Arquivos Catarinenses de Medicina 2009

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os pacientes do serviço em pontos específicos relacionados à epidemiologia da doença como sexo e lado afetado. MATERIAL E MÉTODO Estudo retrospectivo com pesquisa prontuários e fotos dos pacientes portadores Microtia recebidos e operados pelo serviço período entre janeiro de 2002 até fevereiro 2007, totalizando 7 casos.

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RESULTADOS Dos 7 pacientes que nos procuraram neste período de tempo, 4 eram do sexo masculino (57,15%) e 3 feminino (42,85%). Com relação ao lado afetado, todos os casos eram unilaterais, sendo 4 casos à direita (57,15%) e 3 à esquerda (42,85%). Dos casos à esquerda, 1 era do sexo masculino e 2 do sexo feminino. A media de idade dos pacientes foi de 17,85 anos, sendo o mais novo 7 anos e o mais velho 48 anos. Todos tinham malformação do ouvido médio, com obliteração do canal auditivo. A reconstrução padrão usado foi pela técnica de Brent em 4 estágios Em um dos casos foram necessárias apenas 2 cirurgias para atingir satisfação do paciente. Do restante, um paciente encontra-se no segundo estágio e os demais casos necessitaram 4 tempos cirúrgicos. Um paciente apresentou insatisfação com o resultado a despeito de todas as etapas cirúrgicas. Um dos pacientes apresentou quelóides na orelha reconstruída no percurso do tratamento, atrasando o mesmo. Não tivemos nenhum caso de microtia bilateral.

CONCLUSÃO A microtia é uma deformidade rara, de etiologia ainda imprecisa, com forte predomínio de ocorrência no lado direito e sendo mais comum em homens. Os dados encontrados mostram que nossos pacientes encontram-se dentro dos padrões descritos na literatura consultada no que se refere ao sexo e que existe um aumento de casos à esquerda.

I.L.F.B., 7 anos, Microtia à direita.

DISCUSSÃO A Microtia é a uma das deformidades congênitas mais comuns da orelha. Tem etiologia incerta, mas as pesquisas apontam fatores causais como obliteração da artéria estapédica ainda no útero. Também existiria um fator genético e algumas drogas como talidomida e isotretinoína usadas durante a gestação. Ocorrem controvérsias no campo das classificações e técnicas cirúrgicas. Dentro dessa literatura, o perfil epidemiológico se mantém praticamente o mesmo. A microtia é mais comum entre a população Oriental. Em vista disso, Zhangh publicou uma série de 350 casos de microtia na China onde 56,86% eram à direita, 39,71% à esquerda e 3,43% bilaterais. Desses 350 casos, 72,57% eram homens e 27,43% eram mulheres. A literatura confirma esses dados, referindo que microtia é mais comum em homens e à direita em cerca de duas vezes mais. Tanto no trabalho de Zhangh quanto na casuística do serviço pudemos observar que referente ao sexo, a microtia realmente se apresenta muito mais comum entre homens do que mulheres, embora tenhamos pouco casos. No que se refere ao lado, 28

os resultados mostram que a microtia é mais comum à direita porém diferindo um pouco da literatura pois entre nossos pacientes se observou um aumento de casos à esquerda, o que foi confirmado por Zhangh em seu trabalho. A grande maioria dos pacientes são crianças, alterando a auto-estima e afetando no desenvolvimento psicossocial. Existe algumas vezes divergência de satisfação de resultados entre o paciente e o cirurgião, pois essa deformidade tem um alto grau de dificuldade para correção e o paciente sempre compara o resultado com a orelha contraria que é normal na maioria dos casos.

A.A.D. 13 anos, Microtia à direita.

R.V., 21 anos, Microtia à esquerda.

Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 38 - Suplemento 01 - 2009


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