades narcóticas; os árabes usavam o óleo para tratar calvície; e os franceses, para tratar epilepsia e histeria. Hoje é utilizado em perfumes e na aromaterapia. • O Vale dos Narcisos, localizado na cidade de Khust, no oeste da Ucrânia, é considerado o único lugar onde se encontram matas naturais de narcisos.

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JARDINS

Marcelo Kozmhinsky é engenheiro agrônomo, paisagista e educador (81) 9.9146.7721 | 9.9146.4563 www.raiplantas.com

Uma ideia tão simples, um resultado maravilhoso: assim percebemos os jardins da gentileza

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DIVULGAÇÃO

NOVO CONVÍVIO

O jardim pode ser um extenso gramado com palmeiras e vegetação com beleza plástica que possa atrair a fauna local com boa adaptabilidade às condições ambientais do lugar, como vento, sol ou sombra, e que não ofereça riscos com folhagens perfurantes

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Foi no início dos anos 1990 que começaram a se configurar as primeiras empresas de projeto de paisagismo, para atender ao mercado imobiliário. Isso se deu em função de leis urbanísticas dos anos 1970, que determinam a necessidade de espaços livres em forma de recuos de construção, setores de convivência e, por vezes, produção de estoques de áreas permeáveis. O conceito desses lugares com o tempo se transformou em belos jardins como pontos de encontro. Eles surgiram dos projetos de paisagismo caprichados, tornando-se alvo de desejo de um público carente por espaços de área comum e de lazer em condomínios. O setor imobiliário, percebendo essa demanda, passou a usar o trabalho dos paisagistas a ponto de citar o nome desses profissionais no projeto. Esse formato desencadeou mudanças nos padrões de construção, resultantes da concentração da população num espaço limitado.

Na prática, cada novo edifício ou conjunto de torres requer grandes investimentos por parte das empresas e, com isso, a necessidade em oferecer produtos atraentes ao mercado consumidor, exigindo estratégias de vendas. Sonhos de consumo foram alvos de estudos, analisados e executados com muito zelo para ofertar belos jardins com fontes, lagos, piscinas, raias de natação, playgrounds, salas de ginástica, gazebos, salões de festas, quadras poliesportivas, dentre outros itens. Já no século 21, para surpreender e encantar o futuro morador, novos elementos foram criados pelo mercado em parceria com os paisagistas, com objetivo de incrementar as áreas livres dos condomínios verticais. Muitos desses espaços são temáticos, como: praça das flores, espaço gourmet, ambiente de feng shui e uma diversidade de piscinas para todas as idades.

Todo conjunto de elementos visam oferecer lazer e entretenimento, além de beleza e bem-estar. Esse tratamento paisagístico se torna um item fundamental na valorização do imóvel, juntamente com o tratamento das fachadas. As mudanças apontam novas tendências, e elas ocorrem muitas vezes com a percepção de olhos atentos a esse processo e que trazem resultados muito positivos para a nossa cidade. Os muros que contornam condomínios e que instintivamente passam a sensação de segurança dos perigos urbanos, desencadeando a relação de isolamento, estão finalmente sendo substituídos por gradis já há algum tempo, permitindo a admiração e a integração desses jardins apreciáveis pelos transeuntes ou motoristas que circulam por ruas e avenidas. Dentre as mudanças, queremos destacar em especial o verde, que começa a ser desenvolvido nas áreas externas dos condomínios.

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Entre os exemplos, está a proposta de projeto ofertada pela construtora Moura Dubeux. A intenção é tornar a cidade mais humana no sentido de oferecer estruturas para convívio social destinadas à população como um todo. Essa ação se traduz na criação de faixas de espaços públicos na frente de suas obras, alguns, inclusive, com equipamentos e mobiliários que sirvam de apoio à sociedade em geral. Esses setores, em algumas situações, existem por exigência legal ou, simplesmente, por decisão empresarial. Esse modelo de construção tem sido apontado como uma premissa da marca em tornar áreas que seriam destinadas a uso restrito a serem de utilidade comum, como uma espécie de gentileza ao Recife. Tudo isso com a preocupação de retornar à cidade um pouco daquilo que ela pode ter de melhor, sem muita dificuldade ou esforço: áreas verdes de uso coletivo.

Dois jardins já podem ser visualizados nesse modelo: o ITC – International Trade Center, na Av. Antônio de Góes, e o Conventions and Flats, na Rua Maria Carolina. Já o Beach Class, na Jaqueira (Av. Parnamirim), é um empreendimento projetado já prevendo um mobiliário adaptado. Mas quando nos atemos ao verde, é preciso lembrar que, entre tantas espécies a serem utilizadas nesses espaços, fazem-se necessários alguns cuidados, como a toxicidade das plantas sobre os transeuntes, que deverão frequentar esses espaços, assim como animais (cachorros). Devem-se evitar algumas famílias de muita toxicidade, como: Araceae (comigo-ninguém-pode, copo-de-leite, tinhorão), Euphorbiaceae (coroa-de-cristo, avelós, bico-de-papagaio), Apocynaceae (chapéus-de-napoleão, pinhão roxo, Espirradeira), entre tantas outas plantas tóxicas.

O jardim pode ser um extenso gramado com palmeiras e vegetação com beleza plástica que possa atrair a fauna local com boa adaptabilidade às condições ambientais do lugar, como vento, sol ou sombra, e que não ofereça riscos com folhagens perfurantes. Tudo isso de forma harmônica e contemplativa. Seria mesmo ótimo se esse conceito fluísse na cidade como uma solução incorporada ao conceito de construção. A cidade do Recife certamente teria muito a ganhar e a população, mais qualidade de vida. Vamos compartilhar dessa ideia?

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COM A PALAVRA... | THAÍS FROTA

POR UM ESPAÇO ACESSÍVEL

FOTO: LUCAS OLIVEIRA

Meio acadêmico | Quando o estudante tem a oportunidade de ter uma noção mais ampla de acessibilidade na faculdade, ele vai se familiarizando com a questão da diversidade humana e eliminando muitos vícios e hábitos projetuais que se adquirem quando formando. Além disso, esperar se formar para depois aprender deixa tudo muito mais complicado. Nada melhor do que durante o curso de arquitetura o aluno ter uma disciplina específica ou até uma que aborde as técnicas e normas para ir aplicando naturalmente quando formado, e não ser nada forçado. O projeto | Acessibilidade é um conjunto de detalhes e é boa quando ninguém percebe ou sabe que ela existe. Se você tropeça em algum lugar, o projeto já não é bom. Tem que ser um ambiente que acolha todo mundo, seja uma pessoa com algum tipo de deficiência ou não. Também precisa ser o mais natural possível, sem nenhuma barreira física e psicológica. Se for um espaço público ou semi público, o projeto tem que ser pensando para todas as pessoas e seguir a norma que abrange mais. Mas, se é uma residência, temos que fazer algo personalizado: medir as pessoas, ver todas as dificuldades, os caminhos mais percorridos pela casa e adequar da melhor maneira possível. Referências | A sustentabilidade era pra ser incluída em todo projeto, mas se não fossem os órgãos fiscalizadores, não teríamos muita coisa. Tudo que temos não foi porque o arquiteto quis fazer ou por achar que é algo importante, mas sim porque tem uma lei federal que o obriga, e, se não for cumprida, haverá punição. Mas vemos algumas coisas nos prédios do Sesc (Serviço Social do Comércio), na Pinacoteca, em São Paulo, e em alguns grandes empresariais e shoppings. Posso dizer que 60% dos projetos têm acessibilidade, mas nada que possa ser considerado como exemplo, têm apenas o mínimo. Faltam alguns detalhes, como sinalizações e instruções de localização. Em um shopping, por exemplo, seria interessante ter um manual em braille para um deficiente visual, ou até um aplicativo que diga em que local ele está e quais as rotas que deve seguir para ir do ponto “x” ao ponto “y”. Criação | Quando chego a algum espaço, já imagino como fazer daquele lugar um local acessível. Tenho três princípios em mente na hora de pensar em um projeto: segurança, conforto e autonomia. É disto que a gente precisa quando vai projetar ou adaptar: oferecer segurança para a pessoa se arriscar, sem precisar cair e se machucar, conforto para caminhar e não se deparar com um muro que vai lhe arranhar ou uma planta com espinhos, ou até de ficar em sol de 40°, por falta de guarda-sol. Autonomia para não precisar de ajuda de terceiros.

Quando chego em algum espaço, já imagino como fazer daquele lugar um local acessível Especializada em acessibilidade desde 2005, a arquiteta Thaís Frota já realizou cerca de cinco mil vistorias técnicas e laudos ligados ao assunto. Sócia da empresa Arquitetura Acessível, de São Paulo, ela também se dedica desde 2011 ao blog Arquitetura Acessível, veículo que aborda maneiras de projetar um ambiente que priorize a condição humana minimizando as diferenças existentes. Em entrevista à Revista SIM! ela revela a necessidade da imersão dos estudantes de arquitetura no tema ainda na faculdade. 32

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Trajetória | Me especializei nesse tema na época da escolha do meu TCC para a faculdade. Queria fazer algo útil, que não fosse só pra passar e guardar na gaveta. Era 2005 e eu não conhecia a norma da acessibilidade e nem nada do assunto, e tinha decidido fazer um parque para deficiente visual. Comecei andando pelos parques da minha cidade, me fazendo de cega para identificar as principais dificuldades, e passei a descrever de forma lúdica todo o meu trabalho. A pior dificuldade que eu encontrei foi de localização, ter um ponto de referência das coisas. Onde é a saída? Onde é a entrada? Onde ficam os banheiros? Coisas básicas. Tive muita resistência entre os professores, que não me apoiavam. Mas me apaixonei e até hoje trabalho com isso e é muito gratificante. Desafios | Primeiro a questão cultural. Não tivemos um histórico de sofrimento com a guerra, que resultou em um grande contingente de pessoas mutiladas e que foi preciso adaptar o país, implantando a acessibilidade. Aqui, os portadores de necessidades são tratados com nomes pejorativos e isso é retratado nos projetos. Tem ainda a questão acadêmica, em que não existe uma disciplina específica sobre acessibilidade. Sem falar nos profissionais que acham que vai acabar com a beleza do projeto ou do parque arquitetônico do lugar, porque ocupará muito espaço. É uma preocupação com a estética que tem que ser excluída ainda na faculdade. Com muita boa vontade tudo tem solução. A única dificuldade é quando é um prédio tombado e antigo que tenha uma escada monumental, porque aí o profissional vai precisar intervir. Outra coisa que tem que ser discutida é o pensar nas pessoas e não nos prédios. Acho que o principal problema é a gestão. Quando você chega para conversar com os gestores, para propor acessibilidade nos projetos, eles se negam de início e aí precisamos fazer um trabalho de conscientização. Thaís Frota | arquiteta.thais@gmail.com A arquiteta veio a convite do Congresso de Arquitetura, realizado pela Universidade Maurício de Nassau, onde gentilmente recebeu a SIM!.

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PERFIL | REAL PERSIANA E CORTINA — GUSTAVO E ISABEL NASCIMENTO

A CHAVE DO SUCESSO Empresa de decoração cresce no segmento valorizando seus talentos FOTOS: VICTOR MUZZI | DIVULGAÇÃO

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A história da Indústria Real Persiana e Cortina tem início quando o seu fundador, Gustavo Nascimento, saiu de sua casa no Rio de Janeiro para montar o próprio negócio. Em um galpão de 300 m2, três funcionários e um fax alugado davam “start” a uma das empresas mais importantes do setor. O segredo do sucesso? Ser um grupo que dá oportunidade. “Costumo dizer que fazemos um trabalho inverso. No lugar de pegar pessoal com expertise no assunto, optamos por capacitar aqueles em que identificamos disposição e talento e, assim, construímos uma relação diferente do colaborador com a montagem de uma persiana. A gente planta uma semente e vê crescer, bem diferente de apenas podar uma árvore. Quanto mais oportunidade dermos, mais ciclos de sucesso são abertos”, revela Gustavo. Pautada na filosofia de que é preciso zelar pela união e, principalmente, acreditar no trabalho bem feito, a Real Persiana chega aos 16 anos atuando no Nordeste e, pontualmente, em algumas regiões do Norte. “Estamos felizes com nossa abrangência e durante muito tempo ela será nossa prioridade, pois primamos por qualidade, serviço, garantia e assistência técnica”, conta Isabel Nascimento, esposa de Gustavo e diretora comercial.

GUSTAVO E ISABEL NASCIMENTO

Estamos felizes com nossa abrangência e, durante muito tempo, ela será nossa prioridade, pois primamos por qualidade, serviço, garantia e assistência técnica Isabel www.persianasreal.com.br

A indústria trabalha com duas marcas específicas: a Real, voltada para os mais diversos públicos, elaborada com materiais nacionais de alta qualidade, e a Premium, que tem como alvo o mercado de luxo e 90% da matéria-prima importada. “Nosso produto é igual ao da concorrência, pois os fornecedores são os mesmos. Nosso diferencial e nossa vantagem sobre eles é que temos um prazo de entrega pequeno, no máximo dez dias, e assistência técnica imediata. Infelizmente, a mentalidade do consumidor final é ‘o que vem de longe é melhor’, mas a globalização e a qualidade dos nossos serviços estão aí para mudar isso”, afirma Isabel. Atualmente, a Real gera 70 empregos e tem uma estrutura de 2.400 m2 de área construída com maquinário e tecnologia de ponta. “Sabemos que esse número de colaboradores vai além, uma vez que temos relação de fidelização com nossos fornecedores e, de certa forma, é uma maneira de fazer parte do quadro de funcionários deles. É preciso união e respeito para o sucesso”, finaliza Gustavo.

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SIGA-ME!

FOTOS: REPRODUÇÃO

Para quem navega pelo Instagram, separamos uma lista de seis perfis que exalam a arquitetura em diferentes lugares do mundo. É acompanhar e se inspirar.

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1. No @oscarniemeyerworks o usuário pode conhecer, de maneira universal, o trabalho e a história de Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos de todos os tempos. Nas postagens, uma breve explicação da concepção, do conceito e da execução de cada projeto. 2. O @promenadearchitecture é uma viagem pelo mundo através da arquitetura moderna. O perfil apresenta uma seleção especial, mostrando edificações incríveis pelos quatro continentes.

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3. Para quem quer saber de tudo sobre a criação de grandes projetos, o @archdaily é o local ideal — uma plataforma de notícias que leva para seus seguidores informações sobre o que acontece na arquitetura ao redor do mundo.

5. Das medidas de um grande prédio de concreto é possível admirar a imensidão do céu. Apostando nessa ideia, o perfil @modernist_heaven divulga fotos de edifícios onde o plano de fundo traz as várias fases do céu remetendo ao conceito da utopia modernista.

4. Sobre as lentes do @heliohara podemos acompanhar sua percepção sobre as mais diferentes construções. Do antigo ao moderno, fachadas e áreas internas desses prédios se misturam com as luzes e a natureza local.

6. O Instituto Britânico de Arquitetura (@riba) é um mergulho em todas as vertentes arquitetônicas. O usuário pode acompanhar as ações da instituição, que tem como objetivo ser a principal autoridade internacional sobre esse universo.

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VAMOS LER! De olho nas tendências construtivas, separamos alguns livros que podem auxiliar na estruturação de grandes projetos:

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A arquitetura dos índios da Amazônia Johan Van Lengen Editora B4 Na obra, o holandês Johan Van Lengen — conhecido pelo famoso livro “Manual do Arquiteto Descalço” — explora a sustentabilidade na arquitetura com base nos materiais e nas técnicas implementadas nas construções indígenas. Apresenta, ainda, profundas questões acerca da devastação mundial e traça um panorama de como o homem pode usar a sabedoria ancestral no seu cotidiano e na vida moderna sem provocar impactos na natureza e desfrutar a vida com mais respeito ao meio ambiente.

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Da Casa Passiva à Norma Passivhaus: A Arquitetura Passiva em Climas Quentes Micheel Wassouf Editora Gustavo Gilli Apresenta o conceito de arquitetura passiva, explicando o Passivhaus (norma de origem alemã de otimização energética para a construção de moradias). De forma direta, o autor traz conceitos básicos dessa normalização da construção, as tecnologias atuais com as quais trabalha e as pautas fundamentais para a aplicação da norma em países de clima temperado ou quente. Desde 1990, o protocolo Passivhaus vem sendo aplicado com sucesso em edificações do mundo inteiro, da fria cidade de Oslo à tropical Xangai.

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Manual de Arquitetura Bioclimática tropical para a redução de consumo energético Oscar Corbella e Viviane Corner Editora Revan A importância fundamental da arquitetura bioclimática e seu conceito básico: o de levar em consideração o clima onde será erguida uma edificação. O livro tem como objetivo guiar o projetista a conceber algo pautado no conforto e com um baixo consumo energético. Traz uma abordagem teórica, assim como organiza a estrutura do pensamento do projetista para aplicação ao projeto. Acompanha um CD com informações complementares.

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Projeto Integrado e Construções Sustentáveis Jerry Yudelson Editora Bookman Escrito pelo renomado autor da área Jerry Yudelson, o título traz um passo a passo no processo de planejamento, projeto, construção e operação de edificações sustentáveis de alto desempenho, utilizando métodos comprovados de projetos integrados. Com perfis detalhados de projetos, entrevistas, listas de conferência, tabelas e planilhas, oferece um panorama da construção sustentável para todos os profissionais envolvidos no processo.

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Patologia das Anomalias em Alvenarias e Revestimentos Argamassados Cristiana Furlan Caporrino Editora Pini A engenheira Cristiana Furlan, Mestre em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo, introduz os tipos de alvenarias, suas composições e principais anomalias que comprometem grande parte das construções, provocando, inclusive, falhas estruturais.

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Minha casa sustentável – Um guia para construção residencial responsável Venâncio Heliomar Editora Independente Um eficiente guia para construção responsansável que seja amiga da natureza e que traga a consciência sustentável para seus moradores. O livro é ricamente ilustrado, possui uma narrativa não acadêmica, o que o torna cada vez mais acessível a fim de que os leitores possam conhecer um “caminho verde” para uma construção sustentável e que agrida menos o meio ambiente.

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VAMOS LER! | MARIANNE PERETTI

O TALENTO E A OUSADIA DA CRIAÇÃO Marianne Peretti ganha reconhecimento com publicação de livro FOTOS: LUCAS OLIVEIRA VICTOR MUZZI

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Com uma visão sensível de mundo, com o uso da emoção entre traços e curvas orgânicas e a busca perfeita da luz, Marianne Peretti celebra com sua arte uma verdadeira ode de amor à vida. Tanto sentimento e talento estava esquecido e agora a artista plástica ganha reconhecimento com a publicação do livro Marianne Peretti — A ousadia da invenção, obra que constrói a sua trajetória como parte da memória artística e toda sua contribuição à arte moderna. Aos 87 anos, esta é a primeira vez que a artista é homenageada com uma publicação, cuja produção foi inteiramente dedicada ao seu trabalho. “Ela é uma francesa, brasileira, pernambucana moderna. Uma artista de múltiplos talentos, intensa, complexa, coerente com o seu tempo”, afirma a produtora do livro Tactiana Braga, revelando que Marianne, nascida na França, criou um estilo próprio, designado como vitral dos trópicos. “Ela é a responsável pela fusão dos traços culturais da França e do Brasil e esta se tornou sua assinatura definitiva na arte universal”, diz. Com trabalhos desenvolvidos em diversos suportes, é perfeccionista e, muitas vezes, crítica com sua própria produção. “A arte é minha vida. Quando vejo meu trabalho pronto, enxergo com um outro olhar. Às vezes encontro defeito e vejo que poderia ter sido diferente, mas em outras — a maioria — vejo que saiu da maneira que eu planejei”. Única mulher a compor a equipe de Niemeyer na construção de Brasília, tem na execução dos vitrais da catedral uma de suas maiores ousadias. “Fisicamente foi terrível, eu estava esgotada, pois reproduzi a ideia em tamanho natural (em papel vegetal e num estádio) para que fosse feito. Chegava no hotel, nem comia, caía no sofá e só acordava no dia seguinte para mais uma jornada”, relembra Marianne.

Ela é uma francesa, brasileira, pernambucana moderna. Uma artista de múltiplos talentos, intensa, complexa, coerente com o seu tempo Tactiana Braga

Para a elaboração do livro, houve um cuidado na edição do formato no intuito de oferecer ao leitor a escala monumental das obras da artista, folhas duplas com textos em português e francês e direção de arte assinada por Fábio Eymael, tudo isso em 350 páginas ricamente ilustradas. Para o conteúdo textual do livro, os produtores convidaram Jacob Klintowitz, Joaquim Falcão, Véronique David, Sônia Marques e Yves Lo-Pinto Serra. Para Marianne foi reservado o protagonismo de guiar a obra por meio de seus relatos. “O que permite o estabelecimento de um diálogo único entre a artista e o leitor. Alguns depoimentos dela, inclusive, tornam público como a arte e a arquitetura se alimentaram e influenciaram a construção da Capital Federal”, explica Tactiana.

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Com fotografias assinadas por Breno Laprovitera, Jarbas Júnior, Kadu Niemeyer (neto de Oscar Niemeyer), Saulo Cruz, Robson Lemos e participação especial de Michel Moch, o livro reúne um conjunto de imagens que buscam ângulos nunca vistos, para melhor revelar a força criativa da artista. Não se restringe a isso, porém: entre as histórias, a obra ainda revela o processo de decisão e criação dos vitrais da Catedral de Brasília, documentos inéditos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa e uma cronologia que se refere desde a infância da artista, em Paris, a várias outras passagens importantes. “Foram cinco anos de pesquisas e execução. E todas as vezes que pensávamos que tínhamos concluído o projeto, inesperadamente Marianne nos permitia abrir uma caixa ou gaveta nova, momentos que sempre nos reservavam grandes surpresas e informações preciosas. Então, tínhamos de rever e incorporar os dados novos ao projeto, porque era simplesmente impossível ignorá-los. Entre os achados, o texto de André Salmon para a primeira exposição individual de Marianne, em 1952, na Place Vendôme, Paris”, diz Tactiana, revelando que a artista tem também muitas histórias emocionantes. “Fomos às lágrimas ao ouvir o relato da sua fuga de Paris, durante a ocupação nazista, em plena Segunda Guerra Mundial, ainda criança, com a mãe”.

Os vitrais da Catedral — sozinhos — mereciam este livro — tão belos e importantes são como uma obra de arte Oscar Niemeyer (Em artigo escrito no ano de 1991)

FICHA TÉCNICA Direção de arte: Fábio Eymael Textos: Jacob Klintowitz, Joaquim Falcão, Véronique David, Sônia Marques e Yves Lo-Pinto Serra Fotos: Breno Laprovitera, Jarbas Júnior, Kadu Niemeyer, Saulo Cruz, Robson Lemos e participação especial de Michel Moch Restauração de imagens: Super Imagem Pesquisa: Camerino Neto, Laurindo Pontes e Tactiana Braga Coordenação do projeto na França: Yves Lo-Pinto Serra Idealização e coordenação geral: Tactiana Braga

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CONSTRUÇÃO

SOB BASES SUSTENTÁVEIS Profissionais apontam a construção a seco como técnica do futuro

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FOTO: VICTOR MUZZI | DIVULGAÇÃO

A busca por tecnologia e inovação vem se tornando um dos pontos primordiais para o desenvolvimento de todos os setores que movimentam a economia mundial. A construção civil brasileira não tem ficado fora da corrida. Nos últimos anos, empresas do segmento, muitas delas instaladas no Sudeste do país, buscaram sistemas construtivos mais eficientes e investiram em uma técnica americana de edificação que, além de outros benefícios, gera rapidez na obra e redução de desperdícios: a Light Steel Framing (LSF), ou Construção a Seco. Composto por estruturas de perfis de aço galvanizado formados a frio, o sistema in-

dustrializado dispensa tijolo e cimento, utilizando o concreto apenas nas fundações. Versátil, pode ser implantado tanto em construções de grande porte — como shoppings e empresariais — quanto em residências, como nos habitacionais populares, que apostam na rapidez, produtividade e diminuição nos custos por ser feito em grande escala. “O desperdício de materiais é próximo a zero e temos a vantagem de ter um projeto com qualidade na construção. O sistema já foi aprovado em empreendimentos financiados pela Caixa Econômica Federal”, destaca a gerente executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), Carolina Fonseca.

Incentivando o uso do drywall, a Saint Gobain, multinacional francesa, reúne a tecnologia da construção a seco nos produtos das empresas Brasilit, Isover e Placo, e há cinco anos passou a investir no padrão construtivo industrial aplicando o modelo pela primeira vez em moradias inseridas no Programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal, no Paraná. “Após estudos, compreendemos que o modelo viabilizava, tanto econômica como tecnicamente, as habitações populares, afinal, quando se pensa em produção em série, a indústria consegue manter a qualidade garantindo o menor custo”, explica o diretor de projetos e marketing habitacional da Saint-Gobain no Brasil, Paulo Perez.

O desperdício de materiais é próximo a zero e temos a vantagem de ter um projeto com qualidade na construção Carolina Fonseca Ocupando um terreno de 26 hectares, sendo oito de área verde preservada, a Reserva Camará entra no hall de empreendimentos pernambucanos que fazem uso da LSF. O projeto vai dispor, entre outros itens, de 22 torres residenciais, edifício empresarial, hotel flat, centro de convenções, museu, universidade e um shopping center com 290 lojas. Este último, o primeiro a ser construído, teve o aporte de R$ 225 milhões e, ainda em obras, tem previsão para ser entregue em 2016. Entre os materiais utilizados no mall, o supervisor de montagem em Steel Frame, João Gomes, destaca as paredes de acartonado, uma combinação de papelão e gesso fixados em estruturas de aço. “Elas medem 3 m x 6,30 m e cerca de 15 estruturas dessas são erguidas por dia”, ressalta. De acordo com o gerente de obras do complexo, o engenheiro civil Sérgio Roberto Rodrigues, no canteiro trabalham cerca de 150 funcionários, todos capacitados a partir do Projeto Florescer, uma parceria entre o grupo de construtores e o Senac. 44

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PRATICIDADE De acordo com Carolina Fonseca, da CBCA, no meio acadêmico existe ainda uma abordagem tímida sobre construção em aço, o que gera pouco suporte na formação de mão de obra especializada. “Culturalmente, o brasileiro ainda é ensinado a projetar e construir com sistemas convencionais e a insegurança gerada pelo desconhecimento impede que os profissionais utilizem a construção em aço e o entendimento acaba sendo restrito”, pontua. Além disso, no mercado construtivo nacional há a crença de que o sistema é mais caro, por se tratar de um produto industrializado com impostos e tributos se sobrepondo. No entanto, o diretor de ciência e tecnologia do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Pernambuco (Sinduscon-PE), Serapião Bispo, explica que a comparação deve ser feita a partir do empreendimento como um todo. “Por ser mais rápida, se economiza dinheiro com tempo de serviço. Não há desperdício de materiais e muitos deles são reaproveitados em outros espaços ou reciclados. Destaco ainda a mão de obra que será menor, já que as estruturas vêm prontas para serem montadas.” NO PARANÁ, CERCA DE 40 CASAS DO MINHA CASA, MINHA VIDA FORAM ERGUIDAS COM A TÉCNICA SUSTENTÁVEL

Por ser mais rápida, se economiza dinheiro com tempo de serviço. Não há desperdício de materiais e muitos deles são reaproveitados em outros espaços ou reciclados Serapião Bispo

Para o sócio-diretor da construtora Max Plural, Thiago Monteiro, ter planejamento é a prática que melhor representa a técnica. Com dez anos de experiência, a empresa há quatro anos implantou a construção a seco no primeiro empreendimento executado no Recife: o edifício Deco Home Design, na Zona Sul da capital. Foram 15 meses de planejamento e mais 16 de execução, uma média de 14 funcionários trabalhando no canteiro e um investimento de R$ 11 milhões, em um prédio com quatro pavimentos e 44 flats com tamanhos entre 28 e 84 m². “É uma obra que não depende inteiramente de fatores humanos e, com isso, não corro o risco de ter uma parede mal feita, por exemplo. Também não há desperdícios. Tudo é planejado para ser montado com precisão, outra palavra que soa forte no sistema”, afirma. PROCESSO CONSTRUTIVO: O AÇO NO INÍCIO DAS OBRAS E SEU ACABAMENTO FINAL

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CONSTRUÇÃO

OS MATERIAIS

Parede de Acartonado As chapas possuem os dois versos de cartão preenchidos com gesso aditivado, podendo ter qualquer forma e receber todo tipo de acabamento. São resistentes ao fogo e à umidade e mais baratas do que as convencionais. As instalações elétricas, hidráulicas e telefônicas são executadas na construção das paredes, evitando a reabertura delas.

ADESÃO No Brasil, as empresas que produzem perfis para LSF e Drywall – chapas de gesso aparafusadas em estruturas de aço que substituem as vedações internas convencionais — estão presentes em sua maioria nas regiões Sul e Sudeste, como apontam dados do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) no gráfico abaixo. No Nordeste, especialistas acreditam que a prática ainda não foi totalmente imposta por conta da tradicional construção de alvenaria. “Tudo que é novo assusta. Os construtores locais ainda precisam de um tempo para identificar os benefícios e amadurecer a técnica nas obras”, destaca o diretor de ciência e tecnologia do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Pernambuco (Sinduscon-PE), Serapião Bispo.

Estruturas de Aço Perfis fabricados industrialmente mediante processo de conformação contínua a frio, por sequência de rolos a partir de chapas de aço revestidas com zinco. Nelas são fixadas as placas de gesso, em uma ou mais camadas, gerando uma superfície com condições de receber o acabamento final.

LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS Região Centro-oeste 3%

Região Nordeste

11% Região Sul Telha Shingle Usada como coberta para telhados, é composta por manta asfáltica com grãos minerais e pode também ser aplicada na construção convencional, sendo necessária a estrutura de madeira ou aço. A peça é de fácil instalação, resistente a impactos e não mancha com o tempo.

Lã de Vidro Usada para isolamento térmico e acústico, além de proteger contra incêndios. É feita de massa de fibra de vidro e não absorve umidade ou odores. Entre outras vantagens, está o processo de fabricação, que permite o uso de material 100% reciclado.

61% Região Sudeste

Há seis meses fornecendo materiais do segmento e coordenando a montagem nos canteiros de obras, a Ecogreen Idéias Sustentáveis, representante em Pernambuco dos sistemas Steel Frame e Wood Frame pela Brasilit, optou por oferecer o serviço a partir do aumento da demanda. “Identificamos a técnica e resolvemos nos aperfeiçoar para entender o mercado. Descobrimos que existe público, inclusive no Estado, abrindo os olhos para a construção com aço e a aposta tem trazido boas expectativas para nós”, pontua.

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2 1 1 Madeiramento Convencional Dispensando as ripas, o distanciamento entre os caibros é de 60 cm 2 Painéis de OSB São aplicados na estrutura que já estará pronta esperando os painéis 3 Manta Subcobertura Vem em rolos e é aplicada por sobreposição, acompanhando a marcação existente

FONTE: ECOGREEN IDEIAS SUSTENTÁVEIS

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25%

4 Telha Shingle Composta por grãos minerais e manta asfáltica, também aplicada por sobreposição, garantindo a estanqueidade do sistema 5 Cumeeira ventilada São peças de 1m que têm a função de fazer a ventilação no interior da coberta 6 Acabamento Cumeeira Acabamento dado com próprios recortes que serão feitos no decorrer da montagem e colocados para arremate final

MALETA DA ECOGREEN MOSTRA AS ETAPAS DE UMA PAREDE, QUE USA OS PRINCIPAIS MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO A SECO

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TECNOLOGIA Por tornar a construção a seco ainda mais precisa, muitos investidores implantam recursos tecnológicos que permitem o desenho virtual da edificação, com o uso de ferramentas tridimensionais, como o Building Information Modeling (BIM), que facilitam a produtividade e o fluxo de informação na obra. A ferramenta planeja e organiza todo o ciclo de vida da construção ainda no período de criação do projeto, fator que possibilita um maior controle e exatidão do que é feito no processo. O coordenador do Departamento de Expressão Gráfica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Max Andrade, destaca que a alternativa possibilita identificar o tempo de obra, como serão introduzidas as instalações hidráulicas e elétricas e a quantidade de materiais com todo detalhamento do fabricante e restrições. “O que geralmente era pensado no momento da construção vai ser inserido nas etapas, e, assim, reduzir desperdícios. Além disso, todos os funcionários terão acesso ao planejamento geral”, afirma.

O BIM PERMITE VISÃO GERAL DO PROJETO AUMENTANDO PRODUTIVIDADE E FLUXO DE INFORMAÇÃO

Para o presidente da Construtivo.com, o engenheiro civil Marcus Granadeiro, a inclusão deste recurso nos projetos governamentais brasileiros ainda levará um certo tempo, já que as licitações no país incentivam baixos custos construtivos. “Há pouco mais de três anos, o Exército Nacional vem se destacando e hoje é líder na implantação do modelo, mas ainda não será uma realidade nos projetos do Governo. A implantação da tecnologia é muito produtiva para o país, principalmente em relação ao cumprimento de prazos. Haveria maior produtividade e custo-benefício”, explica.

A implantação da tecnologia é muito produtiva para o país, principalmente em relação ao planejamento e cumprimento de prazos

BENEFÍCIOS DA CONSTRUÇÃO A SECO Produtos padronizados com tecnologia avançada. São elementos construtivos produzidos industrialmente com rigorosos controles de qualidade Permite maior precisão dimensional e melhor desempenho da estrutura, por conta do aço ser resistente, reciclável e incombustível Facilidade de obtenção dos perfis formados a frio, já que são largamente utilizados pela indústria Durabilidade e longevidade da estrutura proporcionada pelo processo de galvanização das chapas de fabricação dos perfis Facilidade de montagem, manuseio e transporte devido à leveza dos elementos

Marcus Granadeiro

CONGRESSO No Nordeste, os passos ainda estão curtos e, para incentivar a implantação e levar a informação aos estudantes e profissionais da área, a UFPE promove o 6º Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção (TIC). Será entre os dias 4 e 6 de novembro, no campus da Universidade. Mais informações sobre o evento no site www.tic2015.com.br.

Construção industrializada, o que diminui o uso de recursos naturais e o desperdício Facilidade nas instalações elétricas e hidráulicas, por conta dos perfis perfurados e a utilização dos painéis de gesso acartonado Melhores níveis de desempenho termoacústico, que podem ser alcançados através da combinação de materiais de fechamento e isolamento Facilidade na execução das ligações Rapidez de construção, uma vez que o canteiro se transforma em local de montagem Flexibilidade no projeto arquitetônico, não limitando a criatividade do arquiteto Fonte: Saint-Gobain

Ecogreen | www.ecogreen.com.br Saint-Gobain | www.saint-gobain.com.br Max Plural | www.maxplural.com.br Reserva Camará | www.reservacamara.com.br 47

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DESIGN

BRINCANDO COM AS PORTAS O Estúdio Nendo, do Japão, criou sete modelos que se diferenciam de tudo o que já foi feito FOTOS: AKIHIRO YOSHIDA

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Você nunca mais entrará ou sairá de casa utilizando apenas uma simples porta. No que depender do Estúdio Nendo, do Japão, as pessoas terão agora opções inovadoras para escolher com qual se identificam. A criação foi para comemorar o 70º aniversário da Abe Kogyo, fabricante de madeiras, portas interiores, divisórias, luminárias e móveis feitos sob medida. As portas são moldadas em madeira compensada e possuem um projeto básico padrão, mas cada uma recebeu uma ideia diferente. “Tive vários insights que foram se alinhando com as diversas técnicas que poderiam ser utilizadas. Além disso, eu trago meu olhar da vida cotidiana, pequenas diferenças escondidas dentro da rotina normal. Elas não são produtos apenas pontuais, abriram novas possibilidades para vários subprodutos, exibindo uma ampla gama de desenvolvimento para o futuro”, explica Megumi Lino, do Estúdio Nendo. A coleção foi apresentada durante o Salão do Móvel de Milão deste ano.

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Conheça as portas: Lamp | A porta lâmpada contém um dispositivo elétrico que gera iluminação através de algumas técnicas de fiação as quais são utilizadas em fechaduras eletrônicas. Baby | “A Abe Kogyo fabrica produtos para creches e pré-escolas, daí a ideia de criar portas para crianças também. Elas podem passar pela estrutura que corresponde ao seu respectivo tamanho”, conta Megumi. Slide | Os espaços pequenos deixam a luz entrar, além de permitir que uma brisa suave circule no ambiente, criando uma maior conectividade entre os quartos. Hang | A parte interna é equipada com 2,5 milímetros de folha ímã, que permite ao usuário anexar vários acessórios, como bandejas, vasos de flores e outros recipientes.

Kumiko | Aqui é utilizada uma técnica de montagem de madeira e treliças interiores sem pregos, usadas com mais frequência na criação de luminárias e portas para salas com tatames tradicionais japoneses. Wall | As prateleiras e os quadros foram feitos aplicando-se o ‘V-cortado’, tecnologia utilizada para acabamento das bordas de portas niveladas. Além disso, os quadros são fáceis de remover e recolocar, e eles foram equipados com um conector que impede que caiam com o movimento de abrir e fechar. Corner | Uma criação que permite ao usuário entrar e sair através de cantos de uma sala. Ela é ampla e se torna mais confortável para os deficientes motores. Estúdio Nendo | www.nendo.jp 49

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ZOOM

ABELARDO DA HORA FOTO: LUCAS OLIVEIRA

Um ano após sua morte, suas obras estrelaram no cenário artístico local como uma releitura de tudo que o ativista cultural produziu. A exposição “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte” Faço a minha arte respondendo a uma necessidade vital. Como quem ama ou sofre, se alegra ou revolta, aprova ou denuncia e verbera. Fruto das coisas que a vida ensina. Reflexo da convivência social e fixação de elementos sedimentados pela cultura da humanidade ou no seu itinerário histórico-social Abelardo da Hora

“O genial de chegar à cidade natal de Abelardo é que Recife é sua fonte de inspiração, onde ele acreditava que poderia ser menos desigual e mais educadora. Por isso, ele trazia em sua obra essa denúncia, retratando a realidade dos subúrbios, das favelas, da dor e dos flagelos”, lembra Abelardo da Hora Filho. A mostra, que aconteceu na Caixa Cultural no Recife, incluiu 110 obras que realçaram a faceta inquieta e generosa do pernambucano, considerado um dos maiores escultores expressionistas do Brasil, que contou ainda com muitas telas e esculturas nunca expostas. “A mostra prova que Abelardo está vivo. Ele que andou por todas as manifestações pelas quais pôde construir sua obra, que é forte e, ao mesmo tempo, carregada de uma delicadeza

indescritível. A exposição reafirmou, acima de tudo, o grande educador que ele foi”, explica o curador Renato Magalhães Gouveia. Dentre as esculturas, desenhos, pinturas e maquetes, destacaram-se os bronzes Menino de Mocambo (1969) e A Fome e o Brado (1947); a série de 22 desenhos de bico de pena (1962) e o poema Meninos do Recife; além da maquete e das fotos da polêmica Torre de Iluminação Cinética, instalada em 1961 na Praça da Torre, no Recife, e destruída pelo Regime Militar em 1964. O evento itinerante já passou pelas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, João Pessoa e Recife, seguindo para Curitiba, Salvador e Fortaleza. Celebrado internacional-

mente a partir dos anos 1960 com as obras de temática social as quais denunciavam a miséria brasileira e a exclusão, o artista poderá ser lembrado na mostra que também visitará países como Portugal e França, em 2016. Além das exposições, as obras e o legado de Abelardo da Hora podem ser vistos no Instituto que leva seu nome, no bairro de Santo Amaro, no Recife/PE, o qual tem como objetivo difundir suas criações e trabalhar com arte-educação para crianças de até 12 anos. “Ele tinha uma responsabilidade muito grande com seu trabalho e não vamos deixar que morra. Para isso, criamos a Casa Museu, que lida com projetos culturais sobre sua obra, além de várias plataformas de educação”, destaca Daniel da Hora, neto do artista.

Instituto Abelardo da Hora Rua do Sossego, 307, Boa Vista - Recife/PE (81) 3221.0773 + www.revistasim.com.br 50

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ZOOM | ALEX FREIRE

OS ARTISTAS DE BONITO FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Das oficinas de xilogravura e pintura montadas por Raul Córdula, surgiram três novos nomes da arte. Eles receberam nossa equipe, no interior de Pernambuco, para mostrar suas obras e histórias

ALEX Aqui temos uma introspecção muito bem desenhada. Alex é dessas figuras que percorrerá muitas estradas

Freire é de poucas palavras, daqueles que deixam a obra ser livremente apreciada. Sem muitos conceitos, faz o trabalho seguir com uma característica sempre à mostra: a precisão no traço! A atenção na hora de pintar vai além do mero cuidado, para também demonstrar sua introspecção. “Os desenhos sacros falam um pouco de mim. Não que eu tenha religião definida, acredito que exista um ser superior, mas porque me sinto atraído pelo tema, esboçando figuras mais sérias, assim como me enxergo em alguns momentos”, adianta.

o processo, quando contam o que sentem diante do meu trabalho”, descreve.

Ele trabalha diferentes suportes, como xilogravura e barro, mantendo a tradição da família de se expressar com arte. “Lidava com esses materiais desde pequeno, mas nunca me considerando um talento ou artista, como dizem hoje. Isso sempre veio de alguém que olhava minhas obras e se encantava na hora. É a parte mais feliz de todo

Mesmo emergido numa introspecção, Alex diz que a arte precisa provocar de alguma forma, mesmo nas coisas mais simples e sutis. “Gosto de incomodar no bom sentido, sem ser muito agressivo. Esse é meu jeito e meu interior, que as pessoas acabam conhecendo um pouco quando levam algo meu para dentro das suas casas”, finaliza.

“No começo, gostava de incrementar uma cor sobre a outra, mas com o passar do tempo, a gente vê que tirar esses excessos é necessário”, explica ele, que já participou da primeira etapa da exposição Fuoridilingua – intercâmbio Brasil/Itália, no Museu do Forte das Cinco Pontas. A segunda parte do projeto com talentos dos dois países acontecerá em breve em Milão, na Itália.

Raul Córdula

Alex Freire alexarts2011@hotmail.com (81) 9.9949.6488 52

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Os desenhos sacros falam um pouco de mim. Não que eu tenha religião definida, acredito mesmo que exista um ser superior, mas porque me sinto atraído pelo tema Alex Freire

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ZOOM | HERON

HERON Quem não conhece o município de Bonito tem a chance de se deleitar com sua paisagem natural pelas telas deste artista plástico. ‘Nascido e criado’ naquela cidade, ele traduz em pinceladas cada cena registrada em cachoeiras, matas e campos de modo a eternizá-las em um quadro que convida à contemplação. “Dessa maneira transmito a mensagem de preservação, torcendo para que o desenvolvimento urbano não passe por cima de tudo isso como um rolo compressor”, descreve.

Sua relação com a arte é bastante intuitiva. Tornou-se restaurador e incorporou parte das técnicas a algo que lhe preenchia de fato. “Depois de um período no Recife voltei pensando em encarar a pintura, mesmo com todos os medos que sentia. Aproveitei alguns conhecimentos, como distinguir os tipos de tecido e saber manusear material solvente, para realizar criações figurativas, até notar que minha história estava mesmo ligada com a cidade e seu verde. A natureza tem um mistério que me cativa”, define. Heron soube aproveitar bem a oficina de pintura coordenada por Raul Córdula. “Ficou a lição de liberdade, desprender-se das amarras e deixar o traço mais livre”, diz. O contato deu tão certo que outros apreciadores foram tomando conhecimento do seu trabalho e conquistando um público sensível à sua expressão. Prova disso é a participação na mostra “Pernambuco: o retrato do Brasil”, no Rio de Janeiro, que segue até outubro, ao lado de grandes nomes da cena pernambucana.

A natureza tem um mistério que me cativa Heron

Heron heronmartins2009@hotmail.com (81) 9.9798.0102

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ZOOM | MARCELO JÚLIO

MARCELO

Sua personalidade inquieta e questionadora é externada para telas, colagens e esculturas que ocupam todas as partes de sua casa e ateliê. Entre as séries apresentadas por ele está “vias nuas”, iniciada no final do ano passado, revelando caminhos que são na verdade uma procura, a busca sem limites pelo autoconhecimento. “Percebo nessa mistura de elementos a minha crise de identidade, mas finalmente paro e penso: não vou fazer algo querendo agradar. É uma provocação em que cada um constrói suas próprias histórias”, conceitua Marcelo Júlio. Desses fragmentos da sua identidade surgem trabalhos de escalas diferentes. As pinturas sobre lonas de caminhão oxidadas poderiam até se transformar em grandes murais graças à sua capacidade de ressignificar. “São formas cruas e viscerais de algo que não consigo demonstrar em palavras. Às vezes se transformam em labirintos e, em outras, em vias circulatórias”, completa. Em seu universo criativo valem diferentes formas, do abstrato até o desenho humano, como saída para o seu olhar sobre a sociedade. “Ao conceituar, enxergo uma grande extensão de gelo de onde estamos sobre uma fina película, muito frágil. Por isso, não tenho apego a nada. Tudo pode mudar de uma hora para outra”, define. Tudo sempre foi muito experimental. E é assim desde que veio morar no interior do Estado aos 11 anos. Hoje, nota-se uma mistura de cores que emolduram suas obras, quase como um efeito tridimensional de onde surgem seres dentro de outros seres. “Ainda não sei onde quero chegar. Aliás, não defino isso, fica quieto, se não deixa de ser arte”. Marcelo Júlio | marcelojulio80@hotmail.com.br | (81) 9.9760.4280

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São formas cruas e viscerais de algo que não consigo demonstrar em palavras. Às vezes se transformam em labirintos e, em outras, em vias circulatórias Marcelo Júlio

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MOSTRA | CASACOR SP BY ANA PAULA CASCÃO

BRASILIDADE NA CASA

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“Eles trouxeram conceitos que irão marcar esta edição com o slogan ‘o menos é melhor’, bastante assimilado nos ambientes, bem como os temas ‘Brasilidade’ e ‘Sustentabilidade’. O sentimento de todos é que a CASA COR voltou em grande estilo, refletindo a beleza de nossa cultura, arte, objetos e cores do Brasil”, diz ela. Ana Paula Cascão www.anapaulacascao.com.br

LULU PINHEIRO

A Revista SIM! entou na 29ª CASA COR São Paulo guiada pela arquiteta Ana Paula Cascão. Ela e sua equipe circularam pelos 70 ambientes e apontaram os trabalhos de maior destaque na Mostra, que, embora este ano se apresente em um formato mais enxuto, não perdeu a elegância e a qualidade dos anos anteriores. A edição 2015 recebeu a curadoria de Pedro Ariel Santana, Cristina Ferraz e Lívia Pedreira, que não deixaram de ter o olhar contemporâneo e sofisticado para o evento. Segundo Ana Paula, “um encanto”.

RAFAEL RENZO

O giro começou pelo espaço assinado por Gilberto Elkis, com um belo paisagismo de 800 m2, intitulado Jardim do Bosque. Sente-se a harmonia nas várias espécies tropicais de plantas com passarelas de madeira reaproveitadas de uma antiga ponte desfeita em Trancoso, no litoral da Bahia, e um lago com ninfeias, como na clássica e bela pintura de Claude Monet.

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FOTOS: RAFAEL RENZO

A Casa do Bosque leva a assinatura do arquiteto baiano David Bastos, com sala, cozinha e quarto integrados, criando um pavilhão de vidros e esquadrias basculantes, que permitem a integração com o bosque ao redor, onde os ambientes possuem iluminação natural. Destaque também para o uso de pedras e para uma sala de banhos super estilosa, como exemplo de sustentabilidade, a partir da escolha de matérias-primas ecologicamente corretas, em que todo o material será reaproveitado após o desmonte para outros fins.

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MOSTRA | CASACOR SP BY ANA PAULA CASCÃO

Já Roberto Migotto, que é a capa do anuário Casa Cor 2015, explora o tema Brasilidade em uma casa de 380 m², incluindo algumas paredes de Pau a Pique, em tons terrosos, obras de arte, além de um belíssimo painel de laca, numa alusão às raízes do mangue. Ele cuidou de misturar móveis modernos com revestimentos naturais e peças de renomados designers que imprimem personalidade.

Uma estante onde os livros ficam deitados toma a parede do mineiro Pedro Lázaro, num ambiente recheado de obras de artes contemporâneas. Batizado de Gabinete de Leitura, mistura o barroco português, a arte contemporânea e o design de qualidade. No ambiente encontra-se uma tradicional cadeira de balanço assinada por Lina Bo Bardi. LUIZ GOMES

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RAFAEL RENZO DIVULGAÇÃO

Um dos ícones da edição deste ano foi o sofá curvo, o qual encontramos em alguns ambientes, a exemplo do local super aconchegante da arquiteta Flávia Gerab, que criou um cenário moveleiro ressaltando o glamour da década de 1950, apresentando móveis de linhas curvas como um sofá de veludo verde, uma mesa de centro Espuma e as poltronas brancas de Sergio Rodrigues.

Sempre marcando presença e ousando nas cores, os tons apresentados por Brunete Fraccaroli em seu ambiente, intitulado Acqua Que Te Quero Água, apresenta uma cor exclusiva feita em parceria com a Silestone. Trata-se de um azul esverdeado, presente nas pias, nos fogões e nas bancadas, antecipando tendências, em que o espaço gourmet é o destaque.

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RAFAEL RENZO

MOSTRA | CASACOR SP BY ANA PAULA CASCÃO

O paisagismo de Marcelo Faisal chama a atenção num jardim simples e sofisticado com plantas do semiárido, que possuem baixa necessidade hídrica, com madeiras de reaproveitamento e um pergolado sombreando o caminho.

Ana Maria Vieira dos Santos inspirou o cenário onde

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RAFAEL RENZO

todos os anos ocorre a Mostra, que é o Jockey Club de São Paulo, num amplo ambiente, expondo troféus, livros, fotos, quadros, projetando um Haras, com uma ala montada para o trato dos cavalos, com direito, inclusive, a espelho d’água para exercício. Um luxo!

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CAPA | MODA & ARQUITETURA

A MODA SAI DE MODA. O ESTILO, JAMAIS (Coco Chanel)

TEXTO: EDI SOUZA E EMANUELE CARVALHO FOTO: LUCAS OLIVEIRA

Apesar de existirem muitas diferenças entre um estilista e um arquiteto, eles têm em comum o fato de trabalharem para atender a necessidades básicas do ser humano, o vestir e o morar, que, aliados à estética, têm por finalidade a relação com a forma. Apesar de a moda ter um caráter muito mais efêmero, existem os clássicos do vestuário que permanecem, assim como na arquitetura, jamais tornando-se obsoletos. A escala e os materias podem até ser distintos, mas como diz um dos representantes da nova geração de estilistas no Brasil, Fause Haten, “o que gera a cumplicidade entre os dois caminhos é o aspecto tridimensional que ambos precisam ter”. Ele, com a experiência de quem lida com desfiles, performances e até criação de cenografias, defende a geometria no corte, o estudo da cor e a noção de volume em sua criação. “Produzir uma roupa é o mesmo que erguer um edifício, com toda sua proporção de linhas, acabamentos e, claro, estética. É saber construir um bojo e, ao final de tudo, querer descontruí-lo”, ressalta.

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Quando uma forma cria beleza, tem na beleza sua própria justificativa Oscar Niemeyer

O fato é que as duas artes servem de influência uma para a outra há muito tempo. No século passado, a Art Nouveau influenciou os chamados modernistas, por meio de sua corrente artística que existiu entre os anos de 1880 e 1914. O movimento surgiu inspirado nos elementos da natureza, recaindo sobre a arquitetura o surgimento de curvas tão presentes, formando traços mais dinâmicos e descontraídos. Na sequência, surgiu a Art Déco por volta de 1920, influenciando ainda mais o design de interiores. Mas essa ligação da arte com os costumes de uma época acontece até hoje. Assim enxerga a estilista mineira Sônia Pinto, conhecida pela seleção criteriosa de suas coleções, baseadas na mulher corajosa e sem medo de ousar. “Posso dizer que minha referência são os japoneses e sua capacidade de fazer algo único na hora de inventar um estilo. É dessa maneira que consigo peças atemporais, as vezes com cortes retangulares e outras com trapézios. Trata-se de um formato que complementa o corpo e se relaciona com o seu modo de ser”, defende.

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EVERETT225 / DEPOSITPHOTOS.COM

1920

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DOMÍNIO PÚBLICO

1930

Verticalização das cidades, com estrutura de concreto armado ou aço e amplos panos de vidro. No mobiliário, os irmãos Henrique e Antonio Liberal fundaram a primeira empresa especializada no ramo. No mundo fashion, houve o redescobrimento das formas do corpo da mulher, usando requinte sem ousadias. Um acessório que se tornou moda foram os óculos escuros.

O Modernismo brasileiro é marcado pela busca da afirmação da identidade nacional. Oscar Niemeyer, com jogos de curvas, contrastes e tendências ao gigantismo. Na moda, linhas simples, silhueta andrógina e desprezo por adornos supérfluos. Coco Chanel trazia a elegância em cortes retos.

1940

O prédio do MEC (RJ) e o conjunto da Pampulha (MG) são marcos do modernismo nessa época. No mobiliário, Joaquim Tenreiro criou seu primeiro móvel, utilizando madeira. Christian Dior, em sua primeira coleção, surpreendeu com saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos.

DEREK JENSEN (CC BY 2.0)

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AÇÃO

Muitos acreditam que até as silhuetas vistas nas criações dos estilistas são semelhantes às obras construidas pelos arquitetos. “É um comportamento em que ambos se relacionam. Sendo assim, veremos muitas comparações também com artes em geral”, diz Raquel Santos, que lida com esses dois universos através dos croquis elaborados para a sua loja 3 Meninas, no Recife, e a curadoria no projeto Casa Viva. Neste último, ela reuniu itens de decoração com vestuário, numa espécie de ambiente colaborativo.

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CAPA | MODA & ARQUITETURA E se expressão é palavra de ordem, quem não se lembra da “Costura do invisível”, apresentada por Jum Nakao, em 2004? A roupa de papel vegetal, inspirada nos vestidos do século 19, revolucionou o meio artístico por conta de sua solução estrutural. “As pessoas, hoje, pensam muito no ‘do que é feito’ e ‘qual é a marca’, mas esquecem que o principal é ‘como é feito’ e ‘por que é feito’. Em cima destas reflexões foi construído esse desfile. Não era algo específico com relação à área de moda, surgiu de uma inquietação com a produção na área de design, arquitetura e música”, explica Nakao. Naquele ano, ao fim da apresentação, todas as roupas foram rasgadas e deixaram de existir. Ainda assim, ficou a mensagem do conteúdo relacionado à estética. “Enxergo moda e arquitetura como extensões do corpo, como uma bolsa e seu celular, a casa e seus revestimentos e acabamentos, o espaço e seus objetos. Roupas, cidades e casas se tornam uma continuação de quem as habita. Qualquer forma de design pode e deve ser pensada além da matéria”, arremata.

As pessoas, hoje, pensam muito no ‘do que é feito’ e ‘qual é a marca’, mas esquecem que o principal é ‘como é feito’ e ‘por que é feito’ Jum Nakao

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1950

A tendência brutalista – o concreto armado aparente – explode no Brasil. Com o fim da Guerra e do racionamento de tecidos, a mulher se tornou feminina e glamourosa, de acordo com a moda lançada pelo “New Look”, de Dior, em 1947. Ao som do rock, a juventude norte-americana buscava seu estilo. Assim, apareceu o perfil colegial, que teve origem no sportswear.

1970

Apresenta a produção de 20 anos de uma arquitetura que, embora marcada pelos êxitos alcançados pelo modernismo, revela as inquietações daquelas décadas tão complexas. É também a década influenciada pela moda confortável dos hippies, com uso de franjas e peças largas, saltos plataforma e calça pantalona.

1960

A socióloga e ativista política Jane Jacobs e o arquiteto e matemático Christopher Alexander questionaram a escala monumental e a impessoalidade das contruções. Na moda, a vedete foi a minissaia. Yves Saint Laurent criou vestidos tubinho e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso e ditava moda.

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FOTOS: REPRODUÇÃO

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A GRIFE DENTRO DA SALA DIVULGAÇÃO

Imagine morar com um enxoval by Dior, Diesel ou Louis Vuitton. Marcas como essas, além de Zara, Le Lis Blanc e Armani expandiram sua atuação para o universo home e descortinaram um mercado lucrativo. A premissa continua sendo a de qualidade absoluta já conhecida nos desfiles, algo que a italiana Fendi procurou fazer sem erros ao ser a primeira loja do setor a se arriscar em um terreno que hoje é tendência. Para compreender um pouco mais, a empresa buscou ajuda do designer italiano Alberto Vignatelli, por conta do trabalho desenvolvido pela sua companhia Luxury Living Group, razão para a Fendi Casa ter diversas linhas de atuação, de olho no estilo tradicional da marca. E isso é o mais importante na hora da transição, segundo a arquiteta Érika Giacomelli, especialista em design de luxo.

ELLYA / DEPOSITPHOTOS.COM

1980

“A criação de uma linha home pressupõe abranger diversas facetas da área de vida do cliente. O que antes era só vestuário e acessórios acaba se tornando o design de interiores completo, por isso, o público-alvo principal são pessoas com necessidade de exclusividade”, afirma. Para ela, cada linha assinada pela empresa tem como base uma marca fashion diferente, por isso é preciso definir bem quais elementos fazem mais sentido para o conceito. “Por exemplo, para Roberto Cavalli, uma marca que é jovem e sensual, com diversas estampas, faz sentido ter uma linha de área externa, outra de tecidos com estampas vibrantes para o estofamento de móveis, e ainda ter uma linha de mobiliário com mais recheio, que remeta à sensualidade. Já para a Bottega Veneta, que é mais minima-

Ainda de acordo com a especialista, muitas marcas brasileiras fizeram a expansão para o design de interiores, mas principalmente selecionando objetos e adornos já existentes no mercado para a complementação de seu lifestyle. “No Brasil ainda não temos caso de uma marca de moda que realmente aplicou esse conhecimento e abriu caminho em outra frente, a do décor décor”,, conclui.

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Surge uma arquitetura progressiva, como rigor das formas, com o início da busca pela tecnologia. Predominam as fachadas de paredes sobre aberturas, para conservar energia. Foi lançado o jeans colorido e as blusas segunda pele, que colocaram a lingerie à mostra. As mulheres aderiram às saias longas, pantalonas, estampas e bichos, sapatos com bico quadrado e blazers com modelagens mais acinturadas.

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FINESHINE / DEPOSITPHOTOS.COM

Formas geométricas puras e despojadas, predominância do branco e exploração de balcões e marquises em balanço. Na moda, a calça jeans é mais justa e com a cintura baixa. O mundo contemporâneo se divide entre dois tipos: o dos que seguem as tendências e o dos que têm estilo e atitude.

Considerada como a década dos decoradores, surge a onda minimalista, que usa poucos móveis no ambiente, sendo a maioria de madeira. É a época das extravagâncias, nas roupas e nos cabelos. Com os avanços tecnológicos, a moda se baseou no moderno e no eletrônico. Giorgio Armani, com seus cortes sóbrios, garantiu a elegância de homens e mulheres. ANDRÉ DEAK

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lista nos materiais e em suas propriedades, elementos mais simples como bancos de couro trançados, cadeiras leves e portáteis e luminárias simples e elegantes constituem o portfólio de produtos”, explica.

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CAPA | QUEM FAZ PROJETOS PARA A MODA

O EVIDÊNCIA FORMAS EM

Projetar para uma grife de roupas, requer cuidado com a orientação visual, com a circulação no espaço e uma relação com a identidade da marca, capaz de atrair o público. Soluções simples e sofisticadas, que aliam beleza e praticidade, oferecendo conforto e tecnologia, serão apresentadas nas próximas páginas, com projetos desenvolvidos por escritórios de arquitetura de Recife/PE e São Paulo/SP.

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Buscamos uma linguagem visual homogênea, para que as pessoas se familiarizem com o conceito Leandro Matsuda

PRATICIDADE FOTOS: DIVULGAÇÃO

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A grife de moda pernambucana Cidiz, criada por Arthur Galvão, Jordão Morais e Tiago Hurtado, está presente em vários estados do Brasil, com 62 lojas, das quais 20 estão no Rio de Janeiro, oito em São Paulo e nove em Pernambuco. O conceito arquitetônico da marca foi criado por Leandro Matsuda, responsável também pelo projeto-piloto da loja de Campinas/SP, que se tornou referência para todas as outras unidades. “Buscamos uma linguagem visual homogênea, para que as pessoas se familiarizem com o conceito”, afirma o arquiteto. A escolha da cor cinza, predominante em paredes e teto, assim como o piso laminado, foi feita na intenção de ‘apagá-los’ no contexto da loja. “A ideia é dar destaque às roupas, o que conseguimos também com ajuda da iluminação, que conta com uma sanca de gesso central e spots, os quais proporcionam uma luz concentrada, e com a homogeneização do ambiente”, destaca Matsuda. Os expositores contaram com araras de metal na cor preta e prateleiras de aço de escritório na mesma cor, a fim de dispor as camisetas em cabideiro. Matsuda ainda escolheu cadeiras Metric e Charles Eames, da Tok Stok, e módulos de divisória naval para os provadores. A fachada também foi pintada na cor preta, com a logo da grife em letra caixa de metal dourado. “O ponto principal para a escolha do projeto foi a forma inteligente de criar um ambiente acolhedor e sofisticado, utilizando materiais de baixo custo, como as estantes de metal pintadas de preto. A iluminação também chama a atenção, dá destaque aos produtos e à logomarca da empresa, transformando-a no ponto central da loja. “Sabíamos que o fácil acesso aos materiais utilizados e o baixo custo ajudariam a criar uma identidade visual que seria simples de replicar em outros espaços Cidiz”, conclui Arthur Galvão. “Acreditamos que o difícil é o simples, chegar a soluções que possam ser facilmente executadas e com baixo orçamento. O mais bonito não necessariamente precisa ser o mais caro. O grande desafio é fazer uma obra linda, com soluções em que normalmente esbarramos no dia a dia, mas não damos a devida atenção”, conclui Leandro Matsuda.

Leandro Matsuda Arquitetura leandromatsuda@me.com (19) 9.9990.7711 75

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CAPA | QUEM FAZ PROJETOS PARA A MODA

INTEGRAÇÃO

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

A marca de moda feminina Canal Concept vive um período de expansão, com isso, passa por um momento de reestruturação de suas lojas conceito. A grife resolveu repaginar a unidade presente há 12 anos na Rua Oscar Freire, um dos endereços mais importantes para o mercado da moda em São Paulo, com mais de 180 m², para potencializar a integração da rua com o interior, assim como na que está localizada no bairro de Moema, na cidade de São Paulo/SP, com 182 m². O projeto foi idealizado pela Canal e desenvolvido em parceria com o escritório de arquitetura Bel Lobo e Bob Neri, que investiu em ideias inusitadas para essa nova fase, fugindo do padrão das outras lojas da rede. A nova instalação foi forrada por uma “pele” metálica com perfurações que envolvem toda a estrutura das construções, mantendo as aberturas para aproveitar a entrada da luz natural. Foi necessário criar aberturas e rasgos na tela, de modo que ocultasse o interior da loja, provocando a curiosidade das pessoas que passarem pelo endereço. “Procuramos desenvolver uma loja que fugisse do padrão das lojas de rua. Transformamos a Canal em uma grande caixa iluminada, trazendo originalidade”, explica o empresário Luiz Vaiano, fundador da marca. O projeto luminotécnico da fachada foi produzido junto ao estúdio Serradura, buscando em todo momento tirar proveito da transparência da camada perfurada, valorizando a arquitetura já existente no lugar. Na loja de Moema, o projeto também explorou a vegetação natural do ambiente e alguns espaços foram recuperados com um novo tratamento paisagístico. “Através da transparência da tela e da vegetação natural fizemos uma integração que intensificará a visibilidade do interior e o exterior da casa”, conta a arquiteta Carla Dutra. O antigo hall de entrada, com elementos marcantes, foi transformado em uma grande vitrine com jardim e a área dos fundos foi descoberta para abrigar o pátio interno da loja, onde existe uma ligação direta com os provadores, e também um charmoso café para as clientes. Todo o mobiliário foi inspirado no estilo vintage, como as poltronas estampadas, garimpadas em lojas e antiquários que remetem à feminilidade e personalidade da marca.

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Através da transparência da tela e da vegetação natural fizemos uma integração que intensificará a visibilidade do interior e o exterior da casa Carla Dutra

Bel Lobo & Bob Neri Arquitetos bebo.net.br | (21) 3235.2000

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CAPA | QUEM FAZ PROJETOS PARA A MODA

A arquitetura é a moda para as edificações, podemos fazer também essa releitura e traçar paralelos entre elas Henrique Sposito

TECNOLOGIA FOTOS: VICTOR MUZZI

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Com 31 anos no mercado, a loja Seaway sempre expressou, por meio de suas roupas, uma conexão do homem com a natureza, com os esportes e o mar. Ao longo dos anos, foi aliando a rusticidade da natureza com a alta tecnologia, o que garante uma melhor performance na prática esportiva. Em consonância, o projeto arquitetônico segue a mesma filosofia. Autor de mais de dez projetos de lojas da marca – em Recife, Salvador, Rio de Janeiro e João Pessoa –, o arquiteto Henrique Sposito, com 20 anos de profissão, faz da moda a inspiração para a identidade da loja. “Tanto a moda quanto a arquitetura são artes e expressões contemporâneas ligadas a um conceito. Na moda, você pode trazer

referências de outras épocas, com releituras interessantes. A arquitetura é a moda para as edificações, podemos fazer também essa releitura e traçar paralelos entre elas”, comenta Sposito, que aliou a tecnologia com a natureza na escolha dos materiais que compõem o projeto.

da borracha trabalhada (ver detalhe na foto) com a logo da loja, desenvolvida por uma empresa pernambucana, e da iluminação, toda em LED, que, eventualmente, muda de cor, e houve peças desenvolvidas exclusivamente para as lojas (ver detalhe da luminária do balcão)”, explica o arquiteto.

“Trouxemos o contato com a natureza e elementos naturais a partir da escolha, por exemplo, da madeira de demolição que vem de Minas Gerais, oferecendo um aspecto um pouco mais rústico ao lugar, além do granito que não chegou ao último polimento, e traz um ar mais envelhecido. A tecnologia que a marca traz em suas roupas, com materiais diferenciados, fechos, tecidos, expressamos por meio da escolha do metal e do aço,

Buscando sempre objetividade em seus projetos, tanto residenciais quanto comerciais, Henrique Sposito procurou ser mais direto também na exposição do vestuário da loja, que mesmo sendo pequena, traz o conceito do autosserviço, característica de grandes espaços comerciais. Henrique Sposito hsposito@gmail.com

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | FERNANDA YAMAMOTO

A CASA DO DETALHE Descontração urbana em ambientação repleta de pequenas histórias

FOTOS: RAMÓN VASCONCELOS

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À primeira vista, o apartamento da estilista Fernanda Yamamoto mostra-se amplo e com poucos móveis, noção que vai sendo transformada quando a anfitriã da nossa reportagem revela a forte ligação com os mínimos detalhes da sua morada de apenas 90 m2, localizada no charmoso bairro da Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo. Por aqui tudo faz sentido, desde o pequeno objeto exposto na parede até a extensa mesa de madeira cercada por cadeiras da Baraúna, organizada para ser o canto favorito de leitura. Se nas passarelas o que vale é expressar uma determinada coleção, por que não transformar a sala integrada com varanda num desfile de peças que se relacionam com seu momento e estilo? “Eu gosto de vestir a casa trazendo artigos de viagem que tenham algum simbolismo pra mim. Determinadas coisas são ainda mais próximas, a exemplo das almofadas que fiz utilizando os tecidos de uma antiga linha minha. Acho que este pequeno universo diz muito de mim”, comenta. Ao poucos, vão surgindo outros toques que revelam até mesmo o seu atual momento criativo. Prova disso são as duas cadeiras de balanço adquiridas na Paraíba, em temporada de pesquisas. “Estou trabalhando uma produção envolvendo as rendeiras nordestinas, resgatando tradição e valorizando ainda mais esse rico artesanato. É algo que mostrarei em outubro, no São Paulo Fashion Week. E foi numa das nossas idas pra lá que trouxe essas cadeirinhas de ferro, as quais encontrei na rua e foram trançadas na hora”, lembra orgulhosa.

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | FERNANDA YAMAMOTO De certa forma, as fases de Yamamoto sempre estão ligadas ao seu trabalho e seu teto. Segundo a estilista, trata-se de uma bagagem que ela traz para o hoje e resulta numa roupa mais arquitetônica ou numa parede mais colorida. Aliás, cor é algo bem expressivo nesse apartamento. Hoje, predominam os tons de azul que mais gosta, ocupando as paredes que já foram preechidas por amarelo, vermelho e outras opções sempre vibrantes. “A moda é um balizador dessas escolhas. Se formos entender como ela é consumida hoje, percebemos uma certa massificação, um consumo muito superficial, é o chamado fast fashion. Tento fugir disso em todos os sentidos, seguindo um perfil mais autoral e de ateliê mesmo. Acho que quem me visita até percebe um pouco disso aqui”. Por lá estão pendurados os trabalhos que mantêm certa relação afetiva. É o caso da estampa de Rodrigo Maciel, emoldurada para lembrar a história de uma antiga coleção sua, agora transformada em arte plástica, e numa pá literalmente embrulhada, trazida de presente por um amigo. Isso sem falar em outros quadros de acervo pessoal e numa casinha comprada a uma ceramista do interior de Minas Gerais. “Vou a fundo na história das coisas e isso mostra vivências minhas e de quem eu gosto”, resume. Esse cuidado no garimpo também se mostra em uma pequena escultura de madeira talhada na Paraíba. “É um boneco que está sem braço, mas que na hora achei lindo e já pensei em colocá-lo no chão. Foi assim também no banquinho trazido do Nepal, que ilustra o bom trabalho manual”, completa. O clima descontraído, bem ao estilo de Yamamoto, também se expressa no sofá sem pés, do Studio Ovo. O mobiliário complementa bem a marcação do piso com pequenas placas de cerâmica verde, lembrando que ali existia o quarto e agora forma um único espaço.

Quando enxergo esse ambiente e ainda me deparo com a janela, lembro que a arquitetura tem um papel muito além da beleza. Ela simboliza o tempo de uma cidade, os valores de uma população e como as pessoas se relacionam com elas mesmas, a comunidade e seu entorno. Talvez eu viva um pouco disso aqui em São Paulo, de onde se tem um amor e ódio constante 82

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | JUM NAKAO

SONHOS EM REALIDADE

Um dos estilistas mais famosos abre seu ateliê, onde surgem criações mirabolantes FOTOS: DIVULGAÇÃO

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No final dos anos 1990, Jum Nakao encontrou um pequeno armazém, com toldo de aço, em meio a antigas oficinas de rua que hoje é o seu ateliê. Por lá funciona sua reserva técnica de acervo de trabalhos, biblioteca, sala de reuniões, laboratório de prototipagem, espaços de confraternização e de ideias. “Hoje eu chamo de fábrica dos sonhos. É um lugar para desenvolvermos as maquetes de nossos móveis, os protótipos de luminárias, os projetos de Toy Arts e muito mais”, diz Nakao. O aspecto antigo serviu de contraponto para mobiliários e objetos da marca própria, a exemplo do canto que agrupa peças desenvolvidas em parceria com a marca Schuster. A poltrona Aconchego tem design inspirado na concha de uma mão e a almofada dos dedos. Já a mesa de centro — com obras da linha Golden Toy — e o armário foram adquiridos no mercado das pulgas.

Acredito na soma das linguagens, e vejo isso dentro do meu local de trabalho. É que moda, assim como arquitetura, não se restringe à roupa ou à construção, mas no espaço em minha volta

No salão principal estão máquinas de costura usadas apenas para execução de protótipos e estudos de maquete, pois toda confeccção é licenciada. As peças compõem o lugar, que preserva sua estrutura antiga, como o piso xadrez. “Gosto da sala de reunião com a mesa de vidro da arquiteta Clélia Regina Ângelo”, revela o estilista. O bar Viva!, ao centro, integra a série de móveis by Jum Nakao, com camadas sobrepostas de madeira sobre uma base de galhos retorcidos. “As cadeiras sobre totem de caixas retrô também são de nosso design e foram lançadas na Casa Cor SP. Pelo aspecto escultural das pernas deste produto, decidimos expor no alto, de forma que ficassem visíveis. Já os quadros são provenientes da nossa exposição Resolver. São fotografias de Sandra Bordin com modelos e bonecas de autoria de Naná Lavander”, detalha. Por fim, o verde aparece nos jardins de inverno e dos fundos — este destinado para as refeições ao ar livre, happy hour e eventos de confraternização.

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | JULIANA SANTOS

MORAR COM ESTILO Referência no mundo fashion, a empresária Juliana Santos abriu seu apartamento e mostrou como gosta de vestir o lugar onde mora

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Assim como na moda, a arquitetura reflete o estilo de alguém. E isso pode ser visto já no hall de entrada do apartamento onde mora a empresária Juliana Santos, em Recife, que convida ao universo do seu trabalho e dá indício à sofisticação e ao bom gosto de quem lida com moda há mais de 15 anos. Com 340 m², o projeto faz referência ao universo fashion e, ao mesmo tempo, reflete a atemporalidade prevista em um projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório Santos & Santos Arquitetura. O teto do hall é revestido por placas de tecido que, além de trazer um pouco dessa mudança que a moda permite, também resolveu

a acústica do local para assistir televisão, por exemplo. “Além disso, trouxemos a textura, as tramas e a ideia de vestir a casa de maneiras diferentes de tempos em tempos”, comenta o arquiteto e irmão da empresária, Zezinho Santos, explicando que os tecidos que já passaram por transformação são os principais detalhes de um projeto que remetem ao universo da moda, e fazem um composê com os demais objetos decorativos, ‘é como trocar de roupa’. “Eles eram extremamente coloridos, agora optei por algo mais clássico, como a estampa pied de poule, do sofá, com isso está mais atemporal. A moda entra nessa brincadeira quando você pode mudar, a cada temporada”, explica Juliana.

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | JULIANA SANTOS

Moda é muito além da tendência, é comportamento. Está ligada à cultura, à arte, à vida, à emoção e a tudo que expressa sentimento

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Os arquitetos optaram por montar uma base de arquitetura neutra, atemporal. “A casca é muito clean, porque a moda já tem muita informação. A ideia era trazer essa neutralidade para que ali acrescentasse o universo dela”, conta Zezinho. O projeto contempla duas paredes, nas salas de estar e TV, revestidas em taco, deixando o ambiente mais acolhedor, móveis adquiridos em antiquários, a exemplo da cadeira lilás com base em madeira, que datam do século passado, obras de arte e objetos com valores sentimentais para a moradora. “Meu apartamento conta muitas histórias das viagens que fiz em família. Essa cristaleira branca, que é de jacarandá e foi pintada para o projeto, que herdei da minha mãe, e as caixinhas distribuídas pela casa, que trago de cada lugar em que passo”, lembra. À frente da Dona Santa, a qual completa 20 anos, Juliana, que, a exemplo da mãe, Lilia Santos, sempre esteve ligada ao mundo fashion, aproveita o tempo livre para se dedicar ao filho Bernardo, de seis anos, à sua paixão pelo mar e de receber os amigos. Para que o bate papo com seus convidados fosse mais acolhedor e informal, ela elegeu um “cantinho” da casa para essa função: uma saleta de estar, com móveis adquiridos no Passado Composto Século XX, antiquário localizado na capital paulista, que compõem com objetos de decoração, e um banco de madeira desenvolvido por Santos & Santos. “É aqui onde recebo pouca pessoas, fico mais à vontade e tomo uma cervejinha. É mais aconchegante e não precisamos ficar gritando”, conta Juliana entre risos.

A PERSONALIDADE DE JULIANA SANTOS TAMBÉM SE ESTENDE AO CLOSET...

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | BETE PAES

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UMA VIDA DE MUITAS HISTÓRIAS Arquiteta revela a relação perfeita entre a estampa e a decoração dentro de casa

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Quando encontrou o endereço perfeito para morar na Zona Norte do Recife, a arquiteta e designer Bete Paes fez questão de projetar uma espécie de caixa branca para ser ocupada por memórias. Cada canto foi pontualmente marcado por objetos que revelam seus momentos de viagem e histórias inesquecíveis de família. Tudo isso coroado pela paisagem verde e a luz natural que invadem a sala do apartamento de segundo andar, em meio à densidade de prédios. Dali são apenas alguns passos para seu escritório, razão para tornar a casa também uma extensão do trabalho. Aqui, consegue criar sem pressa, realizando pesquisa ou fazendo o que mais gosta: tricô. E nem é preciso muito esforço para encontrar suas produções ocupando posição de destaque no ambiente. É o caso das almofadas com estampas desenhadas em diferentes épocas sobre o sofá da Florense, revestido por uma das suas cores preferidas. Ou até mesmo se deparar com um pedaço de tecido na mesa de jantar, criado no Natal para dar um charme a mais no encontro de fim de ano. “Já fiz criações para atender a necessidades minhas ou simplesmente tê-las comigo no cotidiano. Muitas vezes faço dessa experiência algo que complemente as coleções e, dessa forma, dá muito certo”, adianta Bete, que há 20 anos deixou de se dedicar à arquitetura para elaborar estampas que originam utensílios e roupas.

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | BETE PAES

Eu vendo conceitos e meus clientes são pessoas que embarcam nessas ideias. Não é algo que tenha a ver unicamente com tendência, mas que conta uma história, e acho que toda residência precisa contar algo

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CAPA | QUEM VESTE UM LUGAR | BETE PAES

Bete aponta os itens mais significativos no estar. É o caso da parede com prateleiras de madeira agrupando objetos resgatados da sua avó, outros de acervo dos filhos e alguns de sua autoria. A arte popular é uma predominante, a exemplo das esculturas de madeira talhadas no interior do Estado e enfileiradas num aparador desenhado por ela. Tão próximos estão o tapete vermelho, comprado na Síria, o móvel de madeira resgatado de engenho e a peça assinada pelo artesão Mario Teles, encontrada na Fenearte deste ano. O complemento fica por conta do imenso pano africano, da década de 1970, trazido da França.

É tudo muito atemporal. É como usar uma roupa e alguém questionar que você está fora de moda. Mas como isso é possível, se aquilo te identifica? Se uma cadeira foi de uma época, mas ainda expressa o contemporâneo? São exemplos de que é possível sair do rótulo

Nessa junção de elementos, muitos foram idealizados tempos atrás pela arquiteta, como o centro de madeira vazada, formando um setor da sala junto à poltrona com traçado de nylon da marca sueca Ikea.

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É um lugar, de fato, usado pelas pessoas que me visitam. Essa humanização dá vida a qualquer expressão de arte A cor dá personalidade ao apartamento, que se mostra cheio de expressão também em outros cômodos. Prova disso é o quarto com parede ocupada por um grande tecido artesanal encontrado na Guatemala, compondo o espaço com o toque amarelo da cama e a manta terrosa da linha Tanger, assinada por Bete.

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CAPA | DESIGN DE TECIDOS

TECIDOS NA DECORAÇÃO

Mix de cores, texturas e estilos revestem m o mobilliliáriio e levaam moda para a ambieentação FOTO DE ABERTURA: LUCAS OLIVEIRA FOTOS: VICTOR MUZZI

Para composições harmoniosas, estilistas e arquitetos dedicam-se a pesquisas e se inspiram em tendências que saltam, muitas vezes, das passarelas das semanas de moda para o mundo da decoração. E sabe quais são os materiais mais aplicados nesse quesito? Os tecidos! Eles são os responsáveis por trazer misturas e possibilidades distintas aos espaços.

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MARIA CASA “Podemos fazer muitas associações entre os dois mundos (moda e decoração), principalmente em relação a customizações, a misturas de texturas e cores. Sem dúvida, essa é a parte mais interessante em montar um ambiente, unindo a personalidade do usuário com o que há de mais recente no mercado”, explica Saulo de Tarso, gerente da Maria Casa. Essa produção é pensada de olho nas tendências e também nas que nunca saem de moda. “Em cada composição trazemos um estilo. Este em couro, na foto maior, é um clássico e pode ser combinado com as almofadas em veludo, com estampa ‘olho de pavão’ e o tecido em ráfia, de Elisa Atheniense, último lançamento. Tecidos tecnológicos, extremamente confortáveis, além da seda e do veludo, que brincam com formas e texturas, harmonizando com o ambiente”, explica Saulo.

MATIZ O queridinho do momento, principalmente para revestimento de sofás e poltronas, é o tecido tecnológico, lavável e impermeabilizado, resistente a danos e com textura de algodão, mesmo sendo 100% sintético, chamado de “antivandalismo”. Na Matiz Tecidos, o Performance aparece em várias cores, desde os tons pastéis até os mais coloridos. “Esse é o nosso preferido, pois, além de trazer praticidade para a rotina, oferece conforto e tem uma textura agradável para o cliente aproveitar seu sofá”, comenta a diretora da empresa, Sônia Borges.

TIDELLI Alguns conceitos costumam voltar, como o estilo Navy, que nunca sai das vitrines, e combina muito com dias quentes. Esse estilo é “o pretinho básico da decoração”, o qual harmoniza com o vermelho-terracota e podem criar um ambiente mais alegre. Os tecidos utilizados seguem a linha tecnológica e são importados. “A geometria também está in, com um mix de cores que trazem alegria para a casa, como o verde-azulado, tendência da última estação”, explica Patrícia de Oliveira, gerente da loja.

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CAPA | DESIGN DE TECIDOS

D.UAS DESIGN A geometria é muito utilizada na coleção Aurora, da d.uas design, que comemora quatro anos da grife, tingindo as cores da alvorada, do céu colorido e da Aurora Boreal em suas peças, oferendo um mix bem característico da marca. “Essa é uma coleção especial. Nos remete à origem, à nossa identidade. A geometria volta com tudo, que é uma característica da marca, depois da fase mais botânica da última linha. Traz tons mais quentes, mais vibrantes, com o contraponto do bege, por exemplo, na linha para decoração, onde trazemos passadeiras, jogos americanos, bancos, banquetas, poltronas, almofadas, capas para almofada e nichos”, explica Lia Tavares, sócia da d.uas.

STUDIO BERGAMIN A marca paulista traz uma coleção de tecidos especiais, com padronagens desenvolvidas por Alessandro Bergamin, que traduzem a influência étnica tão característica da grife. “Inspirada na tendência Paisley e Floral com toque retrô, a paleta reúne um mix de tons vibrantes e sóbrios, como azul royal, azul petróleo, vermelho marsala, mostarda e fúcsia, e propõe um charme exótico aos ambientes”, explica.

As cores pastéis e os florais, destacadas pela Bianco Quiaro com a coleção Cor, da Tricia Guild, trazem o equilíbrio entre os diferentes elementos, que atribuem personalidade e vida. A marca, aliás, expressa a versatilidade de sua fundadora, que diz se inspirar em artistas como Matisse e Frida Kahlo. Esse mix de influências marcantes podem ser vistos tanto na BQ quanto no livro “A cor descontruída”, no qual desvenda em sete capítulos os sentimentos envolvendo as diferentes matizes e como elas podem transformar a atmosfera de um cômodo.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

BIANCO QUIARO

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BETE PAES Para diversificar sua produção de estampas, a designer Bete Paes investe no perfil intuitivo e livre para criar. São desenhos que valorizam o traço, a cor e a cultura popular, a exemplo da coleção inspirada nos ex-votos pintados e sobrepostos em tecido. O fascínio pelo traço geométrico também originou uma série onde as linhas ganham diferentes linguagens, mas sempre com um caráter artesanal. Esse formato levou a expansão dos trabalhos para um site de vendas online. “Na verdade eu vendo ideias que podem ser vistas em utilitário ou roupa. A vida da gente pede essa conexão”, explica.

JULIANA CURII A paulistana Juliana Curi se inspira no retrô ô dos anos 1970 e no batik africano para mos-m trar formas geométricas simples, mas com o grandes contrastes de tons, além do jogo óptico de linhas e tons que realçam a estam-a pa. “A relação do meu trabalho com moda é 101%, pois crio peças para vestir o am-o biente, a casa, o lar das pessoas, trazendo a alegria e vivacidade. Assim como a moda d propõe mudanças de estilo, visual e mood e para as pessoas, acho que elas gostam de conviver e se sentir à vontade com seu es-tado de espírito, cercando-se de elementoss que lhe rodeiam”, conta Juliana.

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É TUDO!

Alexandre Mesquita | Arquiteto, especialista em design de interiores e professor universitário Mesquita & Belem – Arquitetura e Design: (81) 3039.3031 | www.alexandremesquita.com.br |alexandre@alexandremesquita.com.br

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A CASAVESTE Alexandre Mesquita A moda está mais presente no design de interiores do que se imagina. É na Arquiteto, especialista em design de interiores e professor universitário

decoração de um ambiente que o profissional consegue vestir a casa de forma e beleza para torná-la a extensão do estilo de vida de quem mora ali. E para Alexandre Mesquita e Neto Belém – Design de interior: (81) 3039.3031 isso os materiais são infinitos, basta um olhar atento às opções de cor, objeto www.alexandremesquita.com.br e mobiliário para notar que a passarela pode ser na verdade um living chic ou alexandre@alexandremesquita.com.br uma sala de estar moderna, informando que ali existe, sim, muita personalidade. Mas isso não quer dizer que as tendências lançadas por grandes grifes sejam regra absoluta na composição de um décor. Muito pelo contrário, um projeto realmente show leva em consideração o estilo do cliente, a sua história e, claro, seu conforto e usualidade. Na pática, nada pode ser colocado de maneira aleatória, simplesmente para se ter – a não ser que seja algo pensado em conjunto, autorizado e realmente desejado. Eis o grande desafio: alinhar todas essas questões. Inspirar-se de conceitos e transformá-los na roupa que cobre a casa não só para um momento de festa, mas para o dia a dia. Aliás, gosto da palavra inspiração. É isso o que sinto ao relacionar uma das minhas marcas preferidas, a carioca Osklen, com minha maneira de lidar com certos trabalhos. Tem o dinamismo da metrópole, a forte influência da natureza e o contraste de cores para momentos sofisticados ou despojados, um fluido! Mas, claro, este sou eu. Já um casal com dois filhos, morando na Zona Norte e cheio de referências do mundo, pode ter outra relação com a moda e, consequentemente, sua residência. Por conta desse mix de teorias e possibilidades, convidamos quatro arquitetos para falar um pouco dessa relação, demonstrada em um canto ambientado por eles, e mostrar que beleza e conteúdo é tudo! FOTOS: VICTOR MUZZI

ALEXANDRE MESQUITA VESTE: CALÇA E CAMISA OSKLEN, COLEÇÃO ON THE ROAD. SAPATO: SOHO OSKLEN: WWW.OSKLEN.COM (81) 3463.0851

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É TUDO!

No momento de planejar o ambiente, é preciso trazer para o local a identidade de quem o ocupa, com características contemporâneas e personalidade, também deve ser a mesma preocupação ao definirmos o que vestir

1 COLECIONANDO MOMENTOS Silvana Gondin

asarquit@gmail.com | (81) 3445.3744

Avesso (81) 3301.7692

Ao adentrar no apartamento da arquiteta, o visitante é convidado a um mergulho nas histórias de cada peça que compõem aquele local. “Uma casa tem que ter a identidade do morador, não basta só ser bela, tem que contar algo”, explica Silvana, que mora com a mãe, a professora Núbia Gondin, a quem é atribuída toda a personalidade do ambiente. “Cada móvel que compõe essa sala tem um pouco da história da minha família”, diz ela, que se veste de acordo com seu estado de espírito e transmite sua mensagem a cada peça do vestuário. Para a sessão de fotos, optou por um look da multimarcas Avesso, o qual dialoga com seu estilo e traz o conforto necessário.

SILVANA GONDIN VESTE: CALÇA ESTAMPADA, CAMISA E SAPATO DA MULTIMARCAS AVESSO A CASA VESTE: PAREDE REVESTIDA EM JACARANDÁ / SOFÁ FIRENZE EM MADEIRA COM REVESTIMENTO EM TECIDO, DA DÉCADA DE 1960 / MESA LATERAL E DE CENTRO FIRENZE / PAINEL EM TAPEÇARIA DO ARTISTA KENNEDY BAHIA / ARTE POPULAR ADQUIRIDA EM GOIÂNIA / OBJETOS EM CRISTAL DE ACERVO FAMILIAR / CERÂMICA BRENNAND

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A forma como você se veste acaba sendo muito parecida com a maneira que se ambienta um lugar

2 A EXPRESSÃO DA CULTURA Dió Diniz diodiniz@yahoo.com.br | (81) 3224.3291

Refazenda www.vivarefazenda.com.br

A arquiteta explica que “o cenário do corpo também invade a casa”, razão para ela acreditar na sustentabilidade como a forma de dar novos usos aos materiais. “Um simples colar de tecido pode cobrir o sofá e inserir ali um contexto. Tudo está ligado. É como a arte que você enxerga numa tela e se estende ao mobiliário”, completa, apontando para o trabalho de Marcelo Júlio, tanto no quadro como no banco de madeira da sala. Dió vestiu-se de Refazenda, uma relação de anos que expressa seu perfil ao trabalhar o conforto e o artesanato revelando a cultura brasileira. “Foi o encontro perfeito, do mesmo modo que faz a decoração relatar um pouco da vida de quem utiliza o espaço”.

DIÓ DINIZ VESTE: VESTIDO E COLAR REFAZENDA / BOTA DE COURO VALDIR PARA REFAZENDA A CASA VESTE: CENTRO DESENHADO PELA ARQUITETA COM CERÂMICA BRENNAND / SOFÁ NOVO PROJETO / LUMINÁRIA DE VIDRO ADQUIRIDA EM BUENOS AIRES/ NO CENTRO CERÂMICAS BRENNAND, PÁSSARO THIAGO AMORIM, ARTE POPULAR DE JOEL GALDINO/ DIVINO E CABEÇAS DE MINAS GERAIS / COLAR TIBETANO / COLAR REFAZENDA SOBRE SOFÁ / QUADROS E BANCO MARCELO JÚLIO

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É TUDO!

É importante respeitar o estilo do cliente e fazer disso uma referência

3 DE OLHO NAS TENDÊNCIAS Taciana Carulla tacianacarulla@hotmail.com | (81) 9.9967.0213

Empório HD (81) 3466.9150

A melhor maneira de expressar moda e decoração foi por meio de uma área de convivência com detalhes que revelam bem sua personalidade. “Gosto dessa mescla de opções, pois neste ambiente enxergo referências do que é tendência em cor em meio a peças clássicas, que valorizam design, forma e conteúdo”, diz ela ao destacar puffs em tons variados de Marsala – eleita pela Pantone a cor de 2015. A combinação de madeira, vidro e laca garantem a versatilidade do décor. É assim na moda, em que a junção de materiais revelam um conceito. “Aqui o morador tem bom gosto para mobiliário, objetos e arte, sem perder de vista o aconchego, como o caimento perfeito de uma roupa”.

TACIANA CARULLA VESTE: VESTIDO DA COLEÇÃO PRIMAVERA-VERÃO EMPÓRIO HD / ACESSÓRIOS H.STERN E DIANE FURSTENBERG / SAPATO LUÍZA BARCELOS A CASA VESTE: APARADOR ECOVIC / PUFFS STUDIO NADA SE LEVA / POLTONA MOLE SÉRGIO RODRIGUES / LUMINÁRIA LUMIERE DA SCHUSTER / TAPETE AVANTE / TELAS THINA CUNHA

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A boa arquitetura precisa ser atemporal, já a moda é um momento

4 ATITUDE ATEMPORAL

André Carício andre@andrecaricio.com.br | (81) 9.9975.4806

Ricardo Almeida ricardoalmeida.com.br

“Prefiro acreditar que a arquitetura influencia a moda”, adianta o arquiteto, que enxerga essa relação na forma e na atemporalidade que as duas podem imprimir ao ambiente e ao estilo. Por isso, ele escolheu uma sala de jantar sofisticada, com uma iluminação elaborada, o uso de madeira e peças de obras de arte, as quais trazem atitude. O look da grife Ricardo Almeida reflete sua personalidade, que procura a discrição. “Eu busco ser mais atemporal na maneira de vestir, gosto muito do básico, usando cores neutras, como o preto, cinza, branco e o jeans”, comenta André. “A moda está muito ligada ao comportamento, à cultura e ao ambiente”, finaliza.

ANDRÉ CARÍCIO VESTE: CALÇA JEANS E CAMISA RICARDO ALMEIDA / SAPATO ARMANI A CASA VESTE: MESA DE JANTAR E CADEIRAS ARTEFACTO / ILUMINAÇÃO LA LAMP / OBRAS DE ARTE REYNALDO FONSECA / CENTRO DE MESA EM PRATA DE ANTIQUÁRIO/ TAPETE ADROALDO / LUSTRE ACERVO DO CLIENTE

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PORTFÓLIO FOTOS: DIVULGAÇÃO FOTO DE HUMBERTO E ANALICE: LUCAS OLIVEIRA TEXTO: EMANUELE CARVALHO

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Com mais de duas décadas no mercado pernambucano, o escritório Humberto Zírpoli Arquitetura traz em seu DNA a busca por inovação tecnológica, estudos e aperfeiçoamento profissional, com pluralidade de projetos nas mais diversas áreas de atuação. São quase 80 trabalhos executados por mês e mais de 1.500.000,00 m² de área acumulada.

HUMBERTO ZÍRPOLI

ARQUITETURA

O escritório é comandado pelos sócios Humberto e Analice Zírpoli, que lideram uma equipe com 40 colaboradores, atuando nas áreas de arquitetura residencial, comercial, predial e hoteleira. Ele iniciou sua carreira como artista plástico em 1987, mas sua história com a construção e os elementos relacionados à forma começou bem antes disso, quando ainda acompanhava a rotina do seu pai. “Sou filho de engenheiro, mas que adora arquitetura, meu pai valorizava muito a função do arquiteto. Desde os 15 anos visitava suas obras e sempre gostava muito. Por conta disso, aprendi bastante e sempre busquei um desenho realizável”, lembra Humberto. Foi professor de técnicas de composição e plástica e hoje dedica todo o seu tempo ao escritório. Já Analice começou como estagiária até tornar-se sócia. Essa parceria tem 15 anos e trouxe a técnica em ambientação. “Depois de sua entrada, o escritório passou a ter outro rumo, conquistamos mais trabalhos e demos um grande salto no mercado. Ela se dedicou à decoração, enquanto passei a estimular outros arquitetos na área de projetos”, explica Humberto. “Com o conhecimento que acumulei consigo visualizar a planta de interiores com mais maturidade. Hoje, me preocupo em trazer personalidade para as casas e não só em mostrar o meu potencial criativo, pois a identidade do cliente e a vida que a moradia tem que ter é o mais importante”, reflete Analice. Sobre a arquitetura como forma e estilo de vida, a dupla se preocupa com o bem-estar da sociedade como um todo e não apenas do cliente em questão, ávidos por entregar bons trabalhos para a cidade. “O arquiteto mexe com a vida das pessoas, temos o compromisso de tornar melhor a vida delas. A preocupação precisa existir dentro e fora dos espaços. O entorno, a vizinhança também são peças importantes na concepção de cada obra”, finaliza Humberto.

Humberto Zírpoli Arquitetura www.humbertozirpoli.com.br (81) 3465.9040

A alma do escritório está na pluralidade e na busca incansável pela satisfação do cliente. A diversidade de estilo, gênero e padrões, sempre observando os critérios básicos da arquitetura: escutar, conhecer, projetar e transformar sonhos em realidade

RAIO X Formação • Humberto Zírpoli | Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Esuda. Formação em restauração de monumentos históricos. Desenho e técnicas de composição em Roma. Epecialização em Arquitetura de Interiores em Lancaster, e Arquitetura Oriental e Feng Shui em Ameas, nos Estados Unidos. • Analice Zírpoli | Arquitetura e Urbanismo na UFPE. Anos dedicados à arquitetura Humberto Zírpoli – 22 anos Analice Zírpoli – 15 anos Referências A grande riqueza da arquitetura pernambucana: José Fernando, Borsoi, José Goiana, Carlos Fernando e Gerônimo. Professores, amigos e companheiros de profissão Premiações • 1993 – Prêmio da América Latina de Jovem Arquiteto. • 2008 – Novo Concurso de Projetos Profissionais e de Estudantes, primeiro lugar em arquitetura comercial. • 2009 – Concurso Cultural de Projetos de Arquitetura Novo Núcleo, primeiro lugar em projeto comercial. • 2010 – Concurso Cultural de Projetos de Arquitetura Novo Núcleo, primeiro lugar em projeto comercial. • 2012 – Premiado Talent, Hunter Douglas. • 2012 – Concurso Cultural de Projetos de Arquitetura Novo Núcleo.

Confira mais projetos de Zírpoli no site da SIM! + www.revistasim.com.br

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Restaurante Corveta Localizado no polo gastronômico da ilha de Fernando de Noronha, no Bosque Flamboyant, o restaurante Corveta é, talvez, um dos projetos mais difíceis para o escritório, em termos de logística. Recém-inaugurado, ele foi planejado para ser erguido com material sustentável, incluindo madeira de reflorestamento e estrutura de steel frame, com fechamento em painéis cimentícios — de execução rápida e racionalizada com baixo peso próprio. “Foi feito com toda a preocupação com os materiais, escala, equilíbrio e altura. A demanda era que projetássemos algo inovador para a Ilha, sem agredir a paisagem, mas com qualidade”, afirma Humberto, que destaca ainda a iluminação à noite com a volumetria do espaço, lembrando a de embarcações em alto-mar.

RODRIGO VALENÇA

O restaurante é amplo, com grandes terraços e espaço sombreado com capacidade para até 130 pessoas, distribuídas em dois andares. A equipe ofereceu consultoria para a escolha dos materiais decorativos, como a rede do pescador na parede e as luminárias.

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PORTFÓLIO

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Prédio da Organização Nacional de Saúde “O terreno possui um parâmetro bastante favorável à verticalização e densidade, porém, o conceito inicial era que fosse planejado apenas com os espaços necessários para o funcionamento do prédio, gerando uma edificação horizontal, com grandes áreas externas para jardins”, explica o arquiteto. A estrutura interna possui ambientes amplos, favorecendo a integração social dos usuários e reduzindo o consumo de energia. Uma edificação supertecnológica, sofisticada e sustentável, com a utilização da luz natural, vidros refletivos e recuados, para não esquentar, capacitor de energia, reaproveitamento da água e painéis térmicos. “Tudo foi pensado para receber certificações de sustentabilidade, como a GreenBuilding. Na prática, os caminhões que entravam eram lavados antes de sair e toda a água era reaproveitada na obra, consequentemente não sujava a cidade. A distância entre o galpão e o canteiro foi calculada para a diminuição da poluição. Não é a obra que precisa ser certificada, mas o conceito construtivo em todos os processos”, explica Humberto.

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Resort La Fleur Polinésia Inspirado nos projetos arquitetônicos da Polinésia, o resort La Fleur oferece, em Muro Alto/PE, conforto e bem-estar em uma das praias mais badaladas do Estado, em formato de hotel e flat, com espaço para eventos e convenções. Foi priorizada a utilização de materiais regionais, como cordas, madeiras e tecidos. “Tem um residencial de aproximadamente 300 apartamentos e hotelaria com mais de 200 apartamentos, tudo ainda em fase de execução”, explica Zírpoli. “O conceito do resort é bem inovador, é um hotel localizado em região praiana, que no verão será extremamente utilizado; já no inverno, para os proprietários de flats, passa a ser um empreendimento em um local atrativo, já que não temos uma estação com clima rigoroso. Com isso, passa a ser um hotel não com 200 quartos, mas com 400”, completa.

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Loja Greenmix Numa área de aproximadamente 555 m², os proprietários queriam trazer para o Recife-PE o primeiro mercado em formato completamente fit. O desafio da equipe foi realizar uma proposta inovadora, com a junção de empório composto por itens orgânicos e suplementos à padaria sem glúten e restaurante, harmonizando a arquitetura e criando um ambiente agradável para os clientes. “O conceito foi extraído a partir do comercial da loja, então usamos a questão orgânica e moderna para compor a estrutura. Steel deck, tubulações aparentes e cimento queimado dão a ideia de ‘cru’, pouco revestido. As paredes pretas e a iluminação cênica soltam as prateleiras em carvalho, realçando o elemento natural da madeira. Os jardins verticais trazem o conceito de leveza, assim como a programação visual e o uso das cores verde e roxo açaí”, explica o arquiteto, que ainda escolheu a iluminação toda em LED, para agregar a sustentabilidade.

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5 Restaurante Pisco Para transformar o primeiro andar de uma casa em Boa Viagem/PE em restaurante de gastronomia internacional, a equipe investiu na boa distribuição do mobiliário. Segundo os arquitetos, “a ideia era criar uma atmosfera de happy hour, nos moldes do que se vê em outros países”, motivo para preservar uma instalação rústica com tubulação e iluminação bem aparentes, onde o concreto e o cimento sempre falam mais alto em meio a objetos pontuais de cor – a maioria deles desenhados pelo próprio escritório. Trata-se de 250 m2 de área social, na qual foram distribuídos materiais sustentáveis, como madeira reaproveitada e caixotes de feira. O primeiro pode ser visto em painéis desenhados na parede e no teto, auxiliando o tratamento acústico ao lado de cortinas mais grossas e revestimento forrado com jateamento de celulose. O segundo item serviu de mesinha de centro, em contraponto aos sofás de cor intensa. “Também gosto muito das placas de espelho, usadas para dar amplitude, e dos painéis com objetos de vidro pontuados pela luz. O resultado foi um ambiente prático e descolado, que consideramos atemporal”, completa Humberto.

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Cobertura em Boa Viagem A cobertura de 500 m² foi projetada para um casal que solicitou repaginação completa no apartamento, com integração da varanda à sala de estar, troca do piso, substituição da escada original, instalação de elevador e a criação de um deck para a piscina. “Na sala de estar fizemos a utilização de espelho de bronze, para disfarçar uma viga que aparecia no ambiente. Optamos pelo piso em mármore Boticcino e iluminação por sanca em todo o ambiente, com pontos focais destacando alguns detalhes. Fizemos ainda a substituição da escada original, que era fechada e em concreto, por uma mais leve e integrada, em aço inox, vidro e mármore, e a inclusão de um elevador com sistema de máquina de tração, com autossuficiência na falta de energia, em aço e vidro”, explica. O lavabo possui pé direito mais alto, reforçando a verticalidade do local pelo detalhe em mármore Boticcino da cuba, e o uso de espelhos que ampliam o ambiente e criam efeito ótico. “Esse é um local que se pode brincar e ousar, por ser pequeno e de pouca permanência, por isso optamos também por papel de parede no forro”, completa. O equilíbrio dos materiais escolhidos para a área da piscina se dá pela troca dos revestimentos, assim como os das estruturas de vigas e do deck, que receberam madeira de lei.

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Residência em Toquinho

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A modernidade dita o estilo da casa localizada em Toquinho-PE. Com seis suítes, sala ampla para quatro ambientes e uma enorme área de serviço com dois quartos para funcionários, está num terreno de aproximadamente 470 m². A área externa é composta por piscina, com hidromassagem integrada, prainha, gazebo e deck para o rio. A opção do escritório foi por um ambiente mais clean, com linhas mais retas e brancas, não abrindo mão do conceito de contemporaneidade e do clima praiano. “Usamos painéis de madeira teca nas paredes e forros nas varandas, sem falar nas esquadrias de PVC, nos vidros verdes e na textura branca. Para os revestimentos internos, optamos por nanoglass, porcelanato madeirado e cimento queimado”, explica o arquiteto, que apostou no pé direito duplo para a sala de jantar, de onde descem pendentes centralizados à mesa.

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PROJETO DANIEL PIANA

LUXO NO LITORAL

Em meio a um cenário paradisíaco, hotel na Reserva do Paiva oferece conforto para os hóspedes e um espaço equipado para eventos e convenções

FOTO: VICTOR MUZZI

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Todos os salões têm pé direito de sete metros, acesso direto aos terraços exteriores, controle individual de temperatura, som e iluminação, isolamento acústico e tecnologia de última geração em comunicação vi-

sual. O hotel oferece ainda o Shine Spa, com aproximadamente 600 metros quadrados, e uma ampla academia de ginástica. O Sheraton também disponibiliza uma área à beira-mar, Beach Club, que começa a operar no próximo dia 22 de novembro, e oferece várias opções de entretenimento, incluindo área de lounge, restaurante climatizado, terraço semicoberto, bar de piscina, além de espreguiçadeiras e gazebos. “Com uma localização estratégica, envolvido em recursos naturais ímpares (mar, praia, mangue e mata atlântica), este é um hotel orientado simultaneamente para o turismo de negócios, de convenções e de lazer, enriquecido com um relevante polo cultural que valoriza a arte pernambucana,” afirma Almerindo Duarte, administrador da Promovalor Investimentos.

DIVULGAÇÃO

I

Inaugurado em novembro de 2014, o Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center é o primeiro cinco estrelas de padrão internacional do litoral sul de Pernambuco. O empreendimento segue o conceito de horizontalidade da Reserva do Paiva, primeiro bairro planejado de Pernambuco, que prevê a construção de residenciais, centros empresariais, comércio, lazer e serviços. Inserido nesse cenário, o hotel reúne edificações baixas, extensas áreas verdes e cerca de 29 mil metros quadrados de área construída em apenas oito pavimentos, disponibilizando 298 quartos, incluindo 18 Suítes Club e uma ampla Suíte Presidencial, com 120 metros quadrados, e ainda dois restaurantes. Possui um moderno e equipado espaço para eventos e convenções, com dois salões de festa, três salas e outros espaços flexíveis para reuniões e exposições, assinado pelo arquiteto argentino Daniel Piana.

O Hotel deveria cumprir a função de conter todas as facilidades hoteleiras desenhadas com o mais alto nível de qualidade 121

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O projeto do hotel é do Estudio Daniel Piana & Associates, que tem à frente o arquiteto argentino Daniel Piana, com trabalhos que se estendem pela América do Sul, pelo México e Caribe. Com larga experiência no ramo de hotelaria, Piana tem como característica a busca por respostas estéticas e funcionais que almejam a atemporalidade do projeto. “O Hotel deveria cumprir a função de conter todas as facilidades hoteleiras desenhadas com o mais alto nível de qualidade, transmitindo e reafirmando o lifestyle que o local oferece aos seus visitantes. Deveria, ainda, expressar através do seu desenho as características e os modos do Nordeste brasileiro. A partir disso, começamos a busca por um desenho estético e funcional que permitiria cumprir com o descrito”, explica o arquiteto.

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PROJETO DANIEL PIANA

“Na arquitetura de interiores trazemos uma forte inspiração moderna, com traços em distintos elementos que expressam as características de estilo do Estado e sua rica herança colonial, estilizados e redefinidos através de uma arquitetura branca, incluindo amplas zonas envidraçadas que permitem o desenvolvimento de uma arquitetura extrovertida, totalmente integrada com o verde exuberante e a natureza marinha”, explica Piana, que optou por decorar os corredores e áreas públicas com obras de arte de artistas renomados do cenário local, nacional e internacional. São obras selecionadas dos acervos de Francisco Brennand, Tereza Costa Rego, José Cláudio, Bel Borba, Maurício Arraes, Jairo Arcoverde, Lailson Holanda, José Barbosa, Miguel dos Santos, Francisco Villa Chan, Roberto Ploeg, Thina Cunha e Fred Jordão.

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O arquiteto optou por fazer uma alusão aos desenhos tradicionais de pedra portuguesa na diagramação dos carpetes dos corredores. Além disso, fez uso de muita tecnologia na construção e escolha de materiais. “São banheiros pré-fabricados, paredes acústicas, vidros com controle térmico, tetos verdes, desenho mecânico inteligente para qualificação LEED de sustentabilidade da edificação, mesclados com o uso de materiais como madeira, tramas e tecidos vegetais. Concebemos a iluminação com um caráter fortemente cenográfico, com ênfase na criação de ‘climas’ e diversas situações ambientáveis de acordo com a função específica de cada área e sua materialidade”, conclui o arquiteto.

Estudio Daniel Piana & Associates www.dpadesigners.com/contact/ (11) 4315.0882

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PROJETO GUILHERME EUSTACHIO

FOCO NA HOSPITALIDADE Elegância e eficiência regeram a reforma do Instituto Pernambucano em Caruaru

FOTO: VICTOR MUZZI

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Foi com o pensamento de quebrar o tradicionalismo arquitetônico dos hospitais que o designer de interiores Guilherme Eustachio projetou a primeira grande reforma do Instituto Pernambucano em Caruaru. “Acredito que os hospitais já têm naturalmente uma atmosfera muito carregada devido à sua função. Nem sempre a passagem num ambiente desses é por um bom motivo, então tive a ideia de enfrentar esse conceito antigo e obscuro e mostrar que um ambiente hospitalar pode e deve ser mais leve e mais suave”, conta Guilherme Eustachio.

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Minha ideia foi a de acolher melhor quem chega. Por isso, pensei em um espaço mais amplo, com cores sóbrias, evitando ao máximo as mais comuns nesse tipo de espaço

A reforma foi radical. Logo na fachada, o designer optou por preservar os tijolos aparentes amparados pelo uso de brise e luminárias exclusivas em aço inox, além de criar uma nova rampa de embarque e desembarque de pacientes com proteção de vidro, o que possibilitou o aumento da recepção. “Minha ideia foi a de acolher melhor quem chega. Por isso, pensei em um espaço mais amplo, com cores sóbrias, evitando ao máximo as mais comuns nesse tipo de espaço. Também diversifiquei no uso de materiais e texturas para alcançar um efeito confortável e elegante. Revitalizei as janelas (que têm vista para um belo jardim) e paredes em madeira. Combinei tudo com o uso de fórmica metálica e branca sob um projeto de iluminação indireta”, conta.

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PROJETO GUILHERME EUSTACHIO

O mobiliário, que foi praticamente todo desenhado por Guilherme e executado pela Marcenaria MM Design, versou a ideia de elaborar móveis que pudessem ser complementares e/ou assumir funções separadamente. “Posso usar o sofá e as cadeiras de apoio isoladamente ou fazer um grande sofá, que também atenderá bem à demanda do espaço”, explica. Ainda na recepção, o designer usou vidro como parede divisória de outros ambientes. “Do lado direito de quem entra, projetei uma sala de reunião e do esquerdo, os consultórios, uma sala de espera e o dormitório das enfermeiras, tudo muito bem planejado, tanto para manter a privacidade dos espaços com uso das persianas da Bianco Quiaro, tanto para atender às necessidades das pessoas que têm dificuldade de locomoção, desde a largura das portas até a altura dos assentos”, pontua.

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Nas suítes maiores, compostas de quarto, sala de espera e banheiro, Guilherme criou uma janela de comunicação em que o paciente tem total privacidade e, em momento de descanso, pode ser monitorado pelo acompanhante do lado de fora. As cores são sóbrias, a iluminação também é indireta, com luminárias da B&M, e todo mobiliário, com exceção da cama hospitalar e das cadeiras de apoio (da Office Cadeiras), foi concebido com o mesmo objetivo de diversificar funções. “Essa janela dá total privacidade ao paciente. Optei pelo uso do bege e leves tons amadeirados para dar aconchego e equilíbrio no espaço”, explica.

Optei pelo uso do bege e leves tons amadeirados para dar aconchego e equilíbrio no espaço

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PROJETO GUILHERME EUSTACHIO

Na lanchonete, por exemplo, o revestimento em madeira do balcão principal dialoga, em perfeita harmonia, com o aço do banco elevado e o vermelho das almofadas

A clínica de diagnóstico por imagem, localizada em um anexo ao prédio principal, também foi reformada. “Segui a mesma filosofia de quebrar padrões hospitalares, misturando revestimentos e cores. Na lanchonete, por exemplo, o revestimento em madeira do balcão principal dialoga, em perfeita harmonia, com o aço do banco elevado e o vermelho das almofadas. Para dar esse ar de contemporaneidade, contei em toda obra com os revestimentos da Refinare e HR Revest”, explica. Na sala de espera, o tom sóbrio conferiu ao espaço elegância e sofisticação. E o trabalho ainda não vai parar por aí. A reforma do Instituto Pernambucano continua a todo vapor e Guilherme Eustachio projeta uma área social, que servirá para festividades, jardins e um novo pavimento com mais 20 leitos, passarela e acesso com elevador panorâmico.

Guilherme Eustachio www.guilhermeeustachio.com.br (81) 3326.6160

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FAZER O BEM!

ARQUITETURA PARA A

VIDA

Arquitetos e profissionais do setor abraçaram a causa de reformar 19 ambientes do HCP

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FOTOS: VICTOR MUZZI

Foi com muita alegria e amor ao próximo que a ONG Novo Jeito, em parceria com arquitetos, colaboradores da área e profissionais do setor, entregaram ao Hospital de Câncer de Pernambuco 19 ambientes completamente reformados. Uma força-tarefa que contou com o apoio e a dedicação de voluntários das mais diversas áreas. A Revista SIM! esteve lá e conferiu a força dessa união. “Quem procura os serviços do HCP já chega fragilizado, muitas vezes sem ânimo pra viver. Chegar aqui e encontrar um ambiente acolhedor, com uma infraestrutura renovada, já eleva a autoestima do paciente e, consequentemente, ajuda no tratamento”, explica Claudia Barbosa, a superintendente do Hospital, instituição com 70 anos de profissionalismo e que atende, em média, 1200 pessoas por dia. “O Novo Jeito é uma entidade que tem como objetivo fazer o bem, trazer o amor para a rotina das pessoas. Outros anos realizamos aqui no HCP a mesma ação, que chamamos de Mais Vida, só que em menor proporção. Foi quando um questionamento veio à minha mente: por que não fazer algo mais completo, unir mais gente e entregar uma parte maior do hospital renovada? Convidei alguns arquitetos, outros me procuraram e nos unimos. Este ano, conseguimos atingir a marca de 19 ambientes”, conta o arquiteto e coordenador da ação Rodrigo Duarte.

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Para o líder da ONG, Fábio Silva, praticar o bem vem de dentro de cada um e independe de ações públicas e/ou governamentais. “Não devemos esperar. Podemos mudar com o que está ao nosso alcance. O trabalho feito no HCP é muito mais que uma ação momentânea, tudo isso aqui é em prol de quem já faz uso dos serviços a que a unidade se propõe, mas também virá a ser muito útil para quem um dia possa vir a precisar dessas instalações. É um legado que nós e todos os voluntários deixamos para a sociedade”, afirma. Dentre as áreas contempladas estavam a triagem, ouvidoria, recepção, os banheiros, a copa, alguns consultórios, hall da enfermaria São Camilo de Lellis, Same, Serviço Social e jardins. Para o arquiteto Romero Duarte, responsável pela triagem, a união é um dos pontos mais fortes da ação. “A ideia de trabalhar para o coletivo fez com que uníssimos toda uma classe por um motivo maior: o sentimento de amor ao próximo. Nessa área, foi possível ver como as pessoas chegam desprotegidas, então, elaboramos algo funcional, mas que, de certa forma, aproximasse os pacientes da esperança, usando palavras de fé e amor”, conta Romero. Para os consultórios, as arquitetas Mariana e Fernanda, do escritório Russo Ventura, optaram por cores que transmitissem leveza e acolhimento. “É um projeto simples, mas que leva paz para o paciente e permite ao médico revelar todo o seu amor à profissão ao estar ali se dedicando a salvar vidas. Participar dessa ação é uma experiência única”, revela Fernanda Ventura. O paisagista Luciano Lacerda assumiu os jardins da entrada e um interno, que antecede a porta de entrada da UTI. “As plantas trazem vida, alegria e esperança. Na entrada, organizei o que já tinha, de forma que ficassse mais harmônico, e usei grama para compor os canteiros. No jardim interno, levei grandes vasos com flores para dar mais leveza e levar cor à antessala da UTI. Eu me senti muito feliz e abençoado por fazer parte desse trabalho, de levar vida e esperança a quem tanto precisa”, finaliza. Na ocasião da entrega dos ambientes, mais de mil pessoas estiveram presentes, desde arquitetos, voluntários e membros do Novo Jeito. Simbolicamente, foi organizado um abraço ao hospital e os pacientes internados puderam participar da ação acenando das janelas como forma de agradecer o carinho. Hospital de Câncer de Pernambuco| www.hcp.org.br Novo Jeito| www.novojeito.com.br 135

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DELÍCIAS | LUCIANA SULTANUM

SOFISTICAÇÃO DAS

FORMAS A chef Luciana Sultanum trabalhou texturas orgânicas FOTOS: VICTOR MUZZI TEXTO: ERIKA VALENÇA

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A visão é o primeiro sentido aguçado em um comensal diante de um prato apresentado. É preciso, em primeiro lugar, entregar-se à arte da conquista, ao encantamento pelo visual, plástico e estético. Muito antes de se tornar uma renomada chef de cozinha, Luciana Sultanum já trabalhava conceitos arquitetônicos na sua vida ao quase se formar em arquitetura pela UFPE. “Estudei arquitetura até o último ano e trouxe para a gastronomia ideias fundamentais que a arte de projetar nos proporciona. Digo que a arquitetura me dá suporte para criar, para o que eu faço hoje em dia. Nos meus pratos, além de procurar, primeiramente, valorizar o sabor, utilizo conceitos fundamentais e estruturais como volumetria, textura e principalmente a composição e o uso de cores”, conta. Para o Delícias, a chef, que se formou em gastronomia pelo Institut Paul Bocuse em Lion, na França, optou por apresentar algo que unisse o rústico ao sofisticado. Preparou um lombo de cordeiro com crosta persillada (iguaria preparada com farinha de pão, manteiga e salsa) em cama de purê de batata e alho com quiabo grelhado. “Minha ideia foi ressaltar a diversidade das texturas e resgatar sabores, como é o caso do quiabo. Para a montagem, levei em consideração as formas orgânicas, como a da base em madeira e dos insumos. Também evidenciei, com essa escolha, a volumetria e a plasticidade do prato como um todo, sempre explorando o potencial e a beleza contida em cada escolha”, finaliza a chef.

Luciana Sultanum www.lucianasultanum.com Modigliani Bistrô Rua Dois Irmãos, 14, Apipucos, Recife – PE | (81) 3267.9192

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FOTO DO PRATO

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DOCE ESTRUTURA

DELÍCIAS | DIEGO LOZANO

Chef cria sobremesa com status de prato principal

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FOTOS: DIVULGAÇÃO TEXTO: EDI SOUZA

Não há como negar que uma sobremesa por si só estimula a visão e aguça o paladar. Então imagine essas características tão básicas ao prato somadas ao cuidado na forma, cor e textura que resultaram no que o chef paulista Diego Lozano batizou de “CH” — um entremet, ou torta francesa, cujo nome é a abreviação da palavra chocolate, capaz de transmitir mistério e, por que não, ousadia. Trata-se de um doce composto por massa de chocolate sem farinha, ganache de limão e avelã, creme de chocolate meio amargo, mousse e uma cobertura brilhante chamada de glaçagem. O resultado é uma criação de personalidade pouco vista na mesa do dia a dia. “Foi uma das sobremesas mais bonitas que desenvolvi este ano. Queria algo que fosse simples, mas que passasse um toque de elegância e leveza. A decoração em chocolate vazado no topo, além de exigir uma técnica bastante apurada, transmitiu toda essa mensagem que eu buscava”, avalia o confeiteiro. Este, como na maioria das vezes, é fruto de um estudo que começa já no papel, a partir de croquis que definem cada detalhe, mesmo que na prática algo saia diferente. “Na confeitaria, por se tratar de uma área completamente artística, o visual das apresentações deve ser algo impactante, ‘forçando’ o cliente a querer provar, seja pela composição moderna ou apetitosa. A decoração é mesmo fundamental no momento da venda”, reforça. Essa é uma das lições que passa aos alunos da sua Escola de Confeitaria em São Paulo. “É importante mostrar para as pessoas que podemos nos inspirar em tudo ao nosso redor. Uma luz, uma flor, a forma de um prédio, uma tela ou mesmo lembranças de infância. Tudo está a nosso favor quando o assunto é criação”, arremata. Diego Lozano cursos@escoladeconfeitaria.com.br

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FOTO DO PRATO

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FOTOS: RAQUEL MELO

DELÍCIAS | ESPUMANTE BY ANDRÉA CALABRIA E CLARISSA MEDEIROS

DESGUSTAÇÃO

CHIC

Nem só de Natal e Ano Novo vive o espumante. Ele harmoniza com qualquer tipo de comemoração, dando um toque a mais às datas especiais. As arquitetas Andréa Calabria e Clarissa Medeiros prepararam uma mesa usando utensílios da ICasa. Para a composição, o ideal é apostar no glamour e na elegância típicos da bebida. Acessórios de metal e louça podem combinar com elementos envidraçados e reluzentes. O tampo espelhado da mesa e seu centro giratório refletem as cintilações, arrematando o conceito sofisticado. Nos guardanapos, rendas gripir e renascença, alinhadas com porta-guardanapo na cor dourada, mantêm o clima de luxo. O vaso de Murano com a orquídea dá um ar charmoso, sem diminuir o aspecto suntuoso. Paletas de branco, dourado, amarelo, bege e fumê são as principais pedidas para o ambiente.

SOUPLAT COM RENDA E CAMBRAIA ESPECIAL

R$ 125,00

PRATO CASTELLI INOX PARA QUEIJO COM TAMPA DE VIDRO

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PRATO MARCADOR PERLA

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PRATO COM PÉ E REDOMA 12X27CM BIRD

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PORTA BOLO LECCI 16 CM INOX

R$ 312,00

JOGO PARA SERVIR CAVIAR 18 CM

R$ 166,00

GUARDANAPO DE ALGODÃO AMARELO

R$ 15,00

JOGO DE FAQUEIRO 16 PEÇAS IVORY PEARL CABO ACRÍLICO

R$ 281,90

BALDE BOTTEGA INOX PARA GELO COM PINÇA

R$ 277,50

GALHETEIRO

R$ 420,00

VASO MARROM MURANO

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TAÇA PARA VINHO ÂMBAR UNIDADE

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ORQUÍDEA BRANCA

R$ 62,00

Icasa (81) 3031.7754 | contato@na-icasa.com.br Andréa Calabria (81) 3127.3930 | contato@andreacalabriaarquitetura.com.br

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FOTOS: RAQUEL MELO

DELÍCIAS | ESPUMANTE BY ROMERO DUARTE

TOQUE

CLEAN

A decoração minimalista é uma tendência que parece ter chegado para ficar. Embasada no conceito de “menos é mais”, a ideia é de que poucos móveis e utensílios bem alinhados podem chamar muito mais atenção do que um ambiente repleto deles até na hora de degustar um espumante. O estilo apresentado pelo arquiteto Romero Duarte se adéqua a qualquer tipo de local, seja numa sala de jantar ou estar. Poucos quadros, uma mesa de design e luminárias elegantes podem compor um ambiente e dialogar com a ocasião. A proposta de degustação montada na Itálica Casa foi pensada para mostrar como o conceito clean pode ser traduzido em elegância. Ele utilizou móveis e utensílios da própria loja, o Anexo 62. “O ambiente é contemporâneo, combina com pessoas práticas e antenadas”, comenta o arquiteto. O canto revela uma celebração, lugar onde as pessoas pedem fazer o brinde antes de uma ocasião principal.

CADEIRAS JADER ALMEIDA

R$ 2 .290,00

MESA DE JANTAR SINO

R$ 18.900,00

LUMINÁRIA TAJ

R$ 1. 990,00

LUMINÁRIA MINI TAJ DOURADA

R$ 2 .600,00

CASTIÇAL ABRAÇO

R$ 1.510,00

VASO JELLY DOURADO

R$ 1.250, 00

VASO DE FLORES XANGAI

R$ 2.300,00

QUADRO (ANEXO 62)

R$ 970,00

Itálica Casa (81) 3465.3576 | contato@italicacasa.com.br Anexo 62 (81) 3222.0971 | romero.duarte@gmail.com

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TÁ NA

MODA?

HUMB ERT OE

ARQUITETURA | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

ANO XV | Nº 99

WWW.REVISTASIM.COM.BR

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ÍRPOLI Z E C ALI

ARQUITETURA A | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

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