Nº 98

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Ano 12 - Nº 98 - Outubro 2013

a t s i v e r t n E

o h n i n Ju u a b y Th

NESTA : O EDIÇÃ

Distribuição Gratuita

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“O samba carioca é a matriz de tudo” Uma das revelações do samba carioca, o cantor e compositor Roberto José Fernandes Junior, o Juninho Thybau, é apontado como sucessor do tio Zeca Pagodinho. Nascido e criado em Irajá, acumula 20 músicas gravadas, entre elas, “A Vitória Demora Mas Vem”, sucesso na voz do cantor Diogo Nogueira. Versador por excelência, Juninho tentou ser jogador de futebol antes de cantar. “A madrugada falou mais forte e caí no mundão do samba”, segreda. Em entrevista ao Bafafá, o jovem artista de 26 anos (prestes a completar 27), fala sobre o início de carreira, influências, inspiração, mercado para o samba, governo Dilma e utopias. “Gostaria que houvesse paz, alegria, que o ser humano se amasse e respeitasse mais”, revela. Questionado se o mercado carioca estaria saturado para o samba, não titubeia: “O samba carioca é a matriz de tudo”. Leia nas páginas 8 e 9

12 anos - 100% opinião

ALCEU VALENÇA

EMIR SADER JOSÉ MARIA RABELO DANIEL MAZOLA ALEXANDRE NADAI RICARDO RABELO


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Editorial

Outubro / 2013

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A direita e sua crise eleitoral

A direita brasileira continua perdida no tempo e no espaço. Sem

da, aparentemente inteligente, nada mudou no cenário desolador em que

candidato viável à Presidência, divaga de um lado a outro, na esperan-

se encontra, ao lado de seus representantes na política – PSDB, DEM,

ça de algum fato salvador que possa livrá-la da derrota inevitável. Sem

PPS e agora o PSB. Juntos, continuam faltos de votos e de credibilidade.

entender, ou querer entender o que está

A última pesquisa do insuspeito Datafolha

acontecendo, que é a identificação do povo

mostra o drama de seus candidatos em

brasileiro com as medidas progressistas do

todas as hipóteses. Com Eduardo Campos

governo Dilma, apela, através de seus com-

e Aécio na disputa, a vitória de Dilma será

parsas partidários, para um oposicionismo

já no primeiro turno. Com Marina candidata,

vazio e fátuo, que não leva praticamente a

além de Aécio ou Serra, Dilma vence no

nenhum lugar. Veja-se esse exemplo da vin-

segundo. Não há mágica capaz de salvá-los.

da dos profissionais de saúde estrangeiros,

Como Marina aparece com números

apoiada por quase 80% da população, a que

bem melhores, cria-se uma situação muito

se opôs apenas para servir às corporações

incômoda para o governador pernambuca-

médicas. No caso das manifestações de

no, que repercutirá certamente no curso da

rua, procurou tirar proveito delas, como se

campanha. Os marinistas com razão irão

seus aliados, governadores e prefeitos, não

questionar a posição de Eduardo Campos

fossem também alvos dos protestos populares. Com relação à política

como cabeça de chapa, criando um impasse prenhe de consequências.

econômica, continua presa às propostas neoliberais, consagradas pelo

Só um milagre, desses bem grandes, salvará a direita e seus velhos

governo Fernando Henrique Cardoso, que conduziram o Brasil à bancar-

e neo-aliados. Por todos os lados, as nuvens lhe estão mais do que

rota, a exemplo do que aconteceu a outros países, com o desemprego generalizado e a perda de tradicionais direitos trabalhistas.

A direita brasileira está perdida no tempo e no espaço. Só um milagre a salvará de uma derrota

Quem age assim, numa democracia, acaba falando sozinho. É o que

retumbante nas próximas eleições.

está acontecendo com nossa direita e seus aliados, à deriva no quadro político, sem votos nem credibilidade. A única novidade que conseguiram foi a cooptação de Marina Silva pelo PSB e seu claudicante candidato Eduardo Campos. Mas essa joga-

sombrias e carregadas. É o preço que pagam, por terem estado sempre de costas para o povo.

Onde encontrar: Associação Brasileira de Imprensa, Sindicato dos Jornalistas do Rio, São Paulo e BH, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, Sindicato dos Petroleiros, Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, Escola de Comunicação, Instituto de Economia, Instituto de Filosofia, Escola de Serviço Social, Escola de Música, Instituto de Psicologia, Fórum de Ciência e Cultura, Faculdade de Direito (UFRJ), UERJ, Café Lamas, Fundição Progresso, Cine SESC Botafogo, Cordão da Bola Preta, Botequim Vaca Atolada, Livraria Leonardo da Vinci, Bar do Gomez, Bar do Serginho, Bar do Mineiro, Bar Santa Saideira, Banca do Largo dos Guimarães (em Santa Teresa), Padaria Ipanema, Casarão Ameno Resedá, Studio RJ, Faculdade Hélio Alonso, Arquivo Nacional, Galeria Catete 228, Restaurante Fat Choi, Livraria Ouvidor (BH), Livraria Quixote (BH), Livraria Mineiriana (BH), Livraria Cultural Ouro Preto (Ouro Preto).

Diretor e Editor: Ricardo Rabelo - Mtb 21.204 (21) 3547-3699 bafafa@bafafa.com.br Diretora de marketing: Rogeria Paiva (21) 3546-3164 mercomidia@gmail.com

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Um estranhável matrimônio José Maria Rabêlo*

indisfarçável falta de liderança, apela para a

é tão grande, que quem tem voto vai na rabei-

É mais fácil pegar um mentiroso do que um

solução oportunista da aliança com um re-

ra de quem entra apenas com a sigla, cedida

coxo, diz mais ou menos assim o antigo pro-

presentante típico do coronelato nordestino.

por conveniências de momento. Não discutem

vérbio. O casamento partidário de Marina

Por suas origens familiares e políticas, Edu-

nem ideias, nem programas. Na verdade,

Silva com Eduardo Campos, sem querer

ardo Campos nada possui em comum com o

cada um visa seus próprios interesses, que

chamar nenhum deles de mentiroso, mostra

passado e a imagem que Marina vinha pro-

as palavras sutis não conseguem disfarçar.

com clareza a que pode levar a ambição no

jogo eleitoral.

matrimônio, inspirado por razões tão mesqui-

nhas, nada tem a oferecer ao Brasil.

Durante anos, inclusive como senado-

O projeto dos dois nesse estranhável

ra e mais ainda nos últimos tempos, Marina ostentou a imagem de uma lutadora social

Livro

comprometida com a moralidade, a coerência

Meu próximo livro, Belo Horizonte. Do arraial

e o interesse público. Foi dura e intransigen-

à metrópole – 300 anos de história, conta

te nesse combate, transformando-se numa

de forma abrangente a história de 300 anos

espécie de Joana D’Arc dos bons costumes

da Cidade. Vai dos inícios do povoado de

políticos, conquistando o apoio de grandes

curando construir. Ela fala em uma sociedade

Curral del Rei, na primeira década do século

setores do eleitorado sempre sensíveis a tal

horizontal, organizada a partir das bases, o

18, existente no local, até a construção da

tipo de pregação moralista. Os nomes de Jâ-

que não se sabe bem o que é, mas que deve

nova capital e seus dias atuais. Daí, o nome

nio Quadros e Fernando Collor surgem logo

ser alguma coisa parecida com socialismo;

do livro.

à mente quando se trata do assunto, embora

ele se apresenta como candidato que tem a

os tempos sejam outros e Marina tampouco,

simpatia de importantes setores do empre-

dará no dia 12 de dezembro, data do ani-

como pessoa, tenha algo de parecido com

sariado, inclusive do campo. Não é à toa que

versário da Cidade, no Palácio das Artes, a

aqueles dois ilustres personagens. O que

tanta gente do DEM, a mais retrógrada das

partir das 18h30. No Rio, em Ouro Preto (a

os aproxima, historicamente, é o desejo de

legendas de direita, esteja (ou estivesse) a

antiga capital de Minas), em Brasília e São

alcançar seus objetivos a qualquer custo.

seu lado.

Paulo acontecerá nos meses de março e

maio, em dia e hora a serem anunciados.

Impossibilitada legalmente de registrar

seu partido, em episódio no qual revelou uma

Trata-se de uma aliança manca, para

lembrarmos o provérbio inicial. O oportunismo

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O lançamento em Belo Horizonte se

*Jornalista


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Outubro / 2013

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O jornalismo de mercado não tem compromisso social Daniel Mazola* A imprensa sempre teve uma posição política desde os primórdios de sua existência. Ao longo dos 200 anos de história do jornalismo brasileiro sempre tivemos jornais e revistas que não fazem parte do esquema das classes dominantes; sempre tivemos veículos ligados às lutas dos trabalhadores e às correntes de pensamento contrárias ao capitalismo. Havia imprensa libertária, anarquista, socialista e comunista, seja no campo dos jornais alternativos, e até mesmo na chamada grande imprensa. Mas a partir da ditadura militar-empresarial apoiada pela CIA (1964-1985), com patrulhamento ideológico permanente nos grandes jornais, censura, perseguição e mortes, surgiu um tipo de pensamento único, e se consolidou o jornalismo “chapa branca”, pautado pela versão dos vitoriosos. Nesse período de nossa história a imprensa contra-hegemônica ou alternativa, que também foi chamada de nanica, assumiu a luta pela democracia, contra o autoritarismo e as violências do Estado. Os veículos de comunicação que resistiam acabaram fechados por falta de publicidade. Hoje, a imprensa de mercado, se afigura a um instrumento de Estado ou de grupos econômicos, uma poderosa ferra-

menta a serviço das classes dominantes. O jornalista virou um funcionário burocrata. A única saída digna é ocupar os espaços da imprensa alternativa - como o BAFAFÁ - seja pela internet, pelos movimentos sociais, ou partidos legitimamente de esquerda. O jornalismo que se consolidou é cada vez pior, profissional, política e culturalmente. A perda do senso crítico é um fato. A partir de 1964, foram criadas gerações de jornalistas que não tiveram contato com a geração anterior ao golpe, criando este vácuo, um enorme vazio. Ao mesmo tempo, a ditadura foi cerceando o perfil de jornalista mais crítico, mais investigativo. Não apenas a ditadura, mas também a “evolução” das empresas jornalísticas sob a forte influência do grande capital. Falta na grande imprensa, hoje, uma proposta editorial no campo da esquerda, que paute as mazelas produzidas pelo capitalismo. Continuamos vivendo uma grande contradição: de um lado o modelo econômico favorece a concentração dos meios em poucos oligopólios, que dominam e controlam a informação que circula no mundo; de outro lado existe uma

pressão cada vez maior da sociedade para que o Estado adote medidas no sentido da democratização. Ficou apenas para a imprensa alternativa, fazer o contraponto a imprensa dominante, sustentáculo do grande capital. A publicidade privada favorece os veículos do mercado, a mídia neoliberal concentra quase toda fatia das verbas de publicidade à mídia corporativa. Defendo que as verbas publicitárias sejam distribuídas de forma equitativa para todos os meios de comunicação. Isso seria o início de um processo de democratização da comunicação, fundamental para a sociedade brasileira. É preciso entender o verdadeiro papel do jornalismo: ser sensível ao interesse e demandas do conjunto da sociedade, atento às lutas dos trabalhadores, aos movimentos sociais e a crítica ao modelo neoliberal. Precisamos de imprensa crítica para expor e debater as mazelas do sistema capitalista. Só assim poderemos elevar o nível da consciência sobre a realidade e construir um verdadeiro projeto de nação. * jornalista

Informe Publicitário

Nem espionagem barra o leilão de Libra? Por Emanuel Cancella* Depois de 191 anos do Grito da Independência, os governantes do Brasil continuam a se comportar como marionetes nas mãos do dominador estrangeiro. No dia 7 de setembro de 1822, o Brasil teve que herdar a monstruosa dívida externa portuguesa, para que a “Independência” fosse assinada. Em toda a história, a subserviência aos interesses externos tem sido a tônica. As palavras da presidenta Dilma contra a espionagem norte-americana só vão ganhar credibilidade se ela suspender o leilão de Libra. Caso contrário, sua indignação vai parecer jogo de cena e marketing eleitoral. Parece não restarem mais dúvidas sobre as intenções dos órgãos de espionagem norte-americanos (NSA e CIA). O alvo é o pré-sal. Nesse cenário, fica ainda mais inaceitável manter o leilão de Libra, um dos maiores campos de petróleo do mundo. O Sindipetro-RJ e as demais entidades nacionais e locais que se somam à campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso já consideravam criminosa a manutenção desse leilão, nas condições anunciadas. Inclusive somos coautores de um recurso ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao lado da AEPET, reivindicando a anulação do edital de licitação de Libra, em razão das irregularidades contidas, todas com o objetivo de favorecer os consórcios concorrentes, em detrimento dos interesses da Petrobrás e dos brasileiros. Aliás, o TCU ainda não se pronunciou, o que acrescenta mais uma ilegalidade à conduta da ANP: publicar um edital de licitação

em Diário Oficial, sem que tenha sido aprovado pelo TCU. Quem vencer o leilão terá que pagar à União R$ 15 bilhões de bônus. Mas se a própria ANP anunciou que Libra deve ter 14 bilhões de barris de petróleo, basta transformar em dólar para obter uma estimativa do valor real dessas

reservas: cerca de 1, 5 trilhão de dólares. Com a ameaça de guerra na Síria o preço do barril no mercado internacional chegou a 135 dólares. Detalhe: o petróleo de Libra é de alta qualidade. E o Brasil estaria trocando essa reserva por algo em torno de R$ 1,00 o barril? Quase um terço do valor de uma passagem de ônibus? Talvez essas contas consigam explicar o tamanho da indignação daqueles que não aceitam a entrega das preciosas reservas de petróleo do país às petrolíferas estrangeiras. E

pensar que a presidenta Dilma chegou a afirmar, durante a campanha eleitoral, que “o pré-sal é o nosso passaporte para o futuro”. Se não for sensível ao apelo das ruas, espera-se que a presidenta ouça, pelo menos, a voz sensata dos senadores da CPI da Espionagem, instalada no dia 3 de setembro. Vários deles já defendem a suspensão do leilão de Libra, por motivos óbvios, dentre os quais Roberto Requião (PMDB-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Rollemberg (PSB-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM). Nesse cenário, são atuais as palavras com que o jornalista Barbosa Lima Sobrinho costumava encerrar os seus discursos: “No Brasil – dizia – só existem dois partidos, o de Tiradentes e o de Sílvério dos Reis”. Vamos ver quem está do lado de quem. * Emanuel Cancella é secretário geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) Participe da campanha Todo Petróleo Tem que Ser Nosso: www.apn. org.br / (21) 2508-8878


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Ricardo Rabelo Sucessão 2014

É patético o desespero da grande imprensa diante da sucessão presidencial de 2014. Agindo como um verdadeiro partido, os conglomerados midiáticos tentam, sem sucesso, emplacar um nome viável para derrotar a presidente Dilma. Com a desmoralização do PSDB, até o “jovial” Aécio Neves patina nas pesquisas, assim como o governador de Pernambuco Eduardo Campos, do PSB. A esperança era a “neutra” Marina Silva cujo partido Rede não conseguiu o registro. Dilma já desponta como favorita a ganhar as eleições ainda no 1º turno. E sem pedir votos. Imagino quando começar a campanha com Dilma e Lula rodando o país. Vai ser um verdadeiro massacre.

Sucessão II

Acho lamentável, Marina Silva e Eduardo Campos, dois nomes oriundos da esquerda, terem sucumbido à tentação de

serem candidatos. Ambos, até pouco tempo faziam parte da base de sustentação do governo Lula e Dilma. Eles não enxergaram que estão sendo usados como “massa de manobra” pela imprensa reacionária que agoniza. Afinal, qual é o projeto político deles? Não existe, é pura vaidade a serviço da direita brasileira.

Fenômeno

O que mais impressiona é a raiva nutrida pela grande imprensa com o governo do PT. Isso apesar de mais da metade da verba de publicidade do Governo Federal ser destinada à maior rede de TV do país e a outros grupos midiáticos. Os veículos que criticam o governo são contemplados com generosas verbas publicitárias. Na contramão disso, inexplicavelmente, os veículos progressistas que defendem o governo são ignorados. Freud explica? Não, o “mercado” explica!

Democratização da publicidade Já disse e repito. O go-

verno Dilma precisa ser mais equitativo com a distribuição da publicidade federal. Os jornais, revistas e sites alternativos não podem ser ignorados ou subestimados, caso contrário, nunca teremos uma imprensa heterogênea. A pequena e média imprensa são fundamentais para o fortalecimento da democracia.

Outubro / 2013

“Black Bloc” em depredar a cidade. As manifestações populares perderam força depois que ele começou a agir. Acho que existem protestos muito mais inteligentes do que sair quebrando pontos de ônibus, orelhões e agências bancárias. Esta prática beira o fascismo é deve ser rechaçada pela sociedade. Afinal, porque o Black Bloc só atua nas manifestações dos outros? Teria capacidade de mobilização? Duvido!

Retrocesso

Omissão

A imprensa, principalmente o grupo Globo, praticamente omitiu a informação de que foi anulada a sessão que aprovou o novo plano de cargos e salários. E também que o ministro Fucs proibiu o desconto dos dias parados. O grupo Globo esta acintosamente boicotando o movimento. Dou todo apoio aos professores em greve e torço por um entendimento!

Black Bloc

Está pegando muitíssimo mal a insistência do

Muito me preocupam as “soluções” encontradas para debelar os protestos de rua. Até a famigerada Lei de Segurança Nacional foi desenterrada em São Paulo para punir dois jovens presos com quatro latas de spray. No Rio de Janeiro, já se apela para a Lei de Organização Criminosa que prevê penas de até 13 anos de prisão para grupos de quatro ou mais indivíduos que “depredem” patrimônio público ou privado. Sou absolutamente contra a baderna, mas acho que ressuscitar dispositivos da Ditadura, é um grande retrocesso. Acho que a polícia tem exagerado na repressão aos movimentos de rua, ao mesmo tempo em que é leniente em vários acontecimentos. Em alguns casos, deixa a quebradeira acontecer para depois reagir.

Bafafá 12 anos Nesta edição, o Jornal

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Bafafá completa 12 anos. No entanto, estamos preparando um especial para dezembro com a edição nº 100. Faremos um amplo retrospecto de nossa trajetória com a participação de importantes intelectuais do país.

Trajetória Quando anunciamos nosso propósito de lançar um jornal alternativo, independente dos interesses políticos e do poder econômico, muitos duvidaram da viabilidade de nosso projeto. E tinham razão para isso. A crise da imprensa era um desestímulo à abertura de novas publicações. O jornal chega à data de hoje, memorável para todos nós, com a honra de ser o único órgão alternativo de opinião da imprensa carioca. Não foi fácil a caminhada. Houve momentos em que o desalento e o cansaço bateram a nossas portas. Mas tivemos força para seguir em frente, graças em primeiro lugar ao incentivo de nossos anunciantes, leitores e amigos. Pelas nossas páginas tivemos o privilégio de participar do debate dos problemas da Cidade, do Estado e do País, sempre na perspectiva dos interesses nacionais e populares.


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Outubro / 2013

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Lula e a mídia alternativa Emir Sader*

Lula se entusiasma com a mídia alternativa. Quem viu seu discurso no Forum de São Paulo – comandado por sua metamorfose ambulante – se deu conta que, entre tantos temas polêmicos e críticos dentro da esquerda, ele fez a exaltação da mídia alternativa. Como se somente agora, depois das manifestações de junho, ele tivesse se dado conta do poder de convocação que essas mídias tem. Ele é muito bem vindo. Se dizia antes que o acoplamento entre a força popular – naquela época, o movimento operário – e a intelectualidade crítica, geraria um potencial revolucionário insuperável. Hoje, a liderança popular do Lula e o potencial democratizador da mídia. Já era hora, dado que seu governo e sua própria imagem como liderança política são as principais vítimas do monopólio privado da mídia, em outras palavras, da falta de democratização dos meios de comunicação no Brasil. A transição democrática trouxe de volta a democracia nos seus cânones liberais, sem chegar às estruturas de poder no Brasil. Não foram democratizados o sistema bancário, a propriedade da terra, as grandes corporações econômicas, os sistemas educacionais e de saúde. O Brasil tornou-se um país democrático, no sentido liberal da palavra, mas não uma democracia nos planos econômico e social. Os meios de comunicação não apenas não foram democratizados, como se tornaram ainda menos democráticos, mais concentrados. O primeiro ministro de Comunicações depois da ditadura foi Antonio Carlos Magalhães, que representava diretamente a Globo, com

órgão oficial da ditadura militar. Ele se encarregou de concluir o processo de distribuição oligárquica das redes de radio e televisão pelo Brasil afora – processo que serviu também para comprar os 5 anos para o governo Sarney. Os mesmos grupos oligárquicos da época da ditadura seguem dominando os meios de comunicação, as mesmas famílias. Apoiaram a instauração da ditadura e a feroz repressão que se abateu sobre os movimentos populares e a tudo o que havia de democrático no Brasil. Promoveram a transição conservadora para a democracia e se adaptaram perfeitamente bem ao país pós-ditadura, porque seus interesses eram atendidos. Apoiaram a Collor e a FHC e se opusera ferozmente ao Lula. Mas aí veio a primeira grande surpresa: o candidato da mídia era o Serra, que foi derrotado. Se lançaram ferozmente contra o governo Lula, tornado o inimigo do bloco dominante, de que os grupos da mídia eram parte integrante. Se sentiram fortes, ao afetarem duramente o governo na crise de 2005 e foram, eles mesmos, vítimas desse sucesso inicial, acreditando que tinham capacidade para derrotar o governo Lula. O governo subestimou a força da mídia nos seus primeiros anos, mas mesmo quando se deu conta, não teve iniciativas que pudessem mudar a situação. Foi somente nos anos finais do segundo mandato – em particular na campanha presidencial -, que o Lula colocou com força o tema e o governo promoveu um seminário que elaborou uma proposta de democratização da mídia. Mas essa tendência não teve continuidade no governo Dilma, que retomou uma postura de não avançar na democratização nos meios de comunicação.

O Lula agora passa a uma posição extrema: julga que a internet pode democratizar a formação da opinião publica, sem que necessariamente se toque na propriedade monopolista vigente na mídia tradicional. Como se a internet fosse alternativa à quebra desses monopólios. Na internet nós tratamos de fazer guerrilha: com dinamismo,inovação, criatividade, mas sobretudo com pontos de vista alternativos, coerentes com os avanços que o Brasil está vivendo. Disputamos agenda, mas com enormes dificuldades, pelo papel de Exército regular que a mídia tradicional continua a ter. Os jornais vendem cada vez menos e são cada vez menos lidos, mas pautam os rádios e as TVs, que desfrutam de uma presença avassaladora pelo seu caráter monopolista. Basta ver como essa máquina conseguiu pautar o processo do STF como o tema principal a nível nacional durante meses, em detrimento, por exemplo, do esforço do governo para frear as pressões recessivas sobre a economia, conseguir retomar o crescimento e expandir ainda mais as políticas sociais. A campanha eleitoral de 2014 será mais um momento de enfrentamento aberto. Diante do fracasso da reforma política por meio do Congresso atual – ele mesmo beneficiário do financiamento privado das campanhas -, Lula recoloca a convocação de uma Assembleia Constituinte para a reforma democrática da política. Nesse marco deve ser inserido o processo de democratização dos meios de comunicação, que tampouco será aprovado por um Congresso que, alem dos lobbies, como diz o próprio Lula, “tem medo da imprensa”. A convocação da Assembleia Constituinte autônoma tem que ser um passo decisivo no avanço do processo de democratização do Brasil. O governo prioriza seus esforços no maior processo de democratização social que o país já viveu. Agora se trata da democratização política e da dos meios de comunicação. * Sociólogo e escritor publicado no Carta Maior - www.cartamaior.com.br


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Outubro / 2013

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Passeios Cariocas Mureta do Bar Urca

Um programa de fim de semana tipicamente carioca. Assim é aproveitar o tempo bom na mureta em frente ao Bar Urca. Enquanto o público toma cerveja e degusta deliciosas sardinhas fritas, pode admirar o lindo visual da Baía de Guanabara. Na parte da tarde, a tonalidade varia a todo momento até o pôr do sol. O programa é ideal para antes ou depois da praia em companhia dos amigos. Mureta do Bar Urca Rua Cândido Gaffrée, 205 - Urca Pista Cláudio Coutinho

Encravada no pé do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, em área de preservação ambiental, a Pista Cláudio Coutinho brinda os presentes com um lindo visual do mar, da floresta e da montanha. Seus 1.250 metros de extensão podem ser percorridos com total segurança por ser tratar de área militar. Praça General Tibúrcio – Praia Vermelha - Urca


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Outubro / 2013

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Juninho Thybau

Entrevista

“O samba carioca é a matriz de tudo” Uma das revelações do samba carioca, o cantor e compositor Roberto José Fernandes Junior, o Juninho Thybau, é apontado como sucessor do tio Zeca Pagodinho. Nascido e criado em Irajá, acumula 20 músicas gravadas, entre elas, “A Vitória Demora Mas Vem”, sucesso na voz do cantor Diogo Nogueira. Versador por excelência, Juninho tentou ser jogador de futebol antes de cantar. “A madrugada falou mais forte e caí no mundão do samba”, segreda. Em entrevista ao Bafafá, o jovem artista de 26 anos (prestes a completar 27), fala sobre o início de carreira, influências, inspiração, mercado para o samba, governo Dilma e utopias. “Gostaria que houvesse paz, alegria, que o ser humano se amasse e respeitasse mais”, revela. Questionado se o mercado carioca estaria saturado para o samba, não titubeia: “O samba carioca é a matriz de tudo”.

Confere que tentou ser jogador de futebol? Eu tentei, mas como na minha casa a música esteve sempre muito presente não vingou, o futebol era meio que uma fuga. A madrugada falou mais forte e caí no mundão do samba (riso).

Como e quando começou a sua carreira artística? Não sei nem como começou, estou na luta tentando. Faço a coisa da melhor maneira possível, sempre respeitando os mestres e o espaço de todo mundo.

As influências familiares motivaram? Lógico, a minha família sempre gostou de música. Antes do tio Zeca ser artista já era influenciado pelas festas em casa regadas a rodas de samba e serestas. Ele foi o cara que virou o artista da

família. Me motiva muito, temos uma relação ótima, tanto que me incluiu no Quintal do Pagodinho, um projeto idealizado por ele.

Ser sobrinho do Zeca Pagodinho ajuda? Ajuda, mas às vezes atrapalha (riso). Isso porque a cobrança é muito maior, as pessoas olham com certa desconfiança pelo parentesco, sem avaliar o talento. Mas, abre portas também. Na verdade, ajuda mais do que atrapalha, a gente vai tirando de letra (riso). Eu procuro levar minha carreira independente de ser sobrinho do Zeca.

O que mais inspira? Eu procuro falar mais do cotidiano, de um amor que foi embora. O amor nunca esgotará, ele é soberano, vence tudo. Tem várias formas de falar de amor!

Versar tem técnica? Não. Quem sabe, sabe. Não tem como você treinar, só aperfeiçoar. O Renatinho Partideiro (Deus o tenha) me incentivou bastante. Outros sambistas também: Tantinho, Arlindo, Xande de Pilares. Versar é ter inspiração de acordo com que o tema que é proposto. Tem de ter raciocínio rápido, estar atento a tudo em volta.

Gosta mais de cantar ou compor?

O samba está sendo redescoberto pelos jovens?

Mais de compor. É uma coisa mágica, é o que mais amo. Não tem lugar para compor, é a qualquer hora, na mesa de um botequim, dentro do ônibus, debaixo do chuveiro (riso). Não tem lugar certo

Eles estão gostando mais, tem muita gente boa chegando: Renatinho da Rocinha, Leo Russo, Chacrinha, João Martins, Inácio Rios. São músicos da nova geração que estão fazendo samba de qualidade. Isso é muito bom.


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Antes era tido como coisa de Não creio, o samba carioca é a matriz Onde se faz a melhor roda de músicas nas rádios ainda em 2013. No de tudo. mais, quero cair nesse mundão fazendo velho? samba no Rio? Depende, a música boa não é velha. Ela vive por toda a eternidade, passa de geração para geração. Tem muito jovem enrustido que diz que não gosta de samba, mas no fundo gosta (riso). Basta começar a cantar. O samba não tem fronteiras, ele leva alegria para todos. Isso que é importante. Em São Paulo tem gente boa fazendo samba.

Tem muitos lugares bons: Clube Renas-

Sem dúvida, São Paulo. Lá você tem mais oportunidades para ganhar dinheiro e viver da música. Eu pessoalmente tenho viajado muito pelo país e em qualquer lugar encontro uma galera cantando samba de qualidade.

muitas, graças a Deus.

Tem alguma utopia? Como você está vendo o governo Boa pergunta. Gostaria que houvesse paz, alegria, que o ser humano se da Dilma? Tem de olhar mais para o povo. Ele precisa de mais saúde, educação. Ainda falta muito para melhorar.

Por que as rádios não tocam Quais são suas referências musicais? E as manifestações de rua? samba? Boa pergunta. Muitas dizem que não é o perfil delas, mas afinal qual é o seu perfil, se tocam de tudo? É puro preconceito, mas o samba vai vencendo isso aos pouquinhos (riso).

O mercado carioca está saturado para samba?

shows e cantando sambas, defendendo

Qual é melhor mercado para to- cença, Samba da Ouvidor, Pedra do Sal, um qualquer e levando o pão de cada car samba no Brasil? não dá para falar de todas, mas tem dia para dentro de casa (riso).

Meu avô Thybau, que infelizmente não pôde me conhecer e que ensinou tudo musicalmente para a minha família, meu pai, o Zeca, Luiz Carlos da Vila, Donga, Pixinguinha, João Nogueira, João da Baiana, Vinícius, Tom, Chico Buarque, Arlindo Cruz, Almir Guineto, Wilson Moreira, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Trio Calafrio.

amasse e respeitasse mais. E que o nosso país desse muito mais valor à cultura, ela é muito rica, não precisamos nada de fora.

Desde que pacíficas é uma boa. Sou contra a meia dúzia de gatos pingados que estragam tudo tirando a legitimidade dos protestos.

Quais são seus projetos? Estou finalizando o meu primeiro disco solo com previsão de lançar no início do ano que vem. Pretendo colocar algumas

adras piscinas e qu stas, campos, pi s na r o. lo va técnica e apoi ostrando seu a, superação, ileiros vêm m lin ip as sc br di s a, co rr pi lím s coisas: ga Os atletas para DEF parte soma de muita límpica da AN alto nível é a se es E . do a equipe para un ra m pa do do e en il rt as do Br ória, reve l de levar rte dessa hist tem potencia lho de fazer pa ajudar quem , gu RJ or TE m te LO a RJ A LOTE os. Para bilhetes lotéric lho mesmo. m a venda de co o tid ob o ivilégio. É orgu cr pr um só do seu lu é o dio nã ais alto do pó asil ao lugar m o nome do Br

RIA COM A PARCE DEF, LOTERJ E AN HAM ALGUNS GAN PRÊMIOS. HAM OUTROS, GAN OURO.


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Vitrola

Alexandre Nadai E vamos ligando mais uma vez a nossa Vitrola, na cadência do samba. E chego com duas gratas surpresas: Dia desses fui à feijoada do meu amigo Marquinhos Diniz, para dar uma canja, com Monarco, Iracema Monteiro e mais alguns amigos. Na ocasião, fui apresentado ao Jacob Bonjardim, que chegou de fininho e me presenteou com um CD, que leva seu nome, produzido pelo amigo Toninho Geraes. Confesso que fiquei curioso para ver como era o trabalho do intérprete e do produtor, que é reconhecidamente bom de caneta. E aí você vê que malandro não da ponto sem nó. Chama amigos como Vando Diniz e Fernando Rezaforte para abrir os trabalhos com “Promessas e Segredos”. E, é claro, que Toninho Geraes não iria se abster de nos presentear com mais uma música. E chega na segunda faixa, “Flor de Lapela”, em uma parceria com o presidente da Portela, Serginho Procópio, e Gigio. Logo depois, mais um belo samba do saudoso Bandeira Brasil, “Mulato Sacudido”. Em “Fal-

sa Morena”, o Trio Calafrio de Marquinho Diniz, Barbeirinho do Jacarezinho e Luiz Grande chega na caneta e botando a voz em mais um samba com a ironia e malícia que lhes são peculiares. Quem bota o dendê no tempero é Roque Ferreira, que assina “Bacalhau com Quiabo” e “Menina nas Águas”. Toninho volta a aparecer em parceria com Alceu Maia, na faixa “Intriga da Oposição”. “Cama de Gato” é mais uma do Trio Calafrio. O mestre Wilson Moreira também marca presença, vestindo a faixa 10, assinando e cantando “Poeira”. Coisa linda ouvir Wilson Moreira! Gegê do Salgueiro e Genaro da Bahia fecham com “Meu Cortiço”. Ah! Já ia esquecendo! Os arranjos são do maestro Ivan Paulo. E eu fecho e abro com o grande Ivan Paulo que, em mais uma dobradinha com Milton Manhães, cuidou do CD do “Pavarote do Samba na Fonte”, meu amigo Beto Machado. Em papo por correio eletrônico, Beto me

revelou que realizou um grande sonho, não só por gravar o CD, mas de ter a possibilidade de incluir compositores de Campo Grande-RJ, sua terra, seu bairro-cidade, como me disse. E vou já pro meio do CD para falar da homenagem póstuma aos compositores Felipão, Vital Correia, Tatu e Adelino Moreira, na música “Adeus Sambista”, música de Elísio de Búzios (irmão de Áurea Martins). E as homenagens não param por aí. Depois de ouvir o samba de gafieira na faixa um, “Teto de Amor”, parceria de Beto Machado com Zé Carlos Vovô, na faixa dois, em um choro cantado, temos “Grandes Bambas”, de Hugo Reis e Edgar Filho. Na faixa cinco, quem assina é Zeca do Trombone. Beto Machado divide a caneta com Edgar Reis em “Fonte de Amor” e chega sozinho no “Contra Pé”. Almir Rangel chega em “Cruel Dilema”. O samba-canção “Mariza” traz novamente Elísio de Búzios. Dor de cotovelo da melhor qualidade. Quando li o título da faixa nove confesso que fiquei ressabiado. Mas confio no trabalho do Beto Machado. I LOVE YOU, de Mário Cardoso, “In memoriem”. Mas o samba do dilema entre Margarida e Inês, que sabia até inglês, é hilário. Bom demais. Beto canta no melhor estilo Martinho da Vila. “Ripa de Barraco” é assinada por Dauri Costa, “Fartura de Amor”, de Sérgio Jacutinga e Nando Theodoro, faz Beto cantar o cotidiano. “Cadê Maria Vovó” parceria de Beto com Waguinho do Pagode, é o autêntico samba de morro. Partido da melhor qualidade. Dá vontade de gravar. Zè Carlos Vovô faz mais uma tabelinha com Beto em Incógnita.E na faixa 14, Zé Gomes fecha os trabalhos “Cantando o Nordeste”.

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Mudando um pouco a sintonia, vamos para uma MPB com menos batuque, mas jazzística. Ana Cristina, mostra muita qualidade no CD “Nas Garras da Paixão”. A bela intérprete solta a voz e não larga a caneta. Assina nove das dez faixas do trabalho. Um estilo que lembra os bons tempos de Marina Lima, no timbre e no estilo, sem querer imitar. Lembra! Remete! Mas com uma identidade própria, singular. Os arranjos de Rannieri Oliveira dão um toque refinado ao trabalho. Gostoso de ouvir, bom para deixar rolar. A faixa nove, que dá nome ao CD é assinada por Antonio Carlos Maranhão e Kizam Gama. Voltando a colocar mais um pouco de batuque, com um sotaque mais nordestino, venho falar do “Quarteto Linha”, de Natal-RN. Influenciados pelos grandes mestres, os garotos chegam com um bom trabalho autoral, mostrando que chegaram para marcar o seu espaço, principalmente quando abusam da “nordestinidade”, saindo fora do lugar comum que hoje assombra a velha Lapa de guerra. É isso!!! Vou ficando por aqui, ouvindo novamente Beto Machado!!!! Ô Sorte!!! alexandre.nadai@gmail.com

Sobre a polêmica das biografias Alceu Valença*

Pare, repare, respire, reveja, revise sua direção... Eu compus essa letra para o disco Maracatus, Batuques e Ladeiras, que lancei em 1994. Desde ontem, um assunto tomou conta dos meus pensamentos. No fim da manhã, recebi um telefonema de uma jornalista que solicitava minha posição acerca da polêmica que vem acontecendo em torno da autorização ou não de biografias. Como já estava na hora de buscar meu filho no colégio, pedi para ela me ligar à tarde. Dali em diante, fiquei remoendo o assunto e aguardando seu novo contato, o que não veio a acontecer. A questão não é simples. Pesei costumes e comportamentos.

Refleti sobre o tempo e a história. Considerei valores e conceitos. Cheguei a uma conclusão que envolve 4 pontos essenciais: Ética. O assunto até parece démodé, mas deveria estar intrinsecamente no centro de diversas situações que vivemos hoje em dia. Inclusive, neste caso. Óbvio que o conceito é subjetivo e, até, utópico. No entanto, sem a sua prática, o desequilíbrio é evidente. Fala-se muito em biografias oportunistas, difamatórias, mas acredito que a grande maioria dos nossos autores estão bem distantes desse tipo de comportamento. Arrisco em dizer que cercea-los seria uma equivocada tentativa de tapar, calar, esconder e camuflar a história no nosso tempo e espaço. Imaginem a necessidade de uma nova Co-

missão da Verdade daqui a uns 20 anos... Assim entramos em outro conceito, igualmente amplo, delicado e precioso: liberdade de expressão. Aliás, tão grandioso que deveria estar na frente de qualquer questão. O que é pior: a mordaça ge-

nérica ou a suposta difamação? Eficiência e celeridade processual são princípios que devemos reivindicar para garantia dos nossos direitos. Evitar a prática de livros ofensivos e meramente oportunistas através do Poder Judiciário é uma saída muito mais eficaz e coerente com os fundamentos democráticos. Definitivamente, a questão não é financeira. A ideia de royalties para os biografados ou herdeiros me parece imoral. Falem mal, mas me paguem...(?) é essa a premissa??? Nem tudo pode se resumir ao vil metal! Com todo o respeito pelas opiniões contrárias, este é o meu posicionamento. Viva a democracia! *Musico


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Opinião Para Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, em casos como no protesto do Rio de Janeiro, a polícia tem instrumentos para evitar a ação de depredação sem adotar força excessiva e criminalizar os protestos. “Eu não proponho que a polícia não atue. Mas ela não pode atuar rompendo com a legalidade e o direito democrático de manifestação e adotando instrumentos como a Lei de Segurança Nacional e a de Organização Criminosa”. Fonte: Anistia Internacional Brasil

Liberdade para Ana Paula Vinte e oito ativistas do Greenpeace Internacional e dois jornalistas estão presos na Rússia suspeitos de pirataria. Entre eles está a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos. O grupo foi preso no dia 19 após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico, em uma plataforma da Gazprom, no mar Pechora. Todos eles podem ser condenados a até 15 anos de prisão. As moções de apoio à libertação da ativista Ana Paula Maciel não param de chegar de diversas frentes. Mais dois requerimentos foram aprovados este mês na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal. Um deles, apresentado pelos senadores Paulo Paim (PT-RS), Pedro Simon (PMDB-RS) e Ana Amélia (PP-RS), afirma que a comissão se coloca como “fiadora convicta” de que o processo de julgamento da brasileira ocorrerá dentro dos limites legais. O documento, portanto, reafirma a “carta de garantia” que o governo federal enviou ao governo russo no dia primeiro de outubro, pedindo que Ana Paula aguarde as investigações em liberdade e garantindo às autoridades o seu bom comportamento. Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, esse é mais um importante instrumento de pressão política. “Além do Poder Executivo, através do Ministério das Relações Exteriores, já ter se posicionado, agora é a vez do Senado também fazê-lo. O tratamento dado à ativista é desmedido e não faz sentido, já que o Parlamento está garantindo a sua custódia. Em nome das boas relações que mantemos com a Federação Russa, o governo russo deveria analisar com o devido decoro esse documento”, reforçou. Fonte: Greenpeace

6º Concurso de Samba de Quadra: inscrições abertas As inscrições serão realizadas entre 1º de outubro e 19 de novembro, na portaria do Teatro SESI, na Avenida Graça Aranha, 1, Centro, onde o regulamento está disponível. A temática é livre e o samba deve ser inédito. Entende-se como samba de quadra todo samba que é apresentado e divulgado nas quadras

de escolas de samba e blocos, com exceção do samba-enredo. O concurso, que ano passado recebeu mais de 1300 músicas inscritas, é dirigido a compositores, sambistas, carnavalescos, poetas, músicos, intérpretes e a todos aqueles que gostam de samba e têm inspiração, que querem mostrar a sua obra e resgatar o verdadeiro samba de raiz. O júri será formado por grandes nomes da música popular brasileira e os dez sambas classificados para a final integrarão um CD produzido pela gravadora Fina Flor. O autor da melhor canção receberá um prêmio de 5 mil reais além do Troféu Mano Décio da Viola. O segundo e terceiro colocados serão contemplados com R$ 3 mil e R$ 2 mil, respectivamente. Na edição deste ano haverá prêmio para o melhor intérprete que receberá R$ 1 mil como forma de estimular o surgimento de novos talentos do samba de quadra. A semifinal acontecerá no dia 13 de dezembro no Teatro SESI, no Centro, com show da Velha Guarda de Vila Isabel. A entrada é franca. Mais informações no site www.radiceproducoes.com.br ou através do telefone 7188-4755.

Observação do céu no Planetário Ver os planetas e estrelas através de modernos telescópios e com auxílio e explicação de astrônomos profissionais. Esta é a proposta da Observação do Céu, realizada todas às quartas-feiras no Planetário da Gávea, às 18h30. São quatro telescópios, localizados em cúpulas de observação, capazes de localizar automaticamente cerca de 64 mil objetos do céu. A atividade é gratuita e aberta ao público. A Observação do Céu é uma das atividades mais concorridas do Planetário. Realizada na praça dos telescópios, o projeto é gratuito, mas depende das condições meteorológicas para ser realizado. Somente nos dias de tempo bom - sem nuvens ou chuva - é que a observação dos astros se torna possível. Para participar, os visitantes precisam retirar as senhas (160 por dia de observação) que começam a ser distribuídas meia hora antes do início de cada observação na recepção do Museu do Universo. O Planetário da Gávea fica na Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100. Gávea. Informações pelo telefone: 21- 22740046. Acompanhe a programação do Planetário pelo Twitter (www.twitter.com/PlanetarioDoRio) e Facebook (www.facebook. com/planetariodorio).

Le Parc na Casa Daros A exposição Le Parc Lumière - Obras cinéticas de Julio Le Parc apresenta 30 instalações luminosas do artista argentino radicado em Paris. A mostra também oferece quatro maquetes que revelam os mecanismos criados por ele. As obras pertencem à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, na Suíça. Le Parc é um dos grandes nomes da arte contemporânea, além de ser considerado um dos precursores da arte cinética.

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Nesta exposição, o espectador pode conferir uma das principais preocupações do artista: as alterações da luz. O visitante também pode notar o caráter lúdico, sempre presente na arte de Julio Le Parc. Casa Daros Av. Lauro Sodré, 150 - Botafogo - 12h às 20h (quarta a sábado) e 12h às 18h (domingos) Ingressos: R$ 12. De 12 de outubro a 23 de fevereiro de 2014 Informações: 3215-4350

Fat Choi: delícias culinárias de Macau Não é preciso atravessar o mundo para degustar as delícias culinárias de Macau. Pertinho de nós, no bairro do Catete no Rio de Janeiro, funciona desde julho de 2013, o restaurante Fat Choi. É comandado por Silvana Paes, filha de Macaense com brasileira. Suas idas e vindas ao país asiático, antiga colônia portuguesa, hoje sob soberania chinesa, trouxeram conhecimento do melhor da culinária deste país. Os pratos são uma mistura de comida portuguesa com chinesa. Entre os pratos, cabe destaque para a costelinha com arroz, lulas ao Fat Choi, caldeirada de frutos do mar, lombo de porco com batatas e açafrão, peixe tilápia da casa a moda Fat Choi, feijoada macaense com feijão vermelho e carnes defumadas, além de deliciosas sopas e caldos. A curiosidade é que o cliente pode escolher o peixe no aquário que depois é cozinhado a vapor com temperos especiais. As sobremesas também enchem os olhos: pastéis de nata, bolo menino e pudim. O melhor do Fat Choi são os preços: as refeições saem entre R$ 18 e R$ 35 por pessoa. Restaurante Fat Choi Rua do Catete, 127 – Catete – Rio de Janeiro Diariamente de 11h às 22h Informações e reservas: 3235-6623 www.fatchoirestaurante.com

Pizzaria do Chico Na Rua Santa Cristina, na Glória, funciona há 14 anos a Pizzaria do Chico onde é possível encontrar 36 tipos de pizzas assadas na pedra em massa fina e crocante. O interessante é a fartura. A média vem com 10 fatias e serve até quatro pessoas. Já a grande tem 16 fatias e serve até 10 pessoas. O preço é super convidativo e não pesa no bolso. O dono da casa é Francisco Allevato, um ex-designer que virou pizzaiolo depois de morar cinco anos na Itália. A fama da sua pequena pizzaria chegou até São Paulo onde uma revista recentemente a escolheu com uma das três melhores do Brasil. Como possui poucas mesas e vive cheia é possível encomendar por telefone. Pizzaria do Chico Rua Santa Cristina, 21 A – Glória – Fone: 2508-7180 Funciona diariamente, de segunda a sábado, entre 18h30 e 23h30.


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NOS ÚLTIMOS 6 ANOS, O INVESTIMENTO EM SEGURANÇA NO ESTADO MAIS DO QUE TRIPLICOU: PASSOU DE 2 BILHÕES PARA 7 BILHÕES/ANO. A FROTA DA POLÍCIA FOI TODA RENOVADA E TAMBÉM FOI CRIADO O CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE. ISSO FAZ PARTE DO ESFORÇO DO GOVERNO PRA GENTE VIVER NUM RIO DE JANEIRO MELHOR. E ESSE TRABALHO NÃO TERMINOU.

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