Considerações críticas sobre a ufologia

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A UFOLOGIA. Direitos reservados

ANTONIO ILSON KOTOVISKI FILHO Almirante Tamandaré 2013

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INTRODUÇÃO

Elaborar ou escrever qualquer perspectiva informativa referente ao campo da Ufologia é desafiador, complexo e por efeito arriscado no que tange a credibilidade pessoal. Uma vez que o assunto é exótico, carregado de vícios interpretativos ligados na maioria das vezes a considerações falaciosas e sem sustentação probatória legitimamente elaborada. Neste contexto o assunto Ufologia se torna um problema filosófico e não científico como aparenta ser. Pois, a grande questão da credibilidade do estudo ufológico se relaciona diretamente as suas expressões éticas, da estrutura organizacional da pesquisa realizada no campo, delimitação de tema e principalmente por ser feita e propagadas em grande parte por leigos que não consideram o conhecimento científico e filosófico como norte legítimo dos estudos. Este cenário todo acaba sendo o principal argumento que sustenta a falácia da “validação pessoal”, bulverismo (argumentar partindo do pressuposto de que o oponente já está comprovadamente errado), “ataque ao argumentador”, “apelo ao ridículo”, “apelo ao preconceito”, “apelo a vaidade” entre outras, que são utilizadas contra qualquer pesquisador quando ele vai se referir a assuntos ligados a Ufologia. A Ufologia é uma ciência, pois carrega todos os requisitos e características. Da mesma forma reforçando a mencionada afirmação, a sua origem se deu em um contexto investigativo forense ainda na década de 1940. No entanto, em decorrência de observações, propagações, afetações e recepções leigas dos interessados no assunto, ocorre uma falsa ideia que toda informação que trate de um fenômeno ufo seja por si só uma informação produzida pela Ufologia. A partir desta condição a presente pesquisa visa separar o estudo ufológico sério das manifestações que se passam ou leigamente são consideradas como ufologicas. Pois, a Ufologia é que como as outras ciências, ou seja, busca ter certeza dos resultados antes de propaga-los. É buscando resgatar e mostrar esta realidade não considerada por muitos críticos, que este estudo foi elaborado. O objetivo é promover a reflexão junto a comunidade ufológica para reverem não só o aspecto prático da pesquisa, mas também para desenvolver uma reestruturação em suas bases de fundamentações, filosofias e principalmente no que tange a sua imagem frente ao público geral, independente se este é especializado ou leigo. 3


Esta reflexão e análise é imparcial. Não se prende a exposição especializada de fenômenos ufo. Porém, parte de um contexto geral dos hábitos comuns das pesquisas, da propagação de informação e da sustentação argumentativa. Sendo assim, a análise, busca sugerir novos pontos de vistas, sem com isto interferir nas particularidades que envolvem o campo ufológico, mas que se apresentam mal compreendidos por falta justamente elucidação de seus objetivos, procedimentos e ligações.

JUSTIFICATIVA DA ABORDAGEM

Vivemos em um mundo normatizado e organizado por legislações específicas que possuem como objetivo comum o bem viver, progresso e evolução humana. Pois, independente de consideração critica os terráqueos possuem o status de “civilização”, já que o contemporâneo grupo humano agrega características comuns que os identificam como pares permitindo uma convivência tolerante no contexto tanto da cultura universal, quanto da cultura específica. Em decorrência desta realidade, existe por efeito uma gama de conhecimentos técnicos e científicos compartilhados em comum e livremente entre todas as nações e povos civilizados do mundo, ou seja, as ciências. Porém, ainda existem povos no planeta que desconhecem as Ciências dos “civilizados”. No entanto, o desconhecimento deles dessa ciência, nada interfere no seu cotidiano, pois possuem a sua própria, a qual lhe permite fornecer subsídios e informações necessárias para enfrentar e sobreviver na realidade em que vivem. Não é uma “ciência primitiva”, tão pouco alternativa. São os mesmos conhecimentos que em um passado distante serviram aos ancestrais que deram origem aos povos contemporâneos. A partir desta breve e resumida introdução, é observado que os conhecimentos adquiridos na trajetória humana e posteriormente compartilhados, contribuíram para criar a realidade que contemplamos no presente. Porém, estes conhecimentos, não apareceram ao acaso, prontos para serem usados, mas foram frutos de observações espontâneas. Eis, que tiveram gênese em um contexto de senso comum que respondesse a necessidade do momento sofrendo evolução empírica (erro e acerto), dentro de um espaço e tempo não linear e revolucionário. 4


Atualmente ainda é assim, e sempre será assim. A diferença é que o ser humano adquiriu a consciência de sistematizar o que observa e percebe em diferentes contextos da manifestação humana (senso comum, cultural, política, social, científica, protocientífico, pseudocientífica,...), ou seja, o ser humano por ser um animal acumulador de conhecimentos, experiências e criativo consegue encontrar inspiração, fundamento, argumentações para solucionar suas questões vitais em campos muitas vezes sem ligação com a realidade vislumbrada, e por efeito criar algo novo. Algo classificado até então como impossível ou inexplicável. Ou seja, o filosofo Gastón Bachelard (1979, p. 06) considera que: “para o cientista, o conhecimento sai da ignorância tal como a luz sai das trevas. O cientista não vê que a ignorância é um tecido de erros positivos, tenazes e solitários. Não vê que as trevas espirituais tem uma estrutura e que nestas condições, toda a experiência objetiva correta deve implicar sempre a correção de um erro subjetivo (...) o espírito científico só pode se construir destruindo o espírito não científico” 1.

Esta capacidade intelectual que permite o ser humano evoluir possui uma aceitação plausível, tanto na comunidade científica quanto na leiga. Da mesma forma, ela é tão vital para a sobrevivência humana, que é protegida por legislação internacional, como é possível observar no contexto do inciso primeiro do artigo 27 presente na Declaração Universal de Direitos Humanos, que cita o seguinte: “I - Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios;...” Neste sentido, fica notório que a busca pelo aperfeiçoamento científico existente na realidade no contexto de produzir novas perspectivas, paradigmas, pontos de vistas, descobertas e explorar assuntos não contemplados pela ciência corrente, são elementos reconhecidamente que colaboram com o processo evolutivo humano. Sendo que o resultado dessa colaboração, independente do reconhecimento que terá na sociedade em especial no meio científico deveria ser respeitada e até auxiliada por outras ciências de forma notória. Pois, como já foi observado historicamente em várias oportunidades e em diferentes períodos, é a constante mudança de opinião sobre determinado assunto. Isto ocorre porque, pela descoberta de um elemento novo, ou um ponto de vista novo, o que antes era portador da absoluta credibilidade, posteriormente ao novo evento (paradigma) se torna o “maior erro da história”,...

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BACHELARD, Gastón. A Filosofia do não. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

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Observando esta realidade em constante construção, sábios legislaram em contexto universal um dispositivo que preserva o livre pensamento como é possível interpretar no que tange o Artigo 19 da Declaração Universal de Direitos Humanos que expressa entre outras coisas o seguinte: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”.

Porém, deve ficar claro que ninguém é obrigado a aceitar o que achar contraditório. Já que, o direito de expressão é um direito de mão dupla. No entanto, isto não dá o direito de um ser humano tratar com desmerecimento o outro fundado no que o outro pensa. Mas, pode agir por via judicial, quando um pensamento ou publicação afrontar a legislação civil e penal pertinente. A partir desta exposição é plausível concluir que o estudo ufológico possui o potencial de colaborar significativamente com a ciência e filosofia corrente. Pois, aborda assunto de interesse geral, porém de contexto desconhecido e exótico. Independente de status de credibilidade é uma expressão do pensamento humano, e por este motivo deve receber considerações e respeitos. Deve ser considerado que é uma abordagem recente em relação a outras ciências, sendo que até o presente se encontra em processo de construção a sua base de suporte teórico-bibliográfico-científica, apesar da mesma ser multidisciplinar. Seu estudo se justifica dentro do mesmo princípio das outras ciências, ou seja, descobrir, encontrar respostas, sanar a curiosidade,... que a propósito são ações que foram e sempre serão os principais vetores e incentivadores do aperfeiçoamento do conhecimento humano. Ou seja, como é claramente expressado por um “Roteiro de Projeto de Pesquisa do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Serviço Social (ppss) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás”. Que cita o seguinte: “É importante lembrar que o problema é algo factível, real e histórico. Sua definição pressupõe o seguinte movimento: reconhecer que não se conhece algo que já existe na realidade, e se dispor a desvendá-lo. Trata-se, portanto, de delimitar, circunscrever o tema-problema, isto é, privilegiar o detalhamento e a contextualização do objeto de estudo”.

Então ascende outro desafio tão importante quanto o apresentado que é a necessidade de uma universalização da linguagem ufológica, um norte imparcial que sirva para sustentar os estudos ufológicos manifestados em qualquer de suas vertentes.

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É por este motivo que a Ufologia não deve se prender só ao estudo de fenômenos, mas seria muito importante para imagem da mesma que ela tivesse uma constante análise crítica de seus resultados, métodos e filosofias. Pois, sendo ela uma manifestação do conhecimento humano, se justifica por si só o aperfeiçoamento da sua racionalização e por efeito o seu estudo.

PROBLEMA

Em pleno século XXI o estudo ufológico ainda não encontrou espaço junto as grandes ciências em decorrência principalmente por não possuir uma sustentação probatória física devido a complexidade de seu objeto de estudo. Por não ser considerada uma ciência de fato até a presente pesquisa, não existem cursos superiores ofertados por universidades oficiais, o que não permite a formação de especialistas na área. Por efeito, o estudo ufológico é feito por pessoas de outras áreas científicas em um contexto de adaptação do assunto a sua área de estudo no que tange a elaboração de trabalhos acadêmicos. O que existe de fato são programas de pós-graduação em Astrobiologia (Estudo de vida no Universo) oferecidos em várias universidades oficiais pelo mundo. Ou seja, um assunto contemplado pelo estudo ufológico. Por que então existe tratamento diferenciado entre Ufologia e Astrobiologia? De forma objetiva, a Astrobiologia nasceu de uma realidade científica e propaga exclusivamente por meio dela como também tem como uns de seus objetivos a busca de vida fora do planeta Terra. Já a Ufologia começou em um contexto forense militar e posteriores investigações científicas supostamente sem êxito. No entanto a sua propagação se deu fora da academia, por meios de noticiários e posteriormente ganhou simpatia do esoterismo e misticismo que praticamente ocultaram ao olhar leigo o seu lado científico. Um dos seus objetivos é a identificação de vida extraterrestres no contexto das manifestações observadas no planeta Terra. O estudo ufológico possui uma história recente, iniciado timidamente na década no final da década de 1940. Por consequência ele ainda esta se desenvolvendo. No entanto, por efeito dos objetos e circunstâncias não identificadas de fato, vem sofrendo um processo de desenvolvimento de contexto contemplativo que necessita de seres de racionalidade ampla, não restrita, não manipulável e tão pouco de ideólogos. 7


Pois, a contemplação de fenômenos ufológicos ainda não apresentam respostas objetivas, teorizadas e adaptadas ao padrão da racionalidade comum humana no presente. Esta contemplação ainda se forma entre vários pontos de vistas ao clivo da interpretação subjetivas que pode ser influenciado pelo interesse que carrega. Pois primeiro, é preciso entender a filosofia do estudo ufológico, seu conceito, objetivos e linhas de pesquisas. Identificar seus pesquisadores, pois profissional despreparado existe em qualquer área do conhecimento, no entanto quando o assunto é Ufologia, as pessoas leigas não se prendem a considerar os acertos e descobertas científicas de fato feitas pela Ufologia, mas tecem juízos sobre erros e atitudes de pseudos-ufólogos e a relaciona em forma de opinião fundada no senso comum sobre a Ufologia. Já que a população e muitos pseudos-intelectuais não desfrutam da habitualidade de uma atitude científica para nortear e analisar o que escutam e verem na mídia. A Ufologia investiga o fenômeno “omni” (objeto móvel não identificado) – qualquer objeto visto no céu, mar, terra que não possa ser identificado ao primeiro olhar que é de contexto subjetivo. A hipótese extraterrestre é apenas uma das possibilidades a serem investigadas. “Este é o principal problema da ufologia: a maioria dos próprios ufólogos”, segundo Rogério Chola, ombudsman da revista UFO que também cita: “Eles são os responsáveis por perpetuar os paradigmas de que ovni é o mesmo que nave extraterrestre.”2 A racionalidade ufológica não encontra resistência entre a população, pois existe a curiosidade mesmo que velada em saber o que existe de fato no universo. No que tange estas considerações, é observado o mesmo ponto de vista pelo astrônomo Derrick Pitts (cientista sênior e astrônomo chefe do Museu de Ciência do Instituto Franklin da Filadélfia, além de Embaixador do Sistema Solar da NASA), quando comentou sobre a credibilidade da Ufologia3: "Eu diria que devemos realizar esse estudo, porque temos um fenômeno que atrai um enorme interesse público. Por que não tentar entendê-lo?”. No entanto não é contemplada pelo povo leigo quanto por pseudos intelectuais e intelectuais de fato, devido a complexidade da forma de racionalizar, já que as perspectivas e observações se apresentam dentro de um contexto de 2

Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005. Comentário extraído do artigo “Astrônomo afirma que deve haver estudo científico dos UFOs” elaborado pelo jornalista e escritor Renato A. Azevedo e publicado dia 09/10/2012 no endereço eletrônico: http://www.ufo.com.br/noticias/astronomo-afirma-quedeve-haver-estudo-cientifico-dos-ufos . 3

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desconhecimento que não possui coesão comum racional e que se perdem em um labirinto de explicações que se contradizem, muitas vezes por estarem equivocadamente relacionados a seitas, exibicionismo ou a cultura da ficção. Ou seja, são exposições de abrangência tão amplas que passam a ideia de estarem descaracterizada com o real objetivo do estudo ufológico e que por efeito atrapalham o processo de fortalecimento e de busca por credibilidade no sentido do estudo deixar de ser leigo e se tornar legalmente científico. Diante desta circunstância a Ufologia se apresenta como uma “terra de ninguém”, um campo de conhecimento anárquico, sem regras, fiscalização, ordem e delimitação de suas fronteiras. Um mundo visitado por aventureiros, “turistas” e alienados sem pretensões de trazerem o progresso de fato para este campo do conhecimento. É um microuniverso científico e filosófico de fontes possíveis, tangíveis e investigáveis contaminadas por devaneios especulativos refutados dentro do próprio estudo ufológico sério. O astrônomo Derrick Pitts comenta a respeito do que seria necessário para mudar este panorama e trazer mais credibilidade ao ponto de cientistas estudarem os fenômenos UFOs: "Há duas maneiras. A primeira seria se um UFO pousasse no jardim diante da Casa Branca em Washington. A outra seria se alguma instituição científica reconhecida iniciasse uma pesquisa a respeito. E também ajudaria se fosse mudado o nome pelo qual tratamos esse assunto, pois é sempre causa de problemas. Se isso auxiliasse a dar legitimidade e tornar esse estudo aceitável, de forma a comprometer as pessoas a resolver a questão, então seria uma coisa muito boa"4.

A pesar de existir uma manifestação acadêmica no sentido de tentar colaborar com o estudo ufológico, ele contemporaneamente é desenvolvido de forma independente, praticamente fora das academias, por pessoas leigas motivadas pelos mais diversos interesses e pontos de vistas divergentes que se caracterizam em delimitar a Ufologia como uma forma embrionária de ciência (protociência) ou de misticismo. Alguns pesquisadores acreditam ser uma disciplina autônoma e independente, com metodologia própria, e até não dependendo de vinculação acadêmica, que se reflete nos fundamentos da pesquisa de campo a qual se relaciona a conclusões tiradas de contextos orais e documentos questionáveis devido a sua origem, história e a forma como são conseguidos. Ou seja, no laboratório mais sensível e indispensável para produzir um contexto probatório. Por efeito dessa falta de coesão de atitude científica, o estudo se 4

Idem.

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deleita no senso comum e negativamente molda uma identidade negativa. O que por efeito se torna inspiração para observações de peso como a feita pelo astrofísico americano Josef Allen Hynek crítico da explicação extraterrestre quando em 1976, ele afirmou: “Tenho apoiado cada vez menos a ideia de que os ovnis são espaçonaves de outros mundos. Há tantas coisas se opondo a essa teoria. Para mim, parece ridículo que superinteligências viajariam grandes distâncias para fazer coisas relativamente estúpidas, como parar carros, coletar amostras de solo e assustar pessoas”5.

No final da vida, ele estava convencido de que os “discos voadores” tinham mais a ver com fenômenos psíquicos do que com veículos alienígenas. A partir desta introdução é plausível refletir que o problema do estudo ufológico é a sua credibilidade questionável por falta de identidade científica de fato motivada pela falta de coesão em seus estudos.

CIÊNCIA, PROTOCIÊNCIA OU PSEUDOCIÊNCIA?

Para entender a verdadeira essência da Ufologia é necessário entender primeiramente a forma como ela se manifesta entre a população e por efeito como os mesmos reagem a ela. Já que, muitos fatores que interferem diretamente em sua reputação surgem neste contexto. Principalmente, quando não existe na população um discernimento capaz de perceber pseudos-ligações consideradas superficialmente como Ufologia. Merece a devida consideração a seguinte situação a ser abordada nesse capítulo: os efeitos de sua divulgação pública em relação a análise de sua essência científica. Pois, a ideia de manifestação no pertinente capítulo se reporta a maneira que esta sendo propagada a Ufologia, da mesma forma que se analisa as fontes da origem das muitas informações propagadas ao público. Neste contexto, será possível observar e refletir sobre os principais agentes contaminantes e colaboradores que para o leigo se caracteriza como objetos da Ufologia. Diante disso, a Ufologia pode ser identificada em um primeiro momento como:  5

Ufologia Ciência;

Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005.

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Protoufologia;

Ufologia Romântica;

Pseudoufologia;

Ufoteologia.

Ufologia Ciência

Esta manifestação tem como característica a colaboração dos métodos científicos no que tange a busca de identificação de fenômenos, antes de tecer qualquer tipo de conclusão sobre um determinado objeto estudado. É por natureza uma manifestação de divulgação de seus estudos ao público, a prudência. De suas observações se vinculam muitos assuntos ufológicos que são adaptados ou referidos diretamente em trabalhos científicos acadêmicos de outros campos do conhecimento humano. A Ufologia Ciência não se apresenta de forma sensacionalista, vinculada a interesses econômicos ou a seitas religiosas. Porém, o resultado de seus estudos, muitas vezes é utilizado e explorado por estas formas de manifestações, para fundamentar circunstâncias cientificamente e ufologicamente refutadas. Neste sentido a Ufologia Ciência é de fato uma manifestação científica, pois, se caracteriza como Ciência, informando a verdade que dispõe fundada em métodos científicos conhecidos ou adaptados racionalmente a realidade investigada, buscando de forma organizada, sistêmica e dialética identificar novos paradigmas que aperfeiçoe os métodos e que norteiem explicações plausíveis de caráter a colaborar com o conhecimento humano. É um estudo que se caracteriza com a contemporânea concepção de Ciência, que: “é a que reconhece, como garantia única da validade da Ciência, a sua auto corrigibilidade. É significativa, seja por partir da desistência de qualquer pretensão à garantia absoluta, seja por abrir novas perspectivas ao estudo analítico dos instrumentos de pesquisa de que as Ciências dispõem” 6.

Observando esta característica que identifica a Ufologia Ciência é possível desmistificar ou refutar pontos de vistas de um grupo de “simpatizantes da ufologia” que defendem a ideia que o estudo ufológico não deve ser feito ou considerado pela 6

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 139.

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visão científica pelo fato de torna-la cientificista. É uma visão contraditória e afetada, já que neste momento histórico é impossível identificá-la ou rotulá-la como cientificista, pois, ela não “possui a crença infundada de que a ciência pode e deve conhecer tudo e é a explicação causal das leis da realidade tal como esta é em si mesma”7. Pelo contrário, ela busca quebrar paradigmas científicos. Já que, os estudos ufológicos são os maiores exemplos da pesquisa científica (não cientificista), onde se identifica em seu processo os constantes confrontos epistemológicos, problemas e enigmas a serem desbravados em um constante processo de aperfeiçoamento.

Protoufologia

Esta manifestação não deixa de ser científica, no entanto as informações que partem desses estudos se caracterizam por possuírem contextos hipotéticos filosóficos a serem experimentados. São fatos a serem provados e identificados, mas não inexistentes. Os quais, só não são devido a falta ou efeito da impossibilidade da ciência atual prover meios para isto. Da Protoufologia se originam diversas teorias ufológicas no que tange a própria falta de explicação plausível da ciência atual frente a alguns questionamentos históricos clássicos e teológicos. É o empirismo contextualizado ao senso comum. Um exemplo disto são os constantes questionamentos sobre monumentos egípcios, précolombianos, origem da vida, seres mitológicos e afins. Como também, as questionáveis mais válidas dentro de um contexto de liberdade de expressão, das “Teorias Conspiradoras”. Geralmente as informações desenvolvidas pela especulação protoufologica é a que mais produz elementos e teorias que inspiram as manifestações sensacionalistas propagadas pela mídia. Um exemplo é a própria criação do termo “disco voador” o qual foi pioneiramente identificado e propagado leigamente pela edição de 26 de junho 1947 do periódico Chicago Sun. Pois, apesar desta informação se referir a um avistamento real, existem contradições de contexto bem característicos quanto a informação que foi passada ao público. Pois, os textos das primeiras histórias noticiadas sobre o “Caso Kenneth Arnold (1947)” não mencionava o termo “prato voador” ou “disco voador”. Entretanto, histórias anteriores ao artigo que originou a popular denominação citam que

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CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 280.

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Arnold usou os termos “prato”, “disco” e “forma de torta” para descrever os objetos avistados. Porém, anos depois Kenneth Arnold alegou ter dito ao reporte William C. Bequette que “eles voavam erráticos, como um prato atirado pela superfície da água”. Arnold acreditava ter sido mal interpretado, já que sua descrição se referia ao movimento do objeto e não ao seu formato. Assim, Bequette frequentemente recebe os créditos por ter usado pela primeira vez o termo “disco voador”, supostamente numa interpretação equivocada do que disse Arnold, mas o termo não aparece nos primeiros artigos de Bequette. Na verdade, seu primeiro artigo de 25 de junho de 1947 diz somente “Ele disse ter avistado nove aeronaves que pareciam pires voando em formação...”, ou seja, apenas em 28 de junho 1947 Bequette usaria pela primeira vez o termo “disco voador” (mas não “prato voador”). A princípio Protoufologia não é Ufologia, é uma falsa ligação que se faz no que tange o desdobramento resultado da especulação científica e de senso comum. Pois, dos objetivos da Ufologia Ciência, o principal é identificar fenômenos ufos e posteriormente provar seu vínculo com o padrão extraterrestre, para depois definir ligações com outras teorias que o cerca. Na Protoufologia ocorre o contrário, ou seja, primeiro se manifesta a conclusão que um fenômeno é ufológico, e em seguida se procede na busca da prova para tal afirmação. Nesse sentido, esta questionável ação se torna o principal vetor de ligações de fatos fora da abrangência da Ufologia com a mesma. Por efeito disso, o que é questionável em outros ramos do conhecimento acaba contaminando e se tornando um argumento contra o próprio estudo ufológico, ou seja, segue o mesmo princípio só que adaptado a circunstância supracitada descrito na “Teoria do fruto da árvore envenenada”. Ou seja, a partir da ideia da Teoria do fruto da árvore envenenada, será considerado e relacionado a ideia que não é só a literalidade de se conseguir provas por meios ilícitos, no caso ufológico: sem a devida perícia, metodologia e análise feita por profissionais capacitados. Mas também, considera-se nesta perspectiva a situação em que uma circunstância ou informação de uma outra área de conhecimento ou cultural carregada de imperfeições e questionamentos ainda não esgotados tende a serem utilizados por protoufólogos e pseudosufólogos como sustentação de argumentos as suas teorias. Por efeito, a teoria ufológica não logra êxito, quando contaminada com a informação. Porém, mesmo assim é divulgada e propagada devido a falta de conhecimentos investigativos de quem a recepciona e por efeito a propaga. 13


Só para constar, em pesquisas da Ciência História, Geografia, Biologia,... entre outras, existem algumas regras básicas como: verificar e analisar as informações que são colhidas em bibliografias pesquisadas; tomar cuidado com teorias e informações refutadas ou superadas; e principalmente não concluir informações sem ter norteamento plausível. A Protoufologia possui um contexto embrionário a espera do surgimento de um paradigma que lhe possibilite a experimentação. Por ter um caráter exótico, místico e curioso, é explorada na integra por programas televisivos e bibliografias de questionável interesse em prol da ciência Ufologia. É uma manifestação que passa ao leigo a ideia que Ufologia se tipifica neste universo, quando na verdade o estudo ufológico se distancia do mesmo, pois, o que esta em foco é um contexto histórico, social ou científico, que é “enfeitado” com elementos ufológicos para ganhar uma nova perspectiva.

Ufologia Romântica

É a manifestação leiga e para o leigo, propagada em um contexto fictício de caráter econômico. É por efeito o principal vetor da forma errada de ver e considerar a Ufologia, mesmo que muitos escritores (livro, filme, animes,...) utilizem elementos, fundamentos e argumentações típicas da pesquisa ufológica. Diante disso, a Ufologia Romântica é a apresentação fictícia e ideia distorcida propagada pela mistura de fatos ufológicos e de protoufológicos. Por outro lado, é a principal incentivadora de pessoas no que tange ao universo ufológico. Mas, só que deste contexto nasce muitos pseudosufólogos e charlatões. E um pequeno número de ufólogos pesquisadores de fato. A manifestação de caráter fictício da Ufologia é anterior ao surgimento dela. Pois, alguns grupos da população já consideravam, mesmo que de forma velada a possibilidade de existir vida fora do planeta Terra. Esta ideia inspirou Herbert George Wells a escrever a famosa obra de ficção científica a Guerra dos Mundos em 1898. Curiosamente apesar de não existir nenhuma prova da existência de vida fora do planeta, como também nenhuma discussão ufológica ou observações que se ligassem a isto nos períodos anteriores a década de 1940 de forma notória e específica, o povo veladamente considerava esta possibilidade. A maior prova dessa crendice relacionada ao poder dos meios de comunicação ocorreu nos Estados Unidos em 30 de 14


outubro de 1938 quando o radialista Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells pela estação de rádio CBS em forma de programa jornalístico. Ou seja, por uma hora ingênuos trechos de música foram interrompidos por flashes realísticos do radialista. No entanto, ocorreu a propagação do caos em decorrência a um mal-entendido, já que aproximadamente das 6 milhões de pessoas que sintonizaram o programa, metade delas começaram a escutar o mesmo depois da introdução que explicava que a estória não passava de uma peça de ficção. Cerca de 1,2 milhão de cidadãos norte-americanos acreditaram ser um acontecimento real, meio milhão teve certeza de que a invasão estava ocorrendo. O efeito dessa dramatização provocou um pânico generalizado refletido no sobre carregamento das linhas telefônicas, aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por pessoas tentando escapar da trajetória da invasão. O caos paralisou três cidades. Posteriormente ao incidente, Orson Welles foi intimado a explicar para as autoridades as suas ações do dia 30 de outubro de 1938. Das manifestações da Ufologia Romântica nascem as especulações da Protoufologia e das refutadas e paranoicas fontes de argumentações das pseudoteorias. Ou seja, é a inspiração direta da Pseudoufologia.

Pseudoufologia

Esta manifestação se difere da Ufologia Romântica, porque seus adeptos se esforçam em provar ficções como verdades absolutas. Desconsideram as ciências e seus métodos e por efeito colocam em duvida até os resultados obtidos pela Ufologia de fato. Geralmente na propagação de seus pseudoconhecimentos, fica clara a alienação ufólotra. Ou seja, a pseudoufologia é caracterizada em contextos doutrinários ditados por seitas de interesse não definido e por pessoas alienadas e paranoicas cujos efeitos de suas ações se expressam no contexto material, psicológico e em algumas circunstâncias por fatalidades. É a exploração leiga e integrada a um propósito que acha na análise da admiração ingênua seu norte. Pois, segundo Gerd A. Bornheim, em sua obra “Introdução ao filosofar/O pensamento filosófico em bases existenciais” p. 47: a admiração ingênua é:

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“o fenômeno da admiração tal como se verifica em sua manifestação primária, em seu primeiro desabrochar, ainda em um horizonte de ingenuidade e espontaneidade, buscando-lhe as características mais fundamentais”.

É da pseudoufologia que os céticos e pessoas parcialmente intelectualizadas retiram as argumentações para equivocadamente vincular e refutar a essência científica da Ufologia.

Ufoteologia;

A manifestação da ufológica teve por meio do misticismo o principal percussor da Ufologia no mundo. Pois, os conhecimentos ufológicos chegavam aos diversos gêneros de simpatizantes do fenômeno através de bibliografias esotéricas e místicas. Esta característica ainda é carregada pela Ufologia, já que nas livrarias conservadoras, obras ufológicas são encontradas nas seções esotéricas, limitadas a best seller do assunto. Porém, se a pessoa buscar variedade, deverá procurar livrarias esotéricas ou catálogos existentes em revistas referentes ao mesmo assunto. Suas informações apesar de carecerem de paradigmas bem complexos e específicos, possuem contemplação baseada na fé. Ou seja, não é ciência. Mas colaboram com ela já que abordam fenômenos ufológicos. A manifestação ufoteológica segue a mesma base da teologia, a diferença esta na interpretação doutrinaria. No entanto, a Ufoteologia encontrou um norte na Exoteologia que é o exame das consequências teológicas advindas do contato com inteligências extraterrestres e a compreensão das crenças em extraterrestres. Ambas estudam idolatrias e alertam sobre a alienação. A Ufoteologia não é Ufologia, porém ainda se vincula a ela em muitos de seus estudos e divulgação. Da mesma forma que acontece com a Ufologia, muitos dos elementos da Ufoteologia são irresponsavelmente explorados por pseudoufólogos, protoufológos e romancistas.

A partir das principais manifestações que erroneamente são vinculadas a Ufologia, temos que a única e menos considerada é a enfadonha, mas honesta, zelosa, prudente e previdente Ufologia Ciência. O resto das manifestações, não é Ufologia, ou seja, são pontos de vistas que partem da ideia indutiva de que pelo simples fato de uma 16


manifestação possuir um elemento ufológico em seu contexto subjetivo, ela será por efeito considerada Ufologia. Esta visão leiga e alienada deve ser combatida, principalmente com conscientização e refutações que partam em forma de ampla divulgação feita por ufólogos. Blogs, comentários em redes sociais eletrônicas, livros e até pesquisas devem ser fiscalizados e refutados de forma respeitosa e fundamentada. Pois, é da internet que os leigos coletam informações e é de livros questionáveis que eles tiram suas conclusões. Porém, o leigo não é um investigador de fato, já que, não busca verificar as informações que colheu. Ele aceita sem questionamento a informação como verdadeira. Ufologia é ciência produzida em um contexto científico em sua préinvestigação e desenvolvida quando confirmado o fenômeno ufo de fato, sob os métodos de suas vertentes de estudo. Não é uma pesquisa feita de qualquer jeito ou no “achometro”.

UFOLOGIA E SEU OBJETO DE ESTUDO

A partir das primeiras análises, se entende como Ufologia uma manifestação da exploração científica em um contexto relacionado as pesquisas leigas, não oficiais e de caráter de autoconhecimento (pois, ainda não é uma ciência oficial e tão pouco é derivada de alguma que lhe sustente cientificamente e lhe possibilite identidade formal). É também conhecida como Ovnilogia. A palavra “ufologia” deriva de seu objeto de estudo denominado pela sigla inspirada nas letras iniciais das três palavras que formam a expressão de origem na língua inglesa “UFO” que significa “Unidentified Flying Object”, que na tradução literal para a língua portuguesa significa “Objeto Voador Não Identificado” o que explica gênese da sigla “OVNI”. Acrescentada do sufixo grego (lo-gía) que significa estudo, razão. Estra expressão sufixial “lo-gía” é tradicionalmente aplicada nas denominações dos diversos ramos do estudo científico. Neste contexto, Ufologia significa literalmente: “estudo de objetos voadores não identificados”. Em decorrência do processo histórico e afetações que permearam a trajetória da Ufologia somadas as complexidades e particularidades que envolvem o “fenômeno 17


OVNI” esta definição da literalidade da palavra ufologia não deve ser utilizada como norte de delimitação da área de estudo no que tange o que buscam os seus pesquisadores. Pois, a partir de uma análise geral possibilitada por bibliografias, artigos eletrônicos, fóruns, documentários e comunidades referente ao assunto Ufologia, foram as seguintes questões norteadoras comuns identificadas entre os interessados pelo assunto: 1. Identificar os OVNIS e proceder a sua análise; 2. Provar que determinados OVNIS identificados estão ligados a seres vivos de capacidade racional não pertencente a este planeta, denominados de extraterrestres. 3. Provar que determinados OVNIS identificados estão ligados a seres vivos inteligentes que sejam deste planeta, pertencente a uma raça ou civilização desconhecida denominados de intraterrestres; 4. Identificar, provar e estudar a existência de vida extraterrestre e intraterrestre; 5. Analisar os objetivos e intenções dos seres extraterrestres e intraterrestres no contexto dos motivos de suas aparições e ações; 6. Contextualizar a possibilidade ou não de existir uma ligação da vida na Terra e na história da humanidade com ações colaborativas, interventivas ou experimentais intraterrenas e extraterrenas; 7. Identificar e estudar fenômenos não contemplados pela ciência motivada por sua não identificação.

A partir desse rol de questões a serem desvendadas, fica notório que a delimitação para criar um conceito abrangente, objetivo e ao mesmo tempo limitador para definir Ufologia, se torna impossível se não haver uma filtragem de “sub objetos de estudos”, para alcançar um status saldável no contexto de sua identidade. A importância da definição de um conceito para um ramo de estudo é por efeito a personificação da identidade da mesma. Pois “a função primeira e fundamental do conceito é a mesma da linguagem, isto é, a comunicação”8. A partir disso, este ramo vai deixar de ser contaminado por assuntos que apesar de parecerem que possuem ligação com o estudo, acabam fazendo o estudo se distanciar de seu objeto e objetivo. 8

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 164.

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Neste contexto a ideia geral de conceito é dada “como todo processo que torne possível a descrição, a classificação e a previsão dos objetos cognoscíveis”9. No caso específico da Ufologia o nome do estudo e a sua superficial definição (estudo de OVNIS) é um atrativo para “curiosos”. Infelizmente o curioso nem sempre é um pesquisador, ele simplesmente é um leigo, que possui uma ideia preconcebida no contexto da ficção científica fundada em informações leigas, superadas e distorcidas sobre o assunto colhidas na mídia e na internet. Que para agravar os levam a participarem de comunidades online onde as informações que muitas vezes colhem, só se referem a questionáveis avistamentos e informações sem o mínimo de plausibilidade científica da séria pesquisa ufológica, da astrobiologia, astronomia, história,... ou seja, “vira uma grande conversa de boteco”. Porém, esta leiga troca de informações desencontradas acabam parando em blogs, e tudo sem aprofundamento,... Resumindo este cenário apresentado quando analisado por qualquer pessoa que possui um pouco de senso critico e racional estará fadado não apenas a ser rechaçado como por efeito produzirá uma contemplação errada da Ufologia. E mesmo que o critico reconheça o processo que desencadeou este cenário, ele vai questionar: como os ufólogos sérios deixaram isto ocorrer? Por que não foi questionado e refutada certas informações pelo próprio corpo de pesquisadores sérios da comunidade ufológica? Neste sentido, a imagem que fica no que tange uma visão superficial é que os próprios interessados em conseguir a credibilidade necessária para Ufologia não conseguem cuidar da imagem da mesma. Questionar, refutar e criticar hipóteses e teorias é um processo científico. Não é desrespeito ou antiética. Pois, se o objetivo é buscar a verdade de um assunto, o caminho é a troca de informações, correções, reflexões,... que só se desenvolvem em debates de exposições teóricas no contexto de argumentações e contra argumentações. É neste sentido que os céticos são bem vindos, já que eles são os que conseguem ver o que está errado. E da mesma forma são eles que avaliam a seriedade e o grau de uma teoria. Em contra partida o curioso e o leigo, infelizmente não servem nem para argumentar a favor ou contra. A partir destas observações o conceito de Ufologia não pode ser ambíguo e possuir interpretação lato sensu (em sentido amplo), mesmo buscando ser abrangente. Diante desta exposição a Ufologia possui um conceito corrente e elaborado por ufólogos científicos que atende a esta regra expressado pelo artigo 2º do Código de Ética do 9

Idem.

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Ufólogo elaborado pesquisador Aramis Baraldi Dias em outubro de 1994 que expressa o seguinte: “Entende-se por Ufologia, o estudo, a pesquisa e a análise do aparecimento de objetos, máquinas ou luzes, no céu, na terra e nas águas, seus movimentos, reações, formas e efeitos produzidos, de origem não terráquea ou sem um fator ou processo físico, químico ou psicológico conhecidos, bem como é o estudo e a análise do comportamento e das formas de atuação sobre os Seres deste planeta, por parte dos Seres ou Inteligências que dirigem ou mantém sob controle, aqueles objetos, máquinas ou luzes. Parágrafo único - Para fins deste artigo, compreende-se como objetos e máquinas os denominados popularmente como Disco Voador (DV), UFO (Unidentified Flying Object), Objeto Voador Não Identificado (OVNI), Objeto Submarino Não Identificado (OSNI), Nave Extraterrestre (NAVEX) e outras e quanto aos Seres e Inteligências que os dirigem, são denominados de ETs, Seres Extraterrestres, Alienígenas, Ufonautas, Irmãos Cósmicos e outros”.

A partir deste conceito com gênese na Ufologia, é possível observar uma delimitação de seu estudo bem explicita, na qual foi definido parâmetros citando objetos. No entanto surge um outro problema: qual é a delimitação que possui cada objeto de estudo da ufologia? Uma pergunta complexa e necessária no sentido de evitar que a ufologia seja um amplo “estudo de fenômenos renegados”. Pois, segundo a observação geral do Desembargador Luiz Antonio Rizzatto Nunes10: “...a linguagem é um componente importante de qualquer escola ou ciência. Quando se examina a linguagem utilizada pelas várias ciências, percebe-se que existe uma tentativa de postular para cada ramo científico uma linguagem própria, técnica, construída com o propósito de eliminar ambiguidades que tem a linguagem natural, de uso comum da sociedade”.

Ou seja, apesar de ser uma observação extraída de uma obra direcionada ao estudo do Direito, ela contempla de forma clara a necessidade de existirem conceitos, objetos, objetivos e expressões padronizadas no contexto de qualquer estudo com status de científico. Em referência a esta condição, será analisado cada objeto definido pelo texto do artigo 2º do supracitado Código de Ética dos ufólogos do Brasil, para que exista um parâmetro delimitado dos mesmos:

1. Objetos, máquinas ou luzes

10

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do direito. São Paulo, p. 249.

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No que tange o Parágrafo único do 2º artigo do supracitado código temos a seguinte delimitação: “Para fins deste artigo, compreende-se como objetos e máquinas os denominados popularmente como Disco Voador (DV), UFO (Unidentified Flying Object), Objeto Voador Não Identificado (OVNI), Objeto Submarino Não Identificado (OSNI), Nave Extraterrestre (NAVEX) e outras...”.

Observando a condição ampla de OVNI, será analisado neste trabalho uma sugestão de delimitação mais adequada para se referir ao objeto de estudo da ufologia, ou seja, “objeto móvel não identificado”. Pois, no contexto literal de OVNI, existe o norteamento apenas a fenômenos que acontecem no céu, quando na verdade o próprio conceito abrange acontecimentos em céu, mar e terra. Dentro de um padrão científico terráqueo é plausível entender por “objeto móvel não identificado” ou “OMNI” uma imagem física ou não avistada no céu, no mar e na terra norteada por um contexto avaliativo condicionado pela inter-relação de conhecimentos, condição psicológica, influência subjetiva de grupo e ponto de vista que possui o observador relacionado com as condições atmosféricas, climáticas e em certos casos oceânica do local de avistamento. Pois, pode ser um simples avião, uma estrela, um satélite artificial, um balão meteorológico, um fenômeno atmosférico, um experimento militar ou científico, submarino,... Por possuir o caráter de não identificado no momento de seu avistamento e carregar características que chamem a atenção por ser supostamente exótico por motivos determinados ou indeterminados, se relacionam a informações leigas que criam hipóteses vinculadas a possibilidade “de ser” uma máquina aeroespacial extraterrestre. Estas hipóteses por chamarem a atenção costumam passar pelo clivo de ser analisadas para se chegar a uma conclusão plausível que responda o que foi visto realmente. Neste sentido só é considerado um “objeto móvel não identificado” com características pertinentes ao objeto delimitado pela ufologia, quando o resultado da hipótese analisada sofreu o esgotamento de todas as possibilidades de verificação científica que confirme que o que foi visto não é passivo de ser explicado pela ciência. No que tange o Parágrafo único do artigo 2º do Código de Ética do Ufólogo elaborado pela Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil, fica notório e de caráter de interpretação objetiva, que o objeto a ser estudado se refere exclusivamente aos relacionados com elementos extraterrestres. Da mesma forma que existe uma delimitação quanto aos possíveis locais a serem visto (mar e céu). Não existe nenhuma 21


indicação nesta delimitação que provoque o estudo de objetos móveis de origem humana terráquea, com exceção do processo científico da sua inicial identificação. Que é o ponto que irá sustentar a hipótese. Resumindo, se for identificado e confirmado sua origem terráquea acaba a investigação, porém, se não for identificado dentro dos padrões terráqueos a pesquisa continua. O problema, no entanto é a consideração de denominações leigas carregadas no citado parágrafo único do artigo segundo que esta sendo analisado, que além de identificar os “objetos móveis não identificados”, cria a superficial ideia que existe uma confirmação de origem do mesmo. Quando na verdade, não existe. É neste contexto que se observa a primeira falha do conceito e definição do objeto de estudo da Ufologia. Pois, se existem fenômenos comprovados por laudos, imagens reais e relatórios científicos, políticos e militares, que “não são identificados” cientificamente, por que a ufologia não consegue comprovar que existem fenômenos extraterrestres? A resposta deveria ser simples, mas é de difícil contemplação para muitos estudiosos da Ufologia. Pois, pelos muitos relatos e documentos observados em várias obras, documentários, textos religiosos, documentos históricos e relatórios, fica claro e objetivo a confirmação de um OMNI (objeto móvel não identificado), não de uma nave de origem extraterrestres. É neste sentido que o conceito norteador define um novo objeto de estudo: “seres de origem não terráquea”. Para ciência, apesar de muitas pesquisas serem empíricas, as respostas não podem ser fundadas em suposições absolutas. Ela deve ser baseada em elementos que existem e possuem uma definição plausível. Ou seja, em elementos identificados de fato. Neste contexto, para se provar que um OMNI é uma nave espacial extraterrestre é necessário ter um conjunto de provas inter-relacionadas: a nave (prova física parcial); laudo e relatório que a tecnologia, material e outros elementos sejam de origem indeterminada (prova analítica parcial); relatório oficial que ela foi avistada (relatos civis por diferentes meios), detectada (radar) e capturada (procedimento), histórico dos fatos (prova legal de veracidade da origem e ações do objeto em análise) (prova parcial); contra prova e perícia dos resultados (prova parcial). Ou seja, mesmo comprovando que o OMNI é real e é uma nave, e que possivelmente seja extraterrestre, não será possível concluir que ela tenha origem extraterrena. Pois, existe a prova de confrontação que é a prova complementar. Já que, para a nave ser extraterrestres ela necessariamente deve estar sendo pilotada por um ser de outro planeta de fato.

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Neste complexo processo comprovatório existe a necessidade de relacionar o ser com a sua ferramenta, analisa-lo para verificar a sua origem por diferentes métodos. Ou seja, não basta ser diferente ou ter tecnologia superior para ser de outro planeta. Principalmente porque alguns ufólogos compartilham a teoria que existem os intraterrestres, ou seja, seres terráqueos que a milhares de anos habitam as profundezas dos mares e o subsolo. Resumindo, não é uma foto, uma abdução, um contato,... que irá provar a existência de seres de outro planeta ou que um OMNI é uma nave. Mas sim um conjunto de fatos probatórios de fé pública e científica. A partir do conhecimento desse processo é plausível o refutando das teorias de muitos, que expressam que é o governo que tem má vontade em dizer a verdade. Já que, os governos não irão começar propagar fatos, sem tem certeza do que é, resumindo vão evitar um caos desnecessário. Pois, dentro de uma racional suposição é um ato consciente e consequente dele não possuir uma resposta plausível sobre as questões que permeiam o assunto somado a possíveis efeitos na ordem civil. Este contexto supracitado probatório, responsável e providencial é de consciência corrente e aceita por qualquer cientista e ufólogo no que tange a seriedade de seus estudos e a busca pela verdade. O próprio Código de Ética do Ufólogo elaborado pela Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB), expressa e tipifica esta preocupação nos seus respectivos dispositivos de forma notória e objetiva.

2. Seres extraterrestres

É fato que não existe na contemporaneidade um conceito sobre o que é vida, o que existe é um padrão leigo de reconhecimento e valoração de fatos notórios racionalizados a partir de doutrinas científicas e místicas que tentam definir um padrão comum. Diante deste fato, existe uma superficial contemplação leiga, que para algo ser considerado com status de vida, deve necessariamente seguir os padrões terráqueos. Porém, a Astrobiologia apesar de ter consciência dessa ideia leiga, reconhece que utiliza métodos na sua busca por vida extraterrestre que se identifique aos padrões existentes no Planeta Terra, como é possível observar na afirmação de Chris McKay, astrobiólogo da NASA que expressou que “neste momento, estamos nos concentrando na busca de vida que seja idêntica a nós, com as mesmas moléculas”.

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Segundo a opinião de Sara Walker, astrobióloga da Universidade do Arizona (EUA), “normalmente, nossa forma de identificar a vida na Terra é através da presença de DNA no organismo”. Porém, essa é uma definição química que pode limitar a busca de vida extraterrestre, além de incluir, erroneamente, sistemas não vivos nessa classificação, como uma placa de Petri cheia de DNA autor replicante. Neste contexto, existe uma divergência científica entre o tipo de vida extraterrestre considerada pela ciência e a diversidade de vida teorizada por diferentes ufólogos. O que torna difícil definir o que é um ser extraterrestre de fato. Porém, a partir do conceito acordado entre a comunidade ufológica identificado no foco de estudo previsto no artigo 2º do supracitado Código de Ética, é possível montar um superficial conceito delimitador de estudo sobre a ideia do que é um ser extraterrestre: “Seres ou Inteligências de outro planeta denominados ETs, Seres Extraterrestres, Alienígenas, Ufonautas, Irmãos Cósmicos e outros”. Porém, este conceito fundado na literalidade das palavras possui uma abrangência muito grande, dando margem para que as pesquisas ufológicas sejam contaminadas por objetos de estudo folclóricos relacionados ao misticismo popular. Pois, não existe um conceito de “ser” que crie um parâmetro entre o tipo de manifestação vital que será estudado pela Ufologia, e o que pertence a estudos paralelos. Existe neste sentido uma fuga do objeto a ser pesquisado. A pesar da complexidade ufológica, o conceito do “ser” investigado pela Ufologia deve ser delimitado. Pois, este fato por si só é um grande passo para criar uma identidade e credibilidade junto a outras ciências. É nesse sentido que o ufólogo deve se ater ao presente, com apoio do passado. E não ao passado e a lendas como estudo principal. Pois, se levar em consideração que primeiramente devemos provar oficialmente a existência de vida extraterrestre em nosso tempo, para ela servir de parâmetro a outras pesquisas. Já o que existe no passado pode até servir de prova para a existência de uma tecnologia ou vida superior, mas não prova que estes seres vivos eram de fora do planeta. O passado pertence a História, os seres extraterrestres pertencem a Astrobiologia, porém as manifestações não identificadas de hipótese extraterrestre no espaço do planeta pertencem a Ufologia. Ou seja, se a Astrobiologia provar que existe vida fora do planeta e a Ufologia identificar seres no contexto delimitados por seu estudo, a História por efeito reverá muitas de suas teorias. 24


Apesar da complexidade em estabelecer um conceito delimitador que contemple a perspectiva que identifique um extraterrestre é possível estabelecer alguns parâmetros. Ou seja, “o ser que recebe atenção de estudos ufológicos pode ter características: física ou energética, com padrão exótico ou similar a vida terráquea, inteligente ou não, adaptável ou não as condições do planeta Terra, que estejam vinculados diretamente aos objetos móveis não identificados e ter necessariamente origem em outro local fora do Planeta. Porém, possível, tangível, real e passivo de estudo”. A identificação apresentada do “ser vivo extraterrestre” não considerou teorias vinculadas a seres lendários já identificados, manifestações parapsicológicas, contextos de ordem mística. Pois, apesar destes serem objetos de estudo já que se configuram como vida e fenômenos não identificados eles carregam uma identidade forjada no universo contemplativo leigo, doutrinário e fictício. Diante desta condição é possível dentro de uma racionalidade entender porque a Ufologia não é levada a sério no meio científico. Quando se comenta sobre “fantasmas, lobisomem, gnomos, centauros, luzes, visões do futuro, irmãos cósmicos,...” o assunto recebe um foco de atenção notório, mas de recepção folclórico, ou seja, em decorrência da falta de coesão da identidade do objeto, esses assuntos se tornam estórias de fato. Porém, o objetivo da Ufologia como já foi explicado é provar a existência de vida extraterrestre em visita ao planeta, independente se padrão ou não a existente no Planeta Terra. De forma geral é identificar o que não é identificado cientificamente dentro de um contexto investigativo, experimental de produção teórica sobre o objeto. Ou seja, criar um padrão científico, um ponto coeso entre o mítico e conhecimento leigo, entre o que e real e o que é invenção. Pois, um ser mítico, é um ser não identificado, denominado culturalmente de acordo com o conhecimento e subjetividades sociais de sua época que formavam o senso comum. Podendo ser desde um ser hibrido terráqueo, um ser ou um grupo com má formação genética,... Porém, este estudo não deve ser norteado dentro de um contexto de que um ser não identificado existiu pura e simplesmente. Pois, segundo a observação do filosofo Severino Croatto “O histórico do mito não é o acontecimento exemplar (que é imaginário), mas a realidade humana que ele quer interpretar”. Ou seja, personagens podem ser inventadas para atingir um contexto metafórico ou para atingir um interesse específico no grupo social que abrange. Já que, a gênese de mito, por natureza sempre 25


nasce de um fato real destorcido ou forjado em algum interesse, circunstância ou ponto de vista de compreensão. O problema desses objetos esta em sua contemplação denominativa, explicativa e sem contexto probatório (teórico, oficial e físico em estado de interdependência, nunca separados). A partir da racionalidade supracitada, temos que a credibilidade da Ufologia se liga diretamente ao contexto de falta de coesão teórica de seu objeto “ser vivo” e manifestações. Pois, enquanto não se estabelecer o que é um ser lendário e o que é um ser real exótico de fato, definindo-os de forma padronizada, coerente e desvinculada das denominações populares no que tange os seres não identificados que pertence ao Planeta e fora dele, infelizmente não ocorrerá recepção científica e aceitação popular dos estudos ufológicos.

O ESTUDO UFOLÓGICO

Os estudos ufológicos tiveram seu impulso despertado a partir da divulgação pela imprensa jornalística em 25 de julho de 1947 quando foi relatado o avistamento feito pelo piloto civil norte-americano Luis Kenneth Arnold de nove objetos voadores luminosos de caráter não identificado no percurso da cidade Chehalis (46º39’36”N - 122º57’48”W) no Condado de Lewis localizado no Estado norteamericano do Washington até a cidade de Yakima (46º 35’48”N – 120º31’46”W), abrangida pelo Condado de Washington, localizado no mesmo Estado (não confundir com a Capital ianque que fica no Leste do território), ocorrido minutos antes da 15:00 da data de 24 de junho de 1947. Por efeito da divulgação do acontecimento ter corrido, a América do Norte e o mundo começaram a serem informados vários avistamentos em diversas regiões norte-americanas e do planeta, cujos relatos os descreviam subjetivamente como objetos em forma de disco. Sendo que o avistamento que ganhou repercussão mais abrangente na mídia americana foi o observado em 4 de julho 1947 pela tripulação da United Airlines que relataram de outros nove objetos em formato de disco sobre Idaho (EUA). Porém, o fato que talvez tenha causado efeitos mais diretos nas autoridades americanas e consequentemente desencadeador de devida investigação oficial por parte dos militares do avistamento no Estado de Washington, foi o ocorrido na cidade de Roswel no Estado do Novo México em 8 de julho de 1947. 26


Neste breve resumo histórico e superficial da gênese da pesquisa ufológico, temos que a pioneira pesquisa foi de caráter oficial, forense e científica realizadas pelos militares norte-americanos como é possível concluir no simples contexto de existência de um relatório feito por Kenneth Arnold a inteligência das forças aéreas americanas (AAF), datada de 12 de julho de 1947, que inclui esboços anotados do formato típico da dos nove objetos. Neste contexto surgia um fenômeno que atraiu a curiosidade de intelectuais, leigos e místicos oriundos da população civil. No início, eram poucos norteados por informações subjetivas de origem no senso comum, que eram adaptadas a contemplação científica ou a mística. Por ser exótico, de caráter subjetivo e de contexto a ser provado, começou a influenciar e sofrer influência do misticismo que fundamentavam vertentes esotéricas apesar de existirem diferenças bem definidas entre elas. Ou seja, a palavra deriva etimologicamente do grego “esoteros”, que quer dizer “mais íntimo”. O termo pode ser compreendido de duas formas. De um ponto de vista filosófico, serve para designar uma doutrina que defende que o ensinamento da verdade, seja ela científica, filosófica ou religiosa, deve ser vetado a pessoas consideradas profanas e ficar restrito a um número pequeno de iniciados, escolhidos por sua inteligência ou valor moral. O outro significado, mais popular, relaciona o esoterismo a um conjunto de ensinamentos religiosos ou espiritualistas que têm o objetivo de iniciar o indivíduo no caminho do autoconhecimento e da paz. Tais ensinamentos supostamente mobilizam formas de energia não reconhecidas pela ciência e, geralmente, estão articulados com elementos religiosos e das ciências ocultas. “Essa articulação remete para um estilo de religiosidade que alguns chamam de Nova Era”, afirma o antropólogo Emerson Giumbelli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O tarô, a numerologia, a astrologia e a quiromancia são exemplos de práticas esotéricas, nas quais o conhecimento não pode ser quantificado ou comprovado. Muita gente confunde esoterismo com misticismo. Embora os dois se baseiem em princípios espirituais, na experiência mística o divino vem ao homem naturalmente, enquanto no processo esotérico toda iniciativa deriva do esforço humano. Ou seja, com o passar dos anos o estudo ufológico não se propagou por intermédio da ciência, mas por difusão da cultura esotérica, principalmente na década de 1960 e 1970 quando foi relacionada ao Movimento Nova Era por efeito de estar ligada ao esoterismo. É por este motivo que a receptividade do assunto recebe olhares de desconfiança por parte da comunidade científica. 27


Porém, a Ufologia possui essência científica, pois seu estudo tem no senso comum o norte a ser investigado, desbravado e contemplado. Pois, é isto que inicialmente no ano de 1947 se buscou. Já que, as pessoas naquele momento histórico, queriam saber o que era de fato os fenômenos e os objetos voadores que eram relatados pela mídia. O mesmo acontece contemporaneamente, de forma velada ou não, as pessoas também possuem a curiosidade de saber. Mas o problema que diferente dos anos dos primeiros questionamentos sobre os ditos ovnis, temos uma realidade em que o assunto foi muito contaminado devido a seu vínculo com o esoterismo e misticismo e circunstâncias históricas de contexto sensacionalista, charlatanista. Além, da própria imperícia, irresponsabilidade, imprudências e alienação de um grupo de pseudosufólogos. Que por efeito, se refletem na apresentação, divulgação e aceitação do resultado e dos estudos, prejudicando a ufologia séria, prudente, neutra e desvinculada de interesses financeiros. Em decorrência da importância do assunto, mas por efeito da credibilidade negativa da Ufologia: “em novembro de 1977, o primeiro-ministro de Granada, Eric Matthew Gairy, sugeriu a criação de uma agência na Organização das Nações Unidas (ONU) para coordenar os estudos mundiais sobre o fenômeno ovni. A proposta foi adiante e, um ano depois, foi constituído um grupo de trabalho, formado, entre outros, pelos astrofísicos Josef Allen Hynek e Jacques Vallée, pelo engenheiro Claude Poher e pelo astronauta Leroy Gordon Cooper Jr. Pela primeira vez na curta história da Ufologia, objetos voadores nãoidentificados seriam estudados com o aval de uma instituição digna de crédito no mundo todo. Mas os Estados Unidos não gostaram muito da ideia e avisaram que não financiariam qualquer investigação oficial sobre ovnis. Sem o apoio e financeiro da maior economia do planeta, a proposta foi engavetada. E ficou uma pergunta no ar: se a ONU tomasse a frente desses estudos, a ufologia seria levada mais a sério?”11

Em virtude desta busca por seriedade e reconhecimento, a ufologia contemporânea começou a ganhar organização. Identificando padrões de pesquisas comuns e contextualizando em linhas de abordagem.

LINHAS DE ESTUDOS UFOLÓGICOS

Os estudos ufológicos podem ser identificados por três linhas interrelacionadas: a) 11

Ufologia Conservadora (Científica);

Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005.

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b) Ufologia Paraolistica; c)

Ufologia Holística.

1. Ufologia Conservadora (Científica)

O estudo ufológico científico apesar de possuir um objeto exótico norteados sob o efeitos direta e indiretamente do universo do senso comum recebe atenção que inevitavelmente se conduz nos parâmetros da atitude científica, como é possível observar no contexto de seus métodos e observações quando o relacionado as características dessas duas formas de contemplação da realidade expressada pelo ser humano. Em observância a estes segmentos em relação as observações gerais filosóficas apresentadas pelos estudos da filosofa Marilena Chaui em sua obra “Convite a Filosofia”, p.248-251 é possível elaborar a seguinte análise, no qual temos que o estudo ufológico carrega o senso comum porque “são subjetivo, já que exprimem sentimentos e opiniões individuais e de grupos variando de uma pessoa para outra, de um grupo para outro, dependendo das condições que vivemos”. No que tange esta característica de senso comum temos que a interpretação leiga frente aos objetos de estudo da Ufologia estarão vinculados diretamente a realidade, ao conhecimento e principalmente ao meio em que vive o observador. Pois, um “OMNI”, extraterrestre,... para um religioso vai ser interpretado e descrito totalmente diferente se fosse feito por um cético, que divergiria da analise de uma pessoa leiga. Ou seja, se com fenômenos comprovadamente científicos já existem divergências de opiniões, por efeitos com fenômenos exóticos de contexto desconhecido as opiniões divergentes de senso comum se multiplicam. Então nessa linha de raciocínio se verifica que a falta de conhecimento sobre assuntos ufológicos relacionados aos seus objetos exóticos produzem um ponto de vista equivocado que se expressa subjetivamente na população. Destes contexto, se expressa o senso comum de característica “qualitativa, isto é, as coisas são julgadas por nós como por exemplo: grandes ou pequenas, feia ou bonita,...”12. No caso do objeto da ufologia possíveis ou impossíveis, reais ou irreais,... ou seja, o ser humano utiliza padrões de identificações comuns forjado no conhecimento e experiências vividas que carrega. Este julgamento se complementa com a percepção “heterogênea, já que refere12

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 248.

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se a fatos que julgamos diferentes, porque os percebemos diversos entre si” 13. Nesse sentido pelo fato de um ponto brilhante no céu sair do padrão natural como concebemos, rapidamente o julgamos de acordo com o conhecimento que carregamos. Porém, esta interpretação vai estar intimamente vinculada a várias condições climáticas, emocionais, de conhecimento que se carrega no momento do avistamento e da racionalização que se faz do momento. Se a observação do senso comum sofre o efeito de ser qualitativo e heterogêneo, por consequência “são individualizadores, isto é, cada coisa ou cada fato se manifesta ao ser humano como um corpo distinto ou como um ser autônomo com qualidades que o afetam de maneira diferente”14. Isto provoca o senso comum da “generalização, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só ideia coisas e fatos julgados semelhantes”15. Esta contemplação promove a ideia de fenômenos que se inter-relacionam, ou seja, observações leigas que por superficiais deduções “tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas ou entre os fatos”16. Porém, a característica mais marcante do senso comum que permeia os fenômenos ufológicos se enquadra no contexto em que o leigo “não se surpreende e nem se admira com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas, ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso”17. É pelo fato do objeto da ufologia ser exótico, que o mesmo é explorado em um contexto sensacionalista e econômico, pois representa algo novo, extraordinário. Sendo que “pelo mesmo motivo e não por compreenderem o que seja investigação cientifica, tendem a identificá-la com a magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o incompreensível”18. O senso comum confunde magia com ciência, sendo que algumas observações fundamentam seitas a partir de fenômenos ufológicos explorando o universo leigo, ou seja, o “leigo explorando o leigo”. Esta fundamentação leiga (ou proposital) se prende a uma característica marcada no contexto em que os seres humanos “costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angustia e de medo diante do desconhecido”. Um exemplo típico e utilizado pela filosofa Marilena Chauí, p.249 e bem relacionada ao

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Idem. Idem. 15 Idem. 16 Idem. 17 Idem, p.249. 18 Idem. 14

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assunto é citado que “...durante a Idade Média, as pessoas viam o demônio em toda a parte e, hoje, enxergam discos voadores no espaço”. Em decorrência dessas características padrões do senso comum: “por serem subjetivo, generalizadores, expressões de sentimentos de medo e angústia e de incompreensão quando ao trabalho científico, nossas certezas cotidianas e o senso comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos” 19.

Neste contexto, fica notória a existência de um fenômeno sem explicação plausível já que sofre o clivo do senso comum. No entanto, o senso comum é por natureza a inspiração do “curioso” que pode ser um leigo ou um homem da ciência. Porém, independente de status que ambos carregam junto a sociedade, eles iniciarão uma investigação mais apurada do assunto que lhe atenta no seio do senso comum. Neste sentido ambos vão desenvolver uma atitude científica, que se tipifica no contexto de experimentações, análises, detalhamentos que permeie uma conclusão plausível. Em decorrência dessa nova condição que permeou Ufologia e que contemporaneamente fica notória, a atitude científica é identificadas nas características de seus estudos, já que os mesmos visam ser “objetivos, já que, procuram as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas”20. Mas para se alcançar o objetivo, a análise científica costuma ser inicialmente “quantitativa, já que, busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes”21. Neste sentido a pesquisa irá se tornar “homogênea, pois, busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para fatos que nos parecem diferentes”22. Com os pertinentes resultados o estudo se desenvolverá “generalizador, em um contexto onde reúne individualidades, percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medidas, mostrando que possuem a mesma estrutura”23. Por efeito ocorre um processo de cunho “diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes, mas distinguem os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes”24. Com êxito nos procedimentos característicos de qualquer zelosa investigação só será

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Idem. Idem. 21 Idem. 22 Idem. 23 Idem, p.250. 24 Idem. 20

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“estabelecida relações causais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações com outros semelhantes ou diferentes”25. Neste contexto supracitado a conclusão científica “surpreende-se com a regularidade, a constância, a frequência, a repetição e a diferença das coisas e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o “milagroso” é um caso particular do que é regular, normal, frequente”26. E é neste ponto onde a Ufologia encontra um contexto metafísico “por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros”27, reflexo da carência de informações para análise em decorrência de seu objeto de característica exótica, desconhecida e indeterminado parcialmente. Pois, alguns fenômenos ainda são contemplados e explicados por intermédios de “faculdades intuitivas e/ou seus psicopoderes” que se assemelham muito a ideia de magia citada na p. 250 da obra “Convite a Filosofia” de Marilena Chaui que se tipifica na admissão: “de uma participação ou simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem umas sobre outras por meio de qualidades ocultas e considera o psiquismo humano uma força capaz de ligar-se a psiquismos superiores (planetários, astrais, angélicos, demoníacos) para provocar efeitos inesperados nas coisas e nas pessoas”28.

Surgi uma contradição, pois a princípio a atitude científica distingue-se da magia na visão da filosofia corrente. Porém, apesar do estudo ufológico contemplar linhas de pesquisas Paraolísticas e Holísticas que para o pesquisador conservador fora do universo da Ufologia é caracterizado como magia, mas denominado por outro nome, a racionalidade ufológica criou um mecanismo de adaptação onde as teorias neste sentido são orientadas dentro do próprio universo ufológico a serem analisadas pela linha ufológica científica como é possível perceber no Código de Ética do Ufólogo em seu Art. 34 “As pesquisas ufológicas de cunho paraolístico deverão ser realizadas sob forma discreta e seus resultados comparados com o que se conhece da ciência”29. A partir do texto supracitado, merece a consideração que os estudos ufológicos além de serem recentes, tiveram gênese em contextos místicos. Possuem como fonte bibliográfica textos místicos, e por este motivo é natural que a sua contemplação e estudo ainda carregue esta característica. Nesse sentido, conforme os

25

Idem. Idem. 27 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.660. 28 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 250. 29 Idem. 26

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estudos ufológicos avancem e produzam novas perspectivas, ao natural a atitude cientifica confirme “que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo dos outros”30. Sendo que esta condição é um processo continuo já que é da natureza da atitude científica a ideia que o estudo forjado neste norteamento deve inevitavelmente: “procurar renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas, em preconceitos e sociais. Pois, o fato científico resulta de um trabalho paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo”31.

Esta tendência já é observada em diversos artigos e obras do gênero, sendo que seus frutos já começam a se manifestar no contexto da separação dos elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno o construindo como um objeto do conhecimento, controlável, verificável, interpretável e capaz de ser retificado ou corrigido por novas elaborações. Quando isto ocorre, com grande alegria e satisfação o ufólogo divulga o resultado de seus trabalhos geralmente apresentando e provando os resultados alcançados durante a investigação, graças ao rigor das relações definidas entre os fatos estudados. Independente de opinião, a apresentação deve ser realizada não só para verificar a validade dos resultados alcançados, mas também para prever racionalmente novos fatos como efeitos dos já estudados. Por efeito desta pesquisa ocorre a confecção de: “uma teoria geral sobre o conjunto dos fenômenos observados e dos fatos investigados, isto é, formular um conjunto sistemático de conceitos que expliquem e interpretem as causas e os efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre todos os objetos que constituem o campo investigativo”32.

A partir da exposição supracitada é plausível considerar que a Ufologia Conservadora (Científica) é uma linha de estudo investigativa fundada em procedimentos metodológicos que norteiam observações, experimentações, verificações e estudos de direcionamento bibliográfico ou de campo, para fins de elaborações de um conjunto de conceitos sistemáticos que possibilite a construção de uma teoria geral

30

Idem. Idem, p.251. 32 Idem. 31

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sobre os fenômenos estudados, que harmonizem e sirvam de parâmetro para posteriores estudos e permitindo a previsão de novos focos a partir dos já conhecidos.

2. Ufologia Paraolística

A linha do estudo ufológico paraolístico foi delimitada pelo historiador e ufólogo Aramis Baraldi Dias no contexto da elaboração do Código de Ética do Ufólogo, com o intuito de promover uma organização e coesão desta linha em especial. Já que sua fonte argumentativa de análise dos fenômenos se expressam em um contexto único ou relacionado ao universo: espiritualista, místico, exotérico, filosófico e afins, sem perder a essência e o vínculo com a fonte inspiradora. Porém, contrário ao radicalismo fundado na fé ou no cientificismo. Neste contexto se objetivou uma linha de estudo que contemplasse atitudes científicas, senso comum, parapsicologia, misticismo, teologia e outras manifestações do saber em um contexto único. Então se observou no Holismo esta possibilidade, pois segundo o ufólogo Aramis Baraldi Dias: “adotamos a definição de que interação é um estado de relações mútuas, onde todas as coisas e eventos se correlacionam de forma dependente e se influenciam. É um estado de dependência simbiótica entre dois ou mais sistemas, dois ou mais seres, duas ou mais partículas etc. Atualmente, em todos os campos de trabalho – técnico, científico, motor etc – estão sendo realizadas novas aberturas através da visão holística” 33.

Ou seja, a ideia geral dela se adapta um contexto que transcende a interdependência de elementos e vetores como é possível interpretar e relacionar ao entendimento que o filosofo Karl Popper, tece sobre as características gerais do Holismo filosófico quando explica que ele “é a tendência dos historicistas em sustentar que o organismo social, assim como o biológico, é algo mais que uma soma dos seus membros e é algo mais que a simples somas das relações entre os membros”34. Esta contextualização supracitada se reflete no próprio contexto literal da palavra “holístico”, ou seja, palavra deriva de “hólos” de origem grega significando “inteiro”, “composto”. Tendo por base o dicionário, “holismo” é a tendência a sintetizar unidades em totalidades, que se supõe seja própria do universo. Sintetizar é reunir elementos em um todo; compor. Porém, em decorrência de possuir características de 33

REVISTA UFO. Opinião/Ufologia holística-Aramis Baraldi Dias. Fevereiro de 1997. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.512. 34

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abordagem, místicas exótica, recebe o prefixo “para-” de origem grega que significa “além de”. Neste contexto temos que paraolístico significa “transcender a totalidade”. O prefixo “para-” possui características da metafísica, já que a ideia é transcendência contemplativa, neste sentido, esta característica “pressupõem uma situação cultural determinada, em que o saber já se organizou e dividiu em diversas ciências, relativamente independentes e capazes de exigir a determinação de suas interrelações e sua integração com base em um fundamento comum”35. Ou seja, é a racionalização do ser enquanto ser, que se ocupa da natureza última do que existe, questionando o mundo natural “de fora”, e suas questões que não podem ser abordadas pelos métodos da ciência. Neste contexto, a ufologia paraolística claramente se expressa do misticismo, já que sua característica marcante se da pela ideia e na insistência da impossibilidade de chegar até a essência de tudo ou de realizar qualquer comunicação com ela através de procedimentos comuns do saber humano. Ou seja, a contemplação filosófica de “O amor místico” explicado por Henri Bergson na obra “Les Deux sources de la morale et de la religion (1932), p. 256” “identifica-se com o amor de Deus por sua obra, amor que criou todas as coisas e é capaz de revelar a quem souber interrogá-lo o mistério da criação. É composto de essência mais metafisica que moral”. A linha de estudos ufológicos paraolísticas explora os fenômenos ufo que não são contemplados pelo senso comum, tão pouco pela atitude científica, na constante busca de nortear um paradigma novo em decorrência da impossibilidade da ciência explicar o fenômeno de forma coesa. Diante desta circunstância, é necessária a consideração que o padrão de contemplação da Ufologia Paraolistica carrega a mesma natureza de complexidade dos objetos de estudo por ela abordada, ou seja, um contexto de desbravação do novo, de coisas, circunstâncias e condições ainda não identificadas pela ciência, que muitas vezes não possuem recepção na característica kantiana denominada inteligível, ou seja, contexto de capacidade que o ser humano possui de “representar” as coisas conceitualmente, isto é, expressar os dados que não podem ser captados pelos sentidos. Esta condição de abstração se liga muito a ideia do que Immanuel Kant denominou de conhecimento sensível, cujo o qual o sujeito recebe “impressões” dos objetos. Ou seja, o sujeito lida com as aparências dos fenômenos, já que são obtidos pela experiência, mas há dimensões desses conceitos que nunca se experimenta. Nesta linha kantiana todo 35

Idem, p. 660-661.

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fenômeno é uma experiência sensível limitada ao sujeito que percebe. Por este motivo que muitas vezes aos olhos do leigo a linha paraolística transmite a superficial ideia de não possuir coesão devido a falta de um padrão estabelecido. Pois, o ser humano se condicionou a entender o que lhe cerca a partir de sua realidade forjada nos conhecimentos, informações correntes e experiências vivenciadas. Sendo que muitos ainda não conseguem contemplar a ideia que os fenômenos de percepção abstrata não se conceitua, apenas se sente. Um exemplo é que ninguém no mundo foi capaz de conceituar uma cor, a ponto de fazer um cego que nunca a presenciou a imaginá-la de forma fidedigna ao que um ser de ampla visão consegue ver. Em decorrência desta ignorância ocorre a ideia de que uma informação para ser real ou verdadeira deve seguir uma linha de raciocínio e literalidade que se enquadre dentro de um contexto padrão, geralmente ditado pelo misticismo ou pela ciência. Porém, a ufologia paraolistica também tem como característica seu contexto de estar entre o místico e a ciência. Os estudiosos dessa linha consideram que uma contempla a outra. Ou seja, uma fornece norte para outra. Porque o que é magia para a religião vira tecnologia para a ciência. Dentro de um contexto em lato sensu, estas duas áreas de influência e contemplação dos fenômenos ufológicos que permeiam a realidade humana, descrevem um mesmo objeto com expressões e ponto de vistas diferentes. Não tão diferente. Pois, a ciência torna um fenômeno compreensivo ao contexto prático. Já a religião explica este mesmo fenômeno com uma linguagem metafórica e analógica que de certa forma, para um ser de ampla contemplação se resume a um mesmo senso comum. A divergência nasce de uma realidade em que a ciência e a religião são irmãs gêmeas, mas criadas por pais diferentes. Porém, suas essências não são diferentes, mas sim são seus pais que dizem que elas são contraditórias porque elas são “educadas” a atender interesses. Outro problema que esta análise propicia, é que quanto mais aprofundada ela fica, mais trás efeitos sob a própria ciência e o misticismo. Pois, superficialmente se cria a ideia que a existência sobrenatural não exista e ao mesmo tempo se confirme devido a incapacidade até o presente de se conceituar o abstrato. Este padrão transcende a ideia doutrinaria mística, e se propaga a uma essência exótica. Um mistério e desafio para a ciência que transcende a Teoria dos Antigos Astronautas. Pois, até os supostos extraterrestres se utilizaram de uma noção divina para camuflar sua relação com os supostamente primitivos humanos. Seres com 36


um desenvolvimento tecnológico extremamente desenvolvido para a sua época se passando por deuses? A questão não é o por quê? Mas o que o inspirou? Pois entre os astecas existiam a crença nos deuses e em um criador que estava acima em poder e hierarquia aos primeiros. A ideia de um ser divino ou uma energia que se compartilha e convive não é exclusiva a nós, seres tecnologicamente e filosoficamente inferior. As gêmeas ciências e religião não podem conviverem separadas simplesmente porque seus objetivos se diferem, (ou melhor, não se diferem, porque tanto uma como outra, buscam formas de melhorar a existência humana). O problema, são os seguidores mais exaltados dessas formas de contemplar a realidade. Já que a cegueira é o principal mecanismo que fundamenta vê-las diferente. Este argumento é frágil, no entanto é uma reflexão que só é observado por quem soube tirar proveitos dos conhecimentos fornecidos pelas duas e interligá-los para chegar a um ponto comum, por isto que alguns homens entraram para a história da humanidade, porque quebraram paradigmas. É da natureza desse procedimento paraolistico, o contato com um universo que transforma o que não entendemos em conhecimentos tão simples e óbvios, que nos fazem perceber o quanto o ser humano é responsável pelas ações que se voltam contra eles (nós). Tudo porque analisa o complexo sem confiar no contexto que este complexo é recepcionado. Ou seja, simplesmente porque não se vê ou outra pessoa sente, não é aceito. No entanto, existem formas de energias que para poder entender, deve-se aprender a sentir em todas suas formas. Pois, ela não é visual ou auditiva. Mas se expressa como elemento provedor de ações e reações. Porém, é essência. E essência se compreende utilizando os seis sentidos humanos ao mesmo tempo. Não é esoterismo, misticismo ou ciência. É como a recepção que entramos em contato que se expressa em presságios, sensações,... ocorre naturalmente. Todos presenciam isto intimamente. Porém, alguns ignoram, outros relevam,... ou seja, deixam doutrinas condicionarem a forma de se relacionar com o mundo em suas múltiplas manifestações. A ufologia paraolistica não nega as informações da ciência e nem o misticismo. Busca nelas elementos para desenvolver a sabedoria de descobrir o que a nossa criatividade não contemplou e a transformar em racionalidade útil para um fim que desvendem os mistérios não só ufológicos, mas que sejam aproveitados por outras ciências. Houve um tempo em que a ciência criticou a analise e reflexões humanas por que estas se prendiam a ideia: o que o homem conseguia explicar é ciência e o que 37


não consegue faz parte do sobrenatural. Esta mesma critica entendia que o que a ciência não explicou é motivado pela falta de tecnologia e pensamentos capazes de recepcionar o “sobrenatural”. Então se negava a fé. Mas era um tempo de trevas, onde a igreja tinha um poder que sufocava a liberdade de expressões dos homens. No entanto os tempos são outros e o pensamento científico esta certo. Porém, ele não considera um vetor dessa consideração. Somos seres cíclicos, formados por elementos cíclicos em um contexto de interligações. Tudo a nossa volta se relacionam a nós. Porque o ser superior usa os elementos compatíveis ao que ele criou. Se não fosse assim, o “sobrenatural” sequer seria notado. Diante destas considerações temos que a linha de estudo ufológica é tangida nos limites da subjetividade e da objetividade, pois diferente da linha conservadora a contemplação paraolística se norteia na existência de um processo de ação e reação de caráter interligado que determina o padrão de equilíbrio do ser humano com o Universo, a vida espiritual e cósmica. Por este fato não é um estudo que se caracteriza com uma visão exclusivamente filosófico-mística, nem exclusivamente religiosa, mas sim aquele que propõe uma visão contemplativa de caráter parapsicológico contemplado ao científico e místico em um contexto em lato senso da realidade e procura desenvolver uma focalização multidirecionada interdependente, para que, dessa forma, sensação, razão e intuição se equilibrem e se criem laços mais intensos de manifestação útil. É esta linha que, ao analisar o objeto de estudo ufológico, aceita estabelecer interdependência entre a ciência, a espiritualidade e o misticismo, entre a arte, a filosofia e as tradições esotéricas. A perspectiva do pensamento paraolístico é a relação de transcendência que se pode desenvolver sobre todos os limites do conhecimento, sempre em um processo de evolução.

3. Ufologia Holística

A linha de estudos da Ufologia Holística é resultado do processo de aprimoramento recente dentro da Ufologia que se fundamenta nos resultados alcançados entre as outras duas vertentes de pesquisas supracitadas. Por efeito sua base teórica esta na ufologia científica e na ufologia paraolistica. Neste contexto se torna fato plausível da ufologia holística um aspecto de consideração da interdependência entre ambas vertentes para uma consolidação da própria Ufologia. Pois, o norteamento da integração responsável entre a pesquisa 38


científica aos preceitos da ufologia paraolistica, se funda na ideia que através de uma contemplação transcendente a racionalidade corrente e sem preconceitos entre si, poderá ajudar a entender não somente os fenômenos ufológicos, como outros que ainda se determinam sem explicação. Esta perspectiva é expressada pelo Artigo 30 do Código de Ética do Ufólogo o qual expõem em sua alínea “c” que: “Ufólogo (Holístico) é aquele que, além de seguir as linhas científica e paraolística, usa também suas faculdades intuitivas e/ou seus psicopoderes para o estudo, a pesquisa, a análise e a divulgação dos fenômenos ufológicos, procurando ainda correlacionar o fenômeno com outros fatores, não o vendo de forma isolada e sim o integrando em um todo mais amplo”.

Esta conceituação em forma de norma norteadora e identificadora elaborado pelo ufólogo Arismaris Baraldi Dias visava estabelecer um padrão comum para linhas de pesquisas ufológicas dispersas que não se tipificavam com outras vertentes e nem entre si, apesar de possuírem características comuns. Ou seja, não foi criado uma linha nova, apenas foi identificada e delimitada a um padrão de identidade comum, onde quem possuía a perspectiva de integração de conhecimento, pudesse ser reconhecido e aceito na comunidade ufológica. Em observação a esta perspectiva de estudo é explicado pelo próprio Aramis Baraldi Dias a ideia geral de Ufologia Holística: “Ufologia holística é a globalização dos estudos, pesquisas, análises e divulgação, realizados sob os aspectos científico, paracientífico, esotérico, místico, espiritualista e filosófico, que unifica todos os resultados acima para completar um todo. Por sua vez, este pedaço será juntado a outras partes maiores, afim de que se forme um novo todo… E assim por diante, até à complementação das definições que facilitarão a compreensão do Fenômeno UFO. E, assim, entendermos a finalidade maior da existência dos seres de outras orbes e de nós mesmos, além do porquê das interações no universo”36.

Por ser uma contemplação complexa de racionalidade relacionada a fenômenos exóticos de característica parapsicológicos que por efeito dependem da interpretação de mesmo caráter, esta linha sugere que o pesquisador se esforce em entender, desenvolver e dominar psicopoderes. Em uma análise geral as linhas de pesquisa holística e paraolística aparenta ter a mesma característica. Porém, existe diferença bem definida no que tange seus norteamentos filosóficos. Eis, que as pesquisas ufológicas paraolísticas se expressam do misticismo e tradições esotéricas contextualizadas quando necessário e possível de 36

REVISTA UFO. Opinião/Ufologia holística-Aramis Baraldi Dias. Fevereiro de 1997.

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recepção pela ciência, mas sem perder a essência mística ou exótica. Já a vertente holística busca nos conhecimentos alcançados pelo estudo paraolístico e científico padrões de contemplações neutras e coesas interdependentes para o desenvolvimento de um paradigma de racionalidade novo, que consiga amenizar a crise científica, no contexto dela não conseguir responder as respostas sobre um objeto pesquisado, em decorrência de seus padrões e sistematizações não se adaptarem a nova realidade. Não é uma ideia nova, pois segundo o filosofo Thomas Kuhm: “a ciência normal funciona submetida por paradigmas estabelecidos historicamente em um campo contextual de problemas e soluções concretas 37. Os paradigmas são estabelecidos nos momentos de revolução científica, o que denominamos de ciência revolucionaria. Portanto para o filosofo Thomas Kuhm, a ciência se desenvolve por meio de rupturas, por saltos e não de maneira gradual e progressiva38. Neste sentido, o filosofo rejeita a ideia de progresso científico a não ser pela criação de novos paradigmas. Assinala que a ciência se desenvolve nos momentos de ciência revolucionaria quando o aparecimento de novos elementos, anomalias e fenômenos até então não estudados e impossíveis de explicar com as metodologias existentes, torna o paradigma vigente incapaz de dar conta do problema proposto; este paradigma entra em crise e sede espaço para um outro modelo científico estabelecendo um novo paradigma, incomensurável em relação ao paradigma anterior”39.

Talvez este paradigma esteja relacionado a exploração do estado heliotrópico, ou seja, é quando o ser humano desenvolve uma consciência liberta do espeço-tempo, da identificação restritiva com o corpo físico e o ego racional. A consciência passa a englobar domínios cada vez mais amplos da realidade. Esse é o estado no qual tem origem as grandes inspirações artísticas, científicas e filosóficas, a iluminação mística e os dons proféticos. De forma simples de entender a teoria de Stanislav Grof, seria aquele momento em que o ser humano deixa de contemplar a realidade norteada por convenções artificiais e passa a observar o mundo dentro de um contexto natural inter-relacionado. Uma consciência universal. Apesar de existirem resistência, mais por desconhecimento dos críticos do que por racionalização, o que ocorre é uma racionalização relacionada a um ponto de vista visionário, a frente das perspectivas presente, mas reais porque partem de fatos que existem, no entanto visto por um outro ângulo e complementado por elementos simples que sempre estiveram próximos.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.247. 38 Idem, 247-248. 39 Idem, 248.

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MÉTODO E METODOLOGIA DA PESQUISA UFOLÓGICA

A investigação ufológica é por natureza científica independente de vertente que represente. Pois, seus investigadores de forma geral visam como objetivo entender o fenômeno ufológico para posterior responsável e prudente divulgação. Para Gewandsznajder (1989, p. 3) afirma que “o que melhor caracteriza o conhecimento científico não é o que ele estuda, mas como estuda. [...] Assim, não é o objeto de estudo que importa, mas a forma, o método pelo qual estudamos este objeto”40 Diante desta circunstância padrão de norteamento de qualquer ciência, temos que para existir uma investigação ufológica necessita existir a identificação confirmada de um fenômeno ufo. Neste contexto, luzes, objetos ou fenômenos diversos observados e descritos de acordo com as considerações baseadas em um primeiro momento no senso comum e superficialmente relacionadas aos fenômenos ufológico devem responsavelmente e prudentemente passarem por uma análise científica para determinar o que realmente foi avistado antes de qualquer divulgação por qualquer meio de comunicação. Esta inicial investigação é uma pré-investigação ufológica, já que, é o ponto de partida da qualificação do objeto em questão como já existente e contemplado pela ciência ou se exótico não identificado. Neste contexto, esgotadas todas as possibilidades investigativas científicas e forenses de identificação do objeto analisado, se inicia de fato o estudo ufológico orientado pelas linhas de pesquisas científicas, paraolísticas e holísticas. Diante disso a pesquisa Ufológica se desenvolve dentro da seguinte delimitação: 

Pré-investigação ufológica;

Estudo ufológico.

Pré-investigação ufológica

A pré-investigação ufológica quando realizada de forma responsável, zelosa e prudente se torna tipicamente científica e forense, pois, no contexto científico vai se

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GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. 1989. Pioneira Editora, São Paulo, p. 38.

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nortear por métodos científicos e metodologias de pesquisa que melhor se adaptem as características e circunstância do objeto em análise. Neste sentido é necessário considerar que método é uma técnica particular de pesquisa, explicada como sendo uma “um procedimento organizado, repetível e autocorrígel, que garanta a obtenção de um resultado valido”41. Já metodologia “é a análise filosófica das técnicas de investigação empregadas em uma ou mais ciências”42. Ou seja, é a argumentação ou norteamento que melhor recepciona a análise dos resultados obtidos pela pesquisa proporcionando a caracterização do objeto a partir de análises filosóficas que por efeito irão definir traços coesos na identificação e valoração racional da própria Ufologia afastando desta forma a contemplação leiga da mesma fundada no senso comum. A partir das informações que possibilitaram identificar a ação de pesquisa de fato que se norteia a Ufologia será possível estabelecer alguns parâmetros quanto a sua saudável realização. Neste sentido a pré-investigação ufológica tem gênese de acordo com o fenômeno determinado pelo ufólogo, que pode ser um avistamento, relatos particulares ou públicos (expostos pela mídia), arqueológicos,... Sendo assim ela por natureza vai ser bibliográfica complementada com a pesquisa de campo e pericial. Quanto ao método a ser utilizado, isto vai ser estabelecido a partir da analise e fundamentação do processo investigativo original, no que tange a confecção do resultado final da pesquisa a ser apresentada ao público. Isto não é cientificismo, é a demonstração que a pesquisa seguiu padrões comuns ao científico, e por efeito que merece ser considerada como uma tentativa de busca pelo conhecimento e que colaborou, mesmo que de forma exótica com outros saberes humanos, independente se científico ou não. Diante desse exposto, o ufólogo deve se atentar a qualidade dos documentos, relatos orais, fotos e imagens e bibliografia, no contexto da fundamentação argumentativa e probatória da teoria que defende e apresenta ao público, para não expor a Ufologia ao ridículo. Neste contexto, deve ser considerado que os documentos de credibilidade são aqueles que se originam da fé pública. Por exemplo, um relatório das Forças Armadas conseguido dentro de um processo burocrático legal. Ou seja, o relatório não 41

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.668. 42 Idem, p.669.

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deve ser conseguido por meios obscuros, já que se for dessa forma, o documento pode ser refutado pelo contexto incerto de origem. Já que levanta a suspeita ou hipóteses se realmente foi um órgão público que o forneceu, ou seja, se recai no principio da “Teoria do fruto da árvore envenenada”. Da mesma forma que merece consideração a analise do documento e o contexto dele, pois, não é porque ele cita o avistamento de ovni e confirma esta condição de não identificação, que a interpretação do documento seja considerada como a existência de uma nave extraterrestre. Ou seja, a interpretação tem que ter coerência e realizada sem afetações. O ufólogo nesse sentido deve ter em mente que o documento é apenas uma peça de um grande quebra cabeça, onde qualquer dedução hipotética deve ser relacionada coerentemente a uma outra peça. Além dos documentos de fé publica, existem os documentos eclesiásticos, que possuem credibilidade, porém de complexa interpretação, já que, os jesuítas e párocos relatavam os acontecimentos de acordo com sua realidade ou a partir da oralidade popular. Ou seja, antes de se utilizar estas valiosas informações, se deve primeiro investigar a sua origem e contexto que foi produzida. É uma informação imperfeita, assim como os documentos de fé pública, pois dentro de um contexto conspirador ou paranoico, porém dialético é possível refletir intimamente: “e se estes documentos foram elaborados para esconder algo maior e por efeito saciar a curiosidade de populares? Onde estão os documentos reais de fato? Eles existem ou é só isto mesmo?” São especulações que levam a outras investigações, porém de complexidade de efeitos indeterminado a integridade física e de reputação do pesquisador. As pesquisas também se fundamentam em bibliografias (livros, revistas e periódicos jornalísticos). Por este motivo antes de ser considerado um ponto de vista carregado por uma bibliografia, é prudente verificar a credibilidade da mesma, assim como as informações dispostas nelas através do contexto do método comparativo, ou seja, comparar informações, observar se as informações não foram superadas. Isto vale para as informações de jornais, que também necessita da devida verificação da tendência filosófica do jornal (sensacionalista, conservador, político,...), quem escreveu a matéria,... O pesquisador deve ter em mente também que não é porque se escreve sobre assuntos relacionados a Ufologia, que a bibliografia tem que ser relacionada a Ufologia única e exclusivamente. Quanto a pesquisa eletrônica, o ufólogo deve observar o princípio que ela é norteadora de informações a serem investigadas, verificadas, fundamentadas. Pois, são 43


informações superficiais de caráter objetivo a satisfazer quem procura informação rápida. A pesquisa eletrônica é assessória não a principal. No que tange fotos e imagens de vídeo, por consenso dos ufólogos sérios, estas devem ser periciadas. Principalmente, antes de começar uma pesquisa. É um procedimento para não se perder tempo com fatos inventados. Já no que toca as pesquisas arqueológicas, primeiramente é necessário ser formado em história e se especializar em arqueologia, antropologia,... Além de possuir recursos financeiros. A arqueologia não é para aventureiros e curiosos, pois o estudo histórico e arqueológico carregam particularidades e não toleram afetações. É um campo complexo, neutro, frio, calculista, sistemático, cientificista, e de caráter demorado no que tange a conclusão de algo, fundado em pesquisas periciais sérias devido ao alto custo da pesquisa. Na pesquisa arqueológica, “não se acha que é algo”, se presume possibilidades plausíveis a serem provadas com outras descobertas que se correlacionem. Pois, o pesquisador deve lembrar sempre, “se já é difícil provar acontecimentos contemporâneos, fundado em imagens, documentos oficiais e testemunhal, imagine então provar fatos de 4000 anos atrás”. Nesse sentido, é também prudente sempre verificar bibliografias e documentários que exploram o assunto. Pois, não é porque um “estudo” é apresentado em um livro ou na televisão, que o mesmo merece credibilidade absoluta. Existem muitos interesses por de trás deles, como o econômico, marketing pessoal ou do estudo em si,... ou seja, não é uma critica historicista, mas é uma previdente observação, já que, muitas dessas informações são repassada sem um contexto de refutação critica da mesma. Sendo que o maior problema é o leigo que recepciona estas ideias, ou seja, começa a considerar tudo sem a devida reflexão. Por fim, temos a oralidade. A pesquisa oral é válida, mas só como norteamento para a pesquisa e para ilustrar um fato comprovado. É imperfeita devido as características subjetivas do interlocutor (entrevistado). Pois, os relatos colhidos podem ter sido gerados sob diversas condições, entre elas a ficção, invenção, doença, alucinação, sonho, fama,..., além de se prender a paradigmas do senso comum, onde só porque uma pessoa possui uma idade mais avançada, ou é um intelectual, autoridade, ou de prestigio social que por efeito tudo que relatou é verdade. A partir do que foi exposto, é possível considerar que a pesquisa de campo é junto com sua fundamentação bibliográfica e pericial o caminho para se conseguir produzir informações e conhecimentos confiáveis a serem analisados e aproveitados 44


pelas vertentes ufológicas, sem o risco de produzir pseudosconhecimentos que posteriormente venham a ser utilizados por argumentos destrutivos da credibilidade da Ufologia. Considerando que o ufólogo independe da linha ufológica que siga, e de conhecimento do método que emprega, costuma sem perceber tipificar as descrições filosóficas caracterizadas no contexto dos Métodos de Raciocínio ou de abordagem classificadas como: 1 – Método indutivo;

É o método caracterizado na indução que é o processo mental que parte de dados particulares constatados para inferir-se uma verdade geral ou universal não contida na parte analisada. Primeiro os fatos a observar, depois hipóteses a confirmar. Consiste na observação sistemática da sucessão de fatos da realidade, resultando na explicação do fenômeno. Assim, parte do particular para o geral. Formula leis gerais com base em casos particulares. É o empirismo (fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos). Gewandsznajder (1989, p. 41) define a indução como “[...] o processo pelo qual – a partir de um certo número de observações, recolhidas de um conjunto de objetos, fatos ou acontecimentos – concluímos algo aplicável a um conjunto mais amplo ou a casos dos quais ainda não tivemos experiência”43. De forma geral é a racionalização fundada no senso comum e que reflete o conhecimento e experiência do observador, que nas maiorias das vezes colabora com o descredito da ufologia. Porque, esta forma de analisar um avistamento ou um fenômeno costuma desconsiderar diversos elementos necessários para a formulação de uma conclusão coerente, ou seja, de forma geral, ocorre a seguinte condição: “No céu foi avistado um óvni. Ovni é sinônimo de disco voador. Então o que foi avistado no céu é um disco voador”. O exemplo supracitado de racionalização indutiva, é um fato típico corrente nas pesquisas ufológicas de campo e observações, ou seja, será utilizado dois exemplos comuns entre vários: muitas vezes pesquisadores novatos, que por acharem que estão em uma região de ocorrência do fenômeno ufo desconsideram qualquer outra analise 43

GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. 1989. Pioneira Editora, São Paulo, p. 41.

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mais apurada e divulgam muitas vezes fotos e relatos que quando investigado mais afundo por pessoas não ligadas a ufologia principalmente, se tornam motivo e um exemplo de descredito. Decorre deste contexto, a percepção de muitos ufolotras (adoradores de ovnis), que por simplesmente estarem alienados, desconsideram analisar o que verem dentro da realidade do que é realmente o fenômeno que vivenciam e por efeito desta ação irresponsável viram exemplos de argumentações que colabora com a má fama da Ufologia. No entanto, estes fatos relacionados ao Método Indutivo se tornam didáticos, pois os mesmos ensinam, que o erro não esta na ufologia em si, mas na forma como foi levantada a hipótese e posteriormente concluída. Pois, o método indutivo apesar de ter suas limitações, ele por efeito depende muito da coerente formulação das perguntas a serem respondidas (hipótese) e neste mesmo contexto das argumentações, fatos, circunstância,... que sustentarão a veracidade da hipótese, para se atingir uma plausível conclusão. Nesse sentido, através da indução, não é produzido conhecimentos novos, porém explicita conhecimentos que antes estavam implícitos. Neste contexto, por efeito também ocorre falhas na argumentação contra a Ufologia. Pois, se levar em consideração que a critica parte fundada em ações de pseudos ufólogos, alienados e charlatões, que a propósito não corresponde as atitudes ufológicas de fato, então temos que ocorre um na conclusão que é repassada ao público em geral. Do Método Indutivo por efeito decorrem dois paradigmas, ou seja, o Positivismo (método indutivo), cujo característica se fia fielmente na filosofia científica, cientificismo à filosofia, ficando notória sua postura intelectual contraria a teologia e por efeito a metafisica. É a por este motivo que muitos ufólogos são contra a cientificidade da Ufologia, pois afasta ela da teologia e da metafisica, ou seja, do conjunto de conhecimento que até o presente momento colaboram significativamente com a explicação de muitos elementos estudados por eles. No entanto, o paradigma positivista considera que o conhecimento é obtido com base nos fatos dados da experiência vivida no mundo (empirismo). Ou seja, a existência de objetos móveis não identificados (não confundir com disco voador alienígena), é um fato notório vivenciado pela experiência humana no contexto do erro e acerto que tange a sua investigação. Neste contexto, o problema não é provar a

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existência de OVNIS, mas sim as hipóteses que geram deles. Só se confirma a existência do vivenciado, não do imaginado. Outro paradigma gerado do Método Indutivo é o Neopositivismo representado pelo Positivismo lógico que carrega como característica a associação a tradição empirista do positivismo ao formalismo lógicomatemático, objetivando a aplicação prática. 2 – Método dedutivo;

É um método racionalista caracterizado pela Dedução a qual difere do processo racional indutivo por apresentar premissas verdadeiras e por toda a informação já estar, pelo menos implicitamente, nas premissas. Os fenômenos não podem ser explicados sem uma teoria geral ou no mínimo um modelo teórico. Portanto, parte-se da teoria geral para explicar o particular. É o racionalismo (Só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro). Ou seja, utilizando as palavras de Galliano (1979, p. 39) “a dedução consiste em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na qual ela está implícita”44.Parte de duas premissas, da qual se retira a conclusão. Esta é uma racionalização fundada no conhecimento científico, já que a sua ideia é procurar a confirmação de uma hipótese através da verificação das consequências previsíveis nessa mesma hipótese. O método dedutivo recepciona a teoria geral ufológica no sentido de confirmar suas previsões hipotéticas. Pois, quando o ufólogo descreve um fenômeno ufo, por efeito ele recorre ao conhecimento já existente na “teoria geral ufológica”, para buscar referências que melhor se adapte a realidade vivenciada. Ou seja para GALLIANO (1979) esse tipo de raciocínio é muito útil uma vez que parte do conhecido para o desconhecido com pequena margem de erro, desde que se respeitem os critérios de coerência e de não-contradição. No entanto várias críticas são feitas ao método dedutivo, uma delas é a de que essa forma de raciocínio é essencialmente tautológica, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Além dessa observação, dependendo da verdade das premissas definidas o raciocínio pode induzir ao erro. Por isso, os críticos do método dedutivo argumentam que esse raciocínio assemelha-se ao adotado pelos teólogos, que partem de posições dogmáticas. 44

GALLIANO, A. G. O Método Científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1979, p. 39.

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Do Método Dedutivo tem gênese o paradigma denominado de Funcionalismo (Psicologia) que em termos gerais considera que todo sistema social tem uma unidade funcional (instituição) na qual as partes as acham interligadas num grau suficiente de harmonia ou consistência interna (cada unidade possui uma função). Os elementos culturais representam a ligação entre o grupo humano e o meio físico, elementos através de necessidades reclamadas pelo grupo (necessidades biológicas) para atender a sua existência (imperativos culturais: economia, controle social, educação, organização política, religião e estética)... Deste paradigma nasce a Parapsicologia também conhecida como Metapsíquica, que se refere a um estudo: “sem preconceito e com visão científica, das faculdades humanas, reais e imaginárias, que são inexplicáveis com base geralmente nas hipóteses conhecidas. Os fenômenos que ela investiga situam-se em duas categorias fundamentais: os chamados fenômenos mentais, que consistem em informações adquiridas por meios supranormais ou fenômenos de percepção extra-sensorial, e os fenômenos físicos ou prodígios. Procura estabelecer a realidade desses fenômenos e apresentar hipóteses cabíveis para a sua explicação”45.

A partir desta introdução, fica notório que um paradigma gerado no contexto de introduzir novas perspectivas de busca por conhecimento no que tange o inexplicável é por efeito a base de sustentação das vertentes ufológicas Holística e Paraolistica, pois ambas dependem do conhecimento e dos fenômenos parapsicológicos no sentido nortear as observações e interpretações de muitos fenômenos ufológicos. Da mesma forma fica possível definir casos relativos as hipóteses psicossociais, ou seja, teorias de que alguns avistamentos OVNI são alucinações, sugestões hipnóticas ou fantasias que são causadas pelos mesmos mecanismos de origem em experiências ocultas, paranormais, sobrenaturais ou religiosas. Este contexto do método investigavo dedutivo fundado no paradigma da Psicologia e Parapsicologia permite ao ufólogo em especial verificar se o comportamento de uma pessoa que supostamente relata que foi abdosida (por exemplo), possua origem em fantasias influenciada pelo ambiente em que a mesma foi criada. 3 – Método hipotético-dedutivo;

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ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 668.

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Quando o pesquisador não dispõe de uma teoria (ou explicações insuficientes), ele começa pelo método indutivo para organizar as informações e possibilitar a formulação de uma teoria geral para depois formular e testar as hipóteses e depois utiliza o método dedutivo. Defende em primeiro lugar o problema e a conjectura a serem testadas pela observação. Pois, segundo David Kaplan (1972, p.12): “...o cientista, através de uma combinação de observações cuidadosas, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio da experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário por outros e assim prossegue”.

Grande parte das pesquisas ufológicas se tipificam com este método, pois o ufólogo não dispõem de uma teoria geral sobre determinados fenômenos ufológicos, neste sentido ele tem que formular uma hipótese e verificar a veracidade da mesma. Ou seja, é a teoria que norteia os dados colhidos na pesquisa de campo, para serem analisados e serem classificados, descritos,... em um relatório, que por efeito, será contextualizado como se fosse uma peça de um quebra cabeça a outras pesquisas. É relacionado a esta predominante característica da Ufologia, que muitos intelectuais a classificam com o status de Protociência. 4 – Método dialético;

O método dialético é identificado na pesquisa ufológica em dois contextos. O primeiro se refere a abordagem com características Pré-socrática cujo a busca da verdade é feita por meio de formulação adequada de perguntas e respostas até se chegar ao ponto crítico do que é falso e verdadeiro. A primeira pergunta é a tese e a resposta é a antítese, até se chegar a verdade que é a síntese. Este método é contemplado no período de reflexão intima. Ou contextualizada com os processos investigativos que envolvam a utilização de psicopoderes ou faculdades intuitivas como defende a vertente Holística e Paraolistica. A segunda abordagem Contemporânea (Hegeliana) segue algumas leis a serem consideradas no contexto da analise do fenômeno. Sendo que muitos ufólogos no contexto da elaboração de hipóteses consideram o seguinte:

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Cada fenômeno é um processo em realização, modificando-se e transformando-se em virtude de leis internas, do seu autodinamismo e das contradições que encerram;

Há um encadeamento de processos, de forma que o mundo, o conjunto de todos os processos, onde tudo sofre uma transformação concentrada e progressiva como uma espiral;

Os fenômenos trazem em si as contradições; tendem a se transformar no seu contrário;

Em várias oportunidades um processo que se orienta em ritmo quantitativo de repente muda qualitativamente, ou seja, muda de natureza.

Paradigmas derivados dos Métodos Dialéticos é conhecido como Materialismo Histórico (método dialético) que é a doutrina que admite que as condições concretas materiais são suficientes para explicar todos os fenômenos mentais, sociais, históricos. Baseia-se no marxismo – teoria que afirma que o modo de produção da vida material condiciona o conjunto de todos os processos da vida social, política e espiritual. Utiliza o método dialético que se baseia das teorias de luta de classes e do relacionamento entre o capital e o trabalho. 5 – Método Estruturalista (sistêmico);

Parte de um modelo simbólico da estrutura de um fenômeno, descreve e quantifica as relações entre os objetos do modelo com base na realidade. As estruturas pressupõem relações, conexões entre as partes de um fenômeno. Os fluxos respondem pelas relações entre objetos distintos, sendo fluxos de matéria, energia e informação. Cabe também analisar as relações do sistema com seu ambiente externo e com outros sistemas. Ufologia é por natureza sistêmica, pois classifica, qualifica, quantifica e busca na realidade a sustentação necessária nos diversos conhecimentos produzidos pela humanidade, para o reconhecimento plausível, coerente e divulgável de forma responsável dos objetos que investiga. Os paradigmas derivados dos é o Estruturalismo (método sistêmico) que é o Método de investigação estrutural dos fenômenos a partir da inter-relação dos objetos

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que o compõem. Ou seja, se aproxima muito da ideia de integração defendido pela vertente ufológica Holística. Os métodos de abordagem supracitados norteiam a analise e proporcionam a complementação e sustentação aos Métodos de Investigação ou de Procedimento, que são classificados da seguinte forma: 

Método histórico se desenvolve no contexto em que a ideia norteadora da pesquisa se fundamenta e considera que as atuais formas de vida social é um reflexo do passado. Coloca o fenômeno no contexto histórico-social. Esta é uma investigação que contemporaneamente ganha muito destaque em decorrência da “Teoria dos deuses astronautas”, já que a mesma não analisa apenas a existência de seres extraterrestres, mas a sua relação com o ser humano em seu processo histórico;

Método comparativo parte da ideia de comparações com o fim de explicar semelhanças e diferenças de um objeto em analise. Este método tem aplicação direta ou assessoria na pesquisa, pois devido a complexidade e o contexto exótico em que se apresenta o fenômeno ufo do qual decorre a carência de informações específica por efeito ocorre a necessidade de compará-lo com informações cientificas, culturais, parapsicológicas que melhor se adapte a ele. É muito útil na identificação de seres lendários no contexto de histórias e estórias quando comparado com o que representam de fato;

Método tipológico é similar ao comparativo, mas cria tipos ou modelos ideais a partir da observação de aspectos essenciais do fenômeno;

Método monográfico considera que qualquer caso estudado em profundidade pode explicar outros ou todos os semelhantes. Este método é a base de qualquer tipo de estudo, independente de científico, místico, filosófico,... É o método fonte que explora o conhecimento guardado em bibliografias, documentos e outras fontes escritas. Neste sentido, a pesquisa é caracterizada por cruzamentos de informações diversas que melhor explique e

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fundamente os paradigmas, teorias, observações e experimentações em diversos segmentos do conhecimento; 

Método estatístico consiste na representação simples de conjuntos complexos, se caracteriza por ser quantitativo. Ou seja, é o método que transmite o conhecimento coletado e analisado de forma classificatória e quantitativa através de gráficos, linhas temporais, ranking,... ou seja, é a ligado a exposição da coleta da pesquisa de campo, principalmente quando ele se apresenta informando ocorrência

de

avistamentos,

abduções,

contatos

imediatos

relacionado a períodos, acontecimentos históricos,...; 

Método funcionalista parte do pressuposto que o conhecimento é formado por partes componentes diferenciados e interdependentes. Estuda a função de cada parte. Considera a pesquisa uma estrutura complexa desenvolvida por grupos de indivíduos reunidos numa trama de ações e reações sociais e de outro lado como um sistema de instituições correlacionadas onde a descoberta de um setor do conhecimento, pode influenciar ou alterar radicalmente a visão de outro estudo. Neste sentido temos que a Ufologia é por seu contexto exótico composto de objetos parcialmente indeterminados um estudo que por necessidade tem que buscar em conhecimentos específicos a fundamentação para o objeto teorizado.

Método estruturalista parte da investigação de um fenômeno concreto, abstraindo para modelar o objeto. É a descrição do objeto dentro de um contexto objetivo. Ou seja, quando o ufólogo, caracteriza (tamanho, coloração de pele, peso, aparência física,...) de um ser extraterrestre, ele está especificando objetivamente o que é o mesmo, dentro do assunto ufológico.

TEORIAS UFOLÓGICAS E AS PSEUDOTEORIAS

As teorias nascem de especulações fundadas no senso comum dentro de um contexto em que existe uma circunstância ou mais, que gere a atenção do meio científico e filosófico para desmistificá-la. É uma pratica natural da racionalidade humana no simples ato indireto de interpretar o que ocorre a sua volta e dentro de sua 52


realidade. O professor de Filosofia Eloi Correa dos Santos explica esta característica humana da seguinte forma: “Em nosso dia-a-dia formulamos uma série de opiniões a respeito de tudo que nos cerca. São descrições imprecisas ou relatos de fatos e acontecimentos abordados de maneira superficial impregnados de opiniões, que geram conceitos pré-concebidos os quais aos poucos vão se tornando parte do conhecimento popular. Contudo nem todos os conhecimentos integrantes do senso comum são irrelevantes, já que partem da própria realidade, algumas concepções são de fatos precisas, faltando a elas, sobretudo, o rigor, o método, a objetividade e a coerência típicas do senso crítico” 46.

A partir desta elucidante introdução é plausível sustentar que as teorias ufológicas tiveram gênese inspirador em fenômenos reais, vistos de fato. Porém, de contexto questionáveis. Pois, caso não fossem não receberiam atenção de pesquisadores independente se do campo ufológico ou se de outro campo científico. Ou seja, esta não é uma afirmação que existe o fenômeno ufo, mas sim é uma afirmação que existe um fenômeno que carece de identificação, por é isto que deve ser investigado. Neste contexto começa a ser construído um campo de possibilidades com várias vertentes: a perspectiva da ciência, do leigo e do ufólotra. A perspectiva da ciência é naturalmente elaborar um relatório, onde entre outras coisas será determinado se o que foi visto é algo identificável ou não. Já a perspectiva do leigo estará presa ao senso comum esperando confirmação ou não do que acha que viu. No entanto, para o ufólotra, não existe perspectiva, ele simplesmente considera real o relacionando ao conhecimento que carrega sobre fenômenos ufos. São desses contextos que nascem as teorias ufológicas e as pseudoteorias. As quais possuem diferenças pontuais e marcantes. As teorias produzidas pela Ufologia Ciência só começam a serem construídas com especulações hipotéticas, quando um fenômeno observado não é identificado pela Ciência. Posteriormente a esta crucial informação ocorrerá a identificação ufológica se o fenômeno é de competência da Ufologia ou não. A partir dessas duas condições básicas, é que o ufólogo irá começar a levantar hipóteses que sustente a teoria que racionalizou, mas tendo como norte fatos específicos da natureza do objeto estudado e de seus efeitos junto a pesquisa e a realidade. Ou seja, o pesquisador não irá começar formular novas teorias sem ainda ter confirmado a teoria principal.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 34.

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Naturalmente com esta teoria se confirmando ou se tornando plausível, mesmo carecendo de informações complementares, diversos pesquisadores irão estudala para encontrar nela paradigmas que sustentem hipóteses de outras teorias em fase de construção ou para aperfeiçoa-la. É um processo natural de integração a autocorreção teórica científica. Ou seja, um campo da ciência colabora com outro. No que tange as pseudoteorias temos um contexto totalmente contraditório ao apresentado. Pois, as pseudoteorias nascem do senso comum e continuam presas a ele, no que tange a sua abordagem. Neste contexto as hipóteses possuem por base especulações não confirmadas ou refutadas, ou seja, são pseudohipóteses, já que não carecem de informações complementares, pois a sua condição já esta cientificamente determinada, sendo que nem mesmo a confirmação científica de um fenômeno ufo é capaz de mudar sua condição. Pois, esta “teoria” foi construída a partir de vícios, alienações,..., ou seja, um exemplo curioso é que quando acontece isto, geralmente o objeto em análise quando confirmado, depõe contra a própria pseudoteoria, independente de campo científico. As pseudoteorias aparentam ser reais, pois muitas vezes são sustentadas por relatos orais, imagens e documentos. O problema é que o contexto probatório não foi devidamente periciado ou sequer foi, o que por efeito vai gerar outras contradições. Para agravar a situação dessas manifestações pseudoufológica, se verifica a sua sustentação em outras teorias de questionável credibilidade. Por serem “teorias” de impacto devido a sua enorme gama de informação exóticas e se relacionarem e responderem a curiosidade leiga, ganham muitos simpatizantes e exploração na mídia. Por efeito se tornam sustentação de teorias conspiradoras. Merece consideração a seguinte informação, não esta se tecendo críticas as Teorias Conspiratórias, pois, elas não são o foco dessa análise. A crítica é feita as teorias conspiratórias que utilizam elementos ufológicos em seu contexto. Pois, elas são o exemplo perfeito de como uma pseudoteoria funciona, ou seja, é elaborada uma trama com elementos reais, mas sobre efeitos de elementos irreais. A pessoa começa a elaborar um contexto imaginário fundado no senso comum, relacionando a este devaneio personagens e possibilidades que ainda se manifestam em um campo de suposições. Isto é, não é racional utilizar um fenômeno não comprovado (independente se ufológico ou não) para servir de elemento colaborador na construção de uma possibilidade especulativa. 54


Observadas as diferenças fundamentais entre as teorias ufológicas e as pseudoteorias, verifica-se que o principal foco da teoria ufológica é o objeto de estudo e as informações que se extraem dele para iniciar novos estudos. Tendo como característica desse processo a ideia grega da própria palavra que significava vida contemplativa ou especulação47. Diante disso, cada hipótese ou especulação desenvolvida vai se relacionar diretamente a um conjunto de manifestações resultante exclusivamente do objeto, nunca além ou aquém dele. Ou seja, funciona como um complexo quebra-cabeça onde as peças além de serem encaixadas coerentemente devem ser encontradas, investigadas e periciadas. Neste sentido a teoria ufológica é por essência científica já que, ela é caracterizada por um sistema consistente formado por observações, ideias e axiomas ou postulados, constituindo no seu todo um conjunto explicativo do objeto em análise.

FALÁCIAS QUE CONTAMINAM A UFOLOGIA

Relacionado diretamente as teorias que afetam negativamente a imagem da Ufologia, se desenvolvem as argumentações falaciosas. Principalmente no que tange a argumentação que explica os fenômenos ufos. As falácias se apresentam dentro de um contexto de falta de informações ou de provas para uma determinada tese. Sendo assim, inevitavelmente o ufólogo pesquisador quando questionado sobre determinada circunstância no que foi exposto, no que tange a falta de uma explicação costuma buscar refugio no senso comum, no apelo e no distanciamento do foco do assunto em questão. Resumindo responde um monte de coisa, mas não explica nada. Porém, isto ocorre muitas vezes por ingenuidade e falta de delimitação do assunto que irá tratar. Já que, o grande problema é o ufólogo achar que vai estar apto para responder a todas as questões feitas. Como também desconsidera o fato que ele não possui um auditório favorável. Por efeito dessa falta de perspectiva existe uma empolgação inicial onde o assunto ganha abrangência e por consequência abre brecha para que o questionamento se direcione a assuntos sem respostas plausíveis. 47

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 952.

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Por experiência, participando ou assistindo apresentações de trabalhos acadêmicos e palestras diversas, aprendi que nunca se transcende o que esta programado a ser apresentado. Como também, nunca se explora assuntos que não domina por completo, que ainda esta confuso ou que possui resultado inexistente. Da mesma forma, que se deve avaliar o tipo de público que assiste a apresentação. Pois, se o mesmo for de ufólogo a didática, linguagem e assunto será totalmente diferente se for para um público “leigo em ufologia”. Não é uma questão de ser “espertão” (se o auditório for de alienado, qualquer coisa que se falar vale), mas sim de ser coerente, previdente e honesto e de não dar margem para alimentar os céticos. Não se fala nada que não seja provado pela ciência. Pois, o mundo não é feito só de ufólogos ele é científico. Quando o contrário ocorre, os efeitos são evidentes daninhos a imagem da ufologia. Exemplificando tal fato, a própria Igreja Católica, antes de considerar a ocorrência de um milagre, ela esgota todas as possibilidades científicas de investigação, para dai sim definir o status do fenômeno. Neste contexto, algumas falácias se destacam não só na ufologia como em outras áreas da ciência para sustentar fenômenos não provados ou para convencer o público a acreditar, já que o mesmo é confirmado por alguém importante ou que se destaca na sociedade. Ou seja, é a clássica falácia “meu mestre disse” (apelo a autoridade). É muito usada na argumentação das pesquisas de campo (entrevistas) e na fundamentação. Porém, se difere da fundamentação teórica por que nela se utiliza pessoas especialistas da área, diferente da utilização de um artista muito famoso, por exemplo. O campo das falácias é muito amplo e deveria receber a atenção de todo ufólogo antes deste desenvolver suas teorias ou argumentações. É um estudo útil que faz o pesquisador refletir e estudar mais, tanto Ufologia quanto outras áreas do conhecimento para complementar seus conhecimentos e por efeito se tornar coerente. Pois, o ufólogo tem que entender que mesmo ele buscando ser alternativo e tendo a boa intenção de demonstrar isto para outras pessoas, suas ideias ainda esbarram nas convenções correntes. Ou seja, não adianta o ufólogo apresentar uma entrevista em que aparece o “presidente da república” dizendo que viu um fenômeno ufo, por exemplo, se ele não tiver realizado uma ampla e coerente investigação sobre o fato. O mundo é científico e neste momento histórico ele é quase que exclusivamente receptivo a resultados padronizados pela ciência. Querendo ou não é dentro desta realidade que o ufólogo tem que se prender se quiser ser respeitado fora do campo da Ufologia. 56


ÉTICA UFOLÓGICA

As ações dos representantes de uma ciência é por efeito a forja da alma e da credibilidade da mesma. Pois, por meio destas ações que os leigos e representantes de outras áreas de conhecimento valoram a qualidade dos estudos realizados em seu campo. Não diferente de outras áreas de conhecimento a Ufologia possui um contexto histórico forjado por ações que interferem diretamente em sua essência. O problema é que a maioria destas ações se refletem de forma negativa que por consequência construíram e ainda constroem uma imagem contraditória e denigrida dos estudos ufológicos. Observando este contexto de descredito, é possível identificar elementos que contribuem. Neste sentido, temos: o “ufólogo”, os ufólotras, as pseudoteorias, a falta de ordem dentro do mundo da ufologia e a propagação irresponsável por diversos meios de comunicação de informações “ufológicas”. Ou seja, não é o fenômeno ufo o vetor do descredito dos estudos ufológicos. O que existe de fato é um objeto exótico e desconhecido com todos os requisitos para ser pesquisado por qualquer campo da Ciência que se julgue capaz. O problema é a forma e por efeito as pessoas que se interessam em investigá-lo, que se norteiam na falsa ideia da Ufologia não ser uma ciência legalizada, e por este motivo deduzem que o estudo ufológico se guia em um contexto alternativo e anárquico. Diante desta primeira condição fica notória a falta de ordem dentro do campo de abrangência científica. Pois, a Ufologia não é um estudo alternativo, ela apenas se apresenta sem paradigmas capazes de dar sustentações a algumas de suas teorias. Porém, devido a falsa ideia de se achar que a Ufologia é uma manifestação alternativa de conhecimento, alguns adeptos dessa filosofia buscam sustentar essa condição fundada nos princípios de um sistema anárquico. Ou seja, um reflexo de seu desenvolvimento histórico, já que a Ufologia se propagou e ainda se propaga através de movimentos hippies e exotéricos. O problema não é a ideologia anarquista, já que ela é uma filosofia organizacional bem avançada, no entanto o grande desafio é se adaptar ao 57


senso coletivo, ou seja, ser responsável e estar consciente disso, já que o sistema depende das ações das pessoas. No que tange a ideia de ações das pessoas, aparece o segundo problema que se liga intimamente aos outros problemas que tange a Ufologia. Pois, infelizmente muitos não possuem o senso ético de ser responsável, ou seja, “reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros”48. Não é uma questão de conhecimento, é uma ação de sabedoria. Esta condição somada a “capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis”49 que por efeito vai se efetivar em ações. No contexto dessas ações temos os seguintes vetores: 

Ufólogo é o pesquisador científico da Ufologia, já que, se norteia por métodos científicos e paradigmas desenvolvidos dentro de uma plausibilidade adequada ao objeto que analisa. Busca sempre repassar os resultados de seus estudos de forma responsável, coerente e neutro. Evita afetações em seus estudos, pois entende que suas ações possuem efeitos que transcende a sua honra e se reflete e contamina a ciência Ufologia;

Ufólotra é a pessoa alienada por afetações de origem místicas ou ideológicas diversas que se manifestam de forma ingênua e desprovida de racionalização aprofundada. Suas ações não visam o estudo ufológico, mas sim a adoração de fenômenos ufos e a posterior criação de doutrinas que se revertem como a única fonte capaz de contemplação do que é idolatrado. Equivocadamente é confundido com ufólogo;

Pseudosufólogos é a pessoa que se diz ufólogo, mas que na verdade não age como um. É um simpatizante radical da Ufologia Romântica e da Protoufologia afetado por racionalizações paranoicas. Por este motivo não consegue se estabelecer dentro do deserto real filosófico e por efeito disso ele distorce as informações para sustentar uma argumentação paranoica ou uma ficção. Os pseudosufólogos carregam também características dos ufólotras e irresponsavelmente são os principais propagadores de falsas informações além de

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CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 338. Idem, p. 337.

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estarem envolvidos com casos de charlatanismo. Equivocadamente são confundidos com ufólogos; 

Simpatizante é o leigo curioso, que simplesmente colhe informações ufológicas sem um aprofundamento, pois, se satisfaz simplesmente com que juga atender seus interesses. Porém, tem por habito propagar informações nas redes sociais sem analisar a mesma.

Estas pessoas por suas ações junto ao campo ufológico produzem informações que acabam evoluindo para teorias. Porém, devido as contaminações geradas em seu processo de construção, a maioria costuma ser refutadas ou classificadas como pseudosteorias. Em decorrência desta degradante situação a sociedade ufológica mundial, entendeu a necessidade de se criar limites, pois percebeu que um campo de estudo onde não existe regras, delimitações e fiscalização, fica sujeito ao fenômeno da desordem. E por efeito este universo desordenado acaba aceitando tudo que é tipo de ideias e informações. Uma consequência direta do tipo de “estudiosos” que age dentro dele. Neste contexto, muitas organizações ufológicas preocupado com o destino da Ufologia buscaram estabelecer regras que norteie delimitações e ações de seus membros e de pessoas interessadas no assunto para se alcançar uma ordem capaz de proporcionar uma imagem mais adequada ao estudo ufológico e afastar a possibilidade da Ufologia se tornar uma manifestação de ufolatria. Porém, devido a inexistência por muitos anos de um padrão comum, não existe um consenso entre os ufólogos na maneira de procederem seus estudos e de se relacionarem com o fenômeno ufo. A falta de consenso ético ainda esbarra em considerações oriundas divergentes da visão contemporânea que ascende ao caminho científico frente as propostas dos adeptos da Ufologia do século XX que ainda carregam características vinculada ao esoterismo e algumas afetações proporcionadas por protoufólogos, ufólotras e pseudosufólotras. A implantação da ética dentro da Ufologia contemporaneamente ainda esta em um processo de construção e intimamente vinculada a característica de seus representantes e o sucesso probatório de suas teorias. Independente de coesão ética, outro problema é a falta de fiscalização de informações. Sei que não é possível proibir as pessoas de expressar o que pensam, porém, é possível refutar esta ideia propagada, tanto na fonte quanto por outro meio.

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Porém, que fique bem claro, refutar não é sinônimo de humilhar verbalmente outra pessoa. A ideia de refutar é argumentar fundamentado em informações coerentes sobre o assunto em questão, dentro de um contexto científico e pacífico contra a informação incoerente. É a prática da discussão científica onde se aprende e ensina ao mesmo tempo no contexto de aprimorar e difundir o conhecimento. E por fim, mesmo existindo um padrão ético, vai continuar existindo pessoas que desconhecem a ordem dentro da Ufologia simplesmente porque eles estão interessados no fenômeno ufo. Diante disso, seria muito interessante, que todo curso, produção bibliográfica, blog, site, palestras e eventos, reservassem um espaço para a ética ufológica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como qualquer pesquisa séria quando comecei a escrever esta superficial reflexão, já possuía mais de quinze anos de leituras de livros e artigos além de observações de discussões de ufólogos na internet, palestras e reuniões de eventos. Sempre de forma discreta, só observando, questionando quando necessário e buscando informações complementares, fui montando meu conhecimento. No início me restringia ao fenômeno ufo, mas conforme fui evoluindo academicamente, vi muitos que os que se interessavam por ufologia abandonarem esse mundo, outros, usavam estudos ufológicos para fundamentar o ateísmo, outros para ganharem dinheiro e por fim outros que sabem da verdade, mas que não tinham meios de expressar ou de fundamentá-la e por este motivo eram e são ridicularizado por pessoas que sequer tem metade do conhecimento do mesmo. Nunca fui ufólogo, só coletava informação, no entanto meu lado científico sempre identificava falhas em pesquisas que ocorriam por falta de orientação ou conhecimento, e isto me fazia a cada dia entender porque a Ufologia era tão ridicularizada. Mas eu acreditei na seriedade dela. Foi neste contexto que resolvi tecer esta superficial consideração. Pois, alguém deveria apontar os erros dos estudos ufológicos de forma construtiva não destrutiva, como acontece até então.

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Foi o que eu fiz. Não sei se esta coerente, no entanto, espero que no aperfeiçoamento do que foi analisado nasçam alternativas que norteiam um estudo ufológico mais saudável. E que deste caminho surjam descobertas cientificas que ajudem a descobrir mais sobre a vida e o planeta.

EXPERIÊNCIA PESSOAL NO CAMPO CIENTÍFICO

Sou um homem da ciência, professor público de profissão, historiador por formação, bacharel em Direito por opção, Especialista em História do Brasil e Especialista em Geografia do Brasil por dever moral e Mestre em Ciências da Educação a título de aperfeiçoamento profissional. Possuo uma visão conservadora e cética quanto as informações científicas. Contemplo a consciência de me policiar constantemente, para não ser corrompido por filosofias e doutrinas gerais que inviabilize meu pensamento no que tange uma alienação. O desconhecido sempre me despertou curiosidade, sempre quis saber coisas e detalhes sobre assuntos, lugares e acontecimentos da forma mais ampla possível. Porém, o que me levou ao mundo da pesquisa científica, foi o desejo de conhecer e preservar a história da cidade que nasci. Pois, sempre me questionei se realmente eu estava sendo útil para a sociedade, mesmo eu sendo um educador. A partir de conhecimentos concretos da Ciência História, é fato que todos nós fazemos história, que interferimos no meio em que vivemos passiva ou ativamente. Porém, existem aqueles que são lembrados e referenciados pela História, ou seja, aquelas pessoa que no desempenhar de suas vidas excederam as suas básicas funções e o comodismo para agirem ativamente para atingir seus interesses (politico, científico, social, cultural,...), e por esta ação, acabaram indiretamente deixando marcas na sociedade. Se boas ou ruins não cabe a esta obra específica se prender. Neste contexto supracitado, me tornei um pesquisador historiador de fato. Utilizando de minha experiência adquirida no processo de elaboração das monografias necessárias de requisito parcial para alcançar a aprovação nos cursos e especializações que realizei, comecei a aplica-la na prática. Apesar da familiaridade com os métodos e metodologias, inicialmente cometi pequenas contradições em minha pioneira obra histórica sobre o município pesquisado, em decorrência que me faltava experiência no 61


contexto real em lidar com uma localidade que naquele momento se encontrava sem uma história contada a partir de documentos oficiais, já que grande parte deles foram extraviados por diversos motivos. Apesar das falhas e da forma como foi elaborado o texto que abordava o assunto pesquisado, (atender o universo leigo) o livro “Relatos de um tamandareense: História do município de Almirante Tamandaré”, se apresentou com um grau bem elevado de credibilidade. Posteriormente, norteando-se exclusivamente por documentos oficiais logrado êxito em acha-los em periódicos de época e publicações raras fora dos limites da cidade montei um complexo quebra cabeça que resultou na obra “Considerações históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré”. Como fica notório, carrego uma boa bagagem de experiência e conhecimentos metodológicos adquiridos tanto no universo acadêmico quanto no universo prático. Diante disso, busco tentar colaborar com os estudos ufológicos, repassando este conhecimento e agindo criticamente no que observo estar errado dentro de um contexto plausível relacionado ao universo científico e filosófico. Principalmente porque observo que no contexto do estudo ufológico, existem ocorrências dos mesmos problemas presentes em outras ciências (principalmente em história), ou seja, a existência de pseudos pesquisadores, os quais por serem inaptos por alienação ou por falta de aperfeiçoamento de seus conhecimentos, só atrapalham o desenvolvimento e a credibilidade da ciência que representam. No caso especificamente da Ufologia, este tipo de ação tem consequências muito daninhas, já que elas se tornam o fundamento argumentativo para destruir a quase inexistente credibilidade científica que esta não considerada ciência possui.

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BIBLIOGRAFIA ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. BACHELARD, Gastón. A Filosofia do não. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997. DIAS, Aramis Baraldi. Código de Ética do Ufólogo. 1994. GALLIANO, A. G. O Método Científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1979. GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. Pioneira Editora, São Paulo, 1989. HYNEK, J. Allen. Ufologia: Uma Pesquisa Científica. Nórdica Editorial, 1982. NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do direito. São Paulo. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006.

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