Nosso Campus #10 - Abril / Maio 2014

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Informativo mensal do Câmpus Salvador Abr / Mai 2014 Ano 2 N° 10

Salinas é destaque em pesca e aquicultura Projeto acadêmico beneficia ONGs

Combate à opressão é o mote do Coletivo Pagu


Com a palavra...

O final é clichê Certa vez, ouvi dizer que os fi nais são clichês, os problemas se resolvem, o mocinho e a mocinha se casam, as disputam terminam e todas as relações se encaixam de forma harmônica. É justamente esse senti mento que vivo agora e, talvez, seja esse tal fi nal de novela que os alunos do 4º ano começam a viver. Não é fácil concluir um curso. No IFBA, vivemos, desde o início, muitas expectati vas, depois decepções e surpresas. Mas é quase unanimidade que o Insti tuto Federal da Bahia transforma vidas! A maioria dos jovens que entra nos cursos integrados se depara com uma liberdade completamente diferente dos outros colégios. Alguns aproveitam essa liberdade para amadurecer - os que não o fazem raramente chegam até o fi nal. É justamente isso que o IFBA é capaz de fazer com as pessoas: crescer! Lembro-me até hoje da aula inaugural, quando professor Alberti no falava sobre uma relação de amor e ódio entre os alunos e o IFBA. Mas todos que se formaram queriam fi car mais um pouco. Confi rmo essa afi rmação e tenho certeza de que todos os

meus colegas formandos também gostariam de fi car mais um pouco. Talvez esse senti mento de pouco se torne muito, uma saudade que começa antes mesmo da nossa saída. Para os colegas, digo que as amizades consolidadas permane-

marcam de forma decisiva, mas, certamente, todos deixam algo que fi ca para sempre. O único casamento que percebo nesse fi nal é simbólico, um laço que vai permanecer ao longo da vida. Foram dias se preparando para aquela prova; um cansaço enorme naquela reposição de tarde; um esforço parti cipar daquele campeonato de futsal; “No IFBA, vivemos uma alegria passar em matemáti ca; aquela inesquecível manhã desde o início na praça vermelha; o desfrutar muitas expectativas, do vento na quadra externa; fi car estudando por dias na biblioteca; depois decepções aquela semana inteira de monie surpresas. Mas é torias; aquela lista de milhares de questões; aquela eleição conquase unanimidade turbada do grêmio; aquele pedido de 0,2 décimos ao professor; que o Instituto aquele óti mo professor; aquele Federal da Bahia professor chato; aquela aula que transforma vidas!” peguei no sono; aquele dia que fi quei até tarde no ponto de ônibus; aquela ladeira onde quase me assaltaram; aquela visita téccerão por anos, um companhei- nica que amei... Senti rei muita rismo que ajuda a enfrentar os falta desse IFBA! problemas e nos faz mais fortes. Aos professores, uma enorme José William Oliveira admiração. Bem verdade que Ex-aluno de automação inmuitos passam pela trajetória dustrial e ex-membro do grêmio dos alunos e não são todos que e do Conselho Superior (CONSUP)

Envie o seu arti go, de 30 a 40 linhas, ou sugestão de pauta para comunicacao_ssa@ifb a.edu.br, com nome completo, curso ou setor, além de contatos telefônicos. Serão desconsideradas as produções de caráter políti co-parti dário e/ou religioso, bem como conteúdos preconceituosos e depreciati vos a grupos e/ou pessoas. Reitora Aurina Santana, Diretor Geral do Câmpus Salvador Alberti no Nascimento, Coordenadora de Comunicação Andréa Costa - DRT BA 1962, Jornalista responsável Verusa Pinho - DRT BA 3546, Reportagem Gabriela Cirqueira e Verusa Pinho, Projeto gráfico Gustavo Pontas, Diagramação Felippe Moura e Lilian Caldas, Revisão Andréa Costa, Apoio administrativo Ana Paula Couti nho, Impressão Grasb | Periodicidade Mensal, Tiragem 1.000 exemplares, Circulação Câmpus Salvador e Reitoria | Endereço Rua Emídio dos Santos, s/n, Barbalho - Salvador/BA, CEP: 40301-015 | Telefone (71) 2102-9509 | Facebook IFBA_Salvador_Ofi cial | Site www.ifb a.edu.br | Email comunicacao_ssa@ifb a.edu.br

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Social

Inclusão digital

Professores e estudantes desenvolvem softwares para ONGs Elaborado pelo docente do Câmpus Salvador Luiz Machado, em parceria com o professor Luiz Cláudio dos Santos e estudantes do curso técnico de informáti ca do Câmpus Camaçari, o Projeto Ada tem por objeti vo dar oportunidades a organizações que precisam informati zar seus serviços, em busca de um melhor arranjo insti tucional, inserindo as pessoas no mundo globalizado através da inclusão digital. Com o compromisso de benefi ciar organizações não governamentais (ONGs), a ação começou em 2010, quando o professor Luiz Machado estava lotado em Camaçari, e já benefi ciou 10 insti tuições, com o desenvolvimento de sistemas para armazenamento de dados. “Diante desse contexto, as intenções são as melhores possíveis. Exercer o nosso papel de cidadão, ajudando insti tuições que não têm meios para adquirir um software que facilite suas demandas diárias. Para isso, uti lizamos os recursos tecnológicos aprendidos durante o curso”, explica o docente. “Quem deu o nome ao Ada - que é uma linguagem de programação - foi o aluno Pedro Torres, da primeira turma de informáti ca de Camaçari. Estamos na 3ª edição, com algumas novidades. Agora as ati vidades acontecem no Câmpus Salvador, com graduandos da engenharia industrial elétrica, que estão desenvolvendo os sistemas em linguagem Java e, posteriormente, farão o acompanhamento das pessoas responsáveis pelo armazenamento de dados nas insti tuições - Associação Benefi cente Metropolitana (ABM) e Associação de Combate às Drogas e Vio-

lência contra Crianças e Adolescentes do Estado da Bahia (Agencombate)”, conclui. Para Rubens Moreira, aluno do 5º semestre da referida graduação, a expectati va é de cumprir o esperado para uti lização do banco de dados de forma plena. “A linguagem de programação Java tem interface mais ‘elegante’, com aplicações de médio a grande porte. Criar a primeira versão de uma aplicação como essa, mesmo uti lizando ferramentas poderosas, é mais trabalhoso do que muitas linguagens de alta produti vidade. Porém, com uma linguagem madura como a Java, será mais fácil e rápido fazer alterações no sistema, desde que sejam respeitadas as boas práti cas e recomendações sobre design orientado a objetos”, descreve o jovem. Em março, os estudantes apresentaram os resultados alcançados, como nota fi nal da disciplina de computação aplicada. Na opinião do colega de curso, Victor Bulhosa, que, junto com mais dois graduandos - Gabriel Casaes e Diego Meireles - está desenvolvendo software voltado para o cadastro das crianças da ABM, a ideia é oferecer um programa simples, que não traga difi culdade na manipulação do usuário. “Nosso objeti vo é desenvolver um software capaz de realizar cadastros e gerar relatórios com as informações do banco de dados. Essa é a primeira vez que eu parti cipo de uma ati vidade assim. A iniciati va é importante porque, como futuros engenheiros, temos a obrigação de criar projetos que melhorem o modo de viver e trabalhar da sociedade”, conclui. NOSSO

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Capa

Pesca, aquicultura e meio ambiente: uma combinação mais do que necessária rar a captura desordenada de espécies para consumo, a pesca ilegal e os indícios de sobrepesca. Nesse contexto, o Câmpus Salvador do IFBA, através do Núcleo Avançado Salinas, vem promovendo a realização de cursos - por meio do Programa Certific - e eventos para promover o manejo adequado das espécies, dando suporte para um melhor investimento produtivo e sustentável nas áreas de pesca e aquicultura, com a formação e qualificação de profissionais para atuar no setor. “Com a criação dos Nupas - Núcleos de Pesquisa Aplicada em Pesca e Aquicultura - pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, liderados pelos institutos federais, e a oferta de recursos específicos para a pesquisa aplicada, um novo panorama foi aberto e, apesar da descontinuidade dessa política por parte do MEC, os Nupas caminharam e muito trabalho tem sido concretizado, incluindo a qualificação de professores em nível de mestrado e

doutorado no Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC). O IFBA, que já possui, no Câmpus Valença, o curso de aquicultura desde a sua fundação, tem agora, no Núcleo Avançado de Salinas da Margarida, um projeto para a implantação do curso técnico em pesca e aquicultura, com ênfase na produção e no desenvolvimento de espécies nativas”, comenta a docente Cristiane Silvão, integrante da comissão organizadora do seminário. Durante o evento, foram discutidos diferentes temas, como povoamento de manguezais, contaminação da BTS, desenvolvimento sustentável da pesca, aquicultura familiar, desempenho reprodutivo de espécies marinhas, zoneamento de parques aquícolas e licenciamento ambiental, Programa Certific, homeopatia na aquicultura, além da criação de crustáceos (carcinicultura), rãs (ranicultura) e peixes (pisicultura) para a alimentação FOTO: ARQUIVO SALINAS

O Brasil tem potencial para atingir, até 2030, uma produção anual de 20 milhões de toneladas de peixe, assumindo um papel importante no aproveitamento do pescado mundial. Atualmente, o país contabiliza 1,3 milhão de toneladas por ano, dado que revela não só o potencial existente, mas a necessidade de investimentos e atenção ao setor. Os dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foram motivadores para o l Seminário de Pesca, Aquicultura e Meio Ambiente de Salvador e Salinas da Margarida, promovido pelo IFBA, de 28 a 30 de abril. “O estado da Bahia possui mais de 1.000 km de litoral e a Baía de Todos -os-Santos (BTS) é uma das maiores do planeta, com importância econômica, social e histórica muito maior que o seu tamanho físico. Mais de três milhões de habitantes, inúmeras empresas e indústrias, além de um grande número de pescadores e marisqueiras, tiram de suas águas o sustento familiar. Integrar as informações sobre as atividades da pesca, aquicultura e meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento sustentável e duradouro das populações da BTS. Esse é o principal objetivo do evento”, explica o professor José Martin Ucha, presidente da comissão organizadora do seminário e coordenador do Núcleo Avançado de Salinas da Margarida. Segundo especialistas, a pesca artesanal necessita de mais ações governamentais, principalmente ao conside-

Professora Cristiane (ao centro) com mariscadeiras no laboratório móvel

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humana. Ao lado dessas palestras, conduzidas por profissionais do IFBA e especialistas de outras instituições, houve visita à Baía de Todos-os-Santos e apresentação cultural. A Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada (Rede Certific) é uma política pública de inclusão social que se institui através da articulação do Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em cooperação com as instituições e organizações que compõem a referida Rede, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). A ação no IFBA é voltada para trabalhadores/profissionais com idade mínima de 18 anos, que atuam ou tenham atuado na preparação de pescados, independentemente da escolaridade, com o objetivo de reconhecer os saberes adquiridos na sua trajetória de vida. Durante o processo, não é exigida documentação para comprovar experiência profissional, nem há limite de vagas, assim, todos os trabalhadores que se inscrevem são atendidos conforme calendário institucional divulgado após o término do processo de inscrição. No IFBA, o Programa Certific teve início em 2010, com a assinatura do convênio com a Prefeitura Municipal de Salinas da Margarida. Desde então, é o único da instituição em andamento. A partir de 2011, foram certificadas duas turmas concomitantemente em Conceição e Cairu, distritos de Salinas. Depois, o Certific esteve nas comunidades de Encarnação e na sede de Salinas, com mais de 150 mariscadeiras e pescadores certificados em preparação e higienização de pescados. Para obter a certificação, é oferecido um curso de 200 horas, com disciplinas voltadas para boas práticas de

FOTO: ARQUIVO SALINAS

Certific

Estudantes do programa participam de aulas práticas

fabricação; qualidade dos alimentos; pesca sustentável; saúde, meio ambiente e segurança no trabalho; inclusão digital e relações humanas; associativismo, cooperativismo e economia solidária. “O Certific em Preparação de Pescados foi o primeiro do país a adquirir um laboratório móvel completo, um trailer de 12 metros de comprimento, com cozinha, bancadas, microscópio e todo o equipamento necessário para as aulas práticas. Dentre as atividades que os profissionais formados estão aptos a desenvolver, está a prestação de serviço em entrepostos de pescados e restaurantes. Mas o IFBA presta especial atenção ao cooperativismo, que pode ser um grande auxiliar na emancipação das comunidades de marisqueiras e pescadores”, explica o professor José Ucha. Nesse contexto, as certificadas das primeiras turmas organizaram uma cooperativa. “Mas isso ainda é pouco, e como uma das ações que o Programa propõe é a elevação da escolaridade, o IFBA, em 2013, conseguiu a cessão de um terreno para estabelecer o seu Núcleo Avançado de Salinas da Margarida, ligado ao Câmpus Salvador. Nessa área está em fase final de construção a futura Escola de Pesca e Aquicultura, que oferecerá curso técnico na modalidade subsequente, e, na etapa

de licitação, o projeto para construção do Laboratório de Reprodução de Espécies Marinhas Nativas, baseado na excelência do Centro de Estudos do Mar - Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde a professora Cristiane Silvão (uma das ‘mães’ do Programa) está se doutorando, para trazer a experiência da criação de espécies nativas à Baía de Todos-os-Santos e fazer do Núcleo Avançado de Salinas da Margarida um centro de referência na área”, conclui o docente. Na opinião de Márcia Maria Cerqueira, que foi aluna do Certific em 2013 e integra a Associação de Pescadores e Marisqueiras de Salinas da Margarida (Apasma), o programa fez o diferencial nas suas práticas de higiene e conservação dos alimentos. “Gostei muito do curso, principalmente quando aprendemos sobre as bactérias. Professor Ucha ensinou a gente a pegar o marisco na maré, deixar de molho, limpar a lama e areia. O resultado é um melhor sabor, mais apurado. Também presto mais atenção na conservação dos alimentos, inclusive no meu dia a dia em casa. Tenho o 2º grau completo e pretendo continuar os estudos, participando da nova formação técnica que o IFBA irá oferecer. Atualmente estou matriculada no Pronatec e farei curso de ajudante de cozinha”, explica a marisqueira e vendedora de acarajé. NOSSO

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Curtas

II Seminário Direc/Cisa Dia 7 de maio, acontece o II Seminário de Extensão Direc/Cisa, quando serão apresentados os resultados da execução dos projetos aprovados no edital nº 1/2013, voltado para as áreas de estudo da Comissão Interna de Sustentabilidade Ambiental (Cisa). Os projetos propõem ações para o ambiente físico do câmpus, que visam à eliminação do desperdício, à diminuição do consumo e de rejeitos, servindo de base para a conscientização e educação ambiental. Participaram estudantes de todos os níveis, sob orientação de um professor ou técnico-administrativo. O evento ocorre das 8h às 13h, no Áudio 1 do bloco B. Na ocasião, também haverá o lançamento do edital 2014, com inscrições previstas para o período de 8 a 23 de maio. Aos presentes será distribuída, ainda, a cartilha “Consumo e desperdício”, do grupo Educação Ambiental da Cisa. Mais informações no telefone 2102-9529 ou pelo e-mail gti.salvador@ifba.edu.br

Ouvidoria Você sabia que o Câmpus Salvador dispõe de um espaço para recebimento e análise de sugestões, elogios, críticas e reclamações? É a Ouvidoria, setor ligado à Diretoria Geral, que está localizado no 3º andar do prédio administrativo (bloco A). Para ecaminhar a sua solicitação, basta acessar a página http://www. salvador.ifba.edu.br/ouvidoria.html

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Calendário acadêmico No mês de maio, os estudantes do ensino técnico que desejam solicitar trancamento de matrícula devem estar atentos para o término do prazo, que se encerra no dia 9. Já para os graduandos, esse pedido deve ser feito de 12 a 23 de maio, enquanto a solicitação das disciplinas a serem oferecidas em 2014.2, de 13 a 15 do mesmo mês.

Defesas de monografia Até junho, acontecem as defesas de monografia da pós-graduação em computação ubíqua e distribuída, oferecida no Câmpus Salvador do IFBA desde 2012, através do Grupo de Sistemas Distribuídos, Otimização, Redes e Tempo Real (GSORT). As apresentações ocorrem na sala do grupo, localizada no 3º andar do prédio administrativo (bloco A). Este ano, mais 25 vagas foram oferecidas para a especialização. Com carga horária de 364 horas, as aulas ocorrem em dias úteis, das 18h às 22h, e aos sábados, das 8h às 12h. Mais informações em gsort@ifba.edu.br e gsort.ifba@gmail.com


Canal do Estudante

Pagu contra a opressão Patrícia Galvão, jornalista e artista brasileira da década de 1920, é homenageada de um grupo recém-formado no Câmpus Salvador do IFBA. Desde 2013, estudantes dos cursos técnicos integrados se reúnem para discutir temas como machismo, homofobia e racismo, de maneira crítica e dinâmica, através do Coletivo Pagu. “Enquanto o Coletivo estava se estruturando, tinha um nome genérico: ‘Coletivo Permanente de Combate à Opressão’. Com a organização e a necessidade de identificação do grupo, escolhemos Pagu, que era o apelido de Patrícia Rehder Galvão, ícone para o movimento modernista, que se iniciou em 1922 no Brasil, e grande referência feminista, por contrapor às regras de comportamento impostas às mulheres naquela época, tendo sido, inclusive, a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas”, explica Gabriela Bacelar, ex-aluna do curso técnico integrado de química e uma das idealizadoras do Coletivo. Segundo a jovem, a iniciativa é um canal para dialogar e agir, instrumento de auto-organização, que dá voz aos estudantes. “Buscamos estratégias de intervenção que dialoguem com a sociedade e proponham medidas a serem executadas pelos órgãos administrativos da instituição. Para além das questões práticas e imediatas, os estudantes precisam compreender o papel dessas minorias, sua relação com o Estado, história do movimento, sem intolerância ou compreensão limitada de que opressão é algo fechado em si mesmo, causado unicamente pelos sujeitos que humilham ou violentam, mas destacando sua ligação com macroestruturas psicológicas e de poder”, descreve Gabriela. Resposta aos relatos de alunos divul-

gados nas redes sociais e no III Congresso Estudantil do IFBA (Cones), que ocorreu em julho de 2013 em Barreiras, sobre assédio moral e sexual, o Coletivo apresenta-se como uma ferramenta de combate a situações de opressão às minorias, que ocorrem ou podem vir a ocorrer dentro do espaço institucional e fora dele. Junto com a amiga Débora Neri, que também se formou em química e já havia integrado o grêmio estudantil, Gabriela visitou o Câmpus Salvador para conversar com alguns estudantes sobre a primeira atividade a ser desenvolvida, a fim de chamar a atenção da comunidade e propor a formação do Coletivo. Surgiu, então, a ideia do “Teatro do Invisível”, cuja intenção era expor uma cena de assédio sexual praticado contra uma menina, por parte de outro estudante, no horário de almoço do refeitório, sem que os demais soubessem que tudo não passava de uma encenação. “A partir de tal circunstância, despertaríamos a reflexão sobre o acontecimento. Levamos a proposta ao professor Heitor Guerra, que ensaiou a cena conosco, e, no dia seguinte, colocamos em prática. Depois marcamos reuniões com os estudantes na Praça Vermelha e, aos poucos, estruturamos dias e horários de reunião, bem como o calendário das atividades. Atualmente, continuo colaborando, mas de uma forma menos protagonista por entender que, dado o passo inicial, os estudantes da própria instituição precisam

se apoderar e desenvolver sozinhos o processo”, conclui. Após a intervenção artística, o Coletivo Pagu realizou o debate “História da mulher e perspectivas da luta feminista”, que contou com a presença de Sandra Muñoz, representando a Marcha das Vadias, e Gabriela Silva, da Marcha Mundial de Mulheres. Houve, também, um sarau com música e poesia no câmpus, intitulado “Versos e ritmos contra o machismo”, além da colagem de cartazes em espaços específicos. O grupo é composto atualmente por 12 integrantes, cinco garotos e sete meninas. Segundo Heloísa Aurora Mendes, estudante de refrigeração e climatização, para este ano, apesar de ainda não ter um calendário de ações, o Coletivo pretende aprofundar a articulação com os departamentos de ciências humanas, grêmio estudantil e demais setores do Instituto, para realização de debates e rodas de discussão. Na opinião de Guilherme Damasceno, aluno do curso técnico de automação industrial e participante do grupo, Pagu é sinônimo de ação. “Para mim, foi uma oportunidade que tive de sair da inércia e ir à pratica. O Coletivo contribui bastante para eu ampliar minha visão de mundo, pois ainda é muito grande o número de casos de preconceito em nossa sociedade. É sempre bom estar atento a tudo que ocorre no nosso meio e o Pagu ajuda muito nisso”, comenta o jovem.

Programação Todas as quartas e sextas-feiras, às 12h20, a Praça Vermelha do câmpus torna-se ponto de encontro do Coletivo Pagu. As reuniões de quarta-feira são voltadas à organização do Coletivo, com avaliação das atividades executadas, definição de novas programações e divisão de tarefas. Já as reuniões de sexta-feira, são encontros para estudo de conteúdos específicos. Mais informações pelo e-mail combateopressao@gmail.com ou celular (71) 8612-8708. NOSSO

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Cultural

“A gente quer... comida, diversão e arte” O verso da música do grupo Titãs é um apelo emblemáti co a algo mais que o essencial. Um dos principais desafi os nos processos de ensino e aprendizagem consiste em desenvolver as diferentes habilidades dos estudantes, que vão além da sala de aula. As ati vidades artí sti cas - como dança, música, artes visuais e teatro - realizadas no Câmpus Salvador do IFBA são elementos fundamentais nesse processo. Através de desenhos, pinturas, esculturas, vídeos e fotografi as, a disciplina de artes visuais desenvolve elementos que representam o mundo real e dialogam com o imaginário dos alunos. O trabalho coordenado pela professora Diana Valverde foi reconhecido pelo XIII Prêmio Arte na Escola Cidadã, em 2012, na categoria ensino médio, como uma ideia inovadora. Segundo a docente, alguns projetos já estão sendo preparados para o novo ano leti vo. “Uma das ati vidades programadas para 2014 é a criação de um catálogo, que reunirá as obras apresentadas anteriormente e as que serão produzidas com os novos estudantes.” Outro exemplo de linguagem artí sti ca prati cada no câmpus é o teatro. Desde 1995, a cada ano leti vo, entre 10 e 20 alunos são escolhidos pelo professor Heitor Guerra para integrar as ati vidades do Grupo de Teatro do IFBA. De acordo com o docente, o processo seleti vo não é baseado apenas em talentos prévios. “A seleção para o grupo não exige uma predisposição para a atuação. Escolho pessoas com potencial, mas, 8

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acima de tudo, observo as necessidades de muitos alunos em se expressar melhor e serem mais sociáveis. Além disso, o que defi ne a minha decisão é a capacidade desses estudantes de se relacionarem e interagirem com o resto do grupo”, ressalta. O estudante João Victor Abreu, 1º ano do curso técnico de eletrônica, foi um dos selecionados para integrar a equipe de teatro em 2013. Segundo o estudante, a práti ca nunca esteve em seus planos, mas com a parti cipação no grupo, atuar se tornou uma meta para o futuro. “No início senti a muita vergonha, por conviver com pessoas mais velhas e não ter nenhuma experiência anterior com o teatro, apenas uma enorme curiosidade em conhecer o processo de produção de um espetáculo. Não tenho certeza de como será meu futuro, mas aliar a carreira de eletrônica com a arte de atuar é um dos meus principais desejos.” A opinião é comparti lhada por Otávio Correia Neto, ex-estudante do curso de química e integrante do grupo de teatro durante três anos. “Estar no grupo foi um desafi o, não como obstáculo, mas como estí mulo à criati vidade e, até mesmo, à conti nuidade das ati vidades acadêmicas. Com o teatro, consegui energia para concluir minha formação e conheci pessoas que serão importantes para o resto da minha vida. O grupo e o professor Heitor são os responsáveis por quem eu sou hoje”, destaca. As apresentações de teatro acontecem, anualmente, no tradicional “Arraiá Culturá”, que traz temáti -

cas ligadas ao universo junino, e no fi nal do 2º semestre leti vo, como encerramento das ati vidades acadêmicas. Além das aulas regulares, o grupo também trabalha em parceria com outras disciplinas da área de humanas do câmpus. Um dos espetáculos, resultado dessa interação, chama-se “O brilho da escuridão - um grito de liberdade” e foi apresentado na Jornada das Relações Étnicas e Raciais, ano passado. De acordo com o professor Heitor, a parti cipação em eventos como esse impulsiona a vivência do teatro, proporciona a ampliação da visão de mundo e consciência da coleti vidade. “Todos os espetáculos são criados a parti r das ideias dos próprios estudantes. As peças são frutos do trabalho coleti vo e da interação do grupo, que escreve os textos e faz a produção do que será apresentado para o público”, conclui.

Inscrições abertas Até o dia 7 de maio, estão abertas as inscrições para o Curso de Extensão em Arte Contemporânea. Os encontros acontecerão sempre às quintas-feiras, de 10h30 às 12h e de 13h20 às 15h20, tendo início no dia 8 de maio. Durante o curso, haverá aulas de pintura, fotografia, instalações, gravação de vídeos, escultura e técnica de mosaico. Até 9 de maio, as oportunidades são para a oficina de teatro, com vagas limitadas - 20 ao todo. As atividades começam no dia 13 de maio. Os interessados devem comparecer ao departamento de artes no período da manhã. Mais informações através do telefone (71) 2102-9541.


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