Arquivos Catarinenses de Medicina 2003

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Serviço de Ecografia Vascular do Hospital de Clínicas com o aparelho Sonos 5500 da HP Hewlett Packard. Foram realizados também, os exames de hemograma completo, coagulograma, parcial de urina e cardiológico pré-operatórios de rotina, além da avaliação préanestésica. A demarcação do abdome foi realizada antes da cirurgia, com a paciente na posição supina, desenhando-se a linha média, a linha inferior supra-púbica, estendendo-se lateralmente em direção às espinhas ilíacas ântero-superiores, procurando-se adequá-las sobre cicatrizes prévias (cesareanas) e pregas naturais da pele excedente. O desenho da linha superior, que passa pela cicatriz umbilical e representa o limite superior a ser ressecado, foi realizado de acordo com a técnica de BAROUDI, em guidão de bicicleta. Foram demarcadas as regiões a serem aspiradas do abdome superior até sulco submamário superiormente e linha superior a ser ressecada, ao nível da cicatriz umbilical e continuando lateralmente até flancos. A anestesia foi peridural em todas as pacientes e remarcaram-se as medidas para comprovação de simetria do tecido a ser retirado. A infiltração da área aspirada foi de 1:1, isto é, infiltração super-úmida. A lipoaspiração foi realizada pela técnica tradicional1,4,5, com cânulas de 3,5 e 3 mm, tipo Mercedes, iniciando-se profundamente e complementando-se superficialmente no abdome e flancos, isoladamente. Após a lipoaspiração, procedeuse à incisão na linha inferior demarcada previamente e descolamento do retalho no plano entre o tecido adiposo e a aponeurose até a cicatriz umbilical, que foi incisada circularmente. Acima desta, o descolamento foi realizado na linha média até 1,5 cm sobre os bordos mediais dos músculos reto abdominais, até alcançar o apêndice xifóide. Foi realizada a plicatura da aponeurose dos músculos reto abdominais, com fio não absorvível de mononylon 2-0® e pontos separados, em toda a sua extensão. A paciente foi colocada em posição semisentada e foi realizada a tração do retalho abdominal, com a ressecção do excesso do retalho previamente demarcado. Procedeu-se à recolocação da cicatriz umbilical em sua nova posição, com sutura dos planos aponeutótico, derme umbilical e derme do retalho para

a sua nova posição. Foram realizados pontos separados entre o tecido adiposo do retalho descolado e a aponeurose abdominal, segundo preconiza BAROUDI12 para fixar o retalho à aponeurose, reduzindo a tensão do retalho e evitando seromas. A sutura da ferida operatória foi realizada por planos, com fio absorvível de monocryl 3-0®, iniciando-se no plano aponeurótico para manter a posição baixa da cicatriz final. Sutura intradérmica com fio absorvível de monocryl 4-0® e cola cirúrgica Dermabond®. Foi realizado drenagem de aspiração em todas as pacientes, curativo compressivo e mantido posição de Fowler. O curativo foi realizado após 24 horas da cirurgia, retirado o dreno, se o débito encontrava-se abaixo de 50 ml e caso contrário mantido por mais um dia. RESULTADOS

Para este estudo, foram selecionadas pacientes classificadas segundo BOZOLA9, tipo III e IV, isto é, com flacidez abdominal, podendo ou não chegar a abdome em avental, adiposidade, principalmente em abdome superior, cicatriz umbilical situada em posição baixa e excesso de tecido cutâneo para se conseguir descer o retalho sem tensão. Em todas as pacientes foi realizado lipoaspiração tradicional com infiltração super-úmida de abdome superior e flancos 1,4,5, o descolamento da incisão inferior até a cicatriz umbilical ao nível da aponeurose muscular e, acima da cicatriz umbilical, o descolamento foi realizado somente entre os bordos mediais dos músculos reto abdominais1, preservando-se os vasos perfurantes destes músculos, que irão nutrir o retalho dermogor-duroso abdominal, minimizando a possibilidade de necrose deste e seromas. O exame de doppler fluxometria, realizado no préoperatório e repetido 15 dias após o procedimento cirúrgico, identificou a presença de perfurantes permeáveis acima de 1 mm de calibre, com fluxo, principalmente na região periumbilical 2,3. Através do estudo com doppler fluxometria foram identificados os números e o calibre das perfurantes, no pré operatório e no pós operatório, mostrados na TABELA 1( FIGURA 1 e 2), e foi medido o fluxo médio dos ramos perfurantes, no pré operatório e no pós operatório, mostrados na Tabela 2 e representados na Figura 3.

TABELA 01 - Resultados do número médio e calibre médio das perfurantes encontradas do pré e pós operatório através do exame de doppler fluxometria. Número médio de perfurantes no pré operatório

Número médio de perfurantes no pós operatório

direita

esquerda

direita

esquerda

5,36

4,92

3,0

3,10

média total 5,14

Calibre médio de perfurantes no pré operatório milímetro

Calibre médio de perfurantes no pós operatório milímetro

direita

esquerda

direita

esquerda

1,52mm

1,58mm

1,68mm

1,69mm

média total

média total

média total

3,05

1,55mm

1,68mm

Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 32 - Suplemento 01 - 2003

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