Regiao de Leiria, 13 de Maio de 2011

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Região // Mercado

Contas de somar Turismo que vale milhões O turista praticante de desportos náuticos gasta em média 80 euros por dia. Se precisar de alugar todo o material, o impacto na economia local pode ascender a 500 euros diários. As contas são do Turismo do Estoril, organismo que estima em 25 milhões de euros por ano o retorno dos principais eventos náuticos realizados na Costa do Estoril. A criação de uma marina de recreio na Nazaré poderia servir de âncora a actividades neste domínio.

Onda da Praia do Norte já vale 1,5 milhões de euros

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Surf contra a sazonalidade Todos os anos são vendidas quatro mil pranchas de surf em Portugal. De acordo com a Federação Portuguesa de Surf, a comercialização de material técnico gera um mercado de 100 milhões de euros anuais no nosso país, onde existem 10 mil atletas federados e 60 mil praticantes regulares. As ondas da Praia do Norte são das melhores (e maiores) na Europa, tornando a Nazaré um destino de eleição para os surfistas. É lá que vai nascer um dos sete centros de alto rendimento em território nacional. mover o aumento dos stocks pesqueiros, e passando por iniciativas como a criação de uma marca de peixe da Nazaré, a delimitação de uma zona exclusiva para a pesca do anzol e a viabilização da venda directa sem passar pela lota, de modo a aumentar a rentabilidade por quilo. Jorge Barroso lembra ainda a necessidade de facilitar a renovação da frota, agilizando apoios. Actualmente, as melhorias ao efectivo ficam condicionadas pela estratégia comunitária para o sector. Ainda assim, o número de embarcações registadas na Nazaré é superior ao da década de 90. A exploração da economia do mar no concelho envolve, contudo, outras realidades: ambiente, ciência, provavelmente uma marina de recreio. E o canhão da Nazaré, o desfiladeiro submarino mais longo da Europa, com condições para uma rara diversidade de espécies, concorre para a ideia de que o mar é na região “uma riqueza subaproveitada”. Conforme defende João Delgado, ele próprio um jovem empresário na pesca. claudio.garcia @regiaodeleiria.pt

Educação e ciência As crianças em idade escolar na Nazaré aprendem surf como modalidade desportiva do currículo educativo e a Nazaré Qualifica pretende criar uma academia virada para as actividades náuticas. Um museu e um centro de educação ambiental também integram os planos. O canhão da Nazaré, o mais longo desfiladeiro submarino na Europa, é uma fonte de rara diversidade de espécies relevantes para a comunidade científica. Pescado em euros A lota da Nazaré recebeu pescado no valor de 7,5 milhões de euros no ano passado, a um preço médio de 2,37 euros por quilo. As cinco espécies mais vendidas foram o carapau, a sardinha, o polvo-vulgar, a pescada-branca e a faneca. Mais exportação A Capitania do Porto da Nazaré tem registados 302 profissionais da pesca e 76 embarcações. Em Portugal, o sector emprega 30 mil pessoas e factura 760 milhões de euros. A exportação tem vindo a crescer, contribuindo para uma redução de 7% no défice da balança comercial do peixe e seus derivados.

Opinião Três insuficiências

Quem conhece, garante que a Praia do Norte tem potencial para ser rainha entre os praticantes de surf. Até agora um segredo bem guardado, a onda está no centro da estratégia do município para o turismo náutico. A qualidade do recorte e – sobretudo – o seu tamanho invulgar, amplificado pelo desfiladeiro submarino conhecido por canhão da Nazaré, criam condições únicas na Europa. Que começam a gerar receita. Segundo Miguel Sousinha, administrador da empresa municipal Nazaré Qualifica, a presença do surfista Garret McNamara no concelho, em Novembro do ano passado, garantiu um retorno mediático avaliado em 500 mil euros. O havaiano é o rosto do evento que se vai realizar em 2012 na Praia do Norte, o North Canyon – um dia de competição e um mês de espera pelas maiores ondas que podem garantir mais de 1 milhão de euros de impactos directos e indirectos na economia local, estima Miguel Sousinha. Garret McNamara regressou esta semana a Portugal para participar numa ronda de negociações com potenciais patrocinadores. A ideia é que o município invista zero na

organização do North Canyon 2012. Entretanto, a Nazaré Qualifica tem organizado outras provas e criou duas marcas para comunicar em Portugal e no estrangeiro, de modo a atrair mais praticantes de surf e de modalidades irmãs como o bodyboard. As ondas grandes na Praia do Norte e o desporto para as massas no areal Sul e da Vila contribuem para contrariar a sazonalidade do turismo, acredita Pedro Pisco, vogal do conselho de administração da Nazaré Qualifica. “Temos um produto que é único na Europa”, afirmou durante um seminário sobre o mar realizado na semana passada. De acordo com Guilherme Bastos, presidente da Federação Portuguesa de Surf, outro dos oradores no seminário, só em venda de material técnico o mercado do surf vale 100 milhões de euros em Portugal. Todos os anos são comercializadas quatro mil pranchas e existem 60 mil praticantes regulares, além de 10 mil federados. Apesar da crise, os números têm vindo a crescer. E um dos sete centros de alto rendimento para o surf no nosso país vai nascer na Nazaré.

onfesso que apetece falar da crise mas, como muitos me dizem que não há crise alguma, prefiro manifestar a minha preocupação com três insuficiências em Portugal. É insuficiente o montante do empréstimo (e é um empréstimo, não é doação) da troika quando atendemos às dívidas a vencer e aos inúmeros buracos nas contas públicas. Inclino-me a pensar que os senhores estrangeiros foram enganados – mas, pensando melhor, mais enganados estamos nós, que vamos votar dia 5 de Junho. Este Governo desorçamenta e adia despesas como arma de campanha eleitoral, cria institutos e fundações, retira artificialmente funcionários públicos e é o primeiro a contratar milhares de precários. É insuficiente a vontade dos portugueses para mudar a situação que o país vive. De mudar a corrupção, as parcerias públicoprivadas e os benefícios de alguns. Todos estes absorvem parte substancial da riqueza a que o povo é depois chamado a pagar. A realidade é que mesmo os pobres não se sentem suficientemente pobres para “arriscar” na mudança. A classe média e média-baixa compara-se com os que estão ainda em situação pior. É insuficiente a qualificação da população para mudar o estado económico do país. Mas, no plano ainda mais imediato, é insuficiente a “garra” para sequer mudar a sua própria vida. Manuel Portugal Professor e investigador manuel.portugal@ipleiria.pt

13 Maio, 2011 — Região de Leiria

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