Revista AESOP Nº27

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AssociaçãodosEnfermeiros de Sala de Operações Portugueses

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indice

editorial n.º 27

3 editorial 4 informação aos autores 5 CULTURA DE SEGURANÇA NA ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA… UM DESAFIO A INVESTIR! 15 esta secção é sua 17 DISPLASIA DE DESENVOLVIMENTO DA ANCA 23 noticías 26 POSTER 27 CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA DO OMBRO 31 esta secção é sua 33 noticías

Desejo-te Tempo! Não te desejo um presente qualquer, Desejo-te somente aquilo que a maioria não tem. Desejo-te tempo, para te divertires e para sorrir; Desejo-te tempo para que os obstáculos sejam sempre superados E muitos sucessos comemorados. Desejo-te tempo, para planear e realizar, Não só para ti, mas também para os outros. Desejo-te tempo, não para ter pressa e correr, Desejo-te tempo para te encontrares, Desejo-te tempo, não só para passar ou vê-lo no relógio, Desejo-te tempo, para que fiques; Tempo para te encantares e tempo para confiares em alguém. Desejo-te tempo para tocares as estrelas, E tempo para crescer e amadurecer. Desejo-te tempo para aprender e acertar, Tempo para recomeçar, se fracassares... Desejo-te tempo também para poder voltar atrás e perdoar. Desejo-te tempo, para ter novas esperanças e para amar. Não faz mais sentido protelar. Desejo-te tempo para ser feliz. Para viver cada dia, cada hora como um presente. Desejo-te tempo, tempo para a vida. Desejo-te tempo. Tempo. Muito tempo! Autor desconhecido

O tempo é algo que nos é concedido por tempo indeterminado...

Com ele podemos fazer o que quisermos, o que pudermos. Podemos enriquecer as nossas vidas e a dos outros. Com ele podemos, também, não fazer nada E nada será o que transmitiremos, Acredito que não seja este o nosso desejo.

Que o ANO NOVO que se aproxima seja pródigo, não só em tempo... mas também. E que o saibamos aproveitar como ninguém. Fatima Ferreira AESOP A TODOS OS SOCIOS, COLABORADORES E AMIGOS da AESOP DESEJAMOS FESTAS FELIZES E UM ANO NOVO EXCEPCIONAL

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informação aos autores AESOP é a revista da Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses, cuja publicação será editada três vezes por ano, nos meses de Abril, Agosto e Dezembro. Embora a sua área de divulgação seja, preferencialmente, a de Bloco Operatório e Enfermagem Perioperatória, a Revista dirige-se a todos os enfermeiros independentemente da sua área de actuação, pelo que se aceitam artigos de todos os enfermeiros que desejem divulgar os seus trabalhos, as suas experiências e expressar as suas opiniões sobre assuntos relativos à profissão. Poderemos aceitar o contributo de outros colaboradores, que não enfermeiros, desde que a importância ou pertinência do assunto o justifique. Os originais recebidos serão avaliados pelos elementos da Comissão Redactorial, que têm a responsabilidade de aceitar ou recusar o trabalho, bem como decidir da oportunidade de publicação do mesmo. Os trabalhos poderão necessitar de revisões que melhorem o seu conteúdo e exposição, e a Comissão Redactorial poderá apresentar ou sugerir alterações tendo em vista esse objectivo. Os artigos (publicados ou não) não serão devolvidos. Após publicação do artigo, os autores terão direito a dois exemplares da revista, onde o artigo foi publicado. Os autores deverão enviar os seus trabalhos para: AESOP, Comissão Redactorial da Revista; Av. Do Brasil, Nº 1, 1700-062 Lisboa. Os trabalhos deverão ser acompanhados da respectiva PROPOSTA DE PUBLICAÇÃO Os trabalhos para publicação deverão atender às seguintes condições: · Devem ser originais e não terem sido publicados anteriormente. · O conteúdo é da responsabilidade exclusiva do(s) respectivo(s) autor(es). · Devem estar identificados com o nome(s) do(s) autor(es), título profissional, instituição e serviço, bem como, morada completa telefone e e-mail, (informação incluida na PROPOSTA DE PUBLICAÇÃO). · Devem ser enviados em disquete ou CD-RW (devidamente identificado) e impressos em triplicado, apresentados dactilografados em papel de formato A4, processado a dois espaços, numa só face, de acordo com as regras de apresentação de trabalhos escritos. · Devem ter, no máximo, 25 folhas, processadas nas condições acima referidas. · As ilustrações, tabelas, quadros e gráficos devem ser apresentadas em ficheiros autónomos, identificados, numerados pela ordem de inclusão no texto. Se as ilustrações forem fotografias, deverão ser cobertas por papel fino, e conter identificação do trabalho, autor e respectiva legenda. · Os trabalhos de investigação poderão incluir um resumo, que contenha os objectivos e as principais conclusões. · As referências bibliográficas e citações de autores devem estar de acordo com a Norma Portuguesa. · Os textos devem ser enviados em programas Word e as imagens (ilustrações, tabelas, quadros e gráficos) em ficheiros autónomos em formato TIFF, EPS ou JPG. O Corpo Redactorial

ficha técnica

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PROPRIEDADE E EDIÇÃO Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses – AESOP SEDE, REDACÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, PUBLICIDADE E ASSINATURAS: Av. Do Brasil, 1 1700-062 Lisboa Telefone: 217923705 Fax: 214824578 e-mail: aesop@aesop-enfermeiros.org

DIRECTORA Fátima Ferreira SUB DIRECTORA Carla Cambotas CORPO REDACTORIAL Conceição Chambel Isabel Lajas Marília Franco Henriques Paula Rola COLABORADORES Eduarda Pinheiro Filomena Tavares Helena Martins Isabel Sequeira Margarida Guia Maria José Dias Pinheiro Mercedes Bilbao Teresa Rodrigues DESIGN E PAGINAÇÃO

Madalena Dias Costa IMPRESSÃO E ACABAMENTO Espaço Grafico, Lda. NÚMERO AVULSO

Portugal · 21,00 Europa · 28,50 USA e outros · US $ 33,50 ASSINATURAS Portugal · 48,00 Europa · 66,00 USA e outros · US $ 86,00 Alunos de Enfermagem · 30.00 PUBLICAÇÃO 3 vezes / ano TIRAGEM 2000 exemplares ISSN 0874-8128 DEPÓSITO LEGAL 147626/00

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artigo Alexandre Santos de Oliveira, Enfº HOSPITAL DE CURRY CABRAL, BOC

CULTURA DE SEGURANÇA NA ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA… UM DESAFIO A INVESTIR! Parte III DESTINATÁRIOS

FORMAÇÃO, INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO

População-alvo – Enfermeiros perioperatórios. Pré-requisitos – Exercerem funções no Bloco Operatório do Hospital A. Condições de admissão – Bacharéis e/ou Licenciados.

ENQUADRAMENTO DO CURSO DE FORMAÇÃO De entre todos os serviços prestadores de cuidados, o Bloco Operatório é dos locais onde o ambiente envolvente, a estrutura física, a dinâmica/orgânica do serviço, as diferentes técnicas empregues, o material e equipamento utilizado, os produtos químicos usados, as posturas adoptadas, a manipulação de fluidos biológicos (por ex: sangue) … expõem o enfermeiro a riscos potenciais muito específicos. Assim, são cada vez maiores as preocupações em relação às medidas de segurança a adoptar de acordo com as várias situações do dia a dia do enfermeiro no bloco operatório e por conseguinte as práticas de segurança implicam um aumento de exigência em termos de competências do enfermeiro perioperatório. A segurança, higiene e saúde é uma das temáticas de maior amplitude para a enfermagem perioperatória porque o enfermeiro deve conhecer e compreender o ambiente complexo em que trabalha e o papel que as instruções de segurança têm na criação e manutenção de um ambiente seguro para os profissionais e para o doente. Em conformidade com estas preocupações torna-se impreterível a integração do assunto da segurança, higiene e saúde na formação do enfermeiro perioperatório de maneira a contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida. Assim, a premência do presente curso surge como resposta às necessidades de formação sentidas pelo enfermeiro perioperatório, tendo por base uma pormenorizada avaliação de riscos realizada no Bloco Operatório do Hospital A durante dois meses e de um diagnóstico de necessidades de formação exaustivo.

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CARACTERÍSTICAS DO CURSO DE FORMAÇÃO Designação do Tema – Curso: “Segurança, Higiene e Saúde no Bloco Operatório” Objectivos Gerais – O curso de formação permitirá aos formandos: · desenvolver competências de segurança, higiene e saúde do trabalho na prestação de cuidados de enfermagem perioperatórios; · garantir a segurança, higiene e saúde dos profissionais e do doente no bloco operatório. Itinerário Pedagógico · Modulo I (quadro 1) · Modulo II (quadro 2) · Modulo III (quadro 3) Data – Iníicio em Janeiro e termino em Maio. O Centro de Formação do Hospital A reserva-se o direito de cancelar ou adiar a realização da acção de formação, caso o número de participantes inscritos seja insuficiente. Duração – O curso tem a duração de 84 horas. Horário – Sábados das 9 horas às 13 horas. Os formandos só podem faltar até 5% da duração total do curso para obter o respectivo certificado, estando esta percentagem distribuída da seguinte forma: - 1% no Módulo I; - 1,5 % no Módulo II; - 2,5% no Módulo III.


artigo Os certificados são entregues aos formandos no final do curso. Local – Sala de reuniões do Serviço de Cirurgia e salas operatórias do Serviço de Bloco Operatório (sessões “On Job”), ambos os serviços pertencem ao Hospital A. Número de participantes – O número mínimo de participantes é de 10 formandos e o número máximo de 15 formandos. Inscrições – As inscrições encontram-se abertas, no Centro de Formação do Hospital A, na primeira semana de Dezembro, entre as 9 horas e as 17 horas através do preenchimento de uma ficha de inscrição e entrega de um currículo vitae actuali-zado e fotocópia do Bilhete de Identidade. Desistências – As desistências são aceites se efectuadas por escrito no Centro de Formação do Hospital A até cinco dias úteis antes do início do curso, pelo que após este período temporal fica retido 100% do preço da inscrição. Selecção dos candidatos – O critério de selecção dos candidatos é a ordem de inscrição. A lista de candidatos admitidos será divulgada na terceira semana de Dezembro no Centro de Formação do Hospital A. Matrículas – As matrículas são realizadas na última semana de Dezembro no Centro de Formação do Hospital A, entre as 9 horas e as 17 horas, mediante o preenchimento da ficha de matrícula e entregue fotocópia do Cartão de Contribuinte e duas fotografias. Custo total do curso – 500 Euros. 50 Euros correspondem ao valor da inscrição e 450 Euros ao do curso, incluindo documentação, coffee break e certificado. Divulgação do curso – O curso é divulgado através de um folheto informativo, CDROM com o filme promocional do curso e Endereço de Internet.

está a cargo da Senhora B (directora do Centro de Formação do Hospital A) e do Senhor A (formador e coordenador do curso). Materiais de Apoio – Folhas de papel A4; canetas; lápis; pastas do curso, as quais incluem: folheto informativo do curso, cronograma e caneta; cartolinas; marcadores; adereços (peças de vestuário, objectos/materiais de trabalho, equipamentos, embalagens de produtos químicos…); flipchart; projector multimédia; computador; ecrã; CD-ROM; quadro cerâmico; projector de acetatos. Didácticos – Lista de perguntas; guião do jogo pedagógico “Auto-apresentação”; guião do jogo pedagógico “Auto retrato”; questionário; guião do “Brainstorming”; guião do jogo pedagógico “Cem histórias”; filme de sensibilização; ficha de observação; lista de ocorrências; questionário de avaliação da sessão n.º 1; teste de avaliação do módulo I; teste de avaliação do módulo II; teste de avaliação do módulo III; trabalho de grupo de avaliação do módulo III; ficha de avaliação do formador; ficha de avaliação do módulo. MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS Pretende-se que o curso tenha uma abordagem teórico-prática, utilizando os seguintes métodos: expositivo, interrogativo, demonstrativo e activo. Todavia recorrese predominantemente ao método demonstrativo e activo. As técnicas pedagógicas utilizadas ao longo deste curso são: jogos pedagógicos, brainstorming, estudos de caso, role playing e simulação (far-se-á uma gravação da simulação com uma câmara de vídeo, se todos os formandos estiverem de acordo). Estas técnicas pedagógicas, anteriormente mencionadas, são empregues fazendo sempre alusão a assuntos, temas, problemas, situações verificadas na análise de riscos previamente efectuada.

RECURSOS TÉCNICO-PEDAGÓGICOS

AVALIAÇÃO

Humanos – O formador e coordenador do curso é o Senhor A (Licenciado em Enfermagem e Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho). A coordenação técnico-pedagógica

Nível 1 Avaliação de Impacto e Satisfação da Formação Ministrada – A avaliação de impacto e satisfação para com a formação ministrada proceder-se-á no final de cada

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artigo módulo aos formandos, os quais deverão avaliar o formador através da resposta a um questionário. Aclassificação é numérica ordinal, de 0 a 5. No final de cada módulo executa-se a sua avaliação através de um questionário. Nível 2 Avaliação dos Conhecimentos de Aprendizagem dos Formandos – A avaliação diagnóstica é efectuada através da técnica de formulação oral de perguntas utilizando como instrumento de avaliação uma lista de perguntas. A classificação é quantitativa (numérica ordinal de 0 a 5). Para realizar a avaliação contínua/modular é utilizada a técnica da observação sob a forma directa e indirecta, aplicando os seguintes instrumentos de avaliação: ficha de observação e lista de ocorrências. A classificação da ficha de observação utiliza uma escala quantitativa, numérica ordinal, de 0 a 5. No final de cada sessão de formação aplica-se a técnica de formulação de perguntas escritas por intermédio de um questionário de avaliação qualitativa/escala descritiva. A avaliação modular é realizada por teste de avaliação e trabalho de grupo de avaliação, na última sessão de formação de cada módulo. A avaliação do módulo I e II é feita por teste de avaliação, enquanto que no módulo III é efectuado um teste e um trabalho de grupo, tendo cada um destes instrumentos de avaliação uma ponderação de 50%. A classificação tem como base a escala numérica ordinal de 0 a 5. ENTIDADE FORMADORA Centro de Formação do Hospital A, cujo horário de funcionamento é das 09 horas às 17 horas de Segunda a Sexta-feira. PLANO DE SESSÃO De forma a complementar o presente artigo, realizei o plano de sessão correspondente à primeira sessão do curso “Segurança, Higiene e Saúde no Bloco Operatório”. (quadro 4) CONCLUSÃO A promoção da segurança, higiene e saúde, processo de desenvolvimento perma-

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nente, implica a responsabilidade de todos os intervenientes de uma organização. Assim, é imperioso: - tomar decisões políticas e organizacionais tendo em conta a promoção da segurança, higiene e saúde; - desenvolver hábitos/estilos de trabalho de segurança, higiene e saúde; - incentivar à participação de todos os trabalhadores na obtenção de condições favoráveis à segurança, higiene e saúde; - possibilitar a participação da comunidade na promoção de condições de segurança, higiene e saúde; - desenvolver competências sobre segurança, higiene e saúde, em cada trabalhador, de forma a utilizá-las para seu benefício, para benefício do doente, bem como dos outros trabalhadores - eliminar os riscos - prestar cuidados preventivos - e não somente controlar ou diminuir os riscos profissionais. O curso de formação conduz os profissionais a novos horizontes em termos de valores, atitudes e competências, pois permite reflectir, analisar, criticar e avaliar os riscos bem como o modo de desenvolver, implementar e melhorar as medidas de actuação de forma a construir uma cultura de segurança e para a segurança. Este percurso exige uma enorme introspecção e reflexão, sobre os riscos profissionais inerentes ao cuidar no bloco operatório, assim como apela à consciencialização sobre a relevância de prestar cuidados de enfermagem integrais e integrados a cada utente em condições laborais com segurança, higiene e saúde. Só com vontade e capacidade de mudar será possível, no local de trabalho, desenvolver a literacia em segurança, higiene e saúde. A segurança, higiene e saúde no trabalho, como dever e como direito fundamental a defender e a preservar, deverá ser pela organização de saúde, pelos seus enfermeiros perioperatórios e pelos restantes trabalhadores uma prática interiorizada, valorizada, real, constante e contínua, estando subjacente uma cultura de segurança/ higiene/saúde e para a segurança/higiene/saúde. Com esta cultura sente-se o pulsar da prevenção e traz-se um novo fôlego à organização... Novas mudanças... Aventurese a rasgar horizontes para ser um enfermeiro promotor de segurança, higiene e saúde!!!


artigo quadro 1

MÓDULO I - INTRODUÇÃO À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE DO TRABALHO (16 HORAS) Unidades de Aprendizagem

Legislação

Objectivos de Aprendizagem Indicar as obrigações do empregador de acordo com a legislação, sem errar Listar as obrigações do trabalhador de acordo com a legislação, sem errar Descrever as actividades principais do serviço de segurança, higiene e saúde, tendo por base a legislação em vigor, sem errar mais de uma actividade

Prevenção

Definir o conceito evolutivo de prevenção sem consultar auxiliares de memória, em menos de cinco minutos Explicar as medidas gerais de prevenção para os colegas de turma com precisão Demonstrar o binómio segurança versus produtividade através de role playing, em menos de dez minutos

Saúde Ocupacional

Especificar as finalidades e actividades da saúde ocupacional, por escrito, com exactidão Discriminar o tipo de exames clínicos a efectuar ao trabalhador perante o grupo, em dois minutos Identificar os objectivos dos primeiros socorros sem consultar auxiliares de memória, sem errar mais de um

Conteúdos Programáticos

Resumo

Justificação

O módulo aborda o enquadramento legal em vigor inerente à segurança, higiene e saúde no trabalho. Também faz referência à importância da prevenção dos riscos, bem como dos seus princípios Definição de conceitos gerais, actualEvolução da prevenção mente muito Princípios gerais de prevenção Binómio segurança versus produ- comentados e pertinentes. tividade Além disso, outros temas relacionados com a vertente da saúde ocupacional são discutidos, Definição de conceitos nomeadamente Perspectiva histórica da saúde os seus objecocupacional Objectivos da saúde ocupacional tivos e as suas funções. Funções da saúde ocupacional Aspectos Acidentes de trabalho polémicos relaExames clínicos cionados com Ficha clínica os acidentes de Primeiros Socorros trabalho serão Legislação analisados.

Decreto-Lei n.º 441/91 de 14 de Novembro Decreto-Lei n.º 133/99 de 21 de Abril Decreto-Lei n.º 488/99 de 17 de Novembro Lei n.º 99/2003 de 27 de Agosto Lei n.º 35/2004 de 29 de Julho

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Este módulo e esta carga horária, 19% da duração total do curso, possibilita ao formando adquirir noções gerais de legislação, gestão de prevenção e saúde ocupacional de maneira a compreender a dinâmica da segurança, higiene e saúde no trabalho, bem como em perceber os conteúdos programáticos subsequentes.


artigo quadro 2

MÓDULO II - RISCOS PROFISSIONAIS TOLERÁVEIS (24 HORAS) Unidades de Aprendizagem

Riscos Biológicos

Riscos Eléctricos

Riscos Químicos

Riscos Mecânicos

Ordem e Limpeza

Objectivos de Aprendizagem

Conteúdos Programáticos

Reconhecer alguns exemplos de situações de contaminação cruzada e suas consequências de acordo com o código de boas práticas, fazendo a opção correcta Aplicar os princípios de organização e estrutura do bloco operatório/organização funcional de acordo com a legislação e as recomendações, cumprindo a 100% os critérios previstos nesses documentos Seleccionar os resíduos hospitalares em termos de grupo de acordo com a legislação, fazendo a opção correcta Identificar as medidas de actuação para os riscos biológicos presentes no trabalho dos enfermeiros perioperatórios em contexto real de trabalho, sem verificar-se mais de dois erros Indicar os riscos eléctricos mais frequentes e suas medidas de actuação por escrito, em dez minutos

Distinguir a sinalética das substâncias perigosas de acordo com a legislação em vigor, sem errar mais do que uma sinalética Especificar as indicações que um rótulo de produto químico perigoso deve conter de acordo com a legislação, em menos de cinco minutos Discriminar os requisitos a que devem obedecer as embalagens de substâncias e preparações perigosas de acordo com a legislação em vigor, sem errar mais de duas vezes Discriminar as medidas de actuação para os diferentes riscos químicos presentes no bloco operatório, sem recorrer a consulta bibliográfica em dez minutos

Definição de conceitos Caracterização dos riscos biológicos Anatomia/fisiologia humana Contaminação cruzada Consequências/patologias Organização e estrutura do bloco operatório/organização funcional Tratamento de roupas e resíduos Legislação Medidas de actuação

O módulo foca os diversos riscos profissionais que foram classificados como toleráveis através de uma avaliação de riscos, mais concretamente, os riscos biológicos, eléctricos, químicos, mecânicos e de ordem e limpeza. Temas como caracterização dos riscos, Definição de conceitos efeitos da Caracterização dos riscos eléctricos exposição ao Anatomia/fisiologia humana risco, medidas Consequências/patologias Utilização de equipamentos hos- de actuação, são analisados. pitalares Também se Legislação preocupa, Medidas de actuação neste módulo, em analisar a Definição de conceitos legislação Caracterização dos riscos químiexistente. cos Anatomia/fisiologia humana Consequências/patologias Rotulagem Ficha de dados de segurança das substâncias perigosas utilizadas Embalagens de substâncias e preparações perigosas Concentrações, doses letais e relação dose-resposta Legislação Medidas de actuação

Definição de conceitos Identificar os riscos mecânicos mais Caracterização dos riscos mecânifrequentes e respectivas medidas de cos actuação através da exposição de um Anatomia/fisiologia humana exercício escrito, sem cometer nenhum Consequências/patologias erro Legislação Medidas de actuação Identificar os riscos referentes a ordem e limpeza mais frequentes e respectivas medidas de actuação de acordo com os protocolos do serviço, sem errar mais do que duas medidas de actuação Realçar a importância da organização do trabalho, bem como da higienização do bloco operatório por escrito, sem errar

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Resumo

Definição de conceitos Caracterização dos riscos inerentes a ordem e limpeza Anatomia/fisiologia humana Consequências/patologias Organização do trabalho Higienização do bloco operatório Armazenagem de materiais e equipamentos Legislação Medidas de actuação

Justificação O módulo permite ao formando aplicar competências dos riscos profissionais que foram classificados como toleráveis. A duração do módulo equivale a 29% da duração total do curso porque se refere aos riscos profissionais toleráveis.


artigo quadro 3

MÓDULO III - RISCOS PROFISSIONAIS TOLERÁVEIS (24 HORAS) Unidades de Aprendizagem

Riscos Físicos

Objectivos de Aprendizagem Descrever os riscos físicos presentes no bloco operatório e medidas de actuação de acordo com a legislação, normas e códigos de boas práticas, acertando em pelo menos 90% Reconhecer três consequências/patologias resultantes da exposição a riscos físicos, através de uma exposição oral, sem cometer nenhum erro

Definir o conceito de ergonomia por exposição oral à turma, em menos de cinco minutos Explicar a importância dos dados antropométricos na concepção de postos de trabalho dando exemplos reais Riscos Ergonómicos de trabalho, sem errar Realçar os factores de risco biomecânicos através de exercício escrito, sem faltar qualquer factor Demonstrar posturas corporais correctas no interior da sala operatória, sem efectuar nenhuma posição incorrecta Executar o transporte manual de cargas correctamente recorrendo a situações diárias de trabalho e respectivas cargas, sem errar Aplicar os princípios ergonómicos na concepção de postos de trabalho por intermédio de imagens, sem esquecer menos de dois critérios

Riscos Psicossociais

Riscos de Incêndio e Explosão

Explicar a ocorrência dos acidentes no local de trabalho de acordo com a abordagem sócio-técnica, cumprindo na totalidade Escolher três aspectos que contribuam significativamente para uma sub estimativa do risco no local de trabalho por escrito, sem errar Argumentar em que condições e circunstâncias um indivíduo está em situação potencialmente indutora de stresse, tendo por base a teoria do stresse, sem cometer qualquer erro Escolher estratégias para lidar com conflitos aplicando-as na técnica de role playing perante a turma, cumprindo-as a 100% Explicar o fenómeno da combustão fazendo um diapositivo com canetas próprias para o efeito, sem errar Descrever as fases de propagação de um incêndio, sem consultar qualquer auxiliar de memória Distinguir as diferentes classes do fogo perante os exemplos descritos, sem falhar Aplicar as medidas gerais de prevenção e luta contra uma situação de incêndio numa sala operatória, cumprindo-as a 100% Executar os procedimentos de emergência perante um incêndio no bloco operatório de acordo com o plano de emergência interno, sem errar.

Conteúdos Programáticos

Resumo

Definição de conceitos Caracterização dos riscos físicos Anatomia/fisiologia humana Consequências/patologias Legislação Medidas de actuação

Justificação

O módulo alude aos riscos profissionais que foram classificados como moderados através de uma avaliação de riscos, nomeadamente, os riscos Definição de conceitos físicos, Caracterização dos riscos ergonómicos, ergonómicos psicossociais e Anatomia/fisiologia humana de incêndio e Consequências/patologias explosão. Noções antropométricas São comentados Biomecânica conceitos Posturas corporais relacionados Transporte manual de cargas com esses Concepção de postos de trabalho riscos e são Legislação debatidos Medidas de actuação assuntos sobre a caracterização dos riscos, efeitos da exposição ao risco e medidas de prevenção e protecção. Ainda é alvo de estudo a legislação em Definição de conceitos Caracterização dos riscos psicos- vigor sobre os respectivos sociais riscos Consequências/patologias Factores psicossociais na explicação dos acidentes de trabalho Cultura e clima de segurança Percepção do risco e mudança de atitudes e comportamentos face à segurança Stresse no trabalho Gestão de conflitos Medidas de actuação

O presente módulo capacita o formando de conhecimentos sobre os riscos profissionais que foram classificados como moderados A carga horária deste módulo corresponde a 52% da duração total do curso visto que diz respeito aos riscos profissionais classificados como toleráveis.

Definição de conceitos Caracterização dos riscos inerentes a incêndios Anatomia/fisiologia humana Consequências/patologias Fenómeno de combustão Fases de propagação de um incêndio Classes de fogos Segurança passiva Segurança na armazenagem de substâncias perigosas Organização da emergência Legislação Medidas de actuação

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artigo quadro 4

SESSÃO N.º: 1 Dia: 02/01/2008 Curso: “Segurança, Higiene e Saúde no Bloco Operatório” Módulo: Módulo I- Introdução à Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho Tema da Sessão: Sensibilização dos enfermeiros perioperatórios para a segurança, higiene e saúde no bloco operatório Pré-requisitos: Exerçam funções no bloco operatório do Hospital A. Objectivos de Aprendizagem: no final da sessão de formação o formando deverá saber: - descrever o formador e os colegas de turma, citando o nome, a profissão e a sua personalidade sem errar - explicar as suas expectativas face ao curso, escrevendo-as numa folha branca de tamanho A4 - descrever o curso, falando dos seus objectivos, programa, duração, horário, cronograma e avaliação através de uma exposição oral - reconhecer a pertinência do curso, apontando-a numa cartolina e com marcadores próprios para o efeito - identificar os riscos presentes no bloco operatório do Hospital A, dramatizando as funções de enfermeiro de anestesia, enfermeiro circulante, enfermeiro instrumentista, enfermeiro chefe de bloco operatório e enfermeiro de esterilização, para os seus colegas de turma Tempos

O tempo utilizado será de 40 minutos

Temas/Conteúdos

Métodos e Técnicas Pedagógicos

Cumprimentar Efectuar uma breve apresentação pessoal Expor o tema da sessão de formação Comunicar os objectivos pedagógicos da sessão de formação Verificar os pré-requisitos dos formandos relativamente ao tema Motivar os formandos

Expor de forma lógica, estruturada e progressiva os conteúdos, nomeadamente: - apresentação pessoal O tempo - expectativas face ao curso utilizado será - apresentação do curso de 3 horas e - importância do curso 30 minutos - identificação dos riscos Utilizar recursos variados Suscitar a actividade dos participantes Elaborar sínteses parcelares Interagir com os formandos Aplicar a criatividade na abordagem dos conteúdos O tempo utilizado será de 15 minutos

Resumir os conteúdos transmitidos Interagir com os formandos Esclarecer questões Verificar os resultados da aprendizagem Comunicar os resultados da aprendizagem

O tempo uti- Fazer uma síntese global dos conteúdos lizado será abordados de 5 minutos Relacionar os conteúdos apresentados com os da próxima sessão

Equipamentos Observações de Suporte

Método expositivo

Canetas

Método activo Método expositivo Técnica Jogo Pedagógico “Auto apresentação” Técnica Jogo Pedagógico “Auto-retrato” Técnica Tempestade Mental Técnica Jogo Pedagógico “Cem histórias” Técnica Filme de sensibilização

Folhas de papel A4 Lápis Pastas do curso, as quais incluem: folheto informativo do curso, cronograma e caneta Cartolinas Marcadores Peças de vestuário Objectos/materiais de trabalho Equipamentos Embalagens de produtos químicos Flipchart Projector multimédia Computador Ecrã

Método expositivo

Método expositivo

Canetas

1ª Parte Introdução

2ª Parte Desenvolvimento

3ª Parte Consolidação

4ª Parte Conclusão

População Alvo: Enfermeiros perioperatórios Estratégia Avaliativa: Nível 2 - Avaliação dos conhecimentos de aprendizagem dos formandos, através de: lista de perguntas; ficha de observação; lista de ocorrências; questionário de avaliação da sessão n.º 1. Documentação: lista de perguntas; guião do jogo pedagógico “Auto apresentação”; guião do jogo pedagógico “Auto-retrato”; questionário do curso; guião do “Brainstorming”; guião do jogo pedagógico “Cem histórias”; ficha de observação; lista de ocorrências; questionário de avaliação da sessão n.º 1.

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esta secção é sua

e s t a FORMAÇÃO s e c ç PÓS ã oGRADUADA é sua: e s t aEM ENFERMAGEM s e c ç ãPERIOPERATÓRIA o é sua: e sHt a s e c ç ã o éE s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e sNt a s e c ç ã o é s u a : esta sec Cção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: e sAt a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: e s t a s e cE ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éC s u a : e sNt a s e c ção é sua: E esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e cN ç ã o éO s u a : e sUt a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: á muito tempo que estou tentada a fazer convosco uma reflexão sobre a formação pós graduada em enfermagem perioperatória.

ão o fiz antes porque me tenho sentido revoltada e indignada com determinadas Instituições que estão a “fazer dinheiro” à conta da ingenuidade de alguns enfermeiros e, portanto, esta reflexão foi sendo adiada para a poder fazer de forma mais racional e menos emocional.

s opiniões que aqui expresso são pessoais e embora sejam, em muito, consonantes com a posição da AESOP, quero reforçar que não é como AESOP que faço esta reflexão mas sim como enfermeira e como cidadã, preocupada com o aumento exponencial e não regulado de pequenas/grandes formações pós graduadas na área da enfermagem perioperatória. a minha opinião, a formação em enfermagem perioperatória deve ter uma organização curricular que obedeça às directrizes emanadas pela EORNA – European Operating Room Nurses Association - e às exigências do desempenho profissional.

ma formação em enfermagem perioperatória, em Portugal, tem necessariamente que incluir as quatro funções desempenhadas pelos enfermeiros que trabalham em ambiente perioperatório e não apenas

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algumas delas. Enveredar pela individualização de funções é, sem dúvida, não reconhecer a globalidade do cuidar em contexto perioperatório e, consequentemente, pôr em causa o conceito de enfermagem perioperatória.

onsidero que a segurança do doente e da equipa cirúrgica estarão em risco se os enfermeiros perioperatórios não dominarem as várias funções. A polivalência de funções é fundamental para a colaboração entre os elementos da mesma equipa permitindo maior flexibilidade e rentabilidade ao nível da gestão dos cuidados e dos recursos humanos.

m muitos países da Europa e do mundo não existe um padrão definido e consensualmente aceite do que é “Ser Enfermeiro” ou “Ser Enfermeiro Especialista” e da formação necessária para se atingir os respectivos títulos/competências. xistem várias hipóteses, quer pelo percurso formativo, quer pela diversidade de áreas clínicas, que conferem ao Enfermeiro competências gerais e acrescidas.

a maioria dos países membros da EORNA, o acesso ao título de especialista em enfermagem perioperatória faz-se através de percurso formativo, pelo que houve a preocupação da construção de um core curriculum que pudesse ser utilizado como “base” em todos os países membros.

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sse percurso formativo, nalguns países membros, já está organizado tendo em conta o Processo de Bolonha com a consequente atribuição de créditos – ECT’s.

“A reorganização do Sistema Educativo Português, com vista à concretização do Processo de Bolonha, assume a mudança do para digma de ensino – de um modelo passivo baseado na transmissão de conheci mentos para um ensino baseado no desenvolvimen to de competências, a valorização e o reconhecimen to da aprendizagem ao longo da vida assegurado pela atribuição de créditos, valorizando a aprendiza gem formal realizada e as competências adquiridas assim como a necessidade de adequar as carreiras profissionais em diversos domínios, nomeadamente revendo as suas normas de ingresso e acesso”. OE omo o novo Modelo de Desenvolvimento Profissional é totalmente inovador e aproveita a formação e as competências adquiridas ao longo da sua vida profissional, os enfermeiros sentem necessidade de obter “certificados” que comprovem a formação realizada. Modelo de Desenvolvimento Profissional potencia o desenvolvimento profissional dos enfermeiros, determina que o desenvolvimento profissional se inicia após a formação inicial, implica que os Enfermeiros optem por uma área de especialização em Enfer-


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magem e implica certificação individual de competências especializadas, após conclusão do programa formativo relativo à respectiva Especialidade, com vista à atribuição do Título de Enfermeiro Especialista. Segundo a OE:

. O desenvolvimento da disciplina de enfermagem deve alicerçar-se no conhecimento profundo sobre as respostas aos processos de vida e às situações de saúde/doença, vivenciadas pela pessoa, enquanto alvo de cuidados, em cada etapa do seu ciclo vital;

. As áreas de especialidade em enfermagem conferentes de Titulo Profissional devem ser sustentadas nas lógicas de: beneficio para o cidadão no que respeita às suas necessidades em cuidados de saúde; desenvolvimento profissional dos enfermeiros e integração nas politicas de saúde enunciadas para os próximos anos.

. O Enfermeiro Especialista deve ser reconhecido pelo cidadão, entidades empregadoras e decisores políticos, como um prestador de cuidados num campo de intervenção particular da enfermagem;

. O programa formativo com vista à atribuição do Título de Enfermeiro Especialista deve alicerçar-se na experiência profissional adquirida em contexto de trabalho assim como em momentos de aprendizagem formal, reconhecidos pela OE; . Ser Enfermeiro Especialista implica uma prática/ exercício profissional onde predominam

competências clínicas especializadas (prestação directa de cuidados) adequadas às necessidades específicas da pessoa em cuidados de enfermagem;

odos nós somos absolutamente livres para decidir em relação à formação que pretendemos e à formação que precisamos. A realização de uma formação pós-graduada, pós-licenciatura estruturada numa área especifica deve obedecer a determinados critérios e deve oferecer aos formandos um complemento ou uma mais valia em termos de conhecimentos, de desenvolvimento profissional e consequentemente em termos de competências.

. A especialização em Enfermagem deve ser também promotora de outras competências a nível da concepção de cuidados, gestão de cuidados (planeamento estratégico), supervisão de cuidados (gestão operacional), assessoria, formação e investigação.

ste preâmbulo serve, meramente, para percebermos as expectativas e o desejo natural dos enfermeiros de enveredarem por qualquer tipo de formação, com o intuito de obterem créditos para mais facilmente progredirem na carreira.

aí a importância da escolha, que deve ser criteriosa, ponderada e analisada em termos dos objectivos pretendidos.

aí a importância de nos consciencializarmos de que só seremos melhores cuidadores através da formação, mas que “formação por formação” não é sinal de aprendizagem e aquisição de competências.

abemos, no entanto, que muitos desses cursos, apesar da credibilidade aparente, não passam de uma fraude.

pesar dos títulos muito apelativos, ao analisarmos os conteúdos e o número de horas atribuídos a esses conteúdos verificamos a sua insuficiência para uma adequada apropriação de conhecimentos e uma reflexão profunda sobre a temática perioperatória.

m relação aos docentes, encontramos colegas cujos curricula não mencionam qualquer formação/prestação de cuidados na área do perioperatório. prática clínica ou somente os “momentos de observação” são realizados em instituições cuja escolha obedece a critérios de proximidade e/ou oportunidade não tendo em

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conta critérios válidos de “boas práticas” e validação de tutores.

s novas formações, sobretudo as que não estão ligadas a instituições de ensino universitário e/ou politécnico, não garantem que o percurso individual de desenvolvimento de competência do enfermeiro se processe de acordo com o nível referencial do curso.

formação tem que ser digerida, a prática reflectida e apropriada e então sim, valerá a pena o tempo e o dinheiro que dedicámos a essa causa. Maria José Dias Pinheiro Setembro 2008

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artigo Daniel Barradas, Mara Fernandes Maria Clementina Sandra Freitas Enfºs HOSPITAL CENTRAL DO FUNCHAL SERVIÇO DE ORTOPEDIA A

CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA COM DISPLASIA DE DESENVOLVIMENTO DA ANCA Trabalho apresentado como Comunicação Livre nas 1ªs Jornadas de Enfermagem em Ortopedia realizadas na Madeira, em Outubro 2008

A

Definição

A displasia de desenvolvimento da anca (DDA) é uma situação clínica frequente no Serviço de Ortopedia A, do Centro Hospitalar do Funchal (CHF), que comporta a valência de ortopedia infantil. Enquanto enfermeiros a exercer funções neste serviço, deparamo-nos frequentemente com esta realidade, facto que suscitou o interesse para a realização deste trabalho. Assim sendo, traçámos como objectivos abordar sucintamente a patologia, reflectir e expor, mais pormenorizadamente, os cuidados de enfermagem à criança submetida a tratamentos inerentes à patologia em questão. Ao longo deste trabalho iremos definir de forma resumida a DDA, bem como a sua incidência, etiologia e manifestações clínicas. Abordaremos ainda as formas de diagnóstico e os tratamentos utilizados, fazendo referência às complicações do não tratamento. O enfermeiro assume um papel primordial nos vários tipos de tratamento adoptados, razão pela qual, iremos desenvolver, mais detalhadamente, os cuidados de enfermagem prestados, como por exemplo, assegurar o conforto imediato da criança, vigiar as complicações do tratamento e prestar apoio emocional aos pais que necessitam de se adaptar à nova realidade. Utilizámos como metodologia a revisão bibliográfica e a nossa experiência enquanto profissionais de saúde.

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O termo amplo displasia de desen volvimento da anca, segundo Whaley e Wong (1997) caracteriza um grupo de anomalias relacionadas com o desenvolvimento anormal da anca, ou seja, existe uma relação anormal entre o fémur proximal e o acetábulo. Durante muito tempo utilizou-se apenas o termo luxação congénita da anca, significando que a luxação ocorre no nascimento. No entanto a anomalia também pode ocorrer vários meses após o mesmo, daí o termo de displasia de desenvolvimento da anca caracterizar de forma mais abrangente a patologia que existe neste distúrbio. Na linha de pensamento de Whaley e Wong (1997), as anomalias da anca podem ser definidas em três graus: - Displasia (ou pré-luxação) acetabular: Caracteriza-se por um acetábulo aplanado e/ou demasiadamente projectado para a frente, de forma que não contém convenientemente a cabeça femoral. - Subluxação - Caracteriza-se por um deslocamento incompleto da cabeça femoral, provocado pela distensão ligamentar, ou seja, a cabeça do fémur pode ser parcialmente deslocada para fora do acetábulo, mas não completamente luxada. - Luxação - Ocorre uma perda total do contacto entre as superfícies articulares: a cabeça femoral encontra-se totalmente fora do acetábulo. Incidência e Etiologia De acordo com Williams e Wilkins (2005), a DDA ocorre em aproximadamente 1,5 por cada 1000 nascimentos, sendo mais provável entre o sexo feminino (1:6), na etnia branca e 60% dos casos ocorre em primogénitos. Outro factor que aumenta a incidência de DDA, em cinco vezes, é a história familiar positiva desta anomalia. Na perspectiva de Muscari (1996), em 25% dos casos esta situação verifica-se nas duas ancas, ou seja, é bilateral. No caso de ser unilateral, normalmente atinge a anca esquerda.


artigo Existem vários factores que podem estar na origem da DDA, podendo esta ocorrer no meio intra-uterino ou extra-uterino. De acordo com Pires e Melo (2005), os factores intra-uterinos incluem: - Genética - genes ligados ao cromossoma sexual (feminino); - Secreção materna de estrogénios – favorece o relaxamento da pelve materna no final da gestação, condicionando de forma negativa as articulações fetais que tornamse mais susceptíveis de luxarem; - Apresentação pélvica - existe uma maior flexão do quadril e extensão dos joelhos e maior adução resultante de uma elevada pressão da pelve materna na pelve do feto. - Malformações uterinas - Primiparidade - existe um elevado tonús muscular na mãe; Os factores extra-uterinos, ainda de acordo com os mesmos autores, são: - Estiramentos bruscos da articulação coxo-femural após o parto; - Posicionamento e transporte das crianças nos primeiros meses de idade. Manifestações Clínicas Nas crianças recém-nascidas, na perspectiva de Whaley&Wong (1997), os indícios de DDA, são: membro mais curto do lado afectado, abdução restrita do quadril do lado afectado e pregas glúteas desiguais (quando a criança está em decúbito ventral). No entanto, estas manifestações, muitas vezes passam despercebidas. Apenas quando a criança inicia a marcha é que se detecta a anomalia, uma vez que surgem as seguintes manifestações: marcha claudicante, encurtamento do membro do lado afectado, dor localizada na anca e/ou por toda a coxa e posteriormente escoliose ou lordose lombar. Diagnóstico O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, pois dele dependerá o sucesso do tratamento instituído. É consensual, para a maioria dos autores, que o diagnóstico deve basear-se na anamnese, no exame físico e nos exames complementares de diagnóstico. Relativamente à anamnese, ou seja, à colheita de dados, de acordo com BoereBoonekamp et al (1998) in Pires e Melo

(2005), é explorado as questões: sexo, etnia, duração da gestação, tipo de parto, posição do feto in útero, anomalias congénitas e história na família de DDA. O exame físico é constituído por diversas manobras, para despistar anomalias na articulação coxo-femural, utilizadas de acordo com a idade. Até aos 4 meses, normalmente, são realizadas: - Manobra de Ortolani – o examinador realiza um movimento de abdução da coxa posicionada sob a mesa de exame, trazendo-a da linha média enquanto eleva o trocanter maior com o dedo. Sente um estalido quando a anca se encontra luxada. - Manobra de Barlow – determina a instabilidade do quadril quando o examinador sente um estalido durante a adução da coxa em direcção à linha média, ao tentar o deslocamento da cabeça do fémur no sentido posterior. - Sinal de Galeazzi – realizando a flexão dos joelhos, existe um encurtamento do joelho do lado afectado. - Sinal de Peter – assimetria das pregas inguinal e glútea. Quando a criança inicia a marcha, os métodos para avaliar a instabilidade do quadril, são: - Sinal de Lloyd Roberts – existe um encurtamento do membro do lado afectado. - Sinal de Trendelenburg – determina a integridade da função dos músculos abdutores do quadril. - Marcha claudicante. Os exames complementares de diagnóstico vêm confirmar o diagnóstico, uma vez que as manobras, não constituem um factor determinante. Assim sendo, são mais frequentemente utilizados: - Ecografia – indicada em crianças até aos 4-6meses, uma vez que é mais sensível e específica, permitindo avaliar a morfologia do acetábulo, a relação da cabeça femoral ao mesmo e também a estabiliadade do quadril. - RX – indicado após os 4-6meses, uma vez que por volta desta idade ocorre a ossificação da cabeça do fémur Tratamento O tratamento da DDA vai depender essencialmente da precocidade do diagnóstico variando com a idade da criança e com o grau da displasia. O objectivo é restaurar a congruência e a morfologia das superfícies articulares.

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artigo Nas crianças maiores, normalmente com mais de 12 meses, a correcção desta situação é mais difícil, sendo necessária geralmente uma cirurgia. Aquando da pesquisa bibliográfica, deparámo-nos com diversos métodos de tratamento cirúrgico. Deste modo, optámos por expor aqueles que, habitualmente, são realizados no nosso serviço. Assim sendo, referenciamos os seguintes procedimentos:

fig. 1

Sendo assim, é utilizado o dispositivo denominado Pavlik (fig.1) para crianças com menos de 6 meses. Este permite uma centralização da cabeça femoral, através de uma abdução espontânea e progressiva coxo-femural em flexão de 100º pelo peso das coxas. O aparelho previne a extensão activa e passiva dos quadris mas permite todos os outros movimentos, ajudando a estimular o desenvolvimento do quadril reduzido. Whaley&Wong (1997), defendem que o Pavlik deve ser usado continuamente até a estabilização clínica e radiográfica do quadril, geralmente em cerca de 3 a 6 meses.

fig. 2

Ainda de acordo com as mesmas autoras, nas crianças de 6 a 18 meses habitualmente é feito uma redução gradual com tracção cutânea (fig.2) para distender o quadril, lenta e suavemente, até a abdução plena. Habitualmente, para uma maior estabilidade e para a manutenção da abdução segue-se uma imobilização com gesso (fig.3), que é mantida até que evidências radiográficas confirmem uma articulação estável.

- Redução com anestesia - Artrografia – consiste na injecção de contraste no interior de uma cavidade articular com auxílio do raio-X, para avaliar lesões de ligamentos, tendões ou cartilagens. - Osteotomia de Salter– consiste no seccionamento ósseo, com o fim de corrigir uma deformidade do esqueleto por consolidação viciosa de fractura, por anomalias congénitas ou adquiridas. Osteotomia transtrocanteriana é uma incisão do fémur através do pequeno trocânter, visando a correcção de uma deformidade da articulação do quadril. - Tenotomia percutânea dos adutores – consiste na secção cirúrgica dos adutores para evitar a rotação interna e adução. De salientar que, um tratamento precoce é primordial para um bom prognostico evitando, deste modo, complicações tais como: necrose avascular da cabeça do fémur (devido a abdução excessiva que bloqueia a perfusão da cabeça do fémur), perda de amplitude de movimento, desigualdade no comprimento dos membros inferiores, alterações da coluna vertebral (escoliose) e posteriormente perda da auto-imagem/auto-estima. CUIDADOS DE ENFERMAGEM O enfermeiro assume um papel primordial nos vários tipos de tratamento, assegurando os cuidados imediatos como o conforto da criança, a vigilância das complicações do tratamento e o apoio emocional aos pais que necessitam de se adaptar à nova realidade. Posteriormente o enfermeiro assume também a função de instruir e capacitar os pais para a manutenção dos cuidados no domicílio. Criança submetida a tratamento conservador

fig. 3

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No caso das crianças com o Pavlik a

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artigo principal meta de enfermagem é ensinar os pais a aplicar e manter o aparelho. Habitualmente, estes aparelhos são colocados na consulta externa de Ortopedia onde o Ortopedista faz a demonstração aos pais, que depois asseguram os cuidados no domicílio. No entanto, existem casos em que é necessário mais vigilância, sendo essencial os pais recorrerem periodicamente ao serviço de internamento, onde os enfermeiros reforçam o ensino, supervisionam o aparelho e a sua manutenção. Sendo ainda, uma oportunidade para os pais esclarecerem dúvidas. Nos ensinos efectuados aos pais sobre a manutenção do Pavlik, o enfermeiro demonstra e instrui para os seguintes cuidados: - O banho da criança deve ser assegurado por duas pessoas, utilizando uma esponja; - Não é aconselhado retirar o aparelho, na sua totalidade, durante o banho; - É recomendado retirar as alças da parte superior do corpo, lavar e voltar a colocar; - Seguidamente são retiradas as alças dos membros inferiores, primeiro a um membro e depois ao outro; - A pele deve ser bem seca, de seguida aplicar uma fina camada de creme hidratante e proteger com roupa interior para evitar irritação da pele pelas alças; - Não é recomendado a utilização de pó de talco ou loções, em zonas em que a pele está em contacto directo com o aparelho, pois tendem a acumular-se sob as alças do mesmo; - A avaliação diária da pele quanto a irritações ou a lesões causadas pelo aparelho; Os enfermeiros orientam os pais para, em caso de dúvidas ou questões, recorrerem ao serviço. Como já foi referido, anteriormente, nas crianças de 6 a 18 meses habitualmente é feito uma redução gradual com tracção cutânea em que os cuidados de enfermagem são essencialmente: - Avaliar estado da pele; - Monitorizar sinais e sintomas de alterações cutâneas (prurido e rubor) e alterações neurovasculares (parestesias, edema, temperatura e coloração das extremidades); - Vigiar sistema de tracção: alinhamento do fio e suspensão dos pesos; - Incentivar o repouso. Se necessário aplicar colete para manutenção da posição de deitado; - Ensinar à família sobre: alinhamento correcto do membro, percepção do peso da tracção e possíveis alterações cutâneas e neurovasculares;

- Trocar a tracção cutânea de 5 em 5 dias e sempre que oportuno; - Trocar as ligaduras da tracção diariamente. Os aparelhos gessados acarretam mais cuidados de enfermagem, nomeadamente os cuidados ao gesso, manutenção das funções básicas da criança (higiene e eliminação) e prevenção de complicações, uma vez que as crianças ficam internadas durante alguns dias. Este internamento deve-se, na maior parte das vezes, ao facto de ser necessário uma leve anestesia para colocação do gesso uma vez que há dificuldade em manter uma posição correcta da criança quando acordada. Assim sendo, o enfermeiro presta os cuidados imediatos tais como: - Prestar todos os cuidados inerentes a um estado de pós-anestesia; - Avaliar sinais e sintomas de desconforto - Avaliar a dor e gerir a administração de medicação analgésica; - Proporcionar um ambiente favorável para a secagem do gesso, de forma a evitar deformidades do mesmo; - Proteger os bordos do gesso com algodão e adesivo, de forma a prevenir lesões na pele; - Vigiar os possíveis sinais de comprometimento neurocirculatório (coloração, temperatura, preenchimento capilar, sensibilidade e mobilidade); - Proporcionar conforto à criança assegurando os posicionamentos e os cuidados de higiene; - Avaliar o processo de adaptação da criança ao aparelho gessado; - Proporcionar actividades lúdicas e de entretenimento de modo a incentivar o normal crescimento e desenvolvimento da criança; O enfermeiro assume um papel fundamental no apoio às crianças e também na adaptação da família à nova situação, deste modo, dedica igualmente tempo aos pais de modo a envolvê-los nos cuidados prestados desde o primeiro dia do internamento. É fundamental não descurar o facto de que os pais necessitam de apoio emocional, uma vez que a adaptação à nova situação nem sempre é um processo fácil. Compete, ainda ao enfermeiro, orientar e capacitar a família para os cuidados a ter no domicílio após a alta, tais como: - Vigilância de sinais de compromisso circulatório e neurológico, bem como complicações da imobilização; - Demonstrar como proteger os bordos do gesso e orientar para a sua substituição sempre que estiverem sujas; - Demonstrar os cuidados de higiene que

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artigo “Uma criança com displasia do desenvolvimento da anca, ainda precisa de ser criança” Autor desconhecido

devem ser prestados com uma esponja em vez de banho na banheira; - Instruir para técnicas de posicionamento da criança de forma segura durante a alimentação, nomeadamente, o uso de almofadas para apoio ou o aconchego nos braços; - Ensinar como manter o gesso limpo e seco através de uma correcta aplicação da fralda, que deve estar sob toda a abertura perineal do gesso (nas meninas usar a fralda com a área de maior absorção no lado de trás e nos meninos no lado da frente); - Orientar para as adaptações que podem ser realizadas nas roupas, nos aparelhos de suporte e meios de transporte da criança; - Mostrar como usar a mecânica corporal correcta para levantar a criança e para transportá-la; - Alertar para evitar o uso da barra de abdução do gesso para mover a criança; - Demonstrar como brincar com jogos para exercitar os membros superiores; - Advertir para, em caso de prurido, não introduzirem objectos dentro do gesso devido ao risco de lesão. Devem utilizar um secador na posição de frio nas bordas do aparelho gessado para aliviar o prurido. - Incentivar a incluir a criança nas actividades familiares, não a protegendo excessivamente, mantendo a proximidade física e promovendo a interacção com outras crianças; Demonstrar disponibilidade para esclarecer duvidas dos pais e para escutá-los. Criança submetida a tratamento cirúrgico O tratamento cirúrgico é uma opção nas crianças maiores em que a correcção da displasia é mais difícil, ou em situação de falência dos tratamentos conservadores. É uma situação geradora de stress para a criança e, essencialmente, para os pais uma vez que se trata de um método invasivo. O enfermeiro, do serviço de internamento, assume, assim, um papel importante no apoio à criança e aos pais antes e após a cirurgia. Os cuidados de enfermagem às crianças submetidas a uma cirurgia são essencialmente: - Monitorização dos sinais vitais; - Vigilância do penso cirúrgico; - Em caso de dreno, vigiar a sua funcionalidade e as características do líquido drenado; - Avaliar a dor e gerir a medicação analgésica; - Tranquilizar a criança e os pais; - Encaminhar para o Centro de Saúde da área de residência para a execução do penso; De salientar que, na maior parte das vezes, o tratamento cirúrgico é complemen-

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tado com uma imobilização com um aparelho gessado de forma a permitir uma maior estabilidade da anca e manutenção da abdução dos membros inferiores. Deste modo, todos os cuidados de enfermagem já referidos para o aparelho gessado são válidos no pós-operatório. CONCLUSÃO A displasia de desenvolvimento da anca é uma situação clínica com a qual nos deparamos frequentemente. Ao longo deste trabalho revimos e abordámos conceitos inerentes a esta temática. Como pudemos constatar, o termo luxação congénita da anca, significando que a luxação ocorre no nascimento, foi utilizado durante muito tempo. No entanto verificou-se que a anomalia também pode ocorrer vários meses após o mesmo, sendo mais adequada a nomenculatura de displasia de desenvolvimento da anca. As anomalias da anca podem ocorrer quando o acetábulo é demasiado raso (displásico), quando se encontra subluxado ou luxado. O tratamento desta anomalia vai depender essencialmente da precocidade do diagnóstico variando com a idade da criança e com o grau da displasia. O tratamento instituído nas crianças com menos de 6 meses é, geralmente, o Pavlik. Nas crianças de 6 a 18 meses normalmente é feito uma redução gradual com tracção cutânea seguindo-se de uma imobilização com gesso. Nas crianças maiores a correcção da situação é mais difícil, sendo necessária uma cirurgia. O enfermeiro tem um papel importante neste processo. Garante os cuidados imediatos de conforto à criança, vigia as complicações e presta apoio emocional aos pais que necessitam de se adaptar à nova realidade, motivando-os para o sucesso do tratamento. Posteriormente o enfermeiro assume também a função de instruir e capacitar os pais para a manutenção dos cuidados no domicílio. Enquanto enfermeiros no serviço de ortopedia A, este trabalho tornou-se enriquecedor, uma vez que através da revisão bibliográfica e da nossa experiência enquanto profissionais de saúde, pudemos rever conceitos, reflectir sobre a nossa prática o que contribuiu para a melhoria das nossas competências.


notícias Nos passados dias 17 e 18 de Outubro, decorreram na Ilha da Madeira no Hotel Vila Galé, em Santa Cruz, as 1ªs Jornadas de Enfermagem em Ortopedia. Foram abordados vários temas relacionados com a ortopedia, e não apenas direccionados ao Bloco Operatório. Assim, falou-se sobre o atendimento ao paciente politraumatizado nas suas várias vertentes de atendimento de enfermagem, desde o PréHospitalar até ao Internamento, passando pela Urgência e pelo Bloco Operatório. Outro dos assuntos abordados foi “Princípios básicos de instrumen tação e processamento de dispositivos médicos para ortopedia“. Continuando, tivemos outros painéis, um sobre artroscopia e artroplastia do ombro e outro do joelho em que se discutiram a técnica cirúrgica e os cuidados de enfermagem no Bloco Operatório. O último painel, mas não menos importante, foi dedicado à Ortopedia Infantil, em que se debateu o tratamento do Pé Boto e a Displasia de Desenvolvimento da Anca, bem como o atendimento da criança no Bloco Operatório. Houve também espaço para participação com Posters e Comunicações Livres, bem como a ocorrência de Workshops organizados pela Indústria de Dispositivos Médicos versando o Reprocessamento de Dispositivos Médicos (BBraun), Técnicas de ortopedia/traumatologia (Stryker), e Factores de Crescimento (Biomet). Foi então, uma excelente oportunidade para a partilha de conhecimentos e um bom momento para discutirmos a importância dos cuidados que prestamos aos pacientes de quem cuidamos, uma vez que a nossa actual realidade pedenos uma acção cada vez mais rápida e com maior nível de qualidade, mas nem sempre disponibilizando tempo para a tão importante reflexão. Como membro da Comissão Organizadora quero agradecer a aposta feita na Ilha da Madeira, penso que foi frutífera e deixar o desejo que mais eventos destes aconteçam por cá. Aproveito também para emitir um agradecimento especial a todas as pessoas que colaboraram de alguma forma para que estas Jornadas acontecessem. A todos um Muito Obrigado! Sandra Ramos

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notícias WORKSHOPS DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA Neste Outono realizaram-se, com o patrocínio da Paul Hartmann, 3 dias de formação, designados como Workshops de Enfermagem Perioperatória 2008, que tiveram lugar em - Ponte de Lima a 27 de Setembro - Cantanhede a 8 de Novembro - Évora a 29 de Novembro Cada dia de formação incluíu 4 workshops, nomeadamente: - Workshop Básico em “Funções/Actividades do Enfermeiro Circulante” - Workshop Básico em “Funções/Actividades do Enfermeiro Instrumentista” - Workshop em “Emergências das vias aéreas superiores no Bloco Operatório” - Workshop em “Monitorização Neurocrítica no Bloco Operatório A realização de Formações tem sido solicitada à AESOP, frequentemente, quer por enfermeiros, quer por organizações de saúde, quer pela indústria de dispositivos médicos, facto que incentivou a criação dos vários grupos responsáveis pela concepção e realização de cada formação. Sendo um dos objectivos da AESOP “organizar reuniões científicas, encontros, Workshops sobre temas relacionados com a enfermagem perioperatória, que visem a melhoria dos cuidados e o aperfeiçoamento dos sócios” consideramos que estes momentos justificam perfeitamente os objectivos propostos , na medida em que é feita a reflexão sobre a filosofia dos cuidados perioperatórios, reforço, dinamização e implementação de boas práticas. A avaliação feita pelos formandos tem sido, no geral, bastante positiva, facto que regozija todos os elementos do grupo, constituindo também um agradecimento pelo seu empenho e esforço. AESOP

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artigo Maria João Valério, Enfª H.P.P., HOSPITAL DOS LUSIADAS

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA DO OMBRO Trabalho apresentado nas 1ªs Jornadas de Enfermagem em Ortopedia na Madeira, Outubro 2008

Objectivo: Refectir sobre a pratica dos cuidados a doentes submetidos a artroscopia do ombro CIRURGIA COM INTERNAMENTO/AMBULATÓRIA A evolução das técnicas anestésicas e cirúrgicas permite hoje em dia, através de cirurgia minimamente invasiva, realizar procedimentos de diagnóstico e/ou cirúrgicos em cirurgia ambulatória. A escolha entre cirurgia com ou sem internamento está a maior parte das vezes relacionada com o estado de saúde do doente, condições sócio económicas, hora da cirurgia, preferência do cirurgião e politicas da Instituição de saúde. PREPARAÇÃO DO DOENTE Independentemente do doente ir ser operado em regime de internamento ou ambulatório tem que ser preparado para a cirurgia a que vai ser submetido. Se for com internamento a preparação é feita na visita pré operatória. Se em ambulatório, é feita na consulta de enfermagem na consulta externa, ou na unidade de cirurgia do ambulatório. O doente deve ter oportunidade de expressar todas as suas dúvidas e ou preocupações, de modo a poder participar activamente no seu processo de cura. Se o doente for operado em ambulatório esta conversa deve ser feita na presença do adulto responsável e este deve ficar perfeitamente esclarecido sobre a importância do seu papel. O enfermeiro deve ter cuidado especial quando está prevista uma técnica de bloqueio em que o doente vai permanecer acordado. Deve ser referido que caso seja sua vontade poderá ser sedado para maior tranquilidade e menor desconforto. Tudo aquilo em que o doente puder colaborar deve ser explicado bem como aquilo que se espera do doente.

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ACOLHIMENTO DO DOENTE NO BO Quando o doente chega ao BO deve ser acolhido por um enfermeiro. Este primeiro contacto é de extrema importância porque o doente/família está psicologicamente dependente e os seus medos estão latentes. Com um sorriso e sem máscara o enfermeiro apresenta-se e através do toque deve mostrar disponibilidade, simpatia e confiança. A Organização Mundial de Saúde recomenda que sejam feitas 3 ckeck list de segurança: A primeira antes da indução anestésica – sign in A segunda antes da incisão na pele – time out A terceira antes do doente sair da sala de operações – sign out. É por isso fundamental fazer a primeira verificação/confirmação do doente, cirurgia. Hoje em dia esta confirmação é feita através de um check list que será confirmado pelos dois enfermeiros (internamento e BO) e pelo próprio doente. SIGN IN - Nesta check list o doente confirma: A sua identificação, cirurgia, lado e local, e que deu o seu consentimento Os enfermeiros verificam: · Identificação do doente através do processo e da pulseira · Cirurgia · Lado da cirurgia e respectiva marcação · Cirurgião · Confirmação do consentimento para o procedimento · Jejum do doente · Exames complementares de diagnóstico · Alergias · Presença de próteses/ortóteses/lentes de contacto e ou óculos · Presença de adornos · Protocolo de avaliação pré operatória (consulta de anestesia) · Rotinas pré operatórias realizadas · Protocolos específicos para a cirurgia (se os houver)


artigo INDUÇÃO ANESTÉSICA O doente deve ser transferido para a sala de operações havendo sempre a preocupação de lhe ser explicado todos os passos que estão a ser dados. A entrada na sala é sempre um momento de intranquilidade, não só pelo medo que se agrava como pelas condições ambientais que são hostis. Todo e qualquer procedimento deve ser acompanhado de uma explicação/autorização e da colaboração que se espera do doente. Nesta fase têm que ser respeitados os tempos emocionais do doente, quero dizer, não fazer as coisas de forma apressada mas respeitar o tempo que o doente necessita para interiorização. Se a anestesia for geral explicar todos os procedimentos e o momento em que vai adormecer. Se o doente permanecer acordado pedir a sua colaboração para cada momento e garantir que permanece ao seu lado para minorar a ansiedade e os desconfortos. Se o doente preferir ficar sedado garantir que de facto a sedação se mantenha enquanto necessário. Nesta fase deve providenciar-se uma temperatura adequada ou o aquecimento do doente e o menor ruído na sala operatória. POSICIONAMENTO

O posicionamento do doente na marquesa é um procedimento tão importante como qualquer outro, em termos de segurança, e que envolve riscos cujas consequências podem afectar o equilíbrio hemodinâmico e ventilatório, podendo também provocar lesões nervosas, vasculares e cutâneas. A responsabilidade do posicionamento é uma responsabilidade partilhada pela equipa anestésica e cirúrgica, cabendo à anestesia (médico e enfermeiro) a responsabilidade de garantir uma boa ventilação e prevenir lesões musculares e cutâneas e á restante equipa garantir uma boa exposição e posicionamento que permita uma técnica operatória correcta, garantir o equilibrio hemodinâmico e prevenir complicações. Todos os dispositivos necessários ao posicionamento devem serem colocados na sala antes do doente entrar. O posicionamento recomendado neste tipo de cirurgia é Semi Folwer com apoio da cabeça, deriva do Decúbito Dorsal puro e é realizado por manipulação da marquesa operatória até à posição de sentado. A cabeça é apoiada num suporte próprio “capacete” que é encaixado na mar quesa permitindo um apoio total da cabeça e respectivo alinhamento com o corpo. Para este posicionamento devem ser utilizadas meias de contenção.

RISCOS

PROVOCADOS

MANIFESTADOS

Alterações hemodinâmicas

Hipotensão, Hipoperfusão cerebral e estase venosa

Instabilidade hemodimânica intra-operatória e confusão e obnubilação no despertar

Alterações circulatórias

Posicionamento que provoca aumento da resistência periférica

Diminuição do débito cardíaco 20-40 %, diminuição de volume sistólico até 50%, aumento da frequência cardíaca até 50%, diminuição do fluxo sanguíneo renal até 30-75%

Lesões nervosas

Estiramento do plexo cervical por incorrecto/ /Prolongado posicionamento da cabeça

Parestesia, dor e impotência funcional

Lesões cutâneas

Compressão ao nível das zonas de pressão: região sacro coccígea e calcanhares

Rubor seguido de úlcera de pressão

Alterações da temperatura

Exposição de uma grande parte do tórax anterior

Hipotermia

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artigo INICIO DA CIRURGIA – TIME OUT É hoje em dia mandatório, “Boas práticas para segurança do doente no BO” (WHO – World Health Organization, Organização Mundial de Saúde), que nesta altura se proceda ao time out. TIME OUT é um tempo obrigatório de paragem, antes da incisão da pele. Pretende-se confirmar todos os procedimentos que vão ser realizados durante a cirurgia de modo a que não haja falhas/erros tanto em relação a dispositivos médicos, sangue, medicamentos ou outros. Tem que ser realizada uma check list, mais ou menos completa de acordo com as Instituições e equipas, é verificada em equipa e no mínimo deve conter segundo recomendação da OMS: · Confirmação da equipa cirúrgica: esta deve-se apresentar pelo nome e função. · O cirurgião, anestesista e enfermeiro confirmam verbalmente o doente, cirurgia, local e lado. · Para antecipação de eventos adversos: - O cirurgião revê: pontos críticos da cirurgia em que podem ocorrer incidentes, duração da cirurgia, momentos em que podem ocorrer perdas abundantes de sangue. - Equipa médica confirma protocolo de profilaxia antibiótica ou outra se houver. - A equipa de anestesia revê se há condições do doente que possam provocar complicações - A equipa de enfermagem confirma: · Processo de esterilização dos DM e funcionamento de todos os DM activos e passivos que possam ser causa de falha. · A presença do serviço de imagiologia (se necessário). Existem também recomendações de Agosto 2003 para verificações em serviços cirúrgicos (Joint Comission Norma 41)

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Neste protocolo deve estar referido material e desinfectante a utilizar, quem desinfecta e como desinfecta. Os campos cirúrgicos são desde o inicio de 2005 considerados como Dispositivos Médicos estando abrangidos pela directiva europeia, transcrita para o direito nacional pelo DL nº 273/95, posteriormente alterado pelo DL nº 30/2003 de 14 de Fevereiro. As normas europeias a que a roupa cirúrgica é obrigada fazem parte do grupo EN 13795. De modo a garantir a eficácia do processo de colocação de campos, devem ser seguidas as práticas recomendadas pela AESOP. Os campos recomendados para este tipo de cirurgia são os que contêm um sistema integrado de controlo de fluidos, prevenindo deste modo a quebra da resistência inicial por exposição permanente a fluidos e o risco de infecção cirúrgica. Pontos críticos na colocação: - Escolha correcta dos campos - Posicionamento dos elementos envolvidos na colocação dos campos - Distância da cabeça do doente ao local da incisão cirúrgica - Necessidade de apoio da equipa anestésica INSTRUMENTAÇÃO Na selecção dos Dispositivos Médicos temos a considerar: - Os instrumentos gerais para abordagem - Instrumentos específicos de cirurgia artroscópica - Implantes - DM activos Todos estes dispositivos devem estar identificados em check-list que deverá ser conferida pelos enfermeiros circulante e instrumentista.

DESINFECÇÃO DA PELE E COLOCAÇÃO DE CAMPOS CIRURGICOS

Os enfermeiros devem ter a percepção de que qualquer cirurgia artroscópica pode ter necessidade de ser convertida pelo que os DM devem ter sido identificados e colocados em carro próprio.

A preparação da pele do doente antes da cirurgia e a correcta desinfecção do campo operatório é mandatório para minimizar o risco de infecção operatória. Tem de haver um protocolo para a desinfecção da pele instituído pelo Bloco Operatório e Comissão de Higiene Hospitalar, que deve ser rigorosamente respeitado.

A manipulação, conservação e transporte dos DM estéreis bem como o respeito pela técnica asséptica cirúrgica devem obedecer ás práticas da AESOP. Em relação ao trolley- DM activo deve ser verificado segundo check- list e a sua colocação final deve ser ajustada as necessidades da equipa cirúrgica.

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artigo A colocação de dispositivos médicos na mesa deve estar também protocolada em norma de serviço. Durante a cirurgia a principal responsabilidade dos enfermeiros circulante e instrumentista é garantir a segurança do doente sobretudo através da manutenção da técnica asséptica cirúrgica. As práticas recomendads da AESOP têm de ser utilizadas escrupolosamente com as adaptações necessárias e protocoladas pelos serviços. REVERTER DAANESTESIA Nesta fase é de novo muito importante garantir o menor ruído e o aquecimento do doente. Para a enfermagem é de novo uma fase de validação e segundo a OMS é a última etapa da verificação – SIGN OUT . O enfermeiro instrumentista verifica com a equipa: Nome da cirurgia realizada Se foram ou não feitas as contagens (instrumentos, compressas e cortoperfurantes) Se o procedimento com as peças anatómicas foi feito segundo o protocolo. Se houve qualquer tipo de problemas com os equipamentos (DM activos) O cirurgião, anestesista e equipa de enfermagem revêem as precauções adicionais a serem aplicadas ao doente. REGISTOS: DE ENFERMAGEM E ADMINISTRATIVOS Os registos efectuados durante o tempo cirúrgico são da responsabilidade dos enfermeiros e compreendem os registos de cuidados e os registos administrativos. Os registos devem assegurar a continuidade e a validade dos cuidados, dando ao mesmo tempo visibilidade à actuação dos enfermeiros. Funcionam também como elemento legal e possibilitam a traçabilidade da cirurgia. Também através dos registos se pode partir para a Investigação. O enfermeiro: - Regista as ocorrências de acordo com os protocolos existentes no serviço; - Regista a identificação do doente, hora de entrada, tipo de anestesia, tipos de cateterismos, fármacos, hemoderivados, cirurgia

efectuada, colheitas efectuadas, situações de urgência, etc., (instrumento de avaliação e registo pré-operatório); - Regista irregularidades ou incidentes ocorridos durante a cirurgia; - Regista os dispositivos médicos estéreis utilizados (instrumental, implantes e suturas); - completa listas de verificação (instrumento de avaliação dos dispositivos médicos activos e não activos) para assegurar que tudo está em condições para continuar a funcionar. Hoje em dia estando os blocos operatórios quase todos informatizados existe uma grande tendência dos enfermeiros para se fixarem nos computadores, portanto não esquecer que o computador não passa de uma mera ferramenta. UCPA: ENSINO E PREPARAÇÃO PARA O AUTOCUIDADO Referimos apenas as preocupações que devem existir com o doente em ambulatório. Os critérios de alta estão protocolados e diferem entre doentes de ambulatório e de internamento. O doente de ambulatório só pode ter alta quando acompanhado de um adulto responsável que deve assistir ao ensino para a alta. A grande preocupação tem que ser o enfermeiro aperceber-se que o doente/adulto estão preparados para o auto cuidado. Além da brochura, já hoje comum em muitos hospitais, toda a informação complementar deve ser escrita (com letra legível) na própria brochura ou em documento que fique apenso a essa brochura. Os telefones a que recorrer devem estar bem visíveis. O doente/adulto devem aperceber-se bem do que é normal e do que deve ser sinal de alerta para procurar um serviço de saúde. A recomendação importante referese ao posicionamento do membro intervencionado, que deve ser colocado num braçal e a mão não deve ficar pendente.

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Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses propôs-me abordar o tema da excelência na enfermagem perioperatória, mais concretamente da qualidade dos cuidados de enfermagem que são actualmente prestados ao doente cirúrgico e do investimento necessário no processo de melhoria contínua da qualidade para alcançar a excelência do exercício da enfermagem perioperatória, de forma a realizar um texto para a sessão de encerramento do XIV Congresso Nacional da AESOP. om base nestas directrizes, comecei por reflectir sobre a temática em questão e conclui que, normalmente, se pensa em excelência na perspectiva do enfermeiro perioperatório e pouco na perspectiva do doente, que é o elemento central de todo o acto de cuidar, pois o enfermeiro presta cuidados perioperatórios para o doente/família e pelo doente/família com base em toda a sua individualidade.

ssim, decidi realizar uma pesquisa bibliográfica através da qual averiguei que, na perspectiva do enfermeiro perioperatório, existe alguma documentação inerente à qualidade em enfermagem perioperatória, no entanto na perspectiva do doente/família é bastante escassa. Como as teorias do processo de melhoria contínua da qualidade e as teorias de enfermagem referiam que o desempenho do enfermeiro perioperatório deve orien-

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A CAMINHO DA EXCELÊNCIA!

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tar-se numa abordagem holística que permita o desenvolvimento das potencialidades do doente/família no seu processo de cuidar, sem impor, para satisfazer as suas necessidades específicas, constatei que era mais improrrogável contextualizar a opinião do doente cirúrgico do que do enfermeiro perioperatório. esta forma, cheguei à conclusão que nada melhor do que o testemunho real de um doente para transparecer verdadeiramente a caminhada da excelência do exercício da enfermagem perioperatória. Todavia deparei-me com uma tarefa difícil, ou seja, encontrar um doente/família que quisesse partilhar essas experiências com os profissionais de enfermagem num congresso (exigência de disponibilidade para expor as suas vivências pessoais), que já tivesse tido experiências cirúrgicas ao longo da sua vida (possibilidade de, minimamente, observar e reflectir sobre a evolução da enfermagem perioperatória) e que tivesse a noção da presença de profissionais de enfermagem no bloco operatório (normalmente o doente/ família desconhece a imprescindibilidade das funções de enfermagem perioperatoria para a realização das cirurgias, e frequentemente correlaciona o sucesso da cirurgia com a sabedoria e a perícia do cirurgião). pós algum tempo falei com a doente Ida Oliveira, a quem desde já expresso os meus sinceros agradecimentos por colabo-

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rar na realização do meu/ nosso objectivo. Com a sua colaboração foi possível apresentar a perspectiva do doente face à caminhada do enfermeiro perioperatório, no sentido da excelência, no exercício da sua profissão, e também constatar a importância da presença dos enfermeiros, no Bloco Operatório, para cuidarem do doente cirúrgico. ogo, pelo carinho, entusiasmo, disponibilidade, empenho e apoio da doente Ida Oliveira, apesar da delicadeza do seu estado de saúde, demonstro a minha inteira e genuína gratidão na concretização deste objectivo. presentamos, então, a sua opinião:

“O enfermeiro luta pela arte do cuidar…É o seu ideal, é o seu propósito profissional! Contudo muitas vezes, é alvo de críticas depreciativas que desvalorizam a profissão, é estigmatizado por outros grupos profissionais e representado socialmente de modo incorrecto. Todavia, os enfermeiros continu am a lutar para a excelên cia… para se superarem a si próprios… para irem mais além… para ultrapas sarem os seus próprios limites… para serem exce lentes... para alcançarem o óptimo bem-estar dos doentes! Das várias vezes em que fui submetida a inter venções cirúrgicas constatei que o enfermeiro está con stantemente a caminho da excelência… Recordo-me


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do apoio do enfermeiro para ultrapassar o medo do desconhecido, a aflição das dores no pós-operatório, a inquietação com os meus familiares mais próximos, a tristeza por estar num ambi ente estranho, o desas sossego para com o meu emprego… Eram bastantes as minhas preocupações, os meus sentimentos, as minhas emoções, mas o facto de ter alguém conhecido antes, durante e depois da cirurgia foi uma grande ajuda... era o enfermeiro do Bloco Operatório.

A cada momento que passa a enfermagem do bloco está a crescer porque verifiquei que as competên cias dos enfermeiros estão a evoluir comparativamente com as cirurgias anteriores a que fui submetida, conquistando um alto nível de desempenho, de glamour que devem manter-se sem pre ou aperfeiçoar-se.

Da minha experiên cia como doente, afirmo que a enfermagem está a camin har para a excelência porque, fazendo uma analo gia entre a arte de cuidar e a arte de dançar, tenho ainda presente as diferentes pistas de dança, isto é, as

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diversas salas de operações aonde estive… Os ritmos de dança que dancei foram vários, pois já fui submetida a intervenções cirúrgicas de várias especialidades.

quila por me esclarecer algumas dúvidas. Todos estes sentimentos que viven ciei foram-se atenuando ao longo dos vários ritmos de dança que dancei.

Lembro-me que na véspera das cirurgias, com movimentos belos mas enér gicos, o enfermeiro do bloco elucidou-me sobre os pas sos de dança que iria dançar com a sua ajuda. Relembro-me que quando me levaram para o bloco senti-me então indefesa, sem poder sobre mim mesma, perdida num vazio inexplicável… Os meus sen timentos eram de tristeza, desilusão e medo do que se iria passar na pista de dança. Contudo, perante a intensidade, graciosidade e respeito com que fui recebi da no Bloco Operatório fez projectar, nos olhos do enfermeiro e em mim, uma cumplicidade, carinho, empatia, compreensão e coor denação como se fossemos um par de dançarinos em extrema sintonia. Estive sempre acompanhada pelo enfermeiro até adormecer… Também me recordo de no dia seguinte à cirurgia o enfermeiro ter ido nova mente visitar-me. Fiquei alegre por revê-lo e tran -

Tenho a certeza que o mapa profissional do enfermeiro do Bloco Operatório traça como caminho a excelência do cuidar porque juntamente com o doente melhoram a sua qualidade de vida dançando, dançan do, dançando…”

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Alexandre Santos de Oliveira, Enfº B. O. CENTRAL DO HOSPITAL DE CURRY CABRAL Ida Maria Menezes Oliveira, Doente com o historial de apendicectomia, colecistectomia laparotómica, derivação ventriculoperitoneal, tendo também o diagnóstico de lúpus eritematoso disseminado, artrite reumatóide, fibromialgias, síndroma de cushing iatrogénico, doença de raynaud, osteoporose, obesidade, apneia obstructiva do sono, hiperten são arterial, diabetes mellitus tipo II, depressão

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No dia 15 de Fevereiro de 2009, é celebrado por toda a Europa, o dia Europeu do Enfermeiro Perioperatório, subordinado ao tema “Procedimentos seguros salvam vidas”. Para comemorar este dia a AESOP está a desenvolver alguns projectos que incluem actividades de rua e que terão lugar em Lisboa e no Porto, com o objectivo de desmitificar o Bloco Operatório, dar visibilidade aos Enfermeiros Perioperatórios e reforçar a sua importância relativamente á segurança do doente. Oportunamente a AESOP irá disponibilizar informação pertinente relacionada com o asunto.

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notícias A Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses – AESOP, a Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras – APEO, e a Associação Portuguesa de Enfermeiros – APE organizaram no passado dia 17 uma reunião com algumas Associações de doentes. O objectivo desta reunião era procurar estabelecer metas para a melhoria do atendimento aos doentes com patologias específicas que requeiram cuidados especiais. Foram convocadas, aleatoriamente, doze Associações, tendo comparecido unicamente três, Associação Portuguesa de doentes com Fibromialgia – MYOS, Associação Portuguesa de pais e doentes com Hemoglobinopatias – APPDH, e Associação Portuguesa da Doença inflamatória do intestino - APDI. Algumas das Associações contactadas manifestaram o seu interesse para futuro trabalho, mas indisponibilidade para comparecer nesta data, outras associações disseram que estariam interessadas em participar e não compareceram e ainda outras não deram qualquer tipo de resposta. A reunião realizou-se, das 20.30h às 23.00h, na sede da APE, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. O que é que as Associações de doentes esperam dos Enfermeiros; 2. Como é que as Associações de enfermeiros podem colaborar com as Associações de doentes de modo a que os cuidados se tornem mais ade quados aos doentes: a. Formação específica dos enfermeiros; b. Guias de acolhimento; c. Manuais de boas práticas; d. Doentes e enfermeiros como instrumentos de pressão junto de Entidades. Depois de uma breve apresentação de todos os presentes, oito pessoas, foram discutidos os vários pontos da agenda e foram tomadas as seguintes decisões: 1. Importância da continuidade do trabalho hoje iniciado, 2. Divulgação das Associações de doentes nas revistas das Associações de enfermeiros presentes, através de um artigo de apresentação, feito pelas associações de doentes, 3. Associações de Enfermeiros como veiculo de informação e “ponte” entre as Associações de doentes e as Escolas Superiores de Enfermagem para divulgação das patologias, tendo em vista a melhoria da qualidade dos cuidados, 4. Associações de Enfermeiros como veiculo de informação sobre as Associações, através da divulgação de folhetos das associações de doentes, 5. Sempre que possível, as Associações de Enfermeiros disponibilizarem um espaço para publicitar as associações de doentes, 6. Associações de Enfermeiros unidas com associações de doentes para serem um “instrumento de pressão” para conquistar alguns benefícios para os doentes com doenças raras e crónicas. 7. Divulgação do resultado desta reunião a todas as Associações de doentes que foram convocadas 8. Marcação de nova reunião para o dia 5 de Março de 2009. M. J. Dias Pinheiro

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notícias ste livro surgiu fruto de um verdadeiro trabalho de equipa, de um espírito de dádiva e de partilha, de uma dedicação e um esforço extraordinário e direi mesmo quase sobre humano. á muito tempo que era um sonho…. odos estávamos conscientes das nossas limitações, não por falta de conhecimentos, mas por falta de tempo e espaço. oi um percurso muito árduo e difícil, que deixou uma certa frustração porque queremos sempre melhor, mas deixou muita alegria, por ser um trabalho muito sério que temos a certeza vai ser muito importante para a melhoria dos cuidados perioperatórios. livro que vos apresentamos é o primeiro livro em português sobre enfermagem perioperatória. ó por esse simples facto vale a pena adquiri-lo. o entanto, consideramo-lo muito mais do que isso. um livro indispensável a todos os enfermeiros perioperatórios que querem que os seus cuidados sejam de qualidade e baseados na evidência. um livro para enfermeiros e escrito por enfermeiros.

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om bases científicas está no entanto escrito numa linguagem acessível e aborda de forma fundamentada toda a problemática dos cuidados perioperatórios. ão basta existir na biblioteca do hospital ou da escola. É um livro para estar em todos os blocos e em casa de cada um de nós que quer melhorar a qualidade dos cuidados. ão aborda técnicas cirúrgicas, mas os princípios gerais de segurança do doente e a nossa função e responsabilidade para com ele. ueremos agradecer a todos que connosco colaboraram, na parte técnica, na construção do livro, na revisão, na motivação, na pressão que sobre nós exerceram para que o sonho se realizasse. emos consciência que não devemos parar, que nesta área o desenvolvimento do conhecimento e da técnica é constante e que, hoje, no lançamento do livro ele já tem coisas a alterar, a actualizar. stou satisfeita e orgulhosa, pela AESOP, pela equipa que somos, pela amizade que nos une, pelo ideal que partilhamos da ENFERMAGEM PERIOPERATORIA

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Maria José Dias Pinheiro

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