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BETO OLIVEIRA

BRASIL & MUNDO

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CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 1/8/2010

Em 2009, a UFU perdeu R$ 2 mil que não puderam ser aproveitados. Para 2010, orçamento previsto é de R$ 800 milhões

AUTONOMIA > 60 VAGAS DEVERÃO SER PREENCHIDAS EM JANEIRO; QUANDO TERMINAM ELEIÇÕES E AS CONTRATAÇÕES FICAM LIBERADAS

UFU abre concurso para suprir déficit

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

A

s universidades federais do país ganharam mais liberdade para gerir recursos e pessoal. Depois de mais um ano de reuniões e discussões com reitores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou três decretos e uma medida provisória que garante mais autonomia para as instituições, entre elas, a Universidade Federal de Uberlândia. Um dos primeiros reflexos na cidade será a abertura de concurso para técnicosadministrativos, ainda sem data prevista. O principal decreto, segundo o reitor Alfredo Júlio Neto, é o que autoriza as instituições a realizar em concursos de contratação de servidores sem prévia consulta ao Ministério do Planejamento. Não poderão ser criadas vagas novas, mas sim abrir concurso para os postos de trabalho

PROGRAMAS

PARA o reitor da Universidade Federal de Uberlândia, mudanças trarão mais tranquilidade à gestão dos recursos

MAIS APOIO PARA ESTUDANTES A partir deste ano, programas de bolsas e transporte de universidades federais passam a ser considerados política de Estado. A recente abertura das federais a alunos de baixa renda, por meio de programas afirmativos como ProUni e políticas de cotas, criou uma demanda por assistência a estes alunos. O decreto regulamenta este programa, cujo orçamento atual é de R$ 300 milhões. “Não só abrimos as portas a estes alunos, como queremos mantê-los na universidade, oferecendo moradia, transporte, livros, além de apoio psi-

BETO OLIVEIRA

abertos por aposentadoria, morte ou demissão de servidores. No primeiro concurso, serão abertas 60 vagas. “Ainda é pouco perto do número que precisamos, mas pelo menos vamos parar de perder estes cargos”, afirmou Júlio Neto. Segundo ele, o principal problema da UFU são as aposentadorias. “Estamos completando 30 anos e os funcionários mais antigos estão saindo em ritmo muito acelerado, que sem o decreto não conseguiríamos repor”, afirmou. Em 2009, se aposentaram, entre professores e técnicos, 175 servidores da UFU. Neste ano, foram 121 até julho. “A nossa luta foi conseguirmos vagas retroativas à publicação do decreto, mas não foi possível”, disse o reitor. As vagas, de acordo com ele, deverão ser preenchidas a partir de 3 de janeiro, quando a lei eleitoral permite a contratação para cargos federais.

cossocial”, afirmou o reitor da UFU, Alfredo Júlio. Atualmente, o orçamento para estes programas na universidade é de R$ 8,5 milhões, mas, de acordo com o reitor, a tendência é que este número aumente pra os próximos anos, conforme mais alunos carentes ingressem na UFU e mais programas sejam criados. Em Uberlândia, são oferecidas bolsas de iniciação científica, ensino, moradia, transporte e alimentação (veja mais no box desta página). A partir do ano que vem, serão implantados programas de incentivo à prática de esportes e à cultura.

ORÇAMENTO

MEDIDA PROVISÓRIA MANOEL SERAFIM 25/07/2008

FUNDAÇÃO Rádio e TV Universitária é uma das fundações da UFU, para a qual MP pede maior transparência

REITOR ACHA QUE AUTONOMIA PODE SER MAIOR A medida provisória assinada pelo presidente Lula propõe uma relação mais transparente entre as universidades e fundações de apoio à pesquisa. Segundo o reitor Alfredo Júlio Neto, depois dos escândalos de 2008, relacionados à gestão de algumas fundações, todas as universidades federais do país foram prejudicadas. “Houve abusos por partes de algumas,

mas as punições foram generalizadas”, disse. Atualmente, a UFU tem parcerias com a Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (Faepu), Fundação de Apoio Universitário (FAU), Fundação Rádio e Televisão Educativas de Uberlândia (RTU) e Fundação de Desenvolvimento Agropecuário (Fundap). A Fundação de

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

GESTÃO COM TRANQUILIDADE A gestão orçamentária e financeira das universidades também foi tema de um decreto. Agora, com a nova legislação, será possível transferir recursos não utilizados de um ano para o outro. Até 2009, as instituições que por qualquer razão não conseguissem empenhar todo o dinheiro disponível eram penalizadas com a perda da verba. No ano passado, a Federal de Uberlândia, perdeu R$ 2 mil que não puderam ser aproveitados. Para 2010, a UFU

Apoio ao Estudante Universitário (Faesu) está em processo de desativação. “As parcerias com as fundações têm funcionado bem para a UFU, tanto que não temos nenhum caso na Justiça. A medida provisória trouxe um certo alívio, mas ainda não é tudo, queremos mais autonomia. É outra guerra que ainda não acabou”, disse o reitor.

EM 2009, SE APOSENTARAM 175 SERVIDORES DA UFU. EM 2010 FORAM 121

tem orçamento estimado em R$ 800 milhões. “No fim do ano, era um sufoco, porque para qualquer compra é necessário um processo muito longo e burocrático. Muitas vezes, demoramos meses para comprar determinado produto. Com este decreto em vigência, vamos ter muito mais tranquilidade para realizarmos compras de maneira mais eficiente, porque não corremos o risco de perder o recurso. Vamos gastar melhor”, disse o reitor.

Bolsas que a UFU oferece nos campi de Uberlândia e Ituiutaba › Iniciação científica

1.050

› Ensino

240

› Moradia

290

› Transporte

229

› Alimentação

1.811 BETO OLIVEIRA


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CIDADE & REGIÃO

Podem ser feitas até o dia 9 as inscrições para os exames supletivos do ensino médio. Pela internet: www.educacao.mg.gov.br ou na Superintendência de Ensino

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 2/5/2010

SERVIÇOS PÚBLICOS > FAMÍLIAS RECOLHEM IMPOSTOS, MAS CUSTEIAM SAÚDE E EDUCAÇÃO NO SETOR PRIVADO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE

BRASILEIROS PAGAM, MAS NÃO LEVAM

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

O

s brasileiros trabalham 147 dias por ano para pagar, em média, 67 tributos que custeiam o poder público e seus serviços, entre eles, saúde e educação. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBTC), cerca de 40% da renda familiar vai para os cofres dos governos federal, estadual e municipal. No entanto, estes recursos, que em 2009 ultrapassaram R$ 1 trilhão, não cobrem as necessidades básicas de muitas famílias. Quem não confia na qualidade dos serviços públicos recorre ao setor privado e, com isso, paga duas vezes por um atendimento médico, por exemplo. Para a parcela da população que não confia no setor público, o gasto com serviços pode com-

prometer mais 30% do rendimento familiar, sobretudo da classe média. O recolhimento dos impostos garante o acesso aos serviços, mas nem todos usufruem este direito. Na casa da designer gráfica Ana Paula de Almeida Pereira, o gasto mensal com saúde e educação é de R$ 1,2 mil — somente com as mensalidades escolares dos dois filhos, de 3 e de 8 anos, e do plano médico familiar —, sem incluir materiais, lanche e transporte, além de medicamentos e exames não cobertos pelo plano de saúde. A despesa total equivale a 30% do orçamento dela e do marido. Ainda assim, segundo ela, confiar a educação dos filhos ou a saúde da família ao serviço público está fora de cogitação, mesmo que a receita da família fosse ainda menor. “Eu não confio na qualidade dos serviços.

DIVULGAÇÃO/ÁLBUM DE FAMÍLIA

Podemos economizar em várias outras coisas, mas de educação e saúde não abro mão”, afirmou. Na avaliação de Ana Paula Pereira, os impostos pagos não retornam à família em serviços de qualidade. “Somos muito passivos a tudo isso. É cada um por si, cuidando da sua parte. Pagamos todos os impostos em dia e não temos o retorno dos recursos.” Se os gastos com saúde e educação fossem menores, a família investiria em uma moradia com maior conforto e em uma poupança para os filhos. “Seria um sonho”, disse a designer gráfica.

IMPOSTÔMETRO REGISTROU ARRECADAÇÃO DE R$ 400.859 BILHÕES ATÉ 30 DE ABRIL

BÁRBARA, ALEXANDRE SILVA E O FILHO LUCCA Custeio de escola e atendimento médico são prioridades da família

TRIBUTOS

RENDA

CLASSE MÉDIA É A MAIS SOBRECARREGADA De acordo com o advogado tributarista José Roberto Vasconcelos, a classe média brasileira é a que mais sente no bolso o peso dos impostos. “A classe mais baixa tem benefícios e isenções, enquanto a classe alta é favorecida pelas alíquotas dos impostos. A carga tributária no país é uma das maiores do mundo e quem suporta

este ônus é a classe média”, afirmou. Os gastos com saúde e educação são abatimento em um dos impostos pagos (o de renda), mas, segundo o tributarista, o desconto não se aproxima do valor das despesas. “Você gasta fortunas por ano com mensalidades de plano médico e de escola, mas o que é des-

contado é um valor ínfimo, já que existem tetos para isso.” De acordo com o Impostômetro, organização ligada à Associação Comercial de São Paulo, os contribuintes pagaram R$ R$ 400.859 bilhões em impostos de 1º de janeiro até quinta-feira (29). A arrecadação equivale a um valor médio de R$ 1.940 para cada brasileiro.

CASAL GASTA MAIS DE 25% DO ORÇAMENTO O publicitário Alexandre Silva é casado e tem um filho de 3 anos. A falta de confiança na qualidade dos serviços de educação e saúde leva o casal a gastar mais de 25% do orçamento para garantir atendimento no setor privado. Segundo ele, o gasto é alto para a renda da família. Para bancar as priori-

dades, que, segundo Alexandre Silva, sempre foram saúde e educação, a alternativa foi abrir mão da casa própria. O valor que o publicitário e a mulher dele, Bárbara, economizariam se não custeassem escola e atendimento médico daria para comprar um carro popular por ano ou pagar o financia-

mento de um apartamento. “É um absurdo, porque acabo pagando caro por um serviço que não uso. Comecei a pensar nisso desde que me casei. Antigamente, fazia sentido nossos pais pagarem estes impostos, pois, independentemente da qualidade, era o serviço que podíamos ter. Mas hoje, eu não uso”, disse.

BETO OLIVEIRA

CONSTITUIÇÃO

RECURSOS DEFINEM CUMPRIMENTO DE DEVERES

ADIR CAMPOS Estado pode deixar de cumprir determinações legais se a realidade econômica for desfavorável

É obrigação do Estado oferecer à população serviços de saúde e educação, entre outras necessidades básicas. O dever está explícito nos artigos 196 e 205 da Constituição Federal, de 1988. O ‘pagamento’ por estes serviços é feito por meio do recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Física, da contribuição previdenciária, de contribuições sindicais, além da tributação sobre consumo, já incluída no pre-

ço dos produtos e serviços. No entanto, de acordo com o jurista Adir Campos, a interpretação dos artigos da Constituição que garantem os serviços passa por um viés ideológico. Há quem defenda que os itens sejam uma espécie de carta de boas intenções do governo, enquanto outros defendem a leitura do texto à risca. Além disso, há outra brecha que permite que as obrigações legais não sejam cumpridas. “Existe um princípio cha-

IMPOSTOS

ARRECADAÇÃO EM 2009 › R$ 1,09 trilhão

mado de reserva do possível, que garante ao Estado poder gastar quanto ele tem disponível, ainda que não esteja efetivamente cumprindo uma determinação expressa pela Constituição. Como o Estado vai garantir estes serviços se o valor que seria gasto com eles não condiz com a realidade econômica? A ordem jurídica, neste caso, acaba sendo sobreposta pela ordem econômica. Isto não deveria acontecer”, disse Campos.

SÁUDE › Aplicação de recursos arrecadados União: não há um percentual definido. A regra em vigor é somar ao valor destinado à área no ano anterior (R$ 48 bilhões, em 2009) a inflação e o crescimento do PIB, o que para este ano gera um acréscimo de 9%. Desta forma, o orçamento para a saúde em 2010 é de cerca de R$ 52,3 bilhões. Estados e municípios: 15%

ORÇAMENTO PARA 2010

› Cada brasileiro pagou, em média, R$ 5.706,36 (em 2008, foram R$ 5.572,66)

UNIÃO: R$ 1,860 TRILHÃO

DIVISÃO

Saúde: R$ 66,6 bilhões

› Tributos federais - 69,5% › Tributos estaduais - 25,8% › Tributos municipais - 4,5%

EDUCAÇÃO › Aplicação de recursos arrecadados União: 18% Estados e municípios: mínimo de 25%

Educação: R$ 7,5 bilhões

MINAS GERAIS: R$ 41,1 BILHÕES Saúde: R$ 5,51 bilhões

Educação R$ 4,65 bilhões

UBERLÂNDIA: R$ 1,16 BILHÃO Saúde: R$ 238,6 milhões

Educação: R$ 202,4 milhões


CIDADE & REGIÃO

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FRASES DA SEMANA

GLADSTONE DA CUNHA

Secretário de Saúde, sobre a gripe A

A máscara cirúrgica não impede a passagem do vírus da gripe H1N1.

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 2/8/2009

PESQUISA E SAÚDE DORES DE CABEÇA SÃO SENTIDAS COM MAIS FORÇA NA IDADE FÉRTIL, ENTRE 30 E 39 ANOS NOS

SARA HATEN tem seu desempenho profissional e pessoal comprometido com as crises de enxaqueca

CREDITO CR CRE C RREED EDIT ITO TTO O

A

O diagnóstico de enxaqueca, de acordo com o neurologista, é feito por exclusão. Há muitas doenças que podem estar relacionadas à enxaqueca, como hipertensão, inflamações nos seios paranasais (sinusites), neuralgias, até distúrbios de refração na visão e problemas odontológicos. “De cada 100 pacientes que atendo, apenas 20% têm a enxaqueca clássica, não provocada por outras doenças. As pessoas chegam aqui e já dizem que têm a enxaqueca, pois parece ser uma doença ‘chique’. Não é bem assim. Há que se investigar”, disse.

EIR

DIAGNÓSTICO

L IV

Q

uem convive com a enxaqueca sabe quando a crise se aproxima. A visão se torna embaçada, pontos luminosos aparecem e desaparecem diante dos olhos, um mal-estar generalizado toma conta do corpo acompanhado de náuseas e formigamentos. Depois, a intolerância à luz e ao som e, finalmente, a dor forte, latejante, em um dos lados da cabeça. O primeiro levantamento sobre dor de cabeça no País revela que cerca de 20% das brasileiras conhecem bem estes sintomas, pois sofrem com crises de enxaqueca. O número é mais do que o dobro da incidência nos homens. No Brasil, 9,3% deles manifestam as crises. Segundo o estudo, a maioria das vítimas está na faixa dos 30 aos 39 anos. Divulgada no mês passado, a pesquisa foi realizada por profissionais de instituições como a Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre). Foram ouvidos 3.848 voluntários com idade entre 18 e 79 anos, nos 27 estados brasileiros. Segundo o neurologista José Antônio Carneiro, que coordena um centro de tratamento para a dor de cabeça em um hospital particular em Uberlândia, a incidência é maior em mulheres porque são mais

suscetíveis às variações hormonais. É por isso, também, que a enxaqueca desaparece quando a mulher está grávida ou na menopausa. As causas das dores são variadas, nem todas são conhecidas. Durante a crise, há uma alteração na vascularidade do cérebro. Os vasos sanguíneos contraem-se excessivamente e, em seguida, se dilatam. As dores e o mal-estar são causados pela falta de sangue e, depois, pelo excesso. Sabe-se que há características familiares, embora não se conheça um conjunto de genes responsável pelas dores. “Percebemos que algumas famílias apresentam mais casos do que outras, mas ainda não há comprovação de que se trata de uma doença genética”, afirmou Carneiro.

O TO

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

BE

Duas em cada dez mulheres sofrem com a enxaqueca

TIVE QUE APRENDER A CONVIVER COM A DOR

SARA HATEN

MITOS & VERDADES ALIMENTOS E BEBIDAS GERAM ENXAQUECA VERDADE. O chocolate é vilão, assim como o vinho tinto. Evite algumas frutas cítricas, frituras e café também . BATATA GELADA MELHORA MITO. Qualquer material gelado pode aliviar a dor. Prefira usar uma bolsa de gelo NA MENOPAUSA MELHORA VERDADE. Durante a menopausa, há escassez dos hormônios relacionados às crises

VERDADE. A maioria das mulheres apresenta melhora da enxaqueca no período de gravidez

JOSÉ ANTÔNIO CARNEIRO diz que mulheres sofrem mais por causa das variações hormonais

ALTERNATIVAS

RELAXAMENTO E MASSAGEM PODEM AJUDAR se intensificam ou os pacientes não respondem ao tratamento mais leve. “É preciso muito critério para usar estes medicamentos, porque causam dependência e efeitos colaterais. Não é para qualquer um”, afirmou Carneiro. Para ajudar o tratamento regular, outras medidas podem ser tomadas. A prática de exercícios físicos, por exemplo, é essencial. Também

TUDO FICA PARA DEPOIS QUE A DOR PASSAR A engenheira química Sara Haten, 28, enfrenta a enxaqueca há três anos. A primeira crise aconteceu à noite, enquanto dormia. Acordou já com os primeiros sintomas. “Estava com o coração disparado, um mal-estar horrível e náuseas. Depois, a cabeça começou a doer. Era uma dor que eu nunca tinha sentido e não tinha ideia do que poderia ser. Foi assustador.” As dores passaram a aparecer quase todos os dias e ela viu sua rotina transformada. Começou a tomar doses exageradas de analgésicos. Procurou um médico quase um ano de-

pois, que receitou um remédio forte, usado no tratamento da epilepsia. Por três meses, as dores sumiram, mas efeitos colaterais começaram a aparecer. “Era como se, para consertar um problema, eu criasse outros até mais graves”, afirmou. Ela procurou, então, um segundo especialista, com quem continua se tratando até hoje à base de remédios fitoterápicos e dieta alimentar – evita frituras, chocolates e mantém uma rotina de exercícios físicos. Além do tratamento com o médico, anda, por conta própria, com analgésicos, remédios

para enjoo e antiinflamatórios na bolsa. “É uma preocupação permanente, porque as crises atrapalham tudo, desde o desempenho profissional até os relacionamentos pessoais. Tudo fica para depois que a dor passar.” Ela sabe que a enxaqueca não tem cura, mas se sente confortável com a doença sob controle. Hoje, as crises aparecem, em média, uma vez por mês. “Tive de aprender a conviver com as dores. Sei que, depois de passar por situações de stress, que são como gatilhos para as crises, elas vão aparecer”, disse.

ENXAQUECA PESQUISA REVELA CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA PERFIL DOS PORTADORES (% POR SEXO) 15.4 9.5

20.0

9.3

NA GRAVIDEZ MELHORA

BETO OLIVEIRA

Dependendo do paciente e do tipo de enxaqueca que apresenta, o tratamento é diferente. Os medicamentos mais utilizados, segundo o neurologista José Antônio Carneiro, são beta-bloqueadores, usados no tratamento da pressão alta, que ajudam no controle da irrigação vascular no cérebro. Antidepressivos e anticonvulsivantes também podem ser indicados quando as crises

COMPORTAMENTO

pode-se recorrer a técnicas de relaxamento, como acupuntura e massagens. A enxaqueca também ataca crianças. De acordo com José Antônio Carneiro, elas exigem mais cuidado, pois não podem ser medicadas com o tratamento aplicado a adultos. Os remédios são fortes e podem atrapalhar o desenvolvimento dos pacientes. “Normalmente, usamos só a dieta alimentar”, disse.

TIPO TENSIONAL

ENXAQUECA

Pesquisa feita pela Unifesp, Hospital Albert Einstein e Moinhos de Ventos, de Porto Alegre com 3.848 pessoas de idades entre 18 e 79 anos em 27 estados brasileiros


CIDADE & REGIÃO

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O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais lançou o BDMG Net, voltado para empresas que faturam até R$ 10,5 milhões por ano www.bdmg.mg.gov.br

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 4/7/2010

MORADORES DE RUA

> DURANTE 3 HORAS DE RONDA, A REPORTAGEM DO CORREIO DE UBERLÂNDIA ENCONTROU 15 PESSOAS QUE NÃO TÊM ONDE MORAR PAULO AUGUSTO

ERAM 7H DA MANHÃ, EU ESTAVA BÊBADO E ACORDEI PEGANDO FOGO

SERVIÇOS ATENDIMENTO A POPULAÇÃO DE RUA

Principais pontos de mendicância em Uberlândia

› PASSAGENS AOS MIGRANTES • 2005 - 3.152 • 2006 - 2.784 • 2007 - 3.795 • 2008 - 3.937 • 2009 - 4.189 • 2010* - 1969

• Rodoviária • Praça Tubal Vilela • Praça Nossa Senhora Aparecida

*até junho

› ABORDAGENS NAS RUAS • 2005 - 836 • 2006 - 598 • 2007 - 405 • 2008 - 294 • 2009 - 262 • 2010* - 163

PAULO SÉRGIO MIROS DA SILVA

*até junho

› ALBERGUES ‘Ceami – Reabilitação para a Vida • Unidade I - rua José Soares Ferreira, 281 - Roosevelt / Fone: (34) 3225-3204

• Unidade II - rua Santa Bárbara, 990 – Chácaras Panorama Albergue Noturno Ramatis - avenida João Pinheiro, 3.150 - Brasil Telefones : (34) 3232-2597 e 3219-0273

PERFIL

HISTÓRICO DE ALCOOLISMO

PAULO SÉRGIO MIROS DA SILVA, de 27 anos, vive em Uberlândia há 9 anos, sempre em casas abandonadas ou construções e, hoje, na praça Tubal Vilela

A casa deles é o mundo e a cama, o banco da praça LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

U

ma volta pelo Centro de Uberlândia ao meio-dia revela a movimentada economia do município – a segunda maior de Minas Gerais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). À meia-noite, depois que as lojas fecham e os pedestres apressados e carros somem das ruas, surgem pessoas que passam despercebidas

em meio ao corre-corre. São homens e mulheres que não têm para onde ir e vivem à margem da riqueza da cidade. Dormem, sozinhos ou em grupos, embaixo das marquises das lojas e em bancos das praças. O flanelinha Paulo Sérgio Miros da Silva, de 27 anos, é um dos 15 homens que a reportagem do CORREIO de Uberlândia encontrou dormindo na rua, na madrugada de terça-feira (29). Ele saiu de casa, em Brasília, aos 13 anos, depois que o

pai morreu, e percorreu algumas cidades. Caminhando, chegou a Uberlândia há nove anos. Desde então, já dormiu em construções, casas abandonadas e hoje ‘mora’ na praça Tubal Vilela. “Minha casa é o mundo. Se me der vontade, eu saio andando e paro em qualquer lugar”, afirmou. Quando encontra uma caixa de papelão grande, guarda para dormir em cima dela. O modelo preferido são as de geladeira. Quando não consegue, dorme em

um banco da praça. Para conseguir comida, roupas e cobertor, ele depende da boa vontade de pessoas que moram por perto de onde ele fica. Paulo não toma banho todos os dias. Quando dá, se banha no córrego do Óleo, que corta a cidade. Em um dia, ele consegue até R$ 40 vigiando carros na avenida Floriano Peixoto, juntando o trabalho do dia e da noite. Tudo o que ganha gasta com bebida. “Bebo pinga todos os dias, várias vezes.”

Todos os moradores de rua encontrados pela reportagem do CORREIO de Uberlândia na madrugada de terça-feira (29) eram homens que relataram serem alcoólatras e terem histórico de famílias desestruturadas. A maioria disse já ter sofrido violência nas ruas. Paulo Sérgio da Silva, flanelinha que vigia carros na avenida Floriano Peixoto, também já foi vítima de espancamentos e de uma tentativa de homicídio. Segundo ele, em 2006, um casal jogou álcool e ateou fogo no corpo do rapaz, enquanto ele dormia em frente à catedral Santa Terezinha, no Centro. Segundo ele, os dois agres-

sores estão presos. “Eram 7h da manhã, eu estava bêbado e acordei pegando fogo. Entrei na igreja correndo, na hora da missa, e pulei na pia com água benta. Acordei na UTI, seis meses depois. Tenho as cicatrizes até hoje.” Paulo Silva tem poucos objetos para carregar. Alguns pares de roupa, um par de chinelos e nenhuma quantia em dinheiro. Mas mantém um sonho: se livrar do alcoolismo. “Se alguém pudesse me ajudar, me levar para a roça, para eu trabalhar, capinar, mexer com horta, que é o que eu gosto de fazer, eu podia largar a pinga”, disse. PAULO AUGUSTO

PREFEITURA

SERVIÇOS PÚBLICOS ATENDEM DESABRIGADOS E MIGRANTES VALTER DE PAULA

Os três albergues de Uberlândia (veja quadro) oferecem, conjuntamente, 140 leitos por dia. Cada pessoa pode se hospedar por até cinco dias, prazo que pode ser estendido de acordo com a condição do usuário. Nestes locais, além da cama, eles recebem alimentação e podem tomar banho. Diferentemente do que os moradores de rua entrevistados alegaram, a secretária Municipal de Desenvolvimento Social, Iracema Barbosa Marques, nega que não haja vagas suficientes para a demanda. Segundo ela, além dos albergues, são realizados mais CADEIRANTE é encontrado dormindo no chão na entrada do estádio Juca Ribeiro dois trabalhos para tirar as pessoas das ruas. Um é a abordagem em rondas feitas durante o dia e a noite em que assistentes sociais da prefeitura tentam encaminhar o desabrigado aos programas municipais, além de unidades de saúde. Neste ano, foram feitos 163 atendimentos. O segundo trabalho é voltado para os migrantes, com a doação de passagens para que

eles possam voltar para casa. “Temos que focar no ser humano e tentar mostrar a eles que a vida pode ser melhor”, disse a secretária. ASSISTÊNCIA O flanelinha Paulo Sérgio Miros da Silva está cadastrado no sistema da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Segundo a chefe da diretoria assistencial, Edna Márcia Oliveira Assumpção, ele é um dos relutantes em receber assistência. “Consta em nossos registros que ele foi abordado pelo menos seis vezes nos últimos seis meses. Não podemos fazer muita coisa para quem não quer ser ajudado. Muitas pessoas que estão na rua não querem esta assistência. Não querem ir para o albergue, por exemplo, porque sabem que existem normas a serem seguidas. E a maioria é dependente químico, que não se adapta a certas regras”, afirmou Edna Assumpção.

HOMEM ignora o frio e dorme sobre a grama na praça Clarimundo Carneiro

APROXIMAÇÃO

MEDO LEVA À RESISTÊNCIA A aproximação com os moradores de rua não foi fácil. A reportagem do CORREIO de Uberlândia encontrou resistência por parte de muitos deles. Desempregado, o paulistano Daniel* mora nas ruas em Uberlândia há cinco anos. Ele foi um dos mais resistentes. Tanta desconfiança tem sua razão: medo. Em São Paulo, ele dormia na praça da Sé quando, em agosto de 2004, uma onda de ataques a moradores de rua do Centro da capital paulista deixou sete mortos em três dias. Amedrontado por ter visto a violência de perto, ele se mudou para um bairro distante e, depois, veio para

Uberlândia, onde tem familiares, com os quais não se relaciona. Durante a ronda na madrugada, a reportagem encontrou seis homens de um centro espírita que distribuíam leite quente, um prato de comida e água para os desabrigados. Eles se revezam com outros religiosos na assistência à população de rua e preferiram não se identificar. Um deles disse que até quem tenta ajudar encontra dificuldade na aproximação com os moradores de rua. “Muitos rejeitam até a comida.” (*Nome fictício; ele não quis se identificar)


INTERNACIONAL ARGENTINA PERDE UM DE SEUS GRANDES ÍDOLOS • PÁGINA B4 CORREIO DE UBERLÂNDIA

REVISTA

CHRIS CORNELL confirma a volta do Soundgarden. PÁGINA B4

QUARTA-FEIRA • 6 DE JANEIRO DE 2010 • cultura@correiodeuberlandia.com.br

BIG BROTHER 10

Jornalista de Uberlândia está no programa ANA ANGÉLICA, DE 24 ANOS, DISPUTA O PRÊMIO DE R$ 1,5 MILHÃO NA 11ª EDIÇÃO DO REALITY SHOW, QUE COMEÇA NO DIA 12 CASSIO REGAL/ZEBILLIN/DIVULGAÇÃO

MARCELO CALFAT | REPÓRTER marcelocalfat@correiodeuberlandia.com.br

A

jornalista uberlandense Ana Angélica Martins, de 24 anos, está entre os 15 selecionados da 10ª edição do Big Brother Brasil (BBB), que estreia na próxima terça-feira (12). A lista foi divulgada ontem pela Rede Globo, emissora que transmite o programa. De acordo com amigos e familiares entrevistados pelo CORREIO, Ana Angélica é uma pessoa carismática, alto astral e de fácil convivência. “Estamos torcendo muito por ela, temos confiança de que ela vai ganhar”, disse uma tia que preferiu não se identificar. A jornalista está confinada em um hotel no Rio de Janeiro com os demais participantes. Ana Angélica trabalhou como repórter e apresentado-

ra de programas esportivos e jornalísticos da TV Paranaíba, emissora afiliada da Rede Record na região de Uberlândia. Ela graduou-se em Comunicação Social pelo Centro Universitário do Triângulo (Unitri) no segundo semestre de 2007. Os pais não residem em Uberlândia. Na cidade moram a avó e uma tia. Segundo fontes não oficiais, a jornalista é vegetariana e faz aniversário dia 13 de março. Portanto, existe a possibilidade de Ana Angélica festejar os 25 anos na casa do BBB, caso permaneça no programa. Foram selecionadas 15 pessoas para o BBB 10 e outras duas já estão confinadas e só serão conhecidas na estreia do programa. NESTA EDIÇÃO Para monitorar os participantes confinados no BBB 10

serão utilizadas 55 câmeras e 75 microfones. O vencedor levará para casa R$ 1,5 milhão, livre de impostos, o segundo colocado R$ 150 mil e o terceiro, R$ 50 mil. De 2005 até o ano passado, os prêmios eram, respectivamente, de R$ 1 milhão, R$ 100 mil e R$ 30 mil. Para esta edição foram 370 mil inscritos. A jornalista Ana Angélica Martins será a segunda representante de Uberlândia no “Big Brother Brasil”. Natural de Tupã e radicada em Uberlândia, Íris Stefanelli, a Siri, participou do “BBB 7”, sendo eliminada na sétima semana. Depois da eliminação no reality show nacional, ela fez uma participação especial na atração argentina “Gran Hermano 4”, da emissora Telefe. Atualmente, é apresentadora do programa “TV Fama”, da Rede TV.

A BBB Ana Angélica em foto do ensaio realizado pelo site www.zebillin.com.br

TELEVISÃO RESTAURAÇÃO

A delicada preservação da arte sacra LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

Um trabalho minucioso, que requer paciência e habilidade. Assim é o cotidiano de quem trabalha com arte sacra. Quando se trata de restauração, os detalhes são ainda mais relevantes. Se uma imagem chega ao ateliê da religiosa Denise Aparecida Pereira aos pedaços, com as mãos quebradas, pintura desgastada ou qualquer outra deformidade que precise de conserto, ela é a responsável por devolvê-la ao dono novamente inteira, restaurada. Todas as semanas chegam a Uberlândia, vindos de diversas cidades, santos, oratórios, presépios e anjos que precisam de reparos. Como em um hospital, as imagens recebem os primeiros-socorros, depois são tratadas e ficam “internadas” no ateliê por até três meses, onde recebem cuidados diários de Denise e de suas duas ajudantes, a irmã de sangue Hulânia Pereira e a irmã de fé Roberta Gomes. Pelas mãos da restauradora já passaram preciosidades sacras como uma imagem de São Domingos de Gusmão de 300 anos. Da Espanha, chegou uma escultura da Imaculada Conceição de Nossa Senhora com detalhes tão delicados que precisou de uma lupa poderosa para a restauração dos bordados da vestimenta da santa. Entre orações e pincéis, os dias correm tranquilos no ateliê, praticamente em silêncio. “Trabalhamos em paz de espírito”, disse Hulânia Pereira.

VERSATILIDADE Para a restauração, é preciso versatilidade, pois são inúmeros as técnicas e os materiais utilizados pela religiosa Denise Aparecida Pereira. O trabalho envolve pintura, escultura, arte sacra, em superfícies de cerâmica, resina, gesso, madeira e ferro. Preferencialmente, ela

BETO OLIVEIRA

atende às dioceses da região do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e leste de Goiás, mas também recebe trabalhos particulares. Pelas mãos da artista, já passaram mais de mil imagens.

PRATA Há uma semana, as artistas que trabalham no ateliê com a religiosa Denise Aparecida Pereira se dedicam a uma imagem de Nossa Senhora do Carmo que veio do município de Prata, a 80 km de Uberlândia, que mede quase 1,80m. É a segunda vez que a santa passa pelas mãos de Denise. “Não é só um trabalho remunerado. Estou mais interessada no benefício que as imagens proporcionam às pessoas. É gratificante ver alguém rezando aos pés de uma santa que eu restaurei. Me sinto importante espiritualmente”, disse a religiosa. Ela trabalha com arte sacra há 12 anos e começou no convento no Pará, com uma irmã franciscana que lhe ensinou os primeiros passos da restauração. A partir de então, desenvolveu suas próprias técnicas e as ensinou para suas duas ajudantes. “Cada trabalho que fica pronto e vai embora é como um pedacinho nosso”, afirmou Roberta Gomes. Além das restaurações, ela pinta e transforma imagens sob encomenda. “Existem santos muito raros, que as fábricas não têm formas para fazê-los. Quando alguém pede alguma imagem dessas, eu pego uma parecida e faço mudanças até ela ficar perfeita”, afirmou Denise. Para conseguir esta perfeição, ela pesquisa em livros e na internet, mas não dispensa a ajuda de padres mais experientes. “Os mais velhinhos conhecem todos os santos. Mesmo aqueles que não encontro nem na internet. É importante, pois cada santo tem uma identidade, uma cor, um semblante diferente”, disse.

Rede TV terá reality show gospel A Rede TV colocará no ar, em março, seu primeiro reality show. O “Desafio da Música Gospel” pretende incentivar o estilo. A estreia na TV está prevista para o começo de março e as audições começam ainda neste mês no Brasil (em oito capitais), nos Estados Unidos (Nova York, Miami e Boston) e na Europa (Portugal). Ao todo, serão 22 programas, com uma hora de duração, em

cinco meses de exibição, sempre aos sábados às 13h30, com uma hora de duração. Devem ser apresentadas versões e letras nos mais diversos estilos musicais como rock, MPB, pop, axé, entre outros. A expectativa da emissora é receber mais de 100 mil inscrições. Serão distribuídos R$ 5 milhões em prêmios. As inscrições podem ser feitas no site www.desafiodamusicagospel.com.br.

PODEROSAS “Lipstick Jungle” estreia na TV aberta Estreia na quinta-feira (7), à 0h30, na Record, a série “Lipstick Jungle”, já apresentada no Brasil no canal pago Fox. Criada pela autora do fenômeno “Sex and the City”, Candance Bushnell, a série segue a vida de três amigas quarentonas da alta sociedade de Nova York e seus problemas profissionais e pessoais. Com muito humor, essas modernas mulheres se apoiam nos triunfos e nas lágrimas para vencer.

DENISE APARECIDA trabalha com a ajuda de duas irmãs em seu ateliê

DESAFIO Em imagens mais antigas, especialmente nas de madeira, é comum encontrar bilhetes, pedidos, até fotografias. “Já li muitas mensagens bonitas que encontrei dentro dos santos. São pedidos muito especiais, agradecimentos, acho lindo”, disse Denise Aparecida Pereira. Apesar de trabalhar com tanto entusiasmo, ela

sabe que um dia terá que parar. Ela sofre de atrite, uma doença que, aos poucos, limitará suas pinceladas delicadas e movimentos suaves. “Eu tenho medo, mas enquanto puder continuar os trabalhos, vou estar aqui. Sou muito feliz lidando com meus santinhos”, disse. O ateliê para restauração de peças sacras de Denise Pereira fica na rua Cambuquira, 538, bairro Martins.

As personagens principais são Nico Reilly (Kim Raver), uma editora-chefe da revista de moda “Bonfire Magazine” que precisa lidar com problemas no casamento, Wendy Healy (Brooke Shields), uma executiva cinematográfica que vê que seus esforços parecem não ser suficientes para conciliar carreira e família, e Victory Ford (Lindsay Price), uma designer que quer realizar seus sonhos e encontrar o cara certo para namorar.


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PAULO AUGUSTO

CIDADE & REGIÃO

USUÁRIOS DO SIT Total: 60.396.637 Média mensal: 5.033.053

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 6/6/2010

(Em 2009, exceto idosos)

UBERLÂNDIA > MELHORIAS, INICIADAS COM A INTEGRAÇÃO DO SISTEMA, CHAMAM A ATENÇÃO DE REPRESENTANTES DE OUTRAS CIDADES DESTAQUES

PAULO AUGUSTO

FUNCIONAMENTO do Terminal Central e de outros quatro, iniciado em 1997, foi o primeiro passo para a reestruturação do serviço

PRÊMIO CONQUISTADO PELA PREFEITURA EM FUNÇÃO DO SIT: ! Mérito Municipalista - Associação Brasileira de Municípios – outubro de 2009 ! Publicações que citam o sistema: ! TechniBus – janeiro/fevereiro de 2010 ! Revista Transporte Atual (CNT) – dezembro/2009 ! Cartilha Priorização do Transporte Público Coletivo - Frente Parlamentar do Transporte Público – abril de 2009 ! 1000x Architeture of the Américas – 2009 (anual) ! Summa + 103 - 2009 (anual)

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

VISITAS TÉCNICAS Representantes de: ! Belo Horizonte ! Brasília (DF) ! Franca (SP) ! Goiânia (GO) ! Maceió (AL) ! Marília (SP) ! Maringá (PR) ! Cascavel (PR) ! Palmas (TO) ! Ribeirão Preto (SP) ! São José do Rio Preto (SP) ! Estudantes do curso de Turismo do Instituto de Educação Superior de Brasília ! Participantes do 48º Fórum Mineiro de Gerenciadores de Transportes e Trânsito representantes de 15 municípios mineiros

C

om mais de 60 milhões de usuários por ano e 395 ônibus em circulação, o sistema de transporte público de passageiros de Uberlândia tornou-se referência para outras cidades brasileiras. Os terminais e as estações que se integram, as faixas e os corredores exclusivos para ônibus e a acessibilidade chamam a atenção de publicações especializadas nacionais e internacionais e de gestores municipais interessados em melhorar o serviço em suas cidades.

Pelo novo conceito de transporte urbano, o sistema recebeu em 2009 o troféu do Mérito Municipalista, da Associação Brasileira de Municípios (ABM), que destaca o fortalecimento da qualidade de vida nas cidades. Desde então, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran) recebe frequentes visitas de gestores, profissionais e estudantes que querem ver o que foi feito na cidade mineira de 634 mil habitantes. Na sexta-feira (28), alunos

do curso de Turismo do Instituto de Educação Superior de Brasília participaram de uma apresentação feita por servidores da Settran e conheceram o Corredor Estrutural da avenida João Naves de Ávila. No dia 20 de maio, o presidente da Companhia de Engenharia de Transportes e Trânsito da prefeitura de Cascavel (PR), Jorge Luiz Lange, também conheceu o sistema. “Há alguns meses, participei de uma apresentação sobre o trabalho desenvolvido em Uberlândia e fiquei impressioBETO OLIVEIRA

QUALIDADES

nado”, disse Lange, à época. O modelo de serviço chamou a atenção também do secretário Municipal de Trânsito e Transportes de Maringá (PR), Walter Guerlles, que reforçou a lista de visitantes. Ele esteve na cidade, no início do mês passado, com o objetivo de obter subsídio para a elaboração de um novo Plano Diretor de Transportes para a cidade paranaense. “Estamos andando por diversas cidades e avaliando os resultados das melhores. O sistema de Uberlândia certamente está entre

os melhores, juntamente com Goiânia, Curitiba e Bogotá, na Colômbia, e vai nos ajudar a criar melhores critérios para o nosso. É uma boa forma de atender a população”, afirmou Guerlles. O planejamento do Sistema Integrado de Transportes (SIT) de Uberlândia começou a ser feito em 1991, durante a elaboração do Plano Diretor da cidade, aprovado em 1994. A implantação do sistema ocorreu em julho de 1997, após a construção dos terminais de integração.

EXPERIÊNCIA

SIT ABRIU FASE DE MUDANÇAS

REPORTAGEM CONSTATA FALHAS

A implantação do Sistema Integrado de Transporte (SIT) foi o primeiro grande passo para a melhoria da qualidade do serviço em Uberlândia. Mas foi a partir de setembro 2006, que o sistema da cidade passou a chamar a atenção, com a abertura do corredor estrutural da avenida João Naves de Ávila, que servirá de modelo para mais quatro corredores, com previsão de implantação até o fim de 2012. O projeto está avaliado em R$ 110 milhões, segundo o secretário de

Mesmo com todos os avanços, ainda há gargalos e deficiências a serem corrigidas no transporte de passageiros da cidade. A reportagem do CORREIO de Uberlândia percorreu os cinco terminais de ônibus da cidade em uma tarde, saindo às 14h20 do Distrito Industrial. Seis linhas foram usadas e, em quatro delas, a viagem foi feita em pé, com ônibus cheios. A pior delas, em conforto, foi entre o Terminal Central e o Terminal Planalto, por volta das 17h15, com o ônibus superlotado e curvas feitas em alta velocidade. A experiência terminou por volta das 19h. O secretário Paulo Sérgio Ferreira reconhece que nem tudo está perfeito no sistema,

Trânsito e Transportes, Paulo Sérgio Ferreira (leia mais na página A5). “Foi uma decisão política investir fortemente em transporte público e um choque de modernidade para Uberlândia. Pelo crescimento da frota [de veículos de passeio] da cidade, que hoje está em cerca de 10% ao ano, sabíamos que logo a população ia sofrer com o trânsito. A decisão da prefeitura foi investir em qualidade, para manter o usuário no sistema público e atrair quem usa carro ou moto”, disse o secretário.

NOVAS EMPRESAS

LICITAÇÃO PERMITIU AVANÇOS De acordo com o secretário Paulo Sérgio Ferreira, foi por meio da licitação para a troca das empresas que operavam no transporte de passageiros na cidade que a prefeitura pôde reestruturar o sistema. “Tínhamos gravíssimos problemas, como a idade média da frota, duas empresas operando com altos índices de reclamações, omissões de viagens. No edital, procuramos resolver todos eles.” O edital da licitação levou cinco anos para ser concluído, em 2009, depois de sucessivas renovações de contratos com as antigas concessionárias e entraves na Justiça. O prazo da concessão é de 10 anos e pode ser renovado pelo

mesmo período. Foi estabelecido que as empresas, para operarem em Uberlândia, deveriam ter boa capacidade financeira, histórico de serviço, além de oferecer frota mais nova, com motores menos poluentes e 100% adaptada a usuários com deficiência física. Enquanto estiverem no sistema, elas estão obrigadas a renovar a frota, cuja idade média máxima não pode ultrapassar 5 anos. A estimativa do diretor de uma das empresas que operam na cidade, Leandro Gullin, é de que a viação já investiu R$30 milhões no sistema e que, nos próximos cinco anos, sejam investidos mais R$ 30 milhões, se a frota não aumentar.

CORREDOR de ônibus, implantado em setembro de 2006, foi mais um avanço

SETORIZAÇÃO

ÁREA MENOR, SERVIÇO MELHOR A cidade foi divida em três setores para a operação das empresas, cada uma com frota de até 132 veículos. Segundo Paulo Sérgio Ferreira, a setorização foi adotada como estratégia para que as empresas prestassem um serviço mais eficiente, com uma estrutura menor e atuando em uma área também menor. “Também foi pensada a questão da concorrência, já que cada uma se esforça para superar a qualidade das outras. Com isso, conseguimos

reduzir o tempo de viagem e as reclamações dos usuários. Ainda temos reclamações, mas a população tem sentido a cada dia a melhoria”, afirmou. Todas as linhas são acompanhadas por GPS – sistema de monitoramento por satélite -, o que garante, por exemplo, que o motorista cumpra o trajeto sem ultrapassar a velocidade permitida e parando em todos os pontos previstos. “Temos o controle total dos veículos em circulação”, disse o secretário.

principalmente em horários de pico, que concentram veículos superlotados nas linhas de maior movimento. Por isso, a Settran, juntamente com as empresas de ônibus, estão realizando uma pesquisa sobre a origem e o destino dos passageiros, para que toda a malha e linhas possam ser refeitas. “Nos próximos seis meses vamos fazer uma readequação em horários e até no número de veículos, se for necessário”, afirmou Paulo Sérgio. Sobre a superlotação nos ônibus, o secretário disse que os 100 fiscais da Settran trabalham em três turnos para evitar que a capacidade máxima dos veículos, informada no interior dos mesmos, seja extrapolada.

SIT LINHAS*

FROTA EMPRESA

VEÍCULOS

EMPRESA

VEÍCULOS

AutoTrans

131

AutoTrans

38

São Miguel

132

São Miguel

39

Sorriso de Minas

132

Sorriso de Minas

33

Total

395

Total

110

(360 operantes e 35 reservas)

*Maio de 2010

MAIORES DEMANDAS* LINHA

Nº DE USUÁRIOS

T-131 T. Central/T. Santa Luzia

358.323

T-121 T. Umuarama/Luizote-Mansour

219.483

T-120 T. Umuarama/Luizote-Mansour

217.939

T-132 T. Central/T. Santa Luzia

183.449 *MARÇO/2009


O transplante tem a função básica de reinserir o paciente na sociedade HELENO BATISTA DE OLIVEIRA | NEFROLOGISTA

CIDADE & REGIÃO

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CORREIO DE UBERLÂNDIA • SEGUNDA-FEIRA • 7/9/2009

VIDA DE TRANSPLANTADO > COM ÓRGÃOS DOADOS, UBERLANDENSES VIVEM NORMALMENTE E DÃO EXEMPLO DE AMOR À VIDA

Eles venceram os limites do corpo

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

P

ara doentes crônicos, quando já não há mais outro recurso ou tratamento, o transplante de órgãos é a última indicação dos médicos. É uma tentativa, a opção final. Ouvir a notícia, porém, é o primeiro passo de um longo processo, que inclui internações, filas de espera, cirurgias e medo. Mas, depois de ultrapassado o limite da doença e toda a angústia causada por ela, como é a vida de quem convive com um pedaço de outra pessoa no próprio corpo? Que limitações e expectativas envolvem quem passa por um transplante? “Pedi a Deus que tives-

se misericórdia de mim. E Ele teve.” É esta a explicação da enfermeira Neide Carla de Jesus, 39 anos, para o sucesso dos transplantes de rim e pâncreas que ela recebeu há quase dez anos. Ela é a única transplantada dupla de Uberlândia e faz da sua condição uma bandeira. São 12 comprimidos todos os dias, uma vida mais regrada e nem por isso anormal. “A minha imunidade é mais baixa, mas continuo a fazer minhas atividades normalmente. Vivo para ajudar transplantados e conscientizar as pessoas da importância da doação”, disse. A insuficiência renal surgiu por causa do diabetes incontrolável, hoje curado em função do transplante de pâncreas.

ROBERTO

AOS 39 ANOS, NEIDE CARLA LEVA UMA VIDA NORMAL, APENAS COM INGESTÃO DE 12 COMPRIMIDOS AO DIA “A minha taxa de glicose subia e descia, entrei em coma algumas vezes. Quando recebi a notícia da insuficiência e do transplante, eu me desesperei, me agarrei a Deus. Hoje, eu faço pelas outras pessoas o que fizeram por mim. Até me formei como enfermeira para poder ajudar”, disse.

TRANSPLANTADA, Neide tornou-se enfermeira para ajudar outras pessoas

DIÁLISES PAULO AUGUSTO

CIGARRO obrigou o empresário Roberto a um transplante de pulmão

UMA VIDA TRANSFORMADA O hobby preferido do empresário Roberto Rodrigues, 62, é pescar. Durante 25 anos, ele viajou com amigos para pescarias em vários lugares do Brasil. Na semana passada, depois de quase sete anos sem praticar o esporte, ele finalmente foi liberado por uma junta médica para viajar. Há quatro anos, ele carrega no peito um pulmão de um jovem gaúcho, morto em função de um aneurisma. Devido ao enfisema causado pelo cigarro (fumava três maços diariamente), ele foi dependente do balão de oxigênio por sete anos. “Não conseguia nem tomar banho sozinho. Era uma tortura diária, não era vida”. Ele ficou na lista de espera, morando em Porto Alegre (RS) de novembro de 2004 até abril do

BETO OLIVEIRA

ano seguinte. “No final, já não conseguia fazer nada, só esperar, com agonia, a notícia da chegada do pulmão”, disse. Hoje, vive uma vida inimaginável há cinco anos: trabalha, namora, pratica atividades físicas, faz drenagem linfática. De diferente, só um detalhe: são 24 comprimidos de imunossupressores todos os dias. “Vai ser assim pelo resto dos meus dias. Estou feliz, voltei a respirar aliviado”, afirmou. Assim como a enfermeira Neide, ele dedica parte do tempo para a conscientização das pessoas sobre a importância da doação de órgãos, além de participar de campanhas contra o fumo. “Tenho que fazer a minha parte. Eu tive sorte, é minha obrigação ajudar.”

MUITA PACIÊNCIA COM A FILA DE ESPERA Há dez anos na fila de espera por um rim, o aposentado Natalino José Augusto, 60, sobrevive graças às quatro sessões de diálise semanais. Com os dois rins paralisados em função de pressão alta, ele se diz resignado com a própria sorte. “Deus é perfeito e dá uma cruz a quem pode carregar. Sou teimoso, vou resistindo enquanto der”, disse. A dificuldade para encontrar um rim para Natalino Augusto é o tipo sanguíneo raro, O positivo. Ele afirma não sentir tanta dor como outros pacientes de hemodiálise, nas sessões que duram, em média, quatro horas, mas se queixa das limitações. “Não posso comer o que

PAULO AUGUSTO

RENAL crônico, Natalino aguarda transplante e sonha em se livrar da diálise

eu quero, beber o que eu tenho vontade. Se eu for viajar, tenho de correr atrás de diálise para onde eu for. É muito difícil”, disse. Presidente da Associação dos Renais Crônicos, ele co-

nhece todas as histórias dos cerca de 300 pacientes da região do Triângulo Mineiro. “Todo renal crônico sonha em abandonar a máquina. É uma vida muito limitada. Todos queremos liberdade”, afirmou.

FASES

MÉDICO COLECIONA HISTÓRIAS EMOCIONANTES O nefrologista Heleno Batista de Oliveira é um dos responsáveis pelos transplantes renais realizados em Uberlândia. Na cidade, além desta modalidade, só são feitos transplantes de córneas. Há dez anos na função, ele se emociona ao relembrar histórias de pacientes que se livraram da diálise e hoje vivem bem, depois de muito tempo de transplante. Entre os mais de 250 pacientes transplantados que atende, ele aponta quatro

fases pré e pós-transplante. A primeira é de extrema depressão ao receber o diagnóstico. Depois, há a agonia da espera, seguida pelo medo. No final, depois do transplante, o clima de festa no setor do Hospital de Clínicas da Universidade Federal (Setran-HC/UFU) que envolve pacientes, família e equipe médica. De acordo com ele, os renais têm a opção de continuar com diálise, mas são poucos que preferem não transplantar. No

caso de transplantes como de pulmão, coração e fígado, não há opção. Os pacientes ficam dependentes do transplante. Nestes casos, o tempo na fila de espera é crucial. “O transplante tem a função básica de reinserir o paciente na sociedade, não é só resgatar a saúde, mas também a dignidade.” A escolha do candidato a receber o órgão não é feita por ordem na fila, mas por compatibilidade: vai para o paciente que apresenta a menor chance de rejeição.


CIDADE & REGIÃO

Clientes fumantes renderão multas de R$ 2.034,90 a R$ 6.104,70 a proprietários de estabelecimentos coletivos fechados

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CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 8/11/2009

SEGURANÇA BETO OLIVEIRA

> AVES ALARDEIAM PRESENÇA DE PESSOAS ESTRANHAS E PODEM AFUGENTÁ-LAS

Gansos no lugar de cães LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

N

a França, os gansos são usados para a gastronomia. O fígado da ave é ingrediente para uma iguaria local, o foie gras (patê de vísceras infeccionadas). Em Uberlândia, eles têm outra serventia: são aves de guarda. Se na Europa os que não viram patê vão para o forno, por aqui

VETERINÁRIO

SEM AMBIENTE NATURAL, OS GANSOS SOFREM O responsável pelo setor de animais silvestres do Hospital Veterinário Universitário, professor André Luiz Quagliatto, afirmou que a criação de qualquer animal silvestre envolve a disposição do dono em reproduzir, ainda que parcialmente, o ambiente natural. “Gansos são animais aquáticos. É necessário que se tenha um lugar onde eles possam flutuar e se exercitar. Pode ser uma lagoa, um lago, uma represa. Sem água, eles sofrem”, disse. De acordo com ele, um cuidado deve ser tomado: evitar a contaminação pela salmonela. Bactéria presente no intestino de todas as aves, ela oferece risco de gastrointerite (infecção intestinal) em crianças, idosos e portadores de doenças imunossupressoras que entrarem em contato com as fezes do animal. A infecção pode se tornar grave e até matar. “É uma questão de higiene básica, como lavar as mãos depois de encostar no bicho”, afirmou. CÃO OU GANSO? Para o médico veterinário André Luiz Quagliatto, um animal não é melhor do que outro, pois isso depende das condições de espaço e da disposição do dono. VEJA O COMPARATIVO: - Alimentação Gansos pastam e comem grãos, como milho, mas também há a opção de usar ração para aves, mais barata e menos consumida do que ração para cães - Espaço Cachorros, de acordo com o porte, podem ser criados em espaços menores. Gansos requerem muito espaço e água suficiente para flutuar - Comportamento Cães podem ser dóceis e se relacionar afetivamente com seus donos. Os gansos mantêm um comportamento mais primitivo, de respeito em troca de alimento. Cães podem ser treinados; gansos, não - Preço Um casal de gansos pode ser comprado por cerca de R$ 200. Um bom cão de guarda, como o pastor alemão, pode variar de R$ 200 a R$ 1 mil CURIOSIDADES > Os gansos foram domesticados há 4 mil anos, no antigo Egito > Na natureza, a maior parte das espécies de gansos é encontrada no Hemisfério Norte > Medem entre 64 cm e 1,14 m > As penas foram muito usadas desde o início da era Cristã, até meados do século 19, como canetas

eles vivem em paz, para garantir a paz de moradores de chácaras preocupados com a falta de segurança na cidade. É o caso do comerciante Carlos José Silva, que mantém, na zona oeste, um casal de gansos – que recentemente teve quatro filhotes. Há cinco anos, os dois desfilam sua elegância pelo quintal, namoram e, quando chega visita estranha, gritam, grasnam e alardeiam por toda a

casa que há alguém estranho por lá. É dessa forma que eles protegem a chácara. “Eles até podem bicar quem chega, mas os gritos são mais eficazes para espantar as pessoas. De longe dá para ouvir. Dizer que [o ganso] protege sozinho é exagero, mas se o ladrão está no escuro e vem um bicho deste tamanho, correndo, fazendo tanto barulho, é lógico que ele vai sair correndo”, disse Carlos Silva.

O criador, que tem também duas cadelas, mas que não protegem a casa, aponta vantagens dos gansos em comparação aos cães, tradicionalmente utilizados como animais de guarda. “Para comer, eu jogo milho, e eles pastam, então não gasto com ração. Também acho os gansos mais higiênicos, as fezes não cheiram mal, nem juntam moscas. E não tem perigo de eles me atacarem”, afirmou.

CHÁCARA de Carlos José Silva é vigiada por casal de gansos que tem 4 filhotes


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CIDADE & REGIÃO

NO SITE › O que observar antes de se contratar um cuidador de idosos › O que deve ser observado em uma instituição

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 9/5/2010

www.correiodeuberlandia.com.br

DEPENDENTES > CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS OU INTERNAÇÃO EM CLÍNICAS, EM MUITOS CASOS, É A SOLUÇÃO, DIZ ESPECIALISTA

CUIDAR DE IDOSOS GERA DÚVIDAS

lygia@correiodeuberlandia.com.br

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número de brasileiros que chegam à terceira idade é crescente. A expectativa de vida da população é hoje de 72,8 anos, 11 anos a mais que em 1980. Para o futuro, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que, em 2040, o país terá 55,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Entre elas, 13 milhões serão octogenários. Em 2000, este grupo era de 1,8 milhão. O aumento desta população gera dúvidas para as famílias que precisam decidir o que fazer quando os idosos se tornam dependentes funcionais e qual é a melhor forma de cuidar deles. De acordo com o geriatra

PAULO AUGUSTO

de repouso e os asilos. E o termo mais usado é institucionalizar, e não internar”, disse o médico.

Márcio Borges, editor do site Cuidar de Idosos, a decisão sobre como cuidar do idoso passa por fatores como o número de familiares dispostos à tarefa, o estado de debilidade do paciente e a situação financeira. Segundo ele, a maior causa de dependência funcional entre pessoas da terceira idade são as doenças de Alzheimer e de Parkinson, além de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e quedas. “Famílias numerosas se encaixam bem em esquema de revezamento. A maioria das famílias de hoje, pequenas e nucleares, precisa do auxílio de cuidadores profissionais. Institucionalizar o idoso dependente pode ser, em muitos casos, uma solução, um prêmio para ele, e não um castigo. Atualmente, chamamos de Instituições de Longa Permanência para Idosos (Ilpis) as casas

LYGIA CALIL | REPÓRTER

BRASIL TERÁ 13 MILHÕES DE PESSOAS COM MAIS DE 80 ANOS EM 2040

“PESO” Na avaliação da professora de Educação Física Geni de Araújo Costa, especialista em terceira idade da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenadora do programa Atividades Físicas e Recreativas para a Terceira Idade (Afrid), muitas famílias sentem o idoso dependente como um peso. “As famílias não são preparadas para cuidar dos velhos. Uma pessoa com mais de 80 anos geralmente tem, no mínimo, cinco doenças crônicas. Normalmente, as famílias cuidam de forma errada, por falta de conhecimento e de informação”, afirmou.

GENI COSTA Famílias não estão preparadas para cuidar dos idosos e geralmente o fazem de forma errada

CASA X CLÍNICA

ASILOS

ESCOLHA DO LOCAL DE TRATAMENTO É LIGADA AO FATOR FINANCEIRO A escolha de como e onde cuidar dos idosos dependentes passa, invariavelmente, pelo viés econômico. Optar pelo tratamento em casa ou em instituições depende de quanto a família tem para gastar. Segundo Geni Araújo, especialista em terceira idade, a manutenção de um idoso custa, em média, R$ 1,6 mil mensais, incluindo medicamentos, fraldas e remuneração de cuidadores. Conforme apurou a reportagem do

CORREIO de Uberlândia, as mensalidades em instituições particulares custam de R$ 1,8 mil a R$ 2,5 mil, na cidade. Por causa do alto custo para contratar pessoas especializadas, a maioria das famílias assume a tarefa. “O problema é que ninguém é preparado para fazer isso. O idoso se torna um peso à medida que o familiar faz por obrigação ou sentimento de culpa. Muitas vezes, também, a família peca por

excesso de zelo”, afirmou a especialista. O preconceito contra o processo de institucionalização – tratado popularmente como internação -, segundo Geni Araújo, é justificável devido às condições precárias de algumas instituições. “Há a visão de que estes lugares são péssimos, depósitos de pessoas. E alguns realmente são. Colocam-se duas enfermeiras para cuidar de 10 idosos dependentes. Se dois deles querem ir ao banheiro

INTERNOS SÃO ABANDONADOS

ao mesmo tempo, por exemplo, um fica no prejuízo.” Segundo a professora, esta imagem tende a mudar. “Em grandes capitais existem hoje as pousadas e hotéis para os idosos. Muitas vezes, são eles mesmos que procuram conhecedores das suas limitações. Sendo oferecido um trabalho de qualidade, é a melhor opção. Há a convivência com pessoas da sua idade, com valores correspondentes, histórias, desejos. É uma rede social.”

Os administradores de duas instituições que cuidam de idosos em Uberlândia afirmaram que muitas famílias não se preocupam com os internos. “Para a maioria [dos idosos] falta a parte afetiva. São raras as famílias que vêm todas as semanas e procuram se informar sobre o estado de saúde. A maioria não quer nem saber. Temos de ligar e correr atrás para dar notícias”, disse Adria-

na Paiva, do Lar Alziro Zarur, mantido pela Legião da Boa Vontade (LBV). Em instituições particulares, é menos frequente a ausência dos familiares, mas também existe. “Normalmente, são pais e mães que lutaram, passaram por dificuldades para criar os filhos e quando mais precisam são deixados e esquecidos em instituições”, disse Leonardo Strack, dono de uma clínica.

BETO OLIVEIRA

UNIÃO

IRMÃS DIVIDEM AS TAREFAS E O ACOMPANHAMENTO DA MÃE

MARIA HELOÍSA e as irmãs cuidam da mãe, Francisca Gomes

Segundo a professora Geni Araújo, por uma questão cultural, a maioria das famílias prefere cuidar dos idosos dependentes em casa, com serviços dos próprios familiares ou de cuidadores contratados. Em alguns casos, surgem conflitos quando as tarefas não são divididas e a responsabilidade sobrecarrega apenas uma pessoa. Para a família da servi-

dora pública Maria Heloísa Gomes, que cuida da mãe em casa, com a ajuda de três irmãs, o compromisso não gerou nenhum problema. Ela faz parte de uma família de longevos em que normalmente os membros vivem mais de 80 anos. Francisca Gomes, de 92 anos, divide o tempo entre a cama e a cadeira de rodas, desde janeiro deste ano, quando fraturou o fêmur em uma queda.

Inicialmente, as irmãs contrataram uma enfermeira que ensinou como lidar com a idosa, carregá-la, dar banho. “A cada dia, precisamos aprender alguma coisa nos cuidados com ela, porque não sabíamos nada antes da queda. Nunca passou pela nossa cabeça ter de cuidar dela desta maneira”, disse Heloísa Gomes. Em um esquema de colaboração mútua, as irmãs se

revezam nos afazeres. Uma delas abriu mão do trabalho e fica o dia todo com a mãe. As outras três participam dos cuidados quando voltam para casa e rateiam os custos do tratamento. “Acho que a nossa criação contribuiu para o revezamento. É tudo feito com muito carinho. É um prazer cuidar da minha mãe. Acredito que seja uma coisa natural.” PAULO AUGUSTO

ENVOLVIMENTO

SOB ORIENTAÇÃO

CUIDADORES PODEM ADOECER FAMÍLIA OPTA POR INSTITUIÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a família é a melhor fonte de bem estar e de qualidade de vida de um idoso. Isso significa que, preferencialmente, a família deve cuidar. Porém, nem sempre é saudável o envolvimento direto no tratamento, quando doenças graves acometem o idoso, pois há o risco de o cuidador acabar adoecendo também. Segundo o neurologista Reinaldo Ugrinovich, deve existir um preparo psicológi-

co para a pessoa que acompanha o idoso dependente, sobretudo com doença de Alzheimer. “A recomendação é que a família não se envolva diretamente no trabalho braçal com o idoso, mas que dê suporte afetivo. É um trabalho desgastante, que nem sempre faz bem à família.” Na avaliação do geriatra Márcio Borges, se a opção do familiar for cuidar do idoso, são necessários, além do preparo, momentos de descanso e lazer.

A família do criador e treinador de cães Walce Magnino Cardoso decidiu colocar a avó dele, de 101 anos, em uma instituição. Ela sofre, desde 2005, de mal de Alzheimer e de Parkinson. Antes de ir para a clínica, em 2008, ela morava sozinha em um apartamento e era assistida por profissionais 24 horas. O gasto mensal ultrapassava R$ 10 mil, segundo Cardoso. A ideia de institucionalizar a idosa surgiu do geriatra dela, que orientou a família. “Visitei

todas as instituições de Uberlândia. Encontrei muitas boas e outras desumanas, com cenas horríveis. Cabe à família procurar o que for melhor. Procuramos uma que equilibrasse a estrutura profissional com o calor humano”, disse. Quase todos os dias, Walce Cardoso visita a avó, que já não o reconhece mais. “Ela foi uma mulher que sempre uniu a família em torno dela, sempre com muito carinho. Oferecer um tratamento digno a ela é o mínimo que podemos fazer.”

WALCE MAGNINO visita frequentemente a avó, de 101 anos, em uma clínica


CIDADE & REGIÃO

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Uberlândia tem 135 quilômetros quadrados de área no setor urbano

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 11/4/2010

PLANEJAMENTO > PREFEITURA NÃO VAI AUTORIZAR EMPREENDIMENTOS LOCALIZADOS FORA DO PERÍMETRO JÁ DELIMITADO NO MAPA

Área urbana deve ser ocupada até 2023

A

té 2023, o atual perímetro urbano de Uberlândia, uma área de 135 km2, terá sido completamente ocupado, se a cidade mantiver o ritmo de crescimento estável pelos próximos anos. A previsão é da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. Para evitar a especulação imobiliária, que se tornou, historicamente, uma característica da expansão da cidade, o atual traçado do perímetro urbano não será modificado até que todos os espaços hoje vazios recebam construções. De acordo com o secre-

tário de Planejamento de Uberlândia, Rubens Kazuchi Yoshimoto, a maior parte dos territórios que ainda estão vagos é de propriedade de poucas pessoas, descendentes de pioneiros que adquiriram muitas glebas de terra no passado. “Nosso objetivo é que não haja mais esta prática especulativa. Por isso, não aprovamos loteamentos em áreas muito afastadas, para que os terrenos no caminho até elas se valorizem e os donos ganhem com isso, com o passar do tempo e o desenvolvimento local. O nosso interesse é aprovar loteamentos em áreas integradas com os bairros já existentes”, afirmou o secretário.

O único espaço disponível hoje para grandes loteamentos está no setor sul, que se tornou o maior vetor de crescimento da cidade. Para os outros setores, a maior parte do planejamento já está pronta (veja nesta página). Segundo o secretário, o Plano Diretor da cidade, estabelecido em 2006 e com revisão agendada para 2016, já está “obsoleto para a realidade da cidade”. “Hoje, vivemos em uma cidade diferente daquela de quatro anos atrás. A realidade é outra, temos outras necessidades. O Plano Diretor já se tornou velho. Revemos todos os dias as nossas metas”, disse Rubens Yoshimoto.

PAULO AUGUSTO

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

BETO OLIVEIRA

BAIRROS SECRETÁRIO Rubens Yoshimoto disse que ocupação de áreas já integradas a bairros evita a especulação imobiliária

LEGISLAÇÃO

CONSTRUTORAS TÊM NOVA RESPONSABILIDADE

CRIAÇÃO de subcentros deve refletir no trânsito da região central, que hoje registra pontos de congestionamento

com estrutura. A lei prevê que, antes de iniciar qualquer loteamento na cidade, deve ser feito um estudo técnico na área para saber quais equipamentos sociais deverão ser construídos. Antes de haver esta legislação, o empreendedor só era co-responsável pela infraestrutura básica do empreendimento, como água, esgoto e asfalto. “A prefeitura funcio-

na como uma empresa: só pode gastar de acordo com a receita. Todo equipamento social gera uma despesa permanente, então é justo que as empresas ajudem a bancar, pelo menos, a construção, já que a manutenção vai ficar por conta do poder público. Em síntese, os empreendimentos imobiliários nascerão com os equipamentos sociais necessários à população.” BETO OLIVEIRA

Em dezembro de 2009, a Câmara Municipal aprovou uma lei proposta pelo Executivo que obriga as construtoras a participar, em conjunto com a prefeitura, da instalação de equipamentos sociais como escolas e áreas de lazer para atender à população dos novos loteamentos. Segundo o secretário de Planejamento Urbano, Rubens Yoshimoto, esta medida possibilitará que a cidade cresça

SETORES

META É FORTALECER COMÉRCIO E SERVIÇOS A ideia é que cada bairro integrado tenha seu subcentro, com comércio variado e serviços diversos. Além do Luizote, Roosevelt e São Jorge deverão ter centros comerciais fortalecidos. Mesmo sem o incentivo oficial, estas localidades já dispõem de comércio. “Criaremos também nestes lugares postos avançados com serviços da prefeitura. As pessoas não precisarão ir ao centro da cidade para resolver qualquer coisa. Os bairros terão mais autonomia. Isso certamente vai refletir no trânsito do Centro”, disse

o secretário. Outro projeto para médio prazo é criar uma linha radial que envolva todos os seis terminais (cinco atuais e um que será construído no bairro Shopping Park) do Sistema Integrado de Transporte (SIT), que dispensará a intermediação do Terminal Central. “Isso vai dar maior agilidade às viagens e fluidez no trânsito, após a conclusão dos novos corredores de ônibus [previstos para as avenidas Fernando Vilela e Vasconcelos Costa, Getúlio Vargas, Segismundo Pereira e João Pessoa]”, afirmou.

SUL

É o que dispõe da maior parte dos terrenos vagos da cidade. Maior vetor de crescimento de Uberlândia, nos próximos anos, deverá ser ocupado por condomínios e loteamentos de residências para todos os públicos – desde casas populares, no Shopping Park, até casas de alto padrão no entorno do Uberlândia Shopping.

BETO OLIVEIRA

A Secretaria de Planejamento Urbano pretende amenizar os problemas do trânsito em Uberlândia — que já incomodam motoristas e pedestres — com o fortalecimento de centros comerciais e de serviços nos bairros, a exemplo do que existe hoje no bairro Luizote de Freitas, na região oeste. De acordo com o secretário Rubens Yoshimoto, para isso, deverão ser feitos ajustes na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, para que empresas de serviços, como bancos, possam se instalar nos bairros.

LESTE

A Secretaria de Planejamento Urbano começou o estudo para a aprovação de um loteamento entre os bairros Mansões Aeroporto e Morumbi. É neste setor, também, que será construído o novo Distrito Industrial da cidade, composto somente por fábricas não-poluentes. A escolha do local está relacionada com o aproveitamento da mão de obra dos moradores dos bairros mais carentes da cidade (Morumbi, Joana D`Arc, Alvorada). Os trabalhadores economizarão tempo e dinheiro para se deslocar até as empresas; poderão ir a pé ou de bicicleta.

HABITAÇÃO Em outro extremo da cidade, no bairro Shopping Park, outras 3,6 mil moradias serão construídas. De acordo com o secretário, há estudos de projetos semelhantes para a zona leste, no entorno do bairro Morumbi. “Isso sem contar outros projetos habitacionais realizados pela iniciativa privada,

visando às classes C e D. Não temos bolsões de pobreza em Uberlândia. Há, sim, moradias simples, mas com água, energia e saneamento básico. Não há condição de vida sub-humana e queremos que continue assim, mesmo crescendo em ritmo forte”, disse. Na avaliação de Yoshimoto, a quantidade de migrantes de cidades vizinhas que chega a Uberlândia também tem de ser levada em conta no planejamento da cidade. “Na última década, a população cresceu, em média, 2,6% ao ano e hoje está em 3%. Crescemos acima de qualquer cidade do mesmo porte e, por isso, é tão importante planejar. É preciso realizar o que está planejado no curto prazo para que o médio e longo prazos se concretizem.”

NORTE

A área que restou nesta região será ocupada, progressivamente, pela expansão do atual Distrito Industrial. “Serão novas indústrias que já pleiteiam o espaço. A infraestrutura já está pronta”, disse o secretário de Planejamento Urbano. BETO OLIVEIRA

Hoje, o déficit habitacional em Uberlândia é de cerca de 15 mil casas. Segundo o secretário de Planejamento Urbano, Rubens Yoshimoto, a demanda tem sido amenizada com projetos como o do Jardim Célia, por meio do qual a prefeitura já entregou 600 casas populares e pretende entregar mais 300 até maio.

BETO OLIVEIRA

DÉFICIT DE 15 MIL MORADIAS SERÁ REDUZIDO

OESTE

Onde está o bairro Luizote de Freitas, por exemplo. O setor tem pouco para crescer fisicamente à pois a área está praticamente toda ocupada.Segundo Rubens Yoshimoto, existe uma área grande ocupada por uma granja que no futuro poderá ser transferida para outro lugar. “Todo o terreno pertence somente a um grupo, que poderá loteá-lo quando a área se valorizar mais.”


!

CIDADE & REGIÃO

INFORMAÇÕES SOBRE A GRIPE A SIM - 3239-2800 Polícia Militar - 190

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CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 16/8/2009

PESQUISA > PROBABILIDADE DE DESENVOLVER PROBLEMAS CRÔNICOS É 20% MAIOR ENTRE AS PESSOAS QUE SE DIVORCIAM

Divórcio causa prejuízos à saúde

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

Q

uem já acompanhou um processo de divórcio de perto sabe quantos problemas a separação causa. Em primeiro plano, pelo sofrimento e frustração de sonhos abandonados. Para os mais práticos, questões financeiras difíceis de serem resolvidas. Além de todos estes transtornos, o rompimento também pode causar sérios prejuízos à saúde, segundo cientistas. Uma pesquisa realizada na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, aponta que pessoas que se divorciam têm 20% mais chances de desenvolver um problema crônico de saúde do que as que nunca se casaram ou permanecem juntas por toda a vida. Publicada no mês passado na revista científica “Journal of Health and Social Behavior”, a pesquisa foi feita com 8.652 pessoas

com idades entre 51 e 61 anos. Resultados preliminares de outros estudos feitos na Universidade indicam que, entre os mais jovens, os efeitos nocivos da separação também são percebidos em proporção equivalente aos mais velhos. Os cientistas responsáveis pela investigação sugerem que a maior incidência de doenças como câncer, diabetes e problemas cardíacos em divorciados está relacionada ao estresse causado pelos conflitos e pela queda da renda dos parceiros.

ADOECER PSÍQUICO Segundo o psicólogo Jorge Pfeifer, as doenças podem começar a aparecer mesmo antes do término do casamento. Quando o casal se dá conta de que não há caminhos para que o relacionamento continue, inicia-se o processo de luto, pelo qual ambos os ex-parceiros passam. “Há um adoecer psíquico, acompanhado por apatia,

BETO OLIVEIRA

PESQUISA OUVIU

8.652 PESSOAS COM IDADES ENTRE

51 E 61 ANOS indiferença e negação do futuro. A autoestima é minada e a tendência é que a resistência fique cada vez menor. É aí que surgem doenças. O problema maior é quando a pessoa não consegue dar um passo adiante, fica remoendo e tem sentimentos de rejeição ou culpa”, afirmou. Em outros casos, de acordo com Pfeifer, as patologias começam inconscientemente para chamar a atenção ou culpar o outro pela situação de sofrimento e pela incapacidade de enfrentar o futuro sozinho. Veja mais sobre o assuno no site

www.correiodeuberlandia.com.br

QUEM

FIM DO RELACIONAMENTO FOI SURPRESA Depois de dois anos de casamento, a pedagoga empresarial Paula (nome fictício), 27 anos, surpreendeu-se quando o marido decidiu abandoná-la e voltou a morar na casa da mãe dele. Um mês depois do rompimento definitivo, seis quilos mais magra, hoje ela busca forças para superar o trauma na religião e em um tratamento psicológico.

“Tínhamos planos, queríamos filhos, planejamos um futuro juntos. No começo, tínhamos as mesmas ideias. Tudo o que procurava em um homem encontrei nele. Acho que, quando se entra em um casamento, ele deve ser levado a sério. No meu, não teve falta de respeito nem traição. Ele, simplesmente, quis jogar tudo para o alto. Foi falta de

consideração”, disse. Mesmo depois de o excompanheiro ter saído de casa, ela tentou a reconciliação. Por quatro meses, o casal se encontrou e manteve um namoro. “Já não era a mesma coisa. Aí fui eu que resolvi que não adiantava mais. Mas não é fácil. Nunca busquei tanto a Deus quanto neste último mês. É uma dor inexplicável”, afirmou.

DICAS Quando a separação já é fato consumado, o que fazer? Veja algumas sugestões de profissionais que podem ajudar a superar o trauma com mais equilíbrio e evitar o estresse ARTES – Descubra um dom escondido em você. Tente pintar, cantar, bordar, fotografar lugares diferentes ENCONTRE UM INTERMEDIÁRIO Quando os conflitos e agressões

verbais forem muito frequentes, procure alguém para intermediar as negociações

ESPIRITUALIDADE – Busque conforto em Deus. As religiões podem ser grandes aliadas para enfrentar traumas emocionais

NÃO SE ABANDONE - Invista em si mesmo. Se possível, mude o corte de cabelo, compre roupas novas e se prepare para a nova vida

FAMÍLIA E AMIGOS – Aproximese de quem gosta de verdade de você. Busque forças com sua família e amigos

ATIVIDADES FÍSICAS – Encontre atividades que deem prazer. Pode ser algum esporte, arte marcial, dança, o que o atrair

AFETIVIDADE - Quando se sentir preparado ou surgir a oportunidade, invista em um novo amor e siga em frente

PREJUÍZOS FINANCEIROS

CASAL SAI NO PREJUÍZO DURANTE PARTILHA Os prejuízos financeiros causados pelo divórcio também são inimigos da saúde, pelo estresse que causam. Segundo o advogado e professor universitário Antônio Chaves Neto, que atende casos da vara de família há 14 anos, em todo processo de partilha de patrimônio, o casal sai no prejuízo e o mal-estar é inevitável.

“Por muito tempo, o comportamento dos envolvidos muda. Dorme-se e come-se mal, há uma absorção do problema. A vida da pessoa passa a girar em função do divórcio. É por isso que o advogado deve ser um pouco psicólogo também. Já vi muitos clientes adoecerem, até enfartarem durante o processo”, disse.

Ainda que os esforços empreendidos para alcançar os bens tenham sido os mesmos, de ambas as partes, há também o sentimento de injustiça do outro levar a metade de tudo. “Ninguém planeja um casamento por tempo determinado. De fato, há o prejuízo, pois o patrimônio conquistado é dividido”, afirmou.

MALES E BENS

LUTO DEVE PERMANECER ENTRE 4 E 6 MESES Segundo o psiquiatra Alfredo Demétrio Jorge Neto, é normal que o luto de pacientes separados dure entre quatro e seis meses. Passado este tempo, se o estado emocional não melhorar ou se os transtornos se agravarem, é sinal de que a dor pode ter se tornado patológica. Quando isso acontece, é hora

de procurar ajuda com um especialista. “Todas as separações são dolorosas, mas não é preciso que seja pelo resto da vida. Quem se divorcia deve guardar as melhores lembranças e seguir em frente. Os relacionamentos devem ser construtivos, sempre, mesmo depois que acabam”, disse.

Jorge Neto alertou que os divórcios também podem provocar o efeito contrário, e curar doenças psíquicas causadas pela infelicidade de manter um relacionamento já falido. “Muitas vezes, acontece de a separação fazer bem para a pessoa. Tudo depende das condições em que o casamento estava.”

PSICÓLOGO Jorge Pfeifer diz que patologias começam inconscientemente para chamar a atenção ou culpar o outro


CIDADE & REGIÃO

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Eu ofereço o caminho e um lugar para eles se desintoxicarem e se fortalecerem. O restante, para o resto da vida, é por conta deles re

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 17/1/2010

RODRIGO GOUVEIA | PROPRIETÁRIO DE INSTITUIÇÃO RO

COMUNIDADES TERAPÊUTICAS > MAIORIA DOS 104 DEPENDENTES QUÍMICOS ATENDIDOS ANTES DAS INTERDIÇÕES NÃO RETORNOU; TRÊS MORRERAM NAS RUAS

Comunidades retomam tratamento LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

A

s intervenções do Ministério Público e Vigilância Sanitária, em julho e agosto do ano passado, devolveram às ruas 104 dependentes químicos internados nas comunidades terapêuticas de Uberlândia. Desde então, seis meses depois, o que mudou no tratamento aos usuários? Por onde eles andam e o que estão fazendo nas ruas? A reportagem do CORREIO de Uberlândia visitou comunidades terapêuticas e entrou em contato com usuários e familiares. Contagem informal apontou que dois ex-internos teriam se suicidado, outros quatro estariam presos. A ex-interna Viviane Vieira Reis, de 27 anos, foi assassinada em setembro. Muitos voltaram para as cidades de origem (cerca de 60%, segundo o Ministério Público) e o restante não foi encontrado. Quatro clínicas foram fechadas por uma ação conjunta do Ministério Público Estadual e Vigilância Sanitária, iniciada em 31 de julho. Outras duas foram vistoriadas e receberam prazo para adequações. Primeira a ser fechada, a Nova Vida Casa de Recuperação foi a única acusada de torturar internos. Enquanto as irregularidades perante a Vigilância Sanitária puderam ser resolvidas de forma mais rápida, a acusação por cárcere privado, enfrentada por alguns proprietários de comunidades terapêuticas, será resol-

SERIEDADE Hoje, proprietários de comunidades terapêuticas afirmam não mais realizar o serviço involuntariamente. “Houve abertura indiscriminada destas comunidades, o que acabou difamando as instituições sérias. De qualquer forma, encaro como uma coisa positiva, pois as que restaram foram as que mostraram um trabalho sério”, disse Bárbara Oliveira Carneiro, que dirige com o marido, Luiz Antônio da Fonseca Neto, uma instituição para dependentes químicos em Uberlândia. Assim como a maioria dos donos de comunidades terapêuticas da cidade, o casal também é dependente químico em tratamento. “Muitos ex-internos abriram comunidades com interesse único de ganhar dinheiro. Ser um usuário em recuperação, sem nenhuma qualificação, não habilita ninguém a tratar outros adictos”, afirmou Luiz.

INTERNAÇÃO

AJUDA ESBARRA NA LEGISLAÇÃO Antes das interdições, a comunidade dirigida por Bárbara Carneiro e Luiz Neto tinha 135 internos. Com o cerco apertado contra a internação involuntária, eles começaram a liberar os pacientes que não queriam continuar em tratamento. Hoje, restam 54 deles. “A regulamentação parece ter sido feita por leigos no assunto. Um adicto de crack não é o mesmo do que um usuá-

FOTOS BETO OLIVEIRA

vida na esfera criminal pela Justiça. Antes das intervenções, o município era tido como uma referência nacional de internações involuntárias e ilegais, ao receber muitas pessoas de fora do estado para o tratamento à força (cerca de 60% dos internos liberados, segundo o MP). Depois das interdições, muitas comunidades terapêuticas fecharam antes mesmo das vistorias e abriram em outros locais, como Catalão (GO), a 110 km de Uberlândia.

rio de maconha. Se alguém não tomar uma decisão para que o paciente se submeta ao tratamento, ele nunca vai se tratar”, disse Luiz Neto. Um dos ex-internos que se suicidaram saiu da comunidade terapêutica do casal. “É um crime. Tive que ouvir um pai pedir pelo amor de Deus para salvar o filho dele, mas não pude fazer nada. O rapaz se matou no dia seguinte”, disse.

TERAPIA Após a interdição pelo Ministério Público, comunidades tiveram que se adequar à legislação e não podem mais receber internações involuntárias

COMUNIDADE

“MINHA MISSÃO É AJUDÁ-LOS A ENCONTRAR OS 12 PASSOS” Reaberta há 30 dias, a Comunidade Terapêutica Reviva foi uma das interditadas em setembro, no ano passado. Segundo o proprietário da instituição, Rodrigo Gouveia do Nascimento, ele assinou um termo de ajuste de conduta com a Vigilância Sanitária. Ele afirmou que

o fechamento foi em decorrência da falta de alvará de funcionamento devido a uma mudança de endereço. “Sinto que a minha missão e responsabilidade é ajudar os internos a encontrarem os 12 passos, que foi o que funcionou para mim e para milhões de outros

adictos. Não há outra forma de sair das drogas. Eu ofereço o caminho e um lugar para eles se desintoxicarem e fortalecerem. O restante para a vida inteira é por conta deles”, disse. Em setembro, Rodrigo do Nascimento mantinha duas comunidades terapêuti-

cas - uma unidade para homens e outra para mulheres. Ao todo, eram 50 internos. “Quando a primeira comunidade foi fechada, conversei com todos eles e disse que quem quisesse poderia sair. Saíram 20”, afirmou. Hoje, 18 dependentes estão internados na comunidade.

MINISTÉRIO PÚBLICO

PROMOTOR APONTA FALHA NAS AÇÕES DO PODER PÚBLICO Segundo o promotor Lúcio Flávio de Faria e Silva, da Promotoria Especializada na Defesa da Saúde, do Deficiente e do Idoso, as comunidades terapêuticas se instalaram por omissão do poder público. “Estado e município falharam nas suas atribuições de planejar uma política nacional e local na repressão ao tráfico, na prevenção do uso e no tratamento. A obrigação de fiscalizar não foi

cumprida”, afirmou. Após as intervenções do ano passado, muitas famílias procuraram a Justiça para interditar os dependentes, para mantê-los sob internação compulsória, mas, até hoje, nenhuma conseguiu. “Só é possível conseguir a interdição para doentes mentais graves e um paciente assim não pode ser tratado nas comunidades. É uma clara tentativa de

burlar a legislação. Entendo o desespero das famílias, mas não há muito o que se fazer. Internar, só se for em ambiente hospitalar. Esse não pode ser um trabalho tão amador”, disse. O promotor espera forte atuação do Conselho Municipal Antidrogas (Comad), que terá a diretoria empossada em breve, ainda sem data definida. Das 28 cadeiras, duas serão ocupadas por repre-

sentantes das comunidades terapêuticas e não existirão mais as vagas cativas, ocupadas indefinidamente por donos dessas comunidades. Ele também aguarda a abertura do Caps III, com estrutura para internação de pacientes em crise. “Neste caso, poderá haver a internação involuntária, pois os profissionais seguirão critérios observados na legislação”, disse Lúcio Flávio.

ATENDIMENTO Mais da metade dos internos que estavam nas instituições de Uberlândia é de outras cidades e não retornou para as comunidades após as adequações

CAPS

MÉDIA MENSAL DE ATENDIMENTOS NA REDE AUMENTOU

LUIZ E BÁRBARA são donos de comunidade que hoje atende 54 dependentes

Segundo o coordenador da rede municipal de saúde mental, responsável pela administração dos Centros de Assistência Psicossocial (CAPs), Christiano Mendes de Lima, nas duas unidades da instituição a frequência de usuários atendidos com regularidade aumentou. A média mensal que era de 150 pacientes saltou para 340 no bairro Tibery e 250 no bairro Luizote de Freitas. Ele afirmou que, para a

maioria dos casos de adicção por crack, a estrutura oferecida pelos Caps, que não têm internação, é suficiente. Já os casos mais graves devem ser atendidos na Psiquiatria da Universidade Federal de Uberlândia. “Nem na Europa, onde a droga que mais assusta é a heroína, não há internação por mais de 45 dias, que é o tempo regular para a desintoxicação e diminuição de

sintomas de abstinência mais importantes”, disse. De acordo com Cristiano, falta estrutura para o manejo clínico nas comunidades. “Um fator importante no estado de saúde do usuário de drogas é a parte clínica. Desnutrição e desidratação são muito comuns. Não há um médico 24 horas para tratar dos sintomas físicos da abstinência, como, por exemplo, uma parada cardíaca ou con-

vulsão nestas comunidades”, afirmou.


DORIVAL DIAS 26/9/2005

CIDADE & REGIÃO

O 10º Arraiá da Fraternidade será realizado hoje em prol das obras do Complexo Assistencial Dr. Hansen. A partir das 10h, na rua Pio XII, no Santa Mônica. Informações pelo telefone 3236-0231

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CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 18/7/2010

CONSUMO > INADIMPLENTES APELAM A AMIGOS E FAMILIARES PARA DRIBLAR A AUSÊNCIA DE CRÉDITO E TER ACESSO A PARCELAMENTOS

Nomes são bens preciosos no mercado

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

A

geladeira dos sonhos da diarista Leidiane (que preferiu não ter o sobrenome publicado) custa, à vista, R$ 1.199. Ela não tem o dinheiro para pagar à vista, também não tem como comprovar o que recebe por mês e está devendo no banco. Mesmo sem crédito na praça, ela não vai deixar de realizar o seu sonho de consumo. A solução está na porta ao lado: uma vizinha vai emprestar o nome para que ela parcele a compra. Assim como a vizinha de Leidiane, 47% dos consumidores das classes C e D (com até R$ 2,5 mil de renda mensal) têm o costume de

“emprestar” crédito, segundo uma pesquisa do Instituto Data Popular, publicada pelo jornal Estado de Minas. Na mesma pesquisa, também foram investigados os hábitos de participar de vaquinha ou bolão e vender auxílio-refeição (veja os números da pesquisa no box nesta página). O empresário Renato Bento de Faria, que administra uma loja de móveis populares há mais de 12 anos em Uberlândia, confirma que a prática é mais comum do que se imagina, sobretudo entre família. “O crédito hoje está muito acessível, mas ainda assim muita gente usa o do outro, seja porque não tem como comprovar a renda ou porque o nome está sujo. Muitos autônomos, por exemplo, fazem

MURIEL GOMES 02/02 /2009

isso”, disse. Segundo ele, o vendedor sempre desconfia de clientes que escolhem a mercadoria e querem pagar no nome de um parente que tem crédito, mesmo que ele esteja junto no momento da compra. “No primeiro aperto, a pessoa para de pagar e a dívida fica no nome do outro. Isso cria muitos problemas para a loja. Mas não temos culpa se a pessoa se dispôs a ‘emprestar’ o nome para o outro comprar. Por isso, tentamos orientar o cliente, para evitar que ele seja ingênuo, mas a escolha é sempre dele”, afirmou o empresário, que já se viu obrigado a rejeitar vendas para evitar problemas relacionados à prática. “Isso tem que acabar”, disse.

47% DOS

VALTER DE PAULA

PERFIL CONSUMIDOR POPULAR (CLASSES C e D) já emprestaram o cartão de crédito para parentes ou amigos

vendem auxílio-refeição recebido no trabalho

› PARA o empresário Renato Bento de Faria, prática pode acarretar problemas

47%

46%

39% fizeram vaquinha

para comprar nos últimos 30 dias

85% já participaram de

bolão da Mega-Sena Fonte: Instituto Data Popular

INTIMIDADE

AMIZADE ESTÁ ACIMA DO CONSTRANGIMENTO Para Leidiane, pedir o nome emprestado não é constrangimento, porque ela já emprestou várias vezes para a amiga. “Temos intimidade para isso, crescemos juntas. Já dei dinheiro para ela sem cobrar e cheques do banco. Quando estou empregada e em situação melhor,

ajudo. E agora ela está me ajudando. Já aconteceu de eu não pagar e ela também ficar com o nome sujo. Mas desta vez, vou pagar direitinho, para ela não ter problema”, disse. Duas vezes por semana, ela passa na porta de uma loja popular para trabalhar e “namora”

a geladeira. Os planos são substituir a atual, que ela ganhou de presente de casamento da mãe, há mais de 18 anos. O modelo dos sonhos é branco e duplex. “Até o casamento já acabou. Está na hora de comprar, mesmo que no papel ela não seja minha”, afirmou a diarista, entre risos.

EVENTUALIDADES

“EMPRÉSTIMO” DO NOME É INGENUIDADE Se na hora de comprar uma mercadoria no nome de outra pessoa a amizade ou o parentesco fala mais alto, na hora de pagar nem sempre isso acontece. Os problemas financeiros de Cátia (nome fictício) começaram quando ela emprestou o cartão de crédito de uma loja de departamentos para a cunhada comprar roupas para a família. A parente gastou todo o limite do cartão de Cátia e dividiu a conta em 16 vezes, com muitos

juros. “Ela se empolgou na hora e garantiu que ia pagar. Agora, ela e o meu irmão estão desempregados e eu que vou ter que pagar a conta para limpar o meu nome. Pode uma coisa dessa? Estou sem dinheiro, sem nome e preciso comprar um sapato urgente para a minha filha. Vou pedir o cartão da minha mãe emprestado”, afirmou, rindo, ao perceber a ironia. Quem empresta o nome não tem direito de reclamar

na Justiça se não receber o combinado. “Legalmente, quem compra adquire uma obrigação para si. É um documento assinado por ele, no qual contraiu uma dívida. A lei é taxativa e não adianta querer ir contra ela. O Direito não reconhece este tipo de negociação. Ingenuidade de quem emprestar o nome”, disse a advogada especialista em Direito do Consumidor, Karen Canuto. MANOEL SERAFIM 25/02/2008

SOLUÇÃO para muitos é “emprestar” cheques e cartões de terceiros, que assumem o risco em caso de não pagamento

FALTA de acesso ao crédito não impede consumidores de realizar os sonhos de consumo

CONSUMIDORES DAS CLASSES C E D (COM ATÉ R$ 2,5 MIL DE RENDA MENSAL) TÊM O COSTUME DE “EMPRESTAR” CRÉDITO

PROCON

DEVERES SÃO DOS TITULARES DA DÍVIDA O direito como consumidor de quem compra no nome do outro também não é garantido. Se a mercadoria tiver algum defeito, por exemplo, quem terá de correr atrás da loja e reaver o prejuízo é quem emprestou o nome. “O direito é

de quem tem o nome na nota fiscal. Só essa pessoa pode registrar uma queixa contra algum estabelecimento comercial”, afirmou o superintendente interino do Procon em Uberlândia, Marcelo Cunha. Segundo ele, os consumi-

dores que chegam até o Procon nesta situação são orientados a fazer uma procuração. “Com um documento assinado pelo dono do nome da nota fiscal, o verdadeiro consumidor pode reclamar seus direitos”, disse Cunha.


CIDADE & REGIÃO

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Em cozinha onde haja um nutricionista por perto, esponjas de aço não entram. O ideal é usar fibras naturais

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 20/6/2010

FLAVIANA PEREIRA | NUTRICIONISTA

PANELAS > ESCOLHA E MANUTENÇÃO DAS PEÇAS DEVE LEVAR EM CONTA OS DIVERSOS TIPOS DE MATERIAIS DISPONÍVEIS NO MERCADO

Benefícios e praticidade na cozinha

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

A

escolha parece ser fácil durante a compra de panelas. As peças são escolhidas de acordo com o orçamento do comprador e com a aparência do utensílio. Apesar de serem indispensáveis na maioria dos lares brasileiros, a compra é feita sem maiores cuidados. O que poucos consumidores sabem é que alguns materiais trazem benefícios à saúde, outros são indiferentes e há ainda os que podem ser prejudiciais. Estes resultados dependem da forma como as panelas são usadas, lavadas e guardadas. De acordo com a nutricionista Flaviana Pereira de Oliveira, especialista na área de produção, há pouca informação sobre o assunto à disposição dos consumidores. “A maioria das pessoas não sabe como usar as panelas que tem em casa ou escolher a mais adequada. Muitas vezes, as donas de casa cometem erros que podem facilmente ser evitados”, disse. O principal erro, segundo ela, é usar a esponja de aço para limpar os utensílios. “Primeiro, porque a esponja tira a proteção das panelas e arranha a película que evita contaminação,

no caso das de alumínio, por exemplo. Depois, porque ela solta resíduos e não é segura. Em cozinha onde haja um nutricionista por perto, esponjas de aço não entram. O ideal é usar fibras naturais para limpar”, afirmou a especialista. O cozinheiro também não pode se esquecer de que existe a interação entre os alimentos e as panelas. A panela de ferro pode ser um exemplo. Ao utilizá-la para cozinhar ensopados, refogados e molhos – uma tradição, sobretudo na cozinha mineira –, o alimento fica enriquecido com ferro e ajuda no combate à anemia.

FRITURAS Já no caso de frituras, seu uso não é recomendado, porque a substância pode deteriorar o óleo. “Todas as panelas têm vantagens e desvantagens. Tudo depende do cuidado de quem as usa”, disse a nutricionista (leia mais nesta página). Os únicos dois tipos de panelas que não liberam substâncias, as de vidro e as de titânio, não foram encontradas à pronta-entrega nas lojas de utilidades domésticas de Uberlândia. As de vidro não são vendidas nem pela internet, onde só foram encontradas unidades usadas.

SIGO TODOS OS PROCESSOS DE CURA E PROCURO SABER TUDO SOBRE O MATERIAL KRIS NARDINI

KRIS NARDINI possui cerca de 50 modelos de panelas de vários materiais e mantém os cuidados com a escolha, a limpeza e o modo de guardá-los

GOSTO

“PREFIRO GANHAR PANELA A UMA JOIA”, DIZ COLECIONADORA A dona de casa e blogueira Kris Nardini é colecionadora de panelas. Desde a infância, quando rondava a cozinha da avó, descendente de italianos, ela era fascinada pela alquimia do preparo de alimentos. Segundo ela, a família é famosa pelas delícias que prepara e sempre se reuniu em torno do fogão. Na cozinha, ela tem cerca de 50 modelos de panelas diferentes, de todos os mate-

das dos avós. Nos armários, ela guarda uma pequena fortuna em panelas. “Cada uma delas carrega uma história, uma tradição. As minhas prediletas são as mais antigas. Tenho um fogão a lenha na minha casa só para usá-las.” A dona de casa, que cozinha todos os dias para o marido e filhos e, aos fins de semana, para amigos, diz que a preocupação com a escolha da panela

certa e o cuidado que se toma ao limpá-las e guardá-las é permanente. “Não precisamos correr riscos desnecessários. Cozinhar é um prazer e é assim que deve ser. Sigo todos os processos de cura, que considero verdadeiros rituais, e procuro saber tudo sobre o material”, disse Kris Nardini, que mantém o blog Cozinhando para Relaxar (www.cozinhandopararelaxar.com).

PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS, DE ACORDO COM OS TIPOS DE MATERIAIS

UTENSÍLIOS EXIGEM ‘CURA’ liberam níquel nos primeiros usos. Para evitar a contaminação, é preciso ferver água por três vezes antes de preparo alimentos. As de barro requerem impermeabilização, com óleo e fervura, assim como as de ferro. Durante a compra, o consumidor deve buscar informações sobre como realizar o procedimento com segurança.

MATERIAL

VANTAGENS

DESVANTAGENS

Leveza

Aderência

Rápido Aquecimento

Altera a forma com o tempo

Praticidade

Liberação de alumínio

Rápido aquecimento

O material se solta com o tempo

Fácil higienização

Formação de aminas cancerígenas

Praticidade

Não pode ser levada ao fogo vazia

Vai ao forno e na chama

Peso

Mantém o alimento aquecido

Requer cura

Mantém o aquecimento

Liberação de chumbo

Fácil higienização

Queima facilmente o alimento

RESÍDUOS PODEM PREJUDICAR como o alumínio, ou resíduos de alimentos não retirados das panelas. Cuidados no manuseio e limpeza das peças evitam que a superfície seja comprometida e que resíduos sejam acumulados. Panela de cobre lavase com limão. Já a de ferro, para evitar a ferrugem, deve levar uma fina camada de óleo ao ser guardada. As de barro e de pedra devem ser secadas na chama do fogão para evitar mofo. “São pequenos cuidados que eu tomo. Dá trabalho, mas ao mesmo tempo são rituais preciosos, criados pela sabedoria popular, mas que a ciência comprova a cada novo estudo”, disse Kris Nardini, dona de casa e colecionadora de panelas.

PREÇO* FOTOS PAULO AUGUSTO

Alumínio

Antiaderente

Barro

Cerâmica

DOENTES De acordo com a nutricionista Flaviana Pereira de Oliveira, os danos à saúde causados pelos resíduos liberados nas panelas não chegam a ser graves. Porém, eles devem ser evitados. Uma pessoa saudável pode eliminar o excesso de substâncias tóxicas, mas se houver algum comprometimento da saúde, a pessoa pode ter problemas. Um doente crônico dos rins ou fígado, por exemplo, deve tomar mais cuidado, já que o processo de eliminação das substâncias pelo organismo é menos eficiente. Em alimentos preparados para crianças e idosos também é necessário ter cautela. A intoxicação pode acontecer por metais nocivos,

riais que já encontrou. Em datas comemorativas, como aniversário, Dia das Mães e Natal, ela prefere ganhar utensílios e livros sobre culinária a qualquer outro produto. “Sou apaixonada. Prefiro ganhar uma panela a uma joia”, disse. Além das que ela ganhou e comprou, sobretudo em viagens, Kris Nardini tem panelas de mais de 80 anos herda-

OPÇÕES

ANTES DE USAR Em vez do preço e da estética, na hora de escolher uma panela é preciso ter em mente três fatores: a saúde dos usuários, a praticidade e a funcionalidade da peça. Há materiais que precisam de um preparo especial antes do uso. O processo, chamado de cura, varia de acordo com o tipo da panela. As de inox, por exemplo,

PAULO AUGUSTO

Cobre

Rápido aquecimento

Altera a cor do alimento

Aquecimento homogêneo

Libera cobre

Peso

Queima facilmente o alimento

Fácil higienização

O material se solta com o tempo

Esmaltado

Previne anemia

Peso

Durabilidade

Interfere na cor e sabor

Mantém o calor do alimento

Cuidados ao secar e guardar

Fácil higienização

Escurece com o tempo

Durabilidade

Libera níquel nos primeiros usos

Pode ser usada para guardar

Requer cura

Antiaderente natural

Peso

Mantém o aquecimento

Fragilidade

Libera cálcio e ferro

Requer cura

Fácil higienização

Preço

Atóxica

Superaquecimento

Visualização do alimento

Fragilidade

Atóxico

Aderência

Pode ser usado para guardar

Peso

Ferro

Inox

Pedra-sabão

Titânio

Vidro VALOR MÉDIO DE UMA PEÇA DE 2 LITROS

R$ 40

R$ 90

Alumínio R$ 40

R$ 80

R$ 70

Cerâmica

R$ 70

R$ 70

R$ 90

Ferro R$ 65

R$ 250

*Não encontrada

Pedra-sabão


CIDADE & REGIÃO

A4

FRASES DA SEMANA Deixo a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência a da República, mas não abandono as minhas convicções AÉCIO NEVES | GOVERNADOR DE MINAS Sobre a decisão de abrir mão da disputa ao Palácio do Planalto em 2010

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 20/12/2009

OTIMIZAÇÃO > ESPECIALISTA E AFICIONADO POR PLANEJAMENTO DÃO DICAS QUE PODEM RESULTAR EM MELHOR APROVEITAMENTO DO DIA

Para economizar tempo e dinheiro

PAULO AUGUSTO

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

O

dia tem as mesmas 24 horas para todos. Mas algumas pessoas conseguem aproveitá-las melhor do que outras, com métodos e hábitos para otimizar o tempo. Além de conseguirem produzir mais nas horas de trabalho, têm mais disponibilidade para o lazer e o descanso. Segundo o especialista em gestão e planejamento Tony Amaral, a prática do gerenciamento do tempo passa, invariavelmente, pela organização e disciplina. Ele desenvolveu e patenteou um método que oferece ferramentas e técnicas para facilitar a vida de quem procura ter mais tempo para viver e trabalhar melhor. “O primeiro passo, sempre, é ter um plano. Todos nós temos uma missão, que procuramos cumprir. Você

deve montar estratégias e definir um controle na sua vida para alcançá-la. Não dá para querer tudo. É preciso escolher prioridades e manter o foco”, disse. A sugestão do especialista é se organizar por semana, e não mensalmente, e estabelecer metas diárias. “Quando chega o fim do dia e percebemos que não foi produtivo, é frustrante. Mas se você percebe que fez o que era necessário, vai estar mais motivado no dia seguinte. O importante é sair da frustração e ter autonomia.” Ao se planejar, é preciso estar atento ao seu ritmo de trabalho e respeitar seus limites. Afinal, estabelecer um prazo impossível de ser cumprido não adianta. “As pessoas têm que ter em mente que devem saber dimensionar seus esforços. O tempo vale muito para ser aproveitado de maneira incorreta”, disse.

O PRIMEIRO PASSO É SEMPRE TER UM PLANO TONY AMARAL

TONY AMARAL, especialista em gestão e planejamento do tempo, diz que é preciso escolher prioridades e manter o foco; metas devem ser diárias

DICAS

BETO OLIVEIRA

SUPERORGANIZADO

O QUE PODE FAZER A DIFERENÇA Pequenos hábitos no dia a dia podem fazer a diferença ao longo de um mês. Veja algumas dicas: > CHECK IN PELO CELULAR OU INTERNET Quem viaja muito de avião e não gosta de perder tempo nas filas para o embarque pode se beneficiar da tecnologia. Feito o check in, chegar com 20 minutos de antecedência é suficiente > DÉBITO EM CONTA Para fugir das filas nos bancos ou agências lotéricas no dia de vencimento das contas, programe o débito automático da sua conta corrente. Além de não pagar juros com possíveis atrasos, é uma preocupação a menos > LEMBRETES NO CELULAR Todos os aparelhos disponíveis no mercado dispõem da função de alarme. Aproveite e se avise com antecedência de 20 minutos do próximo compromisso > LISTAS Crie listas do que fazer. Elas podem substituir a agenda e ser diárias ou semanais. Também quando for fazer compras, é sempre bom ter em mãos o que levar para casa (isto evita gastos desnecessários) > PLANEJAMENTO

PAULO EDUARDO VIEIRA tem método próprio para ganhar tempo e economizar dinheiro

Se for indispensável ir ao Centro da cidade, junte várias coisas para serem resolvidas de uma só vez

DIA DE JORNALISTA “COMEÇA SEMPRE ONTEM” Frequentemente, o jornalista Paulo Eduardo Vieira, de 35 anos, é alvo de piadas no ambiente familiar e no trabalho. Em casa, é chamado de “Sargentão”, por ser extremamente organizado e autodeclarado “doente” pela economia de tempo e dinheiro. O hábito começou ainda na infância e, como ele mesmo disse, é aprimorado a cada dia. Ele gosta de ganhar tempo em tudo o que faz e, para isso, dispõe de metodologia própria. Por exemplo, não vai

ao centro da cidade; prefere resolver problemas pelo telefone ou internet; quando quer pagar uma conta que não está programada ou no débito automático, vai ao caixa eletrônico, de preferência à noite, quando não tem fila. Mas, se a ida ao centro é indispensável, vai de moto, porque foge do trânsito e encontra estacionamento mais facilmente. Para sair mais rápido de casa pela manhã, ele deixa tudo organizado no dia anterior – roupas e sapatos, agenda, celular, chaves do

carro. “Meu dia começa sempre ontem. É uma questão de planejar. Assim, posso até acordar 20 minutos mais tarde, porque não há risco de atraso”, disse. Um hábito que ele mantém é descobrir rotas mais fáceis e distâncias menores nos caminhos que têm de percorrer. “Olho em mapas. Prefiro caminhos em linha reta. Chego antes e ainda pago menos combustível”, afirmou. Para as férias, organiza roteiros meses antes e contabiliza todo o gasto, até os centavos. “Gosto de ter o controle, de saber exatamente o que gasto com cada coisa. É uma mania que não acaba nunca.”

> GOOGLE CALENDAR

Para quem é aficionado por tecnologia e procura ferramentas para se organizar, o Google oferece muitas opções para o trabalho e a vida pessoal. Todas são gratuitas. Veja algumas delas:

Em interface de fácil assimilação, é possível criar compromissos, modificar eventos, enviar convites, criar agendas múltiplas. Esta ferramenta também é integrada com o Gmail > GOOGLE DOCS Plataforma de trabalho com textos, tabelas e slides. Além de armazenar os documentos, eles podem ser manipulados diretamente do navegador. A vantagem é ter acesso aos documentos de qualquer terminal > GOOGLE MAPS Permite a consulta de mapas rotas para qualquer lugar do mundo > GOOGLE READER Agregador de notícias, junta jornais do mundo todo e blogs. Foi modificado recentemente para utilização mais dinâmica e eficiente > IGOOGLE Cria na página inicial do seu navegador uma área de trabalho, que agrega todas as ferramentas do Google, lembretes, e-mail e mais inúmeras funções que são reunidas em uma página só


CIDADE & REGIÃO

Uberlândia tem 108 famílias inscritas para adoção e 86 crianças e adolescentes aptos a deixar as instituições de acolhimento

A3

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 21/3/2010

NOVO LAR > EXIGÊNCIA DE CANDIDATOS BRASILEIROS À ADOÇÃO FAZ COM QUE A MAIORIA DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES PERMANEÇA NOS ABRIGOS

BETO OLIVEIRA

FILA

Famílias estrangeiras

LIDERAM ADOÇÕES SELMA SILVA | EDITORA LYGIA CALIL | REPORTER

O

itenta e seis crianças e adolescentes que vivem em oito instituições de acolhimento, em Uberlândia, esperam por um novo lar. Este número poderia ser menor se fossem também menores as exigências das famílias inscritas para a adoção. A preferência da maioria dos candidatos é por crianças de cor branca, de até 3 anos de idade – prioritariamente até um ano -, que sejam saudáveis e que não sejam prematuras. Para grupos de irmãos, a chance de serem adotados por famílias brasileiras é mínima. Como a maioria das crianças disponíveis para adoção não se encaixa neste perfil, o caminho

é aberto para famílias estrangeiras, que lideram o número de adoções em Uberlândia – 16 das 29 formalizadas no ano passado pela Vara da Infância e da Juventude. De acordo com Neuza Martins Borges Pereira, responsável pelos processos de cadastramento de candidatos à adoção e de crianças, enquanto 95% das famílias brasileiras escolhem o perfil do ‘futuro filho’, o mesmo porcentual de famílias inscritas em outros países não faz exigências. “Elas querem adotar uma criança para aumentar a família. Não querem fazer de conta que tiveram um filho biológico para mostrar para a sociedade. No Brasil é assim”, afirmou. Ainda segundo Neuza Pereira, outro fator que limita

as adoções seja em Uberlândia ou no país são os grupos de irmãos. A Justiça prefere que eles façam parte de uma mesma família para não se separarem. “Quando é adoção internacional a gente não tem esta dificuldade”, disse a servidora. A juíza da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Uberlândia Édila Moreira Manosso reforça a divergência que há entre as exigências dos candidatos brasileiros e as características dos menores destituídos do poder familiar. “Temos muitas crianças para serem adotadas, mas não dentro do perfil preferido.” Segundo ela, menores que atendem aos requisitos impostos pela maioria dos candidatos são adotadas assim que se tornam disponíveis.

16

DAS 29 CRIANÇAS ADOTADAS EM UBERLÂNDIA, NO ANO PASSADO, FORAM PARA OUTROS PAÍSES

ESTATÍSTICAS

EXIGÊNCIAS SÃO TENDÊNCIA NACIONAL O nível de exigência dos candidatos de Uberlândia quanto ao perfil da criança que pretendem adotar segue, em alguns requisitos, uma tendência nacional. De acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) dos 26.735 pretendentes registrados no sistema, 78,6% querem crianças com no máximo 3 anos de idade. Já a preferência pela raça branca foi citada por 39,2% dos candidatos. O cadastro aponta ainda que 85,7% dos inscritos

querem adotar apenas uma criança e 13,4%, duas. Das 4.578 crianças e adolescentes aptos a serem adotados, 35,2% são brancos e 71,89% deles possuem irmãos, embora nem todos estejam também cadastrados no CNA. As estatísticas revelam ainda que 45,7% das crianças são pardas e 17,8% negras. Os indígenas representam 0,76% e a raça amarela, 0,42%. De acordo com Vera de Oliveira Tavares, coordenadora do Núcleo de Instituições da

Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Uberlândia, os fatores que fazem com que os estrangeiros adotem mais crianças no Brasil do que os candidatos nacionais são idade, cor e os grupos de irmãos cadastrados. A maioria, segundo ela, das crianças com adoção internacional é parda. Algumas possuem, por exemplo, déficit neuromotor ou dificuldade de aprendizagem, nada que um tratamento adequado e o amor da nova família não revertam.

LISTA ÚNICA

CADASTRO BENEFICIA CANDIDATOS E JUÍZES O Cadastro Nacional de Adoção (CNA) foi criado em abril de 2008 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como uma ferramenta para ajudar os juízes da condução dos processos de adoção e ampliar as oportunidades para as famílias, que podem se inscrever em diversos estados e fazer parte de uma lista única, de acordo com o perfil de criança escolhido. Na avaliação da juíza Édila

Moreira Manosso, o cadastro trouxe benefícios. “Antes, a pessoa podia se cadastrar em varias cidades, mas a busca era feita em cada uma das comarcas. Além disso, o cadastro nacional trouxe mais transparência ao processo e segurança aos juízes”, afirmou. Podem se inscrever no CNA casais e pessoas sem companheiro ou companheira, inclusive homossexuais.

NÚMEROS Crianças e adolescentes aptos a serem adotados

39 47 21 38 27

86

meninas

INSCRITOS NA COMARCA TÊM PRIORIDADE Mesmo com uma lista única que compõe o cadastro nacional de pretendentes e de crianças aptas a serem adotadas, os inscritos em Uberlândia têm prioridade. De acordo com a juíza Édila Moreira Manosso, independentemente da posição que a família ou pessoa interessada esteja na lista nacional, sendo a primeira na fila da comarca, ela concretiza o processo de adoção. A consulta à lista de candidatos de outras comarcas de Minas Gerais e, na sequên-

cia, do país, só é feita depois de constatado que não há pretendente na cidade para aquele perfil de criança. No caso de adoção internacional, a criança só é disponibilizada depois de ter passado pelo cadastro nacional e não ter encontrado candidato para as características dela. Segundo Neuza Pereira, responsável pelos cadastramentos na comarca de Uberlândia, a inscrição é feita na Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), em Belo Ho-

rizonte. É este órgão que faz a intermediação com a família estrangeira, que vem ao Brasil, depois de passar por avaliação e outros procedimentos em seu país de origem, para adotar uma criança previamente definida. O período de convivência entre os candidatos a pais e o ‘filho’ ou ‘filhos’ é obrigatoriamente de 30 dias. Só depois deste período, se houver aceitação de ambas as partes, é que a viagem de volta pode ser feita com uma nova família constituída.

ANSIEDADE

CASAL ESPERA POR CRIANÇA HÁ UM ANO E MEIO

meninos até 6 anos de 7 a 12 anos de 13 a 18 anos

Candidatos de Uberlândia inscritos para adoção

JUÍZA Édila Moreira diz que maioria das crianças não se encaixa no perfil exigido

108 PAULO AUGUSTO

Há um ano e meio, uma analista de tecnologia, de 47 anos, que prefere não ter o nome publicado espera, ao lado do marido, pela adoção de uma criança. O casal não tem muitas exigências: quer uma criança de qualquer sexo, raça ou condição de saúde, mas que tenha até 3 anos de idade. Quando ficou sabendo so-

bre a nova lei e a unificação da lista de espera, por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), achou que logo conseguiria o filho. “Fizemos propostas em todas as comarcas em um raio de mil quilômetros de Uberlândia. Achei que seria mais rápido. Ficamos ansiosos, porque não temos como acompanhar o processo de

perto. Não temos muita informação”, disse. Casada há 18 anos, ela decidiu adotar uma criança há dois anos, cinco anos depois de desistir de tentar engravidar. “Ainda acho que o sistema atual é o correto, com prioridade para a família biológica. Vamos continuar esperando para adotar. É preciso ter paciência.

DOSE TRIPLA

MENINAS GANHAM UMA NOVA FAMÍLIA

LUCAS, Rodrigo Rangel (pai), Kathleen, Kely, Sara Vargas (mãe) e Jéssica; família tem duas adoções e a terceira em andamento

A professora Sara Vargas Rangel e Pereira e o marido, o gerente comercial Rodrigo Rangel e Pereira, moradores do bairro Cidade Jardim, região sul de Uberlândia, esperaram cinco anos para conseguirem aumentar a família, que já tinha um filho biológico. Ao contrário da maioria dos candidatos à adoção no Brasil, o casal exigia apenas que a criança tivesse até 3 anos, idade próxima à do filho Lucas. Eles queriam um menino ou menina, de qualquer raça, sem restrições a doenças e estavam dispostos a adotar irmãos. Hoje, Sara e Rodrigo têm duas filhas (por adoção) gê-

meas — Kely e Kathleen — e a guarda de Jéssica, cujo processo de adoção está em andamento na Justiça. As meninas têm 8 anos, e Lucas, 11. “Ao conhecermos as meninas [com 1 ano de idade], nos encantamos. Eram as nossas filhas. É um sentimento tremendo, uma empatia, uma coisa inexplicável”, afirmou a mãe. Enquanto a adoção não caminhava, o casal viajava com frequência a São Paulo, onde viviam as meninas, em uma instituição de acolhimento. Depois de praticamente concluído o processo, os pais biológicos pediram a guarda das filhas. “Nos

afastamos do processo para protegê-las e evitar mais sofrimento”, disse Sara. Enquanto eles sofriam com o afastamento das gêmeas, uma assistente social de uma cidade da região de Uberlândia ligou falando de Jéssica. Dois dias depois, a garota já estava morando com o casal. Logo em seguida, a Vara de Infância de São Paulo entrou em contato afirmando que as gêmeas haviam sido novamente abandonadas pelos pais. “Não deu outra. Fomos atrás das nossas filhas. Costumo dizer que para ser filho não é preciso ser gerado na barriga, mas sim no coração.


CIDADE & REGIÃO

A6

FRASE DA SEMANA

Passamos a suspeitar de todos os casos de gripe para preservar a vida dos pacientes

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 23/8/2009

DALTRO CATANI | DIRETOR DA REGIONAL DE SAÚDE

MANSÕES AEROPORTO > MORADORES RECLAMAM DE ABANDONO E DENUNCIAM PRÁTICAS ILÍCITAS NO BAIRRO CRIADO PARA SER CONDOMÍNIO

Bairro tornou-se “terra de ninguém” BETO OLIVEIRA

LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

A

s recentes descobertas de clínicas ilegais para o tratamento de dependentes químicos nas Mansões Aeroporto expõem um problema crescente na área. Aproveitando-se das condições do bairro - afastado, cercado e de baixa densidade demográfica -, comerciantes mantêm atividades ilícitas no local, longe da fiscalização e da vigilância do poder público. No mês passado, a Justiça fechou no bairro duas instituições para adictos sem alvará de funcionamento, com fortes indícios de uso de tortura e cárcere privado. A interdição partiu de denúncias de moradores, que procuraram o Ministério Público e a Vigilância Sanitária. Segundo um morador que pediu para não ser identificado, a aparente paz das Mansões e os altos muros das residências são ideais para que os comerciantes possam esconder suas atividades à margem da lei. Além das cerca de 10 clínicas de recuperação de dependentes, há, de acordo com ele, casas de prostituição, tráfico e consumo de drogas no local. Outro homem que mora na vizinhança há um ano definiu o bairro como “terra de ninguém”. “Está abandonado. Ninguém vem aqui ver o que está acontecendo e, quando há algum tipo de

NÃO DÁ PARA FICAR ASSIM, DESPROTEGIDO DE TODOS OS LADOS MORADORA DO BAIRRO

reclamação, dificilmente aparece alguém para apurar e resolver o problema”, disse. “As pessoas sentem segurança para fazer isso porque têm a certeza de que não serão descobertas. Os vizinhos sabem o que acontece, mas ninguém quer criar problema e poucos são os que denunciam”, afirmou uma moradora, que vive no bairro há mais de dez anos.

CONFLITOS As Mansões são divididas por um conflito interno, entre duas associações de moradores que defendem visões opostas para o aproveitamento dos lotes. A briga entre os proprietários começou na década de 1990, quando várias casas eram alugadas para festas que incomodavam os outros moradores. Um grupo defende a abertura do bairro a atividades comerciais e a retirada da cerca viva. O outro luta para que ele seja um condomínio residencial e área de proteção ambiental.

DEFESA

LIDERANÇA

ZONA PARCIAL DE PRESERVAÇÃO Na avaliação da Prefeitura Municipal de Uberlândia, segundo o secretário de Planejamento, Rubens Kazuchi Yoshimoto, as Mansões Aeroporto não são um condomínio e têm a particularidade de ser uma Zona de Proteção Parcial, de acordo com a lei 245 de 2000, que define o zoneamento, uso e ocupação do solo.

Ele afirmou que a estrutura do bairro, por ser composta exclusivamente de residências, dificulta a fiscalização. “É difícil saber se é casa, clínica ou qualquer outra coisa. Então ficamos dependentes de denúncias dos moradores, que normalmente sabem o que acontece por trás dos muros”, disse.

RECLAMAÇÃO

MANSÕES AEROPORTO OCORRÊNCIAS POLICIAIS EM 2009 Furtos a residência

9

Ameaças

2

Homicídio consumado

1

Lesão corporal

1

Furto de veículo

1

Roubo à mão armada a transeunte

1 FONTE: 9ª REGIÃO DA POLÍCIA MILITAR

HISTÓRIA

FESTAS TUMULTUAVAM BAIRRO Criadas há 30 anos na zona rural de Uberlândia para ser um recanto de descanso, as Mansões Aeroporto foram engolidas pela malha urbana ao longo do tempo. Localizado na zona Leste do Município, é um bairro arborizado, com lotes mínimos de 5 mil metros quadrados. Dos 402 lotes, espalhados na área de 42 alqueires, cerca de 50% estão ocupados por casas luxuosas, a maioria com amplos espaços verdes. Há imóveis que chegam a ter mais de dez quartos e várias piscinas, construídos para serem alugados para recreação. O bairro é fruto de quatro loteamentos feitos pela imobiliária City Campo, de 1978 a

RUAS ARBORIZADAS e lotes de cinco mil metros abrigam casas com muitos quartos, piscinas e áreas verdes, durante muito tempo usadas para festas

1981. Na década de 1980, as construções começaram a ser erguidas. Na década seguinte, houve uma grande evasão de moradores, incomodados pelas festas, que chegavam a reunir mais de mil pessoas. Os constantes conflitos entre os moradores conseguiram coibir as festas já no início dos anos 2000. A partir de então, a área voltou a ser ocupada por moradores em busca de conforto. Há cerca de dois anos, as primeiras clínicas para dependentes químicos foram instaladas no local, dando abertura, segundo os moradores, a outras atividades ilícitas exercidas no bairro.

LIXO E ENTULHO NAS RUAS Os moradores do bairro Mansões Aeroporto denunciam também de lixo jogado em terrenos baldios, entulho de construções pelas alamedas, áreas comuns abandonadas, como a praça dos Araújos, e iluminação pública insuficiente. O secretário de Serviços Urbanos Wilmar Ferreira da Silva refutou as acusações. Ele afirmou que todos os serviços feitos na cidade são extensivas às Mansões Aeroporto. “Fizemos um serviço de roçagem no bairro inteiro há duas semanas. A iluminação também é a mesma de outros bairros. Estamos trocando as

lâmpadas por outras de vapor de sódio. Isso já foi feito em 40% da área. Pretendo, também, montar um projeto, com os moradores, para o aproveitamento da praça dos Araújos, com bancos, plantio de mudas e o que mais for necessário”, afirmou. Sobre a fiscalização supostamente deficiente nas imediações, ele disse que todas as solicitações dos moradores são atendidas e que as denúncias são apuradas. “Não temos pessoal suficiente para estar em todas as áreas da cidade, por isso contamos com a população para denunciar”, disse o secretário.

MORADORES PEDEM ATENÇÃO O presidente da associação de moradores das Mansões Aeroporto (Aspma), Thogo José Lemos, afirmou que desconhece as ilegalidades denunciadas à reportagem por outros moradores do bairro. Segundo ele, a única e mais notória atividade comercial praticada são as clínicas para dependentes químicos, que ocuparam o lugar das casas alugadas anteriormente para festas. Ele afirmou, porém, que os moradores sentem o descaso e a omissão do poder público, que, de acordo com ele, não se faz presente no bairro. “Há uma lacuna deixada pelo poder público que nós queremos suprir. Temos tentado cuidar e preservar do que é nosso, mas não temos apoio. Não há justificativa para isso”, afirmou.

A estratégia adotada pela associação é mobilizar os moradores para a preservação ambiental, numa tentativa de integração entre os vizinhos e de chamar a atenção da sociedade para o bairro. “O nosso objetivo é atrair pessoas interessadas em morar e cuidar da área, para que não haja intenções de exploração não-residencial do bairro”, afirmou. Representantes da Associação de Proprietários, Moradores e Amigos do bairro Mansões Aeroporto (Ampabma) foram procurados pela reportagem, mas não quiseram falar sobre o assunto. O presidente da entidade, Edmundo Alves, disse que só se manifesta por meio do fotolog da associação e não quis comentar as denúncias de irregularidades no bairro. MANOEL SERAFIM 22/12/2008

BETO OLIVEIRA

THOGO LEMOS defende a preservação do verde e da tranquilidade do local

ALAMEDA EUROPA está cheia de galhos de árvores não recolhidos pela PMU


CORREIO DE UBERLÂNDIA | DOMINGO, 26/7/2009

CIDADE | B3

FEIRA LIVRE

PODE CHEGAR. É DIA DE FEIRA Feirantes criam os filhos e constroem suas vidas vendendo verduras fresquinhas LYGIA CALIL [REPÓRTER] lygia@correiodeuberlandia.com.br

“É dia de feira, quarta-feira, sexta-feira, não importa a feira. É dia de feira, quem quiser pode chegar.” Os versos da música “A Feira”, gravada pela banda O Rappa, representam bem a rotina de Pompílio Macedo — o tio Pepe —, 58 anos. Desde 1964, quando as feiras começaram na cidade, ele já estava lá, aos 13 anos, a ajudar o pai em uma banca de cereais. Após 45 anos, continua no mesmo ramo, vendendo os mesmos produtos e até atendendo alguns clientes fiéis de seu pai ou os filhos e netos deles. Acordar, todos os dias, antes de o sol nascer, montar e desmontar barracas, levar e trazer mercadorias frescas, carregar, nos braços, quilos e mais quilos de frutas, legumes, verduras, cereais, até brinquedos e panelas. Mesmo assim, manter aquela simpatia típica de quem está disposto a fazer qualquer negócio para cativar a clientela. Assim é o cotidiano dos 345 feirantes de Uberlândia, que trabalham, semanalmente, em 58 feiras espalha-

BETO OLIVEIRA

das por todas as regiões da cidade (veja a lista completa no site do CORREIO de Uberlândia). A rotina não é fácil, segundo tio Pepe. Mas quem está há tantos anos na profissão já não reclama de ter de acordar todos os dias às 5h nem de encarar, com disposição, sete feiras por semana. “A feira é um lugar mágico. Os produtos que você encontra aqui não existem em nenhum outro lugar. Se você não gostar das mercadorias desta banca, logo ali na frente tem outra. É para agradar a todo mundo”, disse. Foi na feira que tio Pepe conheceu a mulher, Rosângela de Medeiros Macedo, 50, com quem é casado há 34 anos. Da união, são quatro filhos e três netos, todos criados atrás da bancada. “Dizem que meus filhos nasceram embaixo da barraca, mas não é bem assim. Eles só cresceram aqui”, disse a feirante, em tom de brincadeira. Nostálgico, o feirante recorda quando acompanhava o pai, a aprender os segredos da profissão — simpatia, qualidade e preço — que tenta manter até hoje. “Lembro quando vinha com o meu pai, todo mundo trazia os produtos em carroças. O prefeito era Raul Pereira. Por dois anos, as feiras ficaram em caráter experimental. Depois, como viram que deu certo, foram autorizadas”, afirmou.

MERCADO

Feirante tenta fidelizar cliente “Comprar em supermercado não tem a mesma graça”, afirmou Selísia Aparecida Pires, 46 anos, feirante há 13. Apesar de reclamar do excesso de trabalho, ela diz que se diverte com a clientela durante as seis feiras semanais que faz. “É bom que conheço todo mundo, converso, dou risada, brinco. O serviço é pesado, mas é gostoso”, disse. Edu Elisiário dos Santos, 33 anos, concorda com a colega. Ele trabalhou pela primeira vez em uma feira há 12 anos, como ajudante. Desde então, não saiu de trás da banca. “Não daria mais conta de ficar em um lugar só, trabalhando com burocracia. Preciso ver gente, conversar. Gosto muito do que eu faço, nem férias eu tiro direito”, afirmou. A rotina semanal do feirante inclui oito feiras e inúmeras viagens à Ceasa para comprar mais mercadorias. Segundo ele, o segredo para conquistar clientes é ter bom preço. “A concorrência é forte, então

tenho que ficar sempre atento. O cliente nem sempre é fiel”, disse. A estratégia de Selísia Pires envolve mais elementos, além do preço. Sempre simpática, ela disse que feirante tem de ser bom de conversa. Outra tática para fidelizar a clientela é oferecer regalias, como a caderneta, em que “pendura” as compras dos fregueses mais assíduos. “Anoto para quem paga direito. Só aqueles que eu conheço, que vêm toda semana há muito tempo. Assim eles continuam vindo”, afirmou. Outro segredo é manter a boa reputação, oferecendo bons produtos. De acordo com Geraldo Jerônimo Freires, 59 anos, 31 deles vendendo pescado em feiras livres, um cliente insatisfeito pode destruir toda a fama do feirante, conquistada ao logo de anos de trabalho. “Se a mercadoria não for boa, em um dia a propaganda negativa que o freguês faz destrói a banca”, disse, em tom de exagero. PAULO AUGUSTO

SELÍSIA APARECIDA diz que se diverte conhecendo gente nova

TIO PEPE e sua mulher, Rosângela, têm uma história de vida e trabalho dedicada ao comércio nas bancas das feiras livres de Uberlân-

NEGÓCIO

PRAZER PAULO AUGUSTO

EDU ELISIÁRIO não perde uma boa compra para fazer promoção

Margem varia entre 30% e 50% O trabalho é duro, mas compensa. A margem de lucro dos feirantes varia de 30% a 50%, dependendo do produto. Segundo o presidente do Sindicato dos Feirantes de Uberlândia, Obismar Barbosa da Silva, as frutas são mais lucrativas que as verduras. A maior vantagem, de acordo com ele, é que o investimento do feirante é praticamente só o produto, já que não precisa pagar impostos, energia e outros tributos que um comerciante teria se abrisse uma loja, por exemplo. Na avaliação de tio Pepe, além de ser mais vantajoso, manter a banca na feira é muito mais prazeroso do que ter uma loja no Centro. “Comprei minha casa, criei os meus filhos com dignidade, tudo com dinheiro daqui. Para mim, feira é uma coisa que nunca vai acabar. Vem desde antes dos tempos de Cristo”, disse. Para oferecer melhores preços aos clientes e vender mais, o feirante tem de estar atento aos preços dos produtores. Por isso, todos os dias, exceto às terçasfeiras, Edu Elisiário dos Santos acorda às 5h e vai à Ceasa antes de ir para a feira. Na central de abastecimento,

o preço das mercadorias varia diariamente. “Temos que ficar espertos. Quando acho boas promoções, trago mais para a feira, ponho um preço melhor e conquisto mais clientes”, disse. Enquanto a maioria dos feirantes busca suas mercadorias na Ceasa, Geraldo Jerônimo Freires, 59 anos, 31 deles vendendo pescado, vai um pouco mais longe. Uma vez por semana, ele viaja a São Simão (GO), a 260 quilômetros de Uberlândia, para comprar até 500 quilos de peixe congelado. Segundo ele, a rotina vale a pena. “Eu gosto da feira. O serviço é muito pesado, mas é recompensador. Graças a Deus, consegui dois carros e três imóveis do meu suor. Para dar certo, tem que ter garra”, disse. Festa É em 25 de agosto que se comemora o Dia do Feirante. De acordo com Selísia Pires, é nesta data a oportunidade de todos eles se encontrarem. A festa, nos últimos dois anos, foi realizada no Camaru. “É festa para mais de mil pessoas, uma beleza. Churrasco, cerveja e forró a noite toda”, disse.

Feira sem pastel não é feira A receita é simples, mas faz sucesso entre os frequentadores de feiras livres. Farinha de trigo, óleo, água e sal, nesta ordem. Depois, amassar, abrir e cortar. O sabor vem com o recheio, a gosto do cliente. Pode ser do tradicional queijo com carne a combinações de chocolate e frutas. O fato é que, entre os fãs do pastel, ir à feira sem fazer uma pausa na barraca preferida é inconcebível. Há 29 anos, o feirante Ronaldo Almeida Santos, 55, faz a alegria dos clientes com pastéis fritos na hora, que de longe atraem o cliente pelo cheiro. Em dias de maior movimento, principalmente nas feiras em fins de semana, ele e a família preparam mais de 500 pastéis. “Não faço mais porque não dá tempo. O público é garantido”, afirmou Santos. Todos os dias, ele acorda às 4h30 para preparar a Kombi. Às 6h, já está na rua, a montar a barraca de lona com dois cilindros

elétricos, tachos de cobre com óleo fervente e galões de recheio, preparados e congelados no dia anterior. “Para trabalhar com comida, tenho de tomar cuidado. Tudo tem de ser muito limpo, muito asseado.” Faz 25 anos que o pastel de feira é a paixão do servidor público José Carlos Lemos Garcia, 57. Três vezes por semana, ele acorda às 6h para ir à feira. “Como eu trabalho só à tarde, posso vir comer meu pastel, jogar conversa fora, encontrar os amigos”, disse. Os recheios preferidos são guariroba, carne e queijo. “Feira sem pastel não é feira”, afirmou. Vizinha da feira do Martins desde que nasceu, a estudante Uitney Dandara Domingues Machado, 12, nem se lembra mais desde quando vai à feira comer pastel. Às quintas-feiras, ela acorda mais cedo e corre para a barraca de Ronaldo. “Eu gosto de misturar e experimentar novos sabores, mas os meus preferidos são misto e presunto e queijo”, disse.


CORREIO DE UBERLÂNDIA | DOMINGO, 26/7/2009

B4 | CIDADE

COMEMORAÇÃO

O RITMO E A MAGIA DE SER AVÓ HOJE É O DIA DE SANTA ANA, MÃE DE NOSSA SENHORA E AVÓ DE JESUS LYGIA CALIL [REPÓRTER] lygia@correiodeuberlandia.com.br

O livro que a aposentada Benvinda Fontes Borges lê atualmente se chama “O ritmo da vida”, obra do australiano Matthew Kelly, lançada no Brasil em 2006. Mas, neste tema, nem precisaria da leitura. Sobre o ritmo da vida, ela sabe muito, talvez até mais do que o autor. Hoje, Benvinda completa 93 anos e tem dois motivos para comemorar. Além de ser seu aniversário, 26 de julho é o Dia da Avó, função que ela desempenha, com gosto, há 39 anos. Ela teve a primeira filha aos 27 anos, três depois do casamento. Hoje, a prole conta três filhos, oito netos e quatro bisnetos. “Povoei o mundo. Eu vivo cercada de carinho, de pessoas que cuidam e se preocupam comigo. Mesmo os que estão longe sempre ligam. Quando os netos

que moram fora vêm para Uberlândia é sempre uma festa”, disse. Coruja assumida, quando começa a falar dos netos, desde quando eram crianças até as profissões que escolheram, não para. O tom da voz muda, os olhos brilham. “Tenho mais luxo com meus netos do que tinha com os meus filhos. Tenho mais atenção, sou mais preocupada. Tento ensinar coisas sobre a vida”, afirmou. Lembra quando viu a primeira neta pela primeira vez. “É uma emoção que toma conta da gente. Era um pedacinho de mim. Todos eles são”, disse. Na infância dos netos, ela foi uma avó presente nos moldes antigos. Ensinou brincadeiras de roda, orações. Fazia pão de queijo e broa de fubá, bolo de milho, laranja e cenoura com cobertura de chocolate. Mas esta descrição engana

ao remeter a uma senhora de idade que prefere a cadeira de balanço à ginástica. Disposição é o que não falta na vida de Benvinda. Contrariando preconceitos e preocupações dos mais cuidadosos, Benvinda mora sozinha. Três vezes por semana faz hidroginástica e não dispensa uma caminhada pela manhã ou no fim de tarde. O exercício preferido é pedalar em baixo d’água – a hidrobike. “Eu fazia musculação também, mas agora parei, porque operei a mão. De vez em quando ainda faço. Não gosto de ficar parada. Tudo é evolução e não vou ficar para trás”, disse. O segredo da longevidade? Simples: é o ritmo da vida, como o livro que está lendo. “Quando se tem o espírito forte, é fácil continuar jovem. Gosto do mundo, do céu, do Sol, da Lua. Tudo foi feito para ser admirado. É isso que tento passar para a minha família”, afirmou.

DIFERENÇA

Dinâmicas ou caseiras, são superavós BETO OLIVEIRA

Aos 80 anos, esbanjando energia, duas senhoras de Uberlândia são “superavós”. Cada uma, contando filhos, netos e bisnetos, tem na família mais de 40 descendentes. Mesmo com estilos diferentes, as duas têm, em comum, a casa sempre cheia de gente. No bairro Marta Helena, região Norte da cidade, Olívia Machado Fernandes reúne, aos domingos, boa parte de seus 14 filhos, 27 netos e 12 bisnetos. Quando vai para a cozinha, com a ajuda de filhas, noras e netas, faz a alegria da família. “Todo domingo é dia de festa. E o Dia da Avó vai ser melhor ainda”, disse. Ela se lembra da avó materna e do quanto ela, que, apesar de os tempos rígidos, era carinhosa e dava liberdade para os netos. “Sou do mesmo jeito. Gosto de abraçar, de beijar e cheirar meus netos.” Além de carinhosa com os netos, a vovó também gosta de se cuidar, ir ao salão de beleza, cuidar das unhas e dos cabelos. “Tento ser uma avó bonitinha”, afirmou. Apesar de tantos cuidados com todos, ela disse que não gosta de mimar os netos. “Quando precisa, eu chego junto. Chamo a atenção no canto, nunca na frente de todo mundo e gritando. Eles me respeitam muito.” A superavó iniciou uma tradição na família: os casamentos consanguíneos. Em 1947, ela se casou com Lourival Rodrigues Fernandes, seu primo primeiro. Depois dela, três filhos se casaram com primos e, mais recentemente, uma neta também se casou

PAULO AUGUSTO

BENVINDA BORGES faz aniversário hoje e comemora seus 93 anos cheia de saúde e vitalidade

CONECTADA

Eulália se comunica pelo MSN e adora o Orkut Eulália Medeiros Machado, 50 anos, duas filhas e dois netos, não faz o gênero Dona Benta, personagem clássico do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Em vez de fazer bolo de fubá e pão de queijo para os netos, ela prefere “andar de bike”. “Já não se fazem mais avós como antigamente”, afirmou. A avó moderna se comunica com o neto mais novo pelo MSN (programa de comunicação ins-

tantânea), tem Orkut, ouve rock e gosta de sentar com os netos para construir novos brinquedos. “Eu tento aguçar a criatividade deles. Não adianta nada pegar tudo pronto. Assim, eles dão mais valor”, disse. O neto mais velho, Gustavo, tem 10 anos e o mais novo, Cauã, tem 2. Ela disse que, depois de ter se tornado avó, o amor se multiplicou para fora dos limites da família. “Parece que todas as crianças do mundo se tornaram

meus netos. É amor demais, quase transborda”, disse. Há um ano e seis meses, ela se formou em filosofia. “Eu me casei muito novinha, parei de estudar na 7ª série. Aí, depois que criei as filhas e ganhei meu primeiro neto, pensei em voltar a estudar. Ter uma formatura era um sonho muito antigo. É o que pretendo deixar para os meu netos: ensinar que qualquer coisa é possível, desde que se tenha determinação”, disse. PAULO AUGUSTO

MARIA ROSA tem 26 netos e uma vida cheia de atividades PAULO AUGUSTO

EULÁLIA MEDEIROS diz que o amor pelos netos é tanto, que transborda e é passado para todas as criOLÍVIA adora reunir netos e filhos para grandes almoços em casa com um sobrinho de dona Olívia. Dinâmica Em outro extremo da cidade, no bairro Tubalina, região Oeste, vive Maria Rosa de Jesus. Ela tem 10 filhos, 26 netos e nove bisnetos, que gosta de ver reunidos “sob suas asas”. “O que eu mais gosto, quando junta todo mundo, é pensar que tanta gente partiu de mim.” Diferentemente de dona Olívia, ela não é tão caseira. Gosta tanto de passear, que foi até a Bélgica visitar o filho e dois netos. Além de fazer todo o trabalho doméstico, ela tem muitas atividades: três vezes por semana,

faz hidroginástica e, outras três, educação física. Parar, mesmo, só às 18h, para assistir à novela “Paraíso”, na Rede Globo. “Mesmo assim, no intervalo arrumo alguma coisa para fazer. Não pode parar, senão enferruja”, disse. Apesar de afirmar que ama todos os 26 netos do mesmo jeito, ela não esconde que há um xodó: o neto Guilherme, 19 anos, que mora com ela desde pequeno. “Meu amor é de verdade, mas sou mais próxima dele, tenho mais afinidade. Não adianta os outros terem ciúmes, eles sabem que amo todos”, afirmou.


HOJE É DIA DE CONFERIR O RESUMO SEMANAL DAS NOVELAS • PÁGINA B4 CORREIO DE UBERLÂNDIA

REVISTA

Saiba quais as atrações do penúltimo dia do Festival de Dança do Triângulo PÁGINA B3

DOMINGO • 1º DE NOVEMBRO DE 2009 • cultura@correiodeuberlandia.com.br

ÓCIO E OFÍCIO

Profissão como objeto de entretenimento SERIADOS NORTE-AMERICANOS RELACIONADOS A ALGUMAS CARREIRAS UNEM REALIDADE À FICÇÃO LYGIA CALIL | REPÓRTER lygia@correiodeuberlandia.com.br

C

ada vez mais diversificados e assistidos, os seriados de TV norte-americanos ganham espaço como entretenimento para públicos diferentes. Se antes eles eram chamados de “enlatados de USA” e se restringiam, basicamente, a comédias que satirizavam o estilo de vida do americano médio, hoje há os específicos para adolescentes, os dramáticos, as comédias. Existe, também, uma vertente voltada para profissões – como advogados, médicos, detetives e investigadores. Mas até que ponto estes seriados podem representar

a realidade de uma profissão, ou de que maneira eles podem ser úteis aos profissionais que os assistem? O CORREIO de Uberlândia procurou fãs de seriados que tratam sobre seus ofícios para saber o ponto de vista deles desses programas. Químico por formação, o perito técnico da Polícia Civil Eduardo Borgatto, 27, sempre foi fã de seriados de investigação. Desde que assistiu “CSI” pela primeira vez, em 2004, não parou mais. O interesse pelo assunto se tornou tão grande que ele buscou a carreira de investigador. “Ser perito era meu sonho de consumo. Dando aulas de química não tinha tempo para estudar para o concurso, então parei de dar as aulas e

consegui passar”, afirmou. Quando finalmente se viu no trabalho de perito, ele descobriu o lado fantasioso da série. “Tem muita coisa que é fictícia, como a aparelhagem que eles usam. São impossíveis, mesmo se tratando da tecnologia dos Estados Unidos. Não condizem com a realidade. Mesmo assim é divertido.” Mas nem tudo o que ele assiste é encarado como simples diversão. Interessado pela pesquisa na profissão, os episódios oferecem soluções alternativas para a profissão. “É possível abrir a mente para outras visões, sacadas diferentes, que são importantes para o trabalho. São conclusões as quais eu não chegaria se não tivesse assistido”, disse.

BETO OLIVEIRA

LAYS APARECIDA EVANGELISTA é estudante de medicina e fã de “House”

UM FAMOSO DOUTOR MAL-HUMORADO

LEGISLAÇÕES

DEVE SE CONSIDERAR AS DIFERENÇAS A advogada e professora universitária Neiva Flávia de Oliveira, além de ser fã dos seriados sobre a sua profissão, gostaria de usálos em sala de aula. Ela já utiliza muitos filmes, mas ainda não encontrou nenhuma série para ajudá-la. “O Direito norte-americano é totalmente diferente do nosso”, disse ela, que assiste “Law” & Order”, “CSI” e “Criminal Intents”. Uma nova série da pro-

CARA DE BRAVO

gramação do canal pago AXN e que já conquistou a atenção da professora é “Raising the Bar”. “É uma novidade ainda, mas acho que vai dar para trabalhar com ele. Além das leis serem outras, há ainda mais uma dificuldade para levar os seriados para as aulas. Eu ministro direito de família e a maioria das séries é sobre direito criminal. Por isso estou prestando mais atenção a este novo, porque PAULO AUGUSTO

trata várias vertentes do Direito”, disse. Mas mesmo com as diferenças nas leis, segundo ela, um atributo é universal na prática do Direito: a ética. “Nos seriados que gosto, todos os advogados são sempre muito éticos. Isso mostra um lado importante da profissão e posso comentar sobre eles nas aulas.”

Estudante do 4º ano de Medicina, Lays Aparecida Evangelista é aficionada no seriado “House”, que mostra o dia a dia de um renomado médico que, apesar da competência, é considerado pela sua equipe um insensível. Ele não se importa de ser arrogante e mal educado, mas ainda assim é muito respeitado, pois não costuma errar seus diagnósticos. Diferentemente do pe-

rito Eduardo Borgatto e da advogada Neiva Flávia, que preferem a TV a cabo para assistirem seus seriados, Lays assiste pelo computador, em DVDs gravados pelos colegas de sala e amigos. “Eu pego as temporadas completas e, em um fim de semana, assisto tudo. Não consigo ficar muito tempo esperando, dá agonia”, disse. Com o seu ídolo, ela diz rever muita coisa que já

aprendeu em sala de aula. “Estou assistindo, aí mostra alguma coisa e falo: ‘Isso eu sei!’. Serve como revisão da matéria”, afirmou. Sobre a postura do médico, ela diz que entende o seu lado “humano”, mas explica que, na prática, é impensável um profissional se comportar daquela maneira. “Ele é durão, mas se importa com as pessoas. Até sente dores físicas quando se sente rejeitado”, afirmou.

SAIBA MAIS MÉDICOS

DIREITO

! E.R. (PLANTÃO MÉDICO) – ÚLTIMO EPISÓDIO EXIBIDO NA QUARTA-FEIRA (28) Mostra o cotidiano da emergência de um hospital público de Chicago, visto sob a ótica dos médicos e enfermeiros que trabalham ali.

! LAW & ORDER (LEI E ORDEM) - 20ª TEMPORADA O programa mostra o mundo do crime por meio de duas diferentes perspectivas. Na primeira meia hora, os detetives investigam casos e apreendem suspeitos. Na segunda metade, o foco passa para a corte criminal, onde os procuradores se esforçam para fazer justiça.

! GREY’S ANATOMY - 6ª TEMPORADA Jovens médicos do Seattle Grace Hospital, onde há o mais rígido programa para residentes de Harvard, vivem em um mundo onde o aprendizado pode ser uma questão de vida ou morte, e ainda precisam lidar com os problemas de suas vidas pessoais. ! HOUSE M.D (DR. HOUSE) - 6ª TEMPORADA Trata de um médico conceituado do estado de New Jersey, nos Estados Unidos. Além de conseguir elaborar excelentes diagnósticos. O seu carácter é marcado pelo seu mau-humor, comportamento anti-social, cepticismo e sarcasmo.

! RAISING THE BAR - 1ª TEMPORADA Um grupo de jovens advogados e ex-colegas de classes se encontram em lados opostos em um drama legal.

INVESTIGAÇÃO ! COLD CASE (ARQUIVO MORTO) - 7ª TEMPORADA Mostra uma divisão policial que se especializa na investigação de crimes não resolvidos do passado. ! MONK (MONK: UM DETETIVE DIFERENTE) 8ª TEMPORADA Um detetive brilhante de homicídios tem Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), incluindo uma série de tiques e fobias. Ele é contratado quando a polícia não consegue resolver algum caso.

! MENTAL - ESTREANTE O Departamento de Psiquiatria do Hospital Wharton Memorial tem um novo diretor, o Dr. Jack Gallagher, um profissional com métodos nem um pouco ortodoxos para decifrar os segredos da mente humana.

NEIVA FLÁVIA é advogada e espectadora de Law” & Order”

! SCRUBS – ENCERRADA “Scrubs” se difere das demais séries médicas por ser uma comédia. Tem um estilo leve para lidar com assuntos sérios com personagens caricatos e divertidos.

! CSI: CRIME SCENE INVESTIGATION – 9ª TEMPORADA É uma série dramática centrada nas investigações do grupo de cientistas forenses do departamento de criminalística da polícia de Las Vegas, Nevada. Estes cientistas, designados CSI’s (Crime Scene Investigators), desvendam crimes e mortes em circunstâncias misteriosas e pouco comuns.


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