Regina Silveira - Um esboço biográfico

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desde a administração do prefeito Otávio Rocha

(chamado de “remodelador da cidade” pelos jornais locais), entre 1924 e 1928, Porto Alegre passava por um processo de modernização. As primeiras avenidas amplas, com mais de trinta metros de largura, foram abertas, pavimentadas, iluminadas, arborizadas e calçadas para circulação de automóveis, bondes elétricos e pedestres. Iniciou-se também, na tentativa de revitalizar o Centro, uma campanha de “saneamento moral”, que visava ao combate à prostituição, à mendicância, ao jogo do bicho, ao alcoolismo e às habitações populares (cortiços, porões e pensões baratas). No entanto, isso não fez a alta sociedade porto-alegrense procurar o Centro para fixar residência. Gradualmente, essa parcela da população, impulsionada pelas linhas de bondes elétricos e ônibus, a partir de 1926, foi ocupando regiões mais elevadas da cidade, como o Moinhos de Vento, bairro ajardinado, nos moldes europeus, onde ficava a residência da família Silveira, que hoje não existe mais. De acordo com estudos da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, em 1940 a capital gaúcha concentrava uma população de 272.232 habitantes, o que representou um crescimento de 51,86%, em relação a 1920, quando havia 179.263 moradores. A administração do prefeito Loureiro da Silva, de 1937 a 1943, também foi marcada por reformas urbanas, como a de Otávio Rocha. Casarões antigos, de estilo colonial, no Centro, e um conjunto de habitações populares foram demolidos para a construção das avenidas dos Farrapos e 10 de Novembro (hoje Salgado Filho). E para melhorar o acesso entre a região central e a zona Sul, foi construída a ponte Azenha. Silva buscou de várias formas legitimarse no poder e validar sua política autoritária de reformas urbanas no contexto do Estado Novo, decretado pelo governo federal de Getúlio Vargas em 1937. O Estado Novo, entretanto, não só influenciava a política em Porto Alegre, como também as artes. O modernismo, por exemplo, que tem como marco inicial a Semana de Arte Moderna de 1922 na cidade São Paulo, só surgiu no Rio Grande do Sul após o governo de Vargas, entre 1937 e 1945. Naquela época, a capital gaúcha passou por um processo de modernização gerado pelo crescimento industrial e comercial e, consequentemente, um fortalecimento econômico.

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