Folha da Rua Larga Ed.28

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Carolina Monteiro

Palacete congregará Centro de Arqueologia Tânia Andrade Lima, pesquisadora da UFRJ / Museu Nacional, fala da importância do acompanhamento das obras da prefeitura por arqueólogos.

Presidente da Porto Novo explica o plano da empresa parafolha a região da rua larga Eduardo Pettengill fala sobre a previsão de início das obras públicas. A concessionária venceu licitação para administrar a região nos próximos 15 anos. Página 5

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folha da rua larga RIO DE JANEIRO | JULHO – AGOSTO DE 2011

opinião

Especialista define o ignorado conceito de Cepac

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 28 ANO IV

Feira de arte contemporânea chega para movimentar mercado carioca Mariana Vianna

O professor David M. Vetter, um dos maiores especialistas em Cepacs no eixo Rio-São Paulo, apresenta a ideia do Certificado de Potencial Adicional de Construção. Os recursos para a revitalização da região resultaram da venda desses títulos. página 6

social

Mais um espaço voltado à capacitação na Gamboa Alair Barros, museóloga e gestora do ponto de cultura Palco Escola, abre as portas da instituição e convida os leitores a conhecer o espaço, aberto em abril. No local são oferecidas oficinas profissionalizantes e gratuitas em Cenotécnica e Cenografia. página 10

As sócias Elisangela Valadares e Brenda Valansi Osório, idealizadoras da ArtRio, informam que o evento reunirá aproximadamente 80 galerias nacionais e internacionais em setembro, no Píer Mauá. Artistas do Morro da Conceição reivindicam recursos para evento próprio. páginas 8 e 9

gastronomia

Lielzo Azambuja

cidade

Alto Beco das Sardinhas página 14

Disque-Denúncia cria na internet um mapa colaborativo da criminalidade Instituição se integra às redes sociais e vê no mundo virtual um aliado no combate ao crime organizado. A boa notícia é que todo e qualquer cidadão pode contribuir para o sucesso da iniciativa. O portal, criado há dois meses, já é acompanhado por policiais e autoridades públicas, que pautam suas ações nas informações divulgadas. página 13


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nossa rua

Se essa Rua fosse minha

espaço dos leitores Alagamento constante na Teófilo Otoni

Fabiola Buzim

“Eu me incomodo muito com o aspecto de abandono de alguns casarões. Aqui nesta região tem muitos prédios sujos, precisando de uma boa restauração. Mas a primeira coisa que eu faria seria pintar as fachadas, deixando tudo bem colorido e alegre.”

Rua Teófilo Otoni, no trecho entre Miguel Couto e Uruguaiana. Foto enviada por um leitor que preferiu não se identificar: “Esse alagamento constante precisa ser contido pelas autoridades”. Foto enviada por leitor

Isabela da Silva, assistente social

Fabiola Buzim

“A Rua Larga é bem rica em suas referências. Temos aqui centros culturais, palácios e monumentos. Poderia ser mais movimentada se tivesse um bom policiamento e uma campanha para conscientizar as pessoas em relação à conservação da região.” Lixão a céu aberto permanece

Gustavo di Mello, estudante universitário

Calçada repleta de lixo nas proximidades do Largo de Santa Rita. Imagem enviada por um leitor que preferiu não se identificar: “A coleta de lixo deve ser mais eficiente”. Foto enviada por leitor Fabiola Buzim

“Melhoraria as condições do trânsito na região. Parece que os carros não respeitam o sinal e o pedestre tem pouco espaço para circular nas calçadas. Por outro lado, conservaria as árvores da rua e também melhoraria o sistema de coleta de lixo.” Maria Cristina Gioseffi, professora de ioga

folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Diagramação - Suzy Terra

Margutti, Mozart Vitor Serra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Direção Executiva - Fernando Portella

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Colaboradores - Ana Carolina Portella, André Calazans,

www.maviartesgraficas.com.br

Carolina Monteiro, David Vetter, Fabiola Buzim,

Contato comercial - Teresa Speridião

Fernando Portella, Guenther Leyen, Leonardo Simplício,

Tiragem desta edição: 6.000 exemplares

Lielzo Azambuja, Márcia Vetter e Teresa Speridião

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.


nossa rua

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Achados arqueológicos já têm destino seguro A partir de 2012, vestígios irão para palacete na Praça da República que será reformado Divulgação

Os objetos encontrados ao longo das obras do Projeto Porto Maravilha terão endereço certo: o palacete localizado na Praça da República, 22, Centro do Rio. O imóvel está sendo reformado para abrigar um Centro de Arqueologia. Fechado desde 1974, o local já abrigou o Instituto de Eletrotécnica e a Escola de Comunicação da UFRJ. A falta de espaço nas instituições de pesquisa para guardar as coleções motivou a prefeitura a ceder o espaço, onde seria construído um centro de referência do samba. Tânia Andrade Lima, pesquisadora e professora de Arqueologia da UFRJ, é a responsável pelo encaminhamento das pesquisas arqueológicas na região. Doutora pela USP, com

pio e atrasos no cronograma de obras, mas mesmo assim o prefeito selou seu compromisso com a preservação. E isso inclui a reformulação da Praça, um projeto que vem sendo desenvolvido pelo subsecretário do Patrimônio e Urbanização, Washington Fajardo. Prevê-se nesse local a construção de um Memorial da Diáspora Africana.

pesquisa em Povoamento do Território Brasileiro, ela explicou à Folha da Rua Larga que, desde janeiro deste ano, as obras da prefeitura estão sendo acompanhadas por técnicos do Iphan, IAB e UFRJ. A pesquisadora informou também que está sendo concebido um Memorial da Diáspora Africana onde foram localizados importantes vestígios do Cais do Valongo e da Imperatriz. Quais são os tipos de objetos encontrados? Está sendo encontrada uma copiosa cultura material da primeira metade do século XIX, compreendendo tanto objetos das classes dominantes quanto dos negros escravizados.

Em sua opinião, qual a relevância para a sociedade em se preservar os sítios arqueológicos? Tânia Andrade Lima, responsável pela pesquisa

Em que momento foi determinada a preservação desses achados? Logo no início do trabalho, quando apenas um pequeno trecho do Valongo

e do Cais da Imperatriz (na Av. Barão de Tefé) tinham sido encontrados. Isso implicou mudança da malha viária, alteração do traçado das redes subterrâneas, com custos para o municí-

Trata-se da história do Rio de Janeiro e do Brasil. No caso do Valongo, estamos falando do principal ponto de entrada do maior número de africanos escravizados nas Américas. Que ali chegaram, desembarca-

ram e foram encaminhados para uma trajetória de humilhação, dor e sofrimento inenarráveis, que, por outras vias e de outras formas mais dissimuladas e sutis, ainda se mantém até os dias atuais, em atitudes veladas, ou nem tão veladas assim, de discriminação racial e de intolerância. A história da escravidão precisa ser contada, recontada e constantemente denunciada em todos os seus matizes para que ela nunca mais se repita. Leia entrevista na íntegra no site www.folhadarualarga.com.br.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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boca no trombone

Cliques Rua Larga Leonardo Simplício

A Rosa e o Passarinho No escritório onde trabalhamos no Centro do Rio de Janeiro, na região da Rua Larga, temos um espaço aconchegante, com deck, bar e um agradável jardim. Neste jardim moram duas roseiras, cada uma plantada em seu vaso, uma de frente para a outra – homenagem a Santa Terezinha. A roseira da direita sempre dá rosas vermelhas e alaranjadas, mas a da esquerda, nascida no mesmo canteiro, com a mesma folhagem, nunca nos deu um só botão. Beto Mattos, sambista dos bons, amigo meu, certa vez me contou uma história de um amante de passarinhos que, chegando a uma dessas feiras de animais (espero que não existam mais), ouviu o canto maravilhoso de um pássaro preso numa gaiola. Ficou extasiado com o vasto repertório do cantor. Na gaiola ao lado havia outro passarinho da mesma espécie e linhagem que não cantava nada. Todos os dias, quando chegava ao escritório, além de saudar todas as plantas do jardim e conversar com elas, falava com as minhas roseiras. A parideira de rosas ganhava de mim rasgados sorrisos. À outra eu sempre perguntava por que não me dava rosas: “Você está com algum problema? Está triste por algum motivo? Falta-lhe alguma coisa?”. Ela não respondia, ficava me olhando com seus galhos, sempre crescendo e com novas folhinhas, tentando me falar alguma coisa. Chegaram a me dizer que existem roseiras estéreis. Será? O comprador de passarinhos perguntou ao vendedor quanto custava o cantador. E sem lhe dar muita bola, ele respondeu: “Mil reais”. O comprador se assustou com o preço e indagou se não faria um desconto especial. O vendedor, ainda sem lhe dar bola, repetiu o valor dado. Conhecedor de feiras, o “esperto” comprador foi dar uma volta, acreditando que mais perto do final da feira, na xepa, certamente o vendedor lhe daria um bom desconto. Ao fim de cada tarde, sento-me ali no bar, reflito sobre a vida, tomo um cálice de vinho e converso com as minhas roseiras. Há momentos na nossa história que estamos debaixo dos holofotes, no palco dos acontecimentos. Mas há outros instantes em que parece terem nos esquecido e aí nos recolhemos aos bastidores para pensar, nos ouvir e recompor nossos caminhos. A vida é um pêndulo entre o in e o out. No final da feira, o comprador voltou e fez uma proposta de oitocentos reais pelo cantor, mas o vendedor foi irredutível: “Mil reais”. Desanimado, apenas para provocar o vendedor perguntou por quanto então venderia o passarinho ao lado que não cantava absolutamente nada. Estufando o peito e agora sim olhando nos olhos do comprador, respondeu-lhe em bom tom: “Este custa dez mil reais!”. “Mas como?” – retrucou o comprador – “Ele não canta nada, parece mudo!” Tranquilamente, o vendedor explicou: “Ele não canta porque é o compositor”. Dentro de nós existe uma roseira que dá rosas e uma que cresce em galhos e inspira a outra. Uma aparece, mostra rosas, canta, recebe aplausos. A outra é reflexiva, compositora de novos momentos de vida. Quando chego hoje no escritório saúdo igualmente as duas roseiras com o mesmo carinho, respeito e amor profundo. fernando portella cottaportella@globo.com

Há dois anos, o Rio foi eleito o melhor destino gay do mundo. Desde então, vem se firmando oficialmente como uma cidade simpatizante da diversidade. Dia 20 de junho, foi celebrada a primeira cerimônia coletiva de união homoafetiva do país, na sede do programa Rio Sem Homofobia, na Central do Brasil. 43 casais uniram-se, testemunhados por 600 pessoas, dentre elas autoridades como Carlos Minc e Siro Darlan. Sacha Leite

O Largo de Santa Rita recebeu lâmpadas e novos postes Rio Antigo, conforme solicitação dos proprietários locais. O subprefeito do Centro, Thiago Barcellos, prometeu solução para a iluminação há dez meses. Enfim a luz retornou ao Beco das Sardinhas. Outra novidade é que o tradicional quiosque de flores em frente à Igreja de Santa Rita passou a oferecer plantas de corte e variedades de mudas.


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entrevista

Dada a largada para a transformação do cenário carioca Conheça o perfil da concessionária que administrará o Porto do Rio nos próximos 15 anos Carolina Monteiro

O diretor-presidente da Porto Novo S.A., Eduardo Pettengill, tem nas mãos uma difícil tarefa: reformar 204 ruas que ocupam cinco milhões de m² do Centro do Rio e Zona Portuária nos próximos 15 anos. Além

disso, o dirigente da concessionária, que assumiu a região na segunda quinzena de junho, falou à Folha da Rua Larga sobre os principais desafios da concessionária que administrará R$ 3.508.013.490,00

provenientes da venda dos Cepacs na região. Os recursos devem ser aplicados em obras de infraestrutura urbana e serviços de atendimento à população, como podas de árvores, iluminação e tapa-buracos.

tro do Porto Maravilha, e o Porto Maravilha envolve outros projetos.

para que possa absorver esse tráfego.

Cepacs foram vendidos, em lote único, para a Caixa Econômica Federal, assegurando recursos para os próximos 15 anos de obras e operações. Qual é o maior desafio a ser superado?

bate-papo Como está sendo feita a limpeza urbana? Fizemos um contrato de transição com a Comlurb para que adotasse o nosso uniforme. Esse contrato de transição vai ter duração de até seis meses, até que se organize um outro serviço para não sofrer interrupção, o que prejudicaria muito os usuários da área. Ao término desses seis meses vai acontecer de fato uma substituição da Comlurb por outra empresa do ramo. Estão previstas ações de recuperação do patrimônio material e imaterial? Essa parte diz respeito a Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro). Eles têm uma participação na venda dos Cepacs – 3% do arrecadado – justamente para alocar recursos para o patrimônio material e imaterial da área, que é bastante vasto. Apenas o Museu do Amanhã talvez fique a cargo nosso. Como se dá a interação entre a Porto Novo e a Cdurp? A Cdurp é o nosso contratante. Foi criada uma empresa em que a prefeitura é a maior acionista, ela fez a licitação e a contratação do nosso serviço. A Cdurp irá fiscalizar o nosso serviço na área. O nosso projeto, do Porto Novo, é um projeto den-

O atendimento à população já está funcionando?

Fixar a marca Porto Novo na região e que ela signifique segurança, qualidade, eficiência e conforto para os usuários da área.

Especifique o território de atuação da concessionária. Eduardo Pettengill, diretor-presidente da Porto Novo S.A.

Desde o dia 15 de junho. Estamos com atendimento pelo telefone 0800-8807678, presencial na Rua Pedro Alves, 307, Santo Cristo, e através do site www.portonovosa.com. Estamos organizando a ouvidoria. O 0800 é um serviço operacional. O cidadão passa por algum buraco e nos liga para informar. Já no caso da ouvidoria: o indivíduo reclamou três vezes e não ficou satisfeito? Então teria a ouvidoria para reclamar, como uma segunda instância do 0800. E o planejamento das obras? Não vou dizer que a nossa obra vai ser um paraíso. Vai provocar um certo estresse. Mas estamos nos preparando para causar o mínimo possível. Com certeza vamos ampliar em 50% a capacidade do tráfego hoje. Estamos fazendo uma via binária, com seis pistas, paralela a hoje existente Rodrigues Alves, e só depois começaremos então a fazer a demolição da Perimetral para criarmos uma via expressa onde é a Perimetral hoje. A demolição de parte do elevado vai acontecer, portanto, apenas depois que essa via paralela expressa for implantada,

Ao sul, a Avenida Presidente Vargas, a oeste, a Avenida Francisco Bicalho. Ao norte, temos toda a Perimetral e Rodrigues Alves que vai da rodoviária até a Presidente Vargas, e a leste, temos como limite a Avenida Rio Branco. São cinco milhões de m² na Zona Portuária e parte do Centro do Rio. Qual é a prioridade nas obras? A construção da Via Binária. Essa via é paralela a Rodrigues Alves. Nós vamos criar um túnel no Morro da Saúde. Estamos fazendo “alças” em frente à rodoviária para pegar por essa via paralela e ir para a Ponte Rio-Niterói. Na Primeiro de Março vamos fazer um túnel, passando por baixo do São Bento, Praça Mauá, Polícia Federal, Morro da Saúde, Equador. Dali sairão duas vias, com acesso à ponte Rio-Niterói. Só depois que tivermos com essa via binária pronta é que começaremos a mexer na Perimetral. De onde virão os recursos para os serviços operacionais e obras de infraestrutura? Da venda dos Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção).

No plano diretor da cidade do Rio de Janeiro estava determinado, em lei, quanto era permitido construir na região. Por exemplo, em um

terreno x, só seria permitido construir até 1.000 m². Foi feita uma nova legislação aumentando esse potencial construtivo local. Todos os

Acesse www.folhadarualarga.com.br e leia a matéria na íntegra

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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opinião Como viabilizar a revitalização Carolina Monteiro

O Certificado de Potencial Adicional de Construção (Cepac) é um instrumento financeiro de captação de recursos utilizado para o financiamento de obras públicas. Esse instrumento financeiro é estabelecido através de uma lei municipal específica, regida através do Plano Diretor, na qual a prefeitura estabelece uma Operação Urbana. O Estatuto da Cidade define uma Operação Urbana Consorciada como “um conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental”. (Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257 de 10/07/2001). Assim, a prefeitura delimita a área da Operação Urbana Consorciada em seu Plano Diretor, ou através de uma lei específica que a estabelece. A emissão de Cepacs em uma Operação Urbana pode ser instrumental para o desenvolvimento de uma área, já que esses certificados permitem o desenvolvimento de obras públicas sem a utilização de recursos do orçamento da própria prefeitura, mas sim através dos recursos obtidos na venda do potencial adicional a ser construído na área da intervenção. A Lei Municipal que rege o Cepac define a quantidade de m² que compõem um Cepac, bem como o limite

Fale agora ou cale-se para sempre

No dia 13 de junho, os Cepacs foram arrematados em cota única, no Cais do Porto

máximo em m² que podem ser construídos acima do coeficiente básico. Os empreendimentos dentro dos limites da Operação Urbana só poderão construir acima de seu coeficiente básico se compram o número de Cepacs correspondentes à metragem que querem construir acima do coeficiente básico. Todos os recursos provenientes da venda dos Cepacs precisam ser utilizados dentro da área de revitalização na maneira especificada na legislação que cria a Operação Urbana. Naturalmente, a construção deve ser feita de acordo com todas as leis e regulamentos pertinentes que determinam o uso do solo, altura dos edifícios, etc. Então, não é a utilização de Cepacs que determina os usos e a densidade de desenvolvimento urbano,

mas sim as leis e regulamentos pertinentes à área. Sendo assim, se a construção acima dos coeficientes de aproveitamento básico fosse proibida, não existiria um mercado para Cepacs. Portanto, a utilização de Cepacs não seria adequada para áreas onde não há interesse em aumentar a densidade do desenvolvimento urbano, como em áreas de preservação histórica. As emissões de Cepacs são reguladas e fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em São Paulo, os Cepacs foram utilizados com bastante êxito para financiar grandes projetos como as Operações Urbanas da Faria Lima e Água Espraiada. O Rio de Janeiro, recentemente, adotou os Cepacs como forma de financiamento de obras públicas na Operação Urbana, que tem como in-

tuito a revitalização da área portuária. A Caixa Econômica Federal arrematou em um só lote todos os Cepacs disponíveis. Alguns autores defendem a tese de que a Operação Urbana Consorciada não tem a propriedade, por si só, de ser nociva ou benéfica na construção da cidade democrática e includente. A questão está em sua formulação e implementação no nível municipal. Assim sendo, as críticas a essas Operações muitas vezes são referentes à formulação e implementação da política urbana municipal e não necessariamente ao instrumento utilizado para viabilizar o seu financiamento.

David Vetter e Márcia Vetter vetterdav@aol.com

O Centro do Rio é um lugar de origens negras, onde os africanos desembarcavam para ser escravizados. Aqueles que chegavam semivivos ou mortos, devido às condições tenebrosas da viagem, eram enterrados nas redondezas do próprio Porto. A região portuária se tornou um grande cemitério, sem regalias, para esses indivíduos que ainda hoje sofrem pleiteando uma inclusão digna em nossa sociedade. No dia 15 de junho foi dada a largada para a ação da concessionária Porto Novo, que assumiu toda a prestação de serviços para a população e obras urbanas. O Porto se tornou um lugar tão específico que existe um telefone da prefeitura para atendimento a todo o Rio de Janeiro – 1746 – e outro número apenas para a Zona Portuária – 0800 780 7678. A Porto Novo se responsabilizará por assuntos que a população naturalmente atribuiria ao poder público: serviços como poda de árvores, tapa-buracos, iluminação, reparo de vias, limpeza e tudo o que diz respeito à administração urbana, além das obras estruturantes, com início previsto para setembro. Já a Cdurp é um órgão da prefeitura responsável por acompanhar e fiscali-

zar as ações da empresa Porto Novo. Há aproximadamente dois anos, a Cdurp tem convocado reuniões com frequentadores e moradores da região a fim de apresentar o projeto Porto Maravilha e discutir sua aplicação. Alguns críticos alegam que os encontros não seriam satisfatoriamente divulgados ou que se tratariam de debates “para inglês ver”. A Folha da Rua Larga testemunhou alguns deles. Propomos que os leitores que tiverem acesso às reuniões repassem a informação, criando uma rede de interessados em contribuir para a definição do destino da região. Não é preciso ser urbanista, engenheiro ou cientista social para participar. Basta ser cidadão. Os vestígios encontrados durante as obras revelam passagens que alguns preferem esquecer, como é o caso da escravização dos negros, mas apenas a lembrança desse lamentável capítulo poderá evitar a repetição de barbáries do gênero e abrir caminho para mudanças sustentáveis e benignas. As obras previstas implicarão uma transição irreversível para a cidade. Então, fale agora ou cale-se para sempre.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


Foto: victor Miranda

A EnERgiA dA ElEtRoBRAs ElEtRonuClEAR ContRiBui pARA o CEntRo do Rio CREsCER CAdA vEz MAis. Com as usinas Angra 1 e Angra 2 gerando o equivalente a mais de 30% do consumo do Estado do Rio de Janeiro e o avanço da construção de Angra 3, a energia nuclear se torna cada vez mais importante para o desenvolvimento. Acesse www.eletronuclear.gov.br e conheça mais sobre a energia que está crescendo junto com a nossa cidade.

Ministério de Minas e Energia


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cultura

Gigantes da arte contemporânea aportam no Rio Art Rio pretende trazer 80 galerias brasileiras e internacionais para o Píer Mauá Marianna Vianna

As idealizadoras da ArtRio, Brenda Valansi e Elisangela Valadares

De 8 a 11 de setembro, a Zona Portuária vai receber a Art Rio, 1ª Feira de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro. Elisangela Valadares e Brenda Valansi Osório, idealizadoras da mostra, falaram à Folha da Rua Larga sobre a atração, que já nasce em grande porte constando no calendário oficial de eventos da cidade. Sócias-diretoras da empresa Bex Feiras de Eventos Culturais, elas definem o público que pretendem atingir: “Queremos fazer uma feira democrática, carioca e atrair artistas, galeristas, curiosos, sendo amantes das artes ou não.” 67 galerias nacionais e internacionais espalharão obras que vão da vanguarda

modernista à arte contemporânea pelos armazéns 2 e 3 do Píer Mauá. O australiano Tristian Koenig apresentará trabalhos inéditos de John Leckner. Riccardo Crespi, de Milão, trará a dupla Libia Castro & Ólafur Ólafsson – atuais representantes da Islândia na Bienal de Veneza de 2011. “Queremos inserir o Rio de Janeiro no mercado de arte internacional e desenvolver um intercâmbio cultural, tornando a Art Rio uma importante vitrine para as galerias brasileiras e de outros países”, explicam Brenda e Elisangela. Do Rio de Janeiro participarão A Gentil Carioca, Anita Schwartz, Silvia Cintra + Box 4, HAP, Mercedez Viegas, Pinakotheke, entre ou-

Reprodução

Óleo sobre tela, de Norbert Bisky, de Berlim, Alemanha (Galeria Crone)

primeira edição da feira?

público infantil?

Conceição?

O Daniel Azulay ministrará oficinas de desenho para as crianças. Enquanto os pais circulam pelas galerias, as crianças terão uma ocupação lúdica e educativa.

O que a gente tem é o contato com as galerias. Então os artistas podem ser sugeridos, mas precisam ser mediados por um marchand ou galerista.

A Art Rio foi viabilizada através de Lei do Incentivo à Cultura? Há contrapartidas sociais?

Quando surgiu a intenção de fazer a feira?

Grandes colecionadores, marchands, jornalistas e apreciadores de arte, que terão a oportunidade de conferir e adquirir diversos formatos de arte moderna e contemporânea, entre pinturas, esculturas, instalações, fotografias e vídeos.

Um dos pontos altos será o Solo Projects, com curadoria de Julieta Gonzalez e Pablo Leon de La Barra – um espaço especialmente construído para apresentar projetos de um time seleto de 15 artistas internacionais escolhidos pela dupla. Curadora de Arte Latino-Americana da Tate Modern, em Londres, Julieta é um dos grandes nomes no mercado artístico, com passagens pelo Museu Alejandro Otero, em Caracas, e Whitney Museum, em Nova Iorque. Pablo Leon é galerista, arquiteto, editor e consultor de arte do mercado londrino.

Qual é o destaque desta

Haverá atrações para o

tras. De São Paulo, estarão as galerias Vermelho, Mendes Wood e Marília Razuk. Também marcarão presença as galerias de Belo Horizonte Quadrum, Lemos de Sá, AM e Celma Albuquerque, e Amparo Sessenta, de Recife. Para quem é feita a mostra?

Temos alguns patrocínios, dentre eles o da prefeitura. Parte da verba é obtida através da Lei do Incentivo à Cultura do estado, mas trata-se de uma feira comercial. Haverá alguma representação dos artistas plásticos locais, do Morro da

A ideia ocorreu há dois anos e meio. Queremos que o evento entre no hall das feiras do mundo. Usamos um modelo de Miami como base, em que acontecem vários eventos simultâneos.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br

Trabalhamos com o Café Orfeu, um dos mais puros grãos do Brasil.

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cultura

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Arte produzida no Centro Artistas plásticos do Morro da Conceição buscam recursos para o Projeto Mauá Sacha Leite

Carlos Rabaça, um dos líderes do Projeto Mauá, que agrega ateliês do Morro da Conceição, não se faz de rogado pela ausência de representação dos artistas locais na 1ª Feira Internacional de Arte Contemporânea: “Não fomos contatados por eles. Não vou ficar fazendo uma de bobo e eles não são obrigados a compactuar conosco”. O pesquisador do Observatório do Valongo / UFRJ explicou que mais importante do que reivindicar participação na

nova feira é garantir uma boa execução do Projeto Mauá, que, em 2012, completará 10 anos de funcionamento. A abertura dos ateliês para o público está prevista para acontecer no primeiro fim de semana de dezembro, dias 2, 3 e 4. Este ano, os integrantes do Projeto Mauá – que tiveram quatro novos ateliês inscritos, totalizando 11 – promoverão uma grande festa convidando todos a conhecerem ou voltarem à região.

Ateliês do Morro da Conceição - Adriana Eu - Claudio Aun - Gioconda Recicla - Guenther Leyen - Gustavo Speridião - Paulo Dalier - Osvaldo Gaia - Oyama Achcar - Renato Sant’Ana - Tânia Gollnick - Teresa Speridião

Obra de Claudio Aun, no Centro Cultural Correios

No mês de julho, os artistas realizaram uma mostra coletiva no Teatro Sesi, com fotografias e obras de cada representante. Já o artista Claudio Aun ganhou exposição

individual no Centro Cultural Correios em homenagem aos 40 anos de carreira. Recentemente, ele foi nomeado membro da Academia Brasileira de Belas Artes. A mostra poderá

ser conferida até o dia 18 de setembro.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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social

Maravilha de cenário com inclusão social Projeto Palco Escola traz profissionais de Cenotécnica para ministrar cursos na região Além de abrigar Cidade do Samba, Vila Olímpica, Galpão Gamboa, Instituto Central do Povo e Cia de Mystérios e Novidades, a Gamboa acaba de ser presenteada com mais um projeto social na área de cultura: o Palco Escola. A sede, que fica na Av. Venezuela, nº 238, foi aberta ao público em abril, com a proposta de oferecer capacitação na área de Cenotécnica e Cenografia. A programação para o segundo semestre prevê diversas palestras e oficinas ministradas por profissionais que são referência na área. Todas as atividades oferecidas são gratuitas. “Esse projeto surgiu da necessidade de termos um espaço para a formação de mão de obra especializada e suprir uma demanda de mercado”, conta a museóloga e gestora do Palco Escola, Alair Barros. Segundo ela, a motivação principal foi promover a inclusão social. Alair defende que a arte é um instrumento de transformação do indivíduo e da sociedade. “Desejamos promover um espaço de possibilidades, mas temos um longo caminho pela frente. Estamos rodeados por comunidades que estão vendo esta região ser transformada em função do projeto Porto Maravilha. Precisamos proporcionar a essas pessoas a oportunidade de participarem disso tudo, e uma forma é instru-

Fabiola Buzim

Alair Barros: resgate e valorização da profissão de cenotécnico

mentalizá-las, oferecer formação”, justifica. Os cursos, voltados para adolescentes a partir de 16 anos, são divididos em módulos para facilitar a participação. De acordo com Alair, os alunos terão que trabalhar pesado. A museóloga explica que o propósito do Palco Escola é apresentar tudo o que envolve o universo de Cenotécnica e Cenografia, como marcenaria, serralheria, tintura, estruturação em ferro, vidro e outros materiais. “O aluno vai ter

que pegar no martelo, prego, aprender a usar uma furadeira, pintar, enfim, fazer de tudo. O cenotécnico é o profissional que constrói aquilo que é idealizado pelo cenógrafo. É preciso saber montar e desmontar um cenário, por exemplo, e isso não é qualquer pessoa que faz”, explica. A expectativa da gestora é que o projeto Palco Escola se torne referência e um espaço para o resgate da profissão de cenotécnico. Ela observa que muitas produções contratam pessoas apenas

“O aluno vai ter que pegar no martelo, prego, aprender a usar uma furadeira, pintar, enfim, fazer de tudo.”

para um trabalho pontual, o que gera uma desvalorização do ofício. “É difí-

cil encontrar mão de obra qualificada. Queremos que nossos alunos possam trabalhar em qualquer espaço ou evento artístico-cultural, seja no teatro, circo, cinema, televisão, shows ou exposição. Queremos ser uma referência para pesquisa e experimentação de novas técnicas, incluindo as digitais”, esclarece. O espaço já recebeu profissionais de renome na área para ministrar cursos e palestras, como o cenógrafo e figurinista Ronald Teixeira, curador da Quadrienal de Cenografia de Praga, e José Dias, professor doutor das universidades federais UniRio

e UFRJ. De acordo com Alair Barros, a proposta é promover um intercâmbio e ampliar as discussões sobre a área. “Queremos proporcionar aos nossos alunos o contato com profissionais que são bem-sucedidos na carreira, professores, mestres e doutores. É uma forma de motivá-los”, garante. Inscrições: Avenida Venezuela, 238 Gamboa – RJ. Fone: (21)2233 0670.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com


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comércio

Artesanato de primeira linha ganha o Centro do Rio Arte da Terra oferece peças feitas à mão, com acabamento elegante e preços atraentes Foi em uma viagem a Bali que a comerciante Eugênia Sílvia Garbin, sócia-proprietária do Arte da Terra, se apaixonou pelo artesanato local e resolveu trazer para o Brasil um pouco da arte balinesa. Em sua loja, localizada na Rua Camerino, 40, Centro, é possível encontrar uma variedade de peças para decoração feitas em madeira, ferro, fibras naturais e resina. Eugênia, que vai a Bali pelo menos duas vezes por ano, admite que o encanto com os detalhes das peças orientais foi instantâneo: “Eles são

Carolina Monteiro

O encantamento sempre presente nas peças da loja

muito capazes e extremamente detalhistas, usam muitas cores. É um paraíso para os olhos”, relata. Eugênia é argentina, mas mora no Brasil há vinte anos. A sua paixão por decoração a levou a abrir duas lojas no ramo, e também a viajar mundo afora à procura de peças exóticas. Além de Bali, há também peças originadas da Índia, África e alguns países da América Latina. “No Brasil, costumamos ir buscar mercadoria em Minas Gerais, principalmente móveis de madeira de demolição”, conta.

De acordo com ela, a loja na Rua Camerino é bastante movimentada, principalmente no horário entre 11h e 15h, e há uma grande procura por espelhos, pratos, máscaras tipo carranca, cestas para pães, pinóquios em madeira, máscaras africanas e artesanato em geral. “Temos duas unidades, a outra loja fica em Copacabana, mas é aqui no Centro que conseguimos vender os produtos por um melhor preço”, confessa. Eugênia aguarda com boas expectativas as mudanças em função do

projeto Porto Maravilha, mas analisa a situação de forma crítica. “Aqui é uma região muito rica e bonita. As autoridades deveriam ser mais atenciosas com o Centro. Aqui ainda há muita sujeira e abandono”, avalia. Rua Camerino, 40 - Saúde Atacado e Varejo Entre em contato: (21) 2223-4771

fabiola buzim comercial@folhadarualarga.com.br


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cidade

Conselho Comunitário de Segurança procura nova liderança Eleições e extinção do 13º BPM são as mudanças apresentadas na última reunião O Café da Manhã do Conselho Comunitário de Segurança da 5ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP) foi realizado no dia 21 de julho, no Instituto Nacional de Tecnologia, sediado na Av. Venezuela. Compareceram ao evento representantes de diversas instâncias da sociedade: trabalhadores, servidores públicos, moradores e frequentadores da região. Telma Rangel, presidente do Conselho Comunitário de Segurança - AISP 5, informou sobre o período de eleições apresentando a sua chapa. Ela constatou que, por falta de concorrência, provavelmente será eleita

no Café da Manhã do mês de agosto, quando ocorrerá a votação. Telma disse também que o 13º BPM será extinto e, portanto, o 5º BPM irá se responsabilizar por toda a área do Centro. Segundo ela, a AISP terá dois conselhos comunitários, ambos sob o comando do 5º BPM. A mesa foi composta por Andrea Lessa, do INT, Dr. Fábio Guimarães de Miranda, diretor-geral do Hospital dos Servidores, Alex Neto, secretário municipal de Segurança Pública, dentre outras lideranças. O secretário apresentou e explicou os fundamentos do projeto Rio em Ordem e informou que

está sendo construída uma base de operações na Rua Procópio Ferreira, no Centro. Segundo Alex Neto, a região está sendo estudada, mas já se pode afirmar que haverá um contingente de 500 guardas, munidos de blackberries, 24 horas, nos dias de semana. Ainda de acordo com o secretário, existirá um manual de procedimentos operacionais padronizados para minimizar os erros da corporação. Os baixos salários dos policiais também foram apresentados como um ponto crítico no contexto da Segurança Pública no Rio de Janeiro. A partir de 1999, para es-

Carolina Monteiro

Alex Neto, secretário municipal de Segurança Pública

truturar a Segurança Pública no estado do Rio, foram criadas as Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP), que reúnem polícia, governantes e sociedade civil organizada. Cada área criou um Conselho Comunitário de Segurança para avaliação da qualidade do serviço prestado pela polícia com a gestão participativa da sociedade, contribuindo para a adoção de soluções integradas. Os interessados em participar devem enviar e-mail para ccs.aisp.5@gmail.com. da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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cidade

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morro da conceição O potencial cinético de um fotógrafo Guenther Leyen é artista plástico e fotógrafo e tem uma história de vida bastante interessante. Nasceu em Niterói, mais precisamente na praia de Boa Viagem. Filho de alemães, mudou-se para Blumenau (SC) com apenas cinco anos e, apesar da pouca idade, nunca se esqueceu do verde das águas limpas da praia de Boa Viagem. Estudou arquitetura em Porto Alegre e pouco tempo depois já estava mergulhado em projetos artísticos. Participou de várias exposições, muitas delas trabalhando com arte cinética – objetos que interagem com o público, mudando de cor e forma dependendo do ruído ao seu redor. Nos anos 1980, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como técnico em computação no Centro de Formação Profissional Euvaldo Lodi. Por intermédio do Senai, foi buscar capacitação em robótica, na Itália. A empresa UniCAM (Computer Aid Manufacturing) desenvolveu um

injeção de plástico e moldes de estamparias de peças mecânicas. Só mesmo quem é do ramo para compreender melhor a revolução que a era industrial nos trouxe. Então pergunto-lhe como chegou ao Morro da Conceição. Ele me contou que veio conhecer o Projeto Mauá, subiu curioso e desceu apaixonado; voltou ao Morro com a mudança. Integrou-se ao Projeto Mauá, participando de todos os eventos e exposições, dentre elas a do Centro Cultural Light, Centro Cultural Banco Central e outros. Recentemente, o fotógrafo produziu um CD que foi fruto de um trabalho de dois anos fotografando e filmando um passeio virtual por todo o Morro. Uma preciosidade feita com a paciência de quem ama o que faz. Atualmente, está numa coletiva no Sesi, na Avenida Graça Aranha, onde participa com uma foto da velha casa 64 da Rua João Homem. A casa, em ruínas, é o reGuenther Leyen

Casario do Largo de S. Francisco da Prainha

sistema inteiramente brasileiro. Ela vende softwares para programar máquinas a comando numérico. Assim, eles vendem não só para o Brasil, mas também para a Itália e alguns países da América do Sul. São programas para fresadoras, tornos, máquinas de oxicorte, corte a laser, corte com jato d´água, corte a fio, além de

gistro vivo de um passado longínquo, onde a história dorme em silêncio, enquanto as paredes definham grão a grão, dia a dia. Como sempre digo: esse Morro da Conceição continua sendo uma fábrica de histórias.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com

Um mapa colaborativo da criminalidade Disque-Denúncia cria ferramenta de cadastro de ocorrências online Reprodução

Site do Disque-Denúncia do Rio se propõe a disponibilizar dados sobre irregularidades recentes

O Disque-Denúncia criou um mapa virtual do crime. Trata-se de um portal em que o cidadão pode acompanhar operações policiais em andamento e denunciar tiroteios, assaltos, jogos de azar, carros abandonados e até desrespeito à Lei do Silêncio. Além do telefone (21) 2253-1177, essa participação, a partir de maio, pode ser feita através do site e do Twiter. Até agora mais de 47 mil pessoas já aderiram às plataformas online. No período de produção desta reportagem, foram localizadas as seguintes denúncias no Centro do Rio: estacio-

3 - Insira uma foto do local, informe data, horário, endereço completo e localize a região no Google Maps

fechamento de avenidas e tiroteios. Denúncias que possam prejudicar investigações em curso não serão divulgadas. “A vantagem do mapa é mostrar parte da mancha criminal no estado”, afirma o coordenador. O mapa é formado por uma compilação dessas denúncias. Ao clicar no ponto que indica uma determinada ocorrência, o internauta terá acesso a detalhes, como o endereço do crime ou da irregularidade. Quando o problema é solucionado, a página é atualizada mostrando “ok” no lugar da ocorrência. O mapa virtual é resultado de uma parceria entre uma empresa de consultoria especializada na área de tecnologia e o Disque-Denúncia, responsável pela operação do site. De acordo com Zeca Borges, o serviço é o segundo passo dado pela instituição para se aproximar mais do cidadão.

4 - Visualize a ocorrência registrada clicando no botão “Mapa de Ocorrências”. Ela aparecerá no mapa representada por um ícone específico. A denúncia será vista por qualquer pessoa que visite o site.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com

namento irregular na Rua dos Andradas (“Rua estreita com carros estacionados em cima das calçadas. Pela foto do Google dá para ver que pedestres têm que andar pela rua, disputando espaço com os carros.”) e falta de luz na Rua da Conceição (“Luzes de três postes de luz da Rua da Conceição, Centro, estão apagadas, causando insegurança.”). Havia marcação de que a denúncia “deu certo” em ocorrências na Avenida Presidente Vargas, Avenida Erasmo Braga e Avenida Passos. O site é atualizado diariamente, mantendo cerca

de cem ocorrências no ar. Para fazer uma denúncia, é preciso se cadastrar no www.ddalertario.org.br, informar nome, município e data de nascimento. Assim como no contato por telefone, a identidade do denunciante é mantida em sigilo. Já no Twiter, basta seguir o perfil @ DDalertaRio. O coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, explicou que a ideia é dar mais uma chance para a população saber o que está ocorrendo e não se expor a riscos desnecessariamente, presenciando operações especiais da polícia, assaltos,

Colabore para o mapa virtual do Disque-Denúncia:

1 - Cadastre-se no site www.ddalertario.org.br 2 - Identifique o tipo de alerta (Segurança, Ordem Pública, Serviços Públicos)


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gastronomia

Um lugar a ser degustado

receitas carol

Bistrô reúne requinte, comida de qualidade e sossego no Beco das Sardinhas O Beco das Sardinhas, tradicional recanto na Rua Miguel Couto, é conhecido por seus bares e restaurantes animados e famosas sardinhas fritas. Mas essa agitação toda abriga também um oásis de tranquilidade: o Bistrô do Beco. O restaurante é um refúgio para quem quer sossego e uma gastronomia mais requintada na hora do almoço. O Bistrô fica no segundo andar de um sobrado, o que faz com que muitas vezes passe despercebido aos olhares mais distraídos. A casa, que conta com o talento de um novo chef, traz novas receitas com t-bone, keno-ribs e outras opções de carnes. Entre as segundas e as quartas-feiras são servidos pratos executivos com cinco opções de grelhados e oito variedades de acompanhamento. O restaurante é comandado por Renato dos Santos e Rebeca Azevedo. Já nas quintas e sextas-feiras uma boa alternativa é o prato do dia, sempre com uma novidade sugerida pelo chef. A fachada é discreta e além de um quadro negro com itens do cardápio, pouco há na entrada que chame atenção. O Bistrô, que ocupa um casarão de 1906 tombado, conseguiu só agora autorização da prefeitura para instalar um toldo com o nome da casa, o que facilitará a vida dos que procuram o restaurante, que merece muito ser descoberto. Na porta de entrada, uma grande escada de madeira leva as pessoas ao segundo andar do sobrado. O restaurante, pequeno e aconchegante, tem decoração legitimamente carioca. Os quadros enfileirados remetem a paisagens da cidade. O ambiente é uma mistura de história e contemporaneidade. A parede de tijolos em tom pastel contrasta com as janelas de vitrais vermelhos, que refletem a luz do dia e dão um tom colorido ao lu-

Carolina Monteiro

O frio parece que faz a gente ter mais fome, mais preguiça e mais vontade de ficar em casa. Nada melhor do que chamar os amigos para um bom vinho com aperitivos feitos por você, mas sem dar muito trabalho. E a culinária italiana combina demais com esse clima. Por isso escolhi para esse mês uma receita de brus-

chetta de tomate. Na verdade, bruschettas são torradas temperadas, como se fossem sanduíches abertos servidos como entradas. Os recheios podem variar de acordo com o seu gosto, desde frios e queijos a saladas leves como a de berinjela ou a de tomate, uma das minhas preferidas!

Bruschetta de tomate

ACP

Filé de dourado com arroz de açafrão do Bistrô do Beco Sacha Leite

Ingredientes 1 pão tipo caseiro de casca dura 3 tomates sem pele e sem sementes em cubos pequenos ¼ de xícara de manjericão picado e algumas

folhas para enfeite 4 colheres de sopa de azeite 1 dente de alho descascado sal e pimenta a gosto

Modo de preparo: O aconchegante ambiente do Bistrô do Beco

gar. Já as grandes luminárias moderninhas no teto caracterizam um ar despojado e ao mesmo tempo clássico. Um dos pratos mais procurados é a bem servida chuleta com batatas e cebola e, entre os peixes, o namorado com arroz de frutos do mar. As massas são opções mais em conta. Uma boa pedida é o farfalle de quatro queijos com nozes. Para o inverno, o menu conta também com sopas cremosas, como o creme de palmito com redução de vinho do porto ou o creme

de cebola à francesa. É bom guardar um espaço para as sobremesas, que são de dar água na boca, desde o tradicional brownie de chocolate com sorvete. A carta de bebidas também é bem variada. O cliente pode escolher entre drinques diversos, espumantes, cervejas e vinhos, como o uruguaio Ysern Tannat – Roble, o mais recomendado para o coração, e o argentino Malbec El Criprés, ambos de 2006. Trata-se de mais uma opção na região para se co-

mer bem, relaxar e provar novos sabores. Rua Miguel Couto, 139, Centro. Fone: (21) 22233970. 2ª a 4ª, das 11h30 às 16h; 5ª e 6ª, das 11h30 às 22h. Não abre nos feriados. Cartões de crédito: Diners Club, MasterCard e Visa.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Normalmente a bruschetta é feita com um tipo de pão que é fermentado com levedura natural, o que lhe confere uma casca grossa e crocante. Como nem sempre conseguimos achar esse tipo de pão, podemos usar um tipo caseiro ou italiano. O ideal é escolher um que tenha a casca com essas mesmas características. Corte o pão em fatias de 1 cm de espessura e torre-as numa grelha ou na torradeira. Assim que estiverem prontas esfregue levemente o dente

de alho num dos lados. Aqueça o azeite e junte as folhas de manjericão. Em seguida regue o tomate. Tempere com sal e pimenta. Arrume o tomate sobre o pão e regue com um fio de azeite, decore com as folhas de manjericão e sirva imediatamente.

ana carolina portella carolnoisette@hotmail.com Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol. blogspot.com


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lazer

Poesia Pintada Reprodução

Reprodução

Aqui ao lado

Flores 2

Tudo aqui ao lado, eu não sei por que, treva tão estranha tal realidade.

Flores são mães quando mais belas, enquanto sãs. Flores são moças livres das celas, e não são poucas.

Vivo preocupado, querendo saber, se o escuro ganha ou se a luz invade.

E a flor menina, a vida zela logo germina. Duas Jovens Entre Flores, pintura de Odilon Redon

O Império das Luzes, pintura de René Magritte Reprodução

Voz renitente

O Grito, pintura de Edvard Munch

andré calazans poesiapintada@gmail.com

restaurante natural e vegetariano

beterraba O self-service e delivery mais saudável do Centro do Rio Rua Dom Gerardo, 46 -A - Pça Mauá - Centro Próximo ao Mosteiro de São Bento

Tel: (21) 2263-5932 www.restaurantebeterraba.com.br contato@restaurantebeterraba.com.br

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De dentro da mente a voz renitente trazia a meu lado destino traçado que se manifesta podando as arestas palavras sem cor pro lado que for alguém escreveu e sei, não fui eu a tal segurança quando a vida cansa mas traz a tormenta se retroalimenta de dentro da mente a voz renitente alguém escreveu e sei, não fui eu


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lazer folha da rua larga

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dicas da cidade Coqueteleiros de plantão Quem não gosta de um drinque bem preparado? A Principado Louças (Avenida Marechal Floriano, 153 a 161) fez um convênio com a Associação Brasileira de Bartenders e oferecerá, de 15 a 19

de agosto, um curso de especialização na área. A capacitação será dirigida para todos os interessados em atuar no setor de bar e serviços. Mais informações através do telefone (21) 3289-2443.

Um café para a pequena notável O italiano Sérgio Contessi decidiu deixar Búzios para abrir uma cafeteria na Rua Alcântara Machado, 39, esquina com a Rua Acre. O belo casarão de dois andares, tombado pelo município, servirá focaccias e pizzas quadradas, conhe-

cidas como al taglio, além de aperitivos e diversos tipos de cafés. O milanês ouviu dizer que a casa fora residência da cantora Carmen Miranda.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Centro Cultural Light reabre em setembro Apresentações musicais gratuitas na hora do almoço inauguram teatro reformado O compositor Luiz Vieira será o primeiro artista a se apresentar no Centro Cultural Light reformado, dia 21 de setembro. O show, com entrada franca, se insere no projeto MPB 12:30 em Ponto, que trará apresentações gratuitas de importantes representantes da música brasileira, como Jards Macalé, Zé Renato, Tia Surica e Rita Ribeiro. O MPB 12:30 em Ponto é uma série de encontros musicais comandados por Ricardo Cravo Albin, com direção de Haroldo Costa e Paulo Roberto Direito. O projeto Animando a Rua Larga, elaborado pelo Instituto Light e Instituto Cidade Viva, concluirá as visitas guiadas à região no final de

divulgação

Zé Renato: confirmado para o MPB 12:30 em Ponto

Atrações MPB 12:30 em Ponto 21/09 - Luiz Vieira 28/09 - Doris Monteiro 19/10 - Jards Macalé 26/10 - Zé Renato 09/11 - Jorginho do Império 23/11 - Tia Surica 07/12 - Rita Ribeiro 14/12 - Rosemary

agosto. Duas mil pessoas se cadastraram na lista de espera para participar de passeios gratuitos, guiados pela empresa Rios de História, que preparou um roteiro específico para a região da antiga Rua Larga e Morro da Conceição. O tour se inicia no Centro Cultural Light, com uma oficina preparatória

de 15 minutos, seguida de passeio motorizado por jipe, pela Avenida Marechal Floriano, finalizando com caminhada pelo Morro da Conceição, área residencial com casario do início do século XX, onde crianças ainda brincam, tranquilas, pelas ruas do Centro. O Centro Cultural Light fica na Avenida Marechal Floriano, 168 (próximo ao metrô Presidente Vargas) Fone: (21) 2211-4515 Entrada franca Distribuição de senhas uma hora antes do show. Acesse o site:www.light. com.br da Light > Centro Cultural Light > Programação

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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