Revista Mais Que Pet - Ed. 0

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Somente os humanos dominam a fala e a escrita. Mas os animais também se comunicam anos, mais de três quartos dos jovens primatas da ilha lavavam as batatas exatamente como Imo e, hoje, comer batata limpa é um hábito das novas gerações de macacos da ilha. Para os cientistas que observaram o feito, não havia dúvidas: o que aconteceu em Koshima mostra uma habilidade que parecia ser exclusivamente humana: a de transmitir conhecimento, ou seja, produzir cultura! Habilidades políticas e sentimentos complexos Jane Goodall, primatóloga, etóloga e antropóloga britânica, estudou a vida familiar e social dos chimpanzés em Gombe, na Tanzânia, durante 40 anos. Em seu trabalho – que era basicamente de observação e coleta de dados – Jane verificou que os macacos dessa espécie possuem um elaborado código social, linguagem com mais de 20 sons diferentes, expressões faciais e várias estratégias para conseguir alimento. Uma das mais importantes descobertas de Jane, entretanto, é a de que os chimpanzés estabelecem relações políticas no grupo. Eles têm conflitos de interesses, fazem alianças e acordos, se desentendem e se reconciliam. Além disso, a pesquisadora observou na espécie a presença de sentimentos complexos como inveja e vergonha e ainda afirma: a única verdadeira diferença entre nós e os chimpanzés é a nossa linguagem sofisticada. O mito da falta de autoconsciência A autoconsciência – noção de quem somos – parecia ser outra característica exclusiva da raça humana. Apenas parecia, porque também há estudos que mostram que alguns animais sabem quem são. Os golfinhos, por exemplo, se reconhecem no espelho. Em um estudo realizado no Aquário de Nova York, eles foram capazes de procurar em seus corpos, olhando-se no espelho, as marcas de tintas que

haviam sido feitas pelos cientistas! Vale lembrar que chimpanzés e elefantes também reconhecem seu reflexo. A controversa Temple Grandin A norteamericana Temple Grandin formou-se em Psicologia, possui vários livros publicados, é Ph.D. pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e desenvolveu uma técnica humanitária para o abate de animais que é muito utilizada naquele país. Já seria uma trajetória e tanto, que se torna ainda mais emocionante pelo fato de Temple ser portadora de uma forma leve de autismo. E baseada em sua própria história é que ela defende uma teoria que criou polêmica no meio científico: a de que os animais veem o mundo e têm mecanismos de pensamento semelhante ao dos autistas, especialmente na maneira de processar as informações visuais 55 que chegam ao cérebro. Segundo ela, o fato de animais e autistas terem o neocórtex cerebral pouco desenvolvido explicaria as peculiaridades no processo do pensamento. Os pesquisadores que discordam de Temple – e não são poucos – afirmam que sua teoria não tem embasamento cientifico e é fundamentada somente em sua experiência pessoal. Emoções Além da autoconsciência, comunicação e regras sociais, estamos descobrindo como funcionam os sentimentos e as emoções no mundo animal. Helen Fisher, professora de antropologia e pesquisadora do comportamento humano na Rutgers University, nos Estados Unidos, estudou a atração romântica por mais de 30 anos e diz que os mamíferos e as aves possuem dois estimulantes naturais do cérebro – a norepinefrina e a dopamina – que desempenham um papel essencial na excitação sexual. Na linha evolutiva, esse cenário seria o precursor do amor romântico e explicaria as


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