Revista Cooperação Técnica RIB

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empreendedorismo do jovem e no desenvolvimento sustentável dos territórios rurais. Além da jornada, são produtos da rede o Intercâmbio da Juventude Rural Brasileira, que teve sua terceira edição em junho de 2010 (as anteriores foram em 2006 e 2008) e foi idealizado para proporcionar aos participantes a oportunidade de conhecer a realidade de jovens rurais de outras regiões do país; e a Vivência Profissional, que estreou este ano, abrindo espaço para os educadores da rede trocarem conhecimento e tecnologias. Luiz André explica a nova iniciativa: “Quisemos possibilitar um espaço para que as organizações se apropriassem das metodologias geradas a partir das experiências de sucesso no meio rural. Cada instituição enviou educadores para um período de estágio de uma semana, e eles retornaram com o compromisso de implementar as mesmas tecnologias em suas próprias instituições”.

Relações alimentadas por valores A proposta essencial da Rede Jovem Rural é alimentar constantemente a relação com os atores que a integram, ora articulando as instituições que se ocupam do apoio técnico, do fomento ou da análise de projetos voltados para o protagonismo do jovem do campo, ora subsidiando políticas públicas, sistematizando e divulgando experiências. Em cinco anos de atividades, os vínculos entre as instituições estão mais sólidos, e sua ação, potencializada; os programas de intercâmbio vêm, de fato, estimulando os participantes a assumirem sua identidade de jovens do campo; e a troca tornou-se mais rica. Na outra mão, a rede vem se solidificando e ganhando credibilidade em nível nacional por congregar instituições de referência no movimento pela juventude rural. Na verdade, a rede foi pensada considerando uma estrutura sólida. Por isso mesmo, após a I Jornada, as novas metas foram traçadas a partir de um mapeamento das organizações que trabalham com Educação do Campo no Brasil. O poder das relações em rede fica claro diante dos números das Jornadas Nacionais do Jovem Rural, que ocorrem a cada dois anos: depois dos 293 jovens oriundos de 12 estados

reunidos em 2005, foram setecentos de 22 estados, em 2007, e oitocentos dos 27 estados da Federação, em 2009. Oriundo de Iconha, a noventa quilômetros de Vitória, no sul do Espírito Santo, Ivan José Senna Ronqueti, de dezoito anos, ex-aluno da Escola Família Agrícola de Campinho, gerenciada pelo Mepes, esteve nessa terceira edição da jornada, realizada em Glória do Goitá, interior de Pernambuco. O evento foi sediado no local onde se situa o Campo da Sementeira, uma propriedade modelo onde o Serta concentra suas Unidades Pedagógicas de Produção Orgânica. Já no Centro de Formação e Reflexão do Mepes, em Piúma, litoral capixaba, a uma hora e meia da capital do estado, Ivan, acompanhado da inseparável viola fabricada pelo pai, José Danilo, conta que está convencido de que a cultura e o lazer são essenciais para o desenvolvimento e a união da comunidade, um dos pontos de discussão na última jornada: “O jovem sai do campo por achar que lá não encontrará diversão. Eu penso que pode ser feito o contrário: em vez de ir para a cidade, é melhor investir na cultura, na arte e no lazer na zona rural”.

Almir Bindilatti

Revista Cooperação Técnica RIB - www.iica.org.br l 56 l 14ª Edição


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