CLB - Euclides da Cunha

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Canudos: campanha militar/Acervo RV

bro, na Revista Brasileira, “A loucura epidêmica de Canudos”, em que diagnostica o líder da comunidade como portador de psicose primitiva e delírio crônico. Recebe do major Miranda Curio, médico-chefe da 4ª. Expedição, o crânio do Conselheiro; divulgará, em 1901, parecer sobre suas medidas cefálicas, que apresentavam, segundo ele, as características normais de um “mestiço”, com os traços antropológicos de diferentes raças. O capitão Cândido José Mariano, comandante da força policial do Amazonas e ex-colega de Euclides na Escola Militar, publica, em Manaus, relatório sobre a atuação do 1º Batalhão de Infantaria em Canudos.

Canudos vista de uma encosta do morro da Favela, em desenho de Euclides da Cunha

Euclides contribui, em 16 de novembro, com 200 mil réis, para a subscrição em favor da família do marechal Bittencourt, que morreu, no dia 5, ao defender o presidente da República, atacado a faca pelo soldado Marcelino Bispo de Melo durante recepção no Arsenal de Guerra, do Rio, ao general João da Silva Barbosa, que retornava de Canudos. O atentado foi tramado por jacobinos e florianistas, que tinham se aliado ao vice-presidente, o baiano Manuel Vitorino Pereira, e ao deputado Francisco Glicério, chefe do Partido Republicano Federal, incapazes de deter a candidatura presidencial do go ver na dor pau lis ta Campos Salles, patrocinada por Prudente. No dia seguinte ao atentado, são atacadas no Rio as redações dos jornais jacobinos, entre eles O Jacobino, dirigido por Deocleciano Mártir, apontado como o principal instigador do atentado. Raimundo Nina Rodrigues, da Faculdade de Medicina da Bahia, publica, ainda em novem26

1898 Reassume, em 5 de janeiro, seu cargo na Superintendência de Obras Públicas e publica, em O Estado, no dia 19, o “Excerto de um livro inédito”, tre*Instituto Histórico Geográfico Brasileiro

dras trazidas da Bahia para análise e a Gabriel Prestes, diretor da Escola Normal, o menino Ludgero, órfão de Canudos, que é adotado. Tira quatro meses de licença para tratar da saúde e viaja para a fazenda do pai, em Descalvado, onde começa a escrever Os sertões. Suas reportagens sobre a guerra se encerram com “O batalhão de São Paulo”, que o Estado publica em 26 de outubro, por ocasião do regresso do 1º. Batalhão de Polícia paulista. Euclides elogia, no artigo, a bravura dos combatentes desse regimento. No mesmo dia, o monarquista Afonso Arinos acusa, em O Comércio de São Paulo, o general Artur Oscar de ter ordenado a degola dos prisioneiros e o incêndio do povoado; divulga ainda, em 22 de dezembro, o relatório de Lélis Piedade, do Comitê Patriótico da Bahia, sobre os abusos cometidos contra mulheres e crianças. O Comércio é o único jornal a protestar, de forma veemente, contra as atrocidades cometidas pelas Forças Armadas em Canudos.

Marechal Bittencourt, ministro da Guerra


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