v. 8, n. 3 (2015): Volume 8 Número 3 Outubro de 2015 - São Paulo

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Editorial Chegamos ao número 3 do volume 8 da Revinter, que fecha o dito volume. São 22 números publicados em sete anos e um trimestre. Atualizando dados, para aqueles que possuem esse gosto, foram 201 artigos, de 208 autores e que obtiveram até aqui 294.286 downloads. Recentemente havíamos divulgado a ascensão da Revinter nos importantes critérios de categorização da CAPES. Continuamos a perseguir tal meta de avanço. Agora, temos a noticiar que neste volume 8 número 3 passamos a aplicar a revista no Sistema de Editoração Científica – OJS. Assim, está previsto que para o número 1 do volume 9, fevereiro/2016, os autores já remeterão seus artigos pela plataforma OJS e todo o trâmite decorrente junto a revisores e editor final será processado por tal ferramenta. Nossa incredulidade é acionada a todo quadrimestre (desde outubro de 2008, momento em que a Intertox concebeu e lançou o volume 1 número 1), quando vemos nascer outra edição da Revista. Embora o temor inicial não mais se justifique, porque agora os autores e seus bons artigos chegam a nós, e com antecedência surpreendente, a ponto de já termos praticamente fechado o número de junho de 2016, ainda remanesce uma sensação agradável de surpresa e realização. Isso significa dizer que parece termos consolidado um lugar do qual o pesquisador brasileiro dos temas cobertos pode falar, pode divulgar seus achados e expressar seus pensamentos. E o faz cada vez mais: seja embalado por seus ideais científicos e humanos de contribuição, seja por acreditar na força de comunicação que a Revista alcança. O presente número é um exemplo marcante do potencial de penetração da Revinter, tendo em vista a escolha feita pelos autores de nela divulgar artigos de diferentes áreas e enfoques, mas que apresentam como eixo comum o cuidado com a geração de saber destinado à qualidade de vida humana e ambiental: das características toxicológicas de um fungicida a uma ferramenta de informática _______________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 8-89, out. 2015


Editorial

para monitorar dados bentônicos, de aspectos de segurança alimentar e nutricional a propriedades sensoriais de um alimento, os textos e suas particularidades conceituais, epistêmicas e metodológicas, alinhavam-se no mister único de cooperar com a sociedade no sentido de lhe favorecer, ética e respeitosamente, a existência e o bem-estar. Desejamos a todos uma boa leitura e convidamos a publicar e debater conosco encaminhando contribuições para m.flynn@intertox.com.br

Fausto Antonio de Azevedo Conselho Editorial Científico

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ISSN 1984-3577

São Paulo, v. 8, n. 3, out. 2015


 2015 Intertox-Ecoadvisor Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado. meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte. As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda. Seções Artigo Original; Artigo de Atualização; Comunicação Breve; Ensaio; Nota de Atualização e Revisão; Notas Idiomas de Publicação Português e Inglês Contribuições devem ser enviadas para <m.flynn@intertox.com.br>. Disponível em: <http://www.revistarevinter.com.br>. Normalização e Produção Web site Henry Douglas Capa Henry Douglas Projeto Gráfico Henry Douglas RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade / Intertox e Ecoadvisor Associados – v. 8, n. 3, (out. 2015).- São Paulo: Intertox - Ecoadvisor 2015. Quadrimestral ISSN: 1984-3577 1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título. Rua Turiassú, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - São Paulo - SP – Brasil Tel.: 55 (11) 3868-6970

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Expediente Editor(a) Maurea Nicoletti Flynn Doutora em Oceanografia (USP) Com Especialização Ecologia Comitê Científico (2011-2013) Irene Videira Lima Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML-SP por 22 anos. Marcus E. M. da Matta Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP). Engenheiro Ambiental e Turismólogo. Moysés Chasin Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP especializado em Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública. Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe especial e Diretor no Serviço Técnico de Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal da SSP/São Paulo. Diretor executivo da InterTox desde 1999. Ricardo Baroud Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor Científico da PLURAIS Revista Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia.

Conselho Editorial Científico (2011-2013) Alice A. da Matta Chasin Doutora em Toxicologia (USP) Eduardo Athayde Coordenador no Brasil do WWI - World Watch Institute Eustáquio Linhares Borges Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, exProfessor Adjunto de Toxicologia da UFBA. Fausto Antonio de Azevedo Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA, ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia. Isarita Martins Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em Química Analítica (UNICAMP), FarmacêuticaBioquímica Universidade Federal de Alfenas MG. João S. Furtado Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado (Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, NC, EUA). José Armando-Jr Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP), Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF). Sylvio de Queiroz Mattoso Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do CEPED-BA. Gilberto Santos Cerqueira Laboratório de Anatomia Universidade Federal do Piauí, CSHNB e Professor Adjunto do curso de Nutrição do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – Universidade Federal do Piauí. CSHNB Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Piauí.

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Sumário TOXICOLOGIA Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida

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ECOTOXICOLOGIA VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation

22

Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhém, São Paulo

36

SOCIEDADE E SAÚDE Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde

50

Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE 61 Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar 71 Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia

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REVISÃO Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida Caroline Kley Bressan Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

Hugo Estrada de Oliveira Graduando em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

Karen Regina Akiyama Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

Mariana Simolini Zoia Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

Paulo Eduardo Jorge Pereira Graduando em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

Rafaela Gianini Nogueira Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.

BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Resumo A Tolifluanida é um fungicida aplicado e autorizado em diversas culturas como algodão, feijão, milho e soja. Apresenta coeficiente de partição octanol água – log Kow – de 3,9 e solubilidade em água de 0,9 mg. , o que permite inferir que apresenta alta tendência de bioacumulação e baixa solubilidade em água. É pouco volátil, pressão de vapor de 0,2 mPa, e apresenta uma constante de Henry de 1,3 x 10-5 Pa.m3.mol-1. Apresenta ainda um alto valor de Koc, 2200 . , indicando uma alta tendência de se aderir ao solo. A derivação do critério de potabilidade para consumo humano foi calculado com base na IDA de 0,08 mg.kg-1 /dia, obtendo-se o valor de 240 . Para a vida aquática, encontrouse maior toxicidade em peixes (Oncorhynchus mykiss), com um valor de CENO de 9,3 . Com isso, a derivação do critério de proteção da vida aquática encontrado foi de 0,186 e, a partir da tabela de GHS, a tolifluanida tem a Classificação 1 de Toxicidade. A Tolifluanida degrada-se quase completamente em DMST, que é seu principal metabólito e possui características físicas semelhantes. A importância toxicológica de seus metabólitos, principalmente o DMST e o DMS, é a formação de compostos carcinogênicos através de tratamentos desinfetantes. Não há ocorrências de Tolifluanida em água tanto no Brasil como em outros países, portanto é clara sua rápida degradabilidade em água, o que torna importante a busca e pesquisa de seus metabólitos. Palavras-chaves: Tolifluanida, fungicida, toxicidade.

Abstract The Tolyfluanid is a fungicide applied and authorized in various crops such as cotton, beans, corn and soybeans. Displays octanol water partition coefficient - log Kow - 3.9 and a water solubility of 0.9 m.g , which allows to infer that has high tendency for bioaccumulation, and low solubility in water. It is non-volatile, the vapor pressure of 0,2 mPa and has a Henry's constant of 1.3 x 10-5 Pa.m3.mol-1. It also presents a high Koc, 2200 . indicating a high tendency to adhere to soil. A derivation of potability criteria for human consumption was calculated based on the IDA 0.08 mg.kg-1 per day, resulting in the value of 240 . For aquatic life there is greater toxicity in fish (Oncorhynchus mykiss) with a NOEC value of 9.3 . Thus, the derivation of aquatic life protection criterion was found to be 0.186 , and from the GHS table, the Tolyfluanid have Rating 1 Toxicity. The Tolyfluanid degrades almost completely DMST, which is its major metabolite and has similar physical characteristics. The toxicological significance of metabolites, mainly DMST and BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO DMS, is the formation of carcinogenic compounds through disinfectant treatments. There are not Tolyfluanid occurrences in water both in Brazil and in other countries, so it is clear its rapid degradability in water, which makes it important to search and research their metabolites. Keywords: Tolyfluanid, fungicide, toxicity.

Introdução Os fungicidas, herbicidas e inseticidas são todos pesticidas. Um fungicida é um tipo específico de pesticida que controla doenças fúngicas por inibir ou matar especificamente fungos (MCGRATH, 2004). Os fungicidas são aplicados na forma de pó, grânulos, gás e, mais comumente, líquidos. Em geral, são aplicados em sementes, bulbos, raízes e mudas, com objetivo de eliminar patógenos presentes no material de plantio ou proteger as plantas jovens de patógenos do solo; na folhagem e no solo por meio de um pulverizador ou irrigação; no tronco por injeção; no ar e ambientes fechados como casas de vegetação (estufas). A Tolifluanida (Nº CAS 731-27-1) é um fungicida, que foi descoberto pela empresa alemã LANXESS Deutschland GmbH, pertencente ao grupo químico fenilsulfamida (COMMISSION,2009). É autorizada e aplicada em diversas culturas como algodão, feijão, milho e soja (AGROFIT, 2005). O EUPAREN M 500 WP é um produto comercial, produzido pela empresa Bayer Crop Science Ltda., composto por 50% de Tolifluanida e 50% de ingredientes inertes. Seu tipo de formulação é pó molhável e tem uso exclusivo no tratamento de sementes, com uma única aplicação antes do plantio. Objetivo Apresentar informações acerca das características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida, dados de ocorrência ambiental e como ela é regulamentada do ponto de vista ambiental no Brasil e em outros países. Metodologia Inicialmente foi feito levantamento bibliográfico sobre fungicidas e o composto Tolifluanida tendo como fontes de pesquisa monografias, dissertações, livros, artigos científicos tanto nacionais como internacionais, assim como

BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO pesquisa na legislação brasileira e de outros países e também informações encontradas na internet. O acesso ao material utilizado foi através de pesquisas pelos portais SCIELO (http://www.scielo.br), CAPES (http://www.capes.gov.br), ANVISA (http://www.portal.anvisa.gov.br), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (http://www.embrapa.br), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (http://www.agricultura.gov.br), Science Direct (http:://www.sciencedirect.com), Inchem (http://www.inchem.org), National Toxicology Program (http://ntp.niehs.nih.gov), Environmental Protection Agency – United States of America (http://cfpub.epa.gov/ecotox/), PPDB (http://sitem.herts.ac.uk/aeru/iupac/index.htm), European Food Safety Authority EFSA (http://www.efsa.europa.eu/cs/Saellite), SciFinder (https://scifinder.cas.org). Resultados e Discussão Características físico-químicas da Tolifluanida O Kow (coeficiente de partição octanol-água) é definido como a relação da concentração em equilíbrio de um contaminante orgânico na fase octanol em relação à concentração do contaminante na fase aquosa. O valor de Kow pode ser usado para estimar o comportamento de compostos orgânicos hidrofóbicos que não interagem eletricamente com a superfície do solo. É definido também como a capacidade da molécula de se bioacumular em tecidos gordurosos (D’AGOSTINHO, 2005). O Koc é o coeficiente de partição do contaminante entre solo-água pela matéria orgânica do solo, ou seja, representa a capacidade da molécula de aderirse a um material particulado. Segundo D’Agostinho (2005), os valores de Koc são normalmente determinados com base nos valores de Kd (coeficiente de distribuição) e corrigidos pela fração orgânica do solo. Segundo Prata e colaboradores (2002), o Koc está correlacionado com o Kow (coeficiente de partição octanol-água). Esta forma representa a sorção de contaminantes orgânicos no solo. Segundo Art (2004), a solubilidade ou coeficiente de solubilidade é definida pela presteza que uma substância tem a dissolver-se em água em uma dada temperatura. A constante da lei de Henry (Kh) é, segundo Art (2004), a afirmação de que a uma temperatura constante, a quantidade de um gás que se dissolve numa quantia específica de líquido é dependente da pressão do gás acima do líquido. Nesta situação a relação entre a solubilidade de um gás e a pressão é utilizada para determinar a tendência da substância a volatilizar ou permanecer na fase aquosa. Pressão de vapor é a pressão exercida pelas moléculas de um vapor específico (ART, 2004). BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Tabela 1 - Características físico-químicas da Tolifluanida

Unidades

Fontes

Fórmula ANVISA

molecular

(s.d.) Nº CAS

731-27-1

Log Kow

3,9

PPDB, 2015

Koc

2200

PAN, 2014

Pressão de vapor

0,2

PPDB, 2015

Solubilidade

0,9

Kh

Fórmula

ANVISA

estrutural

(s.d.)

Legenda: Kow = coeficiente de partição octanol-água; Koc = coeficiente de adsorção; Kh = constante da Lei de Henry.

A Tolifluanida é classificada como um fungicida com pouca tendência de solubilidade em água, pois apresenta solubilidade inferior a 50 mg. , alta tendência de bioacumulação por apresentar Log de Kow maior que 3 e possui uma leve tendência de mobilidade (Koc entre 500 – 4000 m .g-1). Apresenta ainda, baixa volatilização, pois apresenta constante de Henry inferior a 0.1 Pa.m3.mol-1.

BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Identificação e quantificação do perigo Segundo Azevedo, et. al. (2004), é essencial conhecer os limiares para relação dose-resposta, a fim de garantir que a exposição de indivíduos ou população não ultrapasse a dose para a qual há possibilidade de ocorrência de efeitos adversos. Duas grandezas são utilizadas para caracterizar esse limiar, o NOAEL e o LOAEL. O NOAEL corresponde ao valor mais alto testado, determinado com base na relação dose-resposta que não apresenta efeitos adversos observáveis para o organismo-teste. Esse valor limite é derivado de estudos com animais em laboratório e, geralmente, tais experimentos são realizados com elevadas doses, nem sempre as que se encontram em situação reais de exposição. O LOAEL, por sua vez, refere-se a dose mais baixa de um contaminante químico ou estressor ambiental, que apresenta uma dose-resposta, logo pode causar algum efeito adverso observável. AIDA (Ingestão Diária Aceitável) também chamada de DRf (Dose de Referência) ou IDT (Ingresso Diário Tolerável), é a estimativa da quantidade da substância no alimento ou bebida, expressa em base de peso corpóreo, que pode ser ingerida diariamente por toda vida sem risco apreciável. O valor da IDA pode ser derivado do NOAEL, LOAEL, ou benchmark dose, e um fator de incerteza. (UMBUZEIRO, 2012). Um relatório de avaliação da Tolifluanida, realizado na Finlândia pela Comissão Europeia, em 2009, detectou efeitos críticos através do estudo efetuado em ratos, via oral, durante dois anos. Identificaram-se mudanças nos ossos e dentes dos animais devido ao fluoreto presente na substância, e o NOAEL encontrado foi de 18 . Através do NOAEL encontrado, e utilizando um fator de incerteza, é possível estimar o valor da IDA. Segundo SBMCTA (2011), o fator de incerteza é um valor numérico aplicado aos dados ecotoxicológicos obtidos em um ensaio, reduzindo a incerteza do valor a ser estabelecido para proteção de organismos. O fator de incerteza estipulado foi 100, devido às diferenças interespecíficas e intraespecíficas. Com isso, estimou-se uma IDA de 0,18 para o estudo, afim de realizar uma comparação com outros valores de IDA para tolifluanida. Logan (2002) em seu estudo realizado em ratos, via oral, durante dois anos, na Austrália, encontrou um valor de IDA da Tolifluanida de 0,08 .Segundo a ANVISA, a IDA da Tolifluanida é 0,1 . Potabilidade Apesar da ANVISA ser um órgão brasileiro, a IDA inferida à Tolifluanida não foi utilizada, pois, a fim de garantir o menor risco de efeitos adversos, nos cálculos de potabilidade utilizou-se o menor valor de IDA encontrado (0,08 .O critério de potabilidade é calculado através da seguinte fórmula. BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO ota ilidade

IDA

eso m dio corp reo ator de aloca ão onsumo m dio de gua di rio

Segundo Umbuzeiro (2012), os fatores de alocação são atribuídos visando refletir, por exemplo, a provável contribuição da água para ingestão diária total de vários produtos químicos. O fator de alocação varia de 1 a 100% e usualmente é utilizado de 10 a 20% na água. Utilizou-se 10%, pois a Tolifluanida possui baixa solubilidade em água. A Organização Mundial da Saúde adota 60 kg como peso médio de uma pessoa. O consumo de água por uma pessoa é, em média, 2 por dia.Com isso, conclui-se que o critério de potabilidade da Tolifluanida é . De acordo com o SBMCTA para maior praticidade, escolhemos como valor para o critério de potabilidade 0,2 mg. . Critério para proteção da vida aquática Os testes de ecotoxicidade crônica devem ser conduzidos à níveis tróficos diferentes e visam à determinação da concentração de não efeito observado – CENO ou NOEC (Azevedo, 2004). Equipara-se ao NOAEL, porém, utilizado para a vida aquática. Corresponde a um valor mais alto testado, determinado com base na relação dose-resposta que não representa efeitos adversos observáveis para a vida aquática. Segundo a Resolução CONAMA, de 13 de maio de 2011, em seu artigo 4º, inciso IV, CL/CE50 é a concentração que causa efeito agudo (letalidade ou imobilidade) a 50% dos organismos, em determinado período de exposição. É possível estimar o valor aproximado de CENO a partir da divisão do menor CL50 por 10, se tivermos os valores do CL50 para as três classes de organismos testes (peixes, microcrustáceos e algas). Se tivermos apenas os valores de CL50 de duas classes de organismos testes o valor do menor CL50 deve ser dividido por 50. E finalmente o CL50 por 100, se houver apenas um valor de CL50 das três classes de organismos testes (SBMCTA, 2011). Estudos feitos em animais aquáticos de água doce com o fungicida EUPAREN M 500 WP, da empresa Bayer Crop Science Ltda. apresentaram valores consideráveis de toxicidade. Para peixes (Oncorhynchus mykiss), durante uma exposição de 96 horas, encontrou-se CL50 0,03 . Para dáfnias (microcrustáceos), durante uma exposição de 48 horas (valor fornecido refere-se à substância ativa técnica), encontrou-se CE50 0,19 . Em algas, durante exposição de 72 horas, o encontrou-se CE50>10 . Não foi possível determinar o valor de CENO dos peixes a partir do CL50 encontrado no estudo com o EUPAREN M 500 WP, pois o mesmo é uma mistura que possui apenas 50% de Tolifluanida. Para dáfnias, apesar de o estudo ter sido feito com a substância ativa técnica, não foi possível encontrar o valor de CENO. BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Para algas, a indeterminação do CENO deu-se devido ao estudo feito com a mistura e valor desconhecido de CL50. Segundo EFSA (2005), estudos feitos com Tolifluanida mostraram dados de toxicidade para diferentes espécies aquáticas de água doce. Para peixes (Oncorhynchus mykiss), durante uma exposição de 21 dias com a substância ativa, encontrou-se CENO de 9,3 – 9,8 . Dentre o intervalo encontrado, utiliza-se o menor valor por ser mais restritivo aos peixes, ou seja, 9,3 . Para dáfnias, durante uma exposição de 21 dias com a substância ativa, encontrou-se CENO de 61 – 100 . Dentre o intervalo encontrado, utiliza-se o menor valor por ser mais restritivo à dáfnias, ou seja, 61 . Para algas, durante exposição de 72 horas com a substância ativa, não se encontrou valor de CENO, porém, encontrou-se CE50>1000 . A Tabela 2 apresenta os valores CENO e CE50 encontrados, que são válidos para o cálculo de critério da proteção da vida aquática. Tabela 2 - Valores CE50 e CENO utilizados no cálculo do critério para proteção da vida aquática.

Espécie

CE50 (Agudo) (µ

CENO (crônico)

Fonte

(µ Peixes (Oncorhynchus

-

9,3 – 9,8

mykiss)

EFSA,200

Dáfnia

190

61 – 100

Algas

CE50>1000

-

5

Legenda: CE50 = concentração que causa efeito agudo (letalidade ou imobilidade) em 50% dos organismos; CENO = concentração de efeito não observado.

Para o cálculo de proteção da vida aquática aguda, utiliza-se o menor valor de CE50 encontrado, 190 µ . A partir da Tabela 2 da SBMCTA (2011) detectou-se fator de avaliação de 1000, devido ao conjunto de dados encontrados. Desse modo obteve-se o critério de proteção da vida aquática (aguda) de 0,190 . Para o cálculo de proteção da vida aquática crônica utiliza-se como referência o menor valor de CENO encontrado, 61 . Com o intuito de otimizar o critério de proteção, divide-se esse valor por um fator de avaliação BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO igual a 50, uma vez que foram encontrados apenas dois valores de CENO para espécies de diferentes níveis tróficos (peixes e dáfnias) (SBMCTA, 2011). O critério de proteção da vida aquática (crônico) encontrado é 0,186 A fim de garantir proteção à toda biota aquática utiliza-se o menor valor dos critérios encontrados, no caso da Tolifluanida foi o critério crônico de0,186 GHS O GHS (Globally Harmonized System of Classification and Labelling Of Chemicals) é uma abordagem globalizada e de fácil compreensão para classificação e comunicação do perigo de produtos químicos. Seu principal objetivo é fornecer informações para proteção da saúde humana e do meio ambiente. A toxicidade crônica e aguda do fungicida é estabelecida pela tabela padronizada de GHS – Categorias de substâncias perigosas para o meio aquático (ABNT,2009), e sua classificação é dada a partir do menor CENO, CE/CL50 encontrados respectivamente. De acordo com a tabela 2, o menor valor de CENO é 9,3 para peixes e CE50 é190 para dáfnia, consequentemente, classificando a substância na Categoria 1 de toxicidade tanto crônica como aguda. Exposição ambiental Através de pesquisas feitas nas bases de dados citadas no item 3 não foram encontradas ocorrências de Tolifluanida em água tanto no Brasil como em outros países. Informações importantes A Tolifluanida degrada-se rapidamente e quase completamente para DMST (dimetilamino-sulfotoluidina), que é seu principal metabólito e apresenta características físico-químicas semelhantes em comparação a Tolifluanida (EFSA, 2005). Em nenhum dos estudos pesquisados foram encontradas as características específicas do DMST, apenas citados suas semelhanças com a Tolifluanida e equiparação de toxicidade. A Tabela 3 apresenta a relação direta entre a meia vida da Tolifluanida, em meio aquático, e de seu pH.

BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Tabela 3 – Relação entre pH e meia vida da Tolifluanida em meio aquático.

pH

Meia vida

4

12 dias

7

29 horas

9

<10 minutos

Fonte

TOXNET, 2005

O principal metabólito DMST é degradado em mais de 90% em DMS (dimetil sulfonamida), substância que ao sofrer ozonificação é transformada em um composto mutagênico, o NDMA (nitrosodimetilamina). Uma pesquisa alemã (SCHMIDT, 2007) coletou várias amostras de águas subterrâneas e superficiais em diversas localidades do país, analisando-as, foi detectado a presença de DMS. Na Alemanha o método de desinfecção da água potável geralmente utilizado é a ozonização, que consiste em um mecanismo com eficiente destruição de microrganismos, e através deste método houve a conversão de 30-50% de DMS a NDMA (composto altamente carcinogênico). Por conta da ocorrência desses metabólitos, a Tolifluanida não é autorizada na União Europeia (EFSA, 2013). Segundo Commission (2009), o DMST possui pressão de vapor 0,15 e baixa tendência de volatilizar devido à baixíssima constante de Henry. Regulamentação Foram realizadas diversas buscas dentro das normas legais vigentes no Brasil, porém tanto na Portaria MS 2914/2011 (BRASIL, 2011) como na CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005), não foram encontrados valores máximos para a presença de Tolifluanida em água destinada ao consumo humano. Nos Estados Unidos da América a Tolifluanida é registrada segundo a Agência de Proteção Ambiental (USEPA, 2002), entretanto não há nenhuma regulamentação de potabilidade em água, apenas leis de tolerância máxima de resíduos em plantações. Na União Europeia há restrições da Tolifluanida devido à pesquisa realizada por Schmidem 2007, na Alemanha, que verificou a formação de um composto mutagênico (NDMA), através de alguns de seus metabólitos, pela ozonização. O uso é permitido apenas para produtos de granularização com tamanho da partícula maior que 50µm. Especificamente na Alemanha, local onde o produto que tem maior concentração de Tolifluanida é fabricado, sua venda foi suspendida, entretanto o uso dos produtos já adquiridos é liberado (BVL, 2007). BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO Conclusão De acordo com os dados apresentados, conclui-se que a Tolifluanida tem tendência de bioacumulação, devido ao valor de Kow relativamente alto, alta tendência de se aderir ao solo, devido ao alto valor de Koc, baixa solubilidade em água e pouca volatilidade. A Tolifluanida é degradada rapidamente em água e sedimentos (COMMISSION, 2009) e não foi encontrada ocorrência, portanto, mesmo tendo alta toxicidade para organismos aquáticos, a inclusão na substância na regulamentação, no momento, não parece ser viável. No entanto, deve-se atentar à presença de seus metabólitos que são tão tóxicos quanto a mesma e em alguns casos, podem gerar substâncias mutagênicas. Mais estudos e pesquisas devem ser realizadas pois trata-se de um composto bastante tóxico, como verificado. Agradecimentos Primeiramente, gostaríamos de agradecer à Deus por ter-nos dado capacidade e força para realização deste trabalho. À Profª Drª Gisela de Aragão Umbuzeiro agradecemos a orientação neste estudo e a oportunidade de aprofundamento em questões toxicológicas e estudo exclusivo do agrotóxico Tolifluanida. Ao Daniel por se mostrar sempre disponível e competente no auxílio da realização deste trabalho, e ainda à Anjaina pelo auxílio com as referências bibliográficas e citações. Aos nossos pais, pelo apoio, compreensão e incentivo. Obrigado. Referências bibliográficas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Produtos químicos – Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte 2: Sistema de classificação de perigo. P. 62. ABNT NBR 14725-2, 2009. AGROFIT. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em <http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 19 de abril de 2015. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Atualizado de acordo com as monografias de produtos agrotóxicos da ANVISA do dia 01 de dezembro de 2005. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/8f4f71004745977 ba054f43fbc4c6735/t38.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 07 de abril de 2015. BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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REVISÃO ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Tolifluanida. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/8f4f71004745977ba054f43fbc4c6735/t38. pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 07 de abril de 2015. ART, H. W. Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais. 2ª edição. Editora UNESP. São Paulo, 2004. AZEVEDO, F.A.; CHASIN, A.A.M. As bases toxicológicas da ecotoxicologia. 1ª edição. Pág. 153. Editora Rima. São Carlos, 2004. Bayer Crop Science Ltda. EUPAREN M 500 WP. Disponível em <http://www.adapar.pr.gov.br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Fungicidas/EUPARE M_N_500_WP.pdf>. Acesso em: 07 de abril de 2015. BVL – Ministério da Defesa do Consumidor e Segurança Alimentar da Alemanha. Tolylfluanid. Disponível em: <http://www.bvl.bund.de/DE/04_Pflanzenchutzmittel/05_Fachmeldungen/2007/2 007_02_21_Fa_tolylfluanid_Feb2007.html?nn=14718500>. Alemanha, 2007.Acesso em: 15 de maio de 2015. Commission E. Directive 98/8/EC concerning the placing biocidal products on the market, 25 march 2009 in: Annex I – Finland. Assessment Report; Tolyfluanid – Product-type 8 (Wood preservatives). 2009. p. 3–54. Disponível em: <https://circabc.europa.eu/sd/a/5fd06ea4-c46e-48b8-ab80a5bb7106a807/Tolylfluanid%20assessment%20report_March_25_09.pdf >.Acesso em: 14 de maio de 2015. D’AGOSTINHO, A; LUES, M. Determina ão do oeficiente de Distribuição (Kd) de Benzo(a)pireno em Solos por Isotermas de Sorção. São Paulo, 2005. EFSA Scientific Report. Conclusion regarding the peer review of the pesticide risk assessment of the active substance – Tolylfluanid. Disponível em <http://www.efsa.europa.eu/en/efsahournal/pub/295.htm>. Acesso em: 14 de maio de 2015. EFSA Scientific Report. Reasoned opinion on the review of the existing maximum residue levels (MRLs) for Tolylfluanid according to Article 12 of Regulation (EC) No 396/20051. European Food Safety Authority (EFSA). Disponível em: <http://www. efsa.europa.eu/it/efsa journal/doc/3300.pdf>. Italy, 2013.Acesso em: 14 de maio de 2015. BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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BRESSAN, Caroline Kley; DE OLIVEIRA, Hugo Estrada; AKIYAMA, Karen Regina; ZOIA, Mariana Simolini; PEREIRA, Paulo Eduardo Jorge; NOGUEIRA, Rafaela Gianini. Características físico-químicas e toxicológicas da Tolifluanida. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 08-21, out. 2015.

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Artigo original VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation Maurea Flynn School of Technology, University of Campinas.. E-mail: maureaflynn@gmail.com

Celmar Guimarães da Silva School of Technology, University of Campinas. R. Paschoal Marmo, 1888, Jd. Nova Itália, Limeira, SP, Brazil. E-mail: celmar@ft.unicamp.br

Paulo Yukio Gomes Sumida Fundespa – Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas. Av. Afrânio Peixoto, 54. São Paulo, SP, Brazil.

Arthur Ziggiatti Güth Fundespa – Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas. Av. Afrânio Peixoto, 54. São Paulo, SP, Brazil.

Betina Galerani Rodrigues Alves Fundespa – Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas. Av. Afrânio Peixoto, 54. São Paulo, SP, Brazil.

Gisela de Aragão Umbuzeiro School of Technology, University of Campinas. E-mail: giselau@ft.unicamp.br

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original Resumo Caracterização do material dragado e monitoramento de áreas de disposição geraram uma grande quantidade de dados difíceis de interpretar devido a necessidade de compilação e comparação de um extenso número de amostras de diferentes locais ao longo do tempo sob a influência de vários parâmetros ambientais. Nosso objetivo é testar a viabilidade de VisSed como uma ferramenta para ajudar a interpretação de dados bentônicos, consistindo de índices bióticos usuais na avaliação da estrutura das Comunidades Bentônicas e variabilidade temporal. As características exibidas pelo software VisSed, juntamente com a metodologia escolhida para a avaliação da estrutura da comunidade bêntica, fornecem uma representação visual das alterações que sofreu ao longo do tempo e do espaço pelos índices (diversidade, regularidade, riqueza e abundância total dos indivíduos). Os exemplos aqui considerados apoiam a utilidade desta ferramenta em programas de monitoramento, realçando os padrões e tendências de dados visuais, e direcionando o pesquisador para potenciais fatores determinantes. Também fornece bases para o processo de decisão por fazer tornar o processo de análise compreensível tanto para profissionais especialistas como não especialistas.

Palavras-chaves: monitoramento; material dragado; fauna bêntica; interpretação visual.

Abstract Characterization of dredged material and monitoring of disposal areas generate a large amount of data hard to interpret due to the necessity of compilation and comparison of an extensive number of samples from different locations over long period under the influence of multiple environmental parameters. Our goal is to test the feasibility of VisSed as a tool to assist benthic data interpretation consisting of biotic indexes usual in assessment of benthic communities’ structure and temporal variability. The characteristics displayed by the software VisSed, along with the chosen benthic structural methodology, provide a visual representation of changes sustained over time and space by the indexes (diversity, evenness, richness and individuals’ total abundance). The examples considered here support the usefulness of this tool in monitoring programs by enhancing visual data trends and patterns, and directing the researcher to potential determinant factors. It also provides grounds for the FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original decision making process understandable by specialists and non-specialists professionals. Keywords: monitoring; dredged material; benthic fauna; Visual interpretation.

Introduction The assessment and monitoring of disposal areas for dredged material is a prominent part of port activity management worldwide. Each country has its own norms regulating dredging activities and sediment quality criteria based on reference values that support decision-making process regarding management of disposal areas. Different approaches have been used for the establishment of sediment quality criteria (ALVAREZ-GUERRA et al., 2007; MOZETO et al., 2006), which are, by the way, not yet established in Brazilian legislation. Characterization of dredged material and monitoring of disposal areas generate a large amount of data hard to interpret due to the necessity of compilation and comparison of an extensive number of samples from different locations over long period under the influence of multiple environmental parameters. The interpretation of such data requires appropriate techniques such as quotients derivation (LONG et al., 2006) that briefly characterizes data subsets behavior. As an alternative to the numerical worksheets analysis and complementary use of statistical techniques, it has been argued that monitoring data interpretation can benefit from the appropriate use of graphic and data interaction techniques. Graphic and data interaction techniques are derived from “Information Visualization” expertise area. Its goal is to facilitate information deriving processes and its interpretation through datasets visual analysis (CARD et al., 1999; CHEN, 2002). Based on the VisSed software, which proved useful in previous studies (UMBUZEIRO et al., 2009; SILVA & UMBUZEIRO, 2010), an information visualization prototype was developed providing visual and interactive analysis for a set of biological monitoring data through heat map matrix representation. The persistence of sediment contamination is the reason why several benthic groups have been used as indicators of stress or pollution. The analysis of changes in benthic communities, using various univariate and multivariate methods, have become an important tool in this assessment, however, the results obtained are generally difficult to be interpreted by nonscientists. The process can be clearer by the use of a biocriteria that permits the assessment of ecological status addressing only: the level of diversity, evenness, richness and abundance of invertebrate taxa. The software enables data analysis from a specific sampling point, campaign, or parameter. Using dynamic query filters (SHNEIDERMAN, 1994), FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original the software can reduce or enlarge the amount of data being displayed on the screen according to the user's need without requiring programming language knowledge. Our goal is to test the feasibility of VisSed as a tool to assist benthic data interpretation consisting of biotic indexes usual in assessment of benthic communities’ structure and temporal variability. Datasets used to attain this goal were from a monitoring program of a new spot for oceanic disposal of dredged material in Santos, São Paulo region. We hope to contribute for the decision-making process through the proper analysis of benthic data. Material and methods The application of ecological indexes to assess benthic communities’ structural changes is usual in impact monitoring programs. The indexes used in the monitoring program of a new spot for oceanic disposal of dredged material were total abundance of individuals (N) (individuals/m²), species richness (S) (number of species/m²), Shannon-Wiener diversity (H') and Pielou evenness (J'). Usually, values for these indexes are presented in graphs and tables that do not provide an easy and comparative visualization. For a clear interpretation of each indexes variations’ significance we opted for not using absolute values, but rather, the expression of a relation between initial and final values, such as difference or ratio, for instance, between what was found in the campaign 0 and any subsequent campaigns (2 or 5), as detailed below. Comparisons are visually facilitated through a color scheme, indicating whether variations over time were larger or smaller. As temporal variation is a major and intrinsic component of benthos, knowledge of benthic community annual cycle is strongly recommended as an initial step. But even in the absence of a prior full annual cycle appraisal, comparison among communities from stations receiving material disposal and those regarded as "control" (not in use and out of impacted areas) allows us to distinguish different intensities of structural changes suffered by a particular benthic community. The methodology used for data presentation is based on the information visualization reference model proposed by Card et al (1999) followed four steps. a. Selection of raw data It was considered as raw data the spreadsheets provided by the benthic community monitoring program. From these data, the relevant characteristics to be graphically represented by VisSed were selected. The descriptors N, S, J’ and H’ were selected and inserted in a new worksheet where the new descriptors, described below, were derived and used for visual representations thereafter. FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original 

∆J' = | J '− J0 ' |: variation of Pielou species evenness values, according to set value J0' taken as reference.

∆H' = | H'− H0' |: variation of Shannon-Wiener diversity values, according to set value H0' taken as reference.

S/S0: ratio between species richness value for a given campaign sampling site and S0 taken as reference.

N/N0: ratio between the individual total abundance values for a given campaign sampling site and N0 taken as reference.

The purpose of a clear display of descriptors’ variations and relationships is to assist in the monitoring of benthic communities structural changes in relation to the initial state, i.e. the community structure immediately prior to deposition process. The revealed structural changes assessed but the use of such descriptors may be derived from the sediment deposition process but also from benthic populations’ natural seasonal cycles. For VisSed feasibility study, J0' H0', N0 and S0 values were, respectively, the calculated values J ', H ', N and S for campaign 0 benthic data, sampled in January 2010, and then related to data from the following campaigns sampled respectively in April and July 2010. Datasets were generated as spreadsheets by different laboratories and are from a monitoring program conducted in the area. b. Data Processing (creating data tables) Data were organized in tables composed of tuples {N, S, J, H, N/N0, S/S0, ∆J', ∆H'} related to each sampling year, point and replica obtained. Tables are processed by a particular program, which generates a database for later VisSed use. Database contains values of the descriptors N/N0, S/S0, ∆J' and ∆H', and information about campaigns and sampling sites. Each pair {sampling site, replica} was adopted as a particular sampling site, rather than the average values between replicas, but replica average values can be considered also, if convenient. c. Visual structural definition and variables mapping VisSed supports data representation in heat map graphics among others not relevant here. The matrix style representation allows representing three (3) variables: two in X and Y-axis, and a third as color gradation. For color scheme, captions displayed next to graphics are used. Additional controls such as FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original selection lists can be combined to the chart through programming, making it more interactive and admitting the possibility of handling more variables. VisSed is prepared to deal with four variables from the environmental scenarios (sampling sites, campaigns, parameters and measured values). Considering that the benthic community proposed scenario, in terms of variables, applies the same number of variables, it can be concluded that the same visual mappings can be used when VisSed is dealing with benthic data, with the exception of those dealing with sediment particle size analysis. These should be hidden by VisSed when dealing with a database whose parameters do not involve particle sizes. Thus, the set of visual VisSed maps for benthic community data can be described as follows: − Campaigns × Sampling sites: interactive chart representing the value measured for each campaign and sampling site (represented by axes) for a given parameter selected from a list. − Campaigns × Parameters: interactive chart representing the measured value for each campaign and parameter (represented by axes) for a given sampling site selected from a list. − Parameters × Sampling sites: interactive chart representing the measured value for each parameter and sampling site (represented by axes) for a given campaign selected from a list. Captions definition and color scheme for visual mappings deserve further consideration. VisSed uses three distinct types of captions for sediment data: (1) a gradation of pastel shades for particle size; (2) green, yellow and red representing, respectively, below the action level 1, between level 1 and level 2, level 2 and above; and (3) gradient transition from green to red representing sum of metal quotient. Recently, bluish tones have been added to represent the toxicity criteria (absence of toxicity, chronic and acute toxicity). Diversity data representation should have subtitles that would allow the visual distinction of descriptors values’ change in magnitude, whether they increase or decrease. It is also important to define a single set of colors to represent all possible ranges avoiding caption size overload, and, consequently, cognitive overload in the interpretation of data. This color scheme set should be different from those already in use by VisSed, featuring exclusively diversity data (as already done for particle size). Therefore, shades of green, ranging from dark green to light green, were adopted indicating descriptor variation degree. By default, dark green was adopted to represent situations where there was no or little descriptor variation when compared to values set as reference; in opposition, light green indicates major variations. Tables 1 and 2 present colors and shades for each descriptor. Within the current VisSed limitations, i.e. the admittance of only discrete interval colors as caption (and not color gradients defined by minimum and maximum values), it FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original was necessary to define different colors for each range set of values relating to a specific index. Table 1. Caption color scheme for richness and individuals’ total abundance descriptors. Color / Descriptor Light green ... ... Dark green ... ... Light green

N/N0

S/S0

0 – 0.3 0.3 – 0.7 0.7 – 0.9 0.9 – 1.1 1.1 – 1.3 1.3 – 1.7 > 1.7

0 – 0.3 0.3 – 0.7 0.7 – 0.9 0.9 – 1.1 1.1 – 1.3 1.3 – 1.7 > 1.7

Table 2. Caption color scheme for diversity and evenness descriptors. Color / Descriptor Dark green ... ... Light green

∆J'

∆H'

0 – 0.25 0.25 – 0.5 0.5 – 0.75 0.75 – 1.0

0 – 0.5 0.5 – 1.0 1.0 – 1.5 > 1.5

Different indexes have its characteristic variation range, so that caption ranges vary accordingly, but at least four range sets were maintained for all descriptors. It is worth mentioning that species evenness (J') value ranges from 0 to 1, and so the legend ∆J' maintains four 0.25 intervals. Diversity (H') value ranges from 0 to infinity, in theory, presenting for benthic natural communities values between 0 and not greater than 5; four 0.5 intervals were used for ∆H’. For individual abundance (N/N0) and number of species (S/S0) ratios, depending on variations suffered by descriptors’ absolute values (S and N), there may be species and/or individuals loss or gain, therefore, values of 1 (100%) or greater were divided into 3 intervals sets each. d. Interactive features Interactive features already provided by VisSed were used. Some of them inherited from JInfoVis heat map visual representation tool (SILVA, 2006), such as: capacity to select and hide on the screen part of the data set, by interaction with axes or with matrix cells; ability to manually reorder matrix rows and columns in order to identify data patterns; possibility to alter visual mapping to one of the available ones; possibility to show or hide values displayed in cells. Thus, VisSed follows the successful heuristic expressed by Visual Information FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original Seeking Mantra: "Overview first, zoom and filter, then details-on-demand" (SHNEIDERMAN, 1996). Results Some VisSed visual representations are presented, based on assessed benthic communities’ data provided by CPEA. Examples are organized according to VisSed three (3) visual maps groups: a) Campaigns × Sampling sites:  ∆H' values for all sampling sites and campaigns (Figure 1);  ∆H' values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05 (Figure 2);  ∆J' values for all sampling sites and campaigns (Figure 3);  ∆J' values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05 (Figure 4);  N/N0 values for all sampling sites and campaigns (Figure 5);  N/N0 values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05 (Figure 6);  S/S0 values for all sampling sites and campaigns (Figure 7);  S/S0 values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05 (Figure 8); b) Campaigns X Parameters:  Values measured for replica P02A from all campaigns and parameters (Figure 9); c) Parameters X sampling sites:  Values measured for all sampling sites and parameters from campaign 05 (Figure 10);  Values measured for all parameters in sampling sites P01 to P10 from campaign 05 (Figure 11) It is particularly noteworthy the increase in ∆H' and S/S0 values (Figures 2 and 7) with time (April/02 and July/05 campaigns). Diversity index values variations for campaigns 2 and 5 were compared to 0 for each of the stations considered (Figure 1). As the number of stations is high, stations in use P02 and P05 and control station P25 were presented separately (Figure 2). Notice that diversity values alteration from campaign 0 was higher for stations in use.

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Fig. 2: ∆H' values from all campaigns, for sampling sites C, P02 and P05.

The same procedure described above for diversity index was adopted for species evenness index. Descriptor species evenness values for all grid stations are represented in Figure 3, while in Figure 4 only for those in use, P02 and P05, and control P25. There are no significant differences in this index values when compared, showing that individuals’ distribution in species categories over space and time period is constant.

Fig. 3: ∆J' values for all sampling sites and campaigns.

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original

Fig. 4: ∆J' values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05

Changes in number of individuals of later campaigns in relation to campaign 0, were considered graphically both in terms of numbers decrease and increase (Figure 5). A clear decrease in individual numbers over time is perceived in all stations, and can be regarded as a natural seasonal cycle. Given the high numbers of stations, only stations in use in (P02 and P05) and control (P25) are represented in Figure 6.

Fig. 5: N/N0 values for all sampling sites and campaigns.

Fig. 6: N/N0 values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05.

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original In Figure 7 the changes suffered by species richness index, considered here as the ratio between the number of species in a specific later campaign and campaign 0, were represented for each station. A gradual decrease in number of species occurred from February to April and July (respectively campaigns 0, 2 and 5). Stations in use (P02 and P05), and control (P25) were presented separately (Figure 8). There is a probable seasonal cycle, which is more pronounced for stations in use.

Fig. 7: S/S0 values for all sampling sites and campaigns

Fig. 8: S/S0 values from all campaigns, for sampling sites P25, P02 and P05

As an option for data presentation, as shown in Figure 9, indexes calculated for a single replica (A) of a given station (for example, P02) can be presented for all campaigns over the time period considered. In this manner, it can be perceived major variations in individuals’ total abundance and richness indexes for P02A, and also that evenness values do not vary significantly. Another option for data graphical presentation could be the joint appearance of all structural indexes, similar to what was done for a single replica, but considering all stations (Figure 10), or a set of stations (Figure 11). These graphs FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original underscore the general trend of major changes in richness and individuals’ abundance values in contrast to diversity and evenness more stable values.

Fig. 9 Values measured for replica P02A from all campaigns and parameters

Fig. 10: Values measured for all sampling sites and parameters from campaign 05.

Fig. 11: Values measured for all parameters in sampling sites P01 to P10 from campaign 05.

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original Conclusions The characteristics displayed by the software VisSed, along with the chosen benthic structural indexes methodology, provide a visual representation of changes sustained over time and space by the indexes (diversity, evenness, richness and individuals’ total abundance). The examples considered here support the usefulness of this tool in monitoring programs by enhancing visual data trends and patterns, and directing the researcher to potential determinant factors. It also provides grounds for the decision making process understandable by specialists and non-specialists professionals. References M. Alvarez-Guerra, J. R. Viguri, M. C. Casado-Martínez, M. C.; T. Á. Delvalls. Sediment Quality Assessment and Dredged Material Management in Spain: Part II, Analysis of Action Levels for Dredged Material Management and Application to the Bay of Cádiz. Integrated Environmental Assessment and Management. Volume 3, Nº 4, pp. 539-551, SETAC, 2007. S. K. Card, J. D. Mackinlay; B. Shneiderman. Readings in Information Visualization: Using Vision to Think. Morgan Kaufman Publishers, 1999. C. Chen. Editorial – Information Visualization. Information Visualization, 1, Palgrave Macmillan, pp. 1-4, 2002. E.R. Long, C.G. Ingersoll, D.D. MacDonald. Calculation and uses of mean sediment quality guidelines quotients: a critical review. Environ. Sci. Technol., v.40, pp.1726-1736, 2006. A.A. Mozeto, G.A. Umbuzeiro, R.P.A. Araújo, W.F. Jardim. Esquema de Avaliação Integrada e Hierárquica da Qualidade de Sedimentos (AIHQS). In: Projetos de pesquisa QUALISED: Bases Técnico-científicas para o Desenvolvimento de Critérios de Qualidade de Sedimentos, pp. 193-221. 2006. B. Shneiderman. Dynamic Queries for Visual Information Seeking. IEEE Software 11(6), pp. 70-77. 1994. B. Shneiderman. The Eyes Have It: A Task by Data Type Taxonomy for Information Visualizations. Proceedings of IEEE Symposium on Visual Languages, pp. 336-343. 1996. G.A. Umbuzeiro, C.G. Silva, R.C. Silva. Assessment of main contamination data related to the monitoring of CODESP's oceanic disposition area for dredged FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original material and adjacent regions – Santos, SP, Brazil. Technical report (In Portuguese). 2009. C.G. Silva, G.A. Umbuzeiro. Enhancing visual analysis of environmental monitoring data through an information visualization-based prototype. II Workshop de Computação Aplicada à Gestão do Meio Ambiente e Recursos Naturais (WCAMA). Anais do XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, 2010, pp. 575-584. Silva, C. G. Exploração de bases de dados de ambientes de Educação a Distância por meio de ferramentas de consulta apoiadas por Visualização de Informação. Doctoral thesis. Institute of Computing, University of Campinas, 2006. http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000412297 (Aug. 30/2011)

FLYNN, Maurea Nicoletti; DA SILVA, Celmar Guimarães; SUMIDA, Paulo Yukio Gomes; GÜTH, Arthur Ziggiatti; ALVES, Betina Galerani Rodrigues; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão. VisSed Software as a tool in monitoring programs for benthic data interpretation. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 22-35, out. 2015.

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Artigo original Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhém, São Paulo Lucas Alegretti Biólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Tecnologia Ambiental pela Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: lucas.alegretti@gmail.com

Gisela de Aragão Umbuzeiro Professora doutora, da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: giselau@ft.unicam.br

Maurea Nicoletti Flynn Pesquisadora de Pós-doutorado da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: maureaflynn@gmail.com

Correspondência: Lucas Alegretti (lucas.alegretti@gmail.com), Rua Iperoig, 837 Ap E, 05016-000, Perdizes, São Paulo, Brasil.

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original Resumo A estrutura de classes de tamanho, as tendências de densidade, a fecundidade e a razão sexual de uma população de Parhyale hawaiensis da região entre-marés de um costão rochoso localizado no Sudeste brasileiro foram estudadas a partir de coletas mensais de amostra da população natural realizada na maré baixa no cinturão de algas de dezembro de 2012 a novembro de 2013. Um total de 2126 indivíduos foram amostrados. A densidade da população foi maior no período entre maio e julho com um segundo pico entre outubro e janeiro. Fêmeas e jovens constituíram a maior parte da populção durante todo o ano. A razão sexual em favor das fêmeas foi registrada em todas as datas de amostragem, com exceção de fevereiro. A estratégia de vida identificada para a espécie está associada a um padrão de dinâmica populacional consistente com o comportamento adotado por espécies costeiras em ambientes fisicamente controlados e sujeitos a frequentes perturbações e sugerindo tendências relacionadas à latitude, à produtividade, e à previsibilidade, resumidas nas hipóteses de seleção r-K relativas à longevidade, maturidade e à fecundidade da espécie. Parhyale hawaiensis parece ser r estrategista, com reprodução contínua, ciclo multivoltinico e recrutamento ao longo do ano todo. A estratégia de reprodução da espécie parece ser a produção de pequeno número de ovos por ninhada relacionado com uma diminuição no tamanho de maturação das fêmeas, o que por sua vez permite a produção de mais que uma ninhada por ano, aumentando a taxa de crescimento intrínseco da população. Palavras-chaves: Biologia populacional; Hyalidae; Estratégia de vida.

Abstract The structure of size classes, the density trends, fertility and sex ratio of a population of Parhyale hawaiensis that inhabits the intertidal region of a rocky shore located in southeastern Brazil, were studied from monthly surveys, in the algae belt, carried out at low tide from December 2012 to November 2013. A total of 2126 individuals was sampled. The density of the population was higher in the period between May and July with a second and lower peak from October to January. Females and Juveniles constituted the majority of the population throughout the year. The biased sex ratio in favor of females was recorded in all sampling dates, with exception of February. The life strategy identified for the species is associated with a pattern of population dynamics consistent with the ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original behavior adopted by coastal species in physically controlled environments and subject to frequent disruptions and suggest trends related to latitude, productivity and predictability that can be summarized in the event of rK selection, related to longevity, maturity and fecundity of the species. Parhyale hawaiensis seems to be r strategist, with continuous reproduction, multivoltine cycle and recruitment throughout the year. The reproduction strategy of the species seems to be the production of small numbers of eggs per brood related to a decrease in the size of maturing females, which in turn enables the production of more than one offspring per year, increasing the intrinsic growth rate of the population. Keywords: Population biology, Hyalidae, Life strategy.

Introdução O ambiente formado pelas algas marinhas denominado de fital serve como habitat para uma fauna acompanhante composta principalmente por crustáceos e dentre eles os grupos amphipoda e isopoda são muito abundantes. Esses grupos apresentam reprodução contínua na qual as fêmeas carregam os embriões e recém-nascidos em um marsúpio ventral. Os amphipoda que habitam o fital ajustam seus ciclos reprodutivos de modo que rapidamente possam explorar condições ambientais favoráveis (Valério-Berardo e Flynn, 2004). Amphipoda pertencentes a família Hyalidae ocorrem em densas populações e em grande variedade de habitats localizados em regiões entre marés sendo o táxon dominante em comunidades de fital de costões rochosos tanto em número de espécies como em abundância (Lancelloti e Trucco,1993; Eun et al, 2014; Machado et al, 2015). Flutuações numéricas entre as espécies dominantes indicam uma tentativa de distinguir um nicho ecológico por meio de estratégias reprodutivas tais como ciclos de vida, períodos de incubação e fecundidade (Valério-Berardo e Flynn, 2002). No Sudeste brasileiro a distribuição, a dieta, o crescimento e reprodução de espécies pertencentes a essa família vem sendo estudado desde a década de 80 (Wakabara et al, 1983; Tararam et al, 1985 e 1986; Dubiaski-Silva e Masunari, 1995; Leite, 1996a, 1996b e 2002; Tanaka e Leite, 2003; Valério-Berardo e Flynn, 2004; Jacobucci e Leite, 2006, Jacobucci, 2008; Jacobucci et al, 2009).

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original Nesse artigo serão apresentados a estrutura etária (em milímetros), densidade, reprodução, fecundidade e razão sexual da população de P. hawaiensis que habitam o costão rochoso conhecido como Poço de Anchieta, na Praia de Peruíbe localizada em Itanhaém-SP, Brasil.

Metodologia As coletas foram realizadas no Município de Itanhaém – SP, no costão rochoso conhecido popularmente como Poço de Anchieta (24°12’6,42’’ S e 46°48’38,47” O), este é um costão rochoso que fica submerso durante a maré alta, permanecendo úmido na maré baixa pela presença de poças e piscinas formadas com o recuo da maré. De dezembro de 2012 a novembro de 2013 foram realizadas 12 coletas mensais. Para a obtenção dos organismos foram coletadas 5 réplicas mensais do conjunto de algas marinhas e substrato onde se estabelecem aderidos os indivíduos da espécie P. hawaiensis. O material coletado foi cuidadosamente raspado do costão com auxílio de espátula e depositado em sacos plásticos preenchidos com água do mar. As amostras foram acondicionadas em gelo até a chegada ao laboratório, onde eram congeladas e posteriormente o material era lavado e triado sendo os indivíduos fixados em álcool 70%. Foi estabelecida uma correlação entre o peso úmido (secagem em temperatura ambiente por 24 horas) e o peso seco (seco em estufa à 60°C por 48 horas) e a densidade de organismos foi expressada em número de indivíduos por grama de substrato (algas) em peso seco. Os indivíduos da espécie P. hawaiensis foram identificados e separados em quatro categorias (Serejo, 1999): jovens; fêmeas ovígeras; fêmeas sem ovo e machos. Os exemplares coletados tiveram seu corpo medido (inserção da antena até o sétimo segmento) com o auxílio do software Image Tool 3.0, devidamente calibrado. Para tanto, os indivíduos eram fotografados, sob lupa estereoscópica. As P. hawaiensis foram agrupadas em classes de comprimento de aproximadamente 0,65 mm entre classes. Calculou-se, mensalmente, a razão sexual e a proporção do número de fêmeas para fêmeas ovígeras. A fecundidade foi obtida para cada classe etária pela divisão do número total de ovos, encontrados nas fêmeas ovígeras, pelo número total de fêmeas da mesma classe. O estágio de desenvolvimento dos ovos não foi estabelecido.

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original Resultados Um total de 2126 indivíduos pertencentes à espécie P. hawaiensis foram coletados. Sendo 684 jovens, 412 machos, 784 fêmeas e 246 fêmeas ovígeras ao longo dos meses de coleta (Tabela 1). A maior densidade de indivíduos coletados foi no período que variou de maio a julho. Os jovens e as fêmeas não ovígeras constituíram o maior percentual da população em todas as campanhas amostrais, com exceção dos meses de fevereiro e março quando não foram encontrados indivíduos da espécie suficientes para análise. Tabela 1 – Valores absolutos de jovens, machos, fêmeas, fêmeas ovígeras e total de P. hawaiensis em cada coleta realizada no Poço de Anchieta, Itanhaém-SP. Jovens

Machos

Fêmeas

Fêmeas Ovígeras

Total

Dez/2012

43

14

25

20

102

Jan/2013

60

34

79

21

194

Fev/2013

1

0

0

0

1

Mar/2013

2

1

1

0

4

Mês

Abr/2013

4

3

6

0

13

Mai/2013

217

153

196

101

667

Jun/2013

81

54

115

17

267

Jul/2013

183

70

258

32

543

Ago/2013

2

3

7

2

14

Set/2013

4

15

10

11

40

Out/2013

37

42

52

29

160

Nov/2013

50

23

35

13

121

684

412

784

246

2126

Total

A distribuição dos tamanhos dos indivíduos coletados está apresentada na tabela 2. Os indivíduos jovens variaram de 0,9 a 2,8 mm. O tamanho das fêmeas variou de 1,7 a 6,1 mm e o das ovígeras 3,0 a 6,8 mm. O tamanho dos machos variou 2,4 a 6,9 mm. Tabela 2 – Comprimento médio e intervalo de comprimento dos jovens, machos, fêmeas e fêmeas ovígeras da espécie P. hawaiensis. Média Limites de Desvio Número de indivíduos Mês Categoria (mm) Comprimento Padrão medidos Jovens 1,8 1,3-2,6 0,31 46 Macho 4,05 2,0-5,5 1,16 13 Dezembro Fêmeas 3.0 2,0-5,8 1,12 23 Ovígeras 4,5 3,8-4,9 0,3 20 Janeiro Jovens 1,7 0,9-2,4 0,41 62 ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original Mês

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Categoria Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho Fêmeas Ovígeras Jovens Macho

Média (mm) 4,3 3.0 4,5 4,23 1,9 4,64 3,5 1,8 4,9 3,5 4,8 1,6 4,4 3.0 4.0 1,9 3,7 2,7 4,1 1,6 4,13 2,7 4,2 1,6 4,8 4,2 4,3 1,5 4,99 3,3 4,5 1,7 4,94

Limites de Comprimento 2,8-6,4 1,9-4,9 3,7-5,4 4,23 1,7-2,1 3,9-5,5 2,3-4,4 1,0-2,8 3,0-6,5 2,0-6,1 3,4-6,8 1,1-2,8 2,8-6,9 1,9-5,9 3,0-4,8 1,1-2,6 2,4-6,0 1,8-5,2 3,3-4,9 1,4-2,4 3,6-4,7 2,0-3,9 3,9-4,6 1,3-2,4 3,6-5,5 3,1-5,2 3,8-5,0 1,0-2,5 3,0-6,3 1,7-6,1 3,9-6,1 1,1-2,4 3,1-6,9

Desvio Padrão 0,89 0,65 0,45 0,19 0,79 0,86 0,5 0,92 1.0 0,6 0,38 0,97 0,96 0,5 0,42 0,86 0,69 0,41 0,36 0,55 0,68 0,49 0,49 0,56 0,69 0,35 0,4 0,83 1,1 0,4 0,35 1,12

Número de indivíduos medidos 33 77 22 0 1 0 4 3 6 0 217 60 196 101 81 5,4 115 17 46 69 8,3 32 3 3 7 2 4 15 10 11 51 43 52 29 50 25

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Artigo original Mês

Categoria Fêmeas Ovígeras

Média (mm) 3,1 4,7

Limites de Comprimento 1,9-4,9 3,9-5,7

Desvio Padrão 0,85 0,49

Número de indivíduos medidos 35 13

A razão sexual média foi em favor das fêmeas na proporção 1:2,31, ou seja, cerca de 69,8% de fêmeas com desvio padrão de +/- 0,065. A variação mensal está indicada na figura 1, com exceção do mês de fevereiro no qual não houve dados suficientes para estabelecimento da proporção. 100% 80% 60% 40% 20% 0%

Fêmeas

Machos

Figura 1 – Variação temporal da proporção entre macho e fêmea, dezembro de 2012 e novembro de 2013.

A abundância média, considerando as réplicas mensais, ao longo do período de estudo mostra um pico de maior número de indivíduos entre maio e julho, e outro pico menor, porém mais longo entre os meses de outubro e janeiro. A figura 2 apresenta a variação média da abundância de indivíduos coletados por campanha amostral.

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original

Figura 2 – Abundância média de indivíduos da espécie P. hawaiensis por campanha amostral.

A figura 3 mostra a variação temporal da abundância total em ln (Nx+1) das quatro diferentes categorias (machos, jovens, fêmeas e fêmeas ovígeras).

Figura 3 – Abundância total de indivíduos da espécie P. hawaiensis (em ln (Nx+1)) por campanha amostral e proporções entres as categorias: fêmeas ovígeras, fêmeas, machos e jovens.

Os valores de densidade em indivíduos por grama de alga (peso seco) por réplica amostrada estão apresentados na tabela 3. O maior valor de densidade encontrado foi no mês maio, 12,3 ind./g de alga. Os valores de densidade também foram maiores nos períodos entre maio e julho e um segundo pico menor entre outubro e janeiro.

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original Tabela 3 – Comprimento médio e intervalo de comprimento dos jovens, machos, fêmeas e fêmeas ovígeras da espécie P. hawaiensis. Densidade Densidade Mês Réplica Mês Réplica (indivíduos/g) (indivíduos/g) 1 0.5 1 1.3 2 0.2 2 4.1 dez/12 3 0.0 jun/13 3 4.0 4 3.3 4 2.9 5 0.0 5 11.6 1 0.0 1 1.8 2 0.5 2 10.3 jan/13 3 6.3 jul/13 3 10.3 4 6.4 4 7.0 5 5.5 5 0.9 1 0.0 1 0.0 2 0.0 2 0.6 fev/13 3 0.0 ago/13 3 0.0 4 0.1 4 0.2 5 0.0 5 0.5 1 0.3 1 0.5 2 0.0 2 0.8 mar/13 3 0.1 set/13 3 0.1 4 0.0 4 0.0 5 0.0 5 0.1 1 0.1 1 2.1 2 0.0 2 3.8 abr/13 3 0.0 out/13 3 0.5 4 0.3 4 1.2 5 0.0 5 1.1 1 0.2 1 2.4 2 1.4 2 1.0 mai/13 3 1.3 nov/13 3 0.0 4 7.8 4 1.7 5 12.3 5 0.4

Para a fecundidade (mx) não houve correlação positiva (R²=0,2751) entre o número de ovos e o tamanho das fêmeas (figura 4), para a análise de correlação foram utilizadas 192 fêmeas ovígeras diferentes. O número médio de ovos por fêmea ovígera foi de aproximadamente 4,8 e a amplitude de variação foi de 1 a 13 ovos.

ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original 08

Tamanho (mm)

07 06 05 04 03 y = 0,1218x + 3,9486 R² = 0,2751

02 01 00 0

2

4

6

8

10

12

14

Número de ovos Figura 4 – Correlação entre o número de ovos e tamanho (mm) de 192 duas fêmeas ovígeras coletadas entre dezembro de 2012 e novembro de 2013.

Discussão P. hawaiensis é uma espécie de pequeno tamanho (<1,3 cm), detritívoro, com distribuição circuntropical e cosmopolita que vive agregadamente formando densas populações (Poovachiron et al, 1986, Schimd, 2011). Parece ser uma espécie de amphipoda conhecido como um colonizador monotônico (MartinSmith, 1994), ou seja, é uma espécie caracterizada como colonizador devido à capacidade de rápido aumento da abundância quando as condições ambientais são favoráveis, as fêmeas são iteróparas, pequeno número de ovos por ninhada (média de aprox. 4,8) e recrutamento ao longo de todo ano. O recrutamento decorrente do produto reprodutório acarreta na observada variação estacional da abundância de P. hawaiensis, frequentemente relacionada à disponibilidade de alimento e temperatura (Flynn et al.,1998; Xinqing et al., 2013). Esse padrão é o comportamento mais comum entre espécies epifaunais (van Dolah e Bird, 1980) que habitam em comunidades que são fisicamente controladas de acordo com a teoria tempo-estabilidade (Sanders, 1969). Os costões rochosos, de região entre marés, são ambientes que podem apresentar condições desfavoráveis, portanto favorecem a evolução de espécies oportunistas com estratégias adaptativas como, por exemplo, a reprodução continua (MartinSmith, 1994). Os dados mostraram a presença de fêmeas ovígeras nas quatro diferentes estações do ano, a flutuação na densidade populacional ao longo do ano indica que a espécie apresenta picos reprodutivos, no caso da P. hawaiensis, o período de maior densidade populacional foi de maio a julho. O alto número de jovens encontrados indica que a espécie tem uma alta taxa de sobrevivência, essa ALEGRETTI, Lucas; UMBUZEIRO, Gisela de Aragão; FLYNN, Maurea Nicoletti. Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhaém, São Paulo. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 36-49, out. 2015.

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Artigo original hipótese é corroborada pelo pequeno número de ovos encontrados em cada fêmea (Valério-Berardo e Flynn, 2004). Diversos fatores físicos e biológicos, como temperatura, estações do ano, disponibilidade de comida, competição e predação, podem afetar a reprodução e a mortalidade. Saint-Marie (1991) mostrou que a estratégia de espécies de amphipoda que habitam ambiente como costões rochosos, que estão expostos à variação de marés, bruscas mudanças osmóticas e de temperatura, apresentam reprodução contínua com poucos embriões por gestação. A razão sexual em favor das fêmeas é muito comum em populações de amphipoda (Hastings, 1981; Dauvin, 1988; Marques e Nogueira, 1991; ValérioBerardo e Flynn, 2004) e pode ser explicada pela maior mortalidade de machos comparados às fêmeas (Hastings, 1981; Valério–Berardo e Flynn 2004). Foi sugerido que populações com maior número de fêmeas, maximizam o potencial reprodutivo e são adaptáveis nos casos de períodos de reprodução mais curtos, no entanto a duração dos períodos reprodutivos não é fator crítico já que a espécie apresenta reprodução contínua (Wildish, 1982).

Agradecimentos Esse trabalho foi realizado durante a concessão de bolsa de estudos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) concedida para Lucas Alegretti no Programa de Mestrado e Maurea Flynn no Programa de Pósdoutorado da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas – FT-UNICAMP.

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Artigo original Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde Francisca Vanessa Lima Da Silva Graduada em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: renathobezerra1@hotmail.com

Jessica Augusta Praciano De Castro Pinto Graduada em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: jessicapraciano@outlook.com

Suzy Kerssia Pereira de Sousa Alves Graduada em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: suzykerssia@gmail.com

Ariane Teixeira dos Santos Graduada em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: ariane_teixeira@ymail.com

Danielle Abreu Foschetti Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará. E-mail: danifoschetti@yahoo.com.br DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original Gilberto Santos Cerqueira Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí. E-mail: giufarmacia@hotmail.com

Francisco Nataniel Macedo Uchôa Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em Ciências do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro – UTAD, Portugal. E-mail: nataniel4@hotmail.com

Correspondência: Francisco Nataniel Macedo Uchôa (nataniel4@hotmail.com), Rua Luís Vieira, Casa 596. Vila Peri, Fortaleza/CE. CEP: 60730-230, Brasil.

DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original Resumo A busca pela praticidade e rapidez proporciona a aceitação maior da ingestão de fastfoods, entre os quais, as frituras e embutidos tornam-se a melhor opção para muitos consumidores. A alta ingestão de alimentos industrializados ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcares podem acarretar consequências para a saúde e estar diretamente ligado a maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis da população. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo analisar o consumo de frituras em geral salgados e alimentos enlatados/embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. A pesquisa foi realizada em uma unidade básica de saúde na cidade de FortalezaCE, em cinco dias escolhidos aleatoriamente no mês de maio de 2015, com aplicação de um questionário do Guia Alimentar para população brasileira. Observou-se que 26,66% raramente ou nunca consumia determinados alimentos em contrapartida 40% fazia o consumo diários desses alimentos, 13,33% relatarão consumir apenas 2 a 3 vezes por semana tais alimentos, foi constatado também 13,33% faziam o consumo de 4 a 5 vezes por semana e 6,6% consumia menos que 2 vezes por semana. O consumo elevado de gorduras saturadas e ricas em sódio gera prejuízos a saúde levando ao desenvolvimento de doenças coronarianas, por isso a necessidade de mais orientações a este público quanto ao consumo equilibrado dos alimentos. Palavras-chaves: Gordura; Doenças Crônica; Exercício físico.

Abstract The quest for convenience and speed provides the highest acceptance of intake of fast foods, including the fried foods and embedded become the best option for many consumers. High intake of processed foods high in saturated fats, sodium and sugars can lead to health consequences and be directly linked to a higher prevalence of chronic diseases of the population. Thus, this study aims to analyze the consumption of fried food in general and salty canned food / built by patients at a basic health unit. The survey was conducted in a primary care unit in the city of Fortaleza, in five days randomly chosen in May 2015, applying a questionnaire of the Food Guide for the Brazilian population. It was observed that 26.66% rarely or never consumed certain foods in match against 40% was the daily consumption of these foods, 13.33% will report consume only 2-3 times DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original a week such foods, it was also found 13.33% were the consumption of 4 to 5 times per week and 6.6% consumed less than 2 times per week. The high consumption of saturated fats and rich in sodium generate damage to health leading to the development of coronary heart disease, so the need for more guidance in this public and the balanced food consumption. Keywords: Fat; Chronic Diseases; Exercise.

Introdução A alimentação pode refletir-se no equilíbrio psicossomático, pois é parte integrante da saúde física e mental dos indivíduos (Pastore,1998). Os prejuízos para a saúde que podem decorrer do consumo insuficiente de alimentos como desnutrição, ou do consumo excessivo: obesidade; é há muito tempo conhecido pelos seres humanos. Apenas mais recentemente, todavia, acumulam-se evidências de que características qualitativas da alimentação são igualmente importantes na definição do estado de saúde, em particular, no que se refere a doenças crônicas não transmissíveis da idade adulta (Monteiro, Mondini, Costa, 2000). A importância do consumo de óleos vegetais na dieta humana, primordialmente como recursos alimentares provedores de energia, é indiscutível. Contudo, o risco do desenvolvimento de doenças crônicas resultantes do seu consumo inadequado, remete a um controle dos aspectos qualitativo e quantitativo dos óleos utilizados nos processos de fritura (Del Ré, Jorge, 2006). Hoje está claro que diferentes padrões de dietas modulam diferentes aspectos do processo aterosclerótico e fatores de risco cardiovasculares, como níveis lipídicos no plasma, resistência à insulina e metabolismo glicídico, pressão arterial, fenômenos oxidativos, função endotelial e inflamação vascular. Portanto, o padrão alimentar interfere na chance de eventos ateroscleróticos (Santos et al, 2013). A ingestão de gordura saturada e trans estão relacionadas com aumento do LDL-c plasmático e aumento de risco cardiovascular. A substituição de gordura saturada da dieta por mono e poli-insaturada é considerada uma DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original estratégia para melhorar o controle da hipercolesterolemia e consequente diminuição da chance de eventos clínicos (Santos et al, 2013). A preconização quanto ao consumo de gordura é fundamentalmente relacionada à redução da ingestão de gordura saturada e gordura trans. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (Brasil, 2006), a ingestão de gorduras saturadas deve ser inferior a 10 % do consumo calórico total diário, e para a ingestão de ácidos graxos trans o valor máximo é de 1% do consumo calórico total diário. As repercussões do consumo de gordura, no entanto, não se resumem ao metabolismo lipídico; o tipo de gordura ingerida pode influenciar também outros fatores de risco, como a resistência à insulina e a pressão arterial (Santos et al, 2013). A busca pela praticidade e rapidez proporciona a aceitação maior da ingestão de fastfoods, entre os quais, o refrigerante e o sanduíche tornam-se a melhor opção para muitos consumidores. A alta ingestão de alimentos industrializados ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcares pode acarretar consequências para a saúde e estar diretamente ligado a maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis da população (Bleil, 1998). De acordo com Levy-Costa e cols. (2005), houve aumento de 400% na ingestão de alimentos industrializados entre os brasileiros no período de 19742003, principalmente, nas áreas metropolitanas do país. Alimentos como refrigerantes e biscoitos apresentam em sua composição níveis elevados de açúcares e gorduras em geral, sendo mais frequente o consumo em meio urbano (três vezes maior) do que o rural. Ainda de acordo com o presente estudo, alimento básico como o feijão com arroz tem tido um declínio significativo com o aumento da renda, aumentando a ingestão de massas como o pão e biscoitos em contrapartida. Garcia (2003), confirma que a forte tendência desse aumento é favorecida pela diversidade e aumento da oferta de alimentos industrializados de sabor agradável e de custo relativamente baixo, o que fica acessível para toda população. Os alimentos chamados fastfoods possuem em sua maioria corante, gorduras e sódio em excesso e para as pessoas que costumam se alimentar com DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original frequência, possivelmente podem ter interferências na qualidade de vida e danos à saúde (Nieble, 2010), pois para aumentar a vida de prateleira e dar as características organolépticas essenciais ao produto, a indústria se utiliza de aditivos químicos, entre eles os mais encontrados são aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes entre outros, o que em excesso com uso sistemático e prolongado, como nitritos e nitratos, possivelmente causam doenças gástricas, entre outras, ao organismo (Borsato, Gardes, Kawakoe, 1989). O aumento da ingestão de alimentos industrializados deve-se às mudanças pelas quais a sociedade atual tem passado: crescimento populacional, globalização e inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho (Mendonça, Anjos, 2004; WHO, 2005). Como muito alimentos industrializados são ricos em açúcares, gorduras e sal, a maior ingestão observada destes produtos contribui para o avanço da transição nutricional que, não se limitando somente a sociedades desenvolvidas, também acomete países menos desenvolvidos como o Brasil (WHO, 2005; Barreto et al, 2003; Schineider, 2005; Popkin, 2006). Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo analisar o consumo de frituras em geral salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde.

Materiais e Métodos Pesquisa quantitativa de corte transversal, realizada com 30 pacientes cadastrados em uma unidade básica de saúde da cidade de Fortaleza-CE, situada no bairro Jardim das Oliveiras, o público atendido é socioeconomicamente carente e dependente do Sistema Único de Saúde. A coleta de dados foi realizada durante o estágio curricular de saúde coletiva em cinco dias aleatórios no mês de maio. Participaram da pesquisa pacientes do sexo feminino que aguardavam atendimento na sala de espera do posto e concordaram em responder ao questionário. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário do Guia Alimentar para população brasileira versão bolso, de frequência alimentar com questões referentes ao consumo de frituras em geral e alimentos enlatados/embutidos, consumo diário, 2 a 3, 4 a 5 ou menos que duas vezes por DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original semana ou raramente consome. Análise estatística foi realizada através do Software Microsoft Excel e os dados foram apresentados em gráfico para posterior discussão.

Resultados Os gráficos na Figuras 1 e 2 apresentam a frequência e percentual de consumo de frituras, embutidos e enlatados. Observou-se que 26,66% (n= 8) raramente ou nunca consumia determinados alimentos em contrapartida 40% (n=12) fazia o consumo diários desses alimentos, 13,33% (n=4) relatarão consumir apenas 2 a 3 vezes por semana tais alimentos, foi constatado também 13,33%(n=4) faziam o consumo de 4 a 5 vezes por semana e 6,6% (n=2) consumia menos que 2 vezes por semana.

12 10 8 6 4 2 0

Série1

Figura 1. Consumo de fritura e embutidos

DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original 040%

027%

013%

013% 007%

RARAMENTE OU NUNCA

TODOS OS DIAS

DE 2 A 3 VEZES POR SEMANA

DE 4 A 5 VEZES POR SEMANA

MENOS QUE 2 VEZES POR SEMANA

Figura 2. Percentual do consumo de frituras e embutidos.

Discussão Devidos às mudanças do estilo de vida decorrente da industrialização que acarretou na transição nutricional, direcionada a uma dieta ocidentalizada, com destaque para o aumento da ingestão energética, maior consumo de quantidade exacerbada de frituras e embutido; além da redução do consumo de cereais, frutas, verduras e legumes. Esse processo aliado à diminuição progressiva da atividade física converge para o aumento no número de casos de obesidade em todo o mundo, e da carga de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT, bem como da morbimortalidade (Brasil, 2014). No presente estudo foi observado que a maioria das entrevistadas relatou o consumo diário de frituras e embutidos. Resultados diferentes foram encontrados por Oliveira, Liberali e Coutinho (2012), onde foi realizado estudo em academia com 40 mulheres e revelou que a grande maioria fazia o consumo de frituras e embutidos com frequência de duas vezes por semana. Essa diferença se dá pelo fato do perfil dos indivíduos entrevistados se preocuparem mais com a saúde e boa forma (Mariath et al, 2007). Segundo Piati e colaboradores (2009), houve consumo relevante de alimentos gordurosos tais como as frituras, onde 48 % consomem diariamente, já DA SILVA, Francisca Vanessa Lima; PINTO, Jessica Augusta Praciano De Castro; ALVES, Suzy Kerssia Pereira de Sousa; SANTOS, Ariane Teixeira dos; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; UCHÔA, Francisco Nataniel Macedo. Avaliação do consumo de frituras em geral, salgados e alimentos enlatados / embutidos por pacientes atendidos em uma unidade básica de saúde. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 50-60, out. 2015.

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Artigo original os embutidos foi observado baixo consumo, isso pode ter ocorrido por causa da alimentação restrita em sal, pois o público estudado são portadores de hipertensão arterial sistêmica, o estudo foi realizado com 57 indivíduos destes 71 % foram mulheres (De Oliveira et al, 2012). Nos achados de Attolini e Gallon (2010) o consumo de frituras atual esteve presente em 70% dos pacientes que responderam os testes de consumo alimentar, onde foi constatado que em sua grande maioria fazia ingestão de alimentos contendo grande quantidade de gorduras (Piati et al, 2012). Conclusão Diante dos resultados foi possível concluir que a frequência do consumo em excesso de alimentos ricos em gorduras e sódio está acima das recomendações atuais do Ministério da Saúde, desta forma se faz necessário políticas públicas que estimulem uma alimentação saudável. É de grade importância a redução da ingestão de alimentos gordurosos, pois estes implicam no aumento do risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, além de estarem vinculadas a uma má alimentação.

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na

alimentação.

Higiene

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Artigo original Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE Myréia Silva Lima Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: myreialima16@gmail.com

Samila Ricardo Maia Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio FIC, residente da escola de Saúde Pública. E-mail: samilarm91@gmail.com

Ariane Teixeira dos Santos Acadêmica do Curso de Nutrição. Campus Via Corpus, Centro Universitário Estácio FIC. E-mail: ariane_teixeira@ymail.com

Francisco Nataniel Macedo Uchoa Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em Ciências do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro – UTAD, Portugal. E-mail: nataniel4@hotmail.com

Danielle Abreu Foschetti Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará. LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original E-mail: danifoschetti@yahoo.com.br

Gilberto Santos Cerqueira Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí.. E-mail: giufarmacia@hotmail.com

Thiago Medeiros da Costa Daniele Graduado em Educação Física, mestre em Ciências Médicas e doutorando em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará. E-mail: danielethiago@fgf.edu.br

Correspondência: Francisco Nataniel Macedo Uchoa (nataniel4@hotmail.com), Rua Luís Vieira, Casa 596. Vila Peri, Fortaleza/CE. CEP: 60730-230.

LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original Resumo Os alimentos frequentemente estão expostos durante seu processo de elaboração à uma serie de perigos ou oportunidades de contaminação microbiana, relacionada às práticas inadequadas de processamento e manipulação. As mãos dos manipuladores é um importante vinculo de contaminação cruzada dos alimentos e a lavagem de mãos de forma eficiente é uma medida eficaz de prevenção da transmissão cruzada de microrganismos. Porém, apesar da relativa simplicidade deste procedimento, ainda se observa uma forte resistência em sua utilização por parte dos manipuladores. Logo, este estudo objetivou verificar a eficiência da lavagem das mãos pelo método de soap das mãos em cinco funcionários, cada um desenvolvendo uma função diferente, sendo colhidas as amostras com swabs durante a realização de suas atividades rotineiras e depois de uma lavagem de mãos desses funcionários dentro da unidade de alimentação e nutrição da cidade de Fortaleza-CE para analisar e apontar as não conformidades encontradas. De acordo com os resultados obtidos pela análise microbiológica, os manipuladores, em sua totalidade, apresentaram antes e depois da lavagem das mãos uma alta contagem de microrganismos, precisamente bactérias e leveduras, possivelmente devido à ineficiência da higienização das mãos ou a baixa ação do detergente antisséptico usado na unidade. Palavras-chaves: Desinfecção das Mãos; Análise Microbiológica; Higienizadores de Mão.

Abstract Foods are often exposed during their development process when there is a number of dangers or opportunities for microbial contamination related to inadequate processing and handling practices. The hands of the handlers is an important bond for food cross-contamination and efficient handwashing is an effective measure to prevent cross-transmission of microorganisms. However, despite the relative simplicity of this procedure, it is still observed a strong resistance of their use by the Handlers. Therefore, this study aimed to verify the efficiency of the method of handwashing soap hands with five employees, each performing a different function. Samples with swabs where taken while LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original employees were performing their routine activities and after hand, in order to analyze and pinpoint the nonconformities encountered. According to the results obtained by microbiological analysis, handlers, in its entirety, presented before and after handwashing a high count of microorganisms, specifically bacteria and yeasts, possibly due to the inefficiency of hand hygiene or low action of the detergent antiseptic used in the unit. Keywords: Hand Disinfection; Microbiological Analysis; Hand Sanitizers.

Introdução Segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição de 2007, o conceito de segurança alimentar anteriormente era limitado somente ao abastecimento, porém foi ampliado, incorporando o acesso universal aos alimentos, o aspecto nutricional e consequentemente as questões relativas à composição, à qualidade e ao aproveitamento biológico. Um dos pontos principais para a segurança alimentar dos alimentos com qualidade tanto do ponto de vista nutricional quanto em relação à segurança alimentar é o Manual de Boas Práticas (MBP), ele envolve requisitos fundamentais que compreendem desde as instalações do estabelecimento, a rígida higiene pessoal, local e dos equipamentos e utensílios, e a descrição detalhada dos procedimentos tomados na Unidade de Alimentação (GHISLENI; BASSO, 2008). Os alimentos frequentemente estão expostos durante seu processo de elaboração, à uma serie de perigos ou oportunidades de contaminação microbiana, relacionadas às práticas inadequadas de processamento e manipulação, onde a maioria dos perigos ocorre no processo de manipulação, pois, o manipulador entra em contato direto com o alimento, podendo haver contaminação por diversas vias, como: boca, pele, cabelos, ferimentos e o principal, as mãos e unhas, principal meio de contato do manipulador com o alimento (NETO; ROSA, 2014). A microbiota das mãos é constituída de bactérias transitórias e residentes. As transitórias são as que colonizam a camada superior da pele que é frequentemente adquirida pelo contato com outras pessoas ou superfícies LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original contaminadas, compostas por bactérias gram-negativas e de fácil remoção pela lavagem das mãos. As residentes se localizam nas camadas profundas da pele, mais difíceis de serem removidas e não associadas à infecção cruzada, compostas por bactérias gram-positivas (CUSTÓDIO et al., 2009). Por isto, SHOJAEI et al (2006) ressaltam que é geralmente aceito que as mãos de manipuladores sejam um importante veiculo de contaminação cruzada de alimentos, e que a melhora na higiene pessoal e escrupulosa lavagem das mãos podem levar ao controle básico da difusão de microrganismos transitórios potencialmente patogênicos (SHOJAEI et al, 2006 apud NETO; ROSA, 2014). A lavagem das mãos é uma medida eficaz de prevenção da transmissão cruzada de microrganismos e, apesar da relativa simplicidade deste procedimento, ainda se observa uma forte resistência à sua utilização. A higienização adequada dos equipamentos e utensílios bem como a do próprio manipulador é um dos fatores mais importante para o controle de qualidade do alimento (KOCHANSKI et al. 2009; CUSTÓDIO et al. 2009). Neste sentido, este estudo tem como objetivo observar e avaliar a prática de lavagem das mãos dos funcionários de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) da cidade de Fortaleza-CE, coletando o soap das mãos dos manipuladores antes e depois da lavagem das mãos, levando para um laboratório de microbiologia para ser inoculado de modo a apontar ações corretivas para as não conformidades encontradas.

Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada em uma unidade produtora de refeições, com gestão terceirizada, durante o mês de março de 2014. A unidade possui um quadro de 40 funcionários, com um regime de trabalho de oito horas diárias. Foi observada visualmente a prática da lavagem de mãos de cinco funcionários, todos do sexo masculino: um cozinheiro, um auxiliar de cozinha, um saladeiro, um estoquista e um funcionário de serviços gerais. Depois da observação visual, foram colhidas aleatoriamente duas amostras das mãos destes funcionários para realização de análise microbiológica. A primeira, enquanto LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original executavam suas funções dentro da unidade, e a segunda, após a lavagem das mãos. O método utilizado foi análise da microbiota normal das mãos. Para a coleta, os materiais utilizados foram: Swab, um bastão de haste longa com algodão em uma das pontas, estéril, semelhante a um cotonete, e solução salina 1,0 %. Foi colhido o material das mãos de cada funcionário selecionado, durante o trabalho e logo após lavarem as mãos. Em seguida, os tubos de ensaio com as amostras foram levados acondicionados para o Laboratório de Microbiologia, semeados em placas de Petri, contendo PCA (Plate count Agar, meio utilizado para crescimento microbiano), da marca Kasvi. Os meios de cultura foram incubados a 37ºC em estufa da marca Quimis, por 24 horas.

Resultados Foi verificado, por meio do acompanhamento e observação visual que, os manipuladores e funcionários em geral raramente lavavam as mãos quando entravam na cozinha, durante a preparação de alimentos ou quando mudavam de atividade. Não realizavam a higienização das mãos de forma adequada ou quando necessário e não seguiam as orientações de boas práticas de higiene das mãos. De acordo com os resultados obtidos, tanto na análise microbiológica do material colhido durante a execução de trabalho quanto após a lavagem de mãos, observou-se uma alta contagem de microrganismos, precisamente bactérias e leveduras, possivelmente devido à ineficiência da higienização das mãos. Essas bactérias podem ser do tipo patogênico, podendo representar um risco de desenvolvimento de toxinfecção alimentar para os consumidores dos alimentos manipulados por esses funcionários. Discussão Segundo STEFANELLO, LINN, MESQUITA (2009), o objetivo principal das Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) é oferecer uma alimentação equilibrada principalmente do ponto de vista higiênico sanitário, contribuindo para o beneficio do comensal. Contudo, há um grande número de agentes LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original etiológicos de toxinfecção alimentar que traz perigo à saúde desses comensais. Por isso, as empresas devem se utilizar de técnicas de segurança para não expor o seu comensal a problemas alimentares, até porque o maior desafio das refeições coletivas é manter a qualidade e a segurança dos alimentos. E essa garantia da qualidade higiênico sanitária dos alimentos pode ser realizada principalmente através de programas de capacitação dos manipuladores com treinamentos específicos sobre as etapas da manipulação, que incluem a produção, transporte, armazenamento e distribuição dos alimentos. Assim, de acordo com SILVA et al (2012), as mãos são consideradas as principais ferramentas de execução de tarefas realizadas pelos manipuladores de alimentos, apesar disso, as mãos recebem pouca atenção, funcionando, de forma indevida, como disseminadora de microrganismos patogênicos causadores de enfermidades no ser humano. A importância da higienização das mãos para a fabricação de um alimento seguro é baseada na capacidade da pele para abrigar microrganismos e transferilos de uma superfície para a outra, por contato direto, pele com pele, ou indireto, por meio de objetos. A microbiota normal da pele pode ser dividida em residente que é composta por elementos que estão frequentemente aderidos na camada córnea, formando colônias de microrganismos que se multiplicam e se mantêm em equilíbrio com as defesas do hospedeiro, onde seu componente mais comum são os Staphylococcus ou transitória que é composta por microrganismos que se depositam na superfície da pele, provenientes de fontes externas, colonizando temporariamente os extratos córneos mais superficiais. Normalmente é formada por bactérias gram negativas. Porém, são mais facilmente removidos da pele por meio de ação mecânica. Os microrganismos que compõem a microbiota transitória também se espalham com mais facilidade pelo contato e são eliminados com mais facilidade pela limpeza com agentes antissépticos (SANTOS, 2002). Um estudo realizado por NETO, ROSA (2014) com 36 manipuladores de cinco estabelecimentos da cidade de Cuiabá-MT quanto à higienização das mãos dos manipuladores mostrou que somente os funcionários do estabelecimento denominado “C” apresentaram resultados satisfatório, quanto à higienização das mãos em todos os seus manipuladores, já os manipuladores dos estabelecimentos A, B, D e E, apresentaram contagens de Staphylococcus coagulase positiva em 25% (A), 60% (E), 90% (D) e 100% (B) após a análise dos LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original dados, mostrando que os manipuladores não higienizavam adequadamente as mãos, visto que a classificação de contaminação foi de moderada a pesada. Segundo MESQUITA et al (2006), as mãos dos manipuladores, após lavagem com água e sabonete líquido, com ou sem antissepsia, devem estar livres de microrganismos potencialmente patogênicos, pois, para ele, as mãos são consideradas o principal veículo de transferência de agentes infecciosos.

Conclusão Conclui-se então que, há uma necessidade contínua de controlar os riscos, visto que, de acordo com os resultados da avaliação visual, não há uma frequência satisfatória e adequada de lavagem de mãos pelos manipuladores, ou seja, a forma de higienização das mãos provavelmente seja ineficiente, requerendo assim, medidas eficazes de combate específico de higiene. Contudo, não se descarta outros fatores que também podem estar associados aos resultados, como a qualidade higiênico-sanitária da matéria-prima, equipamentos, utensílios do ambiente da preparação dos alimentos e da qualidade dos sabonetes líquidos antissépticos.

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LIMA, Myréia Silva; MAIA, Samila Ricardo; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; FOSCHETTI, Danielle Abreu; CERQUEIRA, Gilberto Santos; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa. Análise microbiológica da lavagem de mãos em funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição de Fortaleza-CE. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 61-69, out. 2015.

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Artigo original Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar Ana Beatriz Dutra Lima Ribeiro Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Ana Kaline Diógenes Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Marília Marinho Marques Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Sarah Ferreira Silva Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Ariane Teixeira dos Santos Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Francisco Nataniel Macêdo Uchoa Mestrando em Ciências do Desporto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD/PT.

RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original Ana Patrícia Oliveira Moura Lima Graduada em Nutrição. Mestre em Saúde Pública. Doutoranda em Ciências Morfofuncionais- UFC. Docente em Nutrição no Centro Universitário Estácio FIC.

Resumo O desperdício de alimentos é sinônimo de falta de qualidade e deve ser evitado através de um planejamento adequado, a fim de que não existam excessos de produção e consequentes sobras. O objetivo deste trabalho é investigar os fatores de cocção e correção de diferentes tipos de carne em UAN hospitalar na cidade de Fortaleza – CE. Trata-se de um estudo transversal e descritivo, realizado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de um Hospital maternidade da cidade de Fortaleza/CE. Foram analisadas 5 amostras de carnes e aves de tipos e marcas diferentes e foram investigados o fator de correção, o fator de cocção e a perda de cada amostra. Observou-se que em relação ao fator de correção nota-se que a carne que obteve a maior média foi o filé de frango resultado de 1,05 com ± 0,03 DP. Já em relação ao fator de cocção houve uma média igual entre o bife do vazio que foi de 0,8 com ± 0,05 DP e a bisteca suína apresenta a média de 0,8 com ± 0,17 DP e falando do percentual de perda a amostra que apresentou a maior média foi o frango é de 42,2% com ± 2,58 DP e conclui-se que é importante a verificação de medidas corretivas para amenizar a perda e diminuir o fator de correção e cocção de tais alimentos. Palavras-chaves: fator de cocção, perda, unidade de alimentação, fator de correção.

RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original Abstract

Introdução As unidades de alimentação e nutrição são órgãos de estrutura administrativa simples, porém de funcionamento complexo, visto que, em geral, neles são desenvolvidas atividades que se enquadram nas funções técnicas, administrativas, comerciais, financeira contábil e de segurança. Funções especiais, imprescindíveis a qualquer empresa, independentemente de seu tamanho ou personalidade jurídica (TEIXEIRA, 2010). O êxito no funcionamento das UANs está na dependência da definição clara de seus objetivos, de sua estrutura administrativa, de suas instalações físicas e recursos humanos e, sobretudo, da normatização de todas as operações desenvolvidas, que devem ser respaldadas nos cinco elementos do processo administrativo básico, preconizado por FAYOL, previsão, organização, comando, coordenação e controle (TEIXEIRA, 2010). Segundo Teixeira (2010), as atividades administrativas incluem funções de planejamento, direção controle e organização. Para as técnicas são necessários conhecimentos mais específicos. O controle tem como objetivo identificar obstáculos, corrigir e reformular os planos e informações para futuras programações. As UANs hospitalares têm como finalidade melhorar os serviços prestados por meio de um planejamento competente, de um conhecimento aprofundado dos processos executados e da disseminação do conceito de alimentação saudável, para seus pacientes, acompanhantes e funcionários. Para o bom desempenho dos Serviços de alimentação, uma condição importante é o planejamento adequado do volume de refeições a ser preparado, pois visa entre outros aspectos diminuir ou controlar o desperdício de alimentos (SILVA JUNIOR; TEIXEIRA, 2008). Se tratando mais especificamente de alimentos proteicos, pois seus custos são mais elevados, um dos índices utilizados para acompanhamento do desperdício de alimentos é o fator de correção, também conhecido como indicador de parte comestível ou fator de perda. O fator de correção é um índice que define RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original a quantidade de alimentos a ser comprada, considerado o que será perdido durante a preparação, da limpeza e subdivisão, ou seja, a relação entre o peso bruto e o liquido. Permite comparar preços de alimentos adquiridos in natura e alimentos adquiridos pré-preparados ou os prontos para consumo, permitindo ainda avaliar as perdas com ossos, gordura, tecido cognitivo, entre outros (PARISOTO D.F., HAUTRIVE T.P., et al, 2013). O fator de cocção (FCY) ou indicador de conversão é definido como a relação entre a quantidade de alimento cozido e a quantidade de alimento cru e limpo usado na preparação. O fator de cocção define o rendimento do alimento as preparações, assim, como a capacidade dos utensílios e/ou equipamentos que serão utilizados (PARISOTO D.F., HAUTRIVE T.P., et al, 2013). A normatização das operações realizadas para o funcionamento adequado de uma UAN possibilitará a racionalização do trabalho e permitirá uma avaliação constante de seu desempenho, a partir da qual poderão ser definidas que modificações são necessárias, tornando possível, em tempo hábil, proceder as reformulações e redirecionamento pertinentes (TEIXEIRA, 2010). O objetivo deste trabalho é investigar os fatores de correção, fator de cocção e sua respectiva perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar, localizada na cidade de Fortaleza – CE. Metodologia Trata-se de um estudo transversal e descritivo. O estudo foi realizado na Unidade de Alimentação e Nutrição do Hospital da Mulher, localizado em Fortaleza-CE, no período de fevereiro e março de 2015. Foram selecionadas amostras de carne bovina, suína e aves. Respectivamente, cupim, bife do vazio, bisteca suína, coxa e sobrecoxa de frango e filé de frango. O alimento, ao chegar na Unidade foi pesado, com auxílio da balança digital de cozinha, modelo Belmak, na qual será extraído o peso bruto e armazenado sob refrigeração -11°C, no dia anterior a sua utilização separou-se a quantidade de carne necessária sendo armazenadas sob refrigeração 2°C, assim estaria preparada para uso 24h após para realizar a cocção. O fator de correção das amostras foi calculado com o auxílio do programa Excel 2013.

RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original Resultados e Discussão

Média fator de correção

Ao analisar os cálculos do fator de correção que é feito através da divisão do peso bruto (peso do produto adquirido) pelo peso liquido (peso do produto após limpo), verificou-se que a média do fator de correção do Frango (coxa e sobrecoxa) foi de 1,12 com ± 0,02 DP; Filé de frango foi de 1,05 com ± 0,03 DP; Bife do vazio foi de 1,11 com ± 0,05 DP; Bisteca Suína foi 1,06 com ± 0,03 DP e do Cupim foi de 1,08 com ± 0,10 DP (Figura 1). 1,14 1,12 1,1 1,08 1,06 1,04 1,02 1

Fator de correção Fg

FFg

Bdv

BS

Cp

Diferentes tipos de carne

Figura 1: Gráfico de avaliação do fator de correção de diferentes tipos de carne.

Média Fator de Cocção

Ao observar o fator de cocção dos diferentes tipos de carnes tem-se que a média do fator de cocção do frango é de 0,6 com ± 0,05 DP; Filé de frango a média é de 0,7 com ± 0,05 DP; Bife do vazio é 0,8 com ± 0,05 DP; Bisteca suína apresenta a média de 0,8 com ± 0,17 DP e o Cupim apresenta a média de 0,8 com ± 0,14 DP (Figura 3). 1 0,8 0,6 0,4

Fator de Cocção

0,2 0 Fg

FFg

Bdv

BS

Cp

Diferentes tipos de carnes Figura 3: Gráfico da avaliação do fator de cocção dos diferentes tipos de carne.

Em relação ao percentual de perdas dos diferentes tipos de carne verificase a média do frango é de 42,2% com ± 2,58 DP; Filé de frango a média é 28,2% RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original com ± 3,02 DP; Bife do vazio a média é 22,9% com ± 6,68 DP; Bisteca suína a média é 17,7% com ± 20,42 DP e o Cupim tem a média 23,3% com ± 20,62 DP (Figura 4).

Média perda (%)

50 40 30 20

% Perda

10 0 Fg

FFg

Bdv

BS

Cp

Diferentes tipos de carne Figura 4: Gráfico da avaliação do percentual de perda dos diferentes tipos de carne.

A figura 1 mostra os fatores de correção dos diferentes tipos de carne. Percebe-se que estes têm uma perda no peso quando submetido à cocção e esta perda varia com o tipo de preparo. Em uma pesquisa feita por Parisoto et al (2013) os autores mostraram que o a média do fator de correção das carnes bovinas e aves (não especificadas) foi de 1,04 para carne bovina e 1,02 de carne de frango, resultados próximos ao presente estudo. O valor dos fatores de cocção encontrado para o frango frito (sobre coxa) foi semelhante ao encontrado em uma pesquisa feita por Silva et al (2012), onde mostra que a média da sobrecoxa frita foi de 0,76 ± 0,04DP. E a bisteca suína nesse mesmo estudo teve média de 0,76 ± 0,03DP, apresentando também o resultado semelhante ao presente estudo. Também nesse mesmo estudo foram encontrados os seguintes resultados: coxão mole 0,85(±0,01) DP e para carne moída 1,04 (±0,02), este último sendo o que pouco se aproximou com os resultados obtidos pelo bife do vazio. Estudo realizado com sobrecoxa do frango utilizando-se uma estufa de aquecimento elétrico ao invés do forno convencional com amostra de 100g mostrou perda por cocção de 15% (±0,38) DP (SILVA et al, 2012). Este valor é RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original relativamente próximo ao resultado obtido com a sobrecoxa do frango deste estudo. Em outro estudo feito com cozimento de bisteca suína por radiação infravermelha com comprimento de onda de 1,5 µm a média da perda foi de 19,63% (HARTKE, 2008) aproximando-se do resultado obtido com a bisteca suíno do presente estudo. Não foi encontrado na literatura estudos realizados com carnes vermelhas do tipo cupim e bife do vazio, não sendo possível a comparação com o presente estudo. Ao fim deste trabalho, pode-se concluir que o percentual de perda, após o processo de cocção das carnes, varia de acordo com o tipo de carne utilizado, como também varia o fator de correção. Tal fato indica que a coxa e sobrecoxa de frango apresentou o maior percentual de perda. Enquanto o bife do vazio, bisteca e cupim apresentaram perdas significativas, mas menores que as citadas anteriormente. Conclui-se também que é importante a verificação de medidas corretivas para amenizar a perda e diminuir o fator de correção e cocção de tais alimentos.

Referências bibliográficas ABREU ES, SPINELLI MGN, ZANARDI AMP. Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Metha, 2003. HARTKE, C.W. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE COCÇÃO DE ALIMENTOS POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA. Dissertação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. PARISOTO D.F, HAUTRIVE T.P, CEMBRANEL F.M. Redução do desperdício de alimentos em um restaurante popular, Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Ponta Grossa, 2013. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br. Acesso em abril de 2015. PAVIM, Brenda. K. A incorporação de água no frango como fraude econômica no Brasil. 2009. 66 f. Monografia (Pós-Graduação em Higiene e Inspeção de 37 RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original Produtos de Origem Animal (HIPOA)) - Instituto Qualittas De Pós-Graduação, Universidade Castelo Branco (UCB), Curitiba, 2009. SILVA JUNIOR, E.; TEIXEIRA, R. P. A. Manual de procedimentos para utilização de sobras alimentares. 2008. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/. Acesso em: abril de 2015. SILVA, P.C et al. Análise do Fator de Cocção de Alimentos. 2012 VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação – VIICONNEPI. TEIXERA S.M.Z; CARVALHO J; BISCONTINI, T.M. Administração aplicada às unidades de alimentação e nutrição. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010. VENTURINI, K.S. et al. Tabela 1 - Características da Carne de Frango. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, 2007. Disponível em: http://www.agais.com/telomc/b01307_caracteristicas_carnefrango.pdf. Acesso em: abril de 2015.

RIBEIRO, Ana Beatriz Dutra Lima; DIÓGENES, Ana Kaline; MARQUES, Marília Marinho; SILVA, Sarah Ferreira; DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Ana Patrícia Oliveira Moura. Investigação dos fatores de correção, fator de cocção e perda em diferentes tipos de carnes em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 71-78, out. 2015.

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Artigo original Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia Ariane Teixeira dos Santos Graduando em Nutrição - Centro Universitário Estácio FIC.

Francisco Nataniel Macêdo Uchoa Graduando em Nutrição- Centro Universitário Estácio FIC.

Myréia Silva Lima Graduada em Nutrição - Centro Universitário Estácio FIC.

Natália Macêdo Uchoa Graduada em Fisioterapia - UNIFOR.

Daniele Abreu Foschetti Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus Porangabuçu, Fortaleza, Ceará, Brasil.

Thiago Medeiros da Costa Daniele Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará e professor da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Gilberto Santos Cerqueira Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí. DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original Resumo As pesquisas sobre as propriedades funcionais de alguns alimentos cresceram significativamente, alguns deles apresentam propriedades preventivas contra doenças cardiovasculares e ateroscleróticas. O objetivo no trabalho foi verificar a viabilidade quanto às características nutricionais e sensoriais do biscoito tipo cookie elaborado com cacau e aveia. Para a elaboração deste biscoito funcional utilizou-se como ingredientes principais o cacau em pó (100g) (Thebroma cacao L.) e a aveia em flocos (100g) (Avena sativa). Os demais ingredientes da formulação foram a farinha de trigo (240g), açúcar (200g), ovos (56,6g) e margarina (50g). A partir dos resultados obtidos pela análise sensorial do biscoito elaborado com cacau e aveia: a média de aceitação do biscoito teve um nível de aceitação considerável, pois, das 38 pessoas que participaram da análise, 80% (n = 16 pessoas) relataram uma boa aceitação do produto em relação a sua textura atribuindo 9 pontos da escala hedônica e de 3 ponto na escala, uma média de 50% (n = 2 pessoa), de rejeição pelo biscoito desenvolvido.

Resumén La investigación sobre las propiedades funcionales de algunos alimentos aumentado significativamente, algunos de ellos tienen propiedades preventivas contra enfermedades cardiovasculares y ateroscleróticas. El objetivo del estudio fue evaluar la viabilidad de las características nutricionales y sensoriales de la cokie tipo galleta hecha con cacao y harina de avena. Para diseñar la galleta funcional se utilizó como ingredientes principales de cacao en polvo (100 g) (Thebroma cacao L.) y copos de avena (100g) (Avena sativa). Otros ingredientes de la formulación eran de harina (240 g), azúcar (200 g), huevo (56,6g) y la margarina (50 g). A partir de los resultados obtenidos mediante el análisis sensorial galleta hecha con cacao y harina de avena: la aceptación de cookies de promedio tenía un considerable nivel de aceptación, por lo tanto, de las 38 personas que participaron en el análisis, el 80% (n = 16 personas) reportaron una buena la aceptación del producto en relación con su textura dando 9 puntos de la escala hedónica y 3 punto de la escala, un promedio de 50% (n = 2 persona), el rechazo por la cookie desarrollado.

DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original Introdução Nas últimas décadas vários países passaram por grandes transições, no Brasil essa transição gerou importantes mudanças para o cenário das patologias. O aumento de pessoas com sobrepeso, obesidade, hipertensão ou diabetes vem sendo decorrente da mudança do padrão alimentar, denominado transição nutricional (MALTA et al., 2006). O diabetes mellitus é uma alteração metabólica, uma patologia caracterizada pela hiperglicemia, consumo excessivo de açúcar, carboidrato simples, que gera uma deficiência na secreção de insulina. Essa enfermidade leva a uma redução na qualidade de vida, sendo uma das maiores causas de mortalidade, insuficiência renal, cegueira e amputações de membros. Além disso, em decorrência do diabetes os portadores podem adquirir problemas cardiovasculares (TOSCANO, 2004). A hipertensão arterial é uma doença de caráter assintomático, sendo responsável por complicações coronarianas, renais e cardiovasculares. Os casos de doenças cardiovasculares no Brasil teve uma redução de 31%, mas em relação às mortes a América do Sul tem os maiores índices se comparado a países como EUA e Reino Unido. Os casos de acidente vascular encefálico e infarto poderiam ser evitados com terapias anti-hipertensivas, mudanças no estilo de vida e modificações na dieta (SCHMIDT et al., 2011; TOSCANO, 2004). As pesquisas sobre as propriedades funcionais de alguns alimentos cresceram significativamente, alguns deles apresentam propriedades preventivas contra doenças cardiovasculares e ateroscleróticas. A elaboração de produtos com propriedades funcionais teve origem no Japão na década de 90, quando o governo elaborou um programa com o objetivo de desenvolver alimentos saudáveis para a população idosa. Em meados de 1991 o Japão regulamentou essa classe de alimentos sendo denominada Foods for Special Healt Use (FOSHU). Ao passo em que as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde concomitantemente as indústrias começaram a produzir alimentos com propriedades funcionais e atualmente estes produtos representam uma porcentagem significativa em relação aos novos produtos alimentares que estão surgindo (ANJO, 2004; ADA, 2004; MORAES, COLLA, 2006; MOREIRA, 2010). Os alimentos funcionais têm esta denominação, pois possuem propriedades capazes de gerar benefícios para a saúde física e mental e DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original prevenção de doenças crônico-degenerativas (ANGELIS, 2011). Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) os alimentos com propriedades funcionais são aqueles que contêm nutrientes com ações metabólicas ou fisiológicas no crescimento, desenvolvimento e manutenção das funções do organismo. Estes alimentos devem ter em sua composição propriedades medicinais fazendo parte da composição de alimentos normais, mas que tenham capacidades de regular funções corporais, auxiliando na proteção contra doenças não transmissíveis (MOREIRA, 2010). Existem vários alimentos que têm em sua composição propriedades funcionais, como é o caso da aveia. Este cereal, denominado Avena sativa L., tem um grande valor nutricional, contém em sua composição aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas, sais minerais e fibras essenciais para o equilíbrio do organismo (BORGES et al., 2006). As fibras alimentares contidas na aveia têm em sua composição polissacarídeos e ligninas e podem ser classificadas em solúvel e insolúvel em água. As fibras solúveis são compostas por pectinas, betaglicanas, gomas, mucilagens e hemiceluloses, enquanto que as fibras insolúveis têm em sua composição lignina, pectina insolúvel, celulose e hemicelulose (WALKER, 1993). A aveia está ganhando mais espaço na alimentação das pessoas depois das descobertas dos benefícios que possui seus compostos. No entanto, apesar de ser um alimento rico nutricionalmente, a sua utilização ainda é ínfima, sendo utilizada mais comumente em alimentos infantis e cereais matinais (FRANCISCO, 2004; WEBSTER, 1986). O cacau é outro alimento com propriedades funcionais importantíssimas, o processamento desta fruta resulta na fabricação de chocolate. Este alimento tão consumido no Brasil e no mundo é rico em polifenóis, um rico composto antioxidante (BUZALAF et al., 2003). O cacau tem em sua composição além dos polifenóis (10% na sua forma original), uma quantidade significativa de gordura (variando entre 40 a 50%), ácido oleico (33%) e os valores restantes são compostos por ácido esteárico que apesar de ser gordura saturada, ao ser metabolizado no organismo humano é convertido em ácido oleico (D’EL REI, MEDEIROS, 2011). Os flavonoides contidos no cacau têm ações essenciais na prevenção contra doenças cardiovasculares e outras patologias crônicas não transmissíveis, são capazes de suprimir a produção de mediadores pró-inflamatórios e estimular a DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original produção de óxido nítrico, um mediador anti-inflamatório. Por ter ação antioxidante os flavonoides também atuam diretamente no endotélio suprimindo o desenvolvimento da aterosclerose (BEHLING, et al., 2004; KNIBEL, 2009; SANTOS, 2010). Assim, os alimentos funcionais possuem propriedades importantes que podem combater o desenvolvimento de determinadas doenças, no entanto para que seus efeitos sejam notados é preciso ter uma alimentação equilibrada, contendo todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo humano. Essas propriedades funcionais atuam como remédios, no entanto para obter efeito é necessário ingerir uma dose diariamente. Neste intuito verificou-se a importância da elaboração de um cookie que agregasse tanto os atrativos sensoriais como alguns nutrientes funcionais.

Metodologia Para a elaboração deste biscoito funcional utilizou-se como ingredientes principais o cacau em pó (100g) (Thebroma cacao L.) e a aveia em flocos (100g) (Avena sativa). Os demais ingredientes da formulação foram a farinha de trigo (240g), açúcar (200g), ovos (56,6g) e margarina (50g). Todos os produtos foram adquiridos no comércio local. A formulação foi realizada adicionando-se em uma tigela a farinha de trigo, a aveia, o cacau e o açúcar, e sovando todos os ingredientes com uma colher. Após isto, adiciona-se a margarina e em seguida adiciona os ovos, sovando a massa até obter uma textura um pouco consistente. Abrimos a massa em uma superfície lisa e enfarinha e com o auxílio de um molde redondo cortamos a massa em pequenos biscoitos com 3cm de diâmetro e aproximadamente 2mm de espessura. Em uma forma untada levamos ao forno, pré-aquecido, por 30 minutos à temperatura de 150 ºC. Após a saída do forno, os biscoitos foram resfriados á temperatura ambiente e acondicionados em recipientes plásticos. A preparação rendeu cerca de 90 biscoitos, que logo em seguida foram submetidos para análise sensorial. A análise sensorial foi realizada com 38 pessoas em uma Unidade de Alimentação situada na cidade de Fortaleza – CE, que responderam a DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original questionário elaborado com escala hedônica de 9 pontos, analisando o produto quanto à textura, sabor e dureza. A análise estatística dos dados foi realizada com o auxílio do programa Excel 2013.

Resultados Por meio do teste de aceitação do produto pela escala hedônica de nove pontos, foi possível observar a aceitação do produto pelos consumidores. A partir dos resultados obtidos pela análise sensorial do biscoito elaborado com cacau e aveia: a média de aceitação do biscoito teve um nível de aceitação considerável, pois, das 38 pessoas que participaram da análise, 80% (n = 16 pessoas) relataram uma boa aceitação do produto em relação a sua textura atribuindo 9 pontos da escala hedônica e de 3 pontos na escala, uma média de 50% (n = 2 pessoa), de rejeição pelo biscoito desenvolvido. Sendo assim, por se tratar de produtos à base de cacau e aveia, o presente estudo demonstrou um resultado satisfatório em relação a textura do biscoito desenvolvido (Figura 1).

TEXTURA 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

80% 42%

50% 32% 13%

Figura 1. Textura do biscoito elaborado

DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original O sabor foi considerado como “gostei moderadamente” por aproximadamente 42% dos provadores para 26% dos provadores o biscoito foi considerado como “gostei muito”. Tais resultados indicam uma boa aceitação do biscoito. Em contrapartida 80% dos provadores relataram que “nem gostei nem desgostei” e 50% “desgostei moderadamente” atribuindo a esse resultado o fato de o biscoito apresentar em sua formulação uma baixa quantidade de açúcar apresentando o gosto acentuado dos demais ingredientes.

SABOR 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

80% 50%

42% 26%

19%

Figura 2. Parâmetros do sabor do biscoito elaborado

Em relação à intensidade da dureza, em torno de 80% consideraram a amostra como moderadamente firme tendo uma boa aceitação do biscoito desenvolvido aproximadamente 11% dos provadores “desgostei moderadamente” atribuindo esse resultado ao fato dos provadores terem considerado o biscoito extremamente firme (Figura 3).

DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original DUREZA 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

80%

37%

39%

50% 11%

Figura 3. Parâmetros de dureza do biscoito elaborado

Discussão Um estudo semelhante realizado por Saydelles et al., (2010), no desenvolvimento de biscoito com cacau enriquecido com fibra se mostrou mais nutritivo se comparado ao biscoito recheado industrializado. Além disso, o produto demonstrou atributos sensoriais aceitáveis perante os escolares, tornando-se alternativa mais saudável na tecnologia de desenvolvimento de novos produtos. Em nosso estudo encontramos aceitabilidade de 80% dos provadores que consideraram a amostra aceitável tendo resultados semelhantes ao de Saydelles et al., (2010). Os resultados encontrados por Castro e Maurício ( 2008) na elaboração de biscoito integral fonte de fibra, inseto de lactose e gordura trans mostrou resultados semelhantes ao nosso estudo, onde obteve 59% de aceitação 44 pessoas que participaram da análise, 59% (n = 86 pessoas) relataram como aceitação do produto de 8 a 9 pontos da escala hedônica, na analise sensorial do nosso estudo 80% dos provadores considerarão a amostra aceitável em relação a rejeição de 2 a 1 ponto na escala, uma média de 1% (n = 1 pessoa), de rejeição pelo biscoito desenvolvido em comparação com nosso resultados 50% rejeitarão a amostra do biscoito. Sendo considerado um resultado satisfatório. Mesmo sendo a dureza uma das características mais importantes para o consumidor, amostras selecionadas com diferentes durezas tiveram a mesma aceitabilidade. Assim, uma vez que foram observadas massas mais moles e DOS SANTOS, Ariane Teixeira; UCHOA, Francisco Nataniel Macêdo; LIMA, Myréia Silva; UCHOA, Natália Macêdo; FOSCHETTI, Daniele Abreu; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Análise sensorial de um biscoito funcional a base de cacau e aveia. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 3, p. 79 89, out. 2015.

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Artigo original massas mais duras com relação à modelagem. Esses resultados comparados ao nosso estudo os provadores considerarão a amostra da análise sensorial do biscoito de teve uma boa aceitabilidade em relação à dureza (MARETI; GROSSMANN, 2010). Resultados encontrados pelo GutkoskI et al., (2007) utilizando aveia na fabricação de barra de cereal foi verificado que o produto apresentam propriedades sensoriais agradáveis, similares às barras industrializadas, com maior aceitabilidade as de média concentração de açúcar na calda e altos teores de fibra alimentar. Levando em consideração que aveia pode ser utilizada com ingredientes para vários produtos alimentares.

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