O livro que se sentia só

Page 1

2011 - 2012

Português – 5º ano

Escrita Criativa

Página

1

O LIVRO QUE SE SENTIA SÓ


Era uma vez um livro que estava numa estante de uma biblioteca que era muito concorrida, algures na América. Foram-lhe limpando o pó todos os meses, mas como já estava ali há uns bons quinze anos sem o folhearem começou a ficar com aspeto amarelado. O livro estava ao pé de uma janela virada para uma escola e chamava-lhe à atenção uma menina que não percebia nada de matemática e que ia muitas vezes para a biblioteca. O livro perguntou-se porque é que sendo ele de matemática a menina nunca o requisitara. Ele tinha a certeza que podia ser uma boa ajuda. Passaram-se mais de três meses, sempre a olhar para a rapariga, e ela finalmente requisitou-o. Ele ficou tão feliz que amarelou mais do que estava. A menina chamava-se Madalena. A partir daí, todos os dias lia um bocado do livro. Com o passar do tempo, preparou-se para as Olimpíadas de Matemática, acabando por ganhar as mesmas. O tempo foi passando e o livro ficou com saudades da biblioteca, de falar com o seu amigo computador e de partilhar o calor e as informações com os outros livros. Então, numa noite, decidiu ir ao computador ver se a biblioteca era muito longe. Mas de repente, a Madalena entrou no quarto e pô-lo na sua mala de viagens e disse: - Mãe, já estou pronta para ir às Caraíbas. E o livro ficou pasmado com aquilo. No dia seguinte, quando chegou, falou com vários objetos e animais, até caiu na piscina, mas quando foram embora, deixaram-no lá. No outro dia, a empregada, ao

Página

2

limpar os quartos, encontrou-o e deitou-o para o lixo.


Quando apanharam o lixo, puseram-no num navio que transportava lixo para a América. Um homem que trabalhava na lixeira apanhou-o e levou-o para a sua filha perceber melhor a matemática. E foi assim a vida deste livro.

Página

3

Duarte Fernandes, 5º A


Era uma vez uma biblioteca que estava cheia de livros interessantes e todas as pessoas gostavam de lê-los, menos um livro em que ninguém percebia o que é que ele queria contar, pois ele tinha uma matéria muito avançada para a maioria das pessoas. Durante trinta e dois anos este livro viu passar muitas gerações em que ninguém queria saber as maravilhas que ele tinha. Coisas avançadas param o tempo de alguns, no campo da arquitetura. Mas para surpresa do nosso livro, havia um menino com apenas oito anos que sonhava ser arquiteto quando fosse as grandes que interessou-se muito por este livro e conseguia compreender coisas difíceis que nele vinham escritas. Para espanto de todos os outros livros este tornou-se o livro predileto daquela biblioteca. O menino partilhava tudo o que aprendia desde livro, com os seus amigos, vizinhos e família, como se podiam fazer casas diferentes, projetadas pelos arquitetos favoritos do nosso pequeno rapaz. O livro gabava-se de ser o preferido do menino mais inteligente que já o havia lido e o menino gabava este livro como sendo o melhor do mundo para si, dado ter muitos conhecimentos importantes para quem quer ser arquiteto. Passaram-se anos até que este menino cresceu, já tinha 20 anos e foi para universidade, tornando-se um brilhante arquiteto graças àquele espantoso livro, sem o qual ele nunca teria conseguido ser um aluno brilhante, estudando o que amava – a arquitetura. Um dia apaixonou-se por uma bela rapariga chamada Carolina e os dois casaram-se

Página

Todos os seus filhos admiravam o seu pai e o trabalho que fazia.

4

e tiveram 4 filhos e 1 filha, cujos nomes eram André, Rodrigo, Tiago, Pedro e Marta.


Um dia perguntaram ao pai qual era o seu segredo para ser tão bom arquiteto. O pai pegou no antigo livro e explicou-lhes tudo o que tinha aprendido com ele. Ficaram tão admirados com tantas coisas interessantes que todos disseram que quando crescessem também seriam arquitetos. Todos os dias os meninos pediam ao pai ou à mãe para ler um pouco daquele livro antigo e fascinante. Quando outros adultos perguntavam o que eles queriam ser quando crescessem, diziam todos: Arquitetos!

Página

5

Mara, 5ºA


Havia uma família que tinha um livro que passou de geração em geração, mas por agora estava com a pessoa mais nova da família. Essa pessoa chamava-se pedro e tinha 5 anos. Ele tinha cabelo castanho que se assemelhava à madeira dos troncos das árvores, mais abaixo tinha os olhos castanhos como avelãs. O Pedro tinha mais dois irmãos que também gostavam muito do livro, que eram o Vítor com 13 anos e a Inês com 16 anos. A família gostava muito de ir a parques, por isso, foram a um. Quando lá chegaram tentaram descobrir um lugar para eles se sentarem. Logo que conseguiram encontrar um lugar para eles, estenderam a toalha e puseram a comida em cima dela. O parque era muito grande e tinha muitas árvores, e mais parecia uma floresta, mas sem animais perigosos. O Pedro, enquanto os irmãos foram brincar, ficou a ver o livro que ele tanto adorava. Já era hora de sair e a família foi para casa, como o Pedro foi logo a correr não se lembrou do livro e deixou- o na relva do parque. Quando chegou a casa lembrou-se que tinha deixado o livro no parque e ficou triste. -Mas hoje não dá porque já é tarde, podemos procurar amanhã-disse a mão a tentar consolar o filho. O pedro foi para a cama a pensar se o livro estaria bem.

sentir-se só.

Página

No parque, o livro, pensou que o tinham deixado ali de propósito, então, começou a

6

Voltando ao parque…..


De manhã o livro viu outra família a pegar nele. Ele ficou tão feliz, mas quando essa família foi embora, ele viu o Pedro e os irmãos com um ar de preocupados, então percebeu que eles estavam muito preocupados com ele. Quando o Pedro olhou para essa tal família foi a correr para dizer que o livro era dele e que ele se esqueceu dele no parque. A família deu-lhe o livro e o Pedro ficou muito contente e voltou para casa e percebeu que essa tal família era de um amigo do Pedro e convidou a família do amigo do pedro para irem a casa deles.

Página

7

Beatriz Baptista, 5ºA


Era uma vez um livro que vivia como tantos outros numa biblioteca da escola. Esse livro era feliz, porque havia um menino, com ar de traquina, magro e baixinho, que o tinha lido vezes sem conta e nunca se cansava de o ler. Os anos foram passando e esse menino ia crescendo, mas continuava a ir buscá-lo, era com ele que desabafava tudo, como se fosse um diário. O livro era de capa vermelha e letras douradas como o sol. Até que o menino teve que mudar de escola, de país, porque os pais estavam com dificuldades e nem sequer teve tempo de se despedir do seu amigo fiel “livro”. O tempo foi passando e o livro começava a estranhar.” Estar tanto tempo sem sair desta prateleira não é normal.- pensava o livro. - Será que ele se fartou de mim? Estarei velho e gasto, para ele não me vir buscar. - Chegando mesmo a comentar com outros livros. - É, ele deve estar cansado de mim, com certeza já arranjou outro e trocou-me, se calhar um bem mais novo que eu, com páginas bonitas, desenhos lindos.” - Disse o livro com um ar triste. Os anos foram passando, e o livro sentia-se infeliz e triste porque nunca mais tinha voltado a ver o seu amigo e nem sabia porquê. O livro já tinha algum pó quando, de repente sente um adulto a aproximar-se. Pegou no livro e levou-o para casa. Ao chegar a casa o livro conheceu o sítio onde estava, mas não era o menino, era um adulto, havia qualquer coisa estranha. Foi então que António, assim se chamava o menino agora adulto, começou a falar com ele e a desabafar tudo outra vez. -Nunca mais vou deixar-te, irás comigo para todo o lado, senti tanto a tua falta meu fiel companheiro. -Disse com um ar feliz. O livro ao ouvir isto, não cabia de contente. E ficaram juntos para sempre.

Página

8

Madalena Ribeiro, 5ºA


Esta história fala sobre um livro que vivia numa escola, no armário da sala nº4.Este era sobre Inglês, chamava-se “A descoberta do Inglês” e a ultima vez que o tinham usado não foi de um modo muito correto e também já tinha sido há muito tempo. Um miúdo chamado Ryan tinha de fazer um trabalho sobre Inglês e então a professora recomendou-lhe “A descoberta do Inglês”. O Ryan foi buscá-lo mas logo de seguida atirou-o ao chão e pisou-o. A professora não achou piada e castigou-o por duas semanas. O livro estava em mau estado e nunca mais ficou na secretária da professora e então começou a passar a estar no armário ao pé dos outros livros velhos, também em muito mau estado. Continuando… o livro estava sempre a ouvir professores e professoras, alunos e alunas a conversarem, a ensinarem e a entrarem e saírem todos os dias. No dia doze de Abril de 2012, uma menina chamada True e outra chamada Chyna foram ao armário buscar um livro que a sua professora lhes tinha mandado. Elas não sabiam qual era o livro, pois tiraram “A descoberta do Inglês”. - A sala está muito diferente desde aquele dia! – Disse o livro muito baixinho, para ninguém o ouvir. A sala já não tinha o mesmo quadro de giz que fazia muitíssimo barulho, as mesas já não eram de um só lugar e os alunos eram muito diferentes dos antigos. -Meninas, eu disse o livro de capa azul e com folhas finas e não esse livro em tão mau estado! Afinal isto é uma aula de Ciências ou de Inglês? – Perguntou a professora com pouca paciência, porque faltavam dez minutos para a aula acabar.

livro e tiraram o que a professora queria.

Página

contrário, para Chyna e True o livro tinha algum significado. Elas foram guardar o

9

O livro sentiu-se mal, pois a professora de Ciências o tinha insultado, mas, pelo


- Descansa livro, eu vou perguntar à minha professora se posso ficar contigo. – Disse Chyna. A campainha tocou e True e Chyna foram para o intervalo esperando que tocasse para irem para a aula de Inglês. - Elas devem ter mesmo gostado de mim, se calhar até vão precisar de mim para um trabalho de Inglês! – Disse o livro cheio de esperança. A aula delas começou e, por sorte, era na sala nº4. Ele ouvir as cadeiras a serem arrastadas para trás e para a frente e aquelas conversas muito baixinhas no fundo da sala para o professora não ouvir. - Que sorte que tu tens! Estou aqui há vinte anos, ouvindo ano após ano vozes diferentes e vozes conhecidas, e nunca fui tirado deste horrível armário. – Afirmou o seu amigo, o manual “Música e Melodias”. - Descansa, que se aquelas meninas ficarem comigo, digo-lhes para também ficarem contigo. -Como é que tu vais falar com elas se nós não podemos dirigir-lhes a palavra? – Falou “Música e Melodias”. -Eu cá tenho os meus métodos, agora cala-te para eu tentar ouvir a conversa entre elas e a professora. As tais meninas perguntaram à professora se podiam ficar com o livro, mas ela não deixou. Mas disse que iria dar um trabalho de Inglês e para consultar em um livro e que podiam utilizar aquele que queriam. O trabalho era fazer uma pesquisa sobre a descoberta do Inglês e o melhor de tudo era usar o livro que tinha esse mesmo nome! A aula tinha acabado, True e Chyna

Página

casa, obviamente.

10

foram buscar o livro e levaram-no para casa, como eram irmãs viviam na mesma


- Vamos fazer o melhor trabalho de sempre, vamos ter os nossos primeiros cincos num trabalho de Inglês! – Disse True, com muitíssima esperança. - Então porque não começamos por lê-lo? – Perguntou Chyna. True disse que sim e logo de seguida começaram o trabalho. Passado uma semana o trabalho estava pronto para se entregar e a professora deu-lhes cinco como True tinha esperança de ter. Passaram-se anos e anos e anos e elas já não estavam na escola e o livro tinha ficado com elas, pois a escola estava cheia de livros e a professora delas disse para elas ficarem com ele, já que este tinha tanto valor e sabia que o iam estimar bem. Ryan também tinha mudado, era escritor e amava os livros como amava a vida e o mundo. True tinha ido para Inglaterra, pois tivera uma nota muito elevada em Inglês por causa da ajuda do livro. Chyna era professora de Inglês e trabalhava na escola onde tinha andando e onde conheceu o livro. E quanto ao “Música e melodias” tinha ficado com a filha da Chyna, Tori, e com o filho da True, o Alex. Como já tenho poucas folhas para escrever, tenho de acabar aqui com a história. Espero que tenham gostado pois o “Descoberta do Inglês” foi um sucesso como livro.

Página

11

Catarina Rebelo, 5ºA


Ato I

Este ato passa-se num comboio e numa casa com uma menina terrivelmente má para os livros. Cena I Numa tarde chuvosa de inverno, um comboio levava um rapaz que ia a ler. Esse rapaz chamava-se Gonçalo. Era alto, magro, usava óculos (com uma armação grossa), tinha olhos azuis e era fanático pelos livros. Mas nesse dia adormeceu no comboio e esqueceu-se do livro! Uma menina terrível chamada Luísa, com 8 anos, pegou nele e levou-o para sua casa.

Gonçalo - O meu livro? Onde está o meu livro? Já sei! Vou perguntar ao revisor daquele comboio se o viu. (O Gonçalo sai do palco fazendo barulho com os pés e entra a Luísa em casa soltando um grito maléfico) Luísa - Já tenho 95602 livros, com mais este 95603! Vou guardar-te nesta estante com os outros livros para sempre! (Solta outro grito maléfico e sai deixando os livros) Livro - Hei! Malta! Vocês não se sentem sós aqui sem ninguém vos ler?! Todos os livros - Sentimo-nos, mas esse não é o maior problema, o maior é que ela rasga-nos as folhas e, antes de nos ler, queima-nos!

esmagados!

Página

Todos os livros - Nós íamos, mas muitos já tentaram e foram automaticamente

12

Livro - O quê?! Eu vou sair daqui, venham comigo!


Livro - Não quero saber! Prefiro ser esmagado a estar aqui sem me mexer e depois ser rasgado e queimado! (O livro dirige-se para a saída com ar heroico)

Cena II

Aparece um guardião dos livros fazendo uma rajada de vento sobre o chão da casa. Guardião dos livros - Meu jovem corajoso, eu sei que tu queres fazer isso mas, lamento, isso é impossível! Livro - Como é que vocês desistem logo sem tentar?! Temos de pelo menos tentar! Por exemplo, estão a ver aquela janela ali? Podemos fazer uma torre e sair por ali. Além disso, somos muitos. Guardião - Podes ter razão e só há uma maneira de saber. Tentar! Todos os livros - Ao ataque! Os livros juntaram-se e formam várias torres saltando um a um para a janela só que se depararam com um novo obstáculo: estava fechada. Com a ajuda do guardião e de todos abriram-na. Livro - Eu não disse! Foi possível! Com isto o Guardião dos livros deu-lhe o poder de o ajudar nas suas tarefas. Livro - Agora vamos cumprir a nossa missão! Ser lidos por alguém. E encaminharam-se para uma feira do livro que se realizava ali ao lado, no Parque

Página

Dinis Santos, 5º A

13

Eduardo VII, pois os livros sentem-se sós se não forem lidos.


Na biblioteca da escola Maria Alberta Meneres havia um livro que se sentia só pois já tinha muitos anos e ninguém o lia. O livro tinha uma capa vermelha em veludo e as suas letras eram um de dourado muito forte. Era um livro que continha grandes histórias de piratas. Em tempos tinha sido um grande livro pois já tinha passado por dezenas e dezenas de mãos de pessoas famosas. No dia do regresso às aulas a biblioteca estava cheia, havia livros novos limpos e bonitos. Então uma menina que estava na biblioteca reparou no livro que se sentia só e decidiu abri-lo para o ler. A menina ficou fascinada com o que lia, parecia mesmo que estava dentro da história a viver ao pormenor cada momento da ação. E assim se passava os dias, a menina ia à biblioteca ler cada capítulo do livro. Mas um dia a menina foi á biblioteca e… o livro tinha desaparecido. Pois é! A dona Tininha tinha deitado o livro para o caixote do lixo porque já estava muito velhinho. A menina nesse preciso momento começou a chorar baba e ranho por todo o lado, e só faltava um bocadinho para a biblioteca ficar totalmente inundada. Mas pior ainda, foi o que aconteceu ao livro que se sentia só, Ele sim, tinha razão para chorar baba e ranho e inundar a biblioteca da escola. Todos os dias a menina se lembrava do livro e das suas histórias de piratas que tanto a fascinavam. Na manhã seguinte a menina teve uma excelente ideia, ela decide rescrever o livro e publicá-lo em todo o mundo, mas tinha um grande problema, tinha-se esquecido do final da história, e sem final não há história. - Uma ideia sem solução não me valerá de nada! – Disse ela já desesperada. A menina voltou à biblioteca para ver se algum outro livro lhe interessara, mas

De repente, a dona Tininha chega ao pé da menina e entrega-lhe o livro que se

14

sentia só. Afinal o livro não estava no lixo, afinal ele estava requisitado por outro

Página

nenhum daqueles livros com capas brilhantes lhe fascinava.


menino. E esse foi o problema, pois a menina não contava que o seu querido livro também fosse requisitado. A partir desse momento o livro começou a ter fãs.

Página

15

Beatriz Beja, 5ºA


Era uma vez um livro, luxuosamente encadernado com letras douradas e papel muito fino. Estava já gasto e velhinho depois de, durante várias gerações de pessoas, ter sido folheado e lido com grande interesse. Numa grande casa senhorial, repousava numa estante de madeira instalada numa linda sala. À sua frente estava uma grande mesa com uma cadeira à volta. Vivia sozinho naquele compartimento depois de o último “leitor”, uma criança, ter partido com a família para uma terra distante. Tinha saudades das tardes que passara com aquela criança, que ainda não sabia ler mas que o observava de ponta a ponta, tentando adivinhar as palavras nele escritas, as histórias de fadas e princesas contadas e os sonhos, sempre lindos e variados, que lhe despertavam a imaginação para quando um dia fosse homem. Habituado à visita diária do menino, o livro à hora acostumada olhava e voltava a olhar para a porta de entrada da sala na esperança de ver entrar o seu amigo. Desiludido, adormecia mais uma vez à espera do dia seguinte. E assim, passaram-se vários e longos anos. Morto de saudades, coberto de pó e roído pelo bicho, lamentava-se da sua solidão e da sua inutilidade. E que lindas histórias e conselhos ele tinha para oferecer aos mais jovens! Sentia-se um grande livro todas as vezes que o vinham visitar e lhe agradecer “a pessoa” que ajudara a formar. Ainda sabia os nomes de todos os seus leitores e esforçava-se por reviver os lindos momentos que com todos tinha experimentado. Porém, o seu último “leitor”, aquela criança, foi por ele considerado o seu amigo mais fiel e dedicado. Visitava-o diariamente, tomava-o carinhosamente, folheava-o com delicadeza, mirava-o com paixão e, por fim, colocava-o suavemente na estante. O modo como era tratado levaram-no a sentir-se vaidoso e demasiado importante para a pequenez e simplicidade que sempre desejou cultivar na sua vida e que gostava de observar nos

Página

16

seus leitores.


Certo dia, porém, permanecendo na sua hibernação, foi despertado por um grande barulho. Assustado e receando ser visto por alguém, dado o seu estado de velhice e degradação, deixou-se cair da estante e, com dificuldade, arrastou-se para debaixo desse móvel. Escassos minutos decorridos, começou por ouvir passos suaves mas apressados de alguém que parecia movimentar-se na sua direção. Mantendo-se imóvel e percebendo que esse alguém procurava algo naquela estante, eis que sentiu uma mão que o arrastou e o levantou à altura do seu peito, apertando-o com carinho. Era um homem já feito, com alguns cabelos brancos, bem vestido e de aspeto agradável. Pelos gestos e trato delicado, rapidamente reconheceu que era o seu último “leitor”, o amigo que melhor havia saboreado os seus contos e histórias. Apressadamente, folheou-o do princípio ao fim, acabando por se deter na página que relatava a seguinte história: “Um ratinho, que vivia numa casa no campo, descobriu que os donos da casa tinham comprado uma ratoeira. Aflito, foi ter com a galinha e disse-lhe: - Galinha, estamos em perigo, os donos da casa compraram uma ratoeira! Resposta da galinha: - Mas as ratoeiras não são para os ratos? Por que é que eu havia de estar em perigo? E o ratinho foi ter com o porco: - Os donos da casa compraram uma ratoeira, estamos em perigo! E o porco: - Pobre ratinho, tens mesmo de ter cuidado. Nas minhas orações, vou pedir por ti. Desesperado, foi ter com a vaca, a ver se ao menos dali vinha uma ajuda. Resposta da vaca:

som cortante da ratoeira. Tinha apanhado uma cobra venenosa. A dona da casa

Página

Desanimado e triste, foi o ratinho esconder-se num buraco. Uma noite, ouviu-se o

17

- Já olhaste bem para mim? Estás a ver-me preocupada com ratoeiras de ratos?


correu a ver, mas descuidou-se e foi mordida pela cobra, que ainda estava viva. Socorrida no hospital, veio para casa muito combalida, a precisar de descanso e caldos. Pelo que o dono matou a galinha, que melhor que caldos de galinha não há. Como muita gente veio visitar a doente, o dono da casa, para bem receber, tratou de matar o porco. Quando, por fim, a mulher ficou totalmente restabelecida, fez uma grande festa para os amigos e vizinhança. E lá teve que sacrificar a vaca para o churrasco da festança. E o ratinho a tudo assistindo do seu canto: “eu bem os avisei que estávamos em perigo!”” Depois de acabar de ler a história, o senhor ficou por alguns momentos em silêncio com o livro nas mãos. No dia seguinte foi levá-lo a uma casa para ser encadernado e reparado. Já rejuvenescido e maquilhado, o livro voltou a sentir-se pronto e capaz de servir por muitos mais anos outras crianças, outros jovens e outros adultos. Acabou por ser oferecido ao neto daquele que tinha sido o seu último “leitor”. Ao serão, o avô lia uma das suas histórias ao neto que, tranquilamente, acabava sempre por adormecer. Também o livro, ao repousar na mesa de cabeceira, sentia-se feliz por novamente poder ser útil, pois talvez aquela história, uma outra das suas histórias ou contos pudessem proporcionar a mais alguém agradáveis e proveitosos momentos de leitura. E talvez a ajudá-los a pensar e a definir os valores que desejariam dar às suas vidas. Ele que era um livro pequenino e aparentemente sem importância sabia que já tinha despertado muita gente grande e importante a fazer um mundo melhor e mais solidário para com os outros.

Página

18

Maria Inês Nogueira Correia, 5º B


Em dois mil e um o Joaquim fez seis anos. O pai do Joaquim era professor de língua portuguesa e tinha uma coleção enorme de livros, daí todos os amigos e colegas do Joaquim julgavam que ele gostava de ler, mas não. O seu grande interesse era jogos de computador e dizia sempre ao seu pai que quando fosse grande iria ser o melhor informático do mundo inteiro. Joaquim não tinha coragem de dizer aos seus colegas que só gostava de jogos para computador. A sua madrinha, Sofia, ofereceu-lhe uma gramática com mil e sessenta e duas páginas. O rapaz agradeceu e foi logo para o quarto por o livro de baixo da sua cama. O livro de gramática todos os dias sentia mais tristeza de estar sozinho e de Joaquim nunca ter curiosidade de o folhar. Em dois mil e seis, Joaquim fazia os onze anos e já estava no quinto ano, mas não percebia nada de gramática, então lembrou-se do livro de gramática que a madrinha lhe oferecera há uns anos atrás. Ao chegar a casa, pegou no livro que estava triste e sozinho debaixo da cama, e com um enorme sorriso na cara, Joaquim leu o livro de gramática de uma ponta a outra. Joaquim, passado uma semana, ia ter teste de língua portuguesa e graças ao livro teve cem por cento no teste e foi sempre igual ate chegar a faculdade. Na faculdade Joaquim decidiu ser professor de língua portuguesa, sem pensar sequer duas vezes. Joaquim contava sempre aos seus alunos a sua história com a língua portuguesa. O seu livro de gramática foi posto no museu dos grandes génios, pois Joaquim tornou-

Página

Ana Rita Martins, 5ºC

19

se no maior poeta da última década.


"Peço a um livro que crie em mim a necessidade daquilo que ele me traz." Jean Rostand

"Agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve." Paul Verlaine

"Os livros são o alimento da juventude." Marcus Cícero

"Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo."

Página

20

Hermann Hesse


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.