DMB - Edição #09

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Carta do diretor Lucas Fernandes Você entra na faculdade sem nem ao menos saber o que é design. Pensa “ah, tem dese-

Formado em design gráfico e atuando no mercado desde 2010. Atualmente focado em direção de projetos. Dentre eles a revista digital Design Magazine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3. vel, pois ainda conseguia trabalhar e explorar cada subdivisão do design.

nho, parece ser fácil.” À medida que vai estu-

Começava a nascer então Lucas Fernan-

dando, vai entendendo o que é design, o seu

des, não o designer, mas o diretor de projetos.

valor para a sociedade, para a economia, etc.

Pouco tempo depois surgiu a oportuni-

É apresentado a diversos tipos de design e até

dade de criar a Design Magazine Brasil. Ela

a algumas áreas correlatas: gráfico, produto,

surgiu dentro de uma disciplina na faculdade

web, vídeo, ilustração... Em algum ponto dessa

e vem evoluindo junto comigo. Sem dúvidas,

sua trajetória você acaba se identificando com

o meu maior projeto até hoje e sou grato a

uma dessas áreas e a adota como sendo então

todas as pessoas que fizeram ou fazem parte

o seu foco.

dessa trajetória.

Eu não consegui fazer isso.

Tempos depois, surge o projeto I3C3. Por-

Eu gostava/gosto de forma igual de tudo

tal, canal, podcast... Responsável também pela

isso. Tudo no mundo do design me fascina.

reformulação do programa Área de Risco. Te-

Durante minha graduação então, para o de-

mos crescido um bocado, mas isso é só o co-

senvolvimento de trabalhos em grupo, eu aca-

meço. Espero que consigamos muito mais.

bei ficando responsável, entre outras coisas,

E hoje eu já não me vejo mais apenas

pelo gerenciamento dos projetos. Delegava

como um designer ou diretor de projetos. Me

funções, cuidava dos prazos, supervisiona-

vejo como um sonhador profissional. Alguém

va cada etapa do que tivéssemos que fazer.

que vê além e que deve entregar ao restante

Nessa posição então eu me sentia confortá-

das pessoas o resultado dessa visão.

“Eu sou um sonhador profissional, um explorador que busca justificar sua existência propondo diferentes soluções para sua tribo cultural.” Philippe Starck 2 • Edição 09



Sumário

Visões de uma Bienal

Blobjects Pág. 08

Entrevista com Walter Mattos

Pág. 16

Moda urbana street Pág. 22

Rio Academy

Patricia de Faria - Motion Design Pág. 32

4 • Edição 09

Pág. 28

Pág. 36


Design Magazine Brasil

Junho 2015 • 5


Créditos

Edição #09 Junho/2015

Diretor Lucas Fernandes

Redatores Clara Carneiro Eduardo Madeiro Felipe Cabral Mayara Wal Thiago Seixas Vitor Cardoso

Idealizadores Diego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Projeto gráfico Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso

Diagramação Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes

Ilustrações Beatriz Vieira Gilberto Ferreira Wendel Fragoso Revisão Juliana Teixera Lourrane Alves Capa Pedro Panetto

Logotipo Elementos À Solta

Site designmagazine.com.br Redes Sociais facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Email lucas@designmagazinebrasil.com.br A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. 6 • Edição 09


Design Magazine Brasil VENHA E DESCUBRA

FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015 Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade.

INCENTIVO

CO-REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO - OURO

PATROCÍNIO - BRONZE

APOIO INSTITUCIONAL

APOIO

CIA AÉREA OFICIAL

APOIO CULTURAL

PARCERIA

REALIZAÇÃO

REVISTA OFICIAL

INICIATIVA

Junho 2015 • 7


Visões de uma Bienal Fotos: Thiago Seixas.

Thiago Seixas

Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e experiências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers.

“Olhar para todos os indivíduos, independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou econômicas.”

8 • Edição 09


Design Magazine Brasil No dia 15 de maio desembarquei pela manhã em Florianópolis com uma grande expectativa por participar pela primeira vez da Bienal Brasileira de Design. Apesar das várias pesquisas sobre sua história, e de saber mais ou menos o que estaria por vir, não pude conter a ansiedade pelo evento. E, mesmo esperando muito, ele conseguiu superar tudo o que eu estava vislumbrando. A começar pelo seminário internacional, que foi dividido em três blocos, que ocorreram na tarde do dia quinze e na manhã e tarde do dia 16, e trouxeram ao Brasil importantes personalidades do design de diferentes partes do mundo, como África do Sul, Holanda, Espanha, Itália, Turquia, Alemanha, Colômbia e Estados Unidos. Com destaque para a palestra de Ralph Wiegmann, Diretor administrativo do IF – Internacional Fórum Design, da Alemanha, conhecida como a mais antiga organização independente de design no mundo, que falou sobre as premiações do IF e a importância do investimento no design em todas as esferas.

Junho 2015 • 9


Visões de uma Bienal

Guilherme Knop

Como representantes brasileiros, tivemos a

‘Decora’ e o ‘Lá Fora com Bel Lobo’. Além deles, tive-

palestra do designer Guilherme Knop, responsável

mos também a economista Edna dos Santos- Dui-

pelo estúdio de shape da Volkswagen no Brasil, que

senberg. A consultora internacional e membro da

falou bastante sobre o desenvolvimento do projeto

ONU discorreu em sua palestra sobre a importân-

do UP!, sobre a filosofia de design da Volkswagen

cia da economia criativa para o desenvolvimento,

e da importância de saber se valorizar como pro-

apresentou diversos dados e pesquisas e abordou

fissional. Tivemos também a arquiteta Bel Lobo

questões ambientais, tecnológicas e sociais.

mostrando cases pessoais e de seu estúdio coletivo

O que deu para perceber nas palestras do

Be.Bo, além de apresentar alguns dos projetos de-

seminário internacional é que existe uma grande

senvolvidos em seus programas para o canal GNT, o

preocupação dentro de boa parte da comunidade

Bel Lobo

10 • Edição 09


Design Magazine Brasil global de designers, arquitetos e profissionais de áreas relacionadas, em olhar para todos os indivíduos, independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou econômicas. O que todos os palestrantes tiveram em comum em seus discursos, foi chamar a atenção para o poder transformador que a ferramenta design tem e como é importante que governos, empresários e a sociedade como um todo saibam valorizar. Ver o auditório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) lotado, com estudantes, profissionais e empresários, mostrou que existe uma demanda por esse tipo de informação e conhecimento, e que debates como esses são muito importantes e, sem dúvidas, deveriam ocorrer com mais frequência.

Junho 2015 • 11


Visões de uma Bienal

Outro momento importante foi a abertura da exposição Design para Todos, que ocorreu no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura – CIC, que conta com quase mil cadeiras e estava praticamente lotado, o que reforça ainda mais a importância desse evento. A abertura contou com a presença importante de líderes e representantes de diversos setores ligados ao evento, como Glauco José Côrte, presidente da FIESC, Maria Terezinha de Batim, presidente da Federação Catarinense de Cultura, que foi representando o governador do Estado de Santa Catarina, Didier Vanderhasselt, o Cônsul Geral da Bélgica no Brasil, Carlos Guilherme Zigelli, Diretor Superintendente do SEBRAE-SC, Sergio Luiz Gargioni, Presidente da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de 12 • Edição 09


Design Magazine Brasil Foto: Divulgação/BBD 2015

Andador Voador: Fornece à criança com lesão cerebral um meio de locomoção que possibilita sua independência para ir e vir, favorecendo sua interação com outras crianças e com a sociedade.

Foto: Divulgação/BBD 2015

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Foto: Divulgação/BBD 2015

Foto: Divulgação/BBD 2015

Visões de uma Bienal

14 • Edição 09


Design Magazine Brasil Santa Catarina), Adriana Rodrigues, representando

ras. Muitas já estão colhendo bons resultados, seja

a Agência Brasileira de Promoção de Exportações

com departamentos internos, ou com a contrata-

e Investimentos (Apex-Brasil), e ainda contou com

ção de agências. Prêmios nacionais e internacio-

representantes do Ministério da Cultura, Educação

nais, crescimento em vendas, fortalecimentos de

e ciência dos Países Baixos, Ministério do Desenvol-

marcas e reconhecimento, são frutos do investi-

vimento, Indústria e Comércio do Brasil, Ministério

mento no design.

da Cultura, entre outros órgãos do governo.

Porém, o quadro atual nos mostra que ainda

Ouve um emocionado depoimento e agrade-

estamos muito longe de nossos objetivos. Ainda é

cimento da coordenadora executiva da Bienal, Ro-

muito difícil explicar para os empresários o que é o

selie de Faria Lemos, que falou um pouco sobre as

design, como ele pode agregar diversos valores ao

dificuldades de se realizar um evento como esse e,

seu negócio e a importância de se investir nos as-

claro, de sua importância. Além dela, outros repre-

pectos intangíveis.

sentantes foram convidados ao palco para dar sua

Por isso, precisamos entender e mostrar que

palavra de apoio, não só ao evento, mas à atividade

o design vai muito além do produto e do desenvol-

do design no Brasil como um todo.

vimento gráfico. Além disso, precisamos divulgar

Ter convidado os representantes das indús-

casos de sucesso, apresentar resultados reais e re-

trias e setores políticos para participar deste even-

alizar muitos outros eventos que possam convergir

to, foi crucial para continuarmos implementando

todas essas ideias, como esta Bienal Brasileira do

a cultura do design dentro das empresas brasilei-

Design está fazendo.

Roselie de Farias Lemos

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Blobjects Ilustração da vitrine: Gilberto Ferreira.

Vitor Cardoso

Carioca amante do conhecimento, cultura artística, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer.

“Resumidamente, um blobject pode ser qualquer coisa - de uma colher até uma cidade.” Holt e Skov

16 • Edição 09


Design Magazine Brasil

Analisando a natureza

blemas complexos provém da natureza, isto é, o

Você já ouviu falar de Biomorfismo? Pro-

ser humano faz uma leitura sintética de estrutu-

vavelmente não, mas não se preocupe, esta

ras e sistemas biológicos, buscando a inspiração

não é uma palavra que se ouve com facilidade.

necessária para resolução dos seus problemas.

Talvez então você já tenha ouvido algo sobre

Dentro dela, há o conceito de Biomorfismo,

Biônico. Temos mais familiaridade com este

em que as formas da natureza servem de inspi-

termo através de referências de estruturas que

ração estética e íntima para a criação de produ-

o representam em filmes, desenhos e livros.

tos, construções e obras de arte. A representação

Este termo sempre envolveu uma mentalidade

aplicada no design, arquitetura e composições

muito fantasiosa, futurista e tecnológica, ele é

visuais diversas é feita através de estudos de pro-

derivado do alemão Bionik (Biology - Biologia e

porção e harmonia na natureza.

Technik - Técnica).

O conceito do Biomorfismo tem relação

A Biônica é parte da Biomimética, ciência

intrínseca com as vertentes pós-modernas mais

cujo objetivo é o estudo e réplica dos métodos,

progressivas: apelo visual acima da função, visão

projetos e processos da natureza. Segundo ela,

da realidade por meio tecnológico, a imprecisão

muitas das respostas que o homem tem para pro-

das formas e o dinamismo.

Zaha Hadid Pavilhão Móvel de Arte

Kin Cheung

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Mind Century Mania

Blobjects

Relógio estilo Googie

18 • Edição 09


Design Magazine Brasil

Fluidez palpável Antigamente não se tinha como implementar produtos ou peças de formatos muito sinuosos a não ser que elas fossem em pequena escala de produção, uma peça única, artesanal ou ainda artística. Somente a partir do fim dos anos 80, começou a ser mais fácil a materialização de peças mais arrojadas através de softwares de projetos e modelagem, maleabilidade de materiais e melhora nos processos de fabricação através da injeção de polímeros.

iMac 1998, Apple

Com o uso desses artifícios houve o barateamento

Holt, reportada na matéria de 1993 da Revista Es-

do processo de confecção, o que proporcionou a

quire. Nela o termo é citado como peças coloridas,

presença mais comum de estruturas com formas

plásticas, produzidas com forte apelo emocional e

dinâmicas, flúidas e geralmente curvilíneas, deno-

destinadas a ser um produto de consumo. O desig-

minadas como blobjects.

ner contemporâneo Karim Rashid, também é men-

De origem contestada, o termo é muitas vezes atrelado com a definição do designer Steven Skov

cionado como um dos pioneiros na popularização dos blobjects.

Jan Kaplicky - Centro de Mídia do Estádio Lord’s Cricket Ground

Junho 2015 • 19


Apartamento 61

Blobjects As referências a esse estilo de design têm como similaridade o uso da curva, entretanto com diferentes leituras e objetivos. As curvas “whiplash”, elemento presente na Art Nouveau, eram “curvas violentas e repentinas geradas pelo estalar de um chicote” conforme Herman Obrist na Revista Pan em 1894. Elas se tornaram característica geral do estilo que tendia as ideias de inspiração natural do biomorfismo. Essas curvas tomam similaridade com as atuais curvas spline. No dadaísmo, estilo que se originou em meio a Primeira Guerra Mundial, a curva era usada como expressão da fuga da realidade, o absurdo, da desfiguração da lógica e da sociedade vigente. Seguindo a mesma linha de caráter insano, o Surrealismo tomou a curva como base para dialogar com imagens do subconsciente humano. Nos EUA, após Segunda Guerra Mundial, aflorou a estética do chamado Populuxe ou Googie. Consistia na combinação do luxo com o popular, onde as curvas traduziam uma mentalidade futurista e inovadora de modo bem amistosa e consumistas. Filmes como “The Blob” de 1958, que mostra uma criatura gosmenta vinda do espaço e que se torna uma ameaça aos humanos, e outros filmes de ficção científica que trabalham com matérias viscosas e orgânicas, transmitiram indiretamente a ideia que o desenho disforme e ameboide é de certa forma algo inovador, porém também com sentido de desconhecido, estranho e hostil. Essa teoria de hostilidade e desconhecimento, unida a de formas de vida em outros planetas, endossa o cenário inicial da Rádio Toot a Loop da Panasonic - 1970

20 • Edição 09

corrida espacial.


Design Magazine Brasil Samuel T Ludwig

Casa Mila - Antoni Gaudi Espanha - Barcelona

Os primeiros modelos aparentes no mercado

Os fatores inerentes estes objetos estabe-

que se podem dizer como blobjects, tinham ainda

lecem sempre uma forte interação com o usuá-

características híbridas com o modernismo, o dese-

rio. Pois apresentam cores e transparências com

nho vinha perdendo a rigidez da geometria regular

intuito de estabelecer uma boa receptividade,

e inseria o formato curvo. O quadrado que antes era

além da sinuosidade que proporciona uma visão

com arestas em ângulo reto foi substituído por um

diferente em ângulos distintos. Os blobjects com-

caso especial de super elipse, o squircle (aglutina-

preendem em si o contexto atual de uma socie-

ção em inglês de “square” – quadrado e “circle”- cír-

dade tecnológica com velocidade da informação,

culo). Conforme o tempo a estética blob foi toman-

interação e atualização constante. Podendo ser

do mais fluidez e unicidade explorando cada vez

exemplificado em inúmeras funcionalidades e

mais o campo tridimensional.

formas espontâneas. Junho 2015 • 21


Entrevista com Walter Mattos Ilustração da vitrine: Wendel Fragoso. Imagens: Cortesia Walter Mattos.

Mayara Wal

Designer de produto de formação e metida a doceira nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atualmente estuda Design de Serviços e Interação.

“Olhar para todos os indivíduos, independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou econômicas.”

22 • Edição 09


Design Magazine Brasil Ao abrir o site do Walter Mattos, você já se

Paixão mesmo aconteceu no primeiro dia que

depara com a frase que certamente melhor o de-

pisei na faculdade, pois até então não fazia ideia do

fine “um designer apaixonado por criar marcas e

que era design. Para falar a verdade, só escolhi esta

compartilhar conteúdo.” Conforme você continua

faculdade porque minha mãe, na época, viu no jor-

navegando e conhecendo mais sobre o trabalho

nal que design gráfico tinha relação com desenho,

de Walter essa definição começa a fazer sentido. Os

atividade que desde criança era o que eu mais gos-

projetos deixam transparecer toda a dedicação e o

tava de fazer.

carinho que o designer sente pela profissão.

Vendo seu Blog, logo se percebe o seu

Formado em Design Gráfico, sua especialida-

amor pela área do design, assim como quando

de é a criação de identidade de marcas, mas sua

assistimos aos seus vídeos. Acredito que esse

vida profissional também se estende à criação de

sentimento que consegue passar tanto no seu

conteúdo para seu blog e canal do Youtube.

trabalho quanto nos seus tutoriais, é o que torna

Após essa breve introdução vamos deixar que ele mesmo se apresente melhor. Primeiramente, muito obrigado por conce-

seus vídeos acessíveis e gostosos de ver. Conta mais como é para você passar seu conhecimento pra outras pessoas através dessas plataformas.

der essa entrevista ao DMB, vamos começar pelo

É a realização de um sonho. Cada artigo ou

mais básico, uma pequena introdução à sua pai-

vídeo é feito com tanta vontade que é sempre difícil

xão pelo Design, como tudo começou?

escolher o próximo tema, e mesmo assim, quando

Junho 2015 • 23


Entrevista com Walter Mattos defino um tema público. Só fica pronto quando chego ao ponto onde eu mesmo gostaria de ler ou assistir o que produzi. Isso faz com que eu dedique 20 horas em um vídeo de 5 minutos, por exemplo. Além da paixão por design, é claro que um grande incentivo são as respostas das pessoas. Acho que essa afinidade, e até certo ponto proximidade que tenho com os leitores é o que me mantém motivado para as próximas publicações. Aliás, eles ajudam bastante com dúvidas e sugestões, então acredito que matéria prima não vai faltar por muito tempo. Vimos que na sua carreira já teve a oportunidade de palestrar. Como é ter esse contato direto com seus expectadores? Como compara as palestras com os seus vídeos? É incrível! Já tive experiência parecida pois dei aula em curso de design, mas falar para 15 pessoas é bem diferente de falar para 100. Quanto mais o tempo passa, mais pessoas conhecem meu trabalho e mais a responsabilidade aumenta, então o vídeo acaba sendo uma forma de aliviar a pressão. Uma vez que o vídeo estiver gravado e editado é só publicar. Pergunta difícil agora, o que gosta mais, criar e gravar os vídeos ou trabalhar com o desenvolvimento de identidade de marcas, e por quê? Eu diria que o que mais gosto de fazer é produzir design. Quando escrevo sobre design também estou produzindo design, mas confesso que estou gostando tanto que penso em um dia investir mais tempo produzindo conteúdo que fazendo design de marcas. Amo design de marcas e por isso não pretendo parar nunca, mas acho que dá para explorar um pouco mais meu lado “comunicador”, e quem sabe um dia não depender financeiramente de um projeto. 24 • Edição 09


Design Magazine Brasil

Tem algum caso/situação da tua carreira

em que lancei meu blog. Fiquei trabalhando na

que tenha te marcado muito e queira comparti-

ideia por pelo menos 3 anos, então no dia em que

lhar conosco?

ouvi o programador falar “está no ar” tive uma das

Posso citar mais de um? O primeiro mo-

maiores sensações de alívio e missão cumprida

mento mais marcante foi justamente no início da

que eu poderia ter. Como falei, o blog é a realiza-

carreira, no final da faculdade. Meu projeto final

ção de um sonho.

foi um livro de português para crianças surdas fei-

Não poderíamos deixar de comentar a tal

to em parceria com o INES (Instituto Nacional de

da “proporção áurea”, conta mais pra gente a

Educação de Surdos). O que era para ter sido ape-

sua relação com essa amiga famosa dos desig-

nas um projeto de faculdade se tornou um projeto

ners.

real distribuído para várias instituições espalhadas

Me vejo muito mais como um designer apai-

pelo Brasil. Minha mãe é surda, então desde antes

xonado pelo uso da geometria em si do que pro-

da faculdade tinha esta vontade de me envolver

porção áurea isoladamente. Meu aprendizado so-

com questões sociais. Sempre serei grato ao INES

bre o assunto veio através de leituras sobre design

por ter me dado esta oportunidade. Não é a toa

de livros, que são ótimas fontes sobre uso de grids

que hoje meus vídeos são legendados.

e raciocínio geométrico de criação. Aos poucos

O segundo momento certamente foi o dia

fui aplicando estes estudos nas minhas marcas e Junho 2015 • 25


Entrevista com Walter Mattos quando percebi já era algo automático. Sempre digo que proporção áurea, assim como qualquer

Aquela pergunta capciosa, o que você vê como futuro na área do design?

outra técnica de construção não são regras, mas

Vejo uma área de crescimento constante.

ferramentas. Alguns leitores acham estranho ouvir

Por mais que hoje existam ferramentas de au-

isso de mim, pois parece que na prática uso pro-

tomatização para criação de sites e até mesmo

porção áurea o tempo todo, o que não é verdade.

marcas, não acho que isso prejudique nossa pro-

Gosto muito de falar sobre o assunto, especial-

fissão. O que muita gente enxerga como desva-

mente para tentar desmistificar essa visão fanta-

lorização do design, enxergo como oportunidade

siosa ou muitas vezes mal interpretada que fazem

de valorização. Nós já vivemos isso no nosso con-

sobre seu uso. Gosto muito, uso e acho uma exce-

sumo diário. Tudo que é feito em grande escala

lente ferramenta, mas não é proporção áurea que

costuma ser mais barato, enquanto produtos ar-

vai deixar um design bonito ou funcional.

tesanais ou personalizados são vistos como ob-

Planos e segredos para 2015 que pode nos revelar?! Produzir mais conteúdo, criar um produ-

jetos de valor. Vai depender de como cada um de nós pretende se posicionar, mas independentemente da escolha vejo um futuro positivo.

to e/ou um livro. Por enquanto é muito mais

E para encerrar, dá aquel a encorajada

sonho que plano, mas estou me dedicando

para quem está iniciando, ou não, a carreira,

para conseguir. O blog é muito recente ainda,

conta um pouco mais como é a profissão de

então vamos com calma. Se não for em 2015,

designer, pontos positivos e negativos e sua

em 2016 será!

mensagem final.

26 • Edição 09


Design Magazine Brasil

O melhor conselho é o mais óbvio possível – estudem e principalmente, pratiquem. Sem prática a teoria é apenas uma memória.

Agradeço muito pela oportunidade de papear com vocês e seus leitores. Um abraço a todos.

Pontos positivos de ser um designer – abre

Nós que agradecemos Walter Mattos, por

sua mente para explorar assuntos que você talvez

dedicar o seu tempo para essa entrevista. Para-

nunca teria curiosidade se não fosse um.

béns pelo seu trabalho, que é maravilhoso.

Pontos negativos de ser um designer – quando eu conseguir pensar em um mando pra vocês. Brincadeiras à parte, design é muito bom e realmente vejo pouquíssimos pontos negativos.

--Para quem ainda não o conhece, fica o convite, acesse o site e o blog nos links abaixo, e para quem já o conhece, fica a expectativa para os próximos vídeos!

Não vejo motivo para desencorajar os aspirantes. Sugiro apenas que experimentem e vejam se

www.youtube.com/user/WalterMattosVideos

é algo que realmente gostam de fazer. Antes do

www.behance.net/waltermattos

talento ou aptidão deve vir a vontade. Design é muito bom pra quem realmente gosta. Espero ver cada vez mais leitores se tornando produtores de conteúdo, pois acredito que este tipo de atitude é o melhor incentivo que um designer iniciante pode ter. Junho 2015 • 27


Moda urbana street Ilustração da vitrine: Beatriz Vieira. Imagens: Cortesia Vanzer Clothing.

Eduardo Madeiro

Profissional formado em Moda e Figurino pelo Instituto Zuzu Angel, especializado em Visual Merchandising. Atualmente aluno de licenciatura em Artes Visuais pela Unigranrio.

“A ideia, hoje, é criar um estilo vanguardista, absorver tendências e as mixar.”

28 • Edição 09


Design Magazine Brasil A moda que veio das ruas, um estilo totalmente urbano. Esse conceito surgiu nos anos 70, chegou com a rebeldia punk, no período da tensão da guerra fria. Com vários acontecimentos sociais e econômicos ocorrendo pelo mundo, os jovens queriam ser ouvidos, e nada melhor que expressar no corpo e nas roupas essa rebeldia. Os jovens buscavam uma ligação ao estilo musical. Tendo o estilo hip hop com suas derivações,

DJ, grafite, breakdance e rapper, além dos skatistas, com características despojadas. E os punks, com a base inicial de rebeldia e fugindo do politicamente correto. Essa atitude é vista até hoje com piercings e

tattoos, roupas rasgadas e cabelos coloridos.

Junho 2015 • 29


Moda urbana street Algumas características de cada influência:

Cada estilo tinha característica muito par-

Hip hop. Na moda, agregou um estilo a mo-

ticular de suas tribos urbanas, a exemplo dos

delagens largas, bonés, shorts do gênero feminino.

punks com suas correntes e roupas rasgadas, os

Valorizou o atraente na sensualidade das roupas.

rappers com suas calças caídas e cuecas à mos-

O estilo tem a mistura de ser vestir afro-americana,

tra. Na atualidade, com a globalização, e a inter-

latina e caribenha, com origem em Nova Iorque do

net com sua velocidade, fez mesclar e não definir

bairro do The 5 Boroughs.

um estilo próprio, a informação em favor da liber-

Skatista. Tem uma pegada mais voltada à durabilidade e ao conforto, para um melhor movimento. Camisas compridas, porém não largas, uso do moletons silkados.

dade. Facilidades do mundo contemporâneo na produção da moda. Atualmente quem veste o estilo street quer juntar e misturar, não temos a necessidade de nos

Punk. Trás a rebeldia nos cabelos espetados,

vestir como tribos urbanas. Queremos sim, unir e

pintados de cores fluorescentes. Nas roupas o sinté-

transformar essas influências em características

tico, o pontiagudo, o artificial. Carregava nos corpos

próprias. Facilidades da globalização e a velocida-

giletes e correntes como forma de mostrar a dor. Na

de de informações. Assim fica claro que misturar é

pele a tatuagem em forma de expressão.

se destacar na multidão.

30 • Edição 09


Design Magazine Brasil

A ideia, hoje, é criar um estilo vanguardista, absorver tendências e as mixar. A praticidade do

de usar o corpo, especificamente a cabeça como adorno de informações.

street faz com que jeans, peças clássicas com cor-

Essa moda tem uma pagada muito jovem,

tes inteligentes, barra dobrada, sobreposições,

essa constante transformação leva ao gosto po-

cores vibrantes, cores pastéis, acessórios, como

pular, além de inspirar estilistas a fabricar em

anéis, pulseiras, óculos, cordões com pingentes e

massa o que o mercado deseja.

calçados bem bolados possam ser de boa utilidade, o look sai ganhando.

O street veio para ficar, e por muito tempo. Basta olhar as lojas de departamentos que criam

Quando falamos em misturar, fica mais cla-

áreas destinadas a este estilo. Aproveite o melhor

ro olhar a moda street japonesa, que tem uma

que o street tem a oferecer. Junte, misture e crie.

rica união de informações, eles brincam com a

Permita-se a usar! Lembra-se, a roupa diz muito

utilização de sobreposição e acessórios, além

sobre você.

Junho 2015 • 31


Rio Academy Imagens: Divulgação/Rio Academy.

Clara Carneiro

Estudante de Publicidade e Propaganda na Unigranrio, adoradora de diversas áreas do ramo, apaixonada por todo tipo de arte e pretensa desenhista.

“Com o moto Observe, Aprenda e Produza, o Rio Academy promete dinamizar conversações comprometidas com a busca de soluções para as grandes cidades.”

32 • Edição 09


Design Magazine Brasil Pensar nossas cidades hoje, projetá-las

tamente quando a cidade comemora seus 450

não abordando os seus componentes isola-

anos e o Parque do Flamengo completa seus 50.

damente e buscando futuros de convivência

O Fórum Internacional de Arquitetura e Ur-

saudável, é um convite que tem se tornado

banismo propõe uma reflexão sobre o passado e

comum em diferentes encontros de arquite-

a utilização do aprendizado gerado a partir dessa

tura e urbanismo.

reflexão para o aprimoramento do nosso presente

Pauta em inúmeros fóruns internacionais,

e construção de um futuro melhor, e é assim que o

acadêmicos ou não, o futuro das grandes metró-

Rio Academy se destaca: como um parceiro impor-

poles ainda é um assunto que acanha os brasi-

tante na desejável busca da sustentabilidade nas

leiros. É por isso, que a exemplo de experiências

grandes cidades.

europeias, o Rio Academy está se propondo a

É interessante ressaltar que o Fórum aconte-

ser um parceiro na busca da sustentabilidade da

ce justo quando o Brasil bate recordes de concen-

vida contemporânea nas grandes cidades.

tração urbana. Infelizmente, em paralelo ao cresci-

Com o moto Observe, Aprenda e Produza,

mento das metrópoles, apresenta-se a necessidade

o Rio Academy promete dinamizar conversações

de se reinventar essas cidades, e exemplos do mun-

comprometidas com a busca de soluções para

do inteiro mostram que isso é possível. Mostram

as grandes cidades. Em especial, neste ano, para

também que os arquitetos e urbanistas são agentes

o Rio de Janeiro, já que o evento ocorre exa-

privilegiados nesse processo.

Junho 2015 • 33


34 • Edição 09


Design Magazine Brasil

O que você verá no Rio Academy

trabalho em torno de cinco sub-temas– alguns dos

O Fórum Internacional de Arquitetura e Urba-

principais problemas do Rio: Patrimônio Arquitetô-

nismo, já estreia com um espaço importantíssimo

nico; Mobilidade Urbana; Urbanismo Espontâneo;

na agenda da arquitetura e urbanismo. O evento

Soluções Efêmeras e Desigualdade Social.

será composto de conferências e Workshops e to-

Os inscritos nos workshops serão inspirados

mará lugar no MAM – Museu de Arte Moderna do Rio

por Talks - palestras dadas nas manhãs dos 3 pri-

de Janeiro, de 20 a 26 de julho.

meiros dias de workshop. Entre os palestrantes con-

O ciclo de Conferências durará dois dias e reu-

firmados até o momento estão Clovis Cunha, Jorge

nirá um time de especialistas mundialmente conhe-

Jauregui, Marcello Dantas, FleshBeckCrew, Washin-

cidos, que virão compartilhar seu trabalho e sua pers-

gton Fajardo, Max Schwitalla e Oke Hauser (Studio

pectiva conquistada com a experiência de trabalho.

Schwitalla) e Pedro Rivera e Pedro Évora (Rua Ar-

Dentre os convidados conferencistas encon-

quitetos). Os participantes dos workshops também

tramos os nomes de Paulo Mendes da Rocha – o

terão seus trabalhos coordenados por acadêmicos

segundo brasileiro a receber o Pritzker–, Carolina

e uma equipe de monitores, garantindo uma pro-

Bueno (Triptyque), Bjarke Ingels (BIG), Alejandro

dução de qualidade. Entre os coordenadores estão

Aravena (Elemental), Giancarlo Mazzanti, Reinier de

Igor de Vetyemy e Andrea Borde.

Graaf (OMA), Jaime Lerner, Elizabeth e Christian de Portzamparc–Pritzker de 1994.

Por fim, o produto dos workshops será objeto de avaliação de um júri, que selecionará os melho-

Após o ciclo de Conferências, seguem-se cin-

res trabalhos para serem entregues à cidade do Rio

co dias do Workshop O Futuro das Grandes Cida-

de Janeiro pelos seus 450 anos, uma honra e gran-

des em Países Emergentes, que reunirá grupos de

de oportunidade para os participantes. Junho 2015 • 35


Patricia de Faria - Motion Design Imagens: Corteria Patricia de Faria.

Felipe Cabral

Designer gráfico, atuando como freelance, apaixonado por marca e embalagem, sempre em busca de inspiração, fan de games e louco por carros, influenciado pela old school.

“[...] só se cria algo coerente com vivência e a capacidade de cada um de absorver o problema e resolvê-lo”.

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Design Magazine Brasil Patricia de Faria é uma designer brasileira, mora no Rio de Janeiro, cursou Processos Criativos na Escola de Artes Visuais Parque Laje, formada em Desenho Industrial pela UniverCidade, Pós Graduada em Design de Interfaces pela Unicarioca e atualmente atua como Motion Designer / Direção de Arte na Viralata Produções.

O que te levou a entrar nesse mundo do Design? Patricia contou que quando criança foi estimulada pela família ao entrar no mundo das artes, música, cinema e livros. Estudou música, fez teatro, ballet, desenhava e pintava. Porém tinha o sonho de ser veterinária “Como a única faculdade era em Seropédica eu teria que morar lá, mas meu pai não deixou. Então resolvi deixar o barco fluir e pensei: Já que eu gosto de qualquer coisa relacionada à arte, o que eu posso fazer para unir o técnico com o artístico?” Depois de algumas pesquisas sobre profissões, chegou à Faculdade de Desenho Industrial, com o intuito de desenhar peças para aviões. Mas resolveu deixar o “barco fluir” e se especializou em Programação Visual.

Não tive influências de artistas. Como assim? Na faculdade quando cursou Historia do Desenho Industrial, e influenciada pela historia mundial, começou a pensar profundamente em como a comunicação visual era sumariamente importante para a mudança de pensamentos, de povos e de seus costumes. “Por exemplo, posso citar a Bauhaus e todos os movimentos visuais (cartazes, broches, roupas, logos, panfletos e etc) da Primeira e Segunda Guerra. Essa é a minha influência: Todas as pessoas inseridas em qualquer história.” Junho 2015 • 37


Patricia de Faria - Motion Design

Motion Design Contou que caiu de paraquedas assim que saiu da faculdade, sabendo de uma vaga na TVE,

isso”. Foi como se uma peça de quebra cabeça fosse achada. Eu poderia unir o visual ao movimento! Uau! Ali fechou um ciclo.”.

(hoje TV Brasil) para operar um equipamento de ge-

Na TVE pôde experimentar o prazer de participar

ração gráfica e animação, parecido com o 3D Max,

do nascimento de um projeto, pesquisa, contato com

divido por 1000, já imaginou?

o cliente e finalização. Com era uma profissão muito

Halo era o nome desse software, e como nin-

nova no mercado, ninguém sabia como funcionaria

guém sabia operá-lo, e um dos requisitos da vaga

ao certo, principalmente no setor público, com a falta

era faculdade de Design, Patricia foi convidada a

de investimento na área, tinham que fazer tudo do co-

preencher a vaga. “Em 1 dia, li um manual A4 de 400

meço ao fim, onde obteve seus melhores resultados.

páginas. O equipamento depois de 1 ano ficou obsoleto e deu lugar aos Pc’s.”

“Depois de 9 anos, senti que a energia precisava girar. Estudava softwares novos, investia em livros e em cursos, mas não tinha aonde colocar em

Como foi sua carreia antes de entrar na Rede Globo? Começando com estágios em agências de Publicidade, e se perguntando “É só isso?” O que sempre lhe manteve trabalhando na área era que precisava se formar na faculdade. “Quando comecei na TVE, vi que não era “só

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prática mais. Foi então que meu ex-estagiário da TVE, me convidou para ocupar uma vaga de Motion Designer no Projac. Depois fui pra Globosat - um dos lugares mais legais que já trabalhei. Lá eu consegui definir um estilo próprio, mesmo tendo que atender as demandas do mercado (no caso, os canais da Globosat). A maioria dos designers de lá tinham


Design Magazine Brasil

seu estilo próprio e isso era muito valorizado. Mas... o salário era baixo e eu mal conseguia me manter.” Procurando por outras oportunidades na

Onde você mais se realizou, como Diretora de Arte na TVE ou na Globo, e por quê?

área, sua amiga lhe contou sobre uma vaga na Glo-

“Me realizei mais na TVE, pois lá conseguia me

bo no Jardim Botânico. Que belo network! Passan-

envolver profundamente num projeto e tinha tem-

do na entrevista com salário e benefícios ótimos,

po para executar. Hoje em dia é tudo muito rápido,

nessa fase ela resolveu pensar menos no amor a

pra ontem, fica tudo pela metade. Já mandei até

arte, afinal todos querem curtir seus frutos.

arte parada pra ir no ar porque não tinha tempo pra animar. Na TVE fiz uma série de animações com os

Trajetória dentro da Rede Globo

Haikais do Paulo Leminski que passavam nos inter-

Na Globo trabalhou com promoções, ficou

valos. Como ele já era falecido, fui entrevistar a mu-

encarregada de criar a promoção de novos progra-

lher dele. Depois, quando agradeci o tempo dela,

mas, de filmes que iriam passar e das séries. Tudo

ela me presenteou com vários livros do Leminski.

que iria pro ar precisava de uma propaganda.

Foi muito compensador.”

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Patricia de Faria - Motion Design

Diretora de Arte ou Motion Design? Como nunca teve um Diretor de Arte, Patricia conta que os briefings eram passados diretamente aos designers. “Então cada designer era seu próprio Diretor de Arte. Por um lado, acho uma pena, pois tive que aprender duramente a tirar leite de pedra, sem nenhum direcionamento. Por outro, me deu a agilidade e rapidez em resolver problemas. Um dos meus melhores predicados, eu acho! Então eu agradeço MUITO!” Nos conta que como Motion, não consegue olhar para uma arte sem vê-la em movimento, sentindo o momento de silêncio que a profissão lhe proporciona, silêncio entre aspas, já que gosta de focar em seus Jobs ouvindo música em seu fone.

Surgimento da Viralata A Viralata Produções, com foco em áudio visual, tendo como alguns clientes a Sony, P&G, HSBC entre muitos outros, na qual atualmente atua como Motion Designer/Direção de Arte, surgiu quando a nossa entrevistada buscava por novas oportunidades, porém sem tempo de estudar. Trabalhar em emissora tomava a maior parte do seu tempo, estava cansada de perder feriados com os amigos, famílias, namorado e trabalhar todos os finais de semana, com seu sono comprometido e suas relações abaladas. “Não é fácil. Repensei na vida e decidi que queria continuar crescendo na área, mas num horário normal, de segunda a sexta, que não trabalhasse nos fins de semana e nem feriados. Sabia que em produtoras o horário era “mais normal”, criei um meta e fui parar na Viralata. Queria voltar a participar da vida. Ganho menos mas vivo mais.” 40 • Edição 09


Design Magazine Brasil

Designer Gráfico e Motion Design, qual em sua opinião esta em ascensão? “Em ascensão está, mas é um profissão prostituída. Fiquei 5 meses tentando fechar freelas cobrando baratíssimo - para não perder o cliente - e mesmo assim ninguém fechava o negócio. E tem também o sobrinho do cliente que mexe em AfterEffects, os sites com templates, os sites que criam logos a U$ 5. Tudo isso denigre a profissão, mexe com a auto estima do profissional e consequentemente ele deixa de acreditar. Destrói quase tudo o que você estudou, pesquisou e sua experiência na área - porque isso conta e MUITO! Já vi várias vagas ofertadas da seguinte forma: Motion Designer com autonomia e vasta experiência na área. Acredite, é

Seus maiores de mais famosos trabalhos

difícil encontrar profissionais bons. A quantidade

Considera o Leminki um dos seus trabalhos

de portfólios ruins que vejo e que não servem nem

mais belos e profundo. Aprecia muito suas abertu-

pra estagiar é impressionante.”

ras de programa da Globost, Multishow e GNT, assim como a campanha da nova Malhação, novela Além do Horizonte, da série A Teia, que foi feita fisicamente colocando papeis na parede e filmando, e conta que tem grande apreciação pro trabalhos físicos de animação.

Você tem alguma dica, para quem esta iniciando agora? “Adquira cultura, leia, saiba das histórias das pessoas e do mundo. As melhores décadas de filmes, músicas, arte, anos 60/70/80 eles perderam!!! Então corra atrás do tempo que se foi. Ali terá referências incríveis! Aí sim, você terá bagagem para resolver problemas. Por que viver é isso: Resolve uma coisa aqui, criando outra li. A vida é re-criação o tempo todo! E só se cria algo coerente com vivência e a capacidade de cada um de absorver o problema e resolvê-lo”. Junho 2015 • 41


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