Revista Sim! 101

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ARQUITETURA | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

ANO XVI | Nº 101

WWW.REVISTASIM.COM.BR

#101

NORONHA OS PROJETOS NA ILHA

PORTFÓLIO | A IDENTIDADE NOS PROJETOS DE DIÓ DINIZ + ARQUITETURA + PAISAGISMO + INTERIORES + SABORES SIM!_101_CAPA.indd 1

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SIM!

#101 Diretor Executivo Márcio Sena

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REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Edi Souza (edisouza@revistasim.com.br) Erika Valença Emanuele Carvalho Lorena Moura Mariana Clarissa

LUCAS OLIVEIRA

DIVULGAÇÃO

LUCAS OLIVEIRA

Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciatavaresmarinho@gmail.com) Felipe Mendonça (felipebezerra@mirai-totalle.com.br)

FERNANDO DE NORONHA

Arquitetura e sabor numa ilha com status de Parque Nacional Ecopousada Teju-Açu...............................46 Pousada Triboju........................................52 Solar dos Ventos.......................................58

PORTFÓLIO | DIÓ DINIZ

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FÁBIO BORGES

RENOVAÇÃO NA CASACOR®

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PROJETO & DESIGN

LUCAS OLIVEIRA

ESCOLA DO CORTE

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Redação | Comercial R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220

DIVULGAÇÃO

MOMENTO SIM! RUY OHTAKE VAMOS LER SIGA-ME JARDINS JARDINEIRA CRÔNICAS DO OLHAR É TUDO! DELÍCIAS FAZER O BEM

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Joelma Santos (81) 3039.2220 (comercial@revistasim.com.br)

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

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VICTOR JUCA

ZOOM | CINCO ANOS NUVEM

Operações Comerciais Eliane Guerra (81) 99282.7979 | 99536.7969 (elianeguerra@revistasim.com.br)

SIM! é uma publicação trimestral da MIRAI ASSESSORIA EM COMUNICAÇÃO LTDA ALBERTO MEDEIROS

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Lucas Oliveira Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com)

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MARCELO MARONA

ENERGIA SOLAR

Pousada da Morena..................................64 Restaurante Varanda.................................70 Cacimba Bistrô..........................................74

Carol Kirschner (carolfarias@totalle.net) Emanuel Neves Manu Braga

Um giro pelos eventos

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A palestra de um mestre

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Arquitetura e arte

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Sustentabilidade

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Purificando o ar

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Camélia

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Projetar com arte

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Cor e design

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Laura Heredia

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Respiração nos presídios

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CAPA

Foto de Lucas Oliveira. A Vista diagonal para sede da Ecopousada Teju-Açu, em Noronha, revela a forma de um típico navio de corda, que inspirou o projeto.

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MOMENTO SIM!

EDIÇÕE S PARA CELEBRAR

A nossa centésima edição foi pra lá de especial, com um brinde ao pensamento arquitetônico e uma reverência à arte e ao design. O lançamento foi uma homenagem aos 45 anos do Movimento Armorial com uma festa na Galeria Suassuna, com direito a exposição inédita e aula-espetáculo de Romero de Andrade Lima, repleta de magia, história e emoção. “Dedicamos essa publicação a duas pessoas especialíssimas: George Thévoz, que nos ensinou a harmonizar a arte na vida e em sua casa fez nascer a SIM!; e a Janete Costa, por toda a sabedoria e generosidade ao abrir nossos olhos para a identidade necessária na arquitetura, no design e na arte”, lembra a editora Patrícia Marinho. Para a diretora da Galeria, Magda Suassuna, é tempo de celebrar Ariano. “Foi uma homenagem à altura”, comentou.

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Cobertura completa no Facebook: Revista SIM

Edi Souza, Magda Suassuna, Patrícia Marinho e Romero de Andrade Lima

Ana Maria Freire e Camilla Pereira

Marcelo Peregrino

Romero de Andrade Lima e toda poesia da sua aula-espetáculo

Carmen Lúcia e Guilherme da Fonte

Sérgio Ferraz

Guida Costa e Suely Brasileiro

Gilberto Tenório e Bel Andrade Lima

Vilmar Paiva, Elke Valença e Ricardo Gouveia de Melo

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Rodrigo Duarte e Nara Gomes

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Irmão evento e Erika Valença

Andrea Bezerra

Cavani Rosas

Dió Diniz e Humberto Cavalcanti

Veruska Paiva e Tony Pedrosa

Alexana Vilar e Elza Freire

Gabriela Ferreira e Joana Estanislau

Fabiana Teixeira e Genildo Valença

Fred Mota

Luís Dubeux

Adolpho Leimig

Lúcia Helena de Andrade Lima

Jackson Félix, Bruno Souto Maior e Daniela Vila Nova

Márcio Sena e Karla Azevedo

Jana Caminha, Ana Carolina Pitanga e Ligia Garcia

Schirlley Loureiro,Patrícia Marinho e Bruno Azevedo

Eudes Santana, Patrícia Marinho e Alexandre Mesquita, desde a 1a edição

Sérgio Ferraz, Bebeth, Romero e Tânia Andrade Lima

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A turma da SIM! Acima: Marcelo Kozmhinsky, Alexandre Mesquita, Emanuel Neves, Erika Valença e Eliane Guerra. Abaixo: Mariana Clarissa, Edi Souza, Patrícia Marinho, Lucas Oliveira, Joelma Santos, Manu Braga, Emanuele Carvalho e Lorena Moura

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MOMENTO SIM!

Ruy Ohtake palestrou para cerca de 600 pessoas, entre profissionais e estudantes de arquitetura e design

UMA AULA DE SABEDORIA O arquiteto paulista Ruy Ohtake esteve no Recife para compartilhar sua experiência de mais 50 anos de carreira em palestra exclusiva para profissionais e estudantes da área. O encontro sobre arquitetura contemporânea foi realizado no teatro da Faculdade Damas, com organização da Revista SIM!. Uma experiência única para se entender a concepção de projetos desenhados com olhar de vanguarda. “Nossa função é contribuir para uma sociedade mais democrática e inclusiva”, adiantou Ohtake no palco.

Paulo Veloso

Maria Arcione, Ruy Ohtake e Mércia Carrera

Patrícia Marinho, Ruy Ohtake e Edi Souza

Ruy Ohtake e Pedro Motta

Durante a conversa, o público pôde visualizar a importância de um trabalho ousado tendo um verdadeiro mestre como professor, assim observou a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição, Mércia Carrera. “Foi uma experiência rica para se levar por toda a carreira”. Atento aos detalhes, o arquiteto Paulo Veloso completou: “Cor, curva e concreto jamais foram os mesmos depois de suas obras”. Já Pedro Motta fez questão de encontrar seu antigo professor. “Ele foi um dos meus grandes mestres no tempo da faculdade, de quem ouvi grandes lições”. Em tempo, a SIM! comemo-

rou a capa de número 100 com um croqui exclusivo — Motivo de sobra para sua passagem pela capital pernambucana ser regada a bons encontros e muita admiração.

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Facebook: Revista SIM

Ohtake entusiasmado com a recepção dos estudantes

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ENCONTROS Não faltaram momentos marcantes na vinda de Ohtake. O jantar no Wiella Bistrô reuniu amigos e admiradores, que entre uma conversa e outra ouviam as lições desse mestre. O chef Claudemir Barros até recebeu um carinho inusitado do arquiteto: autógrafo na SIM! marcado com a sobremesa do anfitrião. Do Alto da Sé, em Olinda, nosso “turista” observou o crescimento da cidade vizinha, Recife, pontuando a necessidade de se manter a identidade local de olho na estrutura urbana. Contexto perfeito para almoço no Oficina do Sabor, com o chef César Santos e seu cardápio colorido - bem ao gosto de um paulista que promete voltar logo. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

Uma aula no alto de Olinda

Alexandre Mesquita, Patrícia Marinho e Ruy Ohtake

César Santos e Ruy Ohtake

Edi Souza, Alexandre Mesquita, Márcio Sena, Ruy Ohtake, Patrícia Marinho, Schirlley Loureiro e Bruno Azevedo

O autógrafo para Claudemir Barros

Em pé: Raul Córdula, Marco Antônio Borsoi, Bonna Borsoi, Tereza Simis, Vânia Avelar, Edi Souza, Patrícia Marinho, Márcio Sena, Dió Diniz, Humberto Cavalcanti e Claudemir Barros | Sentados: Amelinha Córdula, Adriana Cavendish, Thaís Andrade, Pedro Motta, Ruy Ohtake e Marta Lima

Ruy Ohtake e Suely Brasileiro

Encontro com a equipe da Faculdade Damas

AGRADECEMOS AOS PARCEIROS QUE NOS APOIARAM NESTE GRANDE EVENTO:

André Dantas e Ruy Ohtake

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MOMENTO SIM!

ILUMINAÇÃO

Gabriela, Luana, Anunciada e Eduardo Fazio

Giovana Queiroz, Karen Barbosa e Tânia Santos

Roberta Pessoa de Melo e Ana Amélia Veloso

A Empório da Luz, marca que surgiu no mercado do Recife em 1993, abriu mais uma loja, dessa vez na Zona Norte do Recife. Localizada em uma importante avenida do bairro das Graças, o espaço oferece vários produtos para o mercado de iluminação com o mesmo know-how de Boa Viagem. FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM

Juliana Correia e Helen Araújo

Ana Cláudia Campelo e Alexandre Buffa

Alexandra Just

Ednise Maia e Roberta Cidrim

Luiz Otávio, Milena Carvalho e Fábio Fazio

Priscilla e Pedro Selva

André Tavares, Paulo Sá e Zelândio Marques

Fernando Alcântara, Jarbas Lira e Renata Duque

Anderson Lula Aragão, Paulo Henrique e Juliana Rego

Tânia Jurema, Taciana Feitosa e Adriana Cavendish

Barbara Ferraz, Diogo Viana e Eduarda Guidon

Jacqueline e Jaidete Ferreira

Mariana Albuquerque, Gabriel Paiva e Maria Luiza Guerra

PREMIAÇÃO Sucesso no lançamento do Finger Design Award. Em seu primeiro ano, o evento premiou em cinco categorias — Ouro, Rubi, Platina, Diamante e Prata — profissionais do setor, entre arquitetos, decoradores e designers.

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Facebook: Revista SIM

CONFRA O Novo Núcleo PE celebrou o fim de ano desta vez na CASACOR® PE, onde os convidados conferiram a apresentação da Orquestra Criança Cidadã e da Banda Escarlet, além de conhecer os premiados pelos melhores ambientes da Mostra.

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FOTOS: GLEYSON RAMOS

Facebook: Revista SIM

CONCLUINTES A Pamesa recebeu a exposição dos alunos que concluíram o primeiro módulo da Escola de Corte do arquiteto Juliano Dubeux, que aproveitou a oportunidade para brindar o sucesso das aulas.

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Facebook: Revista SIM

Catarina Almeida, Juliano Dubeux, Luciana Ramos

Gabriela Matos e Kleber Dantas

Sunamyte Vieira

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MOMENTO SIM!

É BONITO! Olinda abrigou a mostra “Deságua de Bonito”, com pinturas de Alex Freire, Andreza Silva, Heron Martins e Marcelo Júlio, no Restaurante Maison do Bomfim. A curadoria foi de Dió Diniz e Humberto Cavalcanti, que apresentaram para a cidade histórica o que há de mais puro no trabalho desses artistas. “O processo para a escolha das obras foi o que nos emocionava! São pessoas novas, que merecem essa oportunidade de reconhecimento”, comenta Dió.

Dió Diniz, Izabel e Fernanda Dias, Lou Melo e Cris Pontual

Alex, Heron, Marcelo, Humberto, Dió e Andreza

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

+ Facebook: Revista SIM Márcio Sena, Izabel Dias, Jeff Colas e Bruno Albertim

Marcelo Peregrino e Lou Melo

Yêda Bezerra

Denise Gouveia, João Saccaro e Romilda Monteiro

Maria do Lorêto e Luiza Nogueira

Hilda Leite

Gustavo e Isabel Nascimento, Frederico Mota e Alexsandra Barbosa

Newman e Madá Albuquerque

Sandra Brandão

Suzana Azevedo, Rosália Zirpoli e Marcia Nejaim

Beth Simón e Carolina Queiroz

Diego Ferraz, Fernanda Maniçoba, Dirlene Dall’Agnol e Bruno Albuquerque

Carlos Augusto Lira e Beth Curra

Patrícia Maia, Ana Paula Cascão e Waldir Bitu

NOVIDADE A Saccaro lançou em Pernambuco a linha Capadócia, inspirada na região turca e assinada por Roque Frizzo. A apresentação aconteceu no Nannai Resort & Spa, em Porto de Galinhas, e contou com a presença do proprietário da marca, João Saccaro.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Facebook: Revista SIM

TRADIÇÃO

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Facebook: Revista SIM

GLEYSON RAMOS

A nova loja em Casa Forte, da Cia das Persianas, foi inaugurada com festa. Revenda da marca Real Premium, a unidade amplia o mix de produtos apostando também em objetos de decoração e papéis de parede importados.

PELA PAZ O clima de confraternização tomou conta dos profissionais da arquitetura e do design, no Beach Club Sheraton Paiva. O Núcleo PE comemorou as conquistas de 2015 parabenizando os destaques do ano ao som da DJ Lala K.

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FOTOS: GLEYSON RAMOS

Facebook: Revista SIM

PUBLICAÇÃO A Florense Recife lançou a segunda edição do Collection, livro bienal criado por Sandro Curra, que divulga o trabalho realizado pelos principais nomes da arquitetura pernambucana. O ponto alto da festa foi o grafitti de Nando Zevê.

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Facebook: Revista SIM

Analice e Humberto Zírpoli com Sandro Curra

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#EUDIGOSIM

Em 1972, Estcolmo sediou a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e as atividades humanas relacionadas ao meio em que vivemos. Já se mostrava urgente voltar nossas forças para o cuidado com o planeta que nos abriga. O compromisso com a vida que temos e o futuro que desenhamos estão intimamente ligados com a responsabilidade social e a preservação ambiental. Vão dos pequenos atos do dia a dia, permeiam pelos direcionamentos das nossas empresas e indústrias, até chegar nas realizações da economia mundial.

“Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore” (Martin Luther King)

A consciência das escolhas que fazemos podem não só nos mover, mas afetar o coletivo. Pensar nas construções, nas ocupações espaciais, na energia que usamos, nos produtos que consumimos, reflete no rumo que o planeta toma. O que você quer viver? Que mundo você constrói? Patrícia Marinho

LUCAS OLIVEIRA

patriciamarinho@globo.com

ILUSTRAÇÃO: CARLOS VAREJÃO

Desmatamento Zero — www.desmatamentozero.org.br

Projeto de Lei entregue no Congresso Nacional Desde 2012 o Greenpeace vem coletando assinaturas da população visando à criação de uma lei de desmatamento zero no Brasil

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As florestas garantem um dos mais essenciais elementos para a vida: a água. As grandes florestas, como a Amazônia, liberam umidade na atmosfera, que garante boa parte da chuva que cai sobre nosso território. Essa chuva é fundamental para encher nossos rios e reservatórios, garantindo água nas nossas torneiras. Nas beiras de rios, as florestas protegem o solo e evitam a devastação das nascentes de água. Se queremos água fresca nas nossas torneiras, temos que preservar nossas florestas.

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EDITORIAL Sob a luz do sol LUCAS OLIVEIRA

A redação viajou a convite do chef Auricélio Romão e apoio da pousada Beco de Noronha Quando desembarcamos em Fernando de Noronha, ecoou nos meus ouvidos um: “Noronha é para os fortes”. A frase dita pelos ilhéus logo justificou a nossa proposta da capa de abordar os desafios de se projetar numa ilha paradisíaca e ao mesmo tempo generosa com seus moradores e turistas. É que limitações à parte, ela abriga figuras importantes ao seu desenvolvimento, como o chef Auricélio Romão, que fez um convite ao nosso portal Gastrô Online para conhecer as novidades do Cacimba Bistrô e Restaurante Varanda. Desse encontro inicial, que também teve o apoio do seu sócio Fernando Buarque, surgiu o projeto que inseria o sabor e a arquitetura do arquipélago, tão ousado e tão ‘forte’, como mostramos a seguir. A continuação dessa história vem com uma produção que nos permitiu enxergar a complexidade de execução de cinco projetos que levantam a bandeira da sustentabilidade. É como se um padrão de formas tomasse conta do balneário para dar a ele a capacidade de sobreviver arquitetonicamente, seja através de materiais naturais, da obra mais seca ou da produção consciente - o que eles precisam é de durabilidade. Um contexto que inspirou as demais páginas da SIM!, numa edição que trata o futuro como uma questão presente. Será, por exemplo, que a energia solar está entre as soluções do agora? A matéria faz um link direto com a implantação desse sistema, que cresceu 308% entre 2014 e 2015 no Nordeste. Uma forma de experimentar novos conceitos e abrir caminhos ao que todo profissional busca para os dias de hoje: ressignificar! Palavra, aliás, aplicada ao nosso portfólio, que ilustra a transformação que a arquiteta Dió Diniz sugere em seus projetos, tão cheios de estilo e personalidade. Gancho, inclusive, para uma matéria que viaja pelos estados com produção ativa de design, mostrando a sua função dentro da arquitetura de interiores. empo. Leia SIM! Não perca tempo. Edi Souza

COM VISTA PARA O MAR

LUCAS OLIVEIRA

LUCAS OLIVEIRA

DA ADA NA CHARMOSA POUSA NOSSA EQUIPE FICOU INSTAL BEM TÃO U RECEBE BECO DE NORONHA, QUE NOS *VEJA O PROJETO COMPLE

AS BELEZAS DA ILHA NO PAPO DE EDI SOUZA E KÁTIA PEIXOTO NA POUSADA DA MORENA

TO NO SITE DA SIM!

LUCAS OLIVEIRA

A ARQUITETA DIÓ DINIZ RECEBEU A SIM! EM SEU LUGAR PREFERIDO DO ESCRITÓRIO

LUCAS OLIVEIRA

! CE COM A DUPLA DA SIM MIRANTE DA AIR FRAN ES IVEIRA E OS ANFITRIÕ EDI SOUZA E LUCAS OL O MÃ RO O ÉLI RIC GIOVANI OLIVEIRA E AU

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ENCONTRO COM RUY OHTAKE

LUCAS OLIVEIRA

PROJETAR E INOVAR A arte por trás da profissão na palestra de um mestre

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Definir a arquitetura e o urbanismo é uma tarefa complexa, segundo Ruy Ohtake. Para ele, trata-se de uma arte que envolve noções de antropologia, sociologia e estética – que formaram a tríade de base para sua palestra no auditório da Faculdade Damas, cujo ponto de partida foi a essência da profissão. O mestre das cores e curvas disse que a resposta para a questão acima deve vir de fora para dentro, ao se questionar primeiramente se o que está sendo projetado é atraente. Depois, pensar a obra a partir do seu usuário; se um teatro, o público e os atores. Caso seja uma escola, alunos e seus professores. “A reunião dessas questões forma o desafio que é pensar arquitetonicamente. E se focarmos no Brasil, que é um país de dimensões continentais, gigante em extensão, percebemos uma série de influências culturais que se relacionam com indígenas, africanos, portugueses e outros. Isso fez com que a nossa formação se tornasse um caldo de diferentes expressões”, diz Ohtake, ao explicar que as características de um povo formam o ato de projetar. “O Nordeste, por exemplo, tem forte relação com a cana-de-açúcar, enquanto no Sul existe toda a história com o café. Mas, em geral, somos uma nação, e brigar por essa identidade é importante”, completa.

FORMAS BÁSICAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO TENDO EM VISTA QUE O DESENHO É APENAS O PRIMEIRO PASSO PARA A CRIAÇÃO DE UMA ESTRUTURA OUSADA E EFICIENTE

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Eu acredito na arquitetura como obra pronta. Enquanto estiver no papel, é um desenho que integra uma fase importante, só completada quando construída, porque assim ela se impõe perante o

1 EDGAR JIMÉNEZ / WIKIMEDIA COMMONS

2 ACERVO ROAU

1. CURVA E OUSADIA NA CATEDRAL DA PAMPULHA 2. A LEVEZA DA EMBAIXADA DO BRASIL EM TÓQUIO 3. TODAS AS CORES DOS REDONDINHOS DE HELIÓPOLIS

espaço urbano

3 DIVULGAÇÃO

De olho nisso, o processo criativo deve atender a algumas ações, entre elas a de surpreender. E é isso que precisa acontecer no Brasil, a tomar como exemplo estruturas como a Capela da Pampulha, erguida em Minhas Gerais no ano de 1943, por Oscar Niemeyer. “O mundo inteiro reconhece que nossa arquitetura tem sido a mais inovadora, mesmo sem base tecnológica — pois isso é algo de quem detém o desenvolvimento”, pontua. A realidade nacional é saber utilizar o material disponível por aqui. “Um deles é o concreto, que parece difícil de lidar, mas não é. Já fora daqui é comum usarem o metal”. “Eu acredito na arquitetura como obra pronta. Enquanto estiver no papel, é um desenho que integra uma fase importante, só completada quando construída, porque assim ela se impõe perante o espaço urbano”, argumenta. Entre os exemplos que melhor se adaptaram ao entorno, está o projeto da comunidade de Heliópolis, em São Paulo, que atendeu a uma necessidade apresentada anteriormente ao poder público, algo que também merecia ser estendido ao pensamento urbanístico para ressaltar o bom convívio entre as pessoas. É o que Ohtake chama de sustentabilidade social.

“Fala-se muito na preservação de matas e no cuidado com os animais. Mas o termo também pode ser traduzido em outros desafios, pois somos um país onde pelo menos 40 milhões de habitantes ganham abaixo de mil reais por mês. Esse valor é sustentável? Acho difícil, a menos que se ofereça uma estrutura pública eficiente”, contesta o arquiteto, apontando soluções na então comunidade. Por lá foram 29 edifícios redondos, todos eles coloridos e inseridos dentro de um Plano Diretor, envolvendo acesso à arte, ao lazer e à sociabilidade. Tudo planejado de forma mútua, bem longe do assistencialismo. Para ilustrar, o arquiteto tomou como exemplo as sete cidades satélites de Brasília, que juntas integram dois milhões de pessoas. “Elas consolidaram um mau compreendimento urbanístico, mesmo com a Capital Federal ali perto, apresentando outra realidade, com desenho de Lúcio Costa e arquitetura de Niemeyer. Mas nas cidades do entorno não houve planejamento e, sim, proprietários de grandes terras com planos de loteamento. Isso é pra se entender o quanto é delicada uma proposta de urbanismo. O Plano Diretor deve se iniciar pela periferia, quando na prática se começa pelo Centro Histórico”, ressalta.

Nesse contexto, “qual o grande desafio?”. Para o filho da artista nipônica Tomie Ohtake, a história é importante como elemento de conhecimento, mas não deve ser única. A noção sobre o passado deve vir acompanhada de intuição e ousadia, “senão, criaremos coisas dos anos 1950 e 1980, que não mais se conectam com a realidade, deixando ainda de lado a beleza do traço contemporâneo. Se for um equipamento sem expressão, durará pouco, mas se for de vanguarda, ficará por anos”, alertou. É dessa forma que Ruy Ohtake vislumbra suas obras. Entre as apresentadas por ele na palestra, a embaixada do Brasil em Tóquio, de 1982. Segundo o arquiteto, o ponto alto desse trabalho está no movimento das formas, feita para impactar e dialogar com os passantes. Prova disso é a fachada em curva verticalizada de um prédio com cinco pavimentos localizado numa rua estreita. “Essa estrutura foi considerada pelo The New York Times uma das mais interessantes da capital japonesa, que se complementa com móveis de Niemeyer e cores vibrantes. É nessa transmissão de ideias e mensagens que gosto de entregar meus projetos”, concluiu. Vídeo | Confira a palestra na íntegra! Acesse: revistasim.com.br

RUY OHTAKE ESTEVE EM RECIFE PARA COMEMORAR A EDIÇÃO 100 DA REVISTA SIM! EM PALESTRA NA FACULDADE DAMAS. AGRADECEMOS O APOIO:

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COM A PALAVRA...

RENOVAÇÃO Reformulação e novidades para a Mostra. Pernambuco recebe novas franqueadas com muita expectativa por mudanças, e Paraíba terá pela primeira vez um evento da marca

PARAÍBA

César Revoredo e Ricardo Castro O franqueado da CASACOR® RN, em parceria com o arquiteto e jornalista Ricardo, assumem a missão de abrir o evento em João Pessoa, numa casa projetada por Borsoi e Burle Marx LUCAS OLIVEIRA

Alternância |A exposição será intercalada entre Rio Grande do Norte e Paraíba. Enquanto uma capital estiver sediando a Casa, a outra terá eventos pontuais para sempre existir uma interação com o público. Essa foi uma sugestão da própria marca, que já prospectava João Pessoa, e tinha um bom exemplo de alternância em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No fim das contas, isso dá um fôlego interessante aos envolvidos, porque os parceiros atuam no que chamamos de região dos três estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Estrutura | O evento será numa casa incrível, projetada por Borsoi e com jardim de Burle Marx, na principal avenida da cidade, a Epitácio Pessoa. Quando eu (Ricardo) passava em frente a ela, sempre idealizava uma mostra de decoração, mas sabia o quanto isso seria difícil, por saber que a estrutura pertencia a uma família muito tradicional da cidade. Acabei então conhecendo o proprietário e trazendo a ideia para ele, até, finalmente, chegarmos a um acordo de concessão. A área é enorme e permite receber todo mundo. Uma das condições de ocupação é que ela seja devolvida dentro das condições estabelecidas. Para o proprietário, a CASACOR® PB vai representar o grande momento em que ele efetivamente usará a residência, já que antes não podia fazer nada. Expectativas | A notícia foi muito bem aceita pelos escritórios locais e das cidades vizinhas, pois teremos inclusive a presença de Renato Teles, de Natal. É fruto de um trabalho em conjunto e união de forças para valorizar a arquitetura com sotaque paraibano. Formato | Serão 39 ambientes, com Master Plan assinado pela arquiteta Milena Nóbrega. Das novidades que podemos adiantar está o restaurante fechado em parceria com o Roccia, do chef Onildo Rocha, entre outras empresas de equipamentos e móveis planejados. A expectativa é atingir uma quantidade próxima à de Natal, por conta da similaridade dos mercados — que seriam 20 mil pessoas distribuídas nos 45 dias de Casa — que abre ao público já no dia 2 de setembro.

Eu acredito que a Casa tem se adaptado de forma inteligente a todas essas mudanças sociais César Revoredo

Mudanças | Eu (César) acredito que a Casa tem se adaptado de forma inteligente a todas essas mudanças sociais. O mercado jamais é o mesmo. É claro que muita coisa mudou nesses 30 anos de marca, e a própria CASACOR® sempre foi uma fomentadora de inovações, por ser um laboratório anual. Então, os formatos vão se refazendo e atendendo a diferentes arranjos familiares e absorvendo novas tecnologias. O tema este ano é a “A Casa em festa”, o que nos dá a possibilidade de fazer uma boa frente diante deste momento tenso do Brasil. Precisamos celebrar um pouco e a Paraíba está ansiosa por isso.

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NA CASACOR

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Convite | Depois que Pedro Ariel assumiu a direção de relacionamento da CASACOR® ano passado, percebeu que a Mostra precisava de um novo ânimo. Em dezembro ele nos fez o convite para assumir o projeto no Recife. No início ficamos apavoradas com a quantidade de trabalho que iríamos assumir, mas tentadas com a possibilidade de fazer um bom trabalho, sabendo que temos um mercado muito rico culturalmente, além de termos grandes profissionais, produtos e lojas especializadas. Em fevereiro aceitamos a proposta e começamos o planejamento de uma nova CASACOR® em Pernambuco. Resgate | A exemplo da mostra em São Paulo, que passou por uma reestruturação recente e é referência para o resto do Brasil, queremos dar uma nova cara a essa exposição no Recife e transformar o evento em um palco para grandes nomes, celeiro de projetos e lançamento de tendências. Nessa nova fase, a proposta é apresentar um modelo mais enxuto, porém robusto, aproveitando a riqueza do mercado em que estamos inseridas e o talento dos arquitetos da região. Com isso, levando um novo ânimo, retomando as raízes, fazendo uma Casa ainda mais glamourosa. .

PERNAMBUCO Carla Cavalcanti e Isabela Coutinho

As irmãs, novas franqueadas da CASACOR PE e sócias na Itálica Casa, no Recife, assumem o desafio de dar uma nova cara à Mostra, que acontece no segundo semestre

Perspectivas | Assim como fazemos na Itálica Casa, buscando sempre inovação e o melhor design para nossos clientes, queremos replicar essa concepção para esse novo desafio. Começamos esse projeto pensando para frente, assumindo desafios e acreditando que as parcerias serão muito importantes para o sucesso da CASACOR® PE, resgatando a tradição desse que é o maior evento de arquitetura e decoração do Brasil. Não é só promover uma mostra, é movimentar a cidade, fazendo com que sejam 45 dias de festa, com outras atividades acontecendo paralelamente, e com casa cheia para lançamento de novos produtos, gastronomia, moda, arte, uma grande vitrine de talentos. Novidades | A escolha do local é muito importante, faz toda diferença no resultado de um grande evento como este. Com isso, antes de mais nada, a nossa preocupação foi escolher uma casa com história para contar, uma bela arquitetura, situada em um bairro mais tradicional, como Apipucos, Casa Forte, Graças, na Zona Norte do Recife, que vai abrigar de 30 a 35 ambientes, numa localidade que ofereça conforto, segurança e comodidade aos visitantes. A CASACOR® é uma marca muito forte, com uma tradição de mais de 30 anos no Brasil, e precisa voltar a ter glamour. Para isso, estamos montando uma nova estratégia de comunicação. Além disso, algumas parcerias serão de extrema importância para o evento, que acontece em setembro, resgatando nomes tradicionais da arquitetura no Recife, os quais já não mais participavam da Mostra, trabalhando lado a lado com os jovens talentos, levando inovação e requinte ao público, em parceria com lojistas do Estado. O arquiteto paranaense Guilherme Torres, referência na CASACOR® SP, já está confirmado.

LUCAS OLIVEIRA

Começamos esse projeto pensando para frente,

assumindo desafios e acreditando que as parcerias serão muito importantes Isabela Coutinho

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VAMOS LER!

ESBOÇOS/SKETCHES 272 páginas

O processo criativo de um artista é sempre algo muito particular. Ao longo de 35 anos de produção, Raul Córdula colecionou em um caderno suas ideias e observações. Resultado desse hábito: Esboços/Sketches, livro em que abre ao público esboços e criações do seu trabalho. “Não tinha ideia de que mais para a frente faria dele um livro. Naquele momento, era um caderno de anotações que servia para me auxiliar”. Ele ressalta que a obra desmistifica muitos pontos acerca da geometria na arte. “Há uma crença de algo decorativo, mas é muito mais que isso. Quero mostrar que há algo de filosófico e minimalista”, aponta. O início de tudo deu-se em 1980, quando o autor tinha seu ateliê no Núcleo de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e segue com trabalhos feitos até 2015. São originais desenhados em papel milimetrado e que compoem as 272 páginas de um fac-símile. A obra teve incentivo do Funcultura e texto de apresentação da jornalista e crítica de arte Olívia Mindêlo.

A CIDADELA

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Patrocinado pela Docol, chega às livrarias o primeiro livro da coleção Arranha-Céu, que tem por objetivo atingir o público infantil, contando a história de um dos ícones da arquitetura paulista: o Sesc Pompeia, projeto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. A obra é idealizada por Baba Vacaro e ilustrada por Daniel Almeida. Além da versão impressa, a editora também lançará a versão digital e um audiolivro.

A 5ª edição do livro Arquitetura Brasileira, da Portobello, retrata projetos arquitetônicos inovadores e modernos de 23 escritórios espalhados pelo Brasil. Pontual Arquitetos (PE), CRN Arquitetura (PB) são os representantes nordestinos na obra. A região é citada também através do projeto do Hospital Naval, em Natal/RN, assinado pelo grupo carioca ARCTEC Arquitetura. O livro conta ainda com textos do arquiteto Maurício Del Nero e pode ser adquirido no site da editora responsável pela publicação. Cada edição custa R$ 80, e, no final do ano, toda a renda será revertida para o Lar Santa Maria da Paz, de Tijucas (SC).

C4 | 36 páginas

São Paulo na Arquitetura de ARTHUR CASAS Decor | 208 páginas

O arquiteto Arthur Casas faz um passeio na sua memória afetiva através das ruas da cidade que o abraçou e que o formou; a cidade que ele depois traduziu, à sua maneira, em arquitetura; a cidade à qual ele, agora, rende homenagens. A publicação é organizada em quatro capítulos, cada um com uma característica típica da metrópole. São eles: o modernismo - inspiração evidente do seu trabalho; o cosmopolismo, que influencia na sua tradução das suas origens; o caos urbano, que reflete o inverso e o gosto pela limpeza com traços retos e cores claras; e o detalhismo, que é o momento em que o arquiteto encontra a beleza nos pequenos pontos que poderiam passar despercebidos.

Magma | 247 páginas

ARQUITETURA + DESIGN Stock Company | 248 páginas

Fernanda Marques lançou o seu segundo livro, em que apresenta 32 projetos especiais da sua carreira. A publicação apresenta os mais importantes trabalhos da arquiteta dos últimos cinco anos, contemplando projetos residenciais, comerciais, incorporações, e, ainda, um inédito na Fazenda da Boa Vista, no interior paulista. Dentro de toda sua filosofia de trabalho, o livro ainda mostra as criações na área do design com marcas consagradas no mercado, como Mekal e Solarium.

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SIGA-ME!

Para quem acessa o Instagram, separamos seis perfis que valorizam arquitetura, construção e atividades sustentáveis.

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1. O @arquitetura_sustentavel foi criado pela arquiteta Gabriella Machado, da Bahia. Por lá o público pode conferir diariamente dicas de técnicas e materiais sustentáveis que ajudam a contribuir para a melhoria da qualidade de vida do planeta e das pessoas. 2. O perfil @plantai é uma startup conectada à natureza. Lá são realizadas experiências inovadoras que integram marketing, responsabilidade socioambiental, entretenimento e mídia social para empresas e público usuário.

3. O @sustentarqui é um portal que tem como função repassar informações sobre arquitetura e construção sustentável. Além das notícias, o público confere ainda um guia de produtos que seguem o tema. 4. O conhecido @sosmataatlantica apresenta suas campanhas e trabalhos em favor das florestas, com a inteção de avisar, notificar e motivar as pessoas a praticarem a cidadania, exibindo os principais pontos ecológicos do Brasil.

6 5. A organização não governamental @greenpeacebrasil atua no mundo todo desenvolvendo ações relacionadas à preservação ambiental, a exemplo do #DesmatamentoZero, que já se tornou um projeto de lei com o apoio da população e personalidades. 6. O @preserveagua apresenta produtos, dicas e soluções sustentáveis. O objetivo é contribuir para a redução do consumo de água, sem agredir o meio ambiente.

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JARDINS

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Marcelo Kozmhinsky é engenheiro agrônomo, paisagista e educador (81) 99146.7721 | 99146.4563 www.raiplantas.com

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VERDE QUE RENOVA

Nesse sentido, as plantas são ótimas curingas. Além de decorar os ambientes, deixando-os mais alegres, podem também auxiliar na qualidade do ar, filtrando toxinas. Para se ter uma ideia, os cômodos de hoje possuem muitos equipamentos eletrônicos, assim como salas de TV e estúdios, além de áreas que tenham um alto potencial de apresentar vapores tóxicos, tais como cozinhas e ateliês. Os quartos de dormir também são excelentes locais para o verde, pois é possível converter o dióxido de carbono em oxigênio. Dizer que dormir com planta no quarto faz mal é um mito. Para pessoas não alérgicas, mantê-las no dormitório é uma ótima maneira de se sentir mais perto da natureza. Diariamente, estamos expostos a uma variedade de contaminantes, incluindo fumaça, toxinas, gases químicos que evaporam, pesticidas, mofo, pequenas fibras, bactérias etc. A limpeza diária elimina alguns desses perigos, mas não pode lidar com muitos contaminantes. Algumas espécies são mais eficazes nessa função. Para isso, a Nasa desenvolveu estudos em 1989 a fim de identi-

ficar aquelas que poderiam oferecer melhor desempenho em ambientes fechados. Na pesquisa, foram levados em conta vários poluentes do ar. Os mais comuns e os que as plantas se encarregam de filtrar são: benzeno, xileno, amoníaco, tricloroetileno e formaldeído. O primeiro dessa lista é um líquido incolor, constituinte do petróleo, inflamável e com um aroma doce. Na natureza, o benzeno é liberado por processos naturais, como o vulcanismo e as queimadas, mas a maior parte da sua liberação provém da atividade humana. É encontrado na gasolina, na fumaça do cigarro e para fabricação de outros compostos, como os plásticos e lubrificantes. O xileno é usado como solvente, sendo precursor de outros produtos químicos, encontrados no alcatrão e no petróleo. É utilizado como solvente aromático nas indústrias de defensivos agrícolas, tintas, vernizes, corantes e resinas. Já a amônia ou gás amônia, é um composto químico utilizado em circuitos frigoríficos, em máquinas de compressão mecânica de potências médias e grandes e em máquinas frigoríficas de pequenas potências (refrigeradores e frigoríficos domésticos). É um hidrocarboneto clorado e comumente usado como solvente industrial e desengorduramento de peças metálicas, além de ingrediente em adesivo, líquidos para remoção de pinturas e para corretores de escrita e removedores de manchas. Por fim, o formaldeído é um dos mais comuns produtos químicos atuais, denomina-se formol ou formalina.

FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Muitos espaços numa casa, apartamento ou escritório podem acolher uma planta. O ideal é um canto que se possa acessar facilmente e onde a água escorra sem causar estragos. Vasos no chão, mesas de estudo, parapeito de janelas e estantes específicas são bons lugares comumente escolhidos, de preferência próximos a uma janela que ofereça luz.

RODRUSOLEG / DEPOSITPHOTOS.COM

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Conheça as espécies que auxiliam na qualidade do nosso ar

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1. Jiboia (Epipremnum aureum) – eficaz na absorção de formaldeído, xileno e benzeno, e pode ser usada em interiores. 2. Lírio-da-paz (Spathiphyllum) – absorve os cinco contaminantes de ar analisados e pode ser utilizada em ambientes de interior, mas necessita de muita luz natural. 3. Palmeira-ráfia (Raphis excels) – se encarrega de eliminar do ar o formaldeído, o xileno e o amoníaco, adapta-se muito bem em interiores. 4. Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata) – é boa para eliminar benzeno, xileno, formaldeído e também o tolueno e o tricloroetileno. É bastante utilizada na decoração de interiores por causa da rusticidade. 5. Árvore-da-borracha (Ficus elastica) – é eficiente na eliminação de benzeno, xileno e tolueno, e também age contra o formaldeído e o tricloroetileno.

Outras planas que auxiliam nesse aspecto são: Cactos, Samambaia americana, Aglaonema, Clorófito, entre outras tantas plantas de interiores.

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Ana Patrícia de Paula (Tita de Paula) Jornalista, designer floral, paisagista e jardineira Dona Jardineira: (81) 3036.6314 / 99152.1237 Instagram e Facebook: dona jardineira contato@donajardineira.com.br www.donajardineira.com.br

CAMÉLIA O “Oh jardineira, por que estás tão triste/ Mas o que foi que te aconteceu?/ Foi a camélia que caiu do galho/ Deu dois suspiros/ E depois morreu”. Quem já não ouviu essa marchinha de carnaval? Ou até mesmo ouviu falar em um clássico romance, chamado “A Dama das Camélias”, do escritor Alexandre Dumas? A flor desta edição é tão exuberante, que fica difícil não se inspirar com ela. A Camélia, originária das regiões montanhosas da Ásia, é, na verdade, um grande arbusto lenhoso e pode atingir até seis metros de altura. Quando usada em jardins, vira logo protagonista com suas flores vigorosas, de textura macia, que variam no porte, no tipo e nas cores, e sua folhagem verde-escura brilhante não deixa por menos. Pesquisadores já constataram mais de 80 variedades dessa planta. O Japão, a China, a Coreia, juntos com a Itália, são líderes mundiais no cultivo e na criação de novos tipos.

Segundo estudiosos, a Camélia é uma homenagem ao padre jesuíta, muito respeitado no círculo botânico, Georg Kamel, que, em meados do século XII, encantou-se por ela e passou a ser seu principal divulgador. Como o latim não possui a letra “K”, ela foi substituída pelo “C”, dando origem a Camellus. Assim surgiu a palavra Camellia. No início do século XIX, a flor já era bastante conhecida e admirada na Europa. Passou a fazer parte da cultura da aristocracia e da alta burguesia. Moças inglesas tinham o hábito de adornar seus cabelos e chapéus com guirlandas da espécie. Elas podem ter as pétalas simples ou dobradas, em tons de vermelho (na espécie original), branco e róseo e mesclado (resultado de cruzamentos de sementes) e que deixam o outono-inverno bem flo-

MÚSICAS "Camélia ficou viúva, Joana se apaixonou, Maria tentou a morte por causa do seu amor". Trecho da música "Dança da Solidão", de Paulinho da Viola. “E a saudade que ficou, ficou pra magoar meu coração. A minha vida se resume, ó, Dama das Camélias, em duas flores sem perfume, ó, Dama das Camélias”, de Francisco Alves, já interpretada por Caetano Veloso.

rido! Pois é! É de clima ameno e altitude que elas gostam. O cultivo é em pleno sol, meia-sombra e em ambientes internos bem iluminados, só lembrem-se que se trata de uma planta de grande porte. Apreciam um solo fértil, bem drenado, rico em matéria orgânica, ligeiramente ácido, para se desenvolver bem. Apesar de ser considerada resistente e rústica, precisa de vários cuidados, tanto para evitar ataques de pragas ou doenças, como para dar condições para o arbusto florir adequadamente. Dependendo da espécie e da forma como é cultivada, a camélia dá origem a vários tipos de chás, óleo-combustível, além de ser muito usada em arranjos de flores.

CURIOSIDADES 1. Terapeutas florais acreditam que a essência floral da Camélia permite a conexão com níveis internos, despertando e estimulando ideias benevolentes e sentimentos de amor altruísta e incondicional. 2. Camélia, suas cores e significados: • Camélia branca – o belo perfeito • Camélia rosada – da alma • Camélia vermelha – reconhecimento e sinceridade

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CRÔNICAS DO OLHAR

Raul Córdula é artista, professor e cronista de arte (81) 3439.9631 | rcordula@hotmail.com

ARTISTAS ARQUITETOS

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O conceito da arte nem sempre foi o mesmo que vigorou do Renascimento até meados do século XX, quando o que nos movia “profissionalmente” como artistas era um complexo de normas e conceitos que teve início no século XV e, tudo indica, terminou no fim da modernidade, pois na arte contemporânea estas normas e conceitos não se aplicam. No sistema da arte pós-renascentista, na pintura especialmente, os valores se condicionavam à realidade representada através de um desenho preciso e uma pintura próxima ao território do olhar. Por aí já se conclui que desde o impressionismo algumas dessas normas foram quebradas. Outros valores que atendiam ao olhar renascentista e ao desdobramento barroco, romântico, maneirista ou acadêmico, são a composição clássica manifesta na harmonia dos conjuntos espaciais e cromáticos e na temática condicionada ao trinômio paisagem, retrato e natureza morta, que resultaram, a partir da modernidade, no abstracionismo, no figurativismo e na arte geométrica.

Na arquitetura não foi diferente, pois no Renascimento, filho dileto da Grécia clássica, a reprodução da realidade era a arte por excelência – lembremos que a palavra “arte”, em grego, é tecné, e arquitetura é técnica antes de tudo. A pintura, principalmente, e a escultura tinham então nesse contexto a função de ornato, não eram artes autônomas, muito menos autorais, com algumas exceções. Pareciam mais com o que chamamos hoje de artesanato. Quase nada se sabe sobre os escultores medievais ou góticos assim como sobre os artistas egípcios, persas ou romanos, por exemplo, por que eram anônimos como os artesãos ou técnicos da arquitetura, na mesma categoria dos pedreiros e carpinteiros. Foi o Renascimento, que não surgiu da noite para o dia, mas da elaboração do pensamento de homens sábios, que prestigiou e categorizou a pintura e a escultura, e consequentemente o desenho e a gravura, fazendo conhecer o indivíduo autor das obras. Ficamos a imaginar, pois, como seria o mundo atual se o teto da Capela Sistina fosse considerado um simples ornamento.

A consciência da individualidade marca, portanto, o sistema da arte que vigorou até a modernidade. Para tanto, foi fundamental a genialidade de artistas como Miguel Ângelo, Rafael e Leonardo, que foi um misto de arquiteto, inventor e projetista (designer), e dos renascentistas franceses, ou ainda dos alemães e holandeses ligados à reforma luterana. Enquanto vigoraram na religião católica os seus cânones sobre a arte na pós-renascença, onde ela permaneceu longo período como ornato, o artista “civil”, isto é, aquele não religioso, despontou. A Reforma nos trouxe uma arte não obrigatoriamente religiosa – o que Post e Eckout vieram fazer aqui senão “fotografar” o ambiente e o gentio para “vender” a aventura holandesa aos possíveis investidores da Companhia das Índias Ocidentais.

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JOSÉ PAULO

LUCIANO PINHEIRO 32

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ROBERTO CAVALCANTI ELÍSIO MOURA CÁTIA AVELAR

LUCAS OLIVEIRA

O arquiteto, por sua vez, continuou especificando obras de arte para ornamentar edifícios, porém dentro da visão do mundo moderno. O mais importante dessa história é que muitos arquitetos pelo mundo dividem a atividade de projetar edifícios e fazer arte. No Brasil os exemplos mais conhecidos são Oscar Niemeyer e Burle Marx. No Recife existem vários arquitetos que fazem arte. Citaremos alguns que são mais próximos do público na tentativa de formar uma relação, mas já me desculpando por possíveis faltas: Quero começar pelo grande pintor Luciano Pinheiro, criador de grandes paisagens sem horizontes ou pontos de fuga, obras que nascem no seu olhar interior e se concretizam para encantar a todos. São representações do espaço vegetal onde está encrustada a cidade de Olinda.

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Já Petrônio Cunha representa Olinda através de desenhos e de magníficas silhuetas de papel preto como os que foram editados pela Prefeitura daquela cidade em 1988, num pequeno e belo volume intitulado “Varadouros de Olinda”. Passando da pequena para a grande escultura temos um artista de importância nacional que é José Paulo, autor de grandes murais de cerâmicas de alta queima e objetos. Ele utiliza a cerâmica como material da arte contemporânea, como se viu na exposição REPETIR, REPETIR, REPETIR, que realizou em 2002 na Galeria Amparo 60. Outro arquiteto escultor é Roberto Cavalcanti, que constrói figuras orgânicas tingidas de cores primárias, de grande presença nas edificações do Recife.

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Outro exemplo é Humberto Magno, que viveu na Bahia nos anos de 1970, onde instalou um grande mural de concreto num dos edifícios do Centro de Convenções, é um dos pioneiros da ocupação artística de Olinda nos anos de 1960. Em certo momento de sua pintura estruturada se vê também a síntese de nosso espaço vegetal. Citamos ainda os arquitetos artistas do Recife Murilo Santiago e Elísio Moura. Mesmo criando obras bidimensionais, Murilo foge da tinta e da tela utilizando aparas de papel que sobram das guilhotinas das gráficas para compor sinuosas formas em relevo, já Elísio é um pintor que recorre à práxis da arquitetura ao traçar figuras geométricas com linhas sobre manchas judiciosamente organizadas na tela.

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(...) muitos arquitetos pelo mundo dividem a atividade de projetar edifícios e fazer arte

O saudoso amigo Bernardo Dimenstein, que além da arquitetura foi proprietário da galeria OFFICINA, pintava figuras que pareciam existir num palco onde o cenário era a cidade do Recife imersa numa forma bidimensional de cunho armorial. Cátia Avelar não utiliza os materiais tradicionais da arte, ela cria e realiza manualmente joias — belíssimos objetos que são em si pequenas esculturas. É importante lembrar que a criação de joias ou bijuterias é também uma atitude artística, como foi o caso dos adornos em metais preciosos de Zamir Caldas, ou ainda dos belos colares compostos de materiais comuns de Dió Diniz.

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ZOOM

CINCO ANOS DE PRODUÇÃO Nuvem completa mais um aniversário cheia de planos e novidades para o público

A ideia era criar uma cadeia de arte que envolveria projetos culturais, divulgação, agenciamento e venda das obras Guga Marques

DANILO GALVÃO

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A produtora, que surgiu de um sonho da publicitária paraibana Claudia Aires e do arquiteto pernambucano Guga Marques, egressos da produção musical, nesses cinco anos foi conquistando seu lugar no mercado das artes. Além do aniversário, este ano também marca a ascensão da dupla à frente da Nuvem Cultura e Comunicação, com a ampliação e melhoria do portal na internet e novos artistas no line up. “Lá em 2011, quando pensamos a empresa, optamos por basear todo o negócio na internet. Vendemos um carro e, com o dinheiro arrecadado, montamos o site e a loja virtual – um dos pilares do negócio. A ideia era criar uma cadeia de arte que envolveria projetos culturais, divulgação, agenciamento e venda das obras”, lembra Guga, que começou com poucos artistas, inicialmente amigos. Já no primeiro ano, conseguiram firmar uma parceria com a editora paulista Zupi, que trouxe ao Recife uma edição do Festival de Artes Visuais Pixel-Show, no Centro de Convenções de Pernambuco.

“Um dos fatos mais marcantes foi nossa mudança para a Galeria Joana D’Arc, em 2013, onde montamos escritório, agência e galeria, com exposições em períodos regulares”, explica Claudia, que, a partir de 2014, entrou fortemente no mercado de agenciamentos artísticos, em parceria com outras empresas, na criação de painéis em graffiti e ilustrações para projetos publicitários. Das exposições mais marcantes, os sócios citam a primeira individual de Derlon, no Rio de Janeiro, em 2011, fruto de um projeto cultural; a expô do grafiteiro Jota Zer0ff, em 2014; duas exposições da pernambucana Gio Simões, 2014 e 2015; a produção local da exposição do artista português Alexandre Farto, o Vhils, na Caixa Cultural do Recife, em 2014; a Expo A7MA, na Nuvem, parceria com a galeria homônima de São Paulo, que aconteceu no Recife e na capital paulista; e a Expo Joanas, coletiva com 18 artistas da cena pernambucana, em comemoração aos 25 anos da Galeria Joana D’Arc, em 2015.

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Este ano, a Nuvem teve um projeto aprovado para o Funcultura, que promoverá a ampliação e melhoria do seu portal na internet, com a criação de uma página específica para agenciamentos e artistas parceiros e outra para cadastro gratuito de artistas, empresas e locais da cadeia produtiva da arte. Além disso, foi convidada, pelo segundo ano, a participar da feira de arte urbana ArtRua, no Rio de Janeiro, em setembro. “Na nossa primeira passagem pela Feira, em 2014, levamos os pernambucanos Bozó Bacamarte, Jota Zer0ff, Gio Simões, Galo de Souza, Juliana Lapa, Gráfica Lenta, e o paraibano Thiago Verdeee, além de Shiko, entre outros. Desta vez, pretendemos levar novos artistas”, explica Guga.

VICTOR JUCA FOTOS: ACERVO NUVEM

“Temos um grande prazer em ter iniciado esse movimento na cidade do Recife, valorizando o trabalho dos artistas urbanos, sempre relegados a segundo plano, tirando essas pessoas do anonimato e alçando-os ao patamar de ‘artistas visuais contemporâneos. E seguimos em frente, nunca baixando a cabeça ou desanimando, mesmo com todos os percalços, o sonho de mudar as coisas é mais forte do que a realidade que é dura, mas passageira”, finaliza Guga Marques.

FOTOS: ACERVO NUVEM

Nuvem Produções www.portalnuvem.art.br (81) 3052.4530

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É TUDO! Alexandre Mesquita | Arquiteto, especialista em design de interiores e professor universitário Mesquita & Belém – Arquitetura e Design: (81) 3039.3031 | www.alexandremesquita.com.br |alexandre@alexandremesquita.com.br

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Um dos grandes desafios na arquitetura é entender a personalidade do cliente e captar o que ele espera do projeto. Mas, um ponto ainda mais desafiador é a escolha das cores, que podem deixar os cômodos mais coloridos, divertidos, além de trazer mais energia, ou o contrário. E apesar de a maioria das pessoas se jogar nas cores, muitos ainda ficam receosos. O fato de não optar por uma paleta mais vibrante não quer dizer que não goste de nada descontraído ou despojado. O interessante, como tudo na vida, não é o radicalismo, mas escolher um mix de tons quentes e frios, com um toque de ousadia em alguns pontos.

Para manter esse equilíbrio, pode-se optar por algo minimalista e sem ser “too much”, trabalhando tons que permitam incluir um efeito colorido no visual, evitando a estética pesada, levando modernidade e jovialidade à casa. São os detalhes que fazem uma grande diferença e dão vida ao ambiente, contrastando com tons neutros e mais pacíficos, predominados pelo branco, tons terrosos e cinza. Mas, a tendência também fica muito legal ao combinar com outras cores, às vezes, um sofá vibrante, um objeto neon ou até mesmo luminárias coloridas são capazes de revolucionar um lugar de tons neutros. Mas antes de encher a casa de cor, é bom ficar atento às influências que elas podem ter, transmitindo paz e tranquilidade ou energia e ação. Ter ousadia não significa fazer um pot-pourri com todos os estilos. A opção é abusar nos objetos mais coloridos, e manter uma neutralidade no restante. Assumir sua atitude sem medo! Por isso, garimpamos alguns itens que servem de exemplo para uma composição cheia de vida e identidade.

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NO ALTO: LINHA DE POLTRONAS EAST RIVER CHAIR, DA DESIGNER HELLA JONGERIUS, DA ITÁLICA CASA, É OPCÃO PARA QUEM GOSTA DE TONS VIBRANTES; ACIMA: AS CURVAS DA ORGANIC CHAIR CONFERENCE, DOS DESIGNERS CHARLES EAMES E EERO SAARINEN, DA ITÁLICA CASA, SUGEREM MODERNIDADE E OUSADIA AO AMBIENTE; AO LADO: CADEIRA PARA ESCRITÓRIO MY CHAIR, DA CASA OFÍCIO, É PARA QUEM ESTÁ DE OLHO NAS CORES QUE SÃO TENDÊNCIA DO ANO

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À ESQUERDA: O AMBIENTE COMPOSTO PELA POLTRONA ALANDA E O PUFF DE CROCHÊ É VALORIZADO COM O TOM FORTE DA LUMINÁRIA NEON, DA NOVO PROJETO, QUE ALINHA O CLÁSSICO AO MODERNO; ABAIXO E À DIREITA: LUMINÁRIAS DA LINHA ALFAIA, DA DESIGNER CRISTINA BERTOLUCCI, DA LIGHT DESIGN + EXPORLUX, PODEM SER UM DIFERENCIAL EM AMBIENTES MINIMALISTAS

de cor, é bom ficar atento às influências que elas podem ter (...) DIVULGAÇÃO

LUCAS OLIVEIRA

(...) antes de encher a casa

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UMA OUTRA MANEIRA DE DEIXAR O ESPAÇO ORIGINAL, É INVESTIR EM MÓVEIS COM CORES E DESIGN DESCOLADOS, COMO O SOFÁ OTTO, DO DESIGNER GUILHERME TORRES, DA ITÁLICA CASA

ACIMA: LUMINÁRIAS DA LINHA URUCUM BERTOLUCCI, DA DALUZ ILUMINAÇÃO, SÃO PEÇAS PARA UMA COMPOSIÇÃO MAIS CLEAN, UMA FORMA DE TRAZER A COR DE MANEIRA SÓBRIA; À DIREITA: O ESTILO INSDUSTRIAL GANHA MAIS VIDA COM O AMARELO PROPOSTO NO MOBILIÁRIO PLANEJADO DA MAREL

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PRÁTICA ACIMA DE TUDO

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O arquiteto Juliano Dubeux propõe a reciclagem de conhecimentos

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Esse universo já foi discutido com uma turma que concluiu o primeiro módulo, com breve exposição de projetos na loja Pamesa. “A Escola surge

com o objetivo de apresentar a ‘vida real’ da arquitetura para estudantes e novos profissionais. No curso, os participantes atenderam à demanda completa de um cliente para elaborar o projeto executivo de uma residência. Para a apresentação final, eles tiveram que passar por todas as etapas de um projeto, desde a burocracia até o detalhamento”, explica Dubeux. A princí-

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Para sair da noção empírica repassada nas universidades e descortinar a realidade de um arquiteto, é preciso aprofundar conhecimentos. Essa é a proposta da Escola do Corte, idealizada pelo arquiteto Juliano Dubeux, para apresentar o mercado de trabalho e suas necessidades reais. As noções discutidas são amplas, e vão desde a escolha do terreno, o entendimento da legislação, o processo de entrada formal na prefeitura, os estudos preliminares e o anteprojeto, até chegar finalmente ao projeto básico e sua execução. Isso sem falar no detalhamento, nos cadernos de especificação, nos quantitativos, nas estimativas de orçamento e no contrato.

pio, neste ano de 2016 serão desenvolvidos mais quatro treinamentos práticos com temas cruciais.

As faculdades transmitem um conhecimento teórico muito rico, mas é fundamental muita prática, principalmente para quem não está interessado na área acadêmica

Escola do Corte | Escritório Juliano Dubeux julianodubeux@gmail.com (81) 3424.3796 | @escoladocorte 38

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA

O DESAFIO DE PROJETAR NA ILHA Construir em Noronha é para quem tem planejamento e disposição TEXTO: EDI SOUZA FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Para Le Corbusier, “A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz”. Um ato de precisão, bem como os traços de um profissional que pensar construir num arquipélago distante 545 km de Pernambuco, acobertado pela designação de Parque Nacional. Em Fernando de Noronha nada pode ser erguido ‘por acaso’ em 26 km2 de extensão geral. Aliás, esse é um termo sem vez na profissão e nas bases de uma ilha que busca a solidez de sua identidade visual e seus rumos sustentáveis. De olho nisso, abrimos as páginas a seguir com cinco projetos que venceram as etapas de autorização, construção e funcionamento. Todos eles atentos às exigências de preservação e impacto zero, aliados ao bom gosto de se erguer uma estrutura num cenário paradisíaco.

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA

obra, porque quando você instala um canteiro, incluindo trabalhadores de fora, pois aqui não tem mão de obra

Nesse contexto cheio de regras inicia uma verdadeira corrida contra o tempo de arquitetos junto aos órgãos públicos que orientam o processo. Na prática, é como se uma obra que em terra firme duraria um ano, por lá somariam dois. Um fator que se intensifica logo pela localização geográfica de 21 ilhas, ilhotas e rochedos de origem vulcânica em pleno Oceano Atlântico. As limitações no acesso fazem com que a matérias-primas cheguem apenas de navio – sujeitas a todo tipo de reviravolta climática. “Isso não garante o tempo exato de chegada e nem que haverá a preservação dos materiais. É projetar sabendo lidar com todo tipo de imprevisto”, adianta Marco Antônio Borsoi, que projetou a pousada Teju-Açu, em 2008. Ele, como os demais entrevistados pela SIM!, precisaram unir as características abordadas no começo desta matéria com algo indispensável à execução: jogo de cintura! “São diferentes etapas a percorrer, que vão desde o custo do transporte até a autorização para desembarque, e tudo isso exige tempo”, resume Marcos Schulze, que desenhou a Pousada Solar dos Ventos e outros projetos comerciais e residenciais em Noronha. “Com o tempo você aprende

a lidar melhor com a burocratização, e tenta colocar isso em um planejamento”, completa. Em 2008, com a mudança da administração local, o diretor de infraestrutura da época recrutou o arquiteto da Ilha, João Rocha, para o trabalho de desenvolvimento urbano. A função de apontar o modelo de construção ideal no arquipélago ganhou proporções, e hoje ele é uma das figuras mais procuradas quando a pergunta é: ‘como erguer ou reformar dentro da Ilha?’.

“O segredo está na velocidade da

especializada, é mais um custo. Lembre que também há o transporte de material, porque não existe embarcação suficiente ou de porte autorizada a desembarcar com tudo isso. Ainda temos dificuldade de retirar esses produtos do barco, pois só temos dois guinchos”, adianta. Por conta da falta d´água e da deficiência em saneamento, desde 2002 está proibida a construção de novas pousadas. A permissão, segundo a administração, é para adaptar as que já existem, sem aumentar a quantidade de leitos. “Se a casa estiver em zona urbana e você quer transformá-la completamente, fazendo quartos melhores ou transformá-los em bangalôs, poderá fazê-lo respeitando a taxa construtiva estipulada de acordo com o terreno”, conta.

Ainda há muita construção irregular, mas sei que é um processo que tende a mudar. A tecnologia pretende ser um facilitador em prol da importância que é Noronha João Rocha

Dessa forma, a administração não aprova os projetos, ela faz uma análise favorável ou não aos demais órgãos públicos. “Vencendo toda etapa de análise, vem a escolha dos materiais. O Plano de Manejo é subjetivo, então, quando você não tem normas técnicas, na falta de uma lei de uso do solo e ocupação, todos os projetos passam por uma avaliação empírica, como o seu impacto visual – então não são simplesmente questões técnicas, por mais que você precise do jogo de arquitetura para aprovação, detalhando planta baixa, corte e fachada.

Mas o seu memorial descritivo é o que vai convencer se aquilo é bom pra Ilha, e que se consiga demonstrar que

a reforma ou ampliação tenha uma pegada de carbono menor possível, agregando reutilização de água e energia sustentável, por exemplo”, completa.

ETAPAS PARA APROVAÇÃO DO PROJETO Para terrenos em zona urbana: apresentar projeto na administração da Ilha, que faz uma análise de acordo com o Plano de Manejo e o aprova. Em seguida, o projeto precisa ser licenciado pelo CPRH, que emitirá uma L.P. (licença prévia); L.I. (licença de instalação); e depois uma L.O. (licença de operação) - depois de consultar o ICMBio.

Só então, com a licença na mão, os materiais de construção podem ser liberados pela Administração, que fiscaliza principalmente os excedentes, para evitar obras irregulares e desvio de material.

Para terrenos em área histórica-cultural: após a etapa de análise da ADM, o projeto deverá passar pela CPRH e, nestes casos, ser submetido ao IPHAN. O órgão faz uma análise de arqueologia e outra de arquitetura – isso com referências históricas.

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ECOPOUSADA

TEJU-AÇU ARQUITETURA

MARCO ANTÔNIO BORSOI RUY LORETO TEREZA SIMIS BORSOI DESAFIO | A topologia vulcânica do local SOLUÇÃO | O projeto teve que ser pensado para interferir o mínimo possível na paisagem. São como cabanas no meio das árvores, nada urbano

Se a arquitetura tem como função criar atmosferas, nesse projeto ela conseguiu ter um clima acolhedor Marco Antônio Borsoi TEXTO: EMANUELE CARVALHO FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

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A partir do conceito de sustentabilidade e preservação da vegetação local, o projeto da Teju-Açu, próximo à Praia da Conceição, levou três anos até a conclusão da obra, que iniciou em 2005. São seis bangalôs, sendo dois quartos com varanda, de 40 m², recepção, restaurante, bar e piscina com hidromassagem, tudo com a mínima interferência sobre a natureza, para garantir o selo ecológico. “Durante a fase de planejamento, discutimos qual deveria ser o sistema construtivo, por conta de toda a dificuldade com a topologia dos terrenos e da disponibilidade de matéria-prima. Com isso, optamos por troncos de eucalipto, para a parte estrutural, as divisórias em painel wall, para o restante, e telhas Tégula”, conta Marco Antônio Borsoi, que minimizou ao máximo o uso do concreto em decorrência do transporte da areia, que chega do Recife. “Na Ilha tem a brita, que serve para a preparação do concreto, mas a areia é transportada em sacos que são levados em cima do convés dos navios. No contato com a água salgada, esse material fica impróprio para a construção, pois o sal deteriora as placas e compromete a sua durabilidade”, explica.

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A solução encontrada pelos arquitetos para superar as dificuldades foi se valer da tipologia dos bangalôs e a assimetria na localização de cada um, assim como as várias escadas de acesso, que imprimem mais charme ao equipamento. “Eles têm estruturas isoladas, cada um virado para um lado, isso dá a impressão de que não são iguais, e a ideia era essa mesma, imprimir movimento, sem repetição do mesmo protótipo. Assim como o labirinto de escadas, que criamos com a intenção de desordenar os caminhos, pois se você ordena demais acaba ficando meio chato”, garante o arquiteto, que teve como limitação a criação de até dois pavimentos por estrutura. As áreas de lazer foram construídas sobre palafitas, utilizando madeira de reflorestamento, com total integração com os demais ambientes da pousada, sem tirar a privacidade dos hóspedes. “As varandas dos quartos estão viradas pra piscina, criando essa interação, um diálogo entre as duas peças. Mas, ao mesmo tempo, por conta da vegetação, há sutileza entre ser visto ou não. Se a arquitetura tem como função criar atmosferas, nesse projeto ela conseguiu ter um clima acolhedor”, comemora Borsoi, que contou com a parceria do arquiteto e paisagista Luiz Vieira, para criar essa confluência entre a natureza e a arquitetura. “Fizemos a opção de levar para a pousada fruteiras e flores para ratificar todo o charme do lugar, criando um ponto focal na piscina, aproveitando a vista e mantendo o aspecto natural de Noronha, além de plantas como costela-de-adão, coqueiro-anão e samambaias. Criamos, ainda, um jardim vertical de trepadeiras, feito com madeira de eucalipto e tela, que serve de painel para dividir a área da pousada e a casa do administrador”, explica Luiz Vieira. Além da arquitetura, o escritório desenvolveu o projeto de interiores, e mantiveram a escolha pela simplicidade e o regionalismo nos quartos e demais espaços, com piso e teto em madeira, cores neutras e materiais rústicos, os quais garantem o clima praiano da pousada. “Nós queríamos que o hóspede tivesse uma experiência diferente da que ele está acostumado em seu dia a dia”, completa Tereza Simis.

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA PLANTA BAIXA DA SEDE | PISO SUPERIOR

Planta e cortes com diferentes ângulos para mostrar a complexidade da obra em suas diferentes funções

CIRCULAÇÃO DELIMITADA POR DECK E ESCADARIA DE MADEIRA

PONTOS DE SUSTENTAÇÃO DA SEDE COM TORAS DE EUCALIPTO

APROVEITAMENTO DA ÁREA PARA ABRIR O SALÃO

ALPENDRE, COM VIDROS E TRELIÇADO DE MADEIRA PARA EVITAR A INCIDÊNCIA DE CHUVA NO LOCAL

CORTE DOS BANGALÔS A DESORDEM CRIADA PELO LABIRINTO DE ESCADAS DEIXA A PLANTA MENOS MONÓTONA E REPETITIVA

OS BANGALÔS POSSUEM A MESMA PLANTA, MAS COM VARANDAS VIRADAS PARA LADOS DIFERENTES, O QUE GARANTE O MOVIMENTO PROPOSTO NA PLANTA

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O grande charme fica por conta da construção de entrada, onde está localizada a recepção e o restaurante, como uma grande nau atracada, que convida o visitante a um passeio nas belezas de Noronha. “Esse edifício é como se fosse um grande alpendre, com vidros e um treliçado de madeira para evitar que a chuva molhe o local, e um dos responsáveis por esse charme que caiu no gosto de estrangeiros e nativos”, finaliza o arquiteto. Mesmo estando acima do nível da rua, como alternativa para manter o solo natural, a ecopousada conta com dois bangalôs acessíveis para deficientes físicos. Além disso, possui um sistema de captação de água da chuva, que, aliado ao tratamento de esgoto e sistema de energia solar, fazem do complexo um exemplo de construção consciente. Marco Antônio Borsoi Arquitetura marcoantonio.borsoi@gmail.com | (81) 3465.4311 Luiz Vieira Paisagismo luizvieira.com | (81) 3466.5812

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TRIBOJU ARQUITETURA

PEDRO MOTTA DESAFIO | Oferecer conforto térmico pelo estudo dos ventos e da incidência solar SOLUÇÃO | Uso da arquitetura bioclimática para melhor disposição dos bangalôs

Nossa proposta sempre foi de uma construção seca e de resultados funcionais a um lugar com grande fluxo de pessoas Pedro Motta

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TEXTO: ERIKA VALENÇA FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

A intenção do projeto foi unir forma e conceitos fundamentais de sustentabilidade, a partir de materiais arrojados, como painéis cimentícios Wall Eternit na estruturação dos bangalôs, que permitiu uma execução mais limpa, sem gerar os resíduos comuns numa obra. O trabalho foi realizado numa área de 1.764,29 m2, com três divisões distintas: bloco social, quartos e área molhada. A primeira, por exemplo, ocupa apenas 7,79% de área total do terreno, valorizando assim espaços de áreas livres e verdes. “O desafio não foi apenas o de projetar numa ilha, mas também a localização da pousada fora do eixo comum de construções por lá, no meio de muito verde da sementeira local”, comenta o arquiteto, que optou por fundações e estruturas de madeira cerrada e de eucalipto. Ao todo são quatro bangalôs, sendo duas unidades do tipo A e duas B, que são idênticas em sua divisão e área internas. Três deles foram destinados à hospedaria e outro para residência do proprietário.

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IMPLANTAÇÃO DO PROJETO NO PAVIMENTO SEMI-ENTERRADO FICAM O SISTEMA DE CAPTAÇÃO D’ÁGUA E O DE TRATAMENTO

Planta baixa demostra a distribuição correta das estruturas pensadas a partir do planejamento bioclimático

ÁREA DA PISCINA EM POSIÇÃO CENTRAL DO PROJETO COMO PONTO DE ENCONTRO DOS BANGALÔS

PAVIMENTOS SUPERIORES

POSIÇÃO DAS ACOMODAÇÕES VOLTADAS PARA A VISTA DA ILHA, RESPEITANDO O ESTUDO DE LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DOS VENTOS

O PAISAGISMO RODEIA AS ESTRUTURAS DA POUSADA E OFERECE CONFORTO CLIMÁTICO

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(...) tudo foi pensado para o bom aproveitamento do hóspede. A posição dos bangalôs, por exemplo, levou em consideração o conforto em ventilação e incidência do sol, é o que chamamos de arquitetura bioclimática Pedro Motta No primeiro momento, chama atenção a cor terracota feita com a união de cal hidratado, barro e cola. “Como um dos sócios é baiano, me inspirei em algumas obras de Trancoso, na Bahia, que usam essa pintura capaz de trazer atmosfera rústica e agradável. É uma tinta com mais nuances e nem um pouco chapada, além de ter boa conservação”, garante Pedro Motta. O tom se insere no paisagismo de Luiz Vieira, que trabalhou respeitando a vegetação natural e a topografia existente. “Valorizamos o centro da pousada com flores e ao redor dos bangalôs, na área mais externa, com plantas arbóreas, mais ornamentais. O resultado ficou de acordo com a legislação da Ilha”, comenta Luiz. As torres foram erguidas sob palafitas, completamente suspensas a 70 cm do solo natural, preservando, com isso, a quase completa permeabilidade do terreno abaixo da construção da unidade. Os quartos do térreo são constituídos por sala, quarto, WC e cozinha — também traçados com a mesma tecnologia utilizada no Bloco Social — além de um terraço e hall, em decks vazados e pisos executados com madeira certificada, assim como sua escada de acesso. Já no bloco social que compõe a entrada da pousada, o pavimento semi-enterrado é constituído por casa de gerador de emergência e bombas; três reservatórios de captação d’água, tanto pluviais, quanto do abastecimento público, com sistema de tratamento para seu uso doméstico; e câmara. “Foram soluções que garantiram não só a sustentabilidade, mas a leveza na obra. É que você observa uma limpeza visual, uma vez que caixas d’água e tubulações não ficam expostas nas estruturas, como na maioria das casas do balneário. É tudo muito reservado”, diz o arquiteto.

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O terceiro e último bloco fica por conta da piscina com hidromassagem. Projetada na parte central do empreendimento, teve sua borda externa e o deck molhado executados em balanço, suspensos do terreno natural, atendendo às exigências de preservação. “De um modo geral, tudo foi pensado para o bom aproveitamento do hóspede. A posição dos bangalôs, por exemplo, levou em consideração o conforto em ventilação e incidência do sol, é o que chamamos de arquitetura bioclimática. Esse estudo resultou na opção de colocá-los de costas para a piscina, de olho na vista descortinada durante a execução do projeto”, conclui Pedro. Para ambientar os quartos, a designer Náiade Lins tirou proveito do contexto natural para usar uma decoração com materiais de fibra, palha e madeira. “Nossa ideia era usar objetos que se aproximassem de Noronha e fizessem um diálogo com a Ilha. Prova disso são os grandes galhos usados na cabeceira de uma cama”, pontua Náiade. Ela também pensou nos itens que compõem o restaurante e a varanda do térreo, com luminárias de vidro e bancos de madeira na forma de animais. “Foi a junção de peças já prontas do meu portfólio e outras criadas especialmente para a Triboju”, completa.

Pedro Motta Arquitetos mottaarquiteto@terra.com.br (81) 3326.0540 Náiade Lins atelienaiadelins@outlook.com (81) 3037.4179 Luiz Vieira Paisagismo luizvieira.com (81) 3466.5812

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SOLAR DOS

VENTOS ARQUITETURA

MARCOS SCHULZE DESAFIO | Trâmite de material, embarque, desembarque e autorização para que os materiais entrem na Ilha, além da mão de obra SOLUÇÃO | Fazer uso de métodos de construção como pré-moldados e painel wall de fechamentos

Optamos por trazer ainda mais naturalidade à pousada; a cor que representa o lugar é o verde, porque passa a ideia de relaxamento e promove a interação com a Ilha TEXTO: LORENA MOURA FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

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A pousada foi erguida próximo à Baía do Sueste, numa área de 10.000 m². O lugar é formado por nove bangalôs recentemente reformados e interligados pelo que se considera o ponto alto do projeto, as passarelas suspensas de madeira. Por se tratar de uma área de preservação ambiental, a solução encontrada foi fazer construções elevadas, originando as palafitas, que vieram a determinar a aceitação desse complexo perante os órgãos de fiscalização, e que passaram a sustentar as estruturas principais. Dessa forma, a tubulação de ar-condicionado e esgoto fica por baixo dos quartos. A madeira de maçaranduba foi utilizada na construção das suítes e veio do Rio Grande do Norte, assim como a mão de obra utilizada e os produtos da ambientação. Outro desafio foi o de projetar as suítes com vista para o mar. “Essa foi a principal imposição do cliente, porém o terreno permitiu que cumpríssemos com a solicitação graças ao seu formato em meia-lua. Para isso, a filha do proprietário colaborou muito com esse processo, pois quando você traz o cliente para junto de você, o acerto é inevitável”, explica Schulze. 59

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA BANGALÔ EM ÁREA LIMITE DO TERRENO PARA ISOLAR A ESTRUTURA PENSADA PARA OFERECER MAIOR PRIVACIDADE

VISTA AMPLIADA DO TERRENO E SUA CARACTERÍSTICA DE MEIA-LUA ÚTIL AO DESENHO DAS ESTRUTURAS

A ENERGIA SOLAR ALIMENTA O AQUECIMENTO DOS CHUVEIROS E AS PLACAS DA ÁREA DE NOBREAK

A SEDE DA POUSADA, QUE SERÁ REFORMULADA ESTE ANO SEGUINDO OS PADRÕES EXIGIDOS DE PRESERVAÇÃO DA ILHA

PASSARELAS SUSPENSAS DE MADEIRA PARA EVITAR A DEGRADAÇÃO DO SOLO

TUBULAÇÃO DE AR-CONDICIONADO E ESGOTO POR BAIXO DAS VARANDAS E PASSARELAS

PLANTA E CORTES BANGALÔ

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As dificuldades impostas para a realização de um processo como este na Ilha foi um dos fatores mais preocupantes para o arquiteto. “Não é em si a questão de projetar, mas o complicador maior é executar as suas ideias. Tanto que a maioria dos métodos de construção que utilizo por lá são de pré-moldado e painel wall de fechamentos”, explica Schulze. O conceito utilizado na elaboração do projeto foi o de fazer uso da sustentabilidade. “A energia, por exemplo, é com geradores a

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diesel, então você tem que ter uma preocupação ecológica. Aqui há períodos em que falta água, por isso o reúso dela em diferentes aplicações. Há espaço também para a energia eólica, que fica abastecendo as bombas de água de reúso. O aquecimento dos chuveiros é de energia solar, que alimenta também as placas solares e a área do nobreak que sustenta o setor dos sistemas. A pousada faz uso de tratamento de esgoto e de coleta seletiva de lixo, sendo este último destinado ao processo de reciclagem”, argumenta.

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Os cômodos chamam atenção pela rusticidade aliada à natureza do cenário, dois deles têm 54 m² e são destinados a quem procura um espaço maior e confortável, inclusive um dos dormitórios é adaptado para pessoas com necessidades especiais. Na ambientação, destaque para móveis simples, preferencialmente de madeira de pinos, os quais convivem em harmonia com o clima “relax” da Ilha. A área do lavabo é um charme à parte, e foi desenhada pelo arquiteto, que assina também a criação da bancada das pias. Recoberto por uma cerâmica verde, o móvel contrasta com a vibrante parede vermelha.

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Por se tratar de uma área de

preservação ambiental,

a solução foi projetar construções elevadas

Os bangalôs têm em sua estrutura uma varanda aberta, com janelões de vidro, oferecendo aos visitantes uma vista do entorno. No quesito iluminação, destaque para o uso das lâmpadas de LED, que estão nas áreas internas e externas, com sinalizações indicativas das direções do bangalôs. “Optamos por trazer ainda mais naturalidade à pousada; a cor que representa o lugar é o verde, porque passa a ideia de relaxamento e promove a interação com a Ilha”, diz. Marcos Schulze marcossarquiteto@gmail.com (81) 9.8836.4221 63

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POUSADA

DA MORENA ARQUITETURA

KÁTIA PEIXOTO E ROBERTO LINS DESAFIO | Privilegiar uma vista ampla para o mar em todos os bangalôs SOLUÇÃO | Construir os cômodos de forma diagonal para não haver barreiras na visão da paisagem

O grande ponto foi conseguir trazer o ambiente para dentro da pousada, pensando na ventilação e na iluminação com o uso de materiais naturais Kátia Peixoto

TEXTO: MARIANA CLARISSA FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

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Voltado a para a Praia da Conceição, a pousada trouxe para sua estrutura o que há de mais fascinante na Ilha: a natureza. Diante das belezas que cercam o lugar, o projeto da hospedaria não poderia seguir outro caminho senão o de se inserir sem obstáculos no verde e carregar a bandeira da sustentabilidade. O complexo de 13 bangalôs está ao lado do Morro do Pico, ponto mais alto com 323 metros de altura, atualmente em área de 4 mil m2. Por ter sido erguido em terreno de origem vulcânica, foi construído com o mínimo de fundação possível, utilizando-se de materiais leves, razão para a aposta em madeiras de eucalipto e maçaranduba — itens que propõem cores mais neutras ao ambiente e reforçam as tonalidades presentes no local. “Tivemos muito respeito no uso da cor, afinal, Noronha já me dá o colorido de que preciso. Por isso, dentro dos quartos, quando as cortinas se abrem, você se depara com um visual que é uma grande obra de arte”, diz Kátia.

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TERRENO ABERTO E APROVEITADO PARA A VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM

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A RECEPÇÃO ADMINISTRATIVA DA POUSADA FOI CONSTRUÍDA AO FUNDO DO TERRENO PARA QUE TODA A ÁREA DE CONVÍVIO PUDESSE TER VISÃO PARA O MAR;

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A ENTRADA PRINCIPAL DOS PEDESTRES FICA AO LADO DA UNIDADE CENTRAL. O ESTACIONAMENTO FICA LOCALIZADO EM FRENTE À MESMA ÁREA;

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OS BANGALÔS FORAM POSICIONADOS DE MANEIRA DIAGONAL PARA GARANTIR A TODOS UMA VISTA AMPLA DA PAISAGEM;

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ESTRUTURAS DE MADEIRA FORMAM UM CAMINHO QUE DIRECIONA ATÉ A PISCINA E AOS BANGALÔS.

As estruturas das paredes são de drywall, modelo que substitui as vedações internas convencionais por placas de gesso aparafusadas em perfis de aço galvanizado — tecnologia que desenvolve um processo construtivo mais limpo e rápido. “Estamos inseridos em um paraíso, então partimos para fazer um projeto sustentável, tornando isso a base do trabalho. Priorizamos técnicas que gerassem o mínimo de perda possível e os entulhos que ainda assim surgiram foram reutilizados”, pontua o arquiteto Roberto Lins.

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Suspensos por estruturas de madeira de eucalipto, os bangalôs possuem dois pavimentos com dois quartos de mesma planta, e acessos diferentes. No andar superior, o cômodo é privilegiado com uma varanda posicionada para oferecer vista para o mar. Na coberta foram aplicadas telhas Tégula, modelo que oferece maior conforto térmico com as cores claras as quais permitem uma temperatura menor se comparada aos materiais de cerâmica convencional, além de baixo custo — 1,3% do total da obra —, baixa absorção de água e maior resistência para empreendimentos litorâneos.

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A execução tirou partido de esquadrias de vidro em formato de ‘L’ para que o hóspede tenha uma vista ampla do oceano. “Umas das nossas principais preocupações era oferecer uma visão privilegiada e sem qualquer barreira para o mar. A ideia é que as pessoas se sintam parte da beleza que é a natureza, e acho que o grande ponto é este: temos a constante impressão de ter a praia dentro da pousada”, destaca Kátia. Parte do mobiliário foi desenhado pela arquiteta e o conceito pensado para os móveis segue o mesmo passo do idealizado para a arquitetura e decoração da hospedaria. A arquiteta afirma que optou pelo uso de materiais leves e um design clean que atendessem a todos os gostos e não destoassem do cenário paradisíaco que é Noronha. O lugar dispõe ainda de cadeiras e poltronas de madeira da Saccaro, que seguem a tendência do minimalismo em cores neutras e revestimentos rústicos, além de metais, louças e chuveiros com proposta de menor consumo de água. A construção foi um desafio à parte, já que para fazer uma obra no arquipélago é necessário transportar os materiais vindos de outros estados por navios, fato de encarecer o projeto. “Estamos inseridos em um lugar que por si é exuberante, mas existem etapas que dificultam a criação de projetos bem elaborados”, explica Kátia. Práticas como o uso de captação de água da chuva, implantação de economizadores de energia, doação de óleo de cozinha para projeto de reaproveitamento na Ilha e outras técnicas fizeram com que a pousada garantisse a certificação AQUA, selo elaborado pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

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Na parte externa, o jardim, formado por plantas nativas e outras já utilizadas na Ilha, funciona como um contorno dos pontos físicos do lugar. O verde, assinado pelo escritório DC Paisagismo, desenha um caminho de madeira de reúso que leva para a piscina de borda infinita, estrutura que causa impressão de encontro entre as águas da área molhada e do mar. “É importante causar um efeito visual legal, mas tem que se pensar em algo que se sustente com baixo consumo de água”, destaca o paisagista José Henrique. Para promover a diminuição na geração de resíduos, foi implantada uma sementeira para reaproveitamento das podas e sementes das espécies vegetais existentes, com produção de novas mudas e uso para reposição no jardim que, de acordo com os paisagistas, tornou-se de baixo custo em manutenção, mão de obra e insumos.

Kátia Peixoto katia@plenorevestimentos.com.br (81) 3461.2916 Roberto Lins rbf.lins@gmail.com (81) 9.9974.4242 DC Paisagismo dcpaisagismo@live.com (81) 3125.0442

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA

ARQUITETURA

FÁBIO BENEVIDES CARLOS QUEIROZ

RESTAURANTE

VARANDA

DESAFIO | Renovar a casa, aproveitando melhor os espaços e criando outros SOLUÇÃO | Abrir uma varanda frontal e um corredor que melhorassem a circulação em meio ao décor colorido

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Para manter o clima praiano e uma pegada mais natural, optamos por trabalhar com materiais reciclados e sustentáveis

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Fábio Benevides

TEXTO: EMANUELE CARVALHO FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

O Varanda atrai pelo menu contemporâneo, o design arrojado e a influência do mar. Essa combinação convidativa tem a participação dos sócios Fábio Benevides e Carlos Queiroz na criação de um projeto que aproveitou a estrutura original da casa bem aos moldes de balneário chique. Para isso, as modificações foram bem pontuais, incluindo ampliação de espaços para receber e surgimento de uma nova circulação. “O lugar não tinha uma entrada que fizesse uma apresentação. A área que criamos era subutilizada, funcionando como serviço, e não era o ideal. A partir do momento em que abrimos com um visual mais colorido, com uma boa iluminação e muito verde, criamos outro clima”, comemora Fábio, que, para compor a nova atmosfera, criou uma espécie de welcome drink, com um lounge e uma mesa na árvore, os quais imprimem todo charme ao local, a partir dos bancos de madeira. 71

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA AS PLANTAS SINALIZAM A VERSATILIDADE DE MATERIAIS DE OLHO NA ESTÉTICA E NA FUNÇÃO DO PROJETO

“A ideia é trazer a representatividade do nome para o restaurante, agora composto por duas varandas, uma que funciona muito bem durante o dia, ao fundo da casa, com uma vista incrível, e outra, muito agradável para o final de tarde e noite, por conta da incidência solar e iluminação agradável”, comenta o arquiteto. A decoração traz elementos de madeira e fibras, com linhas simples e tons terrosos, contrapostos pelo colorido da parede de paletes e dos objetos de decoração escolhidos em conjunto com o chef Auricélio Romão, proprietário do lugar. Nessa área, aberta para facilitar o acesso aos demais espaços, chamam atenção as luminárias decorativas feitas de escama de peixe, desenvolvidas pela loja Flor de Porto, no Recife, iluminadas com velas. O clima tropical aflora com a escolha das cores vibrantes para o projeto, que ganhou mais amplitude com a substituição das paredes de madeira pelo branco, além do mobiliário que compõe a nova área, da Saccaro. “A decoração é despojada, atendendo ao ambiente de praia, com estilo bem tropical, com a inserção de verde e laranja nos materiais utilizados, como nos tecidos acrílicos, nas tintas mais resistentes para áreas litorâneas, além do mobiliário”, diz Carlos Queiroz. Sustentabilidade também pesou nas escolhas dos arquitetos na hora de elaborar o projeto. Por isso, a marcenaria foi produzida com madeira ecológica, desenvolvida pelo Mundo Eco, em Olinda. Para o deck da varanda na parte de trás, a dupla optou pelo ipê e maçaranduba. “Uma das solicitações para construção em Noronha é para se trabalhar com materiais reciclados e sustentáveis, para preservar a natureza e manter a pegada mais natural”, finaliza Benevides.

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Depois de tudo pronto, outra necessidade foi atendida a fim de acomodar as pessoas em tempos de festas e eventos específicos. Trata-se do lounge montado com tablado e almofadas coloridas no quintal até então sem uso. A ideia acabou roubando a cena em alguns momentos, atraindo os visitantes para um contexto ainda mais descontraído.

A decoração é despojada, atendendo ao ambiente de praia, com estilo bem tropical, com a inserção de cores nos materiais utilizados (...) Carlos Queiroz

FC Arquitetos contato@fcarquitetos.arq.br (81) 3466.7381 73

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FERNANDO DE NORONHA

O SABOR DA ILHA O CHEF AURICÉLIO ROMÃO RECEBE OS VISITANTES DE NORONHA COM O SABOR E A ESTÉTICA DE SUA GASTRONOMIA

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TEXTO: EDI SOUZA FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

Lá se vão mais de dez anos que o chef potiguar Auricélio Romão tornou Fernando de Noronha a sua morada fixa. O tempo de estada é o primeiro indício de que ali existe uma gastronomia ligada às características da Ilha, com o toque de quem já vivenciou outras cozinhas, histórias e parcerias. Aliás, é nesse último ponto que ele se faz o ‘Auri’ pelo qual todos o chamam – prático e descomplicado, tal como uma cozinha repleta de memórias afetivas e de beleza aos olhos. Na construção de um estilo próprio, ele traz no currículo atuação nas pousadas Maravilha e Zé Maria, que estão entre as mais badaladas do arquipélago. Experiência rica em conhecimentos, tida como base para a então sociedade no restaurante Varanda e, atualmente, o Cacimba Bistrô – uma casa histórica, erguida na década de 1970, onde o chef montou essa produção especial para a SIM!. “Deixei a imaginação tomar conta, valorizando bem o processo de montagem. Talvez os detalhes a seguir não sejam tão funcionais para o dia a dia de uma casa tradicional, aberta para atender mais de 300 couverts numa noite. Mas aqui ou na mesa do cliente sempre haverá um toque para chamar atenção”, adianta o chef. E eis que entra o prato em homenagem ao chef César Santos, aquecido pelo tom amarelo em meio a camarões sobre pescado do dia, arroz de curry, banana da terra enrolada sobre a sua própria folha e purê de jerimum em copinho de cachaça. “Essa foi uma desconstrução do que já é servido por aqui. Uma brincadeira com a estrutura dos ingredientes formando a relação perfeita com a arquitetura e, por consequência, a estética”, define. Sobre a influência das estruturas em seu trabalho, tal como um prédio ou mesmo uma cidade, “elas entram como uma mensagem, uma forma de dizer algo. Por isso sempre me pego viajando em como certas casas foram erguidas e como utilizaram aquele material”, completa.

Deixei a imaginação tomar conta, valorizando bem o processo de montagem 75

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CAPA | FERNANDO DE NORONHA

Por estar em um dos cenários mais paradisíacos do Brasil, a mensagem certamente é a de exclusividade e encanto, motivo para ele revisitar sua própria história. “Não lido com uma gastronomia performática em que você surpreende. Ela é essencialmente de casa, em que acrescento detalhes que a valorize e a deixe diferente. Fui criado comendo o macarrão do modo mais simples, no que hoje o trato como uma massa, independente da qualidade. Essa é minha origem que foi revisitada”, destaca. É o contexto ideal para uma montagem tropical com maçã, manga e abacaxi dentro de copinhos que sustentam o camarão glaceado. Para compor o cenário, livros e até panelinha.

“Os pequenos itens entram na linha de eventos, porque assim eu consigo encaixar os detalhes na composição. Por isso, quando viajo, fico de olho em tudo, em coisas que podem agregar”, diz. Para isso, Auricélio faz questão de chegar antes de todo mundo. É hora de checar, imaginar e estudar cada possibilidade da sua cozinha. Por estar em Fernando de Noronha, nada mais propício do que um ceviche sobre várias folhas de concha do mar em analogia aos degraus necessários para uma criação. É que a base é formada pelo essencial nessa receita, incluindo peixe, cebola e azeite. “São os processos de crescimento, o indispensável para se erguer qualquer coisa na vida”, explica.

Fui criado comendo o macarrão do modo mais simples, no que hoje o trato como uma massa, independente da qualidade. Essa é minha origem que

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Eu mesmo idealizo uma casa em que o arquiteto pense em um todo, não só nessa praticidade construtiva, mas no devido reaproveitamento da água da chuva, da luz solar e de tantos outros recursos naturais (...)

O fato de estar literalmente ilhado torna esse processo ainda mais desafiador. As dificuldades de quem vive num lugar de acesso restrito torna o resultado final ainda mais encantador, seja na gastronomia ou na arquitetura. “Adoro observar os casarões antigos daqui, e até gostaria que não se construíssem mais com pedras e tijolos, pois acho que o sustentável está em outro tipo de matéria-prima, a exemplo do pré-moldado. Eu mesmo idealizo uma casa em que o arquiteto pense em um todo, não só nessa praticidade construtiva, mas no devido reaproveitamento da água da chuva, da luz solar e de tantos outros recursos naturais, que vão além do conforto. É uma forma de passar uma mensagem, assim como comer algo e levar uma história consigo”.

Cacimba Bistrô facebook.com/Cacimba-Bistro (81) 3619.1200 77

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PORTFÓLIO

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TEXTO: ERIKA VALENÇA FOTO DA ARQUITETA: LUCAS OLIVEIRA

São poucos os arquitetos que permeiam diferentes áreas da profissão, traçando projetos de arquitetura e interiores, aliados ao correto entendimento de ambientação e design. Nessa exceção está Dió Diniz, que através do seu escritório homônimo, em Casa Forte, no Recife/PE, desenha esses trabalhos pensados sempre com um algo a mais. “Acho difícil desvincular as coisas, pensar na volumetria sem entender o ambiente e sua qualidade. A arquitetura de interiores é o espaço construído, não necessariamente que haja intervenção profunda na estrutura, mas já se inicia ao recriar o invólucro com soluções de revestimento, iluminação e seus efeitos”, explica.

É preciso entender o estilo de quem vai usar aquilo que é

proposto

Para ela, que está nesse mercado há mais de duas décadas, o ponto de partida é a pesquisa. Ser minucioso nos detalhes, que vão desde o conhecimento sobre o cliente até a especificação técnica. Independente da dimensão, “é preciso entender o estilo de quem vai usar o espaço que é proposto. Esse método eu aplico não só num projeto hospitalar, como também num prédio público ou de decoração”, completa.

DIÓ DINIZ ARQUITETURA

Mesmo com um portfólio tão versátil, foram os trabalhos de ambientação que fizeram o seu escritório ser um dos mais lembrados nesse quesito. O motivo está na personalidade que busca imprimir em cada espaço entregue. “Já pensou que temos um pouco de psicologia na nossa função?”, questiona, ao defender o contato frequente e sensível sobre quem vai ocupar o ambiente. “Imagine você pegar um prédio inteiro e cada apartamento ter uma cara diferente e uma forma distinta, de acordo com a história de cada um”. O questionamento é sobre a criação sem alma, comum nos dias de hoje. Aquela que não mistura materiais, não resgata memórias e que não transmite identidade. “Entendo isso como um respeito ao morador, que precisa se enxergar naquele ambiente que colocamos nas mãos dele. Mas só conseguimos isso com uma conversa alinhada e um olhar atento à necessidade do outro”, arremata Dió, com a força de quem tem outra formação no currículo, a de moda. É a partir disso que ela apura o exercício do olhar em outra escala, pois defende que o adorno para o corpo reflete a personalidade do dono, assim como o adorno da casa. Essa afinidade em design a levou a compartilhar suas descobertas através de uma loja no Paço Alfândega, chamada Conceito. Foi uma época em que buscava as raízes, a rusticidade e a exclusividade, trazendo e criando acessórios”. Hoje essa atividade está em apuração, mantendo latente o exercício de projetar com mais reflexão.

RAIO X Formação Formada em Arquitetura em 1992, pela Universidade Federal de Pernambuco. Nessa época estagiou com Marcos Domingues, Zé Goiana Leal e Ciro Menescal Referências • Janete Costa: ela foi uma grande mestra, e tinha duas grandes qualidades que eu aprendi muito: o poder do repensar, do rever e de lidar com os imprevistos que acontecem em 100% dos projetos • Alexandre Castro e Silva: pela clareza do seu traço, seja pela estética ou pela função Prêmios Prêmio de decoração do Novo Núcleo, com Barleus e SET Homem

Dió Diniz Arquitetura arqdiodiniz@yahoo.com.br (81) 3048.2604 80

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Restaurante Barleus | PE

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FOTOS: ELVIO LUIZ

Este é um sobrado do início do século XIX, onde foi otimizado o espaço com mais um pavimento e um vazio central. “A proposta para o o espaço comercial tinha a intenção de se manter arraigado às memórias, respeitando a história. O lugar substituía o Restaurante Assucar, que foi projetado por Janete Costa, e por isso havia um acervo de quantidade em objetos e mobiliários desenhados por ela, que eu jamais poderia descartar por uma veneração ao seu trabalho”, defende. Agora as mesas foram estrategicamente locadas próximas às janelas, que atingem os três pavimentos, para não perderem essa conexão com o exterior. “O antigo restaurante proporcionava uma paisagem mais horizontal, pois estava na cobertura do Paço Alfândega, pois o pernambucano gosta de ver e ser visto, de observar o movimento, quem chega e quem sai. Então essa conectividade era importante”, detalha. A partir disso, a arquiteta criou um vazio central para todos os pavimentos, que se interagem por todos os ângulos. A madeira do sobrado foi reutilizada no projeto, revestindo a estrutura metálica dos três lances, os quais harmonizaram com os tijolos antigos que ficaram aparentes – pois essa era uma solução estética e acústica. “Lembro que na escavação foram descortinados alguns portais, os quais mostravam que as casas do bairro se conectavam para facilitar a fuga dos moradores em tempos de batalha”, ressalta Dió. Para a ambientação, ela usou uma estante gigante o qual se estende por todos os três pavimentos, e que serve também de proteção da escada no lugar do corrimão. O móvel serviu como suporte de exposição, já abrigando peças de Suely Brasileiro e emoldura um móbile gigante de Marcelo Silveira.

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2 SET Homem O espaço foi projetado com a ideia de reproduzir uma barbearia antiga. A inspiração está nas antigas casas que ofereciam esse serviço para criar uma linguagem mais moderna para todas as unidades da rede. “A demanda do público masculino começou a ser tão grande que veio esse trabalho para criar um espaço só para eles, e que conseguisse abrigar todos os serviços de beleza”, comenta Dió, que apostou na geometria do revestimento em tons masculinos. “A história começou com uma brincadeira com o nome barbearia, um espaço onde eles estariam ali para ver um futebol e jogar conversa fora. Mas o espaço físico que o shopping oferecia não dava pra fazer o bar e a barbearia, mesmo assim, foi interessante como inspiração, porque o ambiente possui divisórias com cortinas da Real Persianas, que causam privacidade entre uma estação e outra. Então estava no projeto pensar numa estrutura mais recatada e discreta”, detalha a arquiteta. Para isso, ela lançou mão do mobiliário antigo de barbearia, trazido de antiquário para montar a cena e se comunicar com os clientes mais tradicionais. Por lá predominam a cor marrom, os móveis em madeira e pequenos quadros vinculados ao tema que arrematam o décor. 82

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FOTOS: MARCELO MARONA

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Apartamento em Boa Viagem

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Projetar uma residência sempre requer o conhecimento da personalidade e do gosto dos seus donos. “É preciso imprimir o DNA do cliente deixando o trabalho com a cara dele. Por isso, é importante fazer uma arquitetura rica em conceitos e história”, explica Dió, que primou em unir épocas através dos espaços ambientados nessa moradia. “O passado surge com toda a bagagem de coleções e o mobiliário já existente — que deveria ser aproveitado ou repaginado. Os dias atuais são representados com o uso de móveis contemporâneos, com cores atemporais que transmitem design e tecnologia sem perder o aconchego. Já o futuro vem através de novidades em peças que acompanham a dinâmica da nossa rotina. Mas a história continua e é preciso seguir somando experiências, colecionando lembranças e transformando o espaço construído”, pontua. Dentre as ideias estão as paredes usadas com finalidades distintas. “Uma delas foi pensada para abrigar o colecionismo em porta-retrato da cliente. Já a outra é feita em madeira — troços de mourão —, que é algo comum em casas antigas e muito rústica em contraste com o acabamento em laca. Do outro lado, ela se transforma numa enorme cristaleira, que possui lâmpadas embutidas, oferecendo iluminação. De dia, a luz natural reflete no vidro e clareia a sala de jantar”, finaliza. A harmonização fica por conta de itens emblemáticos como o pendente trazido de Portugal, o colorido na tela de Sandro Macial, e na arte de Tiago Amorim, que fez uma base de cerâmica esmaltada para a mesa colocada na varanda. 84

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FOTOS: LUCAS OLIVEIRA

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CASACOR® PE Partipar de uma mostra de arquitetura é uma vitrine para todo arquiteto. “São nesses eventos que nós temos a oportunidade de mostrar para público os nossos conceitos, o nosso projeto nu e cru onde podemos idealizar o perfil do cliente, bem como a demanda. Assim, temos a oportunidade de apresentar o que de fato acreditamos na arquitetura”, explica Dió.

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Outro ambiente de sucesso foi o Espaço Gourmet Brastemp de 2009. “Nesse ambiente pude explorar um lado mais lúdico, com respeito aos patrocinadores e o entorno de onde a Mostra acontecia, no Marco Zero da cidade. Por isso, cartas antigas de navegação foram impressas em Nightday e viraram uma grande superfície luminosa. A entrada foi marcada por uma passarela com mais de 1000 garrafas penduradas numa estrutura metálica; e essas foram espelhadas no piso em adesivo, e coroava uma estante expositora de garrafas de whisky de parceiros do evento”, complementa. ELVIO LUIZ

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NANI AZEVEDO

Ao todo foram mais de 15 participações em CASACOR. “Dentre as minhas presenças destaco um closet multifuncional que fiz para a de 2011, em Olinda. Meu pensamento era produzir algo com mais vida, com história, por isso optei por um ambiente múltiplo em que o local exerceria a sua função primeira, mas ainda poderia se transformar em quarto de hóspede, ou um pequeno espaço de estar ou até numa sala de massagem. Para isso, conheci a tecnologia de um armário (elaborado pela Novo Projeto) no qual em uma das portas reservava uma cama que, uma vez regulada na altura correta assume funções diferenciadas”, comenta. Dessa forma, fica clara a afinidade em usar antiguidade, modernidade e arte.

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VBV Autopeças A arquiteta recebeu o desafio de tornar o que poderia se chamar de um depósito comum em algo clean, que esbanjasse conforto e abraçasse a filosofia agregadora da empresa. Para isso, ela partiu da ideia de primar pela conexão interpessoal, através de espaços amplos e grandes e jardins distribuídos por toda a área. A edificação é composta de quatro pavimentos, sendo um deles semi-enterrado, e o último com um amplo telhado verde (concebido antes de ser uma recomendação municipal). “Apresentei uma planta livre, com ambientes simples, porém conectados, em que houvesse a total interação dos funcionários dentro de um clima agradável e de amizade que a empresa oferece”, diz ela, que também destacou pontos fundamentais de acessibilidade: “Criei uma plataforma elevada para cadeirante, a qual viabiliza a chegada ao pavimento térreo, que é o de recepção”. O conforto térmico também foi um ponto crucial no projeto, uma vez que a ideia era se cercar de verde e dele fazer uma solução decorativa, ecológica e sustentável. “Tendo a preocupação com o conforto térmico espacial e de impacto ao entorno imediato urbano, propomos a solução em cobertura verde para essa construção, minimizando assim a área refletora de calor e ampliando a superfície de absorção das águas pluviais, como também a fachada, que no caso é a poente, com painel verde para minimizar o calor que incide nessa orientação; e em consequência o consumo de refrigeração”, finaliza Dió.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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FOTOS: ELVIO LUIZ

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Kampalla Café A diferença entre projetar um espaço residencial de um comercial está que o segundo pode ser mais lúdico, onde se pode criar um tema, uma situação para apresentar o produto. No caso do Kampalla Café (Paço Alfândega e Ilha do Leite), a arquiteta buscou inspiração no ato de apreciar um bom café e encontrou nos conceitos de modernidade, sofisticação e conforto, características ideais para executar seu projeto. Para tanto, ela saiu dos moldes das cafeterias tradicionais apresentando uma nova atmosfera. “A proposta do Kampalla é unir todos esses conceitos ao produto, uma vez que a casa se propõe (em seu menu) a oferecer algo mais internacionalizado, mais gourmet, e eu queria que isso fosse refletido no espaço. Tudo foi construído junto. Trabalhei uma paleta de cor em torno do café, tons terrosos e dourado. Detalhes de madeira foram usados para remeter à base, à rusticidade, mas também ao aconchego. O sofá foi detalhado por nós e estudado ergonomicamente. A cor dourada confere charme ao ambiente, uma vez que é opaco e não gritante. Ao fundo, contei com o trabalho da Operflex, que fez um painel cortado a laser com o ‘K’ de Kampalla, dando uma maior personalidade ao ambiente”, conta Dió.

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CONVIVER

ALBERTO MEDEIROS

MARCELO NEGROMONTE

WAGNER ZIEGELMEYER

ROGÉRIO MARANHÃO

LYSSANDRO SILVEIRA

DESIGN

ESTILO

COM

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Há tempos o design brasileiro deixou de ser um trabalho voltado para colecionadores. Ele hoje faz parte de um contexto que enche de personalidade o projeto de decoração, atendendo aos princípios de harmonia e estilo pensados ao ambiente. Motivo para uma produção tão rica de identidade, que une os diferentes sotaques, como nos cinco trabalhos nos quais Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia apresentam uma “casadinha” perfeita entre arquitetos e designers da sua terra. Eles são a melhor forma de dizer que a produção brasileira é criativa e dinâmica.

+ Confira todos os projetos completos

no site da SIM! | www.revistasim.com.br

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ROGÉRIO MARANHÃO

Para atender ao estilo contemporâneo de um jovem solteiro, o arquiteto Rodrigo Fagá inseriu elementos repletos de personalidade na sala de uma ampla casa, localizada no litoral alagoano. A intenção foi distribuir peças contemporâneas pelos pavimentos da residência, que possui um trabalho marcante de escala. Nesse contexto, surge a luminária ‘Cobra Grande’, confeccionada em tampas de embalagens plásticas pelo designer Rona Silva, utilizada agora de maneira inusitada. “Ela está sobre uma mesa de centro por conta do seu desenho e colorido. Acrescentou muito estilo ao projeto, por ser uma criação bastante representativa. É que dar novo uso a um objeto mostra que versatilidade é o princípio da boa ambientação”, reforça o arquiteto.

Fagá Arquitetura + Design rodrigofaga@hotmail.com (82) 3235.6765

Rona Silva ronacarapana@hotmail.com (82) 9.8838.9995

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WAGNER ZIEGELMEYER

O SPA projetado pelos arquitetos Ana Maria e Luiz Eduardo Indio da Costa foi planejado de olho na integração com a natureza local, no Rio de Janeiro. Para isso, foi indispensável o uso de materiais naturais como base para a edificação e também para o mobiliário, a exemplo de pedra, madeira e a própria vegetação. Nesse contexto está a cadeira ICZero1, assinada pelo filho do casal, o designer Guto Indio da Costa, em parceria com Felipe Rangel. A peça é feita de fibra e está inserida na área externa. “Sua forma é quase minimalista e atemporal, buscando a perenidade necessária para conviver durante anos em diversos ambientes”, defende Luiz Eduardo.

Indio da Costa A.U.D.T www.indiodacostadesign.com (21) 2537.9790

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ALBERTO MEDEIROS

Para valorizar a sala de um jovem casal no Rio Grande do Norte, a arquiteta Olga Portela apostou numa decoração contemporânea, usando diferentes tons de bege e branco. O ponto alto da ambientação está no objeto assinado pelo Estúdio Mula Preta, um misto de tecnologia e estilo. Feito de compensado certificado e laterais em acrílico na forma de apito, funciona como caixa de som. A peça ganhou destaque por conta do desenho inusitado, com características nordestinas. “Esse grupo potiguar de arquitetos e designers usa como referência a cultura local para fazer suas criações de maneira arrojada. Contribuiu, e muito, para o projeto, que também precisa de um toque mais despojado”, comenta Olga.

Olga Portela Arquitetura e Business olgaportela@olgaportela.com.br (84) 3344.3408

Estúdio Mula Preta contato@mulapretadesign.com (84) 4141.7518

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LYSSANDRO SILVEIRA

A tônica do projeto do escritório L. Maia Arquitetos, para sua sede em João Pessoa/PB, foi aproveitar todos os elementos estruturais do edifício, mantendo o perfil construtivo original, fazendo um contraponto com peças de valor agregado. Com uma pegada industrial e valores como integração e participação, Leonardo Maia, nome à frente do escritório, conseguiu um resultado esteticamente agradável e funcional. Ele assina o design da mesa de trabalho dos arquitetos colaboradores. “Congregando o conceito de coletividade, queríamos um mobiliário que acomodasse a equipe com a mesma filosofia da empresa, com mesas para até seis pessoas, feita em metal e madeira de reflorestamento, trouxe mais aconchego e se contrapôs de forma harmônica ao conjunto de concreto e metal do vão”, explica Leonardo.

L. Maia Arquitetos contato@leonardomaiaarquitetos.com (83) 3021.1818 | 9.8898.2100

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MARCELO NEGROMONTE

A mistura de tons e materiais conduziu o projeto de ambientação de um apartamento em Salvador/BA, assinado pelo escritório Manarelli Guimarães. O grupo, que leva o sobrenome dos arquitetos Tiago e Ana Paula, inseriu no contexto rústico do prédio antigo um mobiliário de personalidade, a exemplo das banquetas desenhadas pelo designer baiano Aristeu Pires, colocadas na cozinha de ilha. “Elas expressam a brasilidade contemporânea, por meio da madeira natural de cantos arredondados e do forro com desenhos geométricos na cor verde. Assim, tivemos o contraponto perfeito junto ao rosa e ao cinza da estrutura original”, garante Tiago.

Manarelli Guimarães atendimento@mgarquitetos.com (71) 3341.8744 Aristeu Pires aristeupires.com.br (54) 3282.6731

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CONSTRUÇÃO

TEXTO: LORENA MOURA INFOGRAFIA: EMANUEL NEVES

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia (MME), em 2018 o Brasil deverá estar entre os 20 países que mais gerarão energia solar Com o sol predominante o ano todo, o Brasil é um país que possui as melhores condições para a produção de energia solar. Ela é gerada a partir da incidência dos raios em painéis solares fotovoltaicos, não liberando carbono, sendo considerada uma fonte inesgotável e limpa de produção. De acordo com dados informados pelo MME, a irradiação média anual brasileira varia entre 1.200 e 2.400 kWh/m2/ano. Mas existem lugares onde esses valores são bem maiores, como é o caso da Austrália, norte e sul da África, Oriente Médio, parte da Ásia Central, parte do México, Índia, sudoeste dos Estados Unidos e parte do Peru e Chile, que chegam a mais de 3.000 kWh/m2/ano. “A ideia é que a médio/longo prazo a energia solar possa se fazer presente na casa de todas as pessoas, que ao se pensar em erguer uma residência ou qualquer outro tipo de construção, ela possa ser planejada para inserir o uso dessa fonte”, destaca o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. Rede Elétrica

Painéis Fotovoltaicos

Contador de Consumo

Inversor

ILUSTRAÇÃO: SAULO GUERRA

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DADOS MUNDIAIS DA ENERGIA SOLAR GERAÇÃO SOLAR POR PAÍS (%) 1990

2000

2010

2012

2013

2014

1 Alemanha

0,3

6,2

37,3

27,3

23,1

18,8

2 China

0,5

2,0

3,0

6,6

11,5

15,7

3 Itália

1,0

1,8

6,1

19,5

16,1

12,7

0,3

27,5

10,5

6,3

7,9

10,4

95,9

48,5

3,9

4,5

6,8

10,0 7,3

4 Japão 5 Estados Unidos 6 Espanha

1,5

1,7

22,6

12,4

9,4

7 França

-

0,5

1,6

4,2

3,5

3,2

8 Austrália

-

4,6

3,1

2,5

2,9

2,4

9 Grécia

-

-

0,5

1,8

2,7

2,4

-

0,7

0,8

1,4

2,1

2,4

10 Índia Outros

0,5-

6,0

4,2

6,1

7,3

7,7

Mundo

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

0,4

1,0

31,4

96,7

134,05

185,9

0,003

0,007

0,15

0,4

0,6

0,8

Mundo(TWh) %total

MATRIZ DE CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL | JAN/2016 Hidráulica 65,0%

Eólica 5,6% Solar <0,1%

Gás Natural 8,8% G

MINISTÉRIO MINI STÉRIO É IO DE MINAS E ENERGIA | MME

NO País

Térm mica ca a Térmica 29,4 4% % 29,4%

B Biomassa 9,4%

Petróleo 7,1% P C Carvão 2,6% Nuclear 1,4% N Outras 0,1% O

*O BRASIL AINDA NÃO POSSUI DADOS SIGNIFICATIVOS PARA APARECER ENTRE OS PAÍSES CITADOS

ANEEL (BIG 01/02/2016 E SFG)

GERAÇÃO SOLAR E POTÊNCIA INSTALADA - 2014

NO

Geração (TWh)

País

% da Geração Total

Potência Instalada (MW)

Fator de Capacidade (%)

NÍVEIS DE IRRADIAÇÃO SOLAR GLOBAL

Expansão no Ano (GW)

1 Alemanha

34,9

5,7

38.200

10,7

1,9

2 China

29,1

0,5

28.199

14,5

10,6

3 Itália

23,7

8,6

18.460

14,8

0,4

2.500 kWh/m2 2

3.000 kWh/m2 3

4 Japão

19,4

1,9

23.300

12,0

9,7

2.000 kWh/m2 2

5 Estados Unidos

18,5

0,4

18.280

13,9

6,2

6 Espanha

13,7

5,0

5.358

29,2

0,0

1.500 kWh/m2 1

7 França

5,9

1,1

5.660

13,0

0,9

8 Austrália

4,5

1,8

4.136

14,0

0,9

500 kWh/m2 5

9 Grécia

4,5

9,5

2.595

19,9

0,0

0 kWh/m2

4,4

0,3

3.062

18,6

0,7

Outros

14,2

0,2

19.027

9,8

5,0

Mundo

185,9

0,8

180.396

13,2

40,2

10 Índia

1.000 kWh/m2 1

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA | MME

MINISTÉRIO MINI STÉRIO É DE MINAS M E ENERGIA | MME

TIPOS DE ENERGIA SOLAR Térmica: transforma a energia solar em calor e o transfere para a água. Ela é geralmente utilizada para produzir água quente para o banho, diminuindo assim o uso do chuveiro elétrico.

Crescimento da energia solar no Brasil FONTE: ABSOLAR

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Fotovoltaica: gera energia elétrica a partir do sol. O usuário poderá usá-la para alimentar diversos produtos da sua casa, como geladeira, TV, ar-condiconado e outros equipamentos eletrônicos.

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2015

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Três sistemas de micro e mini-geração foram implantados

O número foi de 75 sistemas

Esse número passou para 424

Foi registrado um salto, foram 1.731 sistemas implantados, um aumento de 308%, de 2014 para 2015

A previsão é que se acelere ainda mais devido às novas inovação da Resolução 687/2015 da Aneel

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CONSTRUÇÃO

O MERCADO A crescente procura pela nova tecnologia vem levando empresários a apostarem nesse novo modelo de negócio. A Nature Green, de Maceió/AL, há três anos aposta em soluções em eficiência energética. Na questão solar eles trabalham com duas formas: a térmica, que transforma a energia do sol em calor para aquecer água, e a fotovoltaica, que transforma a energia do sol em elétrica. A média mensal de instalações é de 400 placas. “Nunca no Brasil, como nos últimos três anos, se investiu tanto em geração de energia solar. Só a nossa empresa instalou mais de 30 mil sistemas de aquecimento solar para água, em cinco estados nordestinos no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida”, explica Daniel Filho, diretor comercial da companhia, que complementa falando sobre como ele enxerga o avanço da energia solar no País: “Desde 2012 os brasileiros começaram a investir em geração de energia e é um mercado que cresceu 400% no ano de 2015”. Para o engenheiro civil João Henrique Pontual, isso ainda representa uma fatia muito pequena da matriz energética brasileira. “Porém, essa fonte vem crescendo exponencialmente nos últimos anos e em especial a

micro e minigeração distribuída, modalidade na qual o próprio consumidor final gera sua energia de forma total ou parcial. Para continuarmos essa crescente, é necessário que se incentive a produção nacional dos painéis fotovoltaicos e inversores (principais equipamentos do gerador fotovoltaico), não apenas a montagem nacional de componentes importados, mas a fabricação de todos os itens em solo nacional, como as células fotovoltaicas e os vidros utilizados nesses painéis. Outro fator é garantir a evolução nas questões normativas, visando sempre à viabilidade financeira desse sistema e a desburocratização dos processos junto às distribuidoras”, ressalta.

Desde 2012 os brasileiros começaram a investir em geração de energia e é um mercado que cresceu 400% no ano de 2015”. Daniel Filho Sobre as restrições dessa tecnologia, o diretor comercial da CISSynergy, que trabalha com geradores solares, presta consultoria e

ESCOLHENDO O LOCAL De acordo com o engenheiro e consultor João Henrique Pontual, da empresa Prime Solar, alguns pontos ganham destaque na hora de se iniciar o estudo prévio do projeto da casa para a implantação das placas solares. Confira os detalhes informados por ele: Primeiro é necessário ver a área disponível – “Para uma residência com cinco moradores, varia entre 30 m2 (19 placas) e 60 m2 (38 placas), dependendo do consumo de energia da família”. Não sombreamento – “A área escolhida não pode sofrer sombreamento durante o dia. Essa ação é normalmente causada por árvores ou outras construções próximas”.

desenvolve análises setoriais em Pernambuco, Carlos Harduim, explica: “A única limitação é o espaço para fixação das placas. Alguns projetos pedem mil painéis, e não há cobertura ou lugar suficiente para colocação dos materiais”. A empresa vem implantando painéis fotovoltaicos no projeto Minha Casa Minha Vida nas cidades de Bezerros e Tamandaré, que fornecerão energia para quatro tomadas de força e iluminação. “As tomadas de força são para utilização de ventiladores, geladeira, carregadores de celulares, liquidificadores, aparelhos de som e TV. São dois painéis fotovoltaicos por casa, que jogarão toda a energia produzida na rede da Celpe, reduzindo assim a conta de luz a pagar que, em alguns casos, poderá chegar próximo a 100%”, destaca Harduim. Carlos Harduim comenta ainda sobre os benefícios quanto ao uso. “Além de produzir energia para o próprio consumo, proporciona uma opção de investimento com lucratividade e rentabilidade incomparável com outros investimentos de capital. E em relação ao que é investido, o retorno vem em menos de 5 anos e a rentabilidade varia de 1 a 1,3%, sem considerar que a garantia dos painéis é de 20/25 anos”, finaliza.

O USO NA ARQUITETURA A arquiteta Lucia Helena de Andrade Lima usou esse recurso em uma casa com área de dez hectares. “Acredito que ao invés de impactarmos a natureza, deveríamos usufruir dela” opina. A residência foi projetada para ser totalmente sustentável; por lá a água da chuva é reaproveita para diversos usos. Alem disso a madeira utilizada é de reflorestamento e certificada. “As placas nesse projeto têm uma área própria, não ficam nos telhados da casa ou dos bangalôs e, sim, sob uma planta em solo para termos a posição perfeita para melhor eficiência e radiação. No total são 35 painéis de 290Wp”, explica. A empresa Energia Zero Brasil foi a responsável pelo desenvolvimento e projeto da inserção das placas. CHICO PORTO

Proteção das placas – “Elas devem ficar em área relativamente protegida, para impedir ações de depredação e eventuais furtos”.

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Acesso para limpeza e eventuais manutenções – “É importante que o terreno escolhido tenha um acesso para a limpeza, que deve acontecer uma vez a cada 15 dias, e para eventuais manutenções no sistema. Manutenção nesse tipo de tecnologia é raro, mas pode acontecer”.

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IMPLANTAÇÕES EUDES SANTANA

FÁBIO BORGES

USINA SÃO LOURENÇO

NORONHA II

O ano de 2013 marcou a inauguração do primeiro sistema de geração de energia solar fotovoltaico em Pernambuco, a Usina São Lourenço da Mata, com potência instalada de 1 megawatt pico (MW/p), que tem capacidade para gerar 1.500 MW/h por ano, o equivalente ao consumo de seis mil habitantes. A construção foi fruto da parceria entre o Grupo Neoenergia, por meio da Celpe, e a Odebrecht. A estrutura fica situada em um terreno de 15 mil m², anexo à Arena Pernambuco. Ao todo são 3.652 painéis solares fotovoltaicos. Tudo que é produzido é entregue ao sistema elétrico do estádio e o que não é utilizado é injetado diretamente na rede de distribuição da Celpe. O projeto executivo e a instalação foram construídos pela Gehrlicher Ecoluz Solar do Brasil, uma associação entre a empresa brasileira Ecoluz Participações e a alemã Gehrlicher AG.

A Usina Solar Noronha II, inaugurada em julho de 2014, é resultado da parceria entre o Governo de Pernambuco, a administração da Ilha e a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), e viabilizado pelo Programa de Eficiência Energética, regulado pela Aneel. São 1.836 módulos de silício policristalino da Usina Solar Noronha II, que foram instalados sob uma área de concreto de 8.000 m². O sistema que converte a radiação solar em energia elétrica tem potência instalada de 550 kWp (quilowatt-pico), e gera cerca de 800 MWh/ano, o que corresponde a 5% do consumo da Ilha.

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PLAZA SHOPPING

ROTA DO ATLÂNTICO

O mall localizado na Zona Norte do Recife vem desde o primeiro semestre de 2015 apostando nos seus 156 painéis solares, que cobrem uma área de 255 m2 e geram uma potência instalada de 245 W por painel. Os números contribuem para uma redução de 13% do consumo de energia do próprio edifício-garagem, o que gerou a diminuição de 5148 kWh/mês na conta de luz. O sistema foi desenvolvido pela empresa Satrix Energias Renováveis.

A Concessionária que administra o Complexo Viário de Suape, em Pernambuco, também faz uso da energia solar. Por lá, as câmeras que auxiliam o monitoramento do tráfego são alimentadas unicamente por painéis solares. São 11 equipamentos com a tecnologia sustentável e a previsão é que mais 14 sejam instalados. Cada câmera conta com uma placa de captação, que logo é transformada em eletricidade e transferida para uma bateria capaz de manter os equipamentos ligados durante a noite e em dias nublados. A empresa que instalou as placas solares na Rota do Atlântico foi a Salviano Engenharia, do Recife.

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ASPECTOS DE PRODUÇÃO A Aneel regula a geração (produção), transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica no Brasil, e cada Estado possui a sua Companhia Energética que envia eletricidade para os municípios. Tendo em vista que o processo é o mesmo para as distribuidoras, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), do Grupo Neoenergia, é a porta-voz no assunto. Lá, por meio da equipe de Eficiência Energética, eles buscam novas tecnologias que possam agregar qualidade ao sistema que é oferecido à população. Uma delas foi investir no uso da energia solar, que já colhe frutos com a instalação da Usina São Lourenço e da Noronha II. “Essa energia vem começando a se tornar competitiva e deve crescer nos próximos anos, já que é extremamente modular, podendo ser instalada em diversas escalas. Poder ser utilizada na área urbana é a principal vantagem da energia solar”, conta o gestor de Eficiência Energética da Celpe, Daniel Sarmento, que comenta sobre outros aspectos dessa nova forma de produção. Limites de produção

Transferência

“Existe a limitação técnica referente à área disponível que recebe radiação solar na residência. A regulamentação também estabelece limites para capacidade dos sistemas, cujo limite máximo é de 5 MW para uma unidade consumidora, respeitando a demanda contratada com a concessionária local. Porém, unidades consumidoras, residenciais em geral são atendimento em baixa tensão, cujo limite da capacidade do sistema é de 75 kW, respeitando a carga declarada”.

“Caso ele tenha outro imóvel, pode transferir o que ‘sobrou’ da energia produzida em uma casa para outro imóvel, desde que de mesma titularidade e dentro da mesma área de concessão”.

Essa energia vem começando a se tornar competitiva e deve crescer nos

próximos anos(...) Daniel Sarmento

Desconto “Através do Sistema de Compensação de Energia, o excedente (energia gerada e não consumida) é inserido na rede para posterior compensação na fatura de energia da concessionária”.

Energia armazenada “Tecnicamente, é possível armazenar, porém, com a possibilidade de injetar na rede da Celpe e receber os créditos na fatura de energia, não é viável armazenar. Ou seja, não vale a pena. Apenas a energia não consumida instantaneamente pela unidade consumidora é injetada na rede da Celpe”.

BATERIA SOLAR

ÃO AÇ LG

VU DI

Em 2012 o Grupo Moura criou o Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM), que funciona ao lado da Fábrica das Baterias Moura, em Belo Jardim, no Agreste pernambucano. Entre as muitas pesquisas desenvolvidas, a empresa vem investindo em baterias que dão e estabilidade aos sistemas de energia fotovoltaicos. Eles vêm sendo imp plantado em algumas localidades, como é o caso do vilarejo conhecido c como Lençóis Maranhenses, do município de Cururupu/MA. O local não re recebe eletricidade do Sistema Interligado Nacional, por lá só a energia so solar e poucos geradores a diesel são capazes de levar luz para as residên dências. É aí que entram as baterias aliadas às placas e outros equipamen mentos que abastecem cerca de 80 moradias. A bateria capta diariamente a energia do sol e, em dias nublados, ele é capaz de continuar liberando a energia por mais três dias.

NOVA RESOLUÇÃO DA ANEEL Em 1o de março deste ano entrou em vigor a Resolução 687/2015 da Aneel, que traz importantes inovações à Resolução 482/2012 e, consequentemente, à Geração Distribuída. O advogado especialista em Direito de Energia do escritório Da Fonte Advogados, Lucas Cortez Pimentel, explica o que muda: “Destaco a ampliação da potência instalada dos minigeradores de até 1 MW, na redação original da Resolução 482, para até 5 MW”. “A possibilidade de gerar energia distribuída de forma remota, ou seja, com a central de geração em local distinto do local de consumo”. “A geração compartilhada, que permite a realização de parcerias entre consumidores, através de consórcio ou cooperativas, para gerar energia de forma distribuída, sendo aproveitada pelos consumidores parceiros de acordo com os percentuais indicados por eles”. “Com essas medidas, os consumidores poderão gerar energia em locais com uma maior incidência solar, mais propícios a fazer uso de painéis fotovoltaicos, utilizando a energia injetada no sistema em outras localidades”, esclarece o advogado.

Confira mais projetos que utilizam esse sistema de captação | www.revistasim.com.br

Prime Solar wwww.primesolar.com.br Fone:(81) 9.8814.9262 Lucia Helena de Andrade Lima www.luciahelena.com.br Fone: (81) 3427.5833 Nature Green Brasil www.naturegreenbrasil.com.br Fone: (82) 9.8898.9002 CISSynergy www.cissynergy.com Fone: (81) 9.8131.6205 Baterias Moura www.moura.com.br Fone: (81) 2121.1600

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DELÍCIAS | LAURA HEREDIA

POÉTICO E

NATURAL

Com alimentos nutritivos e fáceis de preparar, a argentina Laura Heredia ensina uma culinária simples, prática e encantadora TEXTO: EMANUELE CARVALHO FOTOS: GREG

O

“O ato de cozinhar é recheado de sentimentos. A comida recebe muita energia de quem a faz e precisa de um ingrediente primordial: o amor. Isso a torna mais saudável, com mais sabor e mais nutritiva”, reflete a chef Laura Heredia, que se inspira na culinária natural há oito anos para criar pratos intuitivos, repletos de cores, texturas, sabores e saberes. Laura é argentina e autodidata no mundo da culinária. Desde muito cedo, cozinhava com a mãe e foi então que nasceu a paixão pelo ofício. Quando decidiu mudar de hábitos, passou a cozinhar mais para a família, com mais consciência sobre alimentação e escolhas. “Senti muito mais energia, minha mente mais calma, sentia mais leveza, tudo mudou. Após dois anos fui estudar sobre alimentação saudável, macrobiótica, vegetariana e ayurveda. A partir daí, as pessoas começaram a perguntar sobre o preparo e passei a compartilhar minha experiência sobre mudar a alimentação, e os benefícios, tanto no aspecto físico quanto emocional”, conta ela, que, aos 33 anos, acumula em sua bagagem uma série de cursos e repassa todo o conhecimento como instrutora através da Fundação Arte de Viver, uma organização humanitária e educacional.

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O roll de abobrinha assume, em sua estrutura vertical, uma confluĂŞncia com o nascer e o brotar dos alimentos

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O ato de cozinhar é recheado de sentimentos. A comida recebe muita energia de quem a faz e precisa de um ingrediente primordial: o amor

Para o Delícias, Laura optou por usar a união de conceitos energéticos e funcionais que culminam em criações singulares regidas implicitamente pela natureza. A leveza se aplica na escolha das cores que vão compor o prato, assim como na opção pela louça, a qual funciona como uma parede em branco, onde a chef aplica pequenas pinceladas de contornos e formas. O roll de abobrinha assume, em sua estrutura vertical, uma confluência com o nascer e o brotar dos alimentos. No preparo do prato principal, a base foi feita com abobrinha com recheio de queijo de avelã, pimentão, cenoura e cebolinha, temperado com curry, cúrcuma, pimentão picante, sal, limão, óleo de coco e azeite balsâmico, servidos verticalizados, como se brotassem da terra. Para harmonizar, suco de laranja, beterraba, mo-

rango e tâmara. A proposta da sobremesa foram trufas de tâmaras, nozes, castanhas, banana, suco de laranja e cacau em pó. O formato pode ser tradicional, mas o mix de textura das frutas com a cremosidade da banana encontram o ponto de confluência ideal para os amantes da culinária vegana. A intuição funciona como sua maior aliada durante todo o processo, desde a escolha dos insumos até a montagem do prato. “Um segredo da comida vegana são os condimentos, e a união desses elementos é muito intuitiva, assim como a sua elaboração, que prima pelo sabor, praticidade e uso de ingredientes simples, disponíveis na natureza. Além disso, quanto mais cores no mesmo prato, mais vitaminas e minerais terá, além de a combinação ser linda visual e nutricionalmente”, diz.

Laura Heredia @saboressabios 108

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FAZER O BEM!

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UMA CHANCE PARA

RECOMEÇAR ONG Arte de Viver promove cursos para minimizar a tensão dentro dos presídios TEXTO: MARIANA CLARISSA FOTOS: ERIC LAURENCE

“Quando todas as portas estão fechadas, e você não tem para onde ir, vá para si mesmo. Cada crise é uma oportunidade e um recomeço”. Existe um milhão de chances de se fazer um novo começo, e, para o mestre espiritual e fundador da ONG Arte de Viver Sri Sri Ravi Shankar, autor da frase com que se inicia esta matéria, levar essas possibilidades aos que precisam é uma maneira de fortalecer o próprio espírito. Andando de mãos dadas com este conceito, a organização realiza projetos educacionais com iniciativas que visam ao controle do estresse e à oferta de serviços sociais. Entre as ações, uma tem mostrado grande destaque: o programa Prison Smart, expressão que no português significa Prisão Inteligente. Implementado em cerca de 50 países, a iniciativa leva para dentro dos presídios sessões de yoga, meditação, relaxamento e a técnica de respiração Surdarshan Kriya, com o intuito de oferecer soluções para romper o ciclo de violência dentro dos sistemas penitenciários, e, a partir dos resultados, minimizar o índice de retorno dos detentos à criminalidade. São métodos que ajudam a reduzir, entre outros pontos, o estresse, mal que, de acordo com a instituição, pode causar graves doenças ao corpo e até gerar atos violentos. “Vemos a diminuição da violência dentro dos presídios e, depois do tempo que passamos por lá, os detentos que continuam com a prática não voltam a cometer os delitos”, aponta o coordenador do programa na Argentina, Ismael Mastrini.

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Em Pernambuco, os primeiros cu curs cursos sos aconteceram na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) e no Presídio de Igarassu, em Igarassu. Atualmen nte te, o programa é implementado nas unidades q ue Atualmente, que integr ram a o Complexo Prisional do Curado, antigo An Aníbal Bruno. De integram acordo com a ONG, são realizados cerca de cinco cursos por ano, e cada um deles tem duração de uma semana. “Quando esse período acaba, começamos um processo de acompanhamento, em que, uma vez por semana, voltamos ao local para fazer a prática com os cerca de 50 detentos que participam do curso”, completa a voluntária Flávia Pierangeli, que trabalha na filial da organização em Recife e participa do programa. De acordo com a psicóloga Graça Sousa, do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB) — unidade que faz parte do Complexo do Curado —, na última turma, que aconteceu em outubro de 2015, 65 presidiários foram inscritos e 55 concluíram o processo. “Para a minha surpresa, não houve desistências, apenas a rotatividade que existe com as transferências de unidades prisionais. Isso é algo muito bom, pois mudaram concepções e passaram a agir com mais humanidade. Consegui vê-los mais calmos e menos agressivos entre si, além de notar que conseguiram dormir melhor. As reflexões criaram neles expectativas de conquistar uma vida fora do crime”, aponta.

Preso desde 2014, o detento Luiz Alberto Pessoa da Silva afirma que a experiência permitiu o controle do corpo e a possibilidade de esvaziar a mente, mesmo estando privado de liberdade. “O curso me fez compreender que tudo que preciso para aliviar as dores da alma e da mente está no meu modo de respirar, me silenciar por alguns minutos e refletir o meu ser como pessoa, e não como simplesmente um preso. Aprendi a lidar com o medo, a culpa, o desespero, a depressão e a vingança. A agressividade, raiva e frustração deram espaço para o entusiasmo e a fé em Deus”, pontua. A atividade acontece através do apoio da Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres), que oferece todo o suporte de segurança para os cerca de oito voluntários da Arte de Viver, os quais executam o curso, e do psicólogo da unidade prisional, pessoa responsável por organizar os detentos interessados em participar. “É um processo de interiorização, no qual cada pessoa começa a criar caminhos para desenvolver valores e ações positivas. É o momento em que eles passam a ter consciência das escolhas erradas que fizeram e que não devem repeti-las. É algo bom tanto para eles quanto para nós, pois existe ressocialização e há chances de termos uma sociedade menos violenta”, afirma Flávia. Arte de Viver www.artofliving.org | pe@artedeviver.org.br (81) 9.8668.3311

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ARQUITETURA | DECORAÇÃO | DESIGN | ARTE

ANO XVI | Nº 101

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NORONHA OS PROJETOS NA ILHA

PORTFÓLIO | A IDENTIDADE NOS PROJETOS DE DIÓ DINIZ + ARQUITETURA + PAISAGISMO + INTERIORES + SABORES SIM!_101_CAPA.indd 1

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