Arquivos Catarinenses de Medicina 2003

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cia do retalho. A ilha de pele é demarcada na panturrilha, ao longo do trajeto do nervo sural e veia safena parva, e o ponto central do pedículo situa-se, cerca de 5 a 7 cm, acima do maléolo lateral (Figuras 1 e 2). Inicia-se a dissecção do retalho por sua porção proximal, deixando um pedículo subcutâneo de 4 cm e mantendo o nervo sural medial intacto.3 Figura 1: Liberação do retalho junto ao maléolo lateral, com seu pedículo.

O fechamento da área doadora pode ser primário (geralmente possível em lesões de até 4 cm), através de enxerto de pele, ou ainda, pode-se optar por deixar que ocorra cicatrização por segunda intenção (Figura 3). O objetivo deste trabalho é descrever os resultados obtidos no Núcleo de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC), com o uso do retalho sural no tratamento de defeitos na porção distal do membro inferior. MÉTODO

Estudo retrospectivo, através da análise dos prontuários médicos dos pacientes submetidos à cirurgia de retalho sural no HU/UFSC, nos anos de 2001 a 2003.

Figura 2: Área doadora e retalho com pedículo dissecado.

Figura 3: Área doadora, onde optou-se pela cicatrização por segunda intenção.

CASO 1 C.P.S., masculino, branco, 70 anos, procedente de Florianópolis. Encaminhado ao Núcleo de Cirurgia Plástica, por apresentar lesão sugestiva de carcinoma escamo-celular, na região do maléolo medial do membro inferior direito, com cerca de 10 anos de evolução. Após biópsia confirmando o diagnóstico, foi realizada a exerese da lesão, com reconstrução da região com retalho sural. A área doadora foi fechada com enxerto de pele parcial. Apresentou boa evolução pós-operatória, com integração total do retalho. Atualmente, encontra-se no 20o mês pós-operatório, sem queixas. CASO 2 N.A.C., masculino, branco, 38 anos, procedente de São José. Paciente com história de trauma de membro inferior esquerdo, em acidente de trânsito, que evoluiu com osteomielite de tíbia e lesão de pele, na face anterior da perna, em seu terço médio. Foi submetido a tratamento da osteomielite associado à cobertura da lesão com retalho sural, em ilha. A área doadora foi deixada para cicatrização por segunda intenção. Apresentou evolução satisfatória, no pós-operatório, com integração total do retalho, porém, evoluiu com a drenagem persistente de secreção sero-sangüinolenta por um de seus bordos. Atualmente, encontra-se no 7o mês pós-operatório, em avaliação quanto à necessidade de reintervenção, na osteomielite. CASO 3 B.S., masculino, branco, 66 anos, procedente de Imbituba. Paciente com história de carcinoma escamo-celular recidivado, na região do maléolo medial do membro inferior direito, submetido a exerese da lesão com reconstrução, no mesmo tempo cirúrgico, com retalho sural, em ilha. Para tratamento da área doadora optou-se pela cicatrização por segunda intenção. Evoluiu com dificuldade de retorno venoso, o que levou à epidermólise de cerca de 65% da área do retalho. Atualmente, com 1 mês de pós-operatório, consultando semanalmente no Ambulatório do Núcleo de Cirurgia Plástica.

Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 32 - Suplemento 01 - 2003

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