Revista AESOP Nº26

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AssociaçãodosEnfermeiros de Sala de Operações Portugueses

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· Nº26 · AGOSTO 2008 ·

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21,00 · ISSN 0874-8128

26 Instrumentação: GASTRECTOMIA DE MANGA VERTICAL



n.º 26 3 editorial 4 informação aos autores 5 CULTURA DE SEGURANÇA NA ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA… UM DESAFIO A INVESTIR! 13 esta secção é sua 17 GENTE QUE CUIDA DE GENTE 21 “MUSICOTERAPIA - BENEFÍCIOS EM AMBIENTE DE UCPA” 27 POSTER: ASOLIDÃO NA INDUÇÃO 31 esta secção é sua

a instrumentação b instrumentação c instrumentação d instrumentação e instrumentação f instrumentação g instrumentação h instrumentação

O tema proposto pelo ICN para a comemoração do dia do enfermeiro “Servir a comunidade e garantir a qualidade”, é um tema vasto e abrangente, mas, simultaneamente transversal, permitindo integrar todos os enfermeiros independentemente da sua área de prestação de cuidados. Num primeiro momento poderá surgir a questão: como pode a enfermagem perioperatória servir a comunidade e garantir a qualidade? O Dicionário Universal da Língua Portuguesa da Texto Editora, refere que comunidade é a qualidade do que é comum, é a totalidade de cidadãos de um país e é ainda um grupo de organismos independentes que partilham o mesmo ambiente e interactuam. Para a AESOP a “enfermagem perioperatória é o conjunto de conhecimentos teóricos e práticos utilizados pelo enfermeiro de sala de operações através de um processo programado, pelo qual, o enfermeiro reconhece as necessidades do doente a quem presta ou vai prestar cuidados, executa-os com destreza e segurança e avalia-os apreciando os resultados obtidos do trabalho realizado”. Ao cruzarmos estas definições, podemos dizer que num determinado momento do seu percurso de vida, o cidadão comum pode sentir a sua integridade física ameaçada, sendo interrompida e afectada, tendo que recorrer aos cuidados de um subsistema específico, como é o Bloco Operatório. Paralelamente, nesta sociedade em profunda e crescente mudança, muitas cirurgias são realizadas em regime ambulatório. Este facto implica que, poucas horas após o procedimento anestésico/cirúrgico, o doente tenha alta hospitalar, regressando ao seu ambiente familiar acompanhado de um adulto responsável. O doente/família que até aqui tinha um papel relativamente passivo, passa a ter um papel mais activo, o de cuidador e responsável pelo auto cuidado. Para que isto seja uma realidade e se torne seguro, é fundamental a excelente interligação entre os cuidados diferenciados e os cuidados primários, de forma a garantir a continuidade. Só assim garantimos a segurança do doente, tornando-o confiante, em relação ao nosso profissionalismo. Esta articulação pode e deve ser solidificada, pois a grande aposta dos cuidados de enfermagem é garantir a continuidade dos cuidados de forma segura, eficaz e eficiente de modo que o doente confie nos profissionais e nos serviços de saúde, sentindo que há sempre um enfermeiro preocupado consigo e um profissional habilitado e interessado em responder às suas necessidades/expectativas . Só uma correcta articulação de cuidados nas diferentes áreas de especificidade em enfermagem, pode garantir aos cidadãos mais saúde assente em melhores cuidados para todos. Carla Cambotas


informação aos autores AESOP é a revista da Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses, cuja publicação será editada três vezes por ano, nos meses de Abril, Agosto e Dezembro. Embora a sua área de divulgação seja, preferencialmente, a de Bloco Operatório e Enfermagem Perioperatória, a Revista dirige-se a todos os enfermeiros independentemente da sua área de actuação, pelo que se aceitam artigos de todos os enfermeiros que desejem divulgar os seus trabalhos, as suas experiências e expressar as suas opiniões sobre assuntos relativos à profissão. Poderemos aceitar o contributo de outros colaboradores, que não enfermeiros, desde que a importância ou pertinência do assunto o justifique. Os originais recebidos serão avaliados pelos elementos da Comissão Redactorial, que têm a responsabilidade de aceitar ou recusar o trabalho, bem como decidir da oportunidade de publicação do mesmo. Os trabalhos poderão necessitar de revisões que melhorem o seu conteúdo e exposição, e a Comissão Redactorial poderá apresentar ou sugerir alterações tendo em vista esse objectivo. Os artigos (publicados ou não) não serão devolvidos. Após publicação do artigo, os autores terão direito a dois exemplares da revista, onde o artigo foi publicado. Os autores deverão enviar os seus trabalhos para: AESOP, Comissão Redactorial da Revista; Av. Do Brasil, Nº 1, 1700-062 Lisboa. Os trabalhos deverão ser acompanhados da respectiva PROPOSTA DE PUBLICAÇÃO Os trabalhos para publicação deverão atender às seguintes condições: · Devem ser originais e não terem sido publicados anteriormente. · O conteúdo é da responsabilidade exclusiva do(s) respectivo(s) autor(es). · Devem estar identificados com o nome(s) do(s) autor(es), título profissional, instituição e serviço, bem como, morada completa telefone e e-mail, (informação incluida na PROPOSTA DE PUBLICAÇÃO). · Devem ser enviados em CD-RW (devidamente identificado) e impressos em triplicado, apresentados dactilografados em papel de formato A4, processado a dois espaços, numa só face, de acordo com as regras de apresentação de trabalhos escritos. · Devem ter, no máximo, 25 folhas, processadas nas condições acima referidas. · As ilustrações, tabelas, quadros e gráficos devem ser apresentadas em ficheiros autónomos, identificados, numerados pela ordem de inclusão no texto. Se as ilustrações forem fotografias, deverão ser cobertas por papel fino, e conter identificação do trabalho, autor e respectiva legenda. · Os trabalhos de investigação poderão incluir um resumo, que contenha os objectivos e as principais conclusões. · As referências bibliográficas e citações de autores devem estar de acordo com a Norma Portuguesa. · Os textos devem ser enviados em programas Word e as imagens (ilustrações, tabelas, quadros e gráficos) em ficheiros autónomos em formato TIFF, EPS ou JPG. O Corpo Redactorial

ficha técnica

AESOP revista VOL. IX nº 26 AGOSTO

2008

PROPRIEDADE E EDIÇÃO Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses – AESOP SEDE, REDACÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, PUBLICIDADE E ASSINATURAS: Av. Do Brasil, 1 1700-062 Lisboa Telefone: 217923705 Fax: 214824578 e-mail: aesop@aesop-enfermeiros.org

DIRECTORA Fátima Ferreira SUB DIRECTORA Carla Cambotas CORPO REDACTORIAL Conceição Chambel Isabel Lajas Marília Franco Henriques Paula Rola COLABORADORES Eduarda Pinheiro Filomena Tavares Helena Martins Isabel Sequeira Margarida Guia Maria José Dias Pinheiro Mercedes Bilbao Teresa Rodrigues DESIGN E PAGINAÇÃO

Madalena Dias Costa IMPRESSÃO E ACABAMENTO Espaço Grafico, Lda. NÚMERO AVULSO

Portugal · 21,00 Europa · 28,50 USA e outros · US $ 33,50 ASSINATURAS Portugal · 48,00 Europa · 66,00 USAe outros · US $ 86,00 Alunos de Enfermagem · 30.00 PUBLICAÇÃO 3 vezes / ano TIRAGEM 2000 exemplares ISSN 0874-8128 DEPÓSITO LEGAL 147626/00


artigo Enfermeiro Alexandre Santos de Oliveira HOSPITAL DE CURRY CABRAL

CULTURA DE SEGURANÇA NA ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA… UM DESAFIO A INVESTIR! Parte II AVALIAÇÃO E CONTROLO DE RISCOS

A avaliação e controlo de riscos implica um conhecimento profundo da organização e das profissões. É um processo que exige ser abordado de forma metódica de modo a garantir que todas as actividades de cada profissão, dentro da organização, sejam identificadas, bem como todos os riscos delas decorrentes. A avaliação e controlo de riscos deve ser um processo contínuo e em constante desenvolvimento, aplicado à estratégia da organização e à implementação dessa mesma estratégia. Para se efectuar uma avaliação e controlo de riscos é necessário: · Identificar as várias profissões no local de trabalho; · Identificar as funções/tarefas inerentes a cada profissão; · Identificar os riscos que podem estar associados a cada função; · Sugerir e implementar formas de eliminar, reduzir ou controlar os riscos em termos de pessoal, equipamento e ambiente de trabalho; · Desenvolver normas standard de procedimento/instruções de trabalho; · Implementar normas standard de procedimento/instruções de trabalho; · Rever periodicamente a avaliação e o controlo de riscos efectuado, bem como as normas standard estabelecidas. Figura n.º 1 A avaliação e controlo de riscos é um – Esquema de avaliação processo dinâmico que está estruturado da e controlo dos riscos seguinte forma: (Fonte: MARQUES, Vítor – Este processo apresenta uma componente ebenta de Estudo: Modelos de de análise do risco, uma componente de avaliação aliação e Controlo de Riscos. do risco e uma componente de avaliação e contro2ª ed. Lisboa, 2005). lo do risco. Aprimeira componente visa detectar e

estimar a grandeza do risco para a segurança e saúde dos trabalhadores através da atribuição de um significado. Na segunda componente definese a aceitabilidade do risco por comparação do risco estimado, ou seja, através do significado obtido com os padrões de refe-rência. Se os factores de risco ou perigos estão eliminados, o risco está controlado. Mas, se alguns factores de risco ou perigos existentes no local de trabalho não foram eliminados procede-se à terceira componente, que consiste num conjunto de operações (selecção, planificação, coordenação e execução) destinadas a minimizar ou controlar o risco até ao nível de segurança máximo possível através da sua constante monitorização. Para efectuar a avaliação de riscos recolhi e compilei informações relativas a: · Regulamentação e legislação sobre prevenção de riscos laborais; · Normalização nacional e internacional; · Códigos de boas práticas; · Riscos característicos das operações efectuadas; · Produtos, materiais e equipamentos utilizados; · Dados de sinistralidade laboral e doenças profissionais do sector; · Dados de sinistralidade laboral e doenças profissionais da própria organização; · Tarefas e sub-tarefas executadas pelos colaboradores. Estas informações foram obtidas através de: · Estatísticas oficiais; · Associações organizacionais do sector; · Manuais de instruções de máquinas e equipamentos ou fichas de segurança de produto; · Publicações técnicas; · Próprios trabalhadores e/ou representantes; · Observação da forma como a actividade é desempenhada. A realização do processo de avaliação e controlo de riscos só foi possível recorrendo a variados instrumentos de trabalho, como os modelos de avaliação de riscos/matrizes. Os modelos de avaliação de riscos centram-se na apresentação dos riscos identificados num formato estruturado (tabelas) de modo a facilitar o processo de avaliação e controlo de riscos. A utilização de uma estrutura bem concebida é necessária para garantir um processo abrangente de identificação, descrição e avaliação de riscos. Ao considerar-se a consequência


artigo e probabilidade de cada um dos riscos definidos na tabela, deve ser possível identificar os riscos chave e estabelecer prioridades na análise detalhada dos mesmos. Cada organização poderá considerar diferentes metodologias, quer na medição das consequências, quer das probabilidades, adequando-as às suas necessidades. Ao realizar-se uma avaliação e controlo de riscos de uma actividade/operação, com base na matriz avaliação de danos, é necessário mencionar a(s) ferramenta(s)/equipamento(s)/produto(s) envolvido(s), respectivos perigos e consequentes danos. Para cada dano avalia-se: gravidade, frequência e probabilidade. A matriz de avaliação de danos define, de uma forma generalizada, o risco como o resultado da probabilidade pela gravidade e pela

frequência de exposição, em que: · Gravidade corresponde à magnitude das conTabela n sequências dos danos; Hierarquização dos Ris - Enfermeiro Anestes

·Frequência corresponde ao número de vezes que o trabalhador está em condições para sofrer o acidente (dano específico); · Probabilidade corresponde às medidas preventivas que existem e à duração da exposição dos trabalhadores ao perigo (medida desencadeadora do acontecimento inicial). Com base no resultado do produto da probabilidade pela gravidade e pela frequênciade exposição é classificado o risco e descrito o tipo de acção a realizar. Tabela n.º 1 – Parâmetro de grav dade (Fonte: MARQUES, Vítor – Sebenta de Estudo: Modelos de avaliação e Controlo de Riscos. 2ª ed. Lisboa, 2005).

Tabela n.º 2 – Parâmetro de frequência (Fonte: MARQUES, Vítor – Sebenta de Estudo: Modelos de Avaliação e Controlo de Riscos. 2ª ed. Lisboa, 2005).

Tabela n.º 3 – Parâmetro de proba bilidade (Fonte: MARQUES, Vítor – Sebenta de Estudo: Modelos de Avaliação e Controlo de Riscos. 2ª ed. Lisboa, 2005).

Tabela n.º 4 – Parâmetro de risco/impacte ambien tal (Fonte: MARQUES, Vítor – Sebenta de Estudo: Modelos de Avaliação e Controlo de Riscos. 2ª ed. Lisboa, 2005).


artigo


artigo Tabela n.º 6 Hierarquização dos Risc - Enfermeiro Circulante


artigo

Tabela n.º 7 ierarquização dos Riscos – Enfermeiro Instrumentista


artigo Tabela n. Hierarquização dos Risc - Enfermeiro Chefe Bloco Operatór

Tabela n. Hierarquização dos Risc - Enfermeiro Esterilizaç


artigo Plano de Acção das tabelas 5, 6 e7 Prevenção Plano de Formação e Informação Plano de Saúde Plano de Organização do Trabalho Códigos de Boas Práticas Plano do Ruído Plano de Recursos Humanos Vigilância Clínica Norma de Equipamento de Protecção Individual Plano de Sinalização Plano de Iluminação Plano de Electricidade Plano Pavimento Plano de Organização da Caixa de Primeiros Socorros Plano de Organização/Arrumação Plano de Limpeza Engenharia Plano de Reestruturação Arquitectónica

Plano de Acção da tabela 8 Prevenção

Plano de Acção da tabela 9 Prevenção

Plano de Formação e Informação Plano de Saúde Plano de Organização do Trabalho Plano de Recursos Humanos Vigilância Clínica Plano de Sinalização Plano de Iluminação Plano de Organização da Caixa de Primeiros Socorros Plano de Organização/Arrumação

Plano de Formação e Informação Plano de Saúde Plano de Organização do Trabalho Códigos de Boas Práticas Plano do Ruído Vigilância Clínica Norma de Equipamento de Protecção Individual Plano de Sinalização Plano de Iluminação Plano de Electricidade Plano de Organização da Caixa de Primeiros Socorros Plano de Organização/Arrumação Plano de Limpeza

Engenharia Plano de Reestruturação Arquitectónica Emergência Plano de Emergência Médica Plano de Combate a Incêndios Plano de Emergência

Protecção Equipamento mecânico auxiliar de mobilização e transporte de doentes Marquesas Mecânicas Camas Mecânicas Equipamento de Protecção Individual Emergência Plano de Emergência Médica Plano de Combate a Incêndios Plano de Emergência

As medidas de eliminação ou contenção do risco são unicamente conferidas à prevenção e à protecção. Relativamente à prevenção são aplicadas medidas que eliminam ou minimizam a exposição e a probabilidade da ocorrência do acidente. Relativamente à protecção são implementadas medidas que eliminam ou minimizam a gravidade do acidente. Em suma, a matriz avaliação de danos faz uma identificação dos perigos de cada actividade e dos respectivos danos e, posteriormente, realiza uma minuciosa análise dos mesmos usando uma abordagem quantitativa para classificar o risco. Algumas ferramentas de trabalho utilizadas são: - mapa geral de riscos, que compila e estrutura de forma objectiva os riscos presentes em cada função; - carta de riscos onde são descritos os riscos inerentes a cada função. - folha de riscos por funções demonstra as tarefas, as condições de trabalho e os riscos presentes em determinada função, permitindo constatar as medidas de prevenção a implementar e o equipamento de protecção individual para a função em análise. As funções, de enfermagem perioperatória, alvo de uma avaliação de riscos foram as inerentes à dos enfermeiros: de anestesia, circulante, instrumentista, chefe de bloco operatório e de esterilização. Com a matriz avaliação de danos, após a classificação do risco, pode-se efectuar uma lista com a priorização dos riscos presentes

Engenharia Plano de Reestruturação Arquitectónica Protecção Equipamento de Protecção Individual Emergência Plano de Emergência Médica Plano de Combate a Incêndios Plano de Emergência

e de seguida aplicar as respectivas medidas de actuação (prevenção, engenharia, protecção e emergência). Como primeira acção considerei os riscos classificados como moderados e elevados. O risco tolerável, não significativo, foi tido em consideração após a implementação das medidas referentes aos riscos classificados como moderados e elevados. Com base na classificação do risco obtida, através da avaliação de riscos utilizando a Matriz de Avaliação de Danos, estruturei um curso de formação para os enfermeiros perioperatórios do hospital em análise. Assim, o programa do curso está directamente correlacionado com o tipo de riscos classificados, ou seja: · O risco classificado como Tolerável/Não Significativo terá uma carga horária de 29% da duração total do curso; · O risco classificado como Moderado terá uma carga horária de 52% da duração total do curso. A percentagem restante corresponde a uma introdução generalizada referente à temática da segurança, higiene e saúde no trabalho. Portanto, cada módulo do curso apresenta uma duração que está relacionada com o tipo de riscos classificados. Desta forma, o binómio classificação do risco versus programa do curso está intimamente implícito ao longo de toda a estruturação do curso de forma a ir ao encontro das necessidades dos formandos, tendo como suporte a avaliação de riscos. continua


notícias ste livro surgiu fruto de um verdadeiro trabalho de equipa, de um espírito de dádiva e de partilha, de uma dedicação e um esforço extraordinário e direi mesmo quase sobre humano. á muito tempo que era um sonho…. odos estávamos conscientes das nossas limitações, não por falta de conhecimentos, mas por falta de tempo e espaço. oi um percurso muito árduo e difícil, que deixou uma certa frustração porque queremos sempre melhor, mas deixou muita alegria, por ser um trabalho muito sério que temos a certeza vai ser muito importante para a melhoria dos cuidados perioperatórios. livro que vos apresentamos é o primeiro livro em português sobre enfermagem perioperatória. ó por esse simples facto vale a pena adquiri-lo. o entanto, consideramo-lo muito mais do que isso. um livro indispensável a todos os enfermeiros perioperatórios que querem que os seus cuidados sejam de qualidade e baseados na evidência. um livro para enfermeiros e escrito por enfermeiros.

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om bases científicas está no entanto escrito numa linguagem acessível e aborda de forma fundamentada toda a problemática dos cuidados perioperatórios. ão basta existir na biblioteca do hospital ou da escola. É um livro para estar em todos os blocos e em casa de cada um de nós que quer melhorar a qualidade dos cuidados. ão aborda técnicas cirúrgicas, mas os princípios gerais de segurança do doente e a nossa função e responsabilidade para com ele. ueremos agradecer a todos que connosco colaboraram, na parte técnica, na construção do livro, na revisão, na motivação, na pressão que sobre nós exerceram para que o sonho se realizasse. emos consciência que não devemos parar, que nesta área o desenvolvimento do conhecimento e da técnica é constante e que, hoje, no lançamento do livro ele já tem coisas a alterar, a actualizar. stou satisfeita e orgulhosa, pela AESOP, pela equipa que somos, pela amizade que nos une, pelo ideal que partilhamos da ENFERMAGEM PERIOPERATORIA

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Maria José Dias Pinheiro


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e s tSISTEMA a s DEe COMUNICAÇÕES c ç ã o éINTEGRADAS sua: e s t a GERA s eGANHOS c ç ãDEoEFICIÊNCIA é sua: e s t a sCOMPROVADOS e c ç ã oNOSéBO s u a : e sOt a s e c ç ã o éA s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e cA ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éP s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éD s u a : e sE t a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éE s u a : Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE (CHLC) implementou um sistema de comunicações clínicas integradas em diversos serviços das várias Unidades que o constituem, nomeadamente na Urgência, nas Consultas Externas e no Gabinete de Coordenação de Colheita de Órgãos e Transplantes do Hospital de São José e no Bloco Operatório Pediátrico do Hospital Dona Estefânia. Este sistema já se encontrava a funcionar desde o mês de Junho de 2007 no Bloco de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, a primeira Unidade europeia a receber uma instalação do género, tendo sido agora instalado na Enfermaria de Internamento desta Unidade e no Bloco Operatório de Cirurgia Vascular. O próximo passo será a instalação no Bloco Operatório Central do Hospital de São José.

ste sistema «direcciona, localiza e diferencia prioridades para os profissionais de saúde, fornecendo comunicações instantâneas, poupando tempo e melhorando os cuidados a prestar aos doentes». O Sistema, segundo o CHLC, já deu provas de eficiência em serviços de Saúde no Canadá e nos Estados Unidos da América permitindo uma coordenação centralizada de pedidos, agilizando o processo de coordenação e eliminando as barreiras comunicacionais ao permitir um acesso directo e simultâneo a todos os destinatários de um mesmo pedido. Este sistema aumenta ainda a

eficácia laboral e do fluxo de trabalho, permite uma visualização simples dos processos em curso e regista todos os eventos e solicitações para elaborar, posteriormente, relatórios. SERVIÇO DE CIRURGIA CARDIOTORÁCICA DO HOSPITAL DE SANTA MARTA

o optar por instalar, numa primeira instância, o Sistema no Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, o CHLC apostou nas potencialidades já demonstradas pela Empresa que o desenvolveu, noutras instalações internacionais. O Serviço em questão é constituído por um Bloco Operatório com 3 Salas de Operações, uma UCI que dispõe de 17 camas de CI: 5 pediátricas, 9 de adultos e 3 quartos de isolamento, bem como um sector de internamento com uma Unidade de Cuidados Intermédios com 7 camas e 28 camas de enfermaria. Presta cuidados ao doente adulto e crianças do foro cardiotorácico e ao doente que necessita de transplante cardíaco e pulmonar. Assegura ainda as consultas externas médicas e de enfermagem pré e pós operatórias e o follow-up dos seus doentes (1º mês, 3º mês, 6 º mês e anual). Os doentes internados no Serviço de CCT consomem recursos importantes, como é traduzido pelo índice elevado de casemix que foi de 4.89 em 2007. Realiza cerca de 1.300 cirurgias/ano, sendo 12,6% de cirurgia urgente.

cirurgia é programada semanalmente, pelo que o doente é internado de véspera, é preparado pelos profissionais de enfermagem do internamento e cirurgia e recebe a visita pré-operatória dos enfermeiros do Bloco Operatório e do anestesiologista, que prescreve a pré-medicação anestésica. No dia da cirurgia, o Enfermeiro prepara a Sala de Operações, confirma o sangue com o Serviço de Imunohemoterapia, solicita o material e equipamento necessário ao Auxiliar de Acção Médica (AAM) do Bloco Operatório e pede o doente ao Serviço de internamento respectivo. ara todas estas comunicações utiliza o telefone para transmitir informações verbais ou solicitar que algum profissional transmita a mensagem ou pedido que necessita.

esde que inicia o turno às 8:00 até à hora que o doente deve entrar na Sala de Operações, entre as 8:20 e as 8:30, os enfermeiros perioperatórios que vão estar responsáveis pelo doente participam na reunião de passagem de turno, confirmam o carro de circulação, reúnem os dispositivos médicos específicos, verificam e registam as condições dos equipamentos da Sala de Operações como o ventilador, electrobisturi, desfibrilhador, preparam os fármacos anestésicos e soros, bem como, o equipamento de monitorização. stão, então, preparados para acolher o doente, realizar a verificação cirúrgica


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e transferi-lo para a respectiva Sala de Operações. Os procedimentos anestésicos irão decorrer na próxima hora, durante a qual será necessário contar com a presença do cirurgião ainda antes do início do procedimento cirúrgico. Todos os pedidos durante a cirurgia, serão canalizados para o enfermeiro circulante e enfermeiro de apoio à anestesia, que deverá estabelecer comunicação com o exterior sem que para isso tenha telefone dentro da sala nem seja conveniente ausentar-se dela durante largos períodos de tempo. empre que algum profissional necessita de informações sobre o estado das Salas de Operações recorre ao telefone ou desloca-se ao Bloco Operatório, solicita a presença de um profissional para que se desloque à sala de operações respectiva, para que tome conhecimento da situação e a transmita. Esta situação repete-se por diversas vezes ao longo do dia.

a altura do encerramento, o Bloco Operatório terá de comunicar esse estado à Unidade que irá receber o doente com uma antecedência de 30 minutos, para que a cama que vai receber o doente operado e os profissionais estejam preparados. O momento da saída da Sala de Operações implica novo contacto com a Unidade pós-operatória e com os Auxiliares que irão proceder à higienização da Sala de Operações, para que o turn over seja o mais curto possível e se assegure o tempo necessário para a realização da próxima cirurgia.

ada uma das cirurgias ocupa, pelo menos, 4 horas de Sala de Operações e estão normalmente marcadas 2 cirurgias/Sala de Operações/dia. O Bloco Operatório

deverá terminar o seu trabalho electivo às 20:00. Só assim se poderão preparar os doentes e o ambiente cirúrgico para o programa do dia seguinte, além de assegurar a cirurgia de urgência nas 24 horas. UCI- Unidade Cuidados Intensivos

urante o período em que a cirurgia está a decorrer os familiares solicitam informação ao enfermeiro da Unidade de Cuidados Intensivos sobre como está a decorrer a cirurgia, ou quanto tempo falta para terminar. Para isso o enfermeiro tem de se deslocar ao BO ou proceder a contacto telefónico para obter estas informações.

pós recepção do doente na UCI há necessidade de se efectuar contacto com vários Serviços de apoio para se proceder à satisfação de todos os pedidos efectuados, Rx, pedidos de sangue, ECG. Implica também o contacto com o AAM para proceder ao transporte de produtos para laboratório e atendimentos das diversas solicitações.

o decorrer da permanência do doente na UCI verificam-se as mesmas solicitações acrescendo a fisioterapia. A transferência do doente exige a solicitação do AAM para colaborar no transporte ou na limpeza da Unidade. Esta solicitação muitas vezes é morosa pela dificuldade de localizar o AAM atendendo às múltiplas tarefas que ela tem de realizar e diversos sectores a que tem de dar resposta. Que mudar, onde intervir

dentificadas as áreas problemáticas em comunicação que representam consumo de esforço de profissionais, de tempo, de recursos materiais, de processos intermédios,

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seleccionaram-se as seguintes áreas em que o sistema de comunicação poderia intervir: 1. Estados da Sala de Operações/ cama de UCI 2. Pedidos de staff 3. Pedidos de doente 4. Pedidos para a Sala de Operações / Unidade do doente Arquitectura da Solução de Comunicações Integradas no Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta

• Cada Sala de Operações é equipada com computador • Instalados dois ecrãs LCD em locais estratégicos, um no corredor central do Bloco Operatório e um no corredor de acesso da UCI • Atribuídos telemóveis por função aos profissionais do Bloco Operatório, UCI e serviços conectados com o Bloco Operatório e UCI de Cirurgia Cardiotorácica. • Instalados painéis do sistema ConnexAll em computadores dos principais Serviços interligados com o Bloco Operatório e UCI (enfermeiros chefes e salas de trabalho do Bloco Operatório, UCI, Internamento, UCIntermédios, Pediatria, Cardiologia, entre outros) Benefícios decorrentes da utilização do Sistema de Comunicações Integradas Bloco Operatório

s inúmeras chamadas, pedidos e notificações que o pessoal de enfermagem tem tipicamente de efectuar durante uma cirurgia, passaram a poder ser todas feitas dentro das salas de operações. Nas salas não existe telefone que ligue os profissionais de saúde ao exterior das mesmas. Com o Sistema de Comunicações Integradas, os enfer-


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meiros de dentro das próprias salas podem pedir para que seja trazido o próximo doente, efectuar os pedidos de sangue, de instrumentos médicos que sejam necessários ou até requisitar staff, isto sem terem de sair da sala, o que se traduz num benefício de importância elevada. oder fazer estes pedidos sem ter de chamar fisicamente alguém ou enviar recados por terceiros foi considerado um ganho de eficiência importante. Pedidos vários como de soro quente, um lençol aquecido ou uma sutura, são exemplos do tipo de solicitações que são feitas nesta Unidade directamente aos auxiliares. Este grupo profissional, aliás, é quem é requisitado mais vezes para este tipo de necessidades. Os auxiliares também estão mais disponíveis, podendo estar noutros locais e serem notificados para o telemóvel em relação a estas solicitações.

oder dar conhecimento aos outros profissionais do estado em que está determinada cirurgia é uma vantagem, para que aqueles possam estar presentes na altura em que serão necessários. Por exemplo, o cirurgião pode tomar conhecimento de um estado de sala, verificando no painel, ou mesmo ser contactado pelo ConnexAll para o telemóvel. Isto vai permitir ao clínico estar em qualquer local do serviço, junto ao doente, a organizar altas, na UCI ou em qualquer outro local e ser chamado para o Bloco Operatório.

m situações de chamadas para os técnicos perfusionistas que são necessários na maior parte das cirurgias cardíacas em que há circulação extra corporal, estes podem ser chamados em qualquer altura, o que é considerada uma forte

vantagem associada aos atributos do ConnexAll. Para transplante de órgãos, o Sistema também será muito importante, no sentido em que permitirá requisitar simultaneamente a equipa de colheita de órgãos e a equipa de transplante.

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Enfermeira Chefe do Bloco, Enfª Mercedes Bilbao, relatou um caso específico onde sublinhou a importância do Sistema numa situação considerada crítica: “Numa situação de emergência em que o BO esta va fechado para manutenção foi activada uma chamada simultânea que notificou os enfermeiros do Bloco Operatório e em menos de 5 minutos estavam todos presentes na UCI. Se não fosse o Sistema, seria necessário recorrer ao telefone, ligar para o refeitório, esperar muito tempo para conseguir contactar um ou dois enfermeiros e não a equipa toda.” á benefícios óbvios para quem gere o BO, como ter sempre acesso ao estado em que está o BO, estando ou não fisicamente nesse momento no BO. Aspectos como a possibilidade de poder prever, programar, ajudar no fluxo de trabalho diário antevendo os passos necessários ao mesmo, foram referidos pela Enfermeira Chefe como algo para o qual a utilização do ConnexAll contribui sobremaneira. utra melhoria sentida é o silêncio conseguido com a utilização do Sistema, reduzindo de forma clara as comunicações verbais e as saídas constantes para ir realizar chamadas de pedidos relacionados com as cirurgias. articulação com serviços externos foi uma outra área onde as melhorias foram notórias, nomeadamente no Serviço de sangue. Segundo a

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Enfermeira Chefe, “o Sistema foi muito bem acolhido e trans mite-nos uma segurança ainda maior nos pedidos que são feitos e notámos uma grande agilidade na forma e no tempo em que agora demoram a chegar os hemoderivados para o BO em comparação com o que acontecia antes”. dicionou agilidade e segurança. A comunicação que permite, agilizou todo o processo de pedidos e permitiu poupar tempo. Unidade Cuidados Intensivos

principal benefício da aplicação do Sistema na UCI traduziu-se no facto de se poder, agora, efectuar de forma muito mais rápida a comunicação que antes se fazia por telefone. Este sistema permite identificar o enfermeiro responsável pelo doente que está a ser operado, comunicar-lhe a necessidade de preparar a cama que vai para o bloco operatório com todo o material necessário, e de prepararação da unidade que vai receber o doente, cerca de meia hora depois de ter sido pedida a cama. gora, os profissionais de saúde têm a possibilidade de verificar logo pela observação do estado da sala que já se iniciou o encerramento. O estado da sala que define o encerramento equivale ao momento em que a cama é pedida. Este pedido também é transmitido ao AAM da UCI.

conhecimento do estado da sala é tomado pela visualização do estado das salas no ecrã no corredor e pela notificação do estado da sala em que se iniciou o encerramento e vai ser pedida a cama. Nessa informação como existe texto livre é incluído o nome do doente e muitas vezes


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informações adicionais que possam ser importantes para a organização dos cuidados e para a preparação da Unidade. Isso tem sido bastante benéfico no funcionamento da Unidade de Cuidados Intensivos. Para a UCI os principais benefícios residem na organização do próprio trabalho e na previsão do que o doente possa vir a necessitar. Enfermaria de Internamento

a enfermaria, onde os doentes estão internados antes de chegarem ao Bloco Operatório, também se têm sentido as vantagens da utilização do Sistema. Existem ecrãs informativos nos computadores do enfermeiro chefe, da sala de trabalho e da Unidade de Intermédios. Estes dão a informação do estado do Bloco Operatório, que só por si permite organizar o seu próprio trabalho. No fluxo de trabalho já sentiram melhorias concretas. Entre elas, o facto de poderem antever qual o doente que vai ser necessário preparar antes de ir para o BO e de poderem receber esse pedido para o BO, sem precisar estar fisicamente num gabinete junto de um telefone fixo ou junto do intercomunicador.

gora, estes profissionais de saúde podem estar em qualquer local da Unidade de Internamento e receber a informação da necessidade do doente ir para o BO o que permite imediatamente a sua preparação posterior. Aqui sentiu-se um benefício na diminuição do tempo decorrido entre a chamada e a chegada do doente ao BO.

adesão geral dos profissionais de saúde ao Sistema foi muito positiva, destacam mesmo o facto do Sistema ser extremamente intuitivo e fácil de usar. A possibilidade de ser contactado pelo Sistema por uma mensagem de voz, para quem é mais vezes chamado, como o serviço de sangue e o serviço de internamento fez com que tenham aderido mais facilmente.

xistia o receio de que as pessoas com pouca experiência em lidar com a informática tivessem problemas, o que não aconteceu. Foi também destacado o facto de ser possível os próprios profissionais de saúde, no decorrer da utilização do Sistema, identificarem possíveis melhorias e a facilidade com que estas são implementadas pelos técnicos. Em termos das principais vantagens destacadas pelos Utilizadores nos Blocos Operatórios onde o Sistema de Comunicações Integradas foi instalado, destacam-se:

· Diminuição do tempo de demora de entrada do doente na SO, desde que é chamado até que chega ao Bloco Operatório. · Comunicação instantânea com todos os Serviços de Internamento ao chamar o doente para o Bloco Operatório, qualquer que seja a distância em que o Serviço esteja localizado, sem necessidade de utilizar tempo na chamada telefónica, localização do enfermeiro, na comunicação do nome e no esclarecimento de dúvidas relacionadas com o pedido.

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· Diminuição de erros na identificação do doente a ser enviado ao Bloco Operatório. · Maior rapidez e segurança no pedido de hemoderivados para o Bloco Operatório, especialmente em situações de urgência. · Melhor ambiente de interrelação com os serviços, por diminuição de desencontros e mal entendidos. · Saídas dos enfermeiros das Sala de Operações diminuídas ao essencial levando a uma maior permanência junto ao doente. · Notificação imediata dos profissionais necessários em situações de rotina e de urgência. · Presença imediata de vários profissionais em situação de life saving, com uma só chamada. · Silêncio marca presença no Bloco Operatório em funcionamento. · Comunicação do estado das Sala de Operações aos profissionais dentro e fora do Bloco Operatório sem interferência de nenhuma pessoa. · Pedidos de higienização das Sala de Operações automáticas, diminuindo esperas entre cirurgias. · Melhor gestão das Sala de Operações mesmo sem estar dentro do Bloco Operatório. · Elaboração automática de relatórios e indicadores de qualidade e de produção. Mercedes Bilbao - Enfª Duarte Stock - Gestor

Apesar de fora de prazo ainda está a tempo de fazer a sua inscrição nas 1as Jornadas de Enfermagem em Ortopedia a serem realizadas na Madeira, nos dias 17 e 18 de Outubro, próximos.


artigo Paula Encarnação Peres, Enfª.

GENTE QUE CUIDA DE GENTE

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O presente trabalho aborda de forma sistemática a importância das terapias holísticas, seus benefícios e contributo para a prática de Enfermagem na visão de um paradigma holístico. O Toque Terapêutico (imposição de mãos) embora seja uma terapia que deriva de um conceito de cura milenar, pela sua recente aplicação pelos enfermeiros, considerámos importante relatar os resultados do início desse ensino nos EUA através da enfermeira Dolores Krieger docente na Faculdade de Enfermagem da Universidade de Nova York. Serão apresentados dois casos clínicos, nos quais participámos na aplicação do toque terapêutico. Descritores: paradigma; paradigma holístico; toque terapêutico, imposição de mãos.

Paula Encarnação Peres Assistente de 2º triénio na Escola Sup. de Enfermagem Calouste Gulbenkian – Univ. do Minho. Enfermeira Especialista em Enfermagem MédicoCirurgica. Mestre em Educação – área de especialiação: Educação de Adultos Cursos na área das terapias complementares: 1º e 2º graus em cromoterapia; curso de massagem com valências em: massagem desportiva, shiatsu, massagem de relaxamento, reflexologia e automassagem, auriculoterapia e tuina (massagem chinesa), no Instituto Português de Naturologia; aluna da Escola SHY(Fundada pelo Mestre Luong Minh Dang, protocolo da International University em Colombo, Sri Lanka).

Quando fui convidada a apresentar uma comunicação neste painel intitulado “Gente Que Cuida De Gente”, fiquei sensibilizada com o título proposto, isto porque, todos somos pessoas com características definidoras, individuais, onde o “sentir” e o “agir” são dimensões que se articulam de forma variável, em contextos culturais precisos. É nestes contextos culturais que todos, sem excepção, nos articulamos com a nossa história pessoal, com a nossa condição social, orientando o nosso pensamento e percepções sensoriais. É no quotidiano, que nos inter – relacionamos onde (dependendo do local em que nos encontramos nesse momento), os nossos papéis sociais se modificam: sou mãe/esposa; sou enfermeira; sou amiga/conselheira; educadora/professora; sou referência/sou exemplo; dirigente/colaboradora; sou… São estes papéis que nos transformam em “gente”, que nos humanizam, no entanto, o facto de “cuidarmos de gente”, orienta a nossa prática, obriga-nos a trabalhar sobre os sentidos “do cuidado”, procurando reconstruir, a partir deles, o nosso saber enquanto enfermeiros, profissionalizando as nossas intervenções.

Nessa profissionalização e como em qualquer campo do saber, a Enfermagem desenvolve teorias, modelos teóricos, métodos, procurando construir o seu próprio paradigma. Recordando Thomas Kühn, na sua célebre obra A Estrutura das Revoluções Científicas (1962)(1), o qual defendeu que os grandes progressos da ciência não resultam de mecanismos de continuidade mas sim de mecanismos de ruptura, onde a ciência se desenvolve através de uma prática convergente e unificada de pesquisa determinando a cientificidade de uma área específica de investigação, torna o conceito central da reconstrução da racionalidade científica levada a cabo por Kuhn a denominar-se de “paradigma”. O conceito de paradigma tornou-se muito popular a partir das propostas de Kühn e hoje significa, mesmo na linguagem corrente, uma maneira de ver a realidade. Trata-se de um conceito particularmente importante para compreender, não apenas a ciência, mas a sociedade em que nos inserimos. De facto, muitos dos conflitos que hoje em dia se geram, resultam de choques entre pessoas que vêm a realidade de maneira antagónica. Quando se vê a realidade de uma determinada maneira é-se incapaz de a ver de outra, tendo cada um de nós, a certeza de que a forma como a observamos e vivenciamos é a mais correcta. De facto, quando estamos prisioneiros de um paradigma, dificilmente conseguimos aceitar outro paradigma que compita com esse. Só se fizermos um esforço grande para nos situarmos no outro paradigma passaremos a ver as coisas de uma forma completamente diferente. “No essencial, o importante é ganharmos flexibilidade intelectual para sermos capazes de mudar de paradigma. Uma vez ganha essa flexibilidade, poderemos, então, analisar cuida dosamente os paradigmas em jogo e fazer opções mais apropriadas aos universos nos quais, em cada momento, nos situamos” (1). Neste jogo de flexibilidade mental, podemos olhar para o paradigma onde considero que a Enfermagem tem um verdadeiro campo de acção – o paradigma holístico. O precursor do


artigo paradigma holístico foi Jan Smuts (1870-1950), um filósofo sul-africano, pioneiro nos estudos sobre a natureza da evolução, o qual sustentava a continuidade evolutiva entre matéria, vida e mente. Foi o criador do termo “holismo”, quando divulgou o seu livro em 1926. “Holismo” tem a sua génese na palavra grega holos que significa o todo, pelo que o conceito definido por Smuts avança para uma visão sintética do universo e propõe a totalidade em oposição à fragmentação. Para Smuts, a compreensão fragmentada de matéria, vida, mente e personalidade, resulta na fragmentação do conhecimento em ciências físicas, biológicas e humanas, e que esta fragmentação atinge a nossa estrutura individual onde o corpo, emoções e mente se encontram em frequentes conflitos (2).Em reacção a esta situação, surge o holismo, que se opondo ao determinismo da fragmentação das coisas, cresce em certos meios da ciência, mudando princípios, hábitos de pensar e de se comportar em relação ao mundo, caracterizando a emergência de um novo paradigma de ciência. Desta forma entendo haver a possibilidade de coexistência de diferentes métodos e diferentes paradigmas conjugados simultaneamente, numa abordagem multiparadigmática do cuidar, suportada na teoria de integração de Meleis (3). Meleis preconiza que o debate e a competição de teorias contribui definitivamente para a construção da disciplina de Enfermagem, onde o “foco da disciplina” (4) é o estudo do cuidar (dos cuidados) e a experiência humana de saúde, ou seja, para ser um objecto de estudo específico de enfermagem, tem de conjugar os cuidados prestados e o comportamento de saúde. Para Meleis a Enfermagem “consiste na facilitação dos processos de transição, no sentido de se alcançar uma maior sensação de bemestar” (4). O nosso “olhar” sobre um cuidar multiparadigmático (5), entendido como uma forma de estar na existência, como uma necessidade e um dever de cada um para consigo próprio e para com o outro, numa visão holistica do ser, foca-se em várias técnicas, que embora tenham as suas raízes na cultura Oriental, têm conjugado diferentes modelos terapêuticos visando um cuidar holístico. Muitas das técnicas holisticas (designadas por complementares), dificilmente podem ser submetidas a um estudo nos moldes académicos, como um duplo cego randomizado e placebo controlado, mas podem ser submetidas à análise qualitativa que funciona como um estudo pré clínica. Desta forma, pode-se avaliar o efeito da cromoterapia ou aromaterapia na

sensação de bem-estar ou na diminuição das consequências da depressão. A cromoterapia, contrariamente ao que se pensa, não é uma técnica nova. Trata-se de uma antiquíssima técnica de terapia, cujos vestígios foram encontrados nas civilizações antigas. Na Antiguidade e na Idade Média, os “médicos”gregos, romanos, egípcios, indianos e chineses tratavam as pessoas por meio da energia difundida pelas cores. Existiam templos com sete salas, cada uma delas decorada e pintada com as sete cores do prisma. Acredita-se que aqueles que vinham ao templo para se tratarem, faziam primeiro um “diagnóstico de cor” e depois eram conduzidos ao quarto que irradiava a cor indicada. Na Índia, a prática da cromoterapia passava pelo uso de pedras preciosas, onde se acreditava que as mesmas são um armazém de cor cósmica. Hoje em dia, podemos encontrar máquinas computorizadas, com software desenvolvido na mistura de cor a qual é aplicada através de cristas (6). Também a aromoterapia remonta a épocas muito antigas, crê-se que a destilação dos óleos essenciais se remontam aos finais do século X, graças ao médico árabe Avicena (Abú ‘Ali al-Husayn), o qual deixou um amplo legado sobre as propriedades das plantas, e introduziu o sistema de refrigeração no processo de extracção de óleos essenciais. Crê-se que a aromoterapia chegou ao mundo ocidental na Idade Média (época das cruzadas). Nesta altura, durante as epidemias da peste e cólera na Europa, utilizaram-se os óleos essenciais pelas suas propriedades antissépticas. No início do século XX, graças aos trabalhos do químico francês René – Maurice Gattefossé (1928), os óleos essenciais foram por ele introduzidos, tendo sido o primeiro a aplicar o termo aromoterapia (6). Já na dor crónica e nos estudos feitos em cuidados paliativos, a “medicina” tradicional chinesa tem utilizado uma série de recursos terapêuticos onde inclui a fitoterapia, a dietoterapia, massagem (Tui-Na), acupunctura, moxibustão, QI Gong, Tai chi chuan, quiropratica, respiração e relaxamento; com sucesso nestes doentes (6). Além das técnicas mencionadas anteriormente, podemos ainda falar de outras que têm sido experimentadas por pessoas em diferentes fases da sua vida, quer como forma de relaxamento, quer como forma de tratamento. Assim temos: imposição das mãos (reiki, toque terapêutico, …); auriculoterapia; reflexologia; florais de Bach; homeopatia; nutrição ortomolecular; iridologia; do-in; shiatsu; osteopatia; meditação transcendental; musicoterapia; oligoelementos; sofrologia; entre outras (6). Seria demasiado extenso debruçarmo-


artigo nos sobre a história de todas estas terapias, no entanto, falarei agora de uma a que sou particularmente sensível pela minha prática diária e que se encontra em desenvolvimento clínico e investigação por enfermeiras – o toque terapêutico. O Toque Terapêutico (TT) deriva da Imposição das Mãos, considerada uma arte antiga que de acordo com alguns autores, produz a cura psíquica, física e espiritual, na medida em que mantém os pressupostos do potencial humano para curar através do toque. No entanto, não possui qualquer base religiosa e é independente da fé ou crenças daqueles que a recebem ou dos que a praticam. O toque terapêutico foi introduzido na Enfermagem pela enfermeira Dolores Krieger, professora de enfermagem na Universidade de Nova Iorque por volta de 1970. A sua base teórica tem como referência a Ciência do Ser Humano Unitário de Martha Rogers (7). O modelo de Rogers surgiu de múltiplas fontes de conhecimento, sendo as mais importantes a dinâmica da física quântica não-linear e a teoria geral dos sistemas. Para Rogers o campo de energia é a unidade fundamental dos seres vivos e não vivos. O campo é um conceito unificador e a energia significa a natureza dinâmica do campo. Os campos de energia são dois: o humano e o ambiental. Caracterizam-se por serem infinitos, pandimensionais, abertos e integrais uns com os outros. Na construção deste modelo propõe-se a transformação da prática da Enfermagem num sistema terapêutico independente que promova a saúde, baseado na utilização da energia e em processos não-invasivos, como é o caso da aplicação do Toque Terapêutico. Em 1975, Dolores Krieger, demonstrou os efeitos do TT através da medição de índices fisiológicos em seres humanos após estudos laboratoriais. Comprovou que, após a aplicação do Toque Terapêutico, ocorrem significativas alterações fisiológicas em doentes hospitalizados por diferentes tipos de patologias. A maioria dos estudos foi realizada em ambiente hospitalar com grupos de controlo. Procedeu a uma investigação com a colaboração de profissionais de saúde em doentes com neoplasia. Estes doentes foram seguidos ao longo de três anos. Um grupo recebeu o tratamento convencional, o outro recebeu além do tratamento instituído o TT. Os níveis da hemoglobina nos doentes com neoplasia submetidos ao toque terapêutico aumentaram significativamente, apesar de estarem a ser submetidos a quimioterapia. Krieger concluiu que as elevações nos níveis

sanguíneos da hemoglobina indicavam com segurança a ocorrência de alterações bioenergéticas e fisiológicas produzidas pelo TT (7). O toque terapêutico consiste num "toque sem toque", uma vez que não há, necessariamente, o toque do terapeuta directamente sobre a pele do doente. As mãos do terapeuta permanecem cerca de 6 a 12 cm de distância da pele, não havendo necessidade de retirar sequer as roupas (a distância é determinada pela avaliação inicial do terapeuta sobre o campo do doente). A técnica consiste em quatro etapas: 1) Centrar/concentrar – o terapeuta concentra a sua atenção e sensibilidade nas mãos, para utilizá-las conscientemente, a fim de determinar o diagnóstico do campo energético do doente. A primeira etapa exige, extrema disciplina e auto controle por parte do terapeuta. 2) Diagnóstico do campo energético – o terapeuta percorre o campo energético do doente, palpando-o com as mãos no sentido crânio-caudal. 3) Tratamento e modulação do campo energético – o tratamento consiste em repadronizar as áreas de deficit e alterá-las, através do alisamento do campo energético. Geralmente as mãos do terapeuta aquecem neste procedimento e os doentes referem sentir um calor intenso como se lhes fosse aplicado um saco de água quente. 4) Avaliação – avalia-se todo o campo energético para comparar o resultado final com os problemas que irão ser detectados numa sessão futura. Por vezes, não é possível repadronizar totalmente o campo energético do doente de forma a deixá-lo totalmente desbloqueado e homogéneo. O terapeuta deve conhecer e ter consciência das suas limitações e aguardar pela próxima sessão para repadronizar áreas de difícil tratamento. O TT pode ser aplicado em todos os problemas de saúde, no entanto os estudos demonstram uma maior eficácia em determinadas situações: controlo da intensidade de dor; controlo de estados de stress e ansiedade; contracturas da região cervical e dorsal; alterações auto-imunes; diabetes; estados de fadiga extrema; lesões e alterações cutaneas; forma de promoção do estado de saúde; procedimentos pré e pós cirúrgicos; reabilitação física e síndrome pré-menstrual.


artigo Trago-vos dois casos clínicos na área cirúrgica (que é do vosso interesse) e nos quais intervi, como exemplo dos benefícios que o TT pode provocar. Caso clínico 1: Mulher de 40 anos, submetida a uma cirurgia de otorrino: rinoseptoplastia; amigdalectomia e uvulopalatoplastia por rádio – frequência. Após uma semana de pós-operatório cirúrgico, esta senhora encontrava-se com hipertensão (valores entre os 180/100 mmhg), muito queixosa, com dor (ao deglutir e nas áreas de intervenção cirúrgica). A dor pela sua intensidade, na escala numérica era de 8-9, sendo o máximo de 10 valores. Edema da face e nariz. Sono e repouso comprometido (dormitava na posição de sentada por pequenos períodos). Ingeria dieta líquida. Como tratamento médico foi-me dito que estava a tomar análgesicos desde o pósoperatório imediato e que agora não estariam a fazer o efeito desejado pelo que tinha dor contínua. Mantinha nebulizações com soro fisiológico em SOS. Ingeria anti-inflamatórios de 6h-6h e a antibioterapia instituída de 8h-8h. Iniciámos o tratamento com TT, após explicação prévia, uma vez que a Sra. embora tenha ouvido falar nesta técnica desconhecia os benefícios, a técnica em si e o que deveria fazer para ajudar o efeito da terapia. Dada a agressão física, gerada pelo processo cirúrgico ao qual a Sra tinha sido sujeita, tornou-se necessário durante 3 dias consecutivos a aplicação do TT durante 1hora. Após o primeiro tratamento conseguiu: - dormir cerca de 6horas; iniciar dieta normal; ingeriu uma única vez terapêutica antialgica; auto-administrou nebilizações duas vezes, mantendo restante terapêutica instituída. Após o segundo tratamento conseguiu: - dormir a noite toda; não ingeriu terapêutica anti-algica por ausência de dor

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(embora mantivesse o desconforto) e não sentiu necessidade de administrar as nebulizações, mantendo a restante terapêutica instituída. Após o terceiro tratamento: - manteve-se sobreponível ao segundo tratamento. Isto significa que estabilizou a sua situação, sendo agora necessário aplicar o tratamento de TT uma vez/semana até à cicatrização completa dos tecidos. Foi sujeita a mais cinco tratamentos. A sua recuperação foi total. Caso clínico 2: Mulher de 28 anos submetida a cirurgia estética (abdominoplastia). Dor intensa (10 valores), na região de intervenção cirúrgica. Para deambular necessitava do apoio do marido e filha. Terapêutica anti-algica instituída ineficaz. Iniciou o tratamento com TT seis dias após a intervenção cirúrgica. Foi sujeita apenas a um único tratamento, por opção da própria. Isto porque a dor desapareceu por completo ao fim de 12h após o tratamento com TT. Para terminar, quer utilizemos a alopatia ou as terapias designadas como complementares, ou ainda, se opte pelo misto das duas, deveremos ter em conta que o processo de cura não é apenas mecânico, é igualmente importante para a saúde a relação entre o enfermeiro e a pessoa. Restabelecer o equilíbrio sempre dependerá destas relações, sem a cooperação da pessoa o enfermeiro mesmo utilizando uma filosofia holística, não poderá realizar o seu trabalho. A melhor maneira de cuidar de uma pessoa é estar com ela, olhando nos seus olhos, ouvindo as suas palavras, sentindo-a, restabelecendo assim o equilíbrio ou a cura.

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Após vários contactos e muito trabalho, vai ter inicio em Janeiro de 2009, no ISAVE – Instituto Superior de Saúde do Alto Ave, a primeira pós graduação em Enfermagem Perioperatória. Esta pós graduação está organizada de modo a poder “contar” como o 1º ano de um Mestrado Profissionalizante a realizar na Escola Superior de Enfermagem Dr. José Timóteo Montalvão Machado, em Chaves. Estejam atentos à nossa webpage.

www.aesop-enfermeiros.org


artigo Jorge Peixoto Enfermeiro Graduado Bloco Operatório, HOSPITAL DE S. MARCOS

“MUSICOTERAPIA - BENEFÍCIOS EM AMBIENTE DE UCPA”

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Se pensarmos na História da Enfermagem, não conseguimos nunca dissociála da Arte. O conceito actual de Arte e Ciência é, de facto, intemporal. Se nas motivações fundadoras da profissão estiveram um conjunto de circunstâncias sociais e culturais, hoje, as motivações que dão corpo à Enfermagem desmultiplicam-se de dia para dia. As expectativas, as intenções e os constrangimentos dos dias de hoje não devem frustrar as nossas próprias motivações. Um enfermeiro motivado vale muito mais do que uma série de números escritos num recibo mensal porque é o enfermeiro que promove a saúde, respeita o sofrimento do próximo, dá conforto e carinho, em troca de um afago, um sorriso ou apenas... um olhar. Mas como poderemos dar tanto, recebendo só agradecimento e reconhecimento, se não estivermos de bem connosco mesmos? Como suportar o pouco reconhecimento social, as injustiças politicamente determinadas, as pressões institucionais, as demandas superiores, a competição desenfreada entre pares e tantos outros condicionalismos inerentes à nossa profissão, se não houver, também, alguém que olhe para nós, que nos cuide, que nos ampare, que nos mime? Temos, primeiro, que estar de bem connosco próprios e com a profissão. Investir na Excelência do Cuidar, dia-adia, hora a hora, pessoa a pessoa, gesto a gesto; afinal é “só” ser Enfermeiro, é “só” ser-se um bom profissional.

Depois, é preciso arranjar motivação naquilo que fazemos, manter o auto-controle em situações de stress e de pressão, manter o bom humor apesar das contrariedades, manter uma permanente actualização/informação para que, desenvolvendo/integrando novas competências, possamos cuidar melhor. Foi neste contexto que encontrei motivação para ultrapassar as rotinas diárias da minha prática, para maximizar recursos, socorrendo-me de outras Ciências e formas de expressão que conferem ao meu conceito de Enfermagem, um teor de dinamismo e inovação. Pensemos num Bloco Operatório, onde a exigência crescente relativamente à prestação de cuidados de qualidade, faz proliferar desenfreadamente novos conceitos científicos, novas técnicas, busca de mais eficiência com vista a satisfazer formas de pensar focalizadas na eficácia e na fria realidade dos números. No meio deste horizonte feito de lógicas e de modos de fazer, entra em cena o Enfermeiro Perioperatório; imbuído do conceito holístico que orienta o cuidar, “aquece” este ambiente mecanicista, humaniza este espaço, tornando-o dinâmico e indivisível da Instituição, da Sociedade e do Mundo. Como preconiza Jeane Watson (2002) “a Enfermagem, sendo uma ciência humana, não se limita ao conhecimento das ciências naturais; a Enfermagem lida com seres humanos, que apresentam comportamentos peculiares, talhados por valores, princípios, padrões culturais e experiências que não podem ser objectivadas e tão pouco consideradas como elementos independentes”.


artigo O que caracteriza as teorias de Enfermagem é o facto de elas englobarem, além do empirismo, padrões de conhecimento. A Enfermagem, como diz Waldow (1998), além das ideias dos teóricos sobre a Saúde, inclui aspectos que reflectem crenças e valores. O Enfermeiro Perioperatório é exemplo de um profissional que está claramente influenciado por outras áreas de conhecimento. Na sua prática inclui a interacção com o ser humano, enquanto pessoa única “pré-carregada” com a sua história de vida e condição de saúde circunstancial, recebendo os “insights” que resultam da Arte da Enfermagem tão necessária num Bloco Operatório. Seremos Psicólogos ou Conselheiros espirituais?

nada nos impede de acrescentar esta mais-valia ao nosso Cuidar que se quer, incessantemente, integrado e abrangente. Como enfermeiro participante nos cuidados da UCPA (Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos) e já com alguns anos de experiência, consegui focalizar a minha atenção em alguns elementos ambientais que poderiam ser melhorados e daí inferir para desenvolver um projecto que pudesse ser relevante para a melhoria dos cuidados. De facto, só como sujeitos participativos no acto de cuidar conseguimos aproximarnos dos utentes, o suficiente, para percebermos as suas necessidades, as suas inquietações, as suas expectativas em relação aos cuidados, aos profissionais e também ás várias vertentes das suas vidas. Só assim poderemos dar ou optimizar as respostas.

Seremos Actores ou Artistas Plásticos? Seremos Técnicos Electromecânicos ou Engenheiros do Ambiente, Controladores de qualidade, Encenadores, Educadores de Infância, Educadores Sociais, Médicos, Videntes?.... Não, somos Enfermeiros e no entanto, somos um pouco de tudo, porque a tudo deitamos “mão” quando, mesmo inconscientemente, usamos conhecimentos que não são específicos da nossa formação/educação. De facto, ao longo da sua formação, o Enfermeiro é dotado de vários tipos de conhecimento, que o habilitam a ter uma versatilidade acima da média. Como descreve Carper (1978), além dos Conhecimentos Ético e Empírico, que poderemos atribuír àqueles que estão ligados à cientificidade da profissão, podemos considerar também o Conhecimento Estético e o Conhecimento Pessoal. No Conhecimento Estético podemos incluir toda a componente artística da Enfermagem e a forma como ela se expressa através das nossas acções, comportamentos, atitudes, e interacção com as pessoas. O Conhecimento Pessoal expressa a nossa experiência enquanto enfermeiros e enquanto pessoas. A experiência interior que nos torna um todo, um self consciente, é obtida com o passar dos anos, quando damos a cada situação um significado próprio e pessoal, desenhado pela experiência consciente e pela introspecção circunstancial. Apoiado nestes dois últimos Padrões de Conhecimento de Enfermagem, considerei importante acrescentar a esta panóplia de recursos, mais um, a Música. Não seremos concerteza, ou na maioria das vezes, músicos, mas

Essas noções levam-me a pensar que, na arte de cuidar, além do cumprimento das normas de qualidade designadas para a UCPA, outros factores deveriam ser considerados, também, como prioritários, nomeadamente a emoção, a sensibilidade, a habilidade, a intuição e o poder criativo. Como o cuidar é sempre contextual, o ambiente envolvente aos cuidados deve ser considerado como um elemento a optimizar dentro deste complexo sistema de relações e interacções. Surgiu, então, a ideia de modular o ambiente sonoro da UCPA, recorrendo aos princípios da Musicoterapia. Desde sempre que o som exerce influência sobre o Ser Humano. Ninguém fica indiferente a um estímulo sonoro, respondendo de forma diversa consoante esse estímulo se torne negativo ou positivo. A Música, nas suas variadas formas culturais, é usada pelo Homem desde a Antiguidade. Citando Homero: “... a Música foi uma dádiva divina para o Homem: com ela, poderá alegrar a Alma e assim apaziguar as perturbações da sua mente e corpo.” Como método terapêutico, a Música está documentada desde o início da História Humana. Se reflectirmos bem, a música, é anterior à linguagem, encontra-se nas raízes primitivas e espontâneas e por isso, “... o tratamento através da música recupera a espontaneidade natural perdida”. Costa (1989).


artigo Mas quais são as bases cientificas que conferem á Música tais atributos? Várias correntes e teorias gravitam em torno da Musicoterapia actual. As Teorias do Modelo Médico, por exemplo, não conseguem explicar claramente os efeitos puramente fisiológicos da música sobre o Ser Humano. Segundo várias pesquisas, Ruud (1990), explica que parece haver uma conexão um tanto complexa entre a experiência psicológica e as reacções corporais concomitantes, tornando difícil para o musicoterapeuta a utilização de tradições farmacológicas relevantes ao pensamento do modelo médico. Uma das teorias que se apresentam para explicar de que maneira a música tem condições de alcançar a “vida mental mais profunda” dos seres humanos é a chamada “teoria do tálamo” ou a “teoria Cannon- Bard de emoção” Ruud (1990) citando Hilgard (1967) escreve: “Esta teoria afirma que os impulsos que chegam a partir do evento (no caso a música) que excita a emoção, são filtrados através do tálamo, onde a qualidade nítida da experiência emocional é acrescentada; os impulsos dirigem-se então tanto para o córtex, onde os aspectos intelectuais se integram, como para as vísceras e musculatura”. Já nas Teorias Psicanalíticas, a música e a sua utilização como terapia ganha outra compreensão. Aqui, os elementos da música tais como ritmo, melodia, harmonia e modos parecem ter uma significância psicodinâmica específica. Algumas destas teorias psicanalíticas conferem ao musicoterapeuta possibilidades de racionalizar o seu trabalho: - A música propicia meios de sublimação, canalizando desse modo, ímpetos e impulsos de maneira sociável e aceitável; - Através da “catarse”, a música propicia a resolução de conflitos danosos; - A música propicia possibilidades de um fortalecimento geral da estrutura do ego do paciente; - A música ao atingir directamente a mente inconsciente, permite ao indivíduo descobrir novos aspectos de autoconhecimento. As Teorias Comportamentais/Behavioristas, vêem a Musicoterapia como um método de manipulação comportamental com aplicação clínica na área da modificação comportamental. È nestas teorias que surge a ideia da

música como elemento reforçador. Ruud (1990), citando Steele (1967), afirma que “Alguns procedimentos de modifi cação comportamental, baseados na crença de que o comportamento humano é primordialmente uma função dos estímulos ambientais externos e interacção social, enfatizam os efeitos de recompensa e manipulação dos estímulos ambientais no seu controle”. As teorias Existenciais-Humanistas, consideradas como a “terceira força” na psicologia contemporânea, consideram que a música ajuda o indivíduo a desenvolver maior potencial como ser humano. A psicologia humanista preocupa-se com tópicos que ocupam pouco espaço nas correntes tradicionais, como por exemplo: amor, criatividade, o eu, crescimento, organismo, gratificação básica necessária, auto-realização, valores mais elevados, ser, vir a ser, espontaneidade, diversão, humor, afectos, naturalidade, calor, transcendência do ego, objectividade, autonomia, responsabilidade, significado, espírito desportivo, experiência transcendental, experiência máxima, coragem e conceitos relacionados. Conceitos como a “mudança” e “crescimento” são provavelmente os mais citados entre os terapeutas ligados à psicologia humanista. Hadsell citada por Costa (1989) propõe ainda uma outra abordagem teórica a que chama de sociológica. Nesta abordagem “a musicoter apia teria o objectivo e a propriedade de desen volver a capacidade do indivíduo de lidar com os problemas de uma sociedade em rápida e con stante mutação, o que faz com que os seus mem bros precisem fazer face a exigências sempre novas e crescentes. Considera a sociedade contem porânea orientada principalmente para a necessi dade de encontrar identidade e valor pessoal e não para a luta pelas necessidades básicas”. Reflectindo em todo este panorama actual ligado às correntes musicoterapeuticas, identificam-se procedimentos e ideias tão distintas que poderemos questionar-nos como Arveiller (1980): “Existe uma musicoterapia, ou existem musicoterapias?” É apoiado neste contexto amplo e versátil da musicoterapia, e dando ênfase às correntes Existenciais-Humanistas e Behaviorista, que posso justificar o provável papel da música como modulador de um ambiente mais terapêutico na UCPA e ao mesmo tempo funcionar como um elemento reforçador, e mesmo recompensador, para os profissionais responsáveis pelos cuidados que ali se prestam.


artigo Trabalhos científicos realizados por vários autores, nomeadamente, Gabriele E. Timermen (terapeuta da respiração), Hans Volker Bolay (Musicoterapeuta), Hugo A. Betucci (Anestesiologista) e U. Nilsson (Anestesiologista), comprovam a aplicabilidade da música no B.O. e em especial no campo da anestesiologia. Fruto de muitos estudos levados a cabo no campo da musicoterapia, os especialistas afirmam que a música harmónica, melódica e ritmada, pode provocar nos seres humanos oito tipos de efeitos básicos: · Anti-distónico; · Anti-neurótico; · Equilibrador do metabolismo profundo; · Equilibrador do sistema cardiocirculatório; · Analgésico e/ou anestésico; · Regulador psicossomático; · Sedativo e Tranquilizante; · Anti – stress. Segundo Ruud (1991), os princípios da musicoterapia trazem vantagens directas para os trabalhadores: · Influência positiva sobre estados físicos, comportamentais, estados de humor e atitudes; · Aumento da vigilância, da eficiência, da produtividade, da moral e da segurança nos locais de trabalho; · Estímulo da prática de valores como o respeito, a disciplina, a colaboração, a união e a partilha. O projecto de implementação da musicoterapia na UCPA surge na sequência de alguns factores que foram determinantes, nomeadamente, algumas inquietações relacionadas com o nível do ambiente sonoro produzido e que tenho vindo a constatar ao longo destes anos de experiência e de vivência na realidade de uma UCPA. O sentimento sempre presente de tentar realizar algo inovador e benéfico que pudesse acrescentar qualidade aos cuidados, serviu como catalisador de algumas conversas com elementos ligados á equipa multidisciplinar do B.O. Por fim, uma ideia comum com o Director do Departamento de Anestesiologia, revelou-se o mote para dar corpo á ideia e subsequentemente ao projecto. Empreendi então um trabalho de pesquisa apoiado em literatura, em buscas na internet e em algumas conversas informais com um professor de música do Conservatório. Apresentadas as ideias às Enfermeiras Chefes e

ao Director do B.O., iniciámos várias sessões de formação em serviço (3) que se estenderam a todos os grupos socioprofissionais envolventes. Com um feedback muito positivo, avançámos para a instalação de um sistema de som na UCPA, para reprodução de ficheiros musicais instalados num PC. Com a condição “sine-qua-non” de a música estar ligada apenas quando não se revelasse um incómodo para os profissionais em actividade e para os próprios doentes, iniciouse o processo, a título experimental, durante 10 meses (Set. /2006 – Jun. /2007). Após este período de estímulo musical, e para para poder ser introduzido o factor comparação, foi suspensa a música na UCPA durante cerca de 3 meses. Durante os meses de Nov. e Dez./2007 foram distribuídos inquéritos aos Enfermeiros e Médicos Anestesistas para saber opiniões sobre a experiência realizada e expectativas em relação à continuidade do projecto. O questionário destinou-se exclusivamente a profissionais. Os doentes não foram incluídos por considerarmos que havia uma grande variedade de factores em presença, nomeadamente, patologias, cirurgias, anestesias, grupos etários, classificações ASA, e que deste modo não conseguiriamos aquilatar de uma forma fidedigna as suas vivências e opiniões acerca do projecto. Embora recebendo, com frequência, feedbacks muito positivos (principalmente dos doentes perfeitamente acordados), não é razoável afirmar que as vantagens para os doentes são notórias. Para a construção do questionário tive em conta as teorias Existenciais-Humanistas e Behavioristas. As primeiras 9 questões apenas foram respondidas pelos enfermeiros da área anestésica, como frequentadores assíduos da UCPA. PROFISSIONAIS

QUESTIONÁRIOS ENTREGUES

QUESTIONÁRIOS DEVOLVIDOS

%

%

ENFERMEIROS Nº TOTAL= 64

58

91

45

78

ANESTESIOLOGISTAS Nº TOTAL= 27

20

74

20

100

TOTAL

78

85,7

65

83,3

Distribuição questionário p profissionais envolvi


artigo Seguem-se os resultados da avaliação do questionário .


artigo Como destaque e conclusão apraz-me referir: · A grande importância obtida na modulação harmonizadora do ambiente, tornando-o mais terapêutico; · A contribuição para a redução do ruído desnecessário; · As influências positivas sobre os estados emocionais e comportamentais dos profissionais. Finalizo, referindo a enorme gratificação profissional e pessoal que este projecto me proporcionou. Percepcionar benefícios directos para os doentes e para os Enfermeiros Perioperatórios não pode deixar naturalmente de me encher de satisfação e orgulho. Mais do que confabular grandes projectos e teorias, é nas coisas simples e com resultados práticos que revejo a minha forma de “fazer “ enfermagem. Como Enfermeiro Perioperatório, considero extremamente importante que a minha/nossa intenção e o meu/nosso desempenho reflictam o lado mais humanista da profissão, pois só dessa maneira poderemos enquadrar, de uma forma dinâmica e harmónica, tantos e tão bons avanços tecnológicos colocados ao serviço do ser humano que, dia após dia, recorrem aos nossos Blocos Operatórios com a esperança de aí, mais do que serem tratados, serem efectivamente cuidados.

Por favor enviem um email para aesop@aesop-enfermeiros.org Confirmando o vosso nome, morada, email e telefone. Estamos a actualizar o “mailing” tendo em conta o envio da newsletter.


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esta secção é sua: A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA SAÚDE esta secção é sua: e s t a s e cE ç ã o é s u a : esta secção é sua: e sAt a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éA s u a : e s t a s e cA ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e sT t a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e cP ç ã o é s u a : esta secção é sua: e sC t a s e c ç ã o é s u a : esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: esta secção é sua: e s t a s e c ç ã o éH s u a : esta secção é sua: s competências da Inteligência Emocional (IE) estão interligadas umas às outras e aplicam-se a todos os papéis individuais ou de grupo. É fundamental na vida de cada ser humano, é muito útil na profissão de Psicólogos, médicos, professores, assistentes sociais e aqui tratamos de uma profissão muito especial, que é a enfermagem, que cuida de e com pessoas, envolvendo muita subjectividade nesse “cuidar”. odo enfermeiro é um ser humano e, como tal, sujeito às adversidades da vida. Tem diversos papeis sociais e, em cada um desses papeis há problemáticas envolvidas e que merecem atenção para não influenciar negativamente a actuação deles, enquanto profissionais de saúde.

omo seres humanos também estão expostos aos males da vida moderna, como stress, trânsito, dúvidas diante de situações inesperadas, problemas no casamento, filhos, conflitos variados que podem envolver vizinhança ou um serviço mau executado na sua residência, cobranças, responsabilidades, aborrecimentos, decepções... Se esses problemas não são resolvidos de forma satisfatória, ou superados quando a solução não existe, eles vão se acumulando dando origem a mágoas e ressentimentos, que podem evoluir para agressividade e até raiva, tristeza, medo, frustração, ansiedade, depressão entre outros sentimentos negativos.

sse ser humano, com a profissão de enfermeiro, também com outros papéis e em cada papel seus problemas, recebe os utentes que esperam desse enfermeiro alivio para as suas mazelas hospitalares e não só. Como se tivéssemos uma hierarquia de necessidades e nesse caso, o utente é sempre a prioridade. ssim, a Inteligência Emocional (IE) na saúde, em especial na enfermagem ganha muita importância, em primeiro lugar, para ensinar o enfermeiro a lidar com as suas próprias dificuldades interiores e imediatamente ser capaz de dar resposta à expectativa dos utentes, seus familiares, equipa multidisciplinar e a organização, porque esses elementos visam o benefício do utente e, o utente é mesmo a prioridade máxima.

ensemos juntos: Todo ser humano, nos seus diversos papéis, tem necessidade de receber algum tipo de apoio, compreensão e empatia que possa ser oferecida pelo outro. Se em estado de saúde física equilibrada o ser humano precisa de algo que vem do outro, pesquisas indicam que, estando ele em estado de fragilidade, aumenta consideravelmente essa sua necessidade, esse seu pedido de SOS, simbolizando Socorrer, Orientar e Salvar. É isto que o utente apela ao enfermeiro. No entanto, se o enfermeiro que referimos acima apresenta dificuldade em gerir os seus outros papéis, em relacionar-se com outras pessoas não hospitalizadas, estará ele apto, nesse mesmo momento a dar/doar o que o utente espera dele enquanto enfermeiro? A resposta será SIM, se esse

enfermeiro desenvolveu a sua Inteligência Emocional. E, nesse caso conseguirá utilizar um outro SOS para o utente, que simboliza Ser Optimista Sempre, para saber lidar consigo próprio, com o utente e toda a envolvência hospitalar.

profissão é vulnerável porque está constantemente exposta a algumas fontes de stress profissional, que variam de serviço para serviço, mas que envolvem os factores psicológicos relacionados com o contacto com doentes com grande sofrimento; o risco proveniente da segurança e da higiene no ambiente de trabalho, a necessidade de tomadas de decisão rápidas, na interacção com profissionais, que também são seres humanos com as suas características, assim como o contacto com utentes que para além da doença, trazem consigo as suas características e os seus “feitios”, que em alguns casos reduzem a sua expressão, mas em outros casos aumentam a sua expressão diante da sua fragilidade, em especial as pessoas que não sabem lidar com a “perda do controlo” do seu corpo. Esse utente tem emoções, a sua família também tem emoções em torno do cuidar do enfermeiro e esse conjunto de emoções reflectem-se directamente nos enfermeiros, mas não podem reflectir-se no “cuidar” do enfermeiro. É esta a realidade! Neste momento o utente está a espera de outro SOS, Suspender a dor, Observar e Solucionar o problema do utente. á outros factores stressores ligados à questão do horário de trabalho, do tipo de contratação, da valorização da


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profissão, novas tecnologias que precisam ser aprendidas urgentemente, o surgimento de novas doenças, a transformação do hospital numa empresa também precisam ser bem geridos pelos profissionais de saúde. E aqui o SOS vai para a equipa de trabalho simbolizando Superar obstáculos, Organizar os passos a seguir, Seguir com perseverança. sta frase, atribuída a Aristóteles (384-322 a.c), fala sobre a importância da Inteligência Emocional na vida do ser humano, “Qualquer um pode zangar-se - isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na hora certa, pelo motivo certo e de maneira certa - não é fácil", mostra-nos o quanto é importante saber gerir a si próprio para gerir o atendimento ao utente.

conceito de Inteligência Emocional (IE) baseia-se na formulação de teorias acerca dos comportamentos sociais e pessoais através do conceito de Inteligência Social. Esse conceito foi reforçado na década de 90, quando Howard Gardner retornou ao conceito de Múltiplas Inteligências (MI), apresentando inicialmente sete inteligências, aumentando-as para dez, sendo elas: linguística, lógicomatemática, musical, espacial, corporal-cinestésica, pictórica, naturalista, existencial (ou espiritual), intrapessoal e interpessoal. eter Salovey e John Mayer iniciaram estudos científicos a partir de duas dessas inteligências: a Intrapessoal e Interpessoal. Logo a seguir, Daniel Goleman (1995), também a partir dessas duas inteligências, definiu o conceito de IE como sendo a capacidade de uma pessoa controlar os impulsos e adiar a recompensa; de regular o seu

próprio estado interior, mantendo a sua capacidade de pensar e de sentir empatia, assim como também de ter esperança, portanto de se automotivar, persistindo apesar das frustrações. No que diz respeito às emoções, define como a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções com exactidão, gerindo bem as emoções em si e nas suas relações. Não aprendemos a gerir a emoção do outro, mas aprende-se a gerir a reacção do outro, a partir da capacidade empática demonstrada diante do outro.

ctualmente, grande parte dos investigadores definem a IE como o desenvolvimento da autoconsciência, controlo de impulsos, persistência, empatia e habilidade social, sendo, portanto, o bom uso dos nossos saberes, sendo eles saber-saber (cognitivo), saber-fazer (aplicação profissional do saber-saber) e o saber-ser (conhecer-se e controlar o que conhece em si, para si e na relação com os outros), assim a IE desenvolve o QE (Quociente Emocional), que no entanto não elimina o QI (Quociente Intelectual), sendo, no entanto, facilitadora da expressão do QI e, passa a ser oferecida em cursos de formação para promover um crescimento emocional, pessoal, intelectual, profissional e social. Assim, também podemos pensar que a razão não exclui a emoção, nem a emoção exclui a razão, quando a pessoa desenvolve a habilidade para gerar sentimentos que facilitem o seu pensamento, o que é muito bem explicado na biologia emocional investigada por António Damásio. IE não é considerada inata, mas sim que se aprende e desenvolve ao longo da vida, embora exista uma componente biológica que

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explica o desenvolvimento das emoções. A IE desenvolve-se através dessas duas inteligências, didacticamente divididas em cinco fases já defendidas por Daniel Goleman como sendo: nteligência Intrapessoal compreendida como a capacidade do ser humano gerir a si próprio e, é composta por três fases:

ª - Autoconhecimento Conhecer os nossos estados internos, sentimentos mais presentes na nossa vida, nossos recursos imediatos, as nossas características, a predominância dos hemisférios cerebrais e como tudo isto se reflecte no nosso comportamento.

ª - Autocontrolo - gerir emoções e impulsos negativos no momento em que elas acontecem, utilizando esse controlo para transformar as nossas características em atitudes. Gosto de utilizar a metáfora do CHA. C (características); H (Habilidades) e A (Atitudes), Assim, quando temos controlo das nossas emoções conseguimos potencializar as nossas características (C), que já não ficam adormecidas porque conseguimos ter a habilidade (H) para as transformar em atitudes (A).

autocontrolo emocional é uma competência pessoal, em que a pessoa sabe gerir as suas emoções, portanto, é de um enfermeiro com esta capacidade que os utentes desejam para a sua satisfação, uma vez que consegue centrar a sua atenção nas necessidades do utente, facilitando o processo do cuidar com qualidade, apesar dos processos internos pessoais do enfermeiro. E assim, o enfermeiro será capaz de oferecer um novo SOS ao utente: Sentir, ouvir, serenar.


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ª - Automotivação – São os nossos “motivos para a acção”, a nossa capacidade de manter o optimismo diante de situações desagradáveis. Essa automotivação surge a partir do autoconhecimento e autocontrolo, o enfermeiro deve ser capaz de identificar quais melhorias são necessárias para atingir um padrão de excelência pessoal ou profissional definindo objectivos alcançáveis, sabendo identificar quando deve alterar esses objectivos, negociando consigo próprio essas alterações e quando deve persistir de forma optimista no alcance dos mesmos, independente das dificuldades. E, diante das dificuldades saber usar um outro SOS, Situar nos factos reais e não nos imaginários, Observar possibilidades com criatividade, Solucionar

a sequência da metáfora do CHÁ, podemos dizer que se “colocar açúcar na chávena de chá, o açúcar desce e deposita no fundo e, se imediatamente formos beber o chá, o sabor não será o que esperávamos, porque faltou mexer o açúcar no fundo”. É exactamente isto que se chama automotivação, a nossa capacidade de estar sempre mexendo no “açúcar” da nossa vida. ma capacidade muito importante a ser desenvolvida pelo profissional de enfermagem é a resiliência, entendida como a capacidade de recuperar o padrão de funcionamento após experienciar uma situação adversa, sem que, no entanto, deixe de ser atingido por ela, vivendo uma situação de ameaça ao seu bem-estar, pode se curvar, recorrer às suas forças interiores e se recuperar, para retomar os padrões de comportamento habituais que possuía antes de vivenciar a adversidade e, portanto temos mais um SOS dos enfermeiros, que

é Suportar, Osquestrar e Suavizar.

nteligência Interpessoal é a nossa capacidade de estabelecer relações com outras pessoas de forma emocionalmente saudável, sendo em grupos pequenos ou maiores, é composta por duas fases, na sequencia das três fases anteriores, isto é o mesmo que afirmar que, para desenvolver a inteligência interpessoal é indispensável desenvolver a inteligência intrapessoal. Vejamos as duas fases: ª - Empatia – Capacidade de identificar o que o outro sente, perceber as suas necessidades e preocupações não só pela expressão verbal, mas também pela comunicação não-verbal. Mais que isto, a empatia é a capacidade de interagir com o outro diante do que ele sente. Em especial na enfermagem também seria o antecipar, reconhecer e ir ao encontro das necessidades dos utentes. ª - Aptidões sociais.- É a nossa capacidade de gerir personalidades difíceis, utilizar a escuta activa, saber persuadir e negociar de forma eficaz diante de situações delicadas, priorizar o trabalho em cooperação com outros profissionais.

ara a investigação que realizei em Portugal, com a orientação da Professora Doutora Margarida Pedroso Lima, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, utilizei o NEO-PI-R validado para Portugal pela minha orientadora, no entanto, já existe uma escala adaptada por António Carlos Lopes Vilela, na sua tese intitulada “Capacidades da inteligência emocional em enfermeiros: validação de um instrumento de medida” pela Universidade

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de Aveiro, que são interessantes para identificar a influência da IE no “cuidar” dos enfermeiros. A adaptação teve origem na Escala Veiga Branco das Capacidades da Inteligência Emocional (2004). ara além de Goleman, a importância da IE no desempenho profissional dos enfermeiros também é enfatizada por outros autores como Jesus (2004), Bellack (1999), Cadman e Brewer (2001), Vitello-Cicciu (2003) e Colell Brunet et al. (2004).

schudin (1987) salienta que a empatia é a base para a relação de ajuda, onde a partir da percepção dos sinais na comunicação não-verbal dos utentes, os enfermeiros, conseguem interagir com o utente, reconhecendo as emoções envolvidas naquela comunicação, sabendo gerir as suas próprias emoções despertadas a partir do utente, sem que essas mesmas emoções interfiram no seu “cuidar” que é também emocional, porque ao receber um utente queixoso do seu corpo material, recebemos também o emocional. ssim, a empatia seria a componente afectiva com o “poder” de serenar o utente diante da sua incapacidade temporária, estando o enfermeiro a oferecer o “cuidar”.

esse “cuidar”, implícito no relacionamento terapêutico, os enfermeiros devem utilizar alguns sentimentos como a compaixão e compreensão, conjuntamente com a empatia. Na maioria das vezes quando um utente está diante de um enfermeiro, ele está a procura de sentir que o enfermeiro está com ele, ao lado dele, junto dele, e, para algumas pessoas precisam quase que sentir que os enfermeiros estão a carrega-los no colo porque estão a compreen-


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der o que eles sentem. Carregam consigo a tempo integral um SOS Socorrer, Orientar e Salvar. Existem variadas maneiras de mostrarmos socorrendo, orientando e salvando o utente e levá-lo a sentir o nosso “estar com”. Podemos fazer uso dum olhar terno envolvendo o utente como num laço, o secar o seu suor com carinho, o segurar as suas mãos, o sorriso sereno e o saber ouvir.

estaco o saber ouvir, porque assim como o enfermeiro pode captar os sentimentos do utente através da sua comunicação não-verbal, também pode expressar a sua empatia através do mesmo canal de comunicação e por isto, nem sempre é necessário falar, mas é indispensável ouvir o que é dito e perceber o que não é dito. O fundamental é ouvir e demonstrar que entende o que ouve e, o olhar é o mais indicado nesse momento. O olhar empático do enfermeiro é mais facilmente compreendido do que as palavras. os cursos oferecidos para o desenvolvimento da IE dos enfermeiros, todos esses aspectos são levados em consideração e são realizados exercícios e vivências com o objectivo de desenvolver as duas inteligências, intra e

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interpessoal, considerando-se que para um bom desempenho profissional é esperado que o enfermeiro seja capaz de integrar as competências específicas próprias do exercício da profissão, conjuntamente com um outro grupo de competências transversais explicadas pela IE.

Angela Escada Licenciatura em psicologia com equivalência pela Univ. do Porto, Investigadora da Inteligência Emocional pela Fac. de Psicologia e Ciências da Educação da Univ. de Coimbra, Psicóloga Clínica, Formadora, Escritora e Consultora.

lguns tópicos abordados são: Emoção e sentimento; Cérebro emocional e o Pensamento Automático; Conhecer as próprias emoções; Saber fazer uso da Emoção & Razão; Auto-consciência; Gerir emoções e prevenir os efeitos delas; Empatia: Ler, Ouvir e interagir com as emoções de outras pessoas; Ler e interpretar sinais emocionais não-verbais; Auto motivação emocional – uma energia para a vida; Gestão de relacionamentos em grupos; O Optimismo e a Esperança; Desenvolver a Resiliência e lidar com pessoas difíceis. o final do curso vemos surgir um ser humano e um enfermeiro emocionalmente inteligente, muito mais preparado para lidar consigo próprio e com as outras pessoas, incluindo os utentes. Um ser humano que todos os dias ao A-COR-DAR, sente-se automotivado para DAR-

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COR- A sua vida, ao seu trabalho, contagiando positivamente a equipa onde está inserido, consequentemente melhorando o clima organizacional e promovendo a manutenção de energia positiva no seu local de trabalho.

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Estejam também atentos à nossa webpage porque muito rapidamente teremos lá anunciado o Pack para a participação no Congresso Europeu da EORNA, em Copenhaga. Relembramos que neste Congresso será feita a passagem do testemunho para o EORNAC 2012 em Portugal. Gostaríamos que a participação portuguesa fosse superior à dos anos anteriores em que a delegação portuguesa esteve sempre entre as 5 primeiras.

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instrumentação

Enfermeiro Alexandre Santos de Oliveira HOSPITAL DE CURRY CABRAL BOC

Cuidados de Enfermagem Perioperatórios Em Cirurgia Bariátrica Minimamente Invasiva... Gastrectomia de Manga Vertical

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obesidade é uma doença crónica, de má-nutrição, caracterizada por um armazenamento excessivo de gordura, de etiologia multifactorial. As causas podem ser de origem hereditária, bioquímica, hormonal, ambiencial, comportamental e cultural. obesidade tem vindo a aumentar em todo o mundo, dando origem à globesidade que é um fenómeno de globalização universal da doença. Esta situação tornou-se um problema de saúde pública, tendo a Organização Mundial de Saúde (OMS) manifestado a sua preocupação emitindo directrizes a nível mundial para a profilaxia da doença. OMS considera que há excesso de peso quando o IMC é ≥ a 25 Kg/m2, obesidade quando o IMC é ≥ 30 Kg/m2 e obesidade mórbida quando o IMC é ≥ a 40 Kg/m2. Índice de Massa Corporal é uma medida internacional, adoptada pela OMS, que permite avaliar o nível de gordura do indivíduo através da divisão do peso em quilogramas pela altura em metros quadrados, sendo sempre avaliado aquando do planeamento para uma cirurgia. prevalência da obesidade em Portugal, tal como em todo o mundo, tem vindo a aumentar, sendo estimada em 15% no sexo feminino e 13% no sexo masculino. processo de perda de peso implica a combinação de

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variadas abordagens, nomeadamente: dieta, exercício, terapia de modificação comportamental, tratamento médico e tratamento cirúrgico. Relativamente a esta última abordagem, a cirurgia bariátrica minimamente invasiva tem feito enormes progressos na última década, dos quais saliento a gastrectomia de manga vertical. ariátrica deriva das palavras gregas baros (que significa peso) e iatrike (que significa tratamento).

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células secretoras de grelina (hormona péptica de regulação da fome), pela ressecção do fundo gástrico, influencia a sensação de saciedade/satisfação, diminui o apetite e o consumo de alimentos e consequentemente reduz o índice de massa corporal.

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gastrectomia de manga vertical é, portanto, uma cirurgia restritiva e irreversível que corresponde a um aperfeiçoamento em relação aos procedimentos cirúrgicos de gastroplastia anteriores.

DEFINIÇÃO ANATOMIA DO ESTÔMAGO

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gastrectomia de manga vertical com utilização de técnica minimamente invasiva é um procedimento cirúrgico que pode, também, ser designado por gastrectomia vertical, gastrectomia de manga, gastrectomia da grande curvatura, gastrectomia parietal, redução gástrica, gastrectomia longitudinal ou gastroplastia vertical. onsiste na redução do tamanho do estômago através de uma ressecção vertical que remove oitenta e cinco por cento ou mais do seu volume, ficando o estômago com a configuração de um tubo/manga/banana, com preservação do piloro e nervos e com capacidade para sessenta a cento e cinquenta mililitros. A redução do volume do estômago (a porção removida corresponde à que mais se dilata) e a remoção de grande parte das

C

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estômago está localizado na parte superior do abdómen, ligeiramente para a esquerda da linha média e na região inferior da cúpula diafragmática. A abertura entre o esófago e o estômago denomina-se de orifício cárdico, sendo circundado pelo esfíncter cárdico, enquanto a abertura entre o estômago e o duodeno designa-se de orifício pilórico, sendo envolto pelo esfíncter pilórico. O estômago divide-se em fundo (situa-se à esquerda e imediatamente acima do esfíncter cárdico), corpo (encontra-se numa direcção inclinada para a direita formando a pequena e a grande curvatura) e antro (corresponde à parte mais inferior do estômago).


instrumentação

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circulação arterial do estômago é realizada pelos ramos viscerais impares da aorta abdominal do tronco celíaco, nomeadamente: · artéria gástrica esquerda (deriva do tronco celíaco) que irriga a pequena curvatura e a porção inferior do esófago; · artéria gastro-epiplóica esquerda (provinda da artéria esplénica) que vasculariza a parte esquerda da grande curvatura; · artérias gástricas curtas (originária da artéria esplénica) que fornecem o sangue ao fundo do estômago; · artéria gastro-epiplóica direita (proveniente da artéria gastroduodenal e por conseguinte da artéria hepática primitiva) que transporta o sangue à parte direita da grande curvatura; · artéria gástrica direita (oriunda da artéria hepática primitiva) que distribui o sangue no lado direito da pequena curvatura.

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elativamente à circulação venosa do estômago, ela estrutura-se do seguinte modo: · veias gástricas curtas (desembocam na veia esplénica) que drenam o fundo; · veia gastro-epiplóica esquerda (conflui na veia esplénica) que recebe o sangue da parte esquerda da grande curvatura; · veia gastro-epiplóica direita (converge na veia mesentérica superior) que drena a parte direita da grande curvatura; · veia gástrica esquerda (dirige-se para a veia porta) que recebe o sangue da pequena curvatura e da porção inferior do esófago; · veia gástrica direita (aflui na veia porta) que drena a pequena curvatura.

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inervação do estômago compreende a componente simpática e parassim-

pática do sistema nervoso autónomo. o sistema simpático, as fibras nervosas pré-ganglionares provenientes entre o quinto e o décimo segundo segmento do nervo raquidiano torácico da medula espinal (denominados nervos esplâncnicos) seguem os nervos raquidianos, atravessam os gânglios autonómicos sem sinapsar e depois dirigem-se para o gânglio pré-visceral, onde sinapsam com os neurónios pós-ganglionares. As fibras nervosas pós-ganglionares estendem-se para o estômago. Este sistema tem como função a inibição da actividade digestiva, causando particularmente: vasoconstrição ao nível gastrointestinal, diminuição da motilidade gastrointestinal (relaxamento do músculo liso das paredes), contracção dos esfíncteres do tracto intestinal e inibição das glândulas gástricas. elativamente ao sistema parassimpático, a inervação é feita pelo décimo par de nervos cranianos, ou seja, pelo nervo vago ou pneumogástrico. Este nervo tem uma função sensitiva porque transmite informação sensorial do estômago e uma função parassimpática porque regula as funções do estômago.

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O sistema parassimpático permite a estimulação da actividade digestiva, ocasionando designadamente: vasodilatação ao nível do tracto gastrointestinal, aumento da motilidade gastrointestinal (contracção do músculo liso das paredes), relaxamento dos esfíncteres do tracto intestinal e estimulação da secreção gástrica.

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elativamente à drenagem linfática do estômago, os gânglios pericardiais drenam o fundo e o cárdia através dos respectivos vasos linfáticos aferentes para os gânglios gástricos esquerdos. s gânglios gástricos esquerdos e direitos têm como vasos aferentes os vasos linfáticos da pequena curvatura, drenando esta região, e como eferentes os gânglios celíacos. s gânglios pancreáticoesplénicos têm como vasos aferentes os vasos linfáticos da grande curvatura e como eferentes os gânglios celíacos,

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Figura n.º 1 – Gastrectomia de manga vertical (Fonte: SCHAUER, Philip R.; SCHIRMER, Bruce D.; BRETHAUER, Stacy A.Minimally Invasive Bariatric Surgery. [Nova Iorque]: Springer. 523 p. ISBN 9780-387-68058-3)


instrumentação drenando assim a metade esquerda da grande curvatura. s gânglios pilóricos drenam a metade direita da grande curvatura, sendo eferentes os gânglios hepáticos e por conseguinte os gânglios celíacos. s gânglios celíacos encontram-se localizados ao redor do tronco celíaco, tendo como aferentes os gânglios hepáticos, gástricos e pancreáticoesplénicos, drenando desta forma o estômago. s vasos linfáticos da grande curvatura são aferentes em relação aos gânglios gastroepiplóicos esquerdos e direitos, no entanto os esquerdos têm como eferentes os gânglios esplénicos para drenar a metade esquerda da grande curvatura, enquanto os direitos têm os gânglios pilóricos para drenar a restante porção.

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INDICAÇÃO CIRÚRGICA

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gastrectomia de manga vertical está indicada em: - Doentes com índice de massa corporal entre 30 a 50 Kg/m2 como alternativa a: · gastrobandoplastia (mantém corpo estranho no organismo e exige ajustamentos frequentes da banda gástrica). · bypass gástrico (apresenta efeitos secundários a longo prazo, nomeadamente: obstrução intestinal, síndrome de esvaziamento, úlceras, anemia, osteoporose, deficiências vitamínicas e deficiências em proteínas); - Doentes com índice de massa corporal superior a 60 Kg/m2 recorrendo a um plano cirúrgico faseado, nomeadamente: fase de gastrectomia de manga vertical (primeira fase), fase de decréscimo (segunda fase), fase de segunda intervenção bariátrica (terceira fase).

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ste planeamento faseado tem a vantagem de reduzir a percentagem de complicações em doentes super obesos, pois o risco de mortalidade e morbilidade é duas a três vezes superior. Assim, na fase de decréscimo o doente obtém uma perda de peso de sessenta a oitenta por cento (cerca de quarenta e cinto quilogramas), num período de doze a vinte e quatro meses, para melhorar o seu estado de saúde relativamente à patologia associada que apresenta face ao seu diagnóstico de obesidade mórbida e por conseguinte tornar-se um doente de risco reduzido. - Doentes que apresentam condições de comorbilidade de alto risco (anemia, doença de Crohn, cirurgia anterior extensiva, asma severa recorrendo ao uso frequente de esteróides, doença inflamatória do baço), idade avançada e anatomia desfavorável (cirrose, aderências abdominais extensas, exposição insuficiente). MATERIAL/INSTRUMENTAL E EQUIPAMENTO NECESSÁRIO

- Trouxa de laparoscopia - Batas - Luvas - Base de instrumental cirúrgico para cirurgia abdominal - Punhos de pantofe - Aparadeira - Taça média - Afastadores Farabeufs compridos (um par) ou Langenbecks compridos (um par) - Lâmina 24 - Lâmina 15 - Compressas - Nastro - 7cm - Régua - Suturas · sutura não absorvível sintética de poliéster com agulha semi-recta de ponta cilíndrica cónica 2/0 · sutura não absorvível

natural de seda com agulha semi-recta de ponta lanceolada 2/0 · sutura absorvível sintética multifilamentar de poliglactina com agulha semirecta ou em anzol de ponta cilíndrica cónica 2/0 · duas suturas não absorvíveis sintéticas monofilamentares de poliamida 6 com agulha semi-recta de ponta lanceolada 3/0 - Dreno Jackson Pratt - Pensos cirúrgicos não oclusivos (5) - Soro fisiológico para irrigação - Antiséptico Material para laparoscopia - Agulha de insuflação (“Veress-Palmer”) de 120mm ou 150mm de comprimento, é seleccionada de acordo com o peso do doente e consequentemente da espessura da parede abdominal ( confirmar com o cirurgião) - Óptica com ângulo de orientação de vinte e cinco graus ou trinta graus - Trocartes de 10mm (2) - Trocarte de 12mm (1), sem lâmina, com cânula de estabilização - Cânulas universais de estabilização do trocarte de 12mm(2) - Dissector - Goldfinger - Grasper atraumático fenestrado - Grasper atraumático fenestrado tipo bico de pato - Grasper traumático fenestrado - Pinça Babcock - Tesoura - Peça de mão do dissector ultrasónico - Tesoura curva com punho tipo pistola e activação manual - Afastador articulado flexível retractor - Agrafador linear endoscópico com corte - Recargas de agrafador linear endoscópico com corte de 3,8mm - Porta Agulhas


instrumentação - Clamp Intestinal atraumático fenestrado - Aplicador de clipes + recargas - Cabo de luz fria - Cabo de electrocirurgia - Tubo de insuflação - Manga de protecção de câmara - Sistema de aspiração e irrigação - Bolsa endoscópica, de amostras, de 15mm

Figura nº 2 –Mesa de Mayo

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comprimento/tamanho dos instrumentos cirúrgicos laparoscópicos dependem da dimensão da cavidade abdominal expandida de forma a alcançar os locais mais distantes (os standards têm 32cm de comprimento, enquanto que os extra-longos têm 45cm). Equipamento

- Troley de Videocirurgia que inclui: · Aparelho de insuflação (necessário a verificação do nível de dióxido de carbono e disponibilidade de uma botija suplente). · Fonte de luz fria de alta intensidade. · Câmara de três-chip com elevada resolução. · Monitores que permitam uma imagem de alta qualidade/definição. · Gravador de cassetes de vídeo ou DVD. - Unidade electrocirúrgica e respectivo pedal. - Unidade de aspiração. - Dissector ultrasónico. MESAS CIRÚRGICAS

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preparação das mesas cirúrgicas, pelo enfermeiro instrumentista, é realizada no nosso bloco da seguinte maneira: · Mesa de Mayo (colocam-se os dispositivos médicos laparoscópicos necessários),

Figura n.º 3 – Mesa de instrumento


instrumentação · Mesa de instrumentos (na metade proximal da mesa, em relação ao enfermeiro instrumentista, colocam-se os instrumentos cirúrgicos para abertura e encerramento, enquanto que a metade distal da mesa é reservada para dispor os trocartes e manipular o agrafador linear endoscópico com corte). · Mesa de apoio (colocam-se os instrumentos cirúrgicos necessários para reverter a cirurgia laparoscópica numa cirurgia laparotómica).

CARACTERIZAÇÃO DE ALGUNS INSTRUMENTOS/EQUIPAMENTOS Instrumentos de corte ou dissecção - Tesoura endoscópica : para cortar e coagular tecidos. - Dissector endoscópico: para dissecção dos tecidos e também para travar a sutura contínua ao longo do estômago. As mandíbulas do dissector não devem apresentar frestas na zona de articulação para não lacerar a sutura. - Goldfinger: tem uma ponta articulada que forma uma curva suave de aproximadamente noventa graus, é utilizado para dissecção e identificação do ângulo de His, funcionando como guia no trajec-

to do agrafador de estrutura intra abdominal . - Dissector ultrasónico: para realizar a dissecção e secção dos tecidos assegurando, simultaneamente, a hemostase. Permite a coagulação de vasos até 5mm de diâmetro inclusivamente, emprega-se para disseção da grande curvatura do estômago, produz vapor de água que pode obscurecer a visão no campo cirúrgico. Instrumento de hemostase - Aplicador de clips recarregável com clips de titânio: para laqueação de vasos e controle da hemorragia, se necessário. Instrumentos de preensão - Grasperes atraumáticos fenestrados: fornecem uma preensão suave e segura dos tecidos através de pequenos e finos dentes/ranhuras nas mandíbulas e das fenestras, não danificando os tecidos. Alguns têm longas mandíbulas compridas com delicadas ranhuras tipo bico de pato e clamp intestinal. - Grasper traumático fenestrado: apresenta ranhuras ao longo das suas mandíbulas que permitem uma preensão com segurança. - Babcock: para fazer tracção do epíplon. - Porta-agulhas: para realização de sutura continua.

Instrumento de afastamento - Afastador articulado flexível retractor: para retracção anterior e cefálica do lobo esquerdo do fígado, expondo a região gastroesofágica. Agrafador de estrutura intra abdominal O agrafador linear endoscópico com corte é uma sutura automática linear que cria duas filas triplas de agrafos em ziguezague, três fileiras de agrafes em cada lado do tecido seccionado. A lâmina do agrafador linear endoscópico só avança com agrafos à frente, sendo usado para agrafar as paredes anterior e posterior do estômago seccionando-as verticalmente. Utilizam-se recargas de 3,8 mm e não se deve recarregar mais do que doze vezes num conjunto de doze disparos por instrumento. Sistema de sucção e irrigação - Mantém a cavidade abdominal sem sangue, fumo e vapor. Aparelho de insuflação - Deve ser programado com uma pressão intra-abdominal igual ou superior a 15 mmHg num volume de três litros por minuto. A pressão de 15 mmHg é normalmente o limite superior mais seguro, tendo em conta os efeitos pulmonares e hemodinâmicos que pode provocar no doente. LOCALIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO NA SALA OPERATORIA

O A Figura n.º 4 – Mesa de apoio

troley de laparoscopia fica localizado do lado direito da cabeça do doente. unidade electrocirúrgica, bem como a unidade de aspiração e a do dissector ultrasónico ficam localizados aos pés do doente, próximo do seu lado esquerdo.


instrumentação Figura n.º 5 – Reverso extremo de trendelenburg

POSICIONAMENTO DO DOENTE

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doente é posicionado numa marquesa que suporte peso elevado (comporte pelo menos até cento e oitenta quilogramas com mais vinte quilogramas para os apoios da marquesa), em decubito dorsal, com apoio sacrococcígeo, perneiras específicas e fitas de imobilização. colocado em posição reverso extremo de trendelenburg (de forma que a acção da gravidade faça deslizar as estruturas abdominais permitindo uma melhor visualização, durante a cirurgia), com abdução dos membros superiores e inferiores.

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POSICIONAMENTO DA EQUIPE ESTÉRIL

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esignada “tipo francês ou “entre as pernas” em que o cirurgião se coloca entre as pernas do doente, o 1º ajudante coloca-se à esquerda do doente e o 2º ajudante juntamente com o enfermeiro instrumentista à direita do doente, ficando o instrumentista na região mais distal em relação ao doente. TÈCNICA CIRÚRGICA

- Inserção da agulha de insuflação, pelo cirurgião, perpendicularmente à pele, por método fechado, no ponto de Palmer (margem costeira esquerda, entre a zona mediana da clavícula e a linha axilar anterior), com o tubo de insuflação conectado e libertação de CO2. A entrada de CO2 imediata provoca o afastamento das estruturas abdominais quando a agulha alcança o peritoneu, aumentando o acesso devido ao efeito de

tecto nas costelas inferiores e no peritoneu adjacente; evitando lesão do plexo arterial epigástrico superior e do omento/epíplon.

A

inserção da agulha de insuflação também pode ser efectuada na região umbilical, todavia é menos usual esta abordagem porque apresenta riscos, nomeadamente, de lesão da parede abdominal aquando da sua tracção, lesão de órgãos abdominais e de infecção pela presença significativa de microrganismos e sujidade. - Aquecimento da óptica, pelo enfermeiro instrumentista, com água destilada estéril quente para prevenir o seu embaciamento, antes da introdução do 1º trocarte.

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ormalmente, o embaciamento da óptica ocorre por causa da rápida insuflação intra-abdominal de dióxido de carbono, podendo agravar-se com a presença de pequenas fugas nos locais de inserção dos trocartes. - Estabelecimento do pneumoperitoneu. - Execução de um losango imaginário, pelo cirurgião, com as duas mãos abertas sobre o abdómen, ligeiramente inclinado para a direita do doente, tendo como referência o apêndice xifoideu e o umbigo.

- Colocação dos trocartes, sob visualização directa, pela seguinte ordem: 1º trocarte – 12mm - na região umbilical, isto é, ligeiramente superior ao umbigo e lateralizado à esquerda, para colocação da óptica/câmara. 2º trocarte – 10mm - na porção mediana e superior do epigastro, ou seja, inferior ao apêndice xifoideu, para colocação do afastador articulado flexível retractor. 3º trocarte – 12mm – na porção interna e ligeiramente superior do flanco direito, para utilização de várias instrumen-

Figura n.º 6 - Insuflação de CO2


instrumentação

Figura n.º 7 - Posicão dos trocartes

tos, nomeadamente, grasper atraumático fenestrado, grasper atraumático fenestrado tipo bico de pato, grasper traumático fenestrado, agrafador linear endoscópico com corte, goldfinger, dissector e finalmente clamp intestinal atraumático fenestrado. 4º trocarte – 12mm - na porção interna e superior do flanco esquerdo, para utilização de vários instrumentos, nomeadamente, tesoura curva com punho tipo pistola e activação manual, tesoura, grasper atraumático fenestrado, grasper traumático fenestrado, agrafador linear endoscópico com corte, grasper atraumático fenestrado tipo bico de pato, porta agulhas e por fim para a bolsa endoscópica de amostras, sem trocar. 5º trocarte – 10mm - na porção externa e inferior do flanco esquerdo, para utilização dos seguintes instrumentos: babcock, grasper traumático fenestrado, tesoura e grasper atraumático fenestrado. - Inspecção do abdómen e disseção de aderências pelo cirurgião

- Limpeza da óptica, frequentemente, com água destilada quente (ao longo da cirurgia, a óptica suja-se devido ao contacto, inadvertido, com o tecido adiposo impedindo uma boa visualização). - Colocação, pelo cirurgião, do nastro (7 cm) sobre o estômago. Uma das extremidades é colocada sobre o piloro e a outra onde terminar (corresponde à região do antro), é o local escolhido como ponto de partida para dissecção.

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enfermeiro instrumentista deve molhar, previamente, o nastro em soro fisiológico, medi-lo utilizando uma régua; cortá-lo, e por fim controlá-lo no momento intraabdominal (o nastro encolhe depois de molhado). - Desvascularização da grande curvatura com a tesoura curva com punho tipo pistola e activação manual numa direcção cefálica, pelo cirurgião. - Disseção quase até à raiz do pilar esquerdo do hiato, pelo cirurgião. - Tracção do estômago, anteriormente e para a direita, de modo a levantá-lo quando a parte superior do fundo gástrico for libertada, de forma a facilitar a dissecção de todas as aderências existentes na face posterior do estômago. - Indicação, do cirurgião ao anestesista, para remoção da sonda nasogástrica, de modo a prevenir que o tubo seja agrafado ao estômago e seccionado após este estar liberto (existem casos descritos). - Introdução, pelo cirurgião, do agrafador linear endoscópico com corte com recarga 3,8 mm, no antro, com as suas mandíbulas orientadas em direcção ao ângulo de His. Simultaneamente, é traccionada a grande curvatura, lateralmente, e disparado o instrumento. - Reabertura do agrafador linear endoscópico com corte, recarregamento, reposicionamento e seu disparo.

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pós ter sido usado, o enfermeiro instrumentista deve, retirar a recarga anterior, lavar a bigorna e a mandíbula da recarga mergulhando-as numa aparadeira com água destilada esterilizada, limpálas com uma compressa molhada, de maneira a remover os agrafos que não tenham sido utilizados, enxugá-las e colocar a próxima recarga. - Indicação do cirurgião (após o segundo disparo com o agrafador linear endoscópico com corte) ao anestesista, para colocação da sonda gástrica de 36 French por via oral até ao piloro, colocando-a contra a pequena curvatura com a ajuda do cirurgião,por manipulação do agrafador linear endoscópico com corte. - Abertura, limpeza, recarregamento, orientação e disparo do agrafador linear endoscópico com corte no estômago seguindo, o cirurgião, o trajecto da sonda gástrica, empurrando-a contra a pequena curvatura, até se aproximar do ângulo de His. - Identificação do ângulo de His e delineamento do trajecto do agrafador linear endoscópico com corte, pelo cirurgião. - Repetição do procedimento de abrir, recarregar, orientar e disparar o agrafador linear endoscópico com corte até o cirurgião separar a grande curvatura do estômago (no total da técnica são executados aproximadamente seis disparos com o agrafador) - Remoção da sonda gástrica de 36 French, pelo anestesista, observando a sua total integridade e introdução de uma sonda nasogástrica de 16 French. - Reforço da linha de agrafes com sutura não absorvível sintética de poliéster com agulha semi-recta de ponta cilíndrica cónica desde o fundo do estômago até ao antro (o cirurgião executa o reforço em direcção céfalo-caudal com uma sutura contínua).


instrumentação - Colocação de clamp intestinal atraumático fenestrado, pelo cirurgião, próximo do piloro para clampar e, posteriormente, testar a anastomose. - Indicação do cirurgião, ao anestesista, para iniciar perfusão de azul de metileno (2cc de azul de metileno em 100cc de soro fisiologico) através da sonda nasogástrica, para testar a anastomose. - Remoção intra-abdominal do hemiestômago através da bolsa endoscópica de amostras de 15mm, directamente, pela incisão do 4º trocarte. - Revisão da hemostase e irrigação/aspiração do abdómen, pelo cirurgião. - Colocação de um dreno Jackson Pratt e sua fixação. - Realização de contagem de compressas e cortoperfurantes, consoante protocolo. - Sutura das incisões de entrada dos trocartes. - Colocação de pensos. CONCLUSÕES

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evolução da cirurgia bariátrica minimamente invasiva tem sido enorme e constante, implicando aperfeiçoamento dos cuidados de enfermagem perioperatórios e desenvolvimento de novas competências.

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crescimento profissional do enfermeiro perioperatório é importante, na medida em que estará mais apto a dar resposta às necessidades do doente/família ajudando-os a alcançar a qualidade de vida desejada. Este facto é conseguido através da busca constante de um equilíbrio: - biológico/físico, reduzindo o seu índice de massa corporal; - psicológico, melhorando o seu conceito de auto-imagem; - sócio-cultural, integrando-se na sociedade como elemento participativo; - emocional, não se sentindo alvo de reparo;

Figura n.º 8 Disparo do agrafador linear endoscópico com corte (Fonte: SCHAUER, Philip R.; SCHIRMER, Bruce D.; BRETHAUER, Stacy A.Minimally Invasive Bariatric Surgery. [Nova Iorque]: Springer. 523 p. ISBN 9780-387-68058-3)

- ambiental, inserindo-se num ecossistema familiar com estilos de vida saudáveis; - intelectual, apreciando a evolução do seu estado de saúde; - espiritual, pela fé como contributo do transcendente no seu bem estar.

A

gastrectomia de manga vertical é uma opção de tratamento cirúrgico que tem demonstrado efeitos significativos de perda de peso conjuntamente com uma incidência reduzida de complicações, minimizando a comorbilidade.

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itando JAMIESON (1993) “Dando boa motivação, boa técnica operativa e boa educação, os doentes podem alcançar a perda de peso comparável a outros procedimentos mais invasivos.”


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