Jornal Cultural MUH! #10

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UBERABA /

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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OPINIÃO LITERAL PANORAMA BAÚ CONTRAPONTO

PERFIL

ROSALINA CARDOSO Sua fé e sua arte


Editorial

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Jornal Cultural MUH! adentra março em clima de carnaval e confete. Com alguma tristeza pelos blocos que não se colocam mais na rua, mas muita alegria pelos loucos que ainda se aventuram pelas admiráveis e simples tradições. As bandeiras da folia de março bordaram Uberaba com cores e texturas diferentes, fazendo qualquer pretexto cultural virar carnaval. A rua virou casa, e alguém percebeu que lugar de manifestação cultural é na calçada, nos espaços de todos, para todo mundo ver e participar com o coração. As portabandeiras que carregam o multicolorido tecido cultural de Uberaba colocam o bloco na rua para falar de música, literatura, comportamento e arte. Plural. É assim que queremos os espaços públicos da cidade. Que cada canto, cada praça, cada palco, universidade, recreio de colégio ou sinaleiros vermelhos, sejam cenário para as cores que cada um quiser pintar. É belo se é múltiplo e se é para todos. Dessa maneira vamos costurando, rendando, entrelaçando fios de diferentes materiais para formar uma colcha de retalhos mais aconchegante para os desabrigados culturais de Uberaba.

Jornalista responsável Ana Márcia de Lima MTB 12.724 – MG | Direção de redação Bruno Assis Direção de arte Law Cosci | Edição e coordenação de conteúdo Natália Escobar Diagramação Jefferson Genari | Projeto gráfico Mari Comunicação

Fotografia Guilherme de Sene | Apoio Livraria Alternativa Cultural e

Uberaba/MG .

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Fechamento desta edição: 2/3/2014

Hold Marketing e Consultoria | Impressão Gráfica 3Pinti | Tiragem Mil

Anuncie no MUH! (34) 9152 . 6460

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jornalmuh@gmail.com

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Literal

Mesa pra dois

(ressuscitaram as dúvidas)

Tédio É aquele tédio que traz a tristeza e leva embora a alegria que o samba dá quando não se sabe o que quer, não se sabe o que é, não se sabe onde quer chegar, apenas com quem quer estar por todo o caminho cujo fim se desconhece.

- Bárbara Bilharinho

E eu que tinha escolhido o melhor vinho No bar assinalado o canto discreto Reservado mesa pra dois Noite do meu rock predileto Pra tudo acabar assim Quase que sem sentido Algo lançado ao futuro mais que imperfeito Oscilação repentina de sentimento contido (Um sentimento contigo) Sua virada de mesa ainda ecoa Caíram os cascos caíram os copos Emergiram as cascas, despontaram destroços Ressuscitaram as dúvidas suscitadas

Intimidade Trago-te flores, lembranças que veio do que foi... Trago-te medos, alguns de agora, das horas, de outrora... Trago-te restos, os que foram arrancados de nós... Trago-te o novo, já feito, desfeito com defeitos, perfeitos... Trago-te a esperança, agora é esperar... Passa, há de passar, passará! Trago-te à solidão, longe de suas mãos, do teu afago, da festa em nós, do início, do meio em fim, de tudo em mim... Trago-te as lembranças, da distante estação, da terra que nos viu passear de almas atadas... Trago-te um texto do Machado de Assis, foi o que sobrou, de resto estou partido... Trago-te emoções, não preste atenção na solidão, ela tem intimidade com nossa idade, com o verão, com o inverno e com as outras estações... Trago-te um brilho, um que roubei dos seus olhos, do seu olhar. Roubei porque preciso, porque precisei do canto, do seu encanto.

A coragem da razão O receio de machucar sem se gostar Do segredo emana o medo? Poste esse postulado para um outro lado O sublime em sublimação A solitude etérea, a eterna plenitude Sua virada de mesa ainda ecoa Caíram os cascos caíram os copos Emergiram as cascas, despontaram destroços Ressuscitaram as dúvidas suscitadas

- Bruno Castejon Daibert

Dandismo O chapéu lembra o cigarro A mala o linho O livro o vinho.

- Marcelo Borges

- Vilmondes Cândido Rosa

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Mas estamos bem, eu acho ...

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Opinião

A NOVA ERA DO RÁDIO NO BRASIL Se pudéssemos comparar o rádio com um animal, com certeza, seria o camaleão. A capacidade que o rádio tem de adaptar-se ao novo é incrível. Muita gente, mas muita gente mesmo, disse que o rádio estava com os dias contados. Aliás, isso vem sendo dito desde 1950, quando a televisão surgiu como um turbilhão. Sim, a tevê mexeu com as estruturas do rádio, mas não a ponto de tirarlhe o majestoso posto de mídia mais rápida em veiculação de informação. E talvez seja esta característica (instantaneidade) ainda imbatível, do rádio, que o mantém firme como meio de comunicação. Com a chegada do computador e, consequentemente, da internet, as especulações quanto à derrocada do rádio continuaram e tendem a continuar, mas o rádio está cada vez mais forte. Neste momento o rádio brasileiro está ganhando força, pois vai passar por mudanças importantíssimas nos próximos anos: a chegada do rádio digital e a migração das rádios AM(s) para o canal FM. O ruído provocado por interferências no espectro desmotivava a audiência das rádios AM(s). Isso quer dizer que a competitividade entre as rádios AM(s) e FM(s) será bem mais acirrada, tanto em audiência quanto econômica. 4

Com isso, tenho convicção que as rádios AM(s) serão bem mais ouvidas. Só espero que a programação das rádios AM(s) seja mantida. Seria um prejuízo cultural sem precedentes se estas emissoras copiassem a programação das rádios FM(s). E tal efeito colateral é possível, já que a qualidade de som das rádios AM(s) será muito superior. O rádio AM, hoje, utiliza mais a fala do que a música, justamente por conta da qualidade de áudio. Por isso, com o ganho de qualidade, algumas rádios AM(s) serão tentadas a migrar para o formato de rádio FM, ou seja, musical. É importante salientar que as rádios A M ( s ) ganharão em qualidade e perderão em alcance. Isso mesmo! Isso se dá porque a frequência FM sofre perdas significativas com os obstáculos, diferente da AM. Esse ajuste é impositivo, ou seja, todas as emissoras terão que migrar, pois a faixa deixada pelas AM(s) será aproveitada para ampliação da telefonia. Como começamos, terminamos. A característica de adaptabilidade, do rádio, fará com que ele reinvente-se mais uma vez. E é isso que esperamos.

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Luís Fernando Ribeiro de Oliveira Professor de Radiojornalismo

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Baú

PERFIL DE UM (MAL)DITO Nascido às vésperas do advento da República, em 1886, Orlando Ferreira, conhecido popularmente como Doca, era filho do fazendeiro e tenentecoronel Bento José Ferreira e da modista Maria Luiza de Oliveira. Ainda jovem, já era redator do jornal O Correio de Uberaba (1919), além de colaborar com o semanário A Reacção (1920), dito “de combate e anticlerical”. Como grande crítico das elites locais, Doca tornou-se “amaldiçoado” no imaginário popular da cidade através de publicações como Terra Madrasta (1929), em que denunciou o estado de descaso e abandono para com Uberaba, enumerando as forças que se opunham ao “progresso da cidade” (entre elas, as famílias Borges, Prata, Rodrigues da Cunha e a administração local). Ademais, temas como o comunismo e esporte também foram objetos de sua obra

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como em Ruy Barbosa e Seus Detratores (1921), Capitalismo e Comunismo (1932), Ilusões Capitalistas (1932) e Forja de Anões (1941), o que denota o caráter eclético de suas

abordagens. Entretanto, a temática religiosa foi a que mais se destacou em seu pensamento, seja através de obras como Pela Verdade: Catolicismo x Espiritismo (1919) e A Origem

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Divina do Espiritismo (1956), ou ainda em seus artigos de jornal e panfletos; nesse sentido, merece destaque a sua penúltima obra, Pântano Sagrado (1949), em que se insurge de forma mais combativa contra a Igreja Católica. Esta obra foi inclusive incinerada, por ordem do Juiz de Direito à época, dado o teor de suas críticas, além de Doca ser obrigado a se retratar publicamente a respeito. Após o processo judicial envolvendo O Pântano Sagrado, têm-se poucos registros do autor; faleceu menos de uma década depois de tal episódio, em 1957, vitimado por anemia. Todavia, apesar de sua proeminência na vida uberabense passados mais de 50 anos de sua morte, permanece esquecido da história local.

Anna Li

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Palco

TEU SE PREPARA PARA COMPLETAR 50 ANOS ^ COM NOVO FÔLEGO O Teatro Experimental de Uberaba será cinquentão em 2015, e coleciona histórias para contar Hoje a Organização Não Governamental (ONG) Teatro Experimental de Uberaba (TEU) promove três encontros culturais, dois mais tradicionais, o TEU Show e TEU Jazz, e o novíssimo TEU Espaço, um projeto mensal de música independente. Além disso, também abriga outros projetos externos. É com esse fôlego de preencher o espaço teatral que o TEU vai fazer 50 anos em 2015.

do Triângulo Mineiro e de Minas. Ele foi fomentado por um grupo de pessoas e atores que fizeram teatro em Uberaba por muito tempo, desde o início. O TEU funcionou na Rua Alaor Prata, depois na Rua João Pinheiro, e, na década de 80, mudou a sede para o prédio da Rua Padre Zeferino.

“O TEU nasceu como símbolo de resistência cultural, em plena ditadura militar. Foi fundado no dia 21 de abril, Criado em 21 de abril de 1965, dia da Inconfidência Mineira, o TEU é um marco para a propositalmente. Ainda hoje, cultura uberabense, da região esse ideal existe”, coloca o músico e presidente do TEU, Cacá Sankari. Agora novos projetos surgem dentro do teatro. As amigas Beatriz Vieira e Lilian Fabian reuniram mais amigos para o TEU Espaço, uma ideia de encontro mensal. “O projeto tem a proposta de levar a arte de Uberaba a um novo nível. Todos nós conhecemos pessoas que tocam e cantam pela noite daqui e que não são 6

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reconhecidos. É esse pessoal que vai fazer parte do TEU Espaço”, conta Beatriz. O novo projeto vai acontecer todo segundo sábado do mês, sendo o próximo no dia 8 de março. Já o TEU Show continua trazendo música variada, de todos os ritmos e linguagens, para agradar a todos. E TEU Jazz promove espetáculos para quem gosta do estilo consagrado nos Estados Unidos. TEU Show e TEU Jazz acontecem sempre às quintas-feiras, às 19h30 e 20h30, respectivamente.

Natália Escobar


BambolÊ

10 MOTIVOS PARA FREQUENTAR O CASARÃO DA ALTERNATIVA CULTURAL! A coluna Bambolê traz este mês 10 motivos para você frequentar a Alternativa Cultural, pelo menos, uma vez por semana 1) Livros! Pode ser que, de cara, você não encontre o livro procurado. Ou aquele último lançamento. Mas como temos um sebo rico e variado, você pode encontrar de tudo: Shakeaspeare, Agatha Christie, Machado de Assis, Clarice Lispector, Mário Quintana, Stephen King, J.K.Rowling, Stephenie Meyer, Dan Brown, entre tantos outros. 2) Café coado na hora! O aroma, o charme... tudo colabora para uma experiência nostálgica e especial. 3) Clube do vinil! Quando estiver de bobeira e com vontade de ouvir um bom vinil, corre pra cá! Nossa coleção tem de tudo. Vale muito a pena!

5) Fazer amigos! Muita gente interessante passa por aqui, viu? Só ficar de olho! 6) Paquerar! Já vimos muitos casais nascerem por entre nossas estantes. O cupido tem uma predileção pela nossa casa. 7) Conversar com a Jozi! Nossa colaboradora mais antiga. Tem um conhecimento inimaginável sobre qualquer assunto. Vale a pena demais!

9) Alimentar o espírito! Temos vivências e presentes que incentivam a descoberta de si mesmo e de sua conexão com o Universo. 10) Você! Amamos receber visitas de nossos clientes e amigos! A casa está sempre aberta! A Livraria Alternativa Cultural fica na Rua Major Eustáquio, 500, Centro.

8) Se aprimorar artisticamente! Já pensou em cantar, atuar ou até mesmo dar uma de escritor? Dê uma olhada na nossa grade de cursos... super interessantes!

4) Exercitar a imaginação! É possível ficar horas e horas no nosso Casarão, lendo ou ouvindo música, imaginando e sonhando com mundos possíveis e impossíveis. Muh! • #10 • 2014

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Rosalina Cardoso Sua fé e sua arte

Reportagem Bruno Assis Fotografia Guilherme de Sene 8

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a ponta do Pontal brotou quem mais tarde viria a ser a fina flor das artes plásticas uberabense. Em um ambiente campestre nasceu Rosalina Cardoso, mais precisamente em Santa Vitória, interior do estado mineiro. Origem humilde, quatro irmãos, mãe viúva, costureira e católica fervorosa. O estilo de vida simples de sua casa, e o encanto proporcionado pela cultura tradicional e religiosa ali presentes, seriam particularidades que prevaleceriam em sua arte intimista tempos mais tarde. A condição modesta de sua família fez com que, desde tenra infância, Rosalina desenvolvesse um processo criativo autodidata. As sobras de retalhos dos trabalhos de sua mãe ganhavam novas formas a partir de sua imaginação. O mesmo destino tinham as caixinhas de fósforo que eram descartadas. Seus brinquedos eram feitos por suas próprias mãos e, como já se notava, sua vocação era natural.

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Ainda muito pequena mudou-se para o interior de Goiás, à época em que seu pai adoecera. Chegou também a morar em Santa Juliana, município vizinho da cidade onde criaria raízes, Uberaba. Aqui chegou aos 10 anos, casouse, teve filhos e constituiu sua família. Por um longo período de sua vida, suas atenções e seu tempo foram devotados às responsabilidades do lar. Contudo, sempre se mantivera atenta às expressões artísticas às quais tinha acesso, e, encontrando oportunidades nos intervalos de seus afazeres, dedicava-se a seus artesanatos. Devido ao fato de não poder comprar materiais para realizar sua arte - materiais que, em geral, eram caros -, Rosalina buscava alternativas para tornar seu trabalho viável. “Recolhia os materiais alternativos e recicláveis da minha própria cultura regional. Ali, pegava os rejeitos e tentava produzir algo novo”, conta a artista que, hoje, tem como uma de suas marcas a utilização desses objetos. 99


O divisor de águas de sua vida artística teve início por meio de uma reportagem na televisão sobre uma oficina de pintura, curso oferecido pela Fundação Cultural de Uberaba, ministrado pelo professor e artista contemporâneo, radicado na cidade, Hélio Siqueira. Nesse momento, já com os filhos crescidos, sua obstinação lhe rendeu uma das últimas vagas nessa oficina. A partir de então, manteve contato direto com a arte e foi aluna assídua em muitas das oficinas oferecidas pela Instituição. Estudou com grandes professores, conheceu a história da

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arte, visitou museus e fez viagens a polos culturais. Foi o desabrochar artístico. Chegou a receber prêmio de aluna revelação, como reconhecimento de seu interesse. “Desse encontro com a arte, abriramse novos caminhos e melhor compreensão do mundo. Ultrapassei os limites dos sonhos com a realidade; a vida e a arte se entrelaçaram”. Seguiu seus estudos, formando-se em Educação Artística pelo Conservatório Estadual de Música Renato Frateschi, graduou-se em Licenciatura plena em Educação e Artes Visuais

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pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba (Cesube) e pós-graduou-se em Ensino de Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Hoje é Assistente Cultural concursada pela Fundação Cultural de Uberaba. Não há que negar, em Rosalina, o forte lastro da cultura folclórica de sua terra. Muito de sua obra situa-se entre o sacro e o profano. Inegável é sua inclinação ao celestial. O aspecto de suas pinturas, destacadamente a de seus adorados santos, revela um ar expressionista e denota uma aparência

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fantasmagórica. Tal característica é proposital, pois assim leva o espectador a interpretar sua obra, a completá-la. Seja trabalhando com a técnica de colagens, com pintura, escultura, artesanatos e até instalações, é notória, em suas manifestações, uma arte contemplativa, que conta também com um resgate cultural. Por seus frutos reconhecemos, pois, sua devoção, perseverança e talento.

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Panorama

BLOCO MARIA BONECA FLORESCE CARNAVAL DE UBERABA Fundação Gregório F. Baremblitt inaugura o carnaval pelo nono ano consecutivo

A Rua Capitão Domingos acordou diferente na manhã de sexta-feira, dia 28 de fevereiro. Quem saiu para trabalhar percebeu que já era carnaval antes de ler o jornal. Dava para escutar o batuque de longe, e chegando mais perto, via-se um enorme jardim de flores de todas as cores, tamanhos, formas, algumas mais tímidas, outras sem essa bobeira de recato. Quando o bloco Maria Boneca, da Fundação Gregório F. Baremblitt passou pelo centro da cidade, pela nona vez consecutiva no 12

carnaval da cidade, deixou tudo mais colorido. Cerca de 300 pessoas percorreram a Av. Leopoldino de Oliveira até o Calçadão da Rua Arthur Machado, entregando aos passantes balas, flores, abraços e cartas de amor, escritas pelos usuários e voluntários da casa. Foi gente de tudo quanto é canto, de várias instituições, estudantes, voluntários e muita gente que apoia a luta antimanicomial. O trabalho da instituição é apoiado justamente nessa causa, tratando pessoas com perturbação mental. Ao menos Muh! • #10 • 2014

no carnaval, todo mundo foi pra rua cantar que todo mundo é diferente, e isso é normal. O ideal coloriu a manhã daquela sexta-feira e a cidade ficou mais bonita.

Natália Escobar #8 • 2013


Agenda

Brazil com Z reestreia com purpurina e audácia no CalçadÃo do Teatro Vera Cruz Quando a urgência de pensar debates realmente públicos é percebida, surge a necessidade de ir pra rua. “Nós somos uma companhia de teatro que é conhecida pelo seu trabalho no palco. Não sei como as pessoas vão receber este trabalho na rua, mas com certeza, esse risco, nós queremos correr”, garante.

Plumas, perucas, salto alto, purpurina e muito gliter, mas não é para o carnaval. Os adereços são para contar a odisseia do cu do mundo. Com a desenvoltura de sempre e uma pitada a mais de acidez, a Cia. Rogê volta ao palco com a reestreia de Brazil com Z, para discutir temas de agridoce importância social. Só que dessa vez a proposta vai além e o picadeiro é a calçada. A companhia desce do palco e vai para o calçadão do Teatro Vera Cruz. Pessoas de diferentes companhias se juntaram à trupe Rogê para apresentar o espetáculo no dia 29 de março, #8 • 2013

às 19h30. A entrada é gratuita e classificação livre. São três homens e sete mulheres, de salto alto, maquiagem e cílios coloridos, atuando na peça, que foi apresentada pela primeira vez em 2011. “Esse é um espetáculo que, feliz ou infelizmente, indaga o público sobre uma série de questões e, neste momento, acreditamos que não há oportunidade melhor para trazer para o teatro todos esses debates que andam rolando nas redes e nos movimentos sociais”, coloca o diretor e ator da peça, Emílio Rogê. Muh! • #10 • 2014

O texto e direção são de Emílio, com números dos diretores convidados Mayron Engel e Marcial Asevedo, supervisão artística de Beth Dorça, figurinos de Lara Nicolau, produção de Luana Rodrigues e Emílio. No elenco, Dandhara Morena, Gabriela Costa, Ana Carla Oliveira, Mayume Maruki, Neto Carvalho, Luana, Emílio, Eduarda Cunha, Laura Resende e Eder Bernardes.

Natália Escobar

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+ Cultural + Divertida

Porque você vai gostar: Um espaço que estimula a criatividade Rua Major Eustáquio, 500 e que desenvolve Centro – Uberaba/MG f e r r a m e n t a s (34) 3333-6824 que ampliem as alternativacultural.com.br possibilidades de produção de textos. O que? Show “Eu Professora: Iara gosto de ser mulher” Fernandes com Ana Luiza Brasil Quando? 13 de março O que? Pró Musica às 19h30 Próxima turma: Porque você vai 07/03 gostar: Ana Luiza Porque você vai Brazil volta à gostar: Capacitação Alternativa para um para músicos que show emocionante e pretendam trabalhar repleto de novidades. com percepção musical para crianças O que? Musicalização e jovens, em projetos Infantil ou escolas de música. Próxima turma: Professora: Cristina 05/03 Arruda Porque você vai gostar: Apresenta à criança os conceitos básicos da arte musical, fazendo com que ela desde cedo produza música de maneira séria, bem orientada e atraente. Professora: Cristina Arruda O que? Leitura de O que? Vem, escrita! Runas Próxima turma: Quando? Aos 06/03 sábados das 9h às 13h ACONTECE NA LIVRARIA ALTERNATIVA CULTURAL

Acompanhe a agenda cultural de Uberaba na página do MUH!

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(necessário agendar horário) Com quem? Denis Magnus O que? Conversas terapêuticas Quando? Ás 2as feiras, das 19h às 20h30 Com quem? Carmem Lia F. Laterza, psicóloga Grupo aberto e gratuito, é só chegar. O que? Leitura de I Ching Quando? Necessário agendamento prévio Com quem? Laura Louise Richardson E atenção! Em abril teremos novas turmas curso de fotografia digital com o professor Fabiano Lopes! Fiquem de olho!

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Contraponto

Otimismo Em meio a

alguns fatos tristes, como o corte de metade da verba que seria destinada ao carnaval da cidade, algumas notícias podem significar o começo de uma injeção de ânimo. Uma delas foi a premiação recebida pela Funarte (Fundação Nacional de Artes) para a banda do Programa Jovem Músico, projeto municipal de educação musical. O grupo, formado por 20 estudantes tocando instrumentos de sopro, representou Uberaba, recebendo o prêmio no dia 13 de fevereiro em Belo Horizonte. A premiação foi um conjunto de instrumentos de ponta (bombardão, clarineta, saxofone alto, trombone e trompa, todos da marca Yamaha) no valor de R$ 32.420. 10 projetos aprovados Merece comemoração. Uberaba obteve a aprovação de todas as propostas encaminhadas ao mais recente edital da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Leic). Dez projetos locais foram autorizados para captar recursos junto à iniciativa privada em 2014. O valor representa onze

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vezes mais que o liberado em 2013. Alguns dos projetos: “Memorial Goiá”, orçado em R$ 612,8 mil - shows em 10 cidades polo de Minas Gerais, para divulgação da obra do compositor; produção do documentário “Músicas de Minas” estimado em R$ 546,5 mil propõe registrar o histórico dos conservatórios estaduais de 12 cidades mineiras; “documentário Viola Caipira – Origem e Brasilidade”, orçado em R$ 394,1 mil. Além da produção do vídeo, os recursos custearão a exibição do material em Uberlândia, Araxá, Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete e Uberaba; R$ 190 mil foram aprovados na Leic para a realização da 4ª edição da Mostra Uberabense de Teatro Infantil em outubro e mais R$ 111 mil para a promoção de oficinas de animação e produção de curtas.; R$ 55,7 mil para o “Reciclowns”, destinado a atividades lúdicas em escolas públicas estaduais de Ensino Fundamental; R$ 52,9 mil para um concurso de novas escritoras; R$ 83,9 mil para o espetáculo de circo-teatro “O Cachorro de Três Pernas”, e R$ 91 Muh! • #10 • 2014

mil para a organização do Festival de Artes Cênicas de Uberaba. R$ 25 mil

mensais para incentivo à cultura Certamente

em grande parte devido a tais aprovações, Uberaba recuperou pontuação no ICMS Cultural este ano. O município obteve nota 13,2 e, a partir de agora, receberá em torno de R$ 25 mil por mês para o fomento de ações culturais. No relatório anterior, a cidade havia ficado com 6,3 pontos na avaliação do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/ MG), o que resultou no repasse do ICMS Cultural referente a 2013 de apenas R$ 8 mil/mês. É importante comemorar, mas é preciso ficar atento, pois agora vem a parte mais difícil. Um alerta, mas em primeiro lugar, boa sorte aos contemplados! Fica o convite à comunidade e interessados na cultura, a acompanhar tudo, assim como o respaldo dado pelo poder público, verificando se as ações condizem com o discurso. Estamos de olho.

Ana Márcia de Lima

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Opinião ^ Feminismo pra quê?

Muitos leigos, e alguns nem tanto, não sabem o que é feminismo ou ainda distorcem debates feministas para opinarem sobre o assunto. Muitas pessoas são contra o feminismo sem ao menos ter conhecimento do que se trata e constroem uma imagem, muitas vezes equivocada, do feminismo e das feministas. O feminismo não possui um livro de regras, portanto nem todos concordam com as mesmas definições e atitudes. Feminismo não é o contrário de machismo, não é a dominação das mulheres sobre os homens. O feminismo busca a igualdade de gênero e luta contra o sistema de dominação que privilegia os homens. Isso quer dizer que você não tem que ir contra os homens ou coisa do tipo para ser feminista, você apenas precisa estar contra esse sistema de dominação que submete e oprime as mulheres, mas que também sujeita as diversas categorias de gênero ao definir comportamentos 16

Ilustra específicos, padronizando e determinando regras que muitos não percebem ou acreditam ser uma lei natural. O feminismo não é você deixar de ser “feminina”, ou ser “masculina”, ou não ter relacionamentos ou filhos, mas te dá a consciência de só fazê-los quando você quiser ou achar que é o momento. O feminismo é abrir todas as possibilidades da mulher ser ou fazer qualquer coisa quando achar necessário ou importante. É saber que não se deve justificar qualquer abuso pelo tamanho da roupa que uma mulher usa e que as tarefas domésticas não são funções apenas dela, mas de todos que usufruem daquele espaço. É ter conhecimento que não se deve calar quando sofrer abuso ou for violentada, que isso não é um fardo que as mulheres devem carregar, mas que é crime e deve ser denunciado, e que as vítimas devem buscar a ajuda que for necessária pra isso. Feminismo é você ser protagonista da sua vida. É ser livre. Feminismo é saber que lugar de mulher é onde ela quiser! Gabriela Costa Muh! • #10 • 2014

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