DMBr - Edição #12

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Design Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015 | 1 |


Editorial

De cara nova É com muito orgulho que apresentamos a vocês o nosso novo projeto gráfico! Desde seu lançamento em 2013, a Design Magazine Brasil já teve três projetos gráficos diferentes, com apenas pequenas mudanças entre eles. Pela primeira vez desde a edição zero refazemos por completo o visual da revista. Nós sentimos que o projeto anterior já estava ficando obsoleto e por isso decidimos nos adiantar e criar algo que pudesse ser mais atemporal. Queríamos um toque moderno e jovem, mas sem deixar de lado a elegância, a maturidade e o estilo simples da versão original. Em termos de conteúdo, a principal mudança que isso traz é que não ficamos mais limitados a apenas seis matérias por edição, como ocorria anteriormente. A quantidade aumenta e a qualidade também. Esse ano foi ótimo, repleto de eventos de alta qualidade. Poderia ter sido melhor se não fosse pelo veto à regulamentação da nossa profissão, mas bola para frente. Faremos o possível para que 2016 seja ainda melhor. Esperamos que gostem, tanto do visual novo quanto do conteúdo. Bom final de ano para todos.

Lucas Fernandes

Diretor

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Créditos Ano II - Edição 12 - Dezembro 2015 Diretor e editor

Redatores

Ilustração

Lucas Fernandes

André Reis

Douglas Silva

Danielli Wal

Gilberto Ferreira

Consultor editorial

Eduardo Madeiro

Tiago Krusse

Eliezer Santos

Capa

Lucas Fernandes

Guilherme Dantas

Designers

Mayara Wal

Douglas Silva

Thiago Seixas

Hebert Tomazine Leandro Siqueira

Revisão

Lucas Fernandes

Juliana Teixeira Lourrane Alves

Site designmagazine.com.br

i3c3.com.br

Redes Socias /revistadesignmagazine.br

A Design Magazine Brasil é uma projeto de

@DMBr_Oficial

Lucas Fernandes e do Grupo I3C3. O conteúdo aqui publicado pertence aos seus

Fale conosco

respectivos autores e não pode ser reproduzido

contato@designmagazine.com.br

sem prévia autorização.

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Sumario DESIGN 08

O diário de uma designer

14

Entrevista com Silvia Grilli

20

O design cidadão e irreverente de Fabio Lopez

28

Resenha: Gramática Visual

ARQUITETURA 32

Corian: material da vez, matéria prima do futuro

ARTE 38

Sywork, uma rede social de ilustradores

42

Resenha: Before They Pass Away

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DESIGN

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O diário

de uma designer A menina que queria desabafar sobre as mazelas de sua profissão e hoje possui um dos canais mais importantes sobre design no Brasil Texto: Thiago Seixas | Imagens: Amarelo Criativo

Se você está entrando, cursando, ou

O começo

saindo da faculdade de Design, muitas dú-

Thalita já trabalhava em uma empresa

vidas devem estar passando por sua cabe-

de comunicação visual antes mesmo de en-

ça criativa. Como está o mercado de tra-

trar na faculdade, o que lhe proporcionou a

balho? É melhor saber um pouco de tudo,

oportunidade de adquirir um pouco de co-

ou se especializar em algo? Trabalhar em

nhecimento sobre a área de criação. Logo,

agência, ou tentar a carreira freelancer?

ela decidiu se dedicar a isso. Começou

Corel ou Illustrator?

pela Faculdade de Publicidade e Propagan-

Essas e muitas outras perguntas inspira-

da, mas no terceiro período, descobriu que

ram Thalita Lefèr, uma designer mineirinha,

odiava aquilo. Porém, acabou se encontran-

muito carismática e extrovertida, a criar um

do dentro de atividades como brainstormin-

canal no Youtube para compartilhar suas ex-

gs, desenvolvimento de projetos visuais, en-

periências, seus conhecimentos e, também,

tre outras coisas. Durante esse período, que

suas frustrações.

ela chamou de “o que fazer na faculdade?”, Design Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015 | 9 |


O diário de uma designer Thalita foi parar, segundo ela por ironia do

errado pontuar as coisas erradas que temos

destino, em uma agência de publicidade,

que passar.” E então, no começo de 2011,

onde um de seus chefes lhe sugeriu que fa-

Thalita criou o canal Diário Dum Designer,

zer design gráfico seria algo que se encaixa-

que servia como um desabafo e, segundo

ria melhor a ela. E foi aí que tudo começou.

ela, era mais imaturo e não focado tanto em

Os primeiros passos do canal

conteúdo para tentar ajudar a resolver essas situações. Após alguns vídeos, e já criando uma boa audiência, ela teve que dar uma

Após um tempo, quando a frustração co-

pausa no canal, que acabou se extendendo

meçou a tomar conta da sua profissão, Tha-

por 4 anos, segundo ela “por consequência

lita teve a ideia de criar um canal. “Me via

de vida mesmo, todo mundo passa por um

(e via muitos amigos) totalmente frustrada

período na vida que precisa se adaptar em

com as situações que essa profissão causa,

situações diversas e essa é uma das coisas

e ninguém falava sobre isso porque parece

mais legais em viver”.

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A volta e a criação do Amarelo Criativo Contudo, durante esse período longe da produção de conteúdo, Thalita recebia muitas mensagens na fan page do canal, com diversos pedidos para sua volta. Isso a motivou a retornar com tudo agora em 2015. O canal Diário Dum Designer deu lugar ao canal Amarelo Criativo, que também conta com um blog e uma fanpage, e virou a marca de Thalita. Pautas mais maduras, assuntos mais relacionados à área do Design, entrevistas com profissionais, cobertura de eventos, entre outros, fizeram em pouco tempo de retorno o canal bombar, se tornando hoje uma das principais referências sobre o assunto no YouTube. As brincadeiras, desabafos e (in)diretas para os clientes continuam em pauta, mas o objetivo principal agora é informar e mostrar os pontos positivos da profissão de Designer Gráfico. Thalita vê o canal tomando cada vez mais forma, e em apenas seis meses de retorno ela conseguiu criar uma rotina e constância na produção de vídeos, formou uma equipe e também conquistou importantes parcerias. O trabalho nas pautas é intenso e, segundo ela, o canal ainda não dá o sustento necessário, e conciliar seu trabalho particular com o projeto do canal é uma das maiores dificuldades. “Dá muito, muito trabalho. Mas eu amo fazer isso e quero que o canal ajude o máximo de pessoas possíveis”, diz ela.

Os próximos passos Quando questionada sobre seus planos futuros para o canal, Thalita diz: “Me pergunto isso todo dia, de como podemos sempre manter um conteúdo relevante pro pessoal e passar isso da maneira mais agradável possível. Estamos entrando na terceira temporada agora e vamos mudar Design Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015 | 11 |


O diário de uma designer um pouco a forma de comunicar, teremos

conselho pra gente. Confesso que o melhor

review de alguns produtos da área, para

de trabalhar com isso é que eu aprendo

mostrar pro pessoal como cada produto

coisa nova todo dia e fico mega feliz. E tem

funciona, temos projetos com grafiteiros,

mais um pouco de novidade que eu não

artistas, designers pra poder espalhar um

vou contar porque é spoiler hahahahaha”. O

pouco de cor pela cidade. Entrevistados

negócio é ficar ligado no canal e aguardar

super conceituados pra dar um monte de

o que vem por aí.

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DESIGN

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Entrevista com

Silvia Grilli Uma conversa sobre o design brasileiro e o conceito de tendências. Texto: Mayara Wal | Fotos: Cortesia TrendMovel

Designer de Produto com especialização

Nesta edição convidamos a designer Sil-

em Design de Interiores na Scuola Lorenzo

via Grilli a falar um pouco sobre seu trabalho

de Médici(Florença), consultora de diversas

com o portal TrendMovel, e discutir sobre o

empresas do setor móveis/decoração e pro-

design brasileiro, a área moveleira e tecnolo-

jetos para organizações públicas e privadas.

gias e é claro sua visão sobre as tendências.

Trabalhou em empresas como Arrendamen-

Para abrir a entrevista, queremos saber

to, Vogue e Forma Design, fundou seu pró-

um pouco mais sobre o portal TrendMovel,

prio escritório, o Studesign Projetos, espe-

como surgiu e o porquê.

cializado no Desenvolvimento de produtos

“TrendMóvel surgiu da minha percepção

e gestão do Design para indústria moveleira.

sobre a falta de informação qualificada nos

É tambem Sócia-diretora do portal TrendMo-

meios de comunicação do setor moveleiro. Ge-

vel, site dedicado à pesquisa de tendências

ralmente as matérias sobre design e produção

para a indústria moveleira.

de móveis são escritas por jornalistas com pouDesign Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015 | 15 |


Entrevista com Silvia Grilli co ou nenhum conhecimento técnico. Os veículos de design de interiores tendem a falar para um público leigo, portanto a informação pode ser superficial, mas quando esses conteúdos chegam às revistas dedicadas a quem produz móveis, então temos um problema. Além disso os jornalistas escrevem suas matérias a partir do material das assessorias de imprensa, muitas vezes com um viés marqueteiro. Trabalhando há 30 anos na criação e desenvolvimento de móveis, numa certa altura da carreira comecei a prestar consultorias em análise de mercado e pesquisa de tendências. Então em 2011 decidir iniciar o portal TrendMóvel para compartilhar conteúdos incríveis que recebo do mundo todo, em matérias escritas por especialistas como eu. O objetivo do TrendMóvel é auxiliar empresários e designers na tomada de decisões estratégicas para seu negócio a partir dos conteúdos publicados, promovendo a cultura da inovação na indústria e no varejo brasileiro de móveis.” Aproveitando o assunto de tendências, queremos saber qual a importância delas e a forma de utilização na produção industrial.

Coleção Duo - rack e buffet em compensado de freijó tingido em 2 tons. O diferencial inédito no mercado é a aplicação de peças removíveis cerâmica nas portas e frentes de gaveta. Este recurso permite customização dos produtos.

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“Por mais absurdo que possa parecer eu

do Anuário de Tendências 2016 revela projetos de

não acredito nas tendências. Pelo menos não

arquitetura surpreendentes baseados em novos

nesse tipo de “tendência” que se prega nas

conceitos de morar, ora destacando as novas

revistas de moda e design. Desde o início do

maravilhas tecnológicas, ora refletindo nossa ne-

portal TrendMóvel nossa equipe se esforça

cessidade de aproximação com a natureza.”

em distinguir o que é ‘tendência estratégica’ e

Sobre o setor moveleiro, ficamos curio-

‘tendência de senso comum’. Eu sempre digo:

sos para saber da Silvia Grilli sobre a apli-

o que está na capa das revistas de design e

cação das impressoras 3D. Será possível as

nas feiras de móveis ao redor do mundo não

pessoas estarem de fato imprimindo seus

é uma tendência, é o produto final, executado.

próprios bens de consumo?

Tendência é, na verdade, informação estratégica para desenvolvimento de produtos.”

“As impressoras 3D são o presente. No campo da moda, por exemplo, muitos designers já

2016 batendo na porta, e para matar a

utilizam este recurso como meio de produção,

curiosidade sobre o assunto, queremos sa-

em séries pequenas. Se os fabricantes derruba-

ber quais as tendências em voga.

rem os preços dessas impressoras (como deve

“O lançamento do Anuário de Tendências

acontecer), todos teremos uma em casa para

2016, produzido pela revista Casa Claudia, é um

imprimir produtos. Mas será que vale a pena?

daqueles momentos de reflexão sobre os rumos

Afinal os desenhos/arquivos deverão ser produ-

do design. De acordo com o diretor de redação

zidos por designers preparados e a tendência

da revista, Alexandre Ferreira, no percurso desta

é que busquemos arquivos abertos na internet

pesquisa ficou clara “a preocupação de arquite-

para imprimir commodities...

tos e designers com o engajamento pelo uso da

No mercado moveleiro a coisa é um pou-

tecnologia em benefício da qualidade de vida e

co mais complicada se você pensar em volu-

da preservação do meio ambiente”. O conteúdo

me, mas como acessório do móvel, o objeto

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Entrevista com Silvia Grilli impresso em 3D pode ser uma alternativa interessante, pois dispensaria o investimento em moldes, permitindo a oferta de inúmeras opções de customização aos consumidores.” Queremos saber sobre um dos novos lançamentos da designer, o livro “Signos da Brasilidade no Design de Móveis”e a pergunta foi, como podemos definir o design brasileiro? “Como disse no prefácio do meu recém lançado livro ‘Signos da Brasilidade no Design de Móveis (Ed. Senai): O tema Brasilidade, tão antigo quanto a nossa Nação, vem ganhando uma importância jamais vista devido à necessidade de definirmos uma identidade para o design brasileiro. Por outro lado, o design brasilis é tão complexo quanto a definição de brasilidade. Por que é tão difícil imprimir nossa essência em produtos? Provavelmente porque não somos feitos de uma única essência, mas de várias. Como num per-

Carrinho de chá Multi - fabricado em cedro maciço envernizado/pintado com aplicação de couro na bandeja superior. Recebeu prêmio IBAMA no ano 2000 por utilização de madeira certificada e voltou a ser fabricado em 2012.

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Mesa e BancoTC - fabricados com painel de Teca maciça. Ambos apresenta um nicho para colocação de vasos e cachepôs.

fume que reúne notas variadas, o design brasi-

traduzir os desejos da clientela em produtos

leiro conta com um vasto arsenal de elementos

com valor perceptível.”

culturais prontos para serem combinados.” Finalizando, é claro que pedimos uma

Silvia Grilli, foi um grande prazer poder

dica!Sobre o mercado para o ano que vem,

trocar algumas ideias contigo, muito obriga-

como os profissionais podem aproveitar essa

da pela sua atenção.

fase de “crise”?

Fiquem ligados no Portal TrendMovel e

“A crise é sempre uma oportunidade de

acompanhem a designer Silvia Grilli.

crescimento. Para nós designers é hora de procurar as empresas que consomem nossos serviços e mostrar como o design pode ser um diferencial competitivo nestes tempos de corrida por preços baixos. Para a indústria, é hora de buscar designers preparados para coordenar equipes multidisciplinares a fim de Design Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015 | 19 |


DESIGN

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O design cidadão e irreverente de

Fabio Lopez Conquistar favelas inimigas, acabar com a facção rival ou comprar serviço de moto-táxi com arregos. Já pensou se o submundo do Rio de Janeiro fosse um jogo? Texto: Eliezer Santos | Fotos: Cortesia Fabio Lopez

A vida às vezes parece um jogo, não é

ca da segurança pública da cidade maravi-

verdade? Cheia de regras e questões físicas

lhosa, decidiu criar dois projetos polêmicos:

e comportamentais que nos desafiam conti-

War in Rio e Bando Imobiliário.

nuamente. Quando se vive numa metrópole

Trata-se de dois projetos de ID visual

como o Rio de Janeiro então, onde somam-

para jogos de tabuleiro, inspirados em dois

-se aos problemas do cotidiano o caos so-

famosos jogos desse gênero, que fez a ca-

cial que a cidade vive há décadas, estas re-

beça de muita gente: War, da Grow, e Banco

gras parecem muito mais rígidas.

Imobiliário (Monopoly), da Estrela.

Talvez esta tenha sido a mesma percep-

“War sempre foi meu jogo de tabuleiro

ção do Designer, professor e mestre Fabio

preferido, desde criança{...}. A ideia de criar

Lopez. Carioca e acostumado com o cotidia-

uma paródia com o jogo passada na cidade

no da cidade, Fabio costuma se inspirar nos

do Rio de Janeiro era antiga, mas não me

eventos do dia a dia para desenvolver seus

lembro agora precisamente quando ou que

projetos, e num certo momento, inconfor-

fagulha me fez concebê-la - provavelmente

mado com a situação cada vez mais caóti-

algum episódio mais chocante do cotidia-

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O design cidad達o e irreverente de Fabio Lopez

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no de violência da cidade, ou a frequência

saga ‘Tropa de Elite’ também me alimentou

com que estes episódios aconteciam. No

- ou perturbou - com sua sequência, abor-

meio do meu mestrado, sufocado pelos ex-

dando o problema das milícias.”

cessos teóricos da pesquisa, resolvi tirar a

Mais uma vez, ele conseguiu trazer a

ideia da gaveta, pegando carona nas polê-

realidade carioca para as características do

micas oriundas do filme ‘Tropa de Elite’. Foi

consagrado jogo de forma brilhante e ir-

o timing certo, acompanhado por uma exe-

reverente. Como o próprio site do projeto

cução refinada e um bom texto.”- disse ele.

define, trata-se de um “passatempo fora da

Ao desenvolver o War in Rio, Fabio usou

lei”, onde o jogador percorre o tabuleiro con-

e abusou de um humor ácido e sarcástico

quistando imóveis ou serviços. Nesse caso,

para adaptar todas as características do jogo

“desserviços” prestados pelas “empresas”

original para a realidade carioca. Como se

milicianas, tais como gatonet, venda de gás,

bem sabe, no War, o tabuleiro é um mapa-

moto táxi, caça níqueis, etc.

-múndi, onde cada continente possui uma

Mas o que mais chama a atenção nes-

cor, bem como cada exército tem suas cores

se jogo é a moeda corrente: o que move

específicas. Fabio buscou referências nos

o jogo aqui (e na vida real, nesse mesmo

mapas online da cidade para compor o ta-

contexto) são os “Arrêgos”, ou seja, a versão

buleiro do War in Rio, dividindo a cidade em

de moeda corrente inspirada nas cédulas

seis áreas distintas, cada uma com uma cor

do jogo original.

específica: Zonas Sul, Norte, Oeste, Central, Baixada Fluminense e Avenida Brasil.

Mas se você gostou da ideia e já estava se animando pra saber se o jogo está

No caso aqui, conquista de favelas e destruição de facções inimigas.

à venda e aonde poderia compra-lo, sinto dizer que essa nunca foi a ideia de aplicação do projeto de Fabio. Segundo ele, “Ambos os projetos foram forjados para serem plataformas de discussão e não produtos

Os “objetivos” do jogo seriam semelhan-

comerciais {...}. O design gráfico é uma

tes ao do jogo original, que consiste na to-

profissão que municia seus praticantes à

mada de territórios e destruição de exércitos

construção de imagens e narrativas. Não

inimigos. No caso aqui, conquista de favelas

está escrito em nenhum lugar que estas

e destruição de facções inimigas. Os “exérci-

imagens e narrativas devem servir apenas

tos” também merecem uma atenção à parte:

a finalidades práticas ou comerciais (na

os jogadores teriam à sua escolha o Bope,

realidade, talvez isso ainda conste de al-

Comando Vermelho, Terceiro Comando, Po-

gumas definições bastante obsoletas da

lícia Militar, Amigos dos Amigos e Milícia,

profissão). O projeto foi aplicado à vida, ao

ambos brigando entre si por territórios. Dife-

mundo, e ao ambiente de discussão que o

rente da vida real?

Design permite fomentar.”

Mas Fabio não parou por aí. O projeto fi-

Quando o assunto é a segurança pública

cou tão legal que ele decidiu ir além, e criou

da cidade (ou a falta dela), Fabio é bem sério

o Bando imobiliário: “Aconteceu de forma

e sucinto em suas opiniões. Perguntei quais

muito natural como sequência do projeto

as políticas que, em sua opinião, poderiam

‘War in Rio’, no mesmo momento em que a

ser aplicadas pelas autoridades para ofere-

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O design cidadão e irreverente de Fabio Lopez cer uma melhor sensação de segurança à

não em ‘sensação’ de risco: sem acesso aos

população carioca, e ele me respondeu que

serviços sociais básicos, educação, cultura,

“Uma falsa sensação de tranquilidade pode

saneamento, etc. Comece atacando a raiz

ser obtida pela propaganda de que os pro-

do problema se pretende resolvê-lo de fato,

blemas de violência da cidade se resolvem

e não suas consequências finais.”

apenas pela segurança pública, com forte

Segundo ele, a falta de políticas públicas

aparato militar, vigilância e controle das áre-

eficazes é o grande problema enfrentado

as de risco. Isso foi o que vivenciamos no

pela população, pois “Não existe pensamen-

começo do projeto de instalação das UPPs,

to holístico, sistêmico e cíclico na adminis-

muito festejado pela imprensa privada e

tração pública: tudo é pontual, fragmentado

pelo grande capital {...}’. Mas enquanto não

e aplicado sem continuidade. Não existe

reduzirmos o grande fosso da desigualda-

projeto, apenas execução orçamentária, grá-

de social, viveremos numa cidade violenta,

ficos e balancetes.” - diz.

onde ações de segurança pública servem

“É um problema de design, no sentido

apenas para sanar os efeitos colaterais de

mais amplo da palavra: não na concepção

problemas muito mais estruturais e profun-

de um produto ou solução, mas na for-

dos. Devemos começar pensando na intran-

mulação de enunciados mais complexos

quilidade vivenciada pelas populações mais

e num esforço propositivo inteligente, de

pobres, que vivem em situação de risco, e

desconstrução de paradigmas, inovação

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O design cidadão e irreverente de Fabio Lopez na administração pública e ousadia nas ações. O maior problema é o próprio governo, e seus quadros sem capacitação técnica para fornecer respostas adequadas à complexidade do mundo em que vivemos.” Complementa. Fabio, além de desenvolver estes projetos pessoais, também trabalhou em grandes projetos para agências de Design.” Ele integrou, por exemplo, a equipe que desenvolveu o emblema dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Além disso, há um outro projeto pessoal dele também muito interessante, dessa vez, com uma abordagem mais light, mas também a serviço da cidade: é o MiniRio: “O projeto mini Rio constitui uma extensa coleção de pictogramas e ilustrações criadas com o objetivo de homenagear e apresentar visualmente o patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. O trabalho é uma iniciativa independente, levou cerca de 17 meses para ficar pronto e foi uma excelente oportunidade para pesquisar novas histórias e ferramentas profissionais.” São 100 miniaturas, das mais diversas, e todas com a cara da cidade. Vale a pena conferir! Se você curtiu as ideias do Fabio através da matéria e quer conhecer o trabalho dele mais a fundo, seguem abaixo os links dos projetos mencionados, assim como o flicker e o Behance dele, onde você pode acompanhar mais de perto seus outros trabalhos. No mais, é esperar o início dos Jogos do Rio para curtir um pouco mais desse cara genial. Não só nós vamos curtir, mas o mundo inteiro! Bem, não sei se agora você concorda comigo quanto a vida parecer ser um “jogo”, mas a do Fabio, com certeza é! | 26 | Design Magazine Brasil #12 - Dezembro 2015


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DESIGN

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Resenha:

Gramática visual O guia definitivo da linguagem visual Texto: Lucas Fernandes | Imagens: Cortesia GG Brasil

Projetos visuais, sejam artísticos ou de

Christian Leborg é um designer e con-

design, possuem diversos elementos e pro-

sultor de branding norueguês, especializado

priedades em suas composições. O que o

em construir estratégias e identidades de

livro “Gramática visual” faz é apresentar um

marcas. Possui grande experiência na área

compilado de praticamente todos os termos

de comunicação visual. Atualmente leciona

que podem ser usados para descrever cada

na Westerdals School of Communication em

elemento desses projetos.

Oslo, na Noruega, além de ser editor da De-

A intenção não é ditar regras, mas sim reunir vários conceitos que, de uma forma

sign a Company, onde fala sobre empreendedorismo voltado para marca.

ou de outra, já estão definidos e organizá-

A versão original do livro, escrita em

-los de forma simples e de fácil entendi-

norueguês, foi publicada em2004 e possui

mento, seja para os que estão entrando nes-

alguns trechos mais antigos copiados e/ou

se mundo ou que já possuem experiência.

adaptados de outros lugares. Mas a menos

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Resenha: Gramรกtica Visual

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que as definições de ponto, linha, cor, tex-

Dados Técnicos

tura, rotação e equilíbrio tenham mudado,

Gramática visual

todo o conteúdo continua 100% atemporal.

Christian Leborg

O livro é dividido em quatro capítulos:

publicado por Editora Gustavo Gili

Abstrato, Concreto, Atividades e Relações.

18 x 21,5 Cm

Em cada um vemos vários itens – todos

96 páginas

acompanhados de exemplos imagéticos – e

ISBN: 9788584520077

suas respectivas definições, como ponto, li-

Capa: Brochura

nha, distribuição visual, tamanho, cor, repeti-

2015

ção, rotação, equilíbrio, espaço, angulação e diversos outros. Embora alguns desses termos pareçam óbvios, é importante ressaltar que até então não havia de forma tão técnica (mas ainda assim prática), organizada e sintetizada, um material que reunisse todas essas informações e as dispusesse de forma coesa e unitária. Esse livro não é apenas um guia, mas praticamente um tratado da linguagem que podemos (e devemos, talvez) utilizar para melhor expressar e entender todos os conceitos listados.

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ARQUITETURA

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Corian:

material da vez, matéria prima do futuro Além de ser tendência mundial, é o desejo de muitos arquitetos e designers. Texto: Danielli Wal | Fotos: Cortesia Avitá Design

Mas o que é Corian?

Sua maleabilidade permite curvaturas e

É um material sintético composto por re-

emendas invisíveis, sua versatilidade permite

sina e minerais naturais. Sua plasticidade e

a modelagem em extensões de superfícies

funcionalidade sem concorrência permitem

onduladas e o torna um dos expoentes do

possibilidades diversas de expressão estéti-

marketing sensorial. A temperatura amena de

ca e pode substituir materiais como granito,

suas faces transmite sensação aveludada e

aço inox, madeira, dentre outros.

de conforto, muito agradável ao toque.

Foi lançado na década de 60 pela Dupont

O material é destaque internacional em

e hoje é expoente no Design brasileiro, já ga-

projetos de visual merchandising, como a

rantiu prêmios importantes devido à excep-

fachada arrojada da Sportalm Fashion Store

cional maleabilidade e plasticidade. Alem dis-

Vienna, a loja conceito Issey Miyake em Pa-

so, segue o certificado LEED, pois permite a

ris, que utiliza o Corian translúcido na vitri-

renovação e o reaproveitamento do material.

ne, os biombos texturizados da Louis Vuitton

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Corian: material da vez, matĂŠria prima do futuro

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Corian: material da vez, matéria prima do futuro Paris, o design de interior da Chantal Tho-

cessadoras do material no Brasil e possui a

mass Paris e a Melissa Flaship de Soho NYC,

maior certificação da Dupont. Ela assegura

com displays modernos.

produção de alta qualidade. Fernando Co-

A matéria prima do futuro é destaque

tait, diretor da empresa, diz que técnicas

também no Brasil. Arquitetos renomados

especiais, materiais e maquinário especiali-

como MW Arquitetura, Márcio Kogan, Dé-

zado são itens essenciais para produção de

bora Aguiar, Patrícia Anastassiadis, entre ou-

qualidade, e que poucas empresas conse-

tros, já sabem do potencial do material e o

guem atender as exigências de qualidade e

utilizam em alguns de seus projetos.

prazos do varejo.

A arquiteta Moema Wertheimer acredita que o Corian é um dos materiais mais atra-

Temos exemplos de trabalhos no Brasil com o material que está roubando a cena.

entes para realizar projetos complexos, e que

O projeto da fachada da Loja Le Lis

a excelente performance, garantia de manu-

Blanc, no shopping Cidade São Paulo, é um

tenção e higienização são vantagens perfeitas

deles. Neste projeto de design moderno e

para resultados de design arrojados. Ela diz

de alta performance foi utilizado o Corian

ainda que temos, no nosso país, muito espaço

translúcido combinado com a Iluminação.

para o Corian, mas que falta conhecimento e divulgação entre os profissionais da área. A Avitá Design é uma das principais pro-

A Avitá Design foi a empresa escolhida para executar o projeto, Fernando Cotait disse acreditar que o Corian admite acaba-

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mento perfeito e de luxo, e que a qualidade que a marca transmite deve ser refletida na fachada.

O retrofit do centro cultural FIESP prova que o visual merchandising pode ir além do varejo. O ousado design geométrico de MW Moema Wertheimar utilizou o Corian desde a recepção até a biblioteca. A primeira loja da marca dinamarquesa Pandora, no Brasil, segue o conceito visionário existente nas franquias espalhadas mundo a fora. O conceito de fitas entrelaçadas que “embalam” a loja como um presente só foi possível pela exclusiva modelagem do Corian, que brincou com faces foscas e lisas e passa a idéia de tridimensionalidade de uma caixa de presente. A Avitá Design possibilitou a ideia das fitas entrelaçadas do projeto dinamarquês e o executou com excelência no shopping Morumbi. O retrofit do centro cultural FIESP prova que o visual merchandising pode ir além do varejo. O ousado design geométrico de MW Moema Wertheimar utilizou o Corian desde a recepção até a biblioteca. Além de elegante e higiênico, a matéria prima do Corian garante durabilidade de dez anos e sua alta resistência demanda baixo custo de manutenção. A Avitá Design detém todo o conhecimento técnico e oferece soluções criativas junto à equipe de arquitetos e especialistas que viabilizam diferentes tipos de projetos. Se ainda estiver curioso sobre este material acesse o site da Avitá Design e inspire-se!

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Imagem de vitrine: Douglas Silva

ARTE

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Sywork, uma rede social de ilustradores

Uma plataforma de multifuncionalidades em favor de profissionais e curiosos que buscam expandir seus conhecimentos. Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: Cortesia Sywork

Uma nova ferramenta em favor do

A princípio, mesmo não sendo a propos-

aprendizado virtual. Nascido das ideias

ta principal do site, o mesmo apresenta uma

de dois amigos brasileiros: Marcelo Eche-

característica que estimula o aprendizado

verria e Felipe Mechailech, a Sywork,

de crianças e adolescentes, que em sua

um termo que vem da abreviação “Show

maioria não sabem e nem possuem informa-

Your Work”, surgiu com uma proposta de

ções necessárias de qual carreira profissio-

ser uma plataforma grátis de troca de in-

nal seguir. Através da Sywork aqueles que

formações entre designs, ilustradores e

necessitam de uma orientação acharão in-

curiosos, que buscam o conhecimento e

formações sobre que direcionamento seguir.

a troca de experiências. Com uma inter-

Essa ferramenta de compartilhar trocas de

face fácil de manusear, o primeiro conta-

experiências pode ser um divisor de águas

to se torna agradável, pois o site tem uma

na carreira de algumas pessoas.

aparência visual bem simples e limpa, sem publicidade de grande aparência.

Perguntamos a um dos criadores, Marcelo Mechailech, se quando eles desenvol

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Sywork, uma rede social de ilustradores veram o site tinham essa noção educa-

O site se mostra com potencial além

cional que o site poderia oferecer, e ele nos

do entretenimento. Para conferir os víde-

respondeu: “Sim, pensamos a respeito da

os, o usuário só precisar acessar o site. Ele

parte educacional. Na verdade, ainda esta-

também pode se cadastrar gratuitamente

mos descobrindo qual é a principal função

para se inscrever nos canais, assim, caso

da Sywork. Por um lado é um entretenimen-

algum artista se encontre online, o usuário

to, pois é muito interessante ver artistas ta-

será notificado. Dentro dos canais, é possí-

lentosos trabalhando ao vivo. Por outro, é

vel assistir os vídeos antigos. O ponto forte

educacional, pois você pode aprender téc-

do Sywork fica por conta dessa interface de

nicas e principalmente o processo desses

armazenamento dos trabalhos, que se pode

artistas. E ainda tem outra face da Sywork,

partir de um processo inicial, de um trabalho

que é a interatividade e as conexões pes-

de esboço ou até a elaboração final de uma

soais. Os artistas geralmente trabalham so-

arte, uma espécie de “YouTube” do Design

zinhos, porém, quando estão fazendo uma

voltada para as artes e suas derivações, a

transmissão ao vivo eles tem companhia e

opção de participar ao vivo pelo chat, faz a

podem interagir diretamente com os seus

experiência de ideias, uma troca de inspira-

seguidores e amigos.”.

ções criativas.

Felipe Mechailech e Marcelo Echeverria

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O papel educacional se faz presente,

ros de acessos, onde a maioria dos usu-

lembrando que: “nós só aprendemos o que

ários é norte-americana. E nós brasileiros,

temos interesse”. O site demonstra que o au-

já ocupamos o segundo lugar. A caracte-

toaprendizado está cada vez mais presente

rística multifuncional de educar e ser in-

em nossas vidas fragmentadas, ou melhor,

terativa ao mesmo tempo faz com que

no bombardeio de informações que recebe-

artistas anônimos explorem o máximo de

mos diariamente. A busca de conhecimento

sua capacidade criadora na forma de troca

educativo é transferida de forma bem natu-

de críticas, em sua maioria construtivas,

ral, quase que espontânea.

contribuindo para o pontapé inicial na vida

Prova de que essa plataforma veio para ficar, são seus resultados em núme-

de quem busca ir além dos seus conhecimentos individuais.

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Imagem de vitrine: Gilberto Ferreira

ARTE

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Resenha:

Before They Pass Away “Antes que eles deixem de existir” Texto: André Reis | Fotos: Jimmy Nelson / teNeues

Ir muito além de um simples “click” e conseguir transpor a figura na imagem es-

incríveis, de culturas e costumes totalmente diferentes do seu.

tática foi o que o fotografo Britânico Jimmy

Jimmy Nelson iniciou sua carreira aos 20

Nelson realizou ao conviver com tribos de

anos de idade após voltar de uma viagem

diferentes lugares ao redor do planeta. Uma

do Tibete, ele levou uma pequena câmera

verdadeira obra de arte, digna de estar entre

e registrou fotos incríveis que ganharam no-

as coleções dos grandes mestres retratis-

toriedade. O curioso dessa viagem é o mo-

tas. Essa maravilha de 424 páginas 30x38cm

tivo pelo qual ela aconteceu. Quando tinha

está em três línguas: Francês, Alemão e In-

16 anos contraiu malária na África, durante

glês. É praticamente um portal, onde você

uma visita aos seus pais. Devido a uma re-

pode se transportar para diversas regiões

ação alérgica ao medicamento ficou com-

do globo terrestre e conviver com pessoas

pletamente careca. Muito transtornado com

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Resenha: Before They Pass Away

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sua aparência, assim que terminou o colégio, com 18 anos, resolveu ir a um país onde ele se parecesse com as pessoas locais e não fosse julgado por seu aspecto físico. Os monges o fizeram se sentir tão a vontade que ficou por lá cerca de um ano. Em 2009, Nelson planejou visitar 31 tribos isoladas e únicas. Seus sonhos eram testemunhar suas tradições consagradas pelo tempo, observar seus rituais e descobrir como o mundo exterior poderia estar ameaçando a

Como o próprio titulo já diz Before They Pass Away ou em português “Antes que eles deixem de existir” sobrevivência das tribos, a fim de tentar im-

mostrando uma visão extraordinária sobre o

pedir que isso acontecesse. Ele queria um

emocional espiritual dos últimos povos indí-

registro ambicioso que sobrevivesse ao tem-

genas do mundo, exaltando a diversidade e

po. Deveria ser tão precioso ao ponto de ser

criatividade cultural de cada tribo, seus ros-

insubstituível em um mundo onde tudo está

tos e corpos pintados, cabelos únicos, jóias

desaparecendo rápido demais.

e rituais além de seu idioma. Esses foram os

Usou uma câmera grande 4x5 para fazer

relatos de algumas entrevistas dadas pelo

fotos como para um porta-retrato elegante,

Fotografo Jimmy Nelson a veículos de comunicação. Sua visão diferenciada nos presenteou com esse acervo incrível. Para conseguir realizar a captura dessas fotografias, ele teve que se socializar com as tribos, beber, comer e conviver até ganhar a confiança de seus habitantes, isso levou 3 anos para ser concretizado. Visitou montanhas, lagos, desertos, florestas e etc. Ele detalha a origem, tradições, crenças, cotidiano e dieta de seus anfitriões, além de algumas curiosidades de bastidores, seus imprevistos e superações para terminar o projeto. Histórias fantásticas que nos emocionam e outras para dar muitas gargalhadas, mostram que mesmo sem saber falar a língua desses povos, mas muitas vezes, apenas com a comunicação corporal, um

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Resenha: Before They Pass Away belo sorriso bastou para conseguir registrar

peitando seu deus, família e a natureza. A

essas magníficas e deslumbrantes imagens!

perfeita harmonia um com o outro, assim

Como o próprio titulo já diz Before They

como descrito que era no Éden. Essa rela-

Pass Away

ou em português “Antes que

eles deixem de existir”. Sua missão foi encontrar a essência do

ção de respeito fora preservada durante milhares de gerações, mas pode acabar a qualquer momento.

ser humano, de como ele vive desde os

Registrar essas tribos que mantém seus

primórdios. Para isso ele visitou 15 países e

costumes e captar a pureza humana, antes

fotografou 29 tribos. Cada tribo tinha costu-

que se perca, foi o que levou Jimmy Nelson

mes culturais únicos, e mantinham os seus

a realizar esse belíssimo trabalho, não dei-

valores passados dos seus ancestrais, res-

xem de conferir.

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Dados TĂŠcnicos Before They Pass Away Jimmy Nelson publicado por teNeues 29 x 37 Cm 424 pĂĄginas ISBN: 9783832797591 Capa: Dura com sobrecapa 2014

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