Edição 254 - Especial farmacêutico

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ano XXi • nº 254 janeiro de 2014

PROFISSIONAIS DE SAÚDE Cada vez mais o farmacêutico tem procurado diversificar o seu campo de atuação. Por força do próprio mercado de trabalho, as farmácias e drogarias continuam sendo as áreas de maior demanda CAPA254OK.indd 175

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EDITORIAL

Um ano atípico

No mês do farmacêutico, o Guia da Farmácia preparou uma série de reportagens especiais para abrir 2014 com informações sobre esta profissão que ganha cada vez mais credibilidade. Atualmente, cerca de 168 mil farmacêuticos atuam no Brasil e 12 mil novos profissionais se formam todos os anos nas 426 faculdades de farmácia hoje existentes no País. O dado mostra que a profissão está crescendo e chamando a atenção dos jovens da atual geração para a alta demanda e necessidade desse profissional no mercado. O fato não irá mudar substancialmente a realidade brasileira, mas irá melhorar consideravelmente a prestação de serviços de saúde à população, que carece de atendimento e acessibilidade. Veja um panorama completo sobre todas as atribuições do farmacêutico, as áreas de atuação mais cobiçadas, as diversas opiniões sobre a polêmica questão da prescrição farmacêutica, além de acompanhar, na íntegra, uma pesquisa inédita do ICTQ sobre a percepção que os profissionais têm dos Conselhos Regionais de Farmácia e do Conselho Federal de Farmácia. Em ano eleitoral, começam as promessas dos candidatos por um sistema de saúde melhor. O Brasil é a única nação entre as mais populosas do planeta que

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Flávia Corbó EDITORA DE ARTE Larissa Lapa ASSISTENTES DE ARTE Junior B. Santos e Rodolpho A. Lopes DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) 4

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possui sistema público de saúde universal e gratuito. Segundo o Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), são promovidos por ano mais de 3,2 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 500 milhões de consultas médicas e 30 milhões de procedimentos oncológicos. Mais de 1 milhão de internações são feitas todos os meses, e o País realiza o maior número de transplantes de órgãos públicos do mundo. Atualmente, o SUS distribui, gratuitamente, perto de 600 tipos de medicamentos nas unidades públicas de saúde. O que todos querem saber é de que forma o novo governo investirá em melhorias. Saúde é sempre um tema em voga em campanhas, mas mais do que atrair votos, deve realmente ser prioridade de quem assumir o Brasil em janeiro do próximo ano. Antes das eleições, viveremos momentos de alegria e muita torcida com a Copa do Mundo, que será 100% brasileira. Aproveite a oportunidade que o momento propicia e saiba como lucrar com os milhares de turistas que circularão por aqui. Boa leitura. Lígia Favoretto Editora-chefe

ASSISTENTES DO COMERCIAL Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS Morgana Rodrigues COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia e Antônio Gambeta

MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues COLABORADORES DA EDIÇÃO Revisão Helder Profeta Textos Egle Leonardi, Kathlen Ramos, Marcelo de Valécio, Rodrigo Rodrigues, Tassia Rocha e Vivian Lourenço Colunistas Gustavo Semblano, Luiz Carlos Silveira Monteiro, Meire Kamya, Natália Dias Brandão e Silvia Osso

MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira

IMPRESSÃO Abril Gráfica

ANALISTA DE MARKETING Lyvia Peixoto

CAPA Shutterstock

GUIA DA FARMÁCIA JANEIRO 2014

A profissão está crescendo e chamando a atenção dos jovens da atual geração para a alta demanda e necessidade desse profissional no mercado

> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

FOTO: SHUTTERSTOCK

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SUMÁRIO #254 JANEIRO 2014

E MAIS

46 32 > ATUALIDADE A proximidade da Copa do Mundo deve gerar mais de 100 mil oportunidades de negócios no setor varejista. Para tirar o melhor proveito desse momento único, é preciso estar preparado

46 > CONJUNTURA Apesar dos inegáveis avanços obtidos pelo setor da saúde pública brasileira, a qualidade ainda é baixa e os gargalos são vários. A solução estaria nas mãos de arranjos políticos

52 > DEBATE A polêmica discussão a respeito de pesquisas com animais ganhou ainda mais repercussão. Especialistas afirmam que os testes ainda são necessários para a evolução da saúde

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GUIA ON-LINE ENTREVISTA ANTENA LIGADA ATUALIZANDO TESTES GUIA DA FARMÁCIA RESPONDE VENDAS NEGÓCIOS PONTO DE VENDA

CADERNO SAÚDE 120 124 128 130

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DOR AGUDA VIROSE ARTIGO MICOSES

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SAZONALIDADE OPORTUNIDADE CATEGORIA BELEZA SORTIMENTO EVENTO – LUPA DE OURO EVENTO – IBEVAR EVENTO – ABRAFARMA SEMPRE EM DIA SERVIÇOS

60 > CENÁRIO Até 2015, dez medicamentos de referência devem ter suas patentes vencidas. As quedas serão capazes de ampliar o market share do segmento de 23% para 24,2% no setor farmacêutico

CAPA

74 > ESPECIAL FARMACÊUTICO

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A profissão de farmacêutico tem tradição milenar e, com o passar dos anos, foi ganhando importância até tornar-se essencial para a manutenção da saúde da população

COLUNAS 44 > VAREJO Silvia Osso 50 > CONSULTOR JURÍDICO Gustavo Semblano 72 > LOGÍSTICA Natália Dias Brandão 112 > OPINIÃO Luiz Carlos Silveira Monteiro 162 > RECURSOS HUMANOS Meire Kamya

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AS QUATRO ESTAÇÕES

Além de estar atento às datas comemorativas, o varejista deve saber tirar proveito das sazonalidades. Especialistas dão dicas de como fazer

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POLÊMICA NO AR

Veja os argumentos das entidades que se mostram contrárias à prescrição farmacêutica FOTOS: SHUTTERSTOCK

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O QUE ROLA NAS REDES SOCIAIS

Acompanhe o Facebook do Guia da Farmácia

SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!

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ANVISA PROÍBE COMERCIALIZAÇÃO DO MEDICAMENTO ROWATINEX

LIVRE ARBÍTRIO

Cabe a cada um avaliar o risco-benefício do medicamento e decidir por si próprio se vale ou não a pena tomar! Vamos parar com isso de que faz mal, porque o álcool e o cigarro também fazem, não possuem nenhum benefício associado e estão aí sendo vendidos sem receita. Lívia Proença, em resposta à nota Riscos da sibutramina, publicada no dia 6 de dezembro no Facebook do Guia da Farmácia.

INFRAÇÃO LEGAL

MERCK AVANÇA COM MEDICAMENTO PARA ALZHEIMER

Isso deve ser por ganância de donos de farmácia que não querem pagar um farmacêutico. E muitos amigos nossos de profissão, infelizmente, correm esse risco. Vão lá só assinar e cobram menos que o piso. Vini Coluce Herreira, em resposta à nota Farmácias sem farmacêutico, publicada no dia 6 de dezembro, no Facebook do Guia da Farmácia.

MUDANÇA APROVADA

ANTICONCEPCIONAIS NÃO PREJUDICAM FERTILIDADE DA MULHER

DESCOBERTA PODE CRIAR ANTIDEPRESSIVO ESPECÍFICO PARA CADA PACIENTE online.indd 9

Finalmente os similares serão submetidos a testes que comprovem sua eficácia. Assim ganharão mais credibilidade. Lidiane Pinheiro, em resposta à nota Regra para a venda de similar e genérico, publicada no dia 4 de dezembro, no Facebook do Guia da Farmácia.

PERGUNTE E NÓS RESPONDEREMOS!

Se você tem dúvidas ou qualquer tipo de curiosidade sobre o mercado, empresas ou sobre suas atribuições, escreva para nós! Nossos colunistas estão de plantão para atendê-lo na seção Guia da Farmácia Responde. Veja mais na pág. 100.

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Entrevista - Servimed

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Respirando distribuição SEGMENTO PASSA POR FALTA DE INFRAESTRUTURA EM LOGÍSTICA, MAS GESTÃO BEM AZEITADA E SEGMENTAÇÃO GARANTEM BONS RESULTADOS

H

POR LÍGIA FAVORETTO

Há 40 anos no mercado, a Servimed se destaca entre as distribuidoras brasileiras. Sua sede fica em Bauru, interior de São Paulo, com 2,2 mil colaboradores, a empresa se consolida entre cases de sucesso, foco na equipe e gestão de qualidade. A história começa em 1973 com a sucessão da antiga Distribuifarma para Servimed. No início, a distribuidora atendia somente farmácias e drogarias com medicamentos. Era uma empresa de pequeno porte com atuação em um raio de aproximadamente cem quilômetros. Mas com o desejo inquieto de crescer do irreverente presidente Antonio Iachel Marques, o famoso Toninho, a empresa venceu os desafios e antinge uma ótima posição no ranking nacional das distribuidoras. Sempre com um sorriso estampado no rosto, Toninho conversou com o Guia da Farmácia sobre as conquistas e a importância do canal farma para os seus negócios. Guia da Farmácia • O que significa completar 40 anos de mercado com resultados sempre positivos? Antonio Iachel Marques • Uma história como a nossa é resultante de muito trabalho, dedicação e respeito aos nossos colaboradores, fornecedores e clientes. Tivemos muitas conquistas nestes 40 anos de empreitada, evidente que

enfrentamos muitas dificuldades também, mas o equilíbrio e ética sempre preponderaram. Guia • A Servimed começou no interior de São Paulo e hoje atende seis Estados, mais o Distrito Federal. Como se deu esse crescimento? Marques • A Servimed sempre se propôs a ampliar suas áreas de atuação com qualidade em distribuição, isso quer dizer: temos ciência de nossa missão em atender prioritariamente o varejo de drogarias independentes. Sempre trabalhamos pautados no respeito ao nosso cliente. O reconhecimento de nosso trabalho é que nos proporcionou este crescimento. Para mim não basta entregar mercadorias para o dia a dia, temos que nos envolver com nossos clientes e buscar soluções juntos. Guia • A Servimed atende hoje o canal farma, alimentar e hospitalar. O farma continua sendo o mais representativo? Marques Nossa origem e maior representatividade é o canal farmacêutico, com cerca de 78% do faturamento. Em 2013, todas as divisões de negócios apresentaram um crescimento significativo e acima do mercado. A composição de seus resultados nos projetou a um fechamento de ano com mais de 20% de crescimento. Guia • Quais as expectativas para 2014? Marques • O ano de 2013 foi de recuperação de mercado e, ainda assim, com foco em resultados. É importante 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ENTREVISTA - SERVIMED

destacar que esse expressivo desempenho não é em detrimento de nossas margens, e, sim, consequência de nossos investimentos em tecnologia, infraestrutura e em uma classe executiva de alto desempenho, calcada em um planejamento coeso. Temos uma visão de negócios na qual nos propomos configurar entre as três primeiras empresas na nossa área de atuação e dentro do segmento até 2017. Para tanto, nossa previsão de crescimento médio é de 20% para os próximos três anos. Guia • r que a a ar a r a se a a e ais i eressa e ai r ar e e e e ia e s u i ie e ess a er u aria e s i s Marques • O canal farma torna-se cada vez mais interessante devido ao aumento da capacidade de consumo de nossa sociedade. Tínhamos um déficit de consumo em medicamentos devido à falta de acesso e desinformação. Hoje temos uma sociedade mais informada, buscando melhorar a qualidade de vida e mais consciente de suas alternativas de consumo. Se o Brasil evolui, evidente que os meios envolvidos na área de saúde também devem evoluir, por ser um dos setores básicos de sustentação de uma sociedade. Isso passa por políticas governamentais e pelo foco das indústrias farmacêuticas, que identificaram neste processo uma grande oportunidade de desenvolvimento de um mercado em potencial. A respeito de margens, o que posso afirmar é que a categoria de HPC proporciona maiores margens na comercialização, porém necessita de maiores investimentos em armazenamento e transportes. Guia • e a e er s i s u ase e su ess a er i e sses r u s se s i a a a e ais Marques • Acredito que a Servimed teve o mérito de antever o crescimento de dermocosméticos em nosso mercado, dessa forma, fomos pioneiros na constituição de uma estrutura específica para trabalharmos tal categoria. Atualmente, temos uma equipe de consultoria de vendas e merchandising treinada para oferecer aos nossos clientes não apenas a reposição dos produtos mas todas as informações e composições de PDV necessárias para evolução dessa categoria. Há de se destacar também a parceria das grandes marcas, que confiam em nosso trabalho e nos municiam de informações e materiais diferenciados. Guia • a ei ar e i s e es a e e er r e a e s e e as que a i a as e as e u ra i i a e e e re a 14

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“SE O BRASIL EVOLUI, EVIDENTE QUE OS MEIOS ENVOLVIDOS NA ÁREA DE SAÚDE TAMBÉM DEVEM EVOLUIR, POR SER UM DOS SETORES BÁSICOS DE SUSTENTAÇÃO DE UMA SOCIEDADE” Marques • O importante é a constância no atendimento e o equilíbrio na demanda das categorias. A boa composição de vendas de medicamentos RX, OTC, genéricos e dos produtos de consumo é que proporciona o retorno de margens e devido respeito à nossa capacidade de operações. Nossas metas estão estabelecidas por categorias e temos uma equipe de vendas consciente e empenhada nesse processo, assim como somos identificados pelos nossos clientes e parceiros logísticos como um distribuidor capacitado a suprir o mercado. Guia • a se u a res i e a e a e s e ar ias e r arias ssa seria u a e ia que s s is ri ui res e eria se uir Marques • Não é tão simples assim. Que temos uma projeção positiva de demanda de HPC no segmento isso é fato, porém, a correta composição de mix e adequações na estrutura de logística e compras são tarefas complexas de se executar. Nessa categoria também sofremos concorrência de atacados e outros segmentos, e sinto que o jogo fiscal e políticas comerciais das grandes empresas ainda não atingiram a maturidade suficiente para o devido equilíbrio desse negócio. Em outubro de 2013, iniciamos as atividades de nosso novo Centro de Distribuição de 10,8 mil m2 com capacidade para 18 mil paletes, destinados exclusivamente à categoria de consumo. Guia • u as re es e a u s a ra ri s ra a a se s i a r ri s ss a ea a se r e is ri ui Marques • Não identifico dessa forma. O Brasil passa por uma crise em logística, com lead time alongados em demasia para a cadeia de suprimento de nosso negócio. Procuro identificar as oportunidades que temos em interagir com grandes empresas na busca de soluções e

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propostas de serviços que se complementem. Temos um País de grandes dimensões e um painel de varejo pulverizado. A maior ameaça é a concentração de vendas através de um canal direto, está aí o processo ao qual devemos reter a nossa atenção. Guia • a sua i i quais s as ri i ais quis as e ri i ais esa s er a a is riui ara a a ar a rasi Marques • As principais conquistas são a moralização e profissionalização que passamos nos últimos anos. Hoje temos uma relação de maior respeito junto as indústrias, clientes e órgãos públicos. Sendo assim, identificamos uma base muito mais sólida para o planejamento futuro. Os principais desafios também são resultantes do que acabei de citar, é estabelecer processos ainda mais precisos, é investir em informação para coesão dos departamentos e buscar excelência em seus serviços, pois as margens estão cada vez mais ajustadas e o mercado mais competitivo, inclusive com inserção de empresas internacionais. Outro desafio encontrado atualmente é na área de recursos humanos, estamos enfrentando uma crise de escassez de mão de obra, e isso afeta negativamente a qualidade dos processos. Guia • Mui s are is as re a a u rie e ra s e e re a u rir ra s Marques • A distribuição também é impactada pela crise no setor de logística. Essa crise afeta o nível de serviço oferecido ao mercado e, consequentemente, ao varejo. Concluímos que o prazo de entrega é um problema do segmento como um todo e a Servimed investe em estrutura, profissionais e parceiros para tentar amenizar tais impactos aos nossos clientes. Esta é uma crise no Brasil decorrente da fragilização do setor de transportes, infraestrutura e leis que norteiam tais atividades. Guia • s ra a a r a r ria u rir as as e i ias a ia a i a e i i ia a i ria isa ara ra s r e e ara e a e e e i a e s Marques A Servimed trabalha com frota própria de 73 veículos para expedição das rotas e terceirizamos a entrega ao cliente a partir de nossos polos. Atendemos todas exigências da Anvisa no tocante a manuseio dos medicamentos. As normas estabelecidas para o nosso segmento devem ser cumpridas à risca, pois estamos lidando com a saúde das pessoas e devemos ter consciência disso.

Guia • es ir e ess a u s i ere iais a er i e r que s a ra res s i ra es ara a e resa Marques • Na Servimed temos muitos profissionais que se formaram dentro de nossa estrutura. Incentivamos e damos oportunidades de crescimento, também temos políticas internas de apoio e subsídio para a formação acadêmica. Temos no Brasil uma crise de mão de obra, uma das alternativas para as empresas é investir na formação de seus colaboradores. Uma empresa é formada por pessoas, seus resultados advêm da sinergia de seus departamentos e coesão de forças com foco em seus resultados. Guia • s a re i a a r e ar s r e ia ss u i ere ia uais as a ae s e se a uar es a r a Marques Acredito na meritocracia, somos movidos por resultados. Nossa empresa tem seu cronograma bem estruturado. Nos últimos dois anos, promovemos alterações consideráveis na forma de gestão, constituímos uma classe executiva com autonomia e alinhada a um planejamento orçamentário e estratégico participativo e bem delineado. Todas as ferramentas e informações estão à disposição, esse é um grandioso campo para que nossos colaboradores possam provar as suas competências. Guia • r que resi e e a er i e a quese ser r i e sua equi e e e que ra iss a e e Marques • Tento sentir o pulsar do negócio. Temos que confiar em nossa capacidade, por isso a confiança é possível apenas quando se conhece as pessoas que compõem este processo. Recentemente promovi uma atividade junto aos nossos colaboradores com o sugestivo nome Frente à Frente com o Presidente e teve como objetivos diminuir a distância entre os níveis hierárquicos da empresa e conhecer melhor, interagir e saber como pensam e quais são as expectativas de nossos colaboradores. Guia • ua se re su ess Marques • O segredo é o equilíbrio. É constituir uma base confiável de informações e uma rede de relacionamentos baseados no respeito e corresponsabilidade. É estar atento às mudanças e ser ágil, porém, sem se precipitar. Seguir um planejamento bem definido, ser transparente em tudo que se faz e com muita honestidade. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ANTENA LIGADA

SETOR EM

ALTA

O DESENVOLVIMENTO NO CAMPO FARMACÊUTICO ESTÁ CADA VEZ MAIS EM EVIDÊNCIA. EMPRESAS ESTÃO EXPANDINDO SEUS NEGÓCIOS E, COM ISSO, OFERECENDO NOVAS OPORTUNIDADES, ALÉM DE CARREIRAS PROMISSORAS EMPREGO DE SUCESSO

Nos últimos anos, o setor farmacêutico no Brasil viveu uma revolução. A entrada dos genéricos no mercado é um dos motivos, mas não o único. “O governo é o principal cliente da indústria farmacêutica e ele mudou”, afirma a consultora sócia da Abrahams Executive Search, Silvia Carvalho. A demanda ficou mais exigente e a competição, acirrada. Para responder a esse cenário, novas profissões foram criadas. E, a tendência, é que ocupem mais espaço no mercado, segundo a especialista. Os cargos são: gerente de acesso ao mercado público, gerente de acesso ao mercado privado, medical science liaison (MSL), gerente de educação médica e gerente de ONG. • http://abrahams.com.br 18

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INOVAÇÃO EM EMBALAGEM

As embalagens dos produtos da Biolab Farmacêutica mudaram. Aos poucos, o azul da companhia é substituído pelo branco – a principal modificação visual nas embalagens –, deixando-as ainda mais modernas e arrojadas. A tipografia também ganhou alterações – agora ela está diferenciada, garantindo mais leveza e permitindo que o grafismo fique evidente. Com esse novo layout, os ícones também ficam mais visíveis na parte frontal, além de maiores e mais iluminados, inclusive com a nova logomarca da companhia em destaque. Esses diferenciais melhoram a visibilidade dos produtos nas gôndolas. • www.biolabfarma.com.br FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

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ANTENA LIGADA

COMPRIMIDOS CORTADOS

Um estudo feito no Sul do País comprovou que o hábito comum de cortar comprimidos ao meio traz riscos à saúde. Os pesquisadores descobriram que os medicamentos partidos podem até provocar intoxicação. De acordo com a pesquisa feita na Universidade Católica de Pelotas, a prática pode não garantir a dose correta para o tratamento. O medicamento analisado foi o diurético mais receitado para hipertensão no País, a hidroclorotiazida. • www. cp l. .br/portal

REAJUSTE SALARIAL

Com mediação do Tribunal Superior do Trabalho, (TST) trabalhadores que atuam no setor de farmácia e os empregadores chegaram a um acordo durante audiência de conciliação de dissídio coletivo. Para que seja formalizado o compromisso, ainda são necessários alguns ajustes pedidos pelo vice-presidente do TST, ministro Barros Levenhagen. O resultado foi um compromisso com mais de 50 cláusulas, que inclui reajuste de 5,8%, extensivo ao piso normativo profissional. • www.tst. s.br

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

A Rede de Farmácias Nissei inaugurou um novo centro de distribuição, localizado em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. O empreendimento está em uma área de 40 mil m², sendo 17 mil m2 de área construída, e possui capacidade para abastecer até 500 filiais entre os Estados atendidos. Atualmente, a rede conta com 250 lojas no Paraná, Santa Catarina e São Paulo – e está em plena expansão. Com um investimento de R$ 35 milhões em estrutura e equipamentos, o local passa a centralizar as operações de distribuição e atendimento das lojas. • www. ro arias iss i.com.br

EXPANDINDO OS NEGÓCIOS

O Grupo Natulab inaugurou, no dia 28 de novembro de 2013, a primeira etapa do novo complexo industrial da companhia em Santo Antônio de Jesus (BA). O presidente da empresa, Marconi Sampaio, lembrou que a estrutura total do projeto terá nove unidades fabris, em 50 mil m² de área construída e ficará tudo pronto até 2016, com módulo administrativo e áreas para novas linhas produtivas de aerossóis, a primeira do Nordeste, semissólidos e dermocosméticos, suplementos alimentares, nutrição enteral, suplementos para atletas, antibióticos, fábrica de chás e ampliação da atual linha de sólidos. “Esse é o primeiro passo de um grande projeto. Estamos trabalhando para que a Natulab seja uma das maiores empresas da indústria farmacêutica do Brasil”, ressaltou. • www. at lab.com.br 20

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BALDACCI INOVA E RENOVA INSTITUCIONAL

O Baldacci inicia o ano de 2014 com uma total renovação de sua identidade visual e design de embalagens. Moderno e de linhas leves, o novo logotipo do laboratório reflete a inovação e modernidade, características importantes da companhia, sem deixar de lado a tradição de um laboratório italiano com mais de 110 anos de história. Estas características também ilustram as novas embalagens, que além de adotarem um visual mais leve e atualizado, ainda contam com novas tecnologias de segurança para o paciente – trazendo também tranquilidade tanto para o prescritor quanto para o profissional da farmácia. • www.lbal acci.com.br

AUTOMEDICAÇÃO PELA INTERNET

SERVIÇO À POPULAÇÃO

A Farmácia Vitorio completou 55 anos de história em 2013, prestando serviço à população durante este mais de meio século e permanece como um dos estabelecimentos mais confiáveis da cidade. Ainda localizada no centro de Manaus, à Rua Rocha dos Santos, 101, a farmácia oferece um serviço eficiente e diferenciado de atendimento aos clientes. •

Segundo uma pesquisa realizada em 2013, 80% dos brasileiros buscam informações médicas pela internet. Isso tem refletido no aumento de pacientes que não conseguem resolver os problemas nos consultórios. Entre os entrevistados, 71% acreditam que sabem avaliar o conteúdo que encontram na rede. Contudo, o mesmo estudo mostrou que, entre as pessoas que acabam procurando um médico depois, 62% perceberam que as informações virtuais não batiam com as dos especialistas. • www.o .or .br/o o brasil/opas oms

TESTE DE FARMÁCIA

Um teste caseiro para diagnóstico de HIV começará a ser usado no País no próximo ano. Desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o exame é feito com base em análises de saliva. Organizações não governamentais já começam a ser treinadas para o uso adequado do kit. Na primeira etapa, o exame será oferecido para populações consideradas vulneráveis à doença, como profissionais do sexo, gays, usuários de drogas e travestis. • http://portal.fiocr .br 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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CUIDADOS

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MIP BRASIL FARMA

Ficou mais fácil ter uma alimentação saudável e equilibrada. As gomas com fibras Livina contêm FOS Fibras, um suplemento que auxilia o bom funcionamento do organismo. Em embalagem prática e moderna, você consome quando e onde quiser. Suas gomas de fibras em gelatina são práticas, saborosas e podem ser consumidas a qualquer hora do dia e em qualquer lugar. Livina não precisa de água para dissolver nem ser guardado na geladeira. Ajuda a manter a forma, pois não tem açúcar e contém apenas oito calorias por goma. Livina Fibras fornece 4,3 gramas de fibras por porção. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 http://mipbrasilfarma.com.br/livina/

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ATUALIZANDO

INELLARE ZERO ACHÉ

O produto é voltado para as pessoas que precisam complementar necessidades diárias de cálcio e, ao mesmo tempo, não podem ou não querem ingerir açúcar. Em termos calóricos, um tablete de Inellare Zero tem apenas nove calorias. O lançamento chega ao mercado em duas apresentações, em 30 e 60 tabletes. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.ache.com.br

FOOTNER

MIP BRASIL FARMA

A Mip Brasil Farma acaba de lançar no mercado uma completa linha de produtos desenvolvida para deixar os pés com pele de bebê. Os produtos são inovadores com desempenho consolidado na Europa. O Footner possui apresentações e resultados comprovados, auxiliando no tratamento contra a aspereza e calosidades dos pés. MS 2.6499.0001-2 (Footner Cream – creme reparador) MS 2.6499.0003.002-1 (Footner Esfolianting Socks – meias esfoliantes) http://mipbrasilfarma.com.br/ footner/#voce-e-seu-pe/

GREEN CAFÉ BIONATUS

A Bionatus lança no mercado brasileiro uma nova geração de suplementos alimentares que auxiliam os programas de suporte para gerenciamento de peso: a linha Green Café. Composta por três produtos diferentes e desenvolvida com tecnologia 100% nacional, a nova linha traz itens com grãos de café verde selecionados que não sofrem o processo de torrefação, preservando, assim, seus principais nutrientes, combinados com ingredientes tipicamente brasileiros, vitaminas e minerais. O Green Café Energy traz uma formulação inédita que contém extrato de café verde, extrato de chá branco, vitamina C, guaraná e açaí em pó. Já o Green Café Antiox combina o café verde com cranberry, vitaminas C, E e A, além de selênio e magnésio, para evitar a atuação dos radicais livres no organismo. O Green Café Detox provoca uma “faxina interna” no organismo, começando pelo fígado, além de blindar o sistema imune e melhorar a qualidade de vida. MS Produtos notificados de acordo com a RDC 269/05 www.bionatus.com.br 28

LINHA POLISENG YNOV® TEUTO

Aliando a tecnologia das cápsulas gelatinosas, com fórmulas desenvolvidas através de pesquisas científicas e os mais altos padrões de qualidade inerente, a Linha Poliseng Ynov® equilibra o funcionamento do organismo e realça a beleza de dentro para fora. A linha contempla os produtos Poliseng Ynov® Skin Hair, Poliseng Ynov® Slim, Poliseng Ynov® Nocelulit, disponibilizados no mercado em embalagens contendo 60 cápsulas gelatinosas moles, e o Poliseng Ynov® Bronzear, cuja embalagem contém 30 cápsulas gelatinosas moles. MS Produtos isentos de registro, conforme RDC 27/10 www.teuto.com.br

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Helioral Melora

Os fotoprotetores orais são uma nova forma de proteção do sol por meio da ingestão de cápsulas que contenham substâncias capazes de reduzir os efeitos danosos da radiação solar, neutralizando os temidos radicais livres e melhorando as defesas da pele. Dentre essas substâncias, o Polypodium leucotomos é a mais conhecida. Trata-se de um extrato de um tipo de samambaia tropical e que é capaz de atuar reduzindo tanto a vermelhidão causada pelo sol quanto o aparecimento de manchas e de sinais de envelhecimento, além de ajudar na proteção contra o câncer de pele. MS 1.1860.00958.003-2 www.melora.com.br

DoseD Aché

Chega ao mercado o produto DoseD, suplemento alimentar que contribui para o alcance da ingestão diária necessária de vitamina D. O produto terá apresentações em gotas, de 10 mL e 20 mL, com o sabor maçã-verde. Os consumidores podem complementar a sua dose de sol diária com apenas uma gota. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.ache.com.br

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FLEBLIV (PINUS PINASTER) NATULAB

KOLAMPEPT TEUTO

O laboratório Teuto lança mais uma novidade no mercado brasileiro. Trata-se do antiácido Kolampept, um produto rico em cálcio e magnésio que atua aliviando a azia e o mal-estar devido ao ataque do ácido gástrico diretamente no estômago ou esôfago. O produto ajuda na neutralização de parte do ácido gástrico e na proteção das células do estômago devido ao aumento de secreção de bicarbonato e muco, diminuindo consideravelmente a dor causada. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.teuto.com.br

O Flebliv é um medicamento fitoterápico à base do extrato do Pinus pinaster, conhecido popularmente como pinho marítimo. As substâncias presentes na casca da planta possuem propriedades antioxidantes naturais, além de serem muito eficazes no tratamento das doenças circulatórias. Com apresentação de 50 mg em 30 comprimidos, o medicamento da Natulab alivia o inchaço nos membros superiores, as câimbras e a sensação de peso nas pernas. MS 134810058 www.natulab.com.br

BUSCOPAN

BOEHRINGER INGELHEIM

PARACETAMOL MEDLEY

A Medley Indústria Farmacêutica, uma empresa Sanofi, lança no mercado nacional mais um produto da sua linha de genéricos da categoria de medicamentos para alívio de dores de cabeça, o paracetamol + cafeína (500 mg + 65 mg em cartela de 20 comprimidos). Indicados para o alívio temporário de cefaleia, sinusite, resfriado, dores musculares, cólicas menstruais, dores de dente e artríticas de baixa intensidade. O medicamento já está disponível no varejo farmacêutico de todo o País. MS 1.0181.0606.001-3 www.medley.com.br/portal/src/ 30

Os medicamentos Buscopan, Buscopan Composto, BuscoDuo e Buscofem (indicado especificamente para cólicas menstruais) tiveram logotipo e traços reformulados. A marca, que procura se renovar a cada ano, agora traz um layout diferenciado e moderno para toda a linha. Com a nova identidade visual da Família Buscopan, a marca acredita que será percebida como uma linha mais moderna, além de aumentar sua visibilidade nas gôndolas e se diferenciar em meio aos concorrentes e similares. Apesar da grande mudança, é importante ressaltar que a fórmula de todos os produtos permanece a mesma. Buscopan MS 1.0367.0014.001-4 (drágeas) MS 1.0367.0014.002-2 (gotas) Buscopan Composto MS 1.0367.0013.014-6 (gotas) MS 1.0367.0013.021-3 (comprimidos) Buscoduo MS 1.0367.0096.004-1 www.buscopan.com.br

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MAXFORT

Naturelife

O Maxfort, suplemento mineral à base de sulfato ferroso e fósforo, foi relançado pelo Grupo Natulab, através da Naturelife Suplementos Alimentares. O produto com apresentação de 240 mL e sabor guaraná é indicado como auxiliar no tratamento de anemias e em casos onde há a necessidade de reposição dos níveis sanguíneos de fósforo e ferro. Introduzido inicialmente no mercado em 2000, o Maxfort marcou a história da Natulab como o seu primeiro lançamento. MS Produto isento de registro, conforme a RDC 27/10 www.naturelife.ind.br

Cloridrato de metformina + glibenclamida Torrent

A Torrent do Brasil lança o primeiro genérico resultado da associação de dois agentes antidiabéticos: cloridrato de metformina + glibenclamida. Destinado ao tratamento do diabetes melito tipo 2, com o medicamento, pode-se obter níveis satisfatórios de glicemia e HbA1c (ou açúcar no sangue), proporcionando melhor controle do paciente diabético. A associação metformina + glibenclamida será comercializada em duas apresentações: em comprimidos de 500mg + 2,5 mg, em caixa com 30 unidades e em comprimidos de 500 mg + 5 mg, em caixa com 30 unidades. M.S. 1.0525.0042.005-8 (500 mg + 2,5 mg) M.S. 1.05250034004-6 (500 mg + 5 mg) www.torrent.com.br

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FOTOS: SHUTTERSTOCK

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COM A COPA DO MUNDO CADA VEZ MAIS PRÓXIMA, AS OPORTUNIDADES SÃO POSTAS EM CAMPO PARA O COMERCIANTE APROVEITAR OS DIAS DE COMPETIÇÃO, AUMENTAR O TÍQUETE MÉDIO E OBTER MAIS LUCROS. CONFIRA AS DICAS POR RODRIGO R O D RI GUE S

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O ano de 2014 começou e, com ele, a contagem regressiva para o maior evento do planeta: a Copa do Mundo. A partir de junho os olhos do mundo vão se voltar para o Brasil e para as 32 seleções que disputarão o tão sonhado título mundial no País. A Copa é o evento que mais movimenta turistas no globo. Segundo as estimativas da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), o Brasil deve receber cerca de 600 mil turistas estrangeiros só nos 25 dias de evento futebolístico. Entre os brasileiros, a expectativa é de que, pelo menos, 3,1 milhões participem do evento, movimentando-se pelas 12 cidades-sedes que receberão os jogos do torneio. E turista, em qualquer lugar do mundo, significa dinheiro. Nos cálculos do governo federal, o torneio deve movimentar no Brasil cerca de R$ 25 bilhões em investimentos, 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ATUALIDADE

ONDE ACONTECERÃO OS JOGOS DA PRIMEIRA FASE?

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SÃO PAULO

FORTALEZA

Brasil x Croácia – 12 de junho (abertura) Uruguai x Inglaterra – 19 de junho Holanda x Chile – 23 de junho Bélgica x Coreia do Sul – 26 de junho

Uruguai x Costa Rica – 14 de junho Brasil x México – 17 de junho Alemanha x Gana – 21 de junho Grécia x Costa do Marfim – 24 de junho

RIO DE JANEIRO

CURITIBA

Argentina x Bósnia-Herzegovina – 15 de junho Espanha x Chile – 18 de junho Bélgica x Rússia – 22 de junho França x Equador – 25 de junho

Irã x Nigéria – 16 de junho Argélia x Rússia – 26 de junho Honduras x Equador – 20 de junho Espanha x Austrália – 23 de junho

RECIFE

CUIABÁ

Costa do Marfim x Japão – 14 de junho Itália x Costa Rica – 20 de junho Croácia x México – 23 de junho Alemanha x Estados Unidos – 26 de junho

Chile x Austrália – 13 de junho Rússia x Coreia do Sul – 17 de junho Nigéria x Bósni-Herzegovina – 21 de junho Colômbia x Japão – 24 de junho

PORTO ALEGRE

BRASÍLIA

França x Honduras – 15 de junho Holanda x Austrália – 18 de junho Argélia x Coreia do Sul – 22 de junho Argentina x Nigéria – 25 de junho

Suíça x Equador – 15 de junho Colômbia x Costa do Marfim – 19 de junho Brasil x Camarões – 23 de junho Portugal x Gana – 26 de junho

NATAL

BELO HORIZONTE

México x Camarões – 13 de junho Gana x Estados Unidos – 16 de junho Japão x Grécia – 19 de junho Inglaterra x Costa Rica – 24 de junho

Colômbia x Grécia – 14 de junho Costa do Marfim x Japão – 17 de junho Argentina x Irã – 21 de junho Costa Rica x Inglaterra – 24 de junho

MANAUS

SALVADOR

Inglaterra x Itália – 14 de junho Camarões x Croácia – 18 de junho Estados Unidos x Portugal – 22 de junho Suíça x Honduras – 25 de junho

Espanha x Holanda – 13 de junho Alemanha x Portugal – 16 de junho Suíça x França – 20 de junho Irã x Bósnia-Herzegovina – 25 de junho

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PAÍSES QUE MAIS RECEBEM TURISTAS NO MUNDO 1º LUGAR FRANÇA

79,1 MILHÕES

2º LUGAR EUA

59,8 MILHÕES

3º LUGAR CHINA

55,7 MILHÕES

4º LUGAR ESPANHA

52,7 MILHÕES

5º LUGAR ITÁLIA

43,6 MILHÕES

6º LUGAR GRÃ-BRETANHA

28,1 MILHÕES

7º LUGAR TURQUIA

27 MILHÕES

8º LUGAR ALEMANHA

26,9 MILHÕES

9º LUGAR MALÁSIA

24,6 MILHÕES

10º LUGAR MÉXICO 37º LUGAR BRASIL

22,3 MILHÕES

5,7 MILHÕES

Fonte: Organização Mundial do Turismo/2012

CIDADES MAIS VISITADAS POR TURISTAS NO BRASIL

PARATI 1,5% ANGRA DOS REIS 1,4% GOIÂNIA

1,2%

RECIFE

1,2%

MACAÉ

1,2%

FORTALEZA

1,2%

VITÓRIA

1,2%

DEMAIS CIDADES

35,4%

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ATUALIDADE

O COMPORTAMENTO DE UM ESTRANGEIRO EM OUTRO PAÍS É SEMELHANTE AO DO BRASILEIRO QUANDO VIAJA PARA FORA: A MEDICAÇÃO DE EMERGÊNCIA É LEVADA DO PAÍS DE ORIGEM. MAS OUTROS ITENS SÃO ADQUIRIDOS DURANTE A ESTADIA compras e turismo. A projeção equivale a 28 vezes o valor movimentado pelos 1,3 milhão de turistas que foram ao Rio de Janeiro acompanhar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com o papa recém-eleito, Francisco. Os 600 mil turistas estrangeiros esperados no Brasil são o dobro do recebido pela África do Sul, último país a sediar a Copa, em 2010. Esses novos turistas devem ajudar a incrementar o número de visitantes estrangeiros no País, que, em 2013, chegou à marca histórica de 6 milhões de visitantes. Recorde dos últimos 40 anos. Para 2014, esse número deve chegar a 7,3 milhões, o que coloca o Brasil definitivamente na rota preferida do turismo mundial. Mas o que você, comerciante varejista de farmácia, tem a ver com isso? O consultor de varejo do Serviço Social de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Fabiano Nagamatsu, responde: “A Copa do Mundo 2014 é o maior evento planetário e deverá agregar cerca de R$ 183 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2019, sendo a maior parte desse valor referente aos reflexos indiretos na economia. No caso do comércio varejista, serão geradas mais de 100 mil oportunidades de negócios nas mais variadas áreas, como vendas de perfumes e cosméticos, ambientação de pontos de vendas, farmácias, drogarias e tabacarias. O comércio irá se beneficiar do aumento do fluxo de turistas no País durante os jogos. O certo é que o destaque será das empresas que souberem se planejar e negociar o fornecimento de produtos, o que irá garantir um fluxo também no pós-Copa”, avalia Nagamatsu. Para aproveitar essa onda, o comerciante deve se preparar. Abastecimento dos estoques, decoração, preparação de material impresso e serviços nunca são demais para o pequeno comércio localizado nas imediações de hotéis, rodoviárias, aeroportos, zonas alimentícias e de lazer das 12 cidades que receberão essa invasão de turistas. 36

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PREPARAÇÃO ESPECIAL Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Recife e Salvador são as cidades que devem receber os jogos e o maior número de turistas neste ano. Mas os especialistas alertam que não são apenas essas datas que têm atraído um grande número de turistas para o Brasil: “Eventos como o Carnaval, Réveillon, Parada Gay ou o Sírio de Nazaré também costumam atrair milhares de estrangeiros, independentemente dos grandes eventos esportivos. O comércio padece muitas vezes por não olhar para o dinamismo da sua atividade e do seu redor. Só sobrevive no mercado que tem capacidade de pensar estrategicamente e olhar para dentro do seu negócio e perceber que certas inovações só trazem contribuição e qualidade para a empresa”, avalia o consultor da Varejo Br, Fabio Castro. Os consultores ouvidos pelo Guia da Farmácia dizem que o Brasil tem enorme potencial de crescimento do número de turistas comparado a outros países como a França e Estados Unidos, que anualmente recebem 76 milhões e 59 milhões de estrangeiros todos os anos, respectivamente. Nos próximos meses, as 12 cidades-sedes da Copa e o Rio de Janeiro devem ser as sensações do turismo no País. Contudo, basta olhar para o gráfico sobre as cidades mais visitadas do Brasil no ano passado que é possível verificar que Macaé (RJ), Camboriú (SC), Vitória (ES), Búzios (RJ) e Parati (RJ) também figuram entre os destinos mais procurados pelos estrangeiros. Entre os maiores visitantes, os argentinos e norte-americanos figuram entre os que mais chegam ao País, representando mais de 40% dos turistas que aportam em solo nacional, seguidos de uruguaios, alemães, italianos, chilenos e franceses, segundo levantamento do Ministério do Turismo brasileiro. “As oportunidades estão postas e o varejista dessas cidades precisam desenvolver a estratégia

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QUAIS SÃO AS SELEÇÕES QUE PARTICIPAM DA COPA DO MUNDO NO BRASIL? GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO

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A B C D E F G H

Brasil

Croácia

México

Camarões

Espanha

Holanda

Chile

Austrália

Colômbia

Grécia

Costa do Marfim

Japão

Uruguai

Costa Rica

Inglaterra

Itália

Suíça

Equador

França

Honduras

Irã

Nigéria

Argentina Bósnia-Herzegovina

Alemanha

Portugal

Bélgica

Argélia

Gana

Estados Unidos

Rússia

Coreia do Sul

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ATUALIDADE

mais singular para o seu negócio. O que não pode é perder o bonde da história, para não se arrepender no futuro”, sentencia o consultor Cadri Awad. A preparação para a Copa, segundo os consultores, deveria ter começado um ano antes, com a adoção de capacitação de empregados para a comunicação em outra língua. O próprio Sebrae, no Brasil inteiro, ainda oferece esses cursos de comunicação para o comércio e empresas de serviços. Mas, como já é de domínio público, poucos empresários estão dispostos a pagar para ter um funcionário capacitado dessa maneira no ambiente da loja: “Muitos varejistas encaram o caso apenas como gastos. Eles calculam que não vale a pena investir na formação de um empregado para atender um público que deve ficar no País apenas durante os jogos. O que é um erro, especialmente em cidades com grande fluxo de turistas durante o ano”, diz Cadri Awad. Para o consultor, o investimento na formação bilíngue dos funcionários deve ser aplicado dentro de um plano de formação ampla dos empregados. “Tem que ser uma política aliada à valorização, aos resultados e ao reconhecimento. É uma forma de manter o colaborador motivado e, ao mesmo tempo, qualificar o próprio negócio. A loja que tem ao menos um empregado com o inglês ou espanhol afiados já consegue se diferenciar do concorrente. Aliada a uma boa campanha de internet e divulgação nos hotéis, o investimento certamente será um diferencial importante”, alerta Awad. Para aqueles que, contudo, não seguiram esse caminho, ainda há como traçar um plano estratégico, segundo os especialistas. Esse plano passa por uma comunicação visual que identifique a loja com o momento dos jogos e as seleções que devem aportar por lá. “O comerciante pode adotar a seleção local que deve treinar e jogar na sua cidade. É uma forma de criar empatia com o visitante e mostrar que ali é um porto seguro para ele”, diz a professora do Núcleo de Varejo da ESPM, Heloisa Omine. Como várias seleções de grande porte devem jogar numa mesma cidade nos dias de jogos, a sugestão da professora é que o comerciante crie espaços para cada uma delas, sem se esquecer da estrela maior do torneio: a seleção canarinho. A consultora também aconselha a criação de mensagens em cartazes escritas no idioma dessas seleções, para contribuir com o clima no interior da loja. 38

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TURISTA, EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, SIGNIFICA DINHEIRO. NOS CÁLCULOS DO GOVERNO FEDERAL, O TORNEIO DEVE MOVIMENTAR NO BRASIL CERCA DE R$ 25 BILHÕES EM INVESTIMENTOS, COMPRAS E TURISMO Com relação aos produtos oferecidos, os consultores indicam o reforço nos itens de higiene pessoal e beleza, que estão entre os produtos mais vendidos por turistas, além de reforço na linha de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que são os itens mais consumidos também em outro países. Dar atenção para bloqueadores solares, bonés e viseiras também costuma agradar. O comportamento de um estrangeiro em outro país é semelhante ao do brasileiro quando viaja para fora: a medicação básica de emergência é levada do país de origem para prevenir em caso de necessidade. Mas itens para um desarranjo intestinal, exageros na comida e nas bebidas também são bastante adquiridos durante o tempo de estadia. Outra dica diz respeito a possíveis acordos com redes hoteleiras para instalação de quiosques temporários, divulgação de tabloides de ofertas, quem sabe até em dois idiomas diferentes para facilitar a comunicação com o turista. “Estando em outro país, o turista se esforça para entender e ser entendido. Quanto mais a vida dele é facilitada, mais empatia ele cria com o ponto de venda”, alerta Heloisa Omine. Com a ajuda do Sebrae-SP, o Guia da Farmácia preparou sete preciosas dicas para que o comerciante possa encarar esse desafio e entrar no clima da Copa do Mundo com êxito e obtenção de lucros. Confira as dicas:

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ATUALIDADE

IDENTIFIQUE: em primeiro lugar, conheça quais são as oportunidades e requisitos para seu negócio. Isso significa mapear como o consumo de seu produto ou serviço pode ser alavancado pela Copa 2014, qual o perfil de seus clientes e de que forma sua empresa pode aproveitar essas oportunidades.

AVALIE: avalie sua empresa, identificando suas forças e fraquezas e verificando como está em relação à concorrência. Por meio do Sebrae, você pode saber, gratuitamente, como sua empresa está em relação às outras no mercado e, no final, terá em mãos um plano de desenvolvimento empresarial.

PREPARE-SE: após identificar as oportunidades e avaliar internamente sua empresa, é o momento de preparar-se para melhorar processos e ferramentas de gestão, como controles financeiros, técnicas de recrutamento e seleção, planejamento de marketing, gestão de estoques etc. Não tente mudar um número grande de processos simultaneamente: identifique quais são suas reais necessidades e foque em um conjunto reduzido de prioridades, mas dedique-se com muito empenho a elas.

DIVULGUE: existem diversas maneiras de divulgar seus produtos e serviços, e elas serão muito mais eficazes se você conhecer bem o perfil de seu cliente. Primeiro é preciso saber se os clientes são pessoas físicas (consumidores finais), 40

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jurídicas (outras empresas) ou ambos. Para escolher a melhor ferramenta de comunicação, devemos inicialmente definir claramente o público-alvo dos nossos produtos e serviços. Uma divulgação da oferta certa, para o cliente certo, pelo canal certo, poderá alavancar suas vendas. Entre os possíveis canais de divulgação, você pode utilizar folhetos, anúncios, redes sociais, sites, mala direta e vários outros. Avalie a existência de parceiros para uma divulgação cooperada e sinérgica. Envolva os principais fornecedores e canais de distribuição nas campanhas de divulgação. Planeje o investimento, no mínimo, para os seis meses seguintes. Não invista por impulso ou empolgação. E não se esqueça de realizar de modo eficaz a comunicação no próprio ponto de venda.

CRIE AMBIENTES PLANEJADOS PARA ESTIMULAR OS NEGÓCIOS: uma boa estratégia para estimular as vendas é fazer do ambiente da loja um local bonito, funcional e confortável. Se você pretende fazer ofertas especiais relacionadas com a Copa do Mundo 2014, todo o conjunto do empreendimento deve ser planejado com foco nesse objetivo, desde os produtos e espaços funcionais até as vitrines, prateleiras, gôndolas e o estoque. Para alcançar a mais completa experiência de compra do cliente, o empreendedor precisa estar atento a esses detalhes que acabam fazendo muita diferença em um mercado tão competitivo. A exposição, como um importante instrumento de apoio às vendas, é ponto fundamental nessa proposta. Quanto maior for sua capacidade de comunicar às pessoas tudo aquilo que a loja pode potencialmente oferecer, mais eficiente a vitrine será. Finalmente, nesse conjunto de estratégias e planejamentos visuais, também é essencial acompanhar as transformações e as expectativas do mercado de consumo.

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FAÇA CONTROLE DE ESTOQUE: o empresário deve possuir um controle preciso de seu estoque, ou seja, não deve ter produtos em demasia, tampouco deixar faltar produtos para a venda. Para tanto, a empresa deve possuir a estimativa de vendas para os meses futuros, prevendo, inclusive, as prováveis oscilações que ocorrem nos diferentes momentos do ano. Estimar o estoque ideal não é tarefa fácil, todavia, com base em resultados anteriores, um bom plano estratégico de crescimento traçado e metas bem definidas, o empresário poderá atingir esse objetivo. Um dos pontos mais relevantes é estipular um estoque mínimo para não perder vendas, levando em consideração questões como, por exemplo, o tempo para o produto comprado ser entregue pelo fornecedor ou para sua produção. Se for comprar produtos específicos para o mundial e que perderão o interesse depois do seu término (como camisetas temáticas, brinquedos relacionados ao evento etc.), lembre-se de redobrar os cuidados, pois esses produtos poderão se tornar um “encalhe” impossível de escoar após o final do evento.

FIQUE ATENTO À FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA: o preço de venda é o valor atribuído a um produto, capaz de cobrir todos os custos, despesas e retornar o capital investido. São quatro os componentes básicos a que se deve ficar atento: custo, despesas variáveis, despesas fixas e lucratividade.

NO CASO DO COMÉRCIO VAREJISTA, SERÃO GERADAS MAIS DE 100 MIL OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS NAS MAIS VARIADAS ÁREAS. O CERTO É QUE O DESTAQUE SERÁ DAS EMPRESAS QUE SOUBEREM SE PLANEJAR E NEGOCIAR O FORNECIMENTO DE PRODUTOS, O QUE IRÁ GARANTIR UM FLUXO TAMBÉM NO PÓS-COPA 42

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VAREJO VAREJO

Atendimento

O

FARMÁCIAS E DROGARIAS DEVEM TER UM PADRÃO MÍNIMO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, ORIENTAÇÃO E DISPENSAÇÃO PARA SE TORNAR UMA REFERÊNCIA NO MERCADO

SILVIA O S S O Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora dos livros Atender Bem Dá Lucro, Programa Prático de Marketing para Farmácias e Administração de Recursos Humanos para Farmácias E-mail siosso@uol.com.br 44

O bom atendimento ao cliente é uma das maiores deficiências encontradas em quase todos os segmentos do mercado. Por isso, resolvi escrever mais uma vez sobre este assunto. Imagine que sua farmácia consegue fazer a venda, conquista o cliente e, assim, sem mais nem menos, por conta de uma atitude descompensada, indiferente ou de desprezo de um colaborador, perde o cliente que tanto investiu para conquistar. Isso acontece com muita frequência, portanto, é necessário parar para repensar o próprio atendimento. Você tem se preocupado em manter o cliente tanto quanto se esforça para conquistá-lo? Tem consciência de quanto é importante o atendimento para o seu negócio? Tem ouvido seus clientes para conhecer suas necessidades, pontos fortes e fracos de sua empresa? As respostas para as questões acima valem muito. De maneira geral, o atendimento satisfatório já não é mais aceitável. Os clientes estão mais exigentes, menos fiéis, mais atentos, portanto, é necessário ir além da concorrência. Um bom atendimento depende exclusivamente de você e dos seus colaboradores. Veja algumas condições: 1. Sempre cumprimente o cliente com um cordial sorriso: a melhor arma para iniciar o atendimento é um cumprimento saudável e alegre. 2. Não interrompa o cliente: escute, do início ao fim, a fala ou o seu desabafo. Afinal, se ele está em sua farmácia é porque tem interesse no seu produto ou serviço ou, então, comprou algo que não correspondeu à sua expectativa inicial. 3. Haja sem preconceito: o preconceito distorce o que você ouve e vê, portanto, ouça sem prejulgar. O que está em jogo é

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para 2014 o dinheiro do cliente, e não a roupa que ele veste ou como se comporta. 4. Use uma linguagem simples: o cliente tem uma história diferente da sua ou da de seus colaboradores. A linguagem adequada a cada situação e cliente faz toda diferença. 5. Assuma a responsabilidade: entenda que quem se propõe a ganhar dinheiro e atender ao público deve assumir a responsabilidade por todos os problemas gerados pela sua empresa. 6. Reposicione as pessoas: não imagine que seus colaboradores estejam tão comprometidos com o atendimento quanto você. Se as coisas não estão indo bem, promova reuniões de alinhamento. Se isso não resolver, seja prático, livre-se dos ineficientes. Se a equipe é boa, faça reuniões de celebração e estímulo. 7. Seja flexível: para atender a necessidades específicas dos clientes e ir além dos procedimentos da empresa quando necessário. O importante é resolver o problema do cliente. 8. Eleve o padrão: o atendimento só será especial se sua empresa adotá-la por meio de política comercial, normas e procedimentos bem definidos, além do treinamento permanente. Se o atendimento não for adotado como bandeira principal e modelo, jamais será transformado num diferencial competitivo para o seu negócio. Atender bem é uma escolha e, por mais que você treine, oriente e o cliente reclame, algumas pessoas escolhem atender mal. É muito mais fácil culpar o patrão do que admitir a insatisfação com o emprego e assumir a responsabilidade própria. Pense nisso, aja diferente, acompanhe seus colaboradores fazendo sua equipe feliz e o atendimento encantador! FOTO: DIVULGAÇÃO

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CONJUNTURA

Saúde no Brasil evoluiu, mas ainda tem gestão ineficiente DADOS DO IBGE INDICAM QUE SETOR MELHOROU, HÁ MAIS ACESSO E MEDICAMENTOS. CONTUDO, A QUALIDADE AINDA É BAIXA E OS INVESTIMENTOS DEPENDEM DE ARRANJOS POLÍTICOS P O R M A R C ELO DE V A LÉC I O

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Um dos maiores trunfos da saúde no Brasil é também seu calcanhar de Aquiles: a universalização da saúde. Em ano eleitoral, começam as promessas dos candidatos por uma sistema melhor. O Brasil é a única nação entre as mais populosas do planeta que possui sistema público de saúde universal e gratuito. Segundo o Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), que completou 25 anos, são promovidos por ano mais de 3,2 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 500 milhões de consultas médicas e 30 milhões de procedimentos oncológicos. Mais de 1 milhão de internações são feitas todos

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os meses, e o País realiza o maior número de transplantes de órgãos públicos do mundo. Em uma década, o montante de cirurgias desse tipo saltou de 10.428 procedimentos para 23.397 – aumento de 124%. Noventa por cento do programa de vacinação, que abrange todo o território nacional, é feito pelo SUS. Segundo relatório divulgado em novembro de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1990, a mortalidade infantil era de 53,7 óbitos para cada mil nascidos vivos. Em 2010, o número diminuiu para 18,6 óbitos por mil nascidos vivos. A tendência de redução se aproxima do Objetivo do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê reduzir FOTOS: SHUTTERSTOCK

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O governo federal aplicou quase R$ 38 bilhões na saúde. Só para o atendimento básico, feito nos postos de saúde da família, foram investidos outros R$ 16 bilhões em 2013 gratuitamente, perto de 600 tipos de medicamentos nas unidades públicas de saúde espalhadas pelo território nacional. O programa Farmácia Popular, lançado em 2004, tem contribuído para ampliar a oferta de medicamentos à população brasileira ao expandir os pontos de retirada de produtos. Apenas em 2011, mais de 7 milhões de pessoas foram beneficiadas pelo programa, que oferece 113 tipos de medicamentos, segundo o Ministério da Saúde. A ação Saúde Não Tem Preço, que distribui gratuitamente medicamentos contra diabetes, hipertensão e asma nas unidades do Farmácia Popular, desde fevereiro de 2011, quando foi lançada, aumentou em 400% o número de beneficiados, que passaram de 853 mil para mais de 4,3 milhões de pessoas atendidas em julho do ano passado. Com a incorporação de novos medicamentos para prevenção de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), houve a redução de 41% na mortalidade por doenças cardiovasculares no País nos últimos 20 anos. Doenças como sarampo e poliomielite são exemplos de situações vencidas com um bem-sucedido programa de imunizações. Também caiu a taxa brasileira de mortalidade por malária: de 1,1 por 100 mil habitantes, em 2000, para 0,2, em 2010.

PEDRAS NO CAMINHO

a mortalidade na infância para 17,9 óbitos por nascidos vivos até 2015. O programa brasileiro de tratamento e prevenção da Aids é tido como modelo de política de saúde pública no exterior, por promover acesso universal à terapia antirretroviral. O IBGE aponta também que os casos de infecção pelo vírus HIV se mantiveram estáveis na população geral brasileira. A variação de incidência entre 1997 e 2010 foi pequena: de 17,1 para 17,9 casos a cada 100 mil habitantes.

CONQUISTA VISÍVEL Ao longo dos últimos anos, cresceu substancialmente o acesso a medicamentos. Atualmente, o SUS distribui,

Apesar dos dados superlativos, há muitos obstáculos a serem vencidos para que a saúde pública atinja o nível de abrangência e qualidade que a população brasileira anseia. O Índice do Desempenho do SUS (IDSUS), criado pelo governo para avaliar o desempenho dos serviços públicos de saúde no Brasil, considerando os diferentes níveis de atenção (básica, especializada, ambulatorial e hospitalar e de urgência e emergência), teve nota 5,47 em 2012, bem abaixo da média estipulada – 7, em uma escala que vai de 0 a 10. O levantamento, realizado entre 2008 e 2010, aponta que 93,8% dos municípios tiveram nota inferior à média. A maior parte deles ficou abaixo do regular: 47% (2.616, entre 5.563 municípios) receberam notas entre 5 e 5,9; 2,4% (132 municípios) tiveram notas variando de 0 a 3,9; e apenas seis cidades 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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CONJUNTURA

ficaram com nota acima de 8, entre elas, nenhuma capital. A intenção do ministério é atualizar o resultado a cada três anos. Investimentos nas condições sanitárias e ambientais, além da sua inegável função social, têm um papel importante para a prevenção de doenças, aponta o relatório do do IBGE. Mas o documento revela que permanece a necessidade de maiores investimentos em pesquisa para tratar doenças ainda relevantes (como a malária) e busca de novas tecnologias e tratamentos mais eficientes, mas que costumam ter custo elevado. Os gastos com saúde representaram 7,2% do total das famílias

POLÍTICA, UM OBSTÁCULO À PARTE Não são poucos nem restritos a uma região do País os casos de desvio de verba do dinheiro público destinado à saúde. Apenas em 2012, o governo federal aplicou quase R$ 38 bilhões na saúde dos municípios brasileiros. Só para o atendimento básico, feito nos postos de saúde da família, foram investidos outros R$ 16 bilhões em 2013. Parte dessa verba, contudo, foi desviada. Outro problema grave é a falta de profissionais nas localidades mais necessitadas. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2011, revelou que 58,1% da população apontou a falta de médicos como o principal problema do SUS. O Brasil possui apenas 1,8 médico por mil habitantes, índice menor do que em outros países, como a Argentina (3,2), Portugal e Espanha, ambos com quatro por mil. Além disso, o País sofre com uma distribuição desigual de médicos, que preferem trabalhar no Sudeste. O programa colaborou para alavancar a popularidade da presidente Dilma Rousseff, abalada com as manifestações de junho de 2013. A maioria dos brasileiros aprovou o Mais Médicos. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontou que 73,9% dos entrevistados afirmaram ser favoráveis à iniciativa do governo federal de levar médicos para municípios carentes deste tipo de profissional na rede pública de saúde. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou que abrirá 35 mil novas vagas de médicos até 2015. Porém, outra enquete da CNT revelou que 77% dos entrevistados afirmaram desaprovar de forma geral as políticas e ações na área de saúde do governo. Um dos pontos mais discutidos no País é que o maior problema da saúde não é a falta de recursos, mas sua gestão, a efetiva aplicação onde é preciso. Ano eleitoral é o momento de colocar essas questões na mesa. A presidente Dilma Rousseff, 48

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O OBJETIVO DE SE ATINGIR NO BRASIL UM SISTEMA DE COBERTURA UNIVERSAL E ATENDIMENTO INTEGRAL É UM DESAFIO, JÁ QUE MAIS DA METADE DAS DESPESAS COM SAÚDE SE ORIGINA DAS FAMÍLIAS, COM O CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS candidata à reeleição pelo PT, se beneficia da ampla coligação que possui, com 14 partidos no Congresso, e da popularidade em alta para suplantar os gargalos na saúde. Um dos seus adversários, o senador Aécio Neves, do PSDB, tem criticado os baixos resultados alcançados na expansão dos programas federais de saúde preventiva e, especialmente, o fechamento de 13 mil leitos hospitalares no País. Seu partido tem defendido a aplicação mínima do governo federal na área da saúde em 18% da receita corrente líquida. Já Eduardo Campos, antigo aliado do PT, juntou-se à Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, para pleitear o Planalto, e também tem criticado o planejamento da saúde no governo Dilma. Segundo ele, “se hoje o Brasil importa médicos é porque ontem não viu a necessidade de organizar um planejamento estratégico na formação de recursos humanos para assistir os brasileiros do Sertão, Pantanal, da Amazônia e das fronteiras com o Uruguai.” De acordo com o IBGE, o objetivo de se atingir no Brasil um sistema de cobertura universal e atendimento integral é um desafio grande, já que mais da metade (56,3%) das despesas com saúde se origina das famílias, com o consumo final de bens e serviços, enquanto 43,7% vêm dos gastos públicos. Nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a parte de gastos públicos atinge 70%. “A ampliação dos gastos públicos em saúde se mostra um elemento-chave para o financiamento atual e futuro do sistema de saúde brasileiro”, diz o documento do IBGE. O instituto também divulga que os gastos com saúde representaram 7,2% do total das famílias, segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009. Dessa parcela, 48,6% foram destinados a compra de medicamentos, seguido por plano de saúde (29,8%) e consulta e tratamento dentário (4,7%).

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CONSULTOR JURÍDICO

Regras esclarecidas A CLAREZA NAS INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR E O PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL

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GUSTAVO S E MBLANO Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) e da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), regional Estado do Rio de Janeiro. Atualmente cursa a pós-graduação em direito da farmácia e do medicamento na Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal) 50

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Como já escrevi em outros dois artigos para o Guia da Farmácia, o Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) é um programa fantástico do governo federal para facilitar o acesso da população aos medicamentos. Muito embora a disponibilização de medicamentos e/ou correlatos possa se dar na chamada “rede própria”, integrada por farmácias populares, na absoluta maioria das vezes tal disponibilização se dá pela rede privada de farmácias e drogarias, que a Portaria MS 971/12 chama de Aqui Tem Farmácia Popular. Muitas empresas, no entanto, na hora de informar aos consumidores sobre o programa, se esquecem de que a Portaria MS 971/12 não é a única norma que regula a relação rede privada/consumidor. O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei Federal 8.078/90), aplica-se inteiramente às relações da rede privada/consumidor quando da utilização do PFPB. Uma das maiores falhas da rede privada e que tem ensejado uma pletora de ações indenizatórias de consumidores é a falta de clareza e transparência das regras para a utilização do PFPB. Há quase que uma prática reiterada do varejo farmacêutico de forma geral de colocar como chamarizes (folders, panfletos, placas, letreiros, etc.) de seus estabelecimentos expressões como “REMÉDIOS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES GRATUITOS”, “LEVE SEU REMÉDIO PARA PRESSÃO ARTERIAL E DIABETES DE GRAÇA”, “DESCONTOS DE 90% NA AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS DO PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR”, dentre outros. O problema é que somente quando o consumidor adentra ao estabeleci-

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mento farmacêutico é que é informado das diversas limitações impostas pelos artigos 23 e 24 da Portaria MS 971/12. Este é um erro e uma ilegalidade da rede privada e traz consequências em relação aos consumidores (por exemplo: ações indenizatórias) e ao risco de descadastramento do PFPB. Explico. Em relação aos consumidores, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor diz em seu art. 30: “Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Ou seja, qualquer consumidor que verificar em folders, panfletos, placas, letreiros etc.) da rede privada chamarizes sem qualquer explicação prévia e clara (na própria propaganda ou publicidade) das restrições nestas aquisições, poderá ingressar em juízo com uma ação indenizatória. Em relação à questão regulatória, o parágrafo 2º do art. 34 da Portaria MS 971/12 diz que é “proibida a publicidade em domicílio de paciente ou o uso do nome do PFPB e das peças publicitárias fornecidas pelo Ministério da Saúde em qualquer tipo de manifestação diversa das previstas nesta Portaria.” Ademais, o inciso VIII do art. 40 da Portaria MS 971/12 considera irregular “fazer uso publicitário do PFPB fora das regras definidas nesta Portaria”. Portanto, muito cuidado na hora de preparar a propaganda e a publicidade em seu estabelecimento farmacêutico. FOTO: DIVULGAÇÃO

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DEBATE

Segurança

vital

PESQUISAS COM ANIMAIS AINDA SÃO NECESSÁRIAS NO PAÍS PARA A PROTEÇÃO DAS PESSOAS. BRASIL JÁ INTEGRA REDE MUNDIAL DE INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS QUE BUSCAM MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA USO DE COBAIAS VIVAS POR RODRIGO RODRIGUES 52

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O início das discussões sobre o uso de animais em pesquisas científicas e cosméticas no Brasil data de 20 anos atrás. Mas bastou um grupo de cãezinhos da raça Beagle ser resgatado do Instituto Royal, em São Roque, interior de São Paulo, para que o assunto realmente ganhasse fôlego e espaço na mídia. Era madrugada de sexta-feira, 18 de outubro de 2013, quando o Instituto Royal foi invadido por um grupo de 80 ativistas de defesa dos animais. Segundo relatos dos vigilantes, eles foram agredidos até que permitissem a invasão no lugar e o resgate de 178 Beagles que serviam de cobaias para testes farmacológicos e cosméticos. A invasão se deu, de acordo com os ativistas envolvidos, em virtude do cansaço deles em esperar providências da Justiça. Desde 2012 o Ministério Público de São Paulo investigava o instituto por suspeitas de maus-tratos a animais. Vistorias foram feitas, acordos de ajustamento de conduta foram assinados, mas nenhum indício de maus-tratos foi realmente encontrado no local, segundo os promotores e a equipe da Prefeitura de São Roque que vistoriaram o local antes e após a invasão. No início das discussões, chegou-se a comentar que a empresa funcionava sem autorização governamental. Mas, segundo o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que regulamenta o tratamento dos animais, a autorização para trabalhar com experimentos em animais foi publicada no Diário Oficial em setembro de 2013. Isso não quer dizer, contudo, que o Instituto Royal funcionava sem autorização até então. A data de abertura da empresa

é de 2005. O que se imaginou na época, porém, é que o lugar funcionava sem a autorização prévia até 2013. Contudo, o Concea e a assessoria de imprensa do Royal esclareceram que o funcionamento estava amparado na Lei Arouca. A Lei Arouca é de 2008 e dispõe sobre a composição do Concea, estabelece as normas para o seu funcionamento e de sua secretaria-executiva, cria o cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (Ciuca), mediante a regulamentação da Lei 11.794, de 8 de outubro de 2008, que dispõe sobre procedimentos para o uso científico de animais. Segundo essa lei, antes da autorização final do Concea, qualquer instituto que trabalha com testes em animais é obrigado a criar uma Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) e submeter relatórios esporádicos ao Concea para que a autorização final seja dada. O Royal cumpriu essas exigências e começou a operar o seu Ceua em 2009. Após esses resultados, a empresa ingressou, em 2011, com o registro final do conselho, obtendo a autorização formal em setembro de 2013. Esclarecidos os fatos, a sensação que ficou na comunidade científica é de que os ativistas cometeram uma ilegalidade, certo? Correto. Segundo os juristas consultados pelo Guia da Farmácia, pelos menos três crimes de violação foram cometidos na invasão. O saldo foi a interrupção de vários testes de medicamentos contra o câncer e pesquisas sobre doenças de pele. “Foi um trabalho que demorou anos para ser produzido, que tinha resultados promissores para o desenvolvimento do País, foi inteiramente jogado no lixo. O prejuízo é incalculável para a ciência e para o benefício das pessoas”, disse um dos secretários da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e coordenador do Concea, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o médico Marcelo Marcos Morales. “Experimentos

PARA MUITAS DOENÇAS COMO CÂNCER, O USO DE ANIMAIS É INEVITÁVEL PORQUE É NECESSÁRIO SABER COMO AQUELE MÉTODO VAI REAGIR NUM ORGANISMO VIVO. MAS MESMO PARA ISSO EXISTE UMA SÉRIE DE NORMAS E PROTOCOLOS QUE A COMUNIDADE CIENTÍFICA SEGUE RIGOROSAMENTE 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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O nível atual das ciências médicas e farmacêuticas não teria atingido essa sensacional evolução sem o conhecimento adquirido nos ensaios feitos em animais

Sempre que a com cães são uma ponte entre as primeiMas é preciso saber que, para segurança das indústria científica ras pesquisas, geralmente feitas com roepessoas, os testes em animais ainda são impode, ela utiliza métodos de pesquisa prescindíveis e fazem parte de uma cadeia dores, e estudos com humanos. Nenhum in vitro para realizar que termina com testes em humanos, antes país do mundo proíbe que sejam feitas pespesquisas quisas com animais. Esses animais não são de qualquer produto chegar à prateleira dos de companhia. Eles foram criados dentro de bioconsumidores, seja de cosméticos ou medicatérios, ou seja, locais onde são conservados para mentos”, afirma Granjeiro. serem posteriormente utilizados em experimenO especialista critica a ação dos ativistas portos científicos”, explica. que esbanja desconhecimento sobre o assunto e Segundo o coordenador do Sistema de Controle traz insegurança jurídica para a comunidade cienNacional da Experimentação Animal (Sinmetro), ligatífica brasileira. “Ninguém é a favor de crueldado ao Instituto Nacional de Pesos e Medidas (Inmetro), de com animais. É preciso brigar para que as peso pesquisador José Mauro Granjeiro, da Universidade quisas sejam feitas com ética e fiscalização rigoFederal do Rio de Janeiro, faltou informação sobre os rosa. No meio dessa discussão, pouco se falou do rumos da pesquisa com animais no País aos ativistas Brasil ser um dos poucos países do mundo que se que invadiram o Instituto Royal. Segundo ele, a audiscute e tem plano para incentivar a pesquisa altoridade brasileira responsável por aprovar pesquisas ternativa. Sempre que a indústria científica pode, com humanos, a Comissão Nacional de Ética em ela utiliza métodos de pesquisa in vitro para reaPesquisa (Conep), não avaliza que projetos de drogas lizar pesquisas. O que ocorre é que, para muitas cheguem às prateleiras das farmácias sem que tedoenças como o câncer, o uso de animais é inenham passado por testes de segurança em animais. vitável porque é necessário saber como aquele “Não existe progresso científico feito com abormétodo vai reagir num organismo vivo. Mas mesdagem emocional e passional. O Brasil é um dos mo para isso existe uma série de normas e protopaíses do mundo que já estão em busca de mécolos que a comunidade científica segue rigorotodos alternativos para a pesquisa com animais. samente”, aponta o pesquisador. 54

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ENTRE OS ANIMAIS MAIS TESTADOS NO BRASIL, OS CACHORROS CORRESPONDEM A UMA PARCELA ÍNFIMA DOS EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS. OS CAMUNDONGOS RESPONDEM POR 74% DOS ANIMAIS TESTADOS EM LABORATÓRIO. A MAIORIA DOS CÃES É USADA PARA AVERIGUAR A TOXIDADE DE MEDICAMENTOS PENSAMENTOS ALINHADOS A opinião é compartilhada pelo presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SindusfarmaSP), Nelson Mussolini. Ele defende os testes éticos em animais como forma de progresso para a ciência e também da medicina atual. “O ensino médico e de estudos de novos fármacos e medicamentos não pode prescindir do uso de diferentes animais, cujas estruturas e processos metabólicos se assemelham aos dos seres humanos, para demonstrar a segurança dessas substâncias, avaliadas em relação a sinais de toxicidade ou efeitos adversos. Da forma semelhante, técnicas cirúrgicas são desenvolvidas e aperfeiçoadas em animais para depois serem utilizadas em pessoas. O nível atual das ciências médicas e farmacêuticas não teria atingido essa sensacional evolução sem o conhecimento adquirido nos ensaios feitos em animais”, argumenta Mussolini. A Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama) ao uso de animais foi criada recentemente pelo governo federal através da Portaria 491, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em 3 de julho de 2012. O Renama faz parte de uma corrente internacional que fomenta e privilegia o princípio que a comunidade científica internacional chama de 3Rs, (reduction/redução, reflete a obtenção de nível 56

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equiparável de informação com o uso de menos animais; refinement/refinamento, promove o alívio ou a minimização da dor, sofrimento ou estresse do animal; replacement/substituição, estabelece que um determinado objetivo seja alcançado sem o uso de animais vertebrados vivos). O objetivo dessa rede é permitir e incentivar a existência de uma infraestrutura laboratorial e de recursos humanos especializados no País capaz de implantar métodos alternativos ao uso de animais e desenvolver e validar novos métodos no Brasil. O Renama já tem pelo menos dez grandes laboratórios associados, que recebem recursos do governo, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esses laboratórios são responsáveis por elaborar os métodos que, em seguida, devem passar pelo Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que espera recursos do governo para poder iniciar as atividades. O problema no Brasil, como em tudo, passa pela verba destinada a esses programas. Enquanto na União Europeia, que iniciou os tratados sobre o assunto, são destinados pelo menos R$ 400 milhões por ano para o desenvolvimento desses novos métodos, no Brasil, o governo disponibilizou apenas R$ 1,6 milhão para a manutenção no programa. “Muito além da briga e das invasões na porta dos laboratórios, os ativistas também precisam levar a indignação ao governo para que dê incentivos às pesquisas alternativas no Brasil”, diz o deputado federal do PSD-SP Ricardo Izar, autor de uma lei que tramita no Congresso Nacional que condena maus-tratos aos animais.

VALORES LIMITANTES A proposta do parlamentar prevê o pagamento de multa para pessoa física e jurídica que forem condenadas pelo crime de maus-tratos. No texto, pessoa física está sujeita à multa que varia de R$ 1 mil a R$ 50 mil, enquanto empresas podem pagar de R$ 50 mil a R$ 500 mil. A proposta não aborda a utilização de animais em testes para a indústria farmacêutica porque, segundo o parlamentar, seria difícil aprová-la no Congresso em virtude da falta de alternativas a esse método.

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Falar em extinção total do uso de animais ainda é cedo por limitações da própria ciência

Em contrapartida, o deputado sugere a criação de um selo nacional de produtos que não utilizam animais em pesquisas para informar o consumidor sobre aquilo que ele está consumindo. “O Brasil precisa abandonar as práticas de uso de animais em testes de produtos do setor, sob pena de não só estar em sintonia com o resto do mundo, mas também de amargar grandes prejuízos econômicos ao não conseguir atender à demanda internacional pela vedação da exportação de seus produtos cosméticos, despencando no ranking do setor. A proposta do selo é a chance que damos ao Brasil, para que o País dê um passo à frente em defesa aos animais, à saúde humana e à ciência, investindo em novos métodos sem o uso de animais. É um tema que debatemos há algum tempo com o selo Brasil Sem Maus-Tratos (PL 4586/12). Qualquer produto que não use animais terá alerta do cidadão na hora da escolha”, justifica Izar. Entre os animais mais testados no Brasil, os cachorros correspondem a uma parcela ínfima dos experimentos científicos. Os camundongos respondem por 74% dos animais testados em laboratório. A maioria dos cães é usada para averiguar a toxicidade de medicamentos. Outros métodos têm sido bastante utilizados no 58

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País para substituir vários testes feitos em animais. Nos testes contra a irritação dérmica, por exemplo, já é possível usar modelos de pele humana reconstituída, em vez de cobaia viva. No lugar dos testes de irritação ocular em coelhos e ratos vivos, já estão sendo usadas córneas de galinha ou de boi, retiradas após o abate, segundo o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz. Ensaios in vitro também são opção para substituir testes de toxicidade feitos na pele ou nas mucosas de animais. Esses procedimentos já estão sendo usados pelos laboratórios de métodos alternativos na Europa e nos EUA. O professor José Mauro Granjeiro argumenta, porém, que não são todos os procedimentos que podem ter métodos alternativos no mundo. “Quando é utilizado o chumbo, por exemplo, a comunidade científica já sabe quais são os níveis de toxidade dessa substância. Mas quando se trata de uma substância nova, aqui ou em qualquer lugar do mundo, se faz necessário o uso de animais para que seja medida essa toxidade. Falar em extinção total do uso de animais ainda é cedo por limitações da própria ciência. Mas estamos caminhando com consciência para essas alternativas. Não se pode condenar a ciência por buscar segurança para as próprias pessoas”, avalia.

EXEMPLOS MUNDO AFORA No Japão e na Oceania, uma série de cosméticos foi vendida nos anos 1950 e 1960 sem os devidos testes médicos e científicos. Esses cosméticos à base de talidomida causaram várias complicações em mulheres, que tiveram filhos vítimas de má-formação e nasceram com algum tipo de deficiência motora. No final do mês de novembro de 2013, as Cortes Supremas da Austrália e da Nova Zelândia determinaram que essas empresas de cosméticos pagassem mais de 60 milhões em indenizações para as famílias que tiveram o problema. “É um exemplo clássico da necessidade de realização de todos os protocolos científicos completos, in vitro, em animais e depois em humanos. Estamos falando em proteção da vida. É um assunto que vai além das comoções nacionais”, alerta Granjeiro.

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CENÁRIO

Fim da formulação clássica APENAS COM O VENCIMENTO DE DEZ PATENTES DE MEDICAMENTOS DE REFERÊNCIA, SEGMENTO AMPLIARÁ MARKET SHARE DE 23% PARA 24,2% ATÉ 2015 P O R M A R C ELO DE V A LÉC I O

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Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) revela que, até 2015, dez medicamentos de referência (inovadores) devem ter suas patentes vencidas, podendo incorporar ao mercado um valor acumulado de R$ 761,6 milhões em receitas. Os dados são do IMS Health, instituto que audita o mercado farmacêutico no Brasil e no mundo. Esse montante representa 5,5% da receita total do segmento em 2013, de, aproximadamente, R$ 12,8 bilhões, que, por sua vez, corresponde a 23% do total faturado pelo setor farmacêutico no ano (R$ 55,7 bilhões). Com o incremento potencial de vendas dos novos genéricos a partir do vencimento das dez patentes, a fatia de mercado do segmento saltaria de 23% para 24,2%, se prevalecerem os mesmo patamares de evolução das receitas obtidos em 2013. Mas esses números podem ser ainda maiores, dependendo do volume de genéricos a serem comercializados ao longo do ano, sem considerar também

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o crescimento do segmento como um todo ao longo do ano, que está previsto em 20%.

PERSONAGENS PRINCIPAIS Entre os produtos que terão suas patentes vencidas, está o Cialis (Tadalafila), do laboratório Eli Lilly, utilizado para o tratamento de disfunção erétil. Sozinho, o medicamento responde por faturamento de aproximadamente R$ 256 milhões, no acumulado de setembro de 2012 a agosto de 2013, segundo dados do IMS Health. No mercado, a caixa com 28 comprimidos de cinco miligramas do medicamento custa R$ 326. Já a versão genérica deve ter preço de, no máximo, R$ 212 – esse valor corresponde aos 35% menos que, legalmente, os genéricos têm de custar em relação ao medicamento de referência. Mas a prática do mercado indica que o preço poderá cair mais, tendo em vista a concorrência entre laboratórios e também a prática de descontos do varejo. Além de significar uma oportunidade de negócios para os laboratórios produtores de genéricos, a entrada de novos medicamentos beneficia o consumidor. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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MERCADO FARMACÊUTICO NO BRASIL Participação por categoria de medicamento (receita – %)

Similar Referência Genérico Outros

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COM O FIM DAS PATENTES DE LIPITOR E VIAGRA, DA PFIZER; DIOVAN, DA NOVARTIS; E LIVITRA, DA BAYER, O MERCADO DE GENÉRICOS AGREGOU PERTO DE 2% DE PARTICIPAÇÃO DE MERCADO, COM CRESCIMENTO DE 20% NO FATURAMENTO De acordo com Telma Salles, presidente-executiva da Pró Genéricos, o menor preço permite que mais consumidores consigam pagar pelos seus medicamentos, promovendo ampliação do acesso. “Esse é o principal papel do genérico como instrumento de política de saúde pública no Brasil”, salienta a executiva. Outro estudo realizado pela associação, com base nos indicadores do Close-up International, consultoria especializada na auditoria do receituário médico no Brasil e América Latina, indica que entre os 20 medicamentos mais receitados pelos médicos brasileiros, 15 são genéricos. A pesquisa considerou as prescrições médicas realizadas no período de 12 meses – entre julho de 2012 e julho de 2013. Foram 63 milhões de receitas emitidas no total, sendo que os 20 medicamentos mais prescritos correspondem a 12,1 milhões de indicações. Desse total, os genéricos responderam por 8,4 milhões de prescrições (69,4%), seguidos pelos medicamentos de referência, com 2,8 milhões (23,1%), e os similares, com 851,9 mil (0,7%). A losartana potássica, indicada para o controle da hipertensão, lidera o ranking das prescrições, com 1,422 milhão

Fitoterápico Vitamina Biológico

2 39 Mercado total

23

R$ 55,7 bilhões

27 Fonte: Alanac/Anvisa

de receitas. O segundo e o terceiro lugares são ocupados por produtos de referência – Rivotril (ansiolítico), com 1,395 milhão de prescrições, e o Glifage (para diabetes), com 1,094 milhão. Da 4ª à 12ª posição do ranking, todas as prescrições indicaram genéricos.

FÔLEGO AO MERCADO Com boas perspectivas de crescimento, ainda na casa dos dois dígitos anuais, o segmento de genéricos mostra vigor depois de 14 anos desde sua introdução por meio da Lei 9.787, de 1999. O grande impulso do setor se deu com o vencimento das patentes dos medicamentos de referência líderes de mercado, apelidados de blockbusters, entre 2010 e 2012. Apenas com o fim das patentes de Lipitor e Viagra, da Pfizer; Diovan, da Novartis; e Livitra, da Bayer, o mercado de genéricos agregou perto de 2% de participação de mercado, com crescimento de 20% no faturamento. Isso porque esses medicamentos representavam mais de R$ 1 bilhão em vendas. Criados como uma política para aumentar a oferta de medicamentos baratos à população, os genéricos foram os grandes responsáveis 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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CENÁRIO

NÃO POR ACASO, OS LABORATÓRIOS NACIONAIS FABRICANTES DE GENÉRICOS SE TORNARAM O MAIOR ALVO DE INTERESSE DAS MULTINACIONAIS. EM 2009, A FRANCESA SANOFI-AVENTIS COMPROU A MEDLEY, ENTÃO LÍDER DO MERCADO DE GENÉRICOS, E, NO ANO SEGUINTE, A NORTE-AMERICANA PFIZER ADQUIRIU O TEUTO por impulsionar a indústria farmacêutica nacional. Com as patentes liberadas, os laboratórios brasileiros passaram a ter produtos competitivos, o que permitiu ampliar fábricas, dominar os canais de distribuição e vender para uma classe média com mais dinheiro no bolso. De coadjuvantes, os genéricos se tornaram protagonistas – na lista dos dez maiores laboratórios do País, todos produzem direta ou indiretamente (por meio de subsidiárias) genéricos. Outro dado a destacar é que, das cinco empresas com mais vendas no segmento, quatro são brasileiras, incluindo a líder (EMS), segundo dados do IMS Health. Não por acaso, os laboratórios nacionais fabricantes de genéricos se tornaram o maior alvo de interesse das multinacionais. Em 2009, a francesa Sanofi-Aventis comprou a Medley, então líder do mercado de genéricos, e, no ano seguinte, a norte-americana Pfizer adquiriu o Teuto. A Novartis, por sua vez, investiu na consolidação da marca Sandoz no Brasil. Mesmo os laboratórios de capital nacional se mexeram. A brasileira Hypermarcas comprou a Neo Química, e o Aché adquiriu a Biosintética. Já a EMS, que foi a pioneira na produção de genéricos no País e também 62

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a primeira a colocar no mercado brasileiro a versão genérica do Viagra, incorporou a Nova Química, mas não focou apenas em aquisição e optou por turbinar suas antigas divisões (Germed Pharma e Legrand), transformando-as em laboratórios independentes, que vêm conquistando novas fatias do mercado de genéricos. Os genéricos se tornaram o motor para impulsionar vendas e, no caso das multis, o drible nas adversidades que se anunciavam com a queda das patentes de medicamentos, que lhes representavam importantes parcelas do faturamento. O resultado foi um aumento brutal da concorrência – qualquer das cinco moléculas de genéricos mais vendidas têm, hoje, pelo menos, cinco concorrentes idênticos. As vendas dispararam e, por consequência, os preços caíram. Apesar disso e de uma queda relativa do crescimento anual, o modelo de negócios dos genéricos parece não ter se esgotado. “O mercado brasileiro de genéricos deve seguir crescendo acima dos dois dígitos, ao menos, pelos próximos cinco anos, atingindo a marca de 35% de market share em 2015”, afirma Telma Salles, destacando ainda que o Brasil deve manter nos próximos

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CENÁRIO

TOP 10 1. Cialis (Tadalafila), da Eli Lilly: no mercado, a caixa com 28 comprimidos de cinco miligramas do medicamento custa R$ 326. Já a versão genérica deve ter preço de, no máximo, R$ 212. 2. Cymbalta (Duloxetina), da Eli Lilly: caixa com 28 comprimidos (60 mg) é comercializada por R$ 319 e o genérico deverá chegar ao mercado por até R$ 207. 3. Celebra (Celecoxibe), da Pfizer: encontrado por R$ 125 (caixa com 30 comprimidos de 200 mg), terá seu genérico custando R$ 81. 4. Avalox (Moxifloxacino), da Bayer: custa R$ 173 (caixa com sete comprimidos de 400 mg), conviverá com genérico que custará, no máximo, R$ 112. 5. Arcoxia (Etoricoxibe), da Merck Sharp & Dohme: a caixa com sete comprimidos de 60 mg custa R$ 40 e seu genérico deverá custar R$ 26. 6. Avodart (Duasterida), da GlaxoSmithKline: vendido a R$ 206 (caixa com 30 comprimidos de 0,5 mg), também conviverá em breve com um genérico que deverá custar R$ 134. 7. Reminyl ER (Galantamina), do laboratório Janssen-Cilag: caixa com 28 comprimidos de 24 mg do Reminyl ER custa R$ 496 e terá o genérico custando R$ 322. 8. Nebilet (Nebivolol), da Biolab Sanus: custa R$ 77 (caixa com 28 comprimidos de 5 mg), terá seu genérico vendido por R$ 50. 9. Rasilez (Alisquireno), da Novartis: custa R$ 120 (caixa com 28 comprimidos de 150 mg), conviverá com o genérico custando R$ 78. 10. Não foi revelado. Fonte: Pró Genéricos

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anos o posto de maior mercado emergente da categoria de medicamentos, excluindo Índia e a China. Em 2013, a elevação do faturamento de genéricos não foi das mais expressivas (para o segmento) se comparada aos últimos anos, quando as vendas cresceram na casa dos 25%. Segundo a Pró Genéricos, a estimativa é de que 2013 tenha fechado com 17% de crescimento das vendas em volume em relação a 2012 (os dados finais estão sendo compilados). “Embora não tenhamos repetido os mesmos índices de crescimentos expressivos que obtivemos em 2010 e 2011, foi um ano positivo para o setor”, afirma Telma Salles. “Se considerarmos que o País não cresceu 3% e que o mercado farmacêutico total deve fechar perto dos 11% em 2013, podemos afirmar que os genéricos seguem apresentando bons resultados para as indústrias e para o varejo também.” De acordo com a executiva, as empresas de genéricos continuam apostando no setor. Em 2013, houve a inauguração de duas grandes fábricas, o que demonstra, segundo ela, o dinamismo do setor. “Nossa meta é crescer 20% nas vendas em unidades ao longo de 2014. Obviamente que estamos

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CENÁRIO

sujeitos a variações, de acordo com a situação macroeconômica do País. A renda da população é determinante para o desenvolvimento do nosso mercado”, diz Telma.

MEDICAMENTOS TERÃO PATENTE VENCIDA No acumulado de 12 meses, entre setembro de 2012 e agosto de 2013, os dez medicamentos considerados no levantamento da Pró Genéricos movimentaram, juntos, aproximadamente R$ 672 milhões. Além do Cialis, quem também terá sua patente vencida, é o analgésico Cymbalta (Duloxetina), da Eli Lilly. O medicamento registrou vendas de R$ 167,9 milhões. A caixa com 28 comprimidos (60 mg) do Cymbalta é comercializada por R$ 319 e o genérico deverá chegar ao mercado por até R$ 207. O anti-inflamatório Celebra (Celecoxibe), da Pfizer, com vendas na casa dos R$ 53,8 milhões, que é encontrado por R$ 125 (caixa com 30 comprimidos de 200 mg), terá seu genérico custando R$ 81. Já o antibiótico Avalox (Moxifloxacino), da Bayer, que custa R$ 173 (caixa com sete comprimidos de 400 mg), conviverá com genérico que custará, no máximo, R$ 112. O medicamento movimentou no período avaliado R$ 46,1 milhões. A lista conta, ainda, com o anti-inflamatório Arcoxia, produzido pela Merck Sharp & Dohme, que gera ao laboratório receita de R$ 34,8 milhões e ocupa a liderança nas vendas do segmento. A caixa com sete comprimidos de 60 mg custa R$ 40 e seu genérico deverá custar R$ 26. 66

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Indicado para o tratamento e prevenção da progressão da hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata), que pode provocar retenção urinária, causando complicações à saúde do homem, o Avodart (Duasterida), da GlaxoSmithKline, vendido a R$ 206 (caixa com 30 comprimidos de 0,5 mg), também conviverá em breve com um genérico que deverá custar R$ 134. O medicamento movimentou R$ 31,6 milhões em um ano. Já os portadores do mal de Alzheimer também poderão contar com um novo genérico para seu tratamento, quando o Reminyl ER, do laboratório Janssen-Cilag, que movimentou no período R$ 15,7 milhões em vendas, tiver seu princípio ativo Galantamina disponível para cópia. A caixa com 28 comprimidos de 24 mg do Reminyl ER custa R$ 496 e terá o genérico custando R$ 322. Também os portadores de hipertensão terão outra opção mais barata para seu tratamento, com dois reforços em medicamentos genéricos disponíveis para o controle da doença. Nebilet (Nebivolol), da Biolab Sanus, e Rasilez (Alisquireno), da Novartis, que responderam por vendas de R$ 43,1 milhões e R$ 22,1 milhões, respectivamente, no período de um ano, terão seus genéricos disponíveis nos próximos meses. O Nebilet, que custa R$ 77 (caixa com 28 comprimidos de 5 mg), terá genérico vendido por R$ 50, e o Rasilez, que custa R$ 120 (caixa com 28 comprimidos de 150 mg), conviverá com o genérico custando R$ 78. O nome do décimo medicamento que terá sua patente expirada não foi divulgado pela Pró Genéricos.

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TESTES

Similares podem mudar

de categoria

TESTES DE EFICÁCIA PODERÃO PERMITIR QUE O SEGMENTO FAÇA PARTE DA MESMA CATEGORIA QUE OS MEDICAMENTOS GENÉRICOS

A

P O R M A R C ELO DE V A LÉC I O

As diferenças de regras para venda de medicamentos genéricos e similares podem deixar de existir, dependendo da decisão que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomar ao longo deste ano. A discussão é motivada pela obrigatoriedade de testes de biodisponibilidade que os similares terão de completar até o fim do ano. Aprovado nos testes, o similar passa a ter a comprovação de que possui o mesmo comportamento no organismo e as mesmas características de qualidade do medicamento de referência. Com isso, a discussão promovida pela Anvisa gira em torno de inclui-lo ou não na mesma categoria que os genéricos, podendo, dessa forma, ser intercambiáveis com os medicamentos de referência. A regra atual determina que, se houver prescrição de medicamento de referência, a farmácia só pode trocá-lo por um genérico, e não por um similar. Depois da etapa de chamamento (iniciada em outubro e concluída em novembro de 2013), na qual se podia preencher um formulário respondendo a uma enquete sobre o tema, a Anvisa parte, agora, para a segunda fase, com participação mais abrangente dos

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interessados, que pode incluir audiências públicas. Até o fechamento desta reportagem, a Agência não havia definido quando começaria a nova fase de consulta. O objetivo dessas iniciativas é coletar opinião, dados e informações para subsidiar a análise de impacto regulatório para prescrição e dispensação de medicamentos genéricos e similares. De acordo com a Anvisa, o que entrará em discussão nessa fase é se os similares poderão ser intercambiáveis com os medicamentos de referência e como isso funcionará. Na verdade, essa discussão teve início em 2003, quando a Anvisa estipulou um cronograma para que os similares fossem submetidos a testes de biodisponibilidade, como ocorre com os genéricos, que passam por testes de bioequivalência para comprovar sua eficácia. A gerente de relacionamento comercial do Instituto de Ciências Farmacêutica (ICF), Camila Salles Macedo, lembra que, conforme a RDC 134/03, que dispõe sobre a adequação dos medicamentos similares já registrados, a apresentação dos testes de biodisponibilidade relativa segue uma ordem de prioridade e pode ser divida em três momentos: até 1º de dezembro de 2004, a apresentação dos testes de bioequivalência teve de ser realizada para os similares de baixo índice terapêutico ou com janela

FOTOS: SHUTTERSTOCK

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terapêutica estreita, e os medicamentos que não se adequavam tiveram seu registro cancelado. De dezembro de 2004 a 2009, todos os medicamentos similares tiveram que apresentar estudos de equivalência farmacêutica quando da primeira renovação de registro após a publicação da resolução. Além disso, os produtos classificados como antibióticos, antineoplásicos, antirretrovirais tiveram que apresentar os estudos de bioequivalência relativa. Por fim, a terceira e última etapa, que teve início em 2010 e se encerra neste ano, quando todos os demais medicamentos similares serão adequados. “Assim, até o final do ano, todos os medicamentos similares, independentemente da data inicial de seu registro, deverão comprovar sua equivalência terapêutica com seu respectivo medicamento de referência”, diz Camila. Também chamado de marca ou inovador, o medicamento de referência, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente por meio de apresentação de estudos clínicos, é registrado na Anvisa. O genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via, com a mesma indicação terapêutica e tendo a segurança do medicamento de referência, podendo ser intercambiável com ele. Já o similar é aquele que contém os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado na Anvisa, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, além de sempre ter de ser identificado por nome comercial ou marca.

EXIGÊNCIA CLARA Desde 2003, os similares estão se adequando à obrigatoriedade dos testes. Quase a totalidade dos produtos dessa categoria foi adequada à norma, segundo levantamento da Anvisa. O setor industrial estima ter investido perto de R$ 750 milhões para fazer os testes de bioequivalência. Sob o ponto de vista técnico, similar e genérico são considerados iguais. Na prática, o mercado já está funcionando dessa forma. A dúvida é como

EMPRESAS PRODUTORAS DE SIMILARES – ORIGEM DO CAPITAL

Multinacional 73 (39%) Nacional 112 (61%) Fonte: Alanac

a questão comercial será conduzida quando a Anvisa definir que eles pertencem à mesma categoria. Segundo a Agência, ainda não há um texto concreto para avaliar os impactos da medida, por isso recorreu à consulta geral, o que demandará muita discussão ao longo do ano. Nem todos acreditam, contudo, que a junção de categorias pode ser a melhor opção. A coordenadora do Instituto de Pesquisa de Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IDPFarma), Mariana Sandroni, considera ser preciso cuidado para definir os similares como intercambiáveis. “Os genéricos passaram por testes rigorosos comprovando que eles são idênticos aos medicamentos de referência. Já os similares, apesar de utilizarem as mesmas fórmulas e princípios ativos, nem sempre são idênticos”, diz a especialista. Segundo Mariana, os similares utilizam processos de produção diferentes e podem chegar ao mercado com apresentações também diversas – comprimidos maiores ou menores, doses distintas – dos medicamentos que copiam. “Caso a Anvisa padronize os similares como

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TESTES

MOVIMENTO POR CATEGORIAS (EM R$ BILHÕES/BILHÃO DE UNIDADES*)

Valores

Unidades

25,1

17,6

13

1,4

0,68

0,76

Similar

Referência

Genérico

Similar

Referência

Genérico

MERCADO TOTAL Valor: R$ 55,7 bi Unidades: 2,8 bi

*Setembro de 2012 a setembro de 2013. Fonte: IMS Health

CRESCIMENTO POR CATEGORIAS (EM %*)

Valores

19

Similar

7,9

Referência

Unidades

22

14,1

1,5

14,7

Genérico

Similar

Referência

Genérico

*Setembro de 2012 a setembro de 2013. Fonte: IMS Health 70

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Mais competição representará menor preço. É a lei de mercado fez com os genéricos, eles podem ser intercambiáveis com os medicamentos de referência.” Para a presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), Telma Salles, a entidade entende que se deve avançar na discussão, partindo do princípio de que “quaisquer que sejam as mudanças, elas se refletirão no mercado de forma abrangente”. Já o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, entende que medicamentos de referência e genéricos se complementam. “Os genéricos são uma consequência lógica dos medicamentos inovadores.” Segundo o executivo, o Sindusfarma acredita que não há necessidade de mudar a regra que hoje está em vigor. “Temos o mercado consolidado, o consumidor brasileiro conhece o medicamento genérico e este produto tem uma identificação clara. Além disso, a unificação das categorias não resultaria em redução de preço, como está sendo propalado”, acredita Mussolini. O presidente do Sindusfarma lembra também que seria desnecessário fazer investimentos nessa mudança quando há hoje problemas sanitários mais importantes, como a questão da exigência da receita médica, em relação à qual a Anvisa deveria realizar um trabalho muito mais efetivo, com as devidas adequações que precisam ser feitas. “Há produtos que podem ser isentos de prescrição, outros podem ter prazos mais amplos de validade da receita médica”, observa.

DISCORDÂNCIA ENFATIZADA Para o presidente-executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Uchió Tada, muitos são contra, simplesmente, por uma questão de mercado. “Assim como se questionava a entrada dos genéricos quando do seu lançamento, agora se faz o mesmo em relação aos similares”, diz o executivo. Em relação ao impacto econômico dos testes de biodisponibilidade para as empresas, Tada acredita que não haverá problemas, pois as empresas

já vêm realizando os testes ao longo dos últimos anos. “Ou seja, os custos vêm senMedicamentos do amortizados com o tempo”, explica o de referência e genéricos se executivo. Segundo ele, a adequação dos complementam medicamentos similares teve início quando saiu a primeira resolução da Anvisa sobre o tema em 2003. “É absolutamente natural que, se os estudos comprovarem que o medicamento tem a mesma comprovação de eficiência que o de referência e o genérico, o similar tenha a mesma classificação. Os testes de bioequivalência vão atestar isso”, adiciona Tada, lembrando que a mudança será salutar para o consumidor. “Mais competição representará menor preço. É a lei de mercado. Hoje, as pesquisas de mercado já comprovam que a maioria dos similares é mais barata do que os genéricos. A regulamentação nova que a Anvisa irá aplicar disciplinará uma necessidade do mercado”, diz o presidente da Alanac, lembrando que os medicamentos similares são líderes de consumo no País.

CONSOLIDAÇÃO NOTÁVEL O mercado de medicamentos similares, que engloba um montante de 5,2 mil produtos – cerca de 54% da indústria farmacêutica – vem obtendo crescimentos expressivos ao longo dos últimos anos. Em 2013 (até setembro), o segmento viu seu faturamento crescer 19% em relação ao mesmo período de 2012, fechando em R$ 25,1 bilhões, enquanto o percentual de unidades vendidas registrou alta de 14,1% no mesmo período de comparação, atingindo 1,4 bilhão de unidades. No mesmo período, os medicamentos de referência cresceram 7,9% em vendas e 1,5% em unidades e os genéricos aumentaram as receitas em 22% e as unidades vendidas em 14,7%. Os dados são do IMS Health, consultoria que audita o mercado farmacêutico no Brasil e no mundo. Henrique Uchió Tada destaca, ainda, a forte presença dos laboratórios nacionais nessa conta. “A maioria dos laboratórios fabricantes de similares é de capital nacional. Mesmo na indústria farmacêutica em geral, os laboratórios nacionais vêm crescendo em participação”, diz. Segundo a Alanac, no Brasil, existem 185 laboratórios produtores de similares. O segmento representa 39% das vendas totais do setor (estimadas em R$ 55,7 bilhões). Em volumes, os similares respondem por 43% do total. Além disso, a indústria nacional responde por 65% da demanda pelo produto. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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LOGÍSTICA

A limpeza como

requisito essencial DEVE-SE ESTABELECER UMA ROTINA DIÁRIA DE LIMPEZA DO TERMINAL, ASSIM COMO SEUS REGISTROS PARA EFEITO DE COMPROVAÇÃO

NATALIA D I A S B R ANDÃO F armacêutica responsável técnica pela filial de Belo Horizonte (MG) da Ativa Logística 72

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O

O transporte de medicamentos e produtos relacionados à saúde deve seguir o padrão das Boas Práticas de Transporte, diretrizes voltadas à prática operacional para manutenção da qualidade dos serviços e, logo, dos produtos transportados. Segundo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 329/99, que institui o roteiro de inspeção para transportadora de medicamentos, técnicas como a sanitização e dedetização dos veículos são imprescindíveis. O processo de sanitização visa manter as condições de higiene e limpeza dos veículos. Também se faz necessário um efetivo controle de pragas e da limpeza do terminal de carga, ou seja, onde transitam os produtos relacionados à saúde. Para garantir essas condições, é tarefa do farmacêutico verificar se a prestadora de serviços atende a esses requisitos e elaborar procedimentos e rotinas de limpeza, dedetização e desratização. Deve-se estabelecer uma rotina diária de limpeza do terminal, assim como seus registros para efeito de comprovação, além da comprovação da periodicidade dos serviços de dedetização e desratização determinada pela prestadora, que, em geral, obedece ao método e validade residual dos produtos utilizados. É exigência legal que a prestadora de serviços de dedetização possua Alvará Sanitário, Certidão de Regularidade Técnica e os produtos utilizados possuam registro no órgão pertinente.

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Na prática, para a transportadora garantir os veículos em condições sanitárias adequadas, a elaboração de um programa de limpeza da área física e dos equipamentos, assim como o treinamento de pessoal, facilita a execução das tarefas. Os veículos devem estar limpos e em condições sanitárias adequadas, com varrição, passagem de pano e lavagem externa e interna, quando necessário. Antes do carregamento, as condições de limpeza dos veículos devem ser inspecionadas. Para isso é necessário realizar um checklist para verificar as condições do baú do caminhão. Caso não esteja conforme, deve ser providenciada uma ação corretiva antes do carregamento das mercadorias. Uma estrutura física de pisos e paredes lisos facilitam a conservação e limpeza das instalações. Sendo assim, o transporte de medicamentos possui características diferenciadas por se tratarem de produtos sensíveis, utilizados para a prevenção, promoção e recuperação da saúde da população, sua movimentação e seu armazenamento requerem controle rigoroso previsto na legislação vigente. Incluídos nesse controle estão os procedimentos de limpeza e dedetização tão necessários para garantir as condições sanitárias adequadas das atividades de transporte, diminuindo, assim, os riscos que possam interferir na qualidade dos produtos. FOTO: DIVULGAÇÃO

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PANORAMA

De tradição milenar à profissão de saúde AO LONGO DOS ANOS, A ATUAÇÃO FARMACÊUTICA FOI GANHANDO FUNÇÕES MAIS AMPLAS E DEFINIDAS ATÉ CONQUISTAR PAPEL FUNDAMENTAL NA SAÚDE DA POPULAÇÃO

A

POR FLÁVIA CORBÓ

A profissão farmacêutica tem tradição milenar, com origem no trabalho dos boticários e apotecários, que se utilizavam do conhecimento de insumos de origem natural para fabricar elixires, venenos, unguentos, pomadas e outros medicamentos. Ao longo dos séculos, a atuação passou por um processo de formalização, até se tornar reconhecida. Atualmente, cerca de 168 mil farmacêuticos atuam no Brasil e 12 mil novos profissionais se formam todos os anos nas 426 faculdades de farmácia hoje existentes no País, de acordo com números fornecidos pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Desde os tempos de botica, as opções de atuação do farmacêutico aumentaram muito. As atuais Diretrizes

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Curriculares Nacionais do curso de graduação em farmácia conferem uma formação generalista, capacitando ao exercício de atividades referentes aos fármacos e medicamentos, às análises clínicas e toxicológicas e ao controle, produção e análise de alimentos. “A essas grandes linhas de atuação, inserem-se o total de 131 especialidades farmacêuticas. Cada vez mais o profissional tem procurado diversificar o seu campo de atuação. Entretanto, a farmácia continua sendo a área mais demandada”, afirma o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João. Acompanhando a ampliação do campo de trabalho do farmacêutico, a atuação desse profissional no setor de saúFOTO: SHUTTERSTOCK

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PANORAMA

EVOLUÇÃO Diego de Castro desembarca no Brasil, vindo de Portugal, e tornase o primeiro boticário a atuar no País.

1548

Confira os principais avanços obtidos em relação à atuação farmacêutica

O exercício da farmácia é regulamentado, junto à profissão de médico.

Os primeiros cursos de farmácia do País são criados em Salvador e Rio de Janeiro, vinculados às faculdades de medicina.

1810

1832

Lei 3.820 cria dois Conselhos Federal e regionais de farmácia.

1960

O farmacêutico tinha forte atuação junto à comunidade. Mas a chegada de multinacionais, amplia o mercado de medicamentos industrializados e afasta o farmacêutico do cliente.

1970

Fonte: farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti

de passou por fases distintas. Até a década de 1970, era caracterizada por uma presença marcante na comunidade e interação direta com paciente e consumidor. Nos anos seguintes, iniciou-se no País um processo de desenvolvimento do setor da indústria farmacêutica, marcado pela chegada de laboratórios multinacionais. Consequentemente, o medicamento industrializado tornou-se predominante e as drogarias acabaram por perder o elo com o usuário de medicamentos. Os farmacêuticos passaram a se concentrar em tarefas administrativas e burocráticas, tornando-se cada vez menos presentes na tarefa de dispensação de medicamentos e contato com o consumidor. Diante do distanciamento do profissional com o paciente, nos anos 1990, os órgãos de saúde brasileiros começaram a promover algumas iniciativas a fim de retomar a relevância da atuação farmacêutica junto à população. Com a criação da Política Nacional de Medicamentos no Brasil e outras legislações publicadas, retomou-se a discussão do papel do farmacêutico como profissional da saúde e da importância frente à dispensação como elemento imprescindível na educação em saúde e na orientação para o uso correto de medicamentos. “Com isso, a profissão foi ganhando notoriedade e resgatando o espaço junto ao paciente, evidenciando o medicamento como um bem social”, afirma a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti. 76

RELEVÂNCIA Para os profissionais, está bem clara a importância do farmacêutico para a saúde das pessoas. “Durante a formação, o profissional recebe conhecimento sobre produtos químicos, controle de qualidade e todos os demais conhecimentos envolvendo medicamento. Com isso, em uma população que não tem fácil acesso a outros profissionais de saúde, o farmacêutico torna-se o elo mais próximo”, destaca a farmacêutica industrial, mestre em farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutoranda em saúde coletiva pela Universidade de Brasília (UnB), Micheline Meiners. Já o presidente do CFF lembra da importância de se apresentar a farmácia e o farmacêutico não apenas no que tange ao trabalho desenvolvido nas estabelecimentos, mas também em diversas outras atividades .”Temos as análises clínicas que, há muito tempo, colaboram estrategicamente no processo de atenção à saúde. E, ainda, os profissionais que trabalham na indústria farmacêutica, cuja responsabilidade pela disponibilização de medicamentos seguros e eficazes à população brasileira merece todo louvor e reconhecimento.” A maioria da população brasileira não consegue compreender todo o alcance e competência desse profissional e os farmacêuticos acabam subutilizados dentro do setor de saúde. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ins-

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o ão de. de

do os e tico

A percepção do distanciamento entre o profissional e o consumidor gera iniciativas voltadas à Atenção Farmacêutica.

1990

A Política Nacional de Medicamentos (PNM) valoriza a assistência farmacêutica no Brasil, de modo que a profissão não se restrinja apenas à aquisição e à distribuição de medicamentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi criada pela Lei 9.782, em 26 de janeiro.

A Resolução 2 do Conselho Nacional de Educação CNE/CES, de 19 de fevereiro, implantou o currículo generalista para a formação do farmacêutico.

1998

1999

2002

tituto de Ciência Tecnológica e Qualidade Industrial (ICTQ), 95% da população brasileira acha o farmacêutico muito importante ou importante na farmácia e 68% o consideram muito importante para a saúde, no entanto, grande parte não consegue identificá-lo no estabelecimento. Em outros países, a relevância da profissão já aparece mais consolidada. “Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que o farmacêutico é um profissional de maior destaque, de acordo com a percepção da população. No Brasil não há ainda a valorização do farmacêutico como profissional de saúde”, acredita a farmacêutica e professora da USP de Ribeirão Preto, Julieta Ueta. Para chamar a atenção ao problema, a profissional levanta a seguinte questão em palestras ou em aulas que ministra: “Os seus familiares e amigos de fora da área ainda acreditam que, para ser farmacêutico que atende nas farmácias e drogarias como dispensários, não é necessário ter diploma universitário. É preciso apenas entregar o medicamento.” Ela diz que a situação só pode ser revertida à medida que o farmacêutico “mostra a cara no balcão” e atende à clientela, inclusive nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Fornecendo informação e prestando orientação, o profissional passa a ser notado como alguém diferenciado e agrega valor à sua prática clínica. “Muitas vezes o profissional fica escondido, é confundido com balconista. A população não sabe que tem acessibilidade a esse profissional porque enxerga a

A Resolução da Diretoria Colegiada 44/09, que dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços.

2009

farmácia como um estabelecimento comercial, e não de saúde”, complementa Micheline, da UnB. Para as especialistas, há dois outros aspectos que colaboram para que a importância do farmacêutico como agente de saúde seja mascarada. A primeira delas é a acomodação de parte da categoria, que, em vez de se mostrar ativa na Atenção Farmacêutica junto aos pacientes e consumidores, se deixa envolver apenas com questões burocráticas da farmácia. Junto à ausência do farmacêutico no dia a dia do balcão, soma-se o hábito do brasileiro de fazer uso de medicamento sem qualquer tipo de orientação profissional. A indicação do vizinho, amigo ou familiar ainda fala mais alto.

AVANÇOS Ainda que haja dificuldades, é inegável que a profissão conquistou avanços ao longo das últimas décadas desde a instauração da Política Nacional de Medicamentos e Política Nacional de Assistência Farmacêutica e das ações dos Conselhos Federal e Estaduais de Farmácia, que vieram valorizar a atuação farmacêutica. “A transformação acontece com a política de genéricos e com a mídia debatendo as falsificações de medicamentos”, opina Julieta, da USP Ribeirão Preto. Outro marco considerado fundamental foi a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que passou a focar a atuação do farmacêutico na prática clínica. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PESQUISA

Estatísticas brasileiras O PAÍS TEM UM FARMACÊUTICO PARA CADA 2 MIL HABITANTES, NÚMERO QUE RESTRINGE O ACESSO DA POPULAÇÃO AO ATENDIMENTO DE SAÚDE P O R L Í G I A FAV OR ETTO

N

No Brasil existem 176.963 mil farmacêuticos registrados nos Conselhos Regionais de Farmácia nos 26 Estados e no Distrito Federal. Com base no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para uma população de 201.032.714 brasileiros, há, em média, um farmacêutico para cada 2 mil habitantes. O número apurado faz com que caia o mito de que o profissional farmacêutico é mais acessível à população do que o médico. De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), são, em média, dois médicos para cada 2 mil habitantes. Além de o Brasil ter o dobro de médicos para atendimento, 29% dos farmacêuticos não atuam diretamente junto à população brasileira em atendimentos de saúde, o que reduz ainda mais o número de profissionais à disposição da saúde. Os outros 71% atuam nas indústrias de medicamentos, nas indústrias de alimentos, cosméticos e produtos para saúde. Outros atuam na educação de ensino superior e laboratórios de análises sem contato direto com o paciente/consumidor. Os dados foram apresentados com exclusividade ao Guia da Farmácia pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação

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para Farmacêuticos (ICTQ), dentro do Primeiro Censo Demográfico Farmacêutico no Brasil. De acordo com o diretor-executivo da empresa, Marcus Vinícius Andrade, um farmacêutico para cada 2 mil habitantes é um número péssimo. “Dois médicos para cada 2 mil habitantes já foi problemático o suficiente para o governo criar o Programa Mais Médicos. Agora, um farmacêutico para cada 2 mil habitantes justifica. O porquê dos altos índices de intoxicação medicamentosa justifica, ainda, os indicadores absurdos da venda de medicamentos controlados sem a apresentação de receita médica”, afirma. Segundo ele, este é mais um retrato do caos da saúde pública brasileira. “Nosso País não só carece de ‘mais médicos’ mas também de mais ‘profissionais de saúde’. Carece, principalmente, de infraestrutura.” Os Estados com as maiores concentrações de farmacêuticos para cada 2 mil habitantes são: em primeiro lugar – Espírito Santo, com 2,98 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes; segundo lugar – Paraná, com 2,74 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes; terceiro lugar – Santa Catarina com 2,73 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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DE ACORDO COM A OPINIÃO DOS FARMACÊUTICOS, 47% DELES SÃO INDIFERENTES OU ESTÃO INSATISFEITOS COM AS AÇÕES E GESTÃO DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF) NO BRASIL. QUARENTA E QUATRO POR CENTO SE DECLARAM SATISFEITOS E 9% MUITO SATISFEITOS

Já os que apresentam as menores concentrações de farmacêutico para cada 2 mil habitantes são: em primeiro lugar – Piauí, com 0,46 farmacêutico para cada 2 mil habitantes; em segundo lugar – Acre, com 0,69 farmacêutico para cada 2 mil habitantes e, em terceiro lugar – Sergipe, com 0,7 farmacêutico para cada 2 mil habitantes. “Observa-se que há uma concentração de farmacêutios para cada 2 mil habitantes, acima da média nacional, nas regiões Sul e Sudeste do País, enquanto que há uma grande carência de farmacêuticos nas regiões Norte e Nordeste”, comenta Andrade.

VISÃO DUPLA Apenas 11,3% dos farmacêuticos veem a farmácia como um estabelecimento de saúde. Cerca de 75% veem os estabelecimentos como locais de venda de perfumaria e cosméticos. “Tanto consumidores quanto farmacêuticos não veem a farmácia como estabelecimento de saúde porque, de fato, é essencialmente comercial. No último dia 5 de dezembro de 2013, em um seminário científico com mais de 200 profissionais que discutiam a prescrição farmacêutica, questionei quantos ali presentes tinham um espaço dedicado à atenção clínica dentro de suas respectivas farmácias. Somente dois se manifestaram.” Andrade compreende que, além de ser uma

questão cultural, faltam também iniciativas de empresários e farmacêuticos para que a atual visão do estabelecimento mude. O volume de venda de produtos cosméticos e a atração desses produtos sobre os consumidores em farmácias e drogarias demonstram uma forte tendência de que elas sejam cada vez mais procuradas para o consumo de beleza. “Não é por essa razão que os estabelecimentos devem ser vistos puramente como perfumarias ou lojas de cosméticos. Afinal, produtos cosméticos estão intimamente relacionados à saúde e ao bem-estar dos consumidores.” O executivo afirma que o atendimento diferenciado, inclusive de um farmacêutico, pode ajudar na mudança da percepção equivocada por parte da população. “Não se vende o que não se acredita.”

VÍNCULO NECESSÁRIO Toda a atividade profissional exercida por farmacêuticos, no Brasil, está sob a jurisdição do CFF, que regulamenta e disciplina o seu exercício. Andrade explica que ter o conhecimento das resoluções e ter o registro para acompanhar a profissão é fundamental ao profissional que quer conduzir uma carreira pautada na ética, que, em sua plenitude, garante o bem-estar e a segurança da sociedade. “Em média, 30 mil profissionais atuam sem o registro nos Conselhos Regionais de Farmácias em todo o País. Eles estão concentrados, principalmente, nas indústrias e no segmento de educação. São profissionais 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PESQUISA

CONCENTRAÇÃO DE FARMACÊUTICOS NO BRASIL Piauí, com

0,46 farmacêutico para cada 2 mil habitantes

Sergipe, com

0,7

farmacêutico para cada 2 mil habitantes Acre, com

0,69 farmacêutico para cada 2 mil habitantes

Paraná, com

2,74 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes

que trabalham na garantia de qualidade, controle de qualidade, produção, salas de aula, enfim, áreas onde empresas e instituições não exigem o registro profissional.” Para obter o registro e para atuar no mercado de forma regular, o profissional não passa por avaliação de proficiência. “Logo, para o mercado e para o indivíduo em áreas onde o sistema regulatório e sanitário não cobra o registro, o cadastro no CRF passa a ser uma mera formalidade”, conclui Andrade. Segundo ele, quando não há exigência de órgãos sanitários, a ausência de registro não é um problema para o indivíduo em termos de atuação – uma vez que ter o número de um CRF não credencia o profissional como apto ou inapto ao trabalho. “No entanto, para os conselhos, a ausência do registro de profissionais é problemática em termos de arrecadação e fiscalização da atuação do indivíduo que responde como farmacêutico em seu trabalho.” 80

Espírito Santo, com

2,98 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes

Santa Catarina com

2,73 farmacêuticos para cada 2 mil habitantes

A pesquisa revela ainda que nos próximos quatro anos entrarão para o mercado 100.048 novos farmacêuticos – indivíduos que estão cursando hoje a graduação de farmácia no Brasil todo. O dado mostra que a profissão está crescendo e chamando a atenção dos jovens da atual geração para a alta demanda e necessidade desse profissional no mercado. O executivo do ICTQ diz que a inserção de novos 100.048 farmacêuticos não irá mudar substancialmente a realidade brasileira, mas irá melhorar consideravelmente a prestação de serviços de saúde à população. “Entre os anos 2001 e 2012, houve um aumento de 136% no número de matrículas em cursos de graduação em farmácia. Esta profissão já é a 15ª no ranking das mais procuradas e desejadas pelos jovens brasileiros. As áreas mais cobiçadas são as de pesquisa e indústria.”

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PESQUISA

Setenta e dois por cento dos farmacêuticos são do gênero feminino e 27% do gênero masculino. Os percentuais apontam que a profissão farmacêutica é constituída, em sua maioria, por mulheres. O farmacêutico no Brasil tem, em média, 32 anos de idade, sendo que, no Estado de São Paulo, a idade média dos profissionais é um ano mais velha que a média nacional – 33 anos. No Estado de Goiás e no Distrito Federal, a idade média dos farmacêuticos é mais jovem que a média nacional – 30 anos e 29 anos, respectivamente. Farmacêuticos solteiros representam 50,8%, 42,8% são casados e os demais se classificam como divorciados, viúvos ou separados. Hoje, vê-se uma tendência de profissionais cada vez mais jovens começando suas atividades, ou seja, a população confia em um farmacêutico jovem tanto quanto confia em um mais velho. “O que determina a confiança no profissional farmacêutico é a sua proficiência, ética, responsabilidade e atenção dispensada aos pacientes consumidores.” No que diz respeito à formação acadêmica, 83,9% dos entrevistados fizeram graduação em uma instituição privada, enquanto 16,3% estudaram em instituições públicas. Andrade ressalta que o número de vagas em instituições públicas é muito restrito. “Nem sempre a qualidade de ensino entre instituições públicas e privadas se equipara, sentimos isso principalmente nas salas de aula. No entanto, existem bons exemplos no País de instituições onde o ensino farmacêutico é de fato ‘superior’.” Apenas 5% dos farmacêuticos trabalham até 30 horas semanais (motivo de luta dos sindicatos, associações e milhares de profissionais pelo País). Para 59%, a jornada de trabalho supera 40 horas.

DEFENSORES DA CLASSE De acordo com a opinião dos farmacêuticos, 47% deles são indiferentes ou estão insatisfeitos com as ações e gestão do Conselho Federal de Farmácia (CFF) no Brasil. Quarenta e quatro por cento se declaram satisfeitos e 9% muito satisfeitos. Os conselhos regionais com os maiores índices de aprovação por parte dos farmacêuticos na gestão 2012/2013 são: em primeiro lugar – Pernambuco, com 73% de aprovação; em segundo lugar – São Paulo e Mato Grosso do Sul, com 66% de aprovação; e, em terceiro lugar – Goiás, com 55% de aprovação. 82

11,3%

Apenas dos farmacêuticos veem a farmácia como um estabelecimento de saúde. Cerca de veem os estabelecimentos como locais de venda de perfumaria e cosméticos

75%

Curiosamente, o Estado que apresentou o maior índice de aprovação na última gestão não reelegeu a mesma diretoria para a gestão de 2014 e 2015. Andrade vê os conselhos como facilitadores e promotores de evolução na profissão farmacêutica. Segundo ele, nos últimos anos, conquistas como o veto presidencial que impediu a venda de medicamentos em supermercados e a aprovação da prescrição farmacêutica foram indicadores de que os conselhos têm se posicionado assertivamente na defesa do espaço profissional farmacêutico na sociedade. No entanto, a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que colocou os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) ao alcance do consumidor e o recente veto da Presidência sobre a exigência explícita de farmacêutico nas farmácias foram também indicadores de que a força política dos conselhos ainda não é a ideal. “Faço a ressalva que mesmo os conselhos não tendo a força política desejada, eles não deixaram de ir à luta.” O diretor-executivo do ICTQ pontua que os conselhos regionais são abertos, interativos, dinâmicos e que muitos deles têm diversos trabalhos importantes junto à sociedade. “Cito como exemplo a ação Farmacêutico na Praça já realizada nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul e a ação do Conselho Itinerante, no Estado de Goiás. Já o CFF e suas propostas, de acordo com as nossas pesquisas, é praticamente ignorado pela sociedade e imprensa brasileira, o que provoca perdas irreparáveis na visibilidade e na força política da profissão.

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – ATUAÇÃO

Presença

fundamental

MUITAS FARMÁCIAS BRASILEIRAS SEGUEM OPERANDO SEM UM RESPONSÁVEL TÉCNICO. OS PREJUÍZOS PODEM SER TANTO DA ORDEM DA SAÚDE DA POPULAÇÃO QUANTO COMERCIAIS

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POR FLÁVIA CORBÓ

A consciência da importância de se manter um farmacêutico responsável durante todo o funcionamento de uma farmácia ou drogaria já existe há tempos. A exigência foi sancionada pelo Ministério da Saúde em 1977, antecedendo, inclusive, a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que foi fundada apenas 22 anos depois, por meio da Lei 9.782, de 26 de janeiro 1999. Desde as primeiras discussões sobre a obrigatoriedade da permanência de um responsável técnico, o mercado de varejo brasileiro se expandiu muito. Atualmente, estima-se que haja 68,2 mil farmácias espalhadas pelo

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País. Ao longo dos anos, o nível de renda do brasileiro médio também mudou. Devido ao crescimento do poder de consumo, o acesso a medicamentos cresceu, aumentando os níveis de automedicação e necessidade de orientação de um profissional da saúde. Ainda que já tenham se passado 36 anos desde a criação da exigência desse acompanhamento em tempo integral nos estabelecimentos do varejo farmacêutico, a prática não é adotada em todos os locais. Nas grandes capitais e farmácias de grande porte, a obrigação costuma ser respeitada sem maiores problemas. No entanto, considerando as proporções continentais do FOTO: SHUTTERSTOCK

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Brasil e as discrepâncias de infraestrutura entre cidades de diferentes regiões, muitas farmácias funcionam sem respeitar a determinação dos órgãos de vigilância. Um dos exemplos mais atuais foi registrado durante uma fiscalização realizada em farmácias da cidade de Santarém, no oeste do Pará. Das 24 unidades visitadas, 14 não apresentavam um farmacêutico de plantão. Considerando que o município possui um total de 140 estabelecimentos farmacêuticos, foi possível constatar que pelo menos 10% deles não estavam de acordo a lei. Quando questionada a respeito da falta de obediência à legislação por parte das farmácias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que qualquer estabelecimento pode ser alvo de fiscalizações do Conselho Regional de Farmácia (CRF) ou dos órgãos de vigilância sanitária local. “As normas da Anvisa reforçam essa necessidade tendo em vista que os medicamentos são produtos que exigem uma orientação específica para o seu uso. Assim, o responsável técnico responde por essa orientação no âmbito da farmácia, além do acompanhamento das prescrições de produtos controlados”, ressalta o órgão por meio da assessoria de imprensa. De acordo com a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, a ausência de um responsável técnico é mais comum quando o farmacêutico não é o proprietário do estabelecimento. “Mas é importante salientar que esta ocorrência está diminuindo com a intensificação da fiscalização pelos órgãos de competência.” Para a farmacêutica, há outro aspecto que merece ainda mais atenção do que a presença física profissional. A prática da Atenção Farmacêutica, necessária para a obtenção da meta terapêutica traçada ao paciente, assegurar a efetividade e a segurança no uso do medicamento, bem como prevenir e minimizar reações negativas, não é verificada em grande parte das farmácias e drogarias do País. “Boa parte da população ainda não tem acesso a este tipo de seguimento e desconhecem a formação e a capacitação do profissional farmacêutico”, destaca.

As pessoas querem ser atendidas por profissionais em quem elas confiam

AUSÊNCIA SENTIDA Para ilustrar a gravidade de se manter uma farmácia funcionando sem a presença de um profissional responsável, a professora associada do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão

UM IMPORTANTE PAPEL QUE O FARMACÊUTICO PODE DESENVOLVER NAS FARMÁCIAS E DROGARIAS É O SEGUIMENTO DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP), Julieta Ueda, usa um exemplo simples: “Se entendermos que o farmacêutico é profissional fundamental ao processo de utilização de medicamentos, a ausência deste profissional nas drogarias e farmácias é o mesmo que não ser atendido por médico no consultório médico ou dentista em consultório odontológico. Fica clara a importância do farmacêutico e sem ele não há segurança no uso de medicamentos.” Hoje em dia, as farmácias e drogarias oferecem uma imensa gama de produtos para a saúde. Embora sejam ferramentas terapêuticas importantes, o uso de forma inadequada pode oferecer sérios riscos à saúde. Por isso o Conselho Regional de São Paulo (CRF-SP) defende que o farmacêutico é o profissional de saúde mais indicado para orientar sobre o uso correto de medicamentos. Um importante papel que o farmacêutico pode desenvolver nas farmácias e drogarias é o seguimento do tratamento farmacológico, que é definido como a prática profissional na qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do paciente relacionadas aos medicamentos. “Além de ser um papel social importantíssimo do farmacêutico, pois favorece o sucesso do tratamento, aumenta a credibilidade do estabelecimento porque o caracteriza como um local de saúde”, garante o presidente do CRF-SP, Pedro Menegasso. E a construção dessa credibilidade pode, inclusive, trazer retornos comerciais aos estabelecimentos, que, com um atendimento responsável, agregam valor aos serviços prestados. “Aumentam os índices de satisfação do consumidor que, ao ser bem atendido, torna-se fiel ao estabelecimento e ainda pode indicá-lo para novos clientes. Afinal, em matéria de saúde, as pessoas querem ser atendidas por profissionais em quem elas confiam”, acrescenta Menegasso. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PRESCRIÇÃO

Polêmica no balcão A OFICIALIZAÇÃO DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA DIVIDIU OPINIÕES E LEVOU A CONTESTAÇÕES NA JUSTIÇA. MAS, AFINAL, QUAIS MUDANÇAS TRAZ A MEDIDA?

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POR FLÁVIA CORBÓ

Há tempos a classe farmacêutica não se via envolta em uma polêmica tão grande. O anúncio da regulamentação da prescrição farmacêutica por meio da Resolução 586/13, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), causou alvoroço entre o setor da saúde e dividiu a opinião de entidades. Mesmo entre farmacêuticos, há quem resista à ideia de agregar essa nova função às atribuições da profissão. A população brasileira, tampouco, parece convencida dos benefícios da medida. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 61% não concordam com a proposta e 58% não confiam em um farmacêutico para receitar medicamentos. Também foi levantado que 65% acreditam que a prescrição farmacêutica não facilitaria o tratamento de doenças.

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Para a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, esse alvoroço é comum diante de uma mudança significativa. “As medidas inovadoras geram, de maneira geral, opiniões contrárias, e acredito que seja uma situação na qual possibilitará discussões sobre os aspectos positivos e negativos envolvidos na questão.” Mas para os órgãos defensores da prescrição médica não há motivos para tantas desconfianças, já que, ainda que de maneira informal, a prática já ocorre. “Indicar medicamentos para tratar de sintomas menores de baixa gravidade, passíveis de orientação farmacêutica, sempre FOTO: SHUTTERSTOCK

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PONTOS A SEREM ANALISADOS A prescrição farmacêutica gerou polêmica e dividiu opiniões de entidades do setor da saúde. Confira:

Anvisa, por meio da assessoria de imprensa Não houve apoio expresso à prescrição farmacêutica por parte da Anvisa. Essa é uma bandeira do CFF.

Resolução CFF 586/13 “Ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde.”

Febrafar, por meio de nota oficial “Ora, se o farmacêutico não possui condições de analisar a doença, suas razões e melhor tratamento, e sim analisar a medicação e a sua interação com o organismo, não é função sua solicitar exames, analisar e prescrever medicamentos (sejam isentos de prescrição ou não). Essas são atribuições dos profissionais da área médica.”

Conselho Federal de Medicina, em nota oficial “A legislação que regulamenta a profissão do farmacêutico (Decreto 85.878/81), em nenhum momento, coloca como atribuição desse profissional a prescrição de medicamentos. Nenhuma outra categoria profissional brasileira tem essa previsão legal, cabendo apenas ao médico fazer o diagnóstico nosológico (de doenças) e indicar o tratamento, se necessário. Os farmacêuticos não têm, portanto, a autorização legal pretendida pelo CFF.”

Presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-SP), Pedro Menegasso “Além dos médicos terem dificuldade de compreender o que fazem outros profissionais, eles não se deram ao trabalho de conhecer a nossa resolução. Nenhum farmacêutico vai fazer diagnóstico. A prescrição refere-se apenas a medicamentos que já são isentos e que o consumidor pode comprar livremente, sem necessitar do médico. A prescrição não é obrigatória, só queremos formalizar a orientação.”

Presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abraframa), Sergio Mena Barreto “Prescrever Medicamento Isento de Prescrição (MIP), para mim, é ‘chover no molhado’, mas, mesmo assim, é importante. Hoje, o cidadão chega à loja querendo uma orientação e o farmacêutico não tem coragem de indicar, mesmo sendo MIP. A resolução vem para fortalecer a figura do farmacêutico.”

Diretor de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Dr. Aurélio Saez “A Abimip não tomou uma posição oficial, mas defendemos como um dos pilares da instituição a liberdade do consumidor poder escolher seu produto. Somos a favor de que exista o mínimo possível de passagens para que ocorra a compra. Desde que a prescrição não impeça o consumidor de fazer a opção dele, não somos contrários.”

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – PRESCRIÇÃO

foi papel do farmacêutico. A única coisa que mudou foi a necessidade de formalizar as orientações que eram oferecidas verbalmente na forma de uma prescrição”, argumenta o presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-SP), Pedro Menegasso. O executivo defende que a formalização trará mais segurança ao consumidor, que terá em mãos uma prescrição assinada e carimbada pelo farmacêutico. “O cliente terá as informações do profissional que o atendeu, caso necessite retornar ao estabelecimento em busca de esclarecimentos ou de um novo atendimento.” Além da dispensação de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) acompanhada de orientação farmacêutica, diminuir os riscos de uso inadequado e aumentar as chances de sucesso terapêutico, o CFF acredita que o registro atribui um grau de responsabilidade sanitária pela segurança do paciente e permite a rastreabilidade das ações para o órgão fiscalizador. “Isso possibilita maior controle sobre os riscos inerentes à utilização de medicamentos e o desenvolvimento de ações visando o seu uso responsável”, afirma o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João.

OUTROS ARGUMENTOS

Mesmo diante desses argumentos, a polêmica em torno da prescrição farmacêutica não deve terminar tão cedo. Entidades do setor da saúde dizem que a medida é ilegal. “O Conselho Federal de Medicina (CFM) vai questionar na Justiça a resolução do CFF, baseado na legislação que regulamenta a profissão do farmacêutico (Decreto 85.878/81), que em nenhum momento coloca como atribuição desse profissional a prescrição de medicamentos”, informou o órgão em nota oficial. E a discussão ainda deve ganhar força, pois o CFF tem a intenção de aprovar outra resolução, que permite e autoriza o farmacêutico a renovar receitas prescritas anteriormente por um médico. “Só na conversa médico-paciente, em que é avaliado o histórico do doente e talvez solicitados novos exames, é possível concluir se o medicamento, considerado necessário num momento anterior, pode ser interrompido ou ter a dosagem alterada”, rebate o CFM. De acordo com o presidente do CRF-SP, a intenção não é substituir ou competir com a prescrição médica, pois o alcance da orientação farmacêutica é muito mais restrito. “A responsabilidade do farmacêutico no ato da prescrição se limita à avaliação das necessidades do paciente para eleger o medicamento mais indicado e à orientação sobre o uso correto do medicamento, incluindo instruções com relação a dose, horário, duração do tratamento, ingestão concomitante ou não com alimentos etc.”, garante Menegasso.

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OPINIÕES DIVIDIDAS

Acompanhe os argumentos e providências tomadas pelas entidades contrárias à prescrição farmacêutica.

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As proporções continentais do Brasil e os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), que, muitas vezes, dificultam o acesso da população ao médico são outros argumentos utilizados a favor da prescrição médica. A capilaridade da distribuição geográfica das farmácias instaladas pelo Brasil facilitaria a aproximação com o farmacêutico. “Muitas vezes, é a primeira possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em saúde, especialmente para as famílias de baixa renda”, lembra Menegasso.

O preparo e conhecimento que os farmacêuticos possuem em relação aos medicamentos também os fariam aptos a prestar esse serviço. Para Maria Aparecida Nicoletti, da USP e UnG, o receio da população em confiar a sua saúde a esses profissionais está ligado ao desconhecimento. “Há uma carência muito grande na área de educação em saúde, o que, dentre as inúmeras deficiências que podem ser observadas, gera uma confusão muito grande em relação aos tipos de medicamentos disponibilizados na dispensação e a competência dos diferentes profissionais da área da saúde. Os níveis de escolaridade e socioeconômico são importantes para o entendimento das atividades relacionadas à competência profissional.”

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FORMALIZAÇÃO TRARÁ MAIS SEGURANÇA AO CONSUMIDOR, QUE TERÁ EM MÃOS UMA PRESCRIÇÃO ASSINADA E CARIMBADA PELO FARMACÊUTICO. O CLIENTE TERÁ AS INFORMAÇÕES DO PROFISSIONAL QUE O ATENDEU, CASO NECESSITE RETORNAR AO ESTABELECIMENTO EM BUSCA DE ESCLARECIMENTOS OU DE UM NOVO ATENDIMENTO

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – RESPONSABILIDADE

Atuação

consciente A IMPLANTAÇÃO DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA INSERE NOVAS ATIVIDADES NO COTIDIANO PROFISSIONAL E EXIGE MAIS ATENÇÃO E CUIDADO NO ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR P O R F L Á V I A C O R B Ó E LÍ G I A FAV O R ETTO

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“Qualquer medicamento apresenta riscos. Se você não precisa, não use.” A frase repetida pela professora associada do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP), Julieta Ueta, em palestras dadas Brasil a fora pode parecer óbvia para os profissionais de saúde, mas está longe de ser uma verdade adotada por muitos brasileiros. A relação irresponsável com os medicamentos é notada nas estatísticas divulgadas pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox), que apontam os medicamentos em primeiro lugar no FOTOS: SHUTTERSTOCK

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PARA EVITAR OCORRÊNCIAS NEGATIVAS, O ÓRGÃO RECOMENDA QUE O FARMACÊUTICO CONHEÇA A HISTÓRIA DO PACIENTE, POR MEIO DE UMA ADEQUADA ANAMNESE, ANTES DE DECIDIR PELA PRESCRIÇÃO conjunto dos 13 agentes tóxicos considerados pela rede, respondendo a quase 27% dos casos de intoxicação registrados no País em 2010 – dado mais recente divulgado pelo órgão. Observando os números ainda mais de perto, é possível descobrir que o Brasil registrou 26.753 casos de intoxicação humana por medicamentos. Quando retirados os 10.845 casos de tentativas de suicídio, sobram 15.908 casos de intoxicação por medicamentos, ocorrida por diversas causas: automedicação, prescrição médica equivocada, erro de administração ou apenas no uso terapêutico de pessoas que buscavam prevenir e ou recuperar a saúde. Caso ainda restem dúvidas sobre o impacto que os medicamentos mal utilizados acarretam na saúde pública, é interessante realizar algumas contas matemáticas. O número total de ocorrência dividido pelos 365 dias do ano resulta em quase 44 casos por dia, ou seja, mais de um caso oficialmente registrado a cada hora. Lembrando ainda que os números apurados pelo Sinitox envolvem quase que exclusivamente ocorrências do Sistema Único de Saúde (SUS), pois a rede particular não emite alertas, o que deixa de fora os milhões de usuários de plano de saúde e com maior poder aquisitivo para comprar mais medicamentos. Essa falta de maturidade do brasileiro quanto aos cuidados de se fazer uso de medicação foi um dos argumentos utilizados pelos órgãos de saúde durante a implantação da prescrição farmacêutica, que permite que esses profissionais receitem Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). A medida é polêmica, por diversas razões. Um dos questionamentos daqueles que se mostram receosos é quanto à responsabilidade que está sendo dada nas mãos do profissional farmacêutico. Como indicam os números do Sinitox, os índices de intoxicação não são baixos. Caso o medicamento provocador do problema tenha sido adquirido com prescrição obtida dentro da farmácia, o profissional responsável terá que arcar com as consequências? De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a resposta é afirmativa. “O farmacêutico, ao prescrever medicamentos, assume total responsabilidade técnica, ética e

legal por este ato. No que tange às reações adversas, em que pese serem inerentes aos próprios medicamentos, são igualmente da responsabilidade do prescritor”, pontua o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João. Para evitar ocorrências negativas, o órgão recomenda que o farmacêutico conheça a história do paciente, por meio de uma adequada anamnese, antes de decidir pela prescrição. É aconselhável que o ato de

INTERESSE DE TODOS Pensando em profissionalizar os balconistas de farmácias e drogarias, para que os farmacêuticos tenham tempo de cumprir com as funções que realmente lhe são pertinentes, a editora Senac coloca no mercado o livro: Balconista de Farmácia, das autoras Ana Claudia Naldinho e Claudia Tereza Varesatto. De forma didática e objetiva, elas apresentam conteúdos essenciais ao exercício da profissão de balconista, desde interpretação de prescrição médica, disposição de produtos e controle de estoque até noções de primeiros socorros, dicas de atendimento ao público e informações sobre a legislação vigente. “Não existe literatura específica para estes profissionais, que precisam entender, ao menos, a real função de um medicamento”, comenta Ana Claudia. Elas ressaltam que o objetivo do livro não é fornecer conteúdos para que o balconista atue da mesma forma que o farmacêutico. “Não tem como, os níveis são diferentes. Mas, a partir do momento que o balconista está mais bem preparado, deixa o farmacêutico mais disponível para realizar a Atenção Farmacêutica, ou seja, o farmacêutico irá executar seu papel de profissional de saúde”, explica Claudia Tereza. As autoras comentam que a capacitação do balconista o possibilita discernir quando é necessário ou não acionar o farmacêutico para finalizar uma venda. O livro está sendo comercializado também na Loja Virtual da Contento. Acesse: www.guiadafarmacia.com.br/lojavirtual

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – RESPONSABILIDADE

ATENDIMENTO RESPONSÁVEL Além de promover uma prescrição farmacêutica responsável, baseado no histórico do paciente e de uma anamnese adequada, há outras recomendações que podem ser dadas ao consumidor com a intenção de evitar intoxicações, interações e reações adversas aos medicamentos. Recomende ao paciente que: • Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qualquer medicamento. • Evite tomar medicamento na frente de crianças. • Não dê medicamento no escuro para que não haja trocas perigosas. • Não utilize medicamentos sem orientação. • Mantenha os medicamentos nas embalagens originais. • Cuidado com medicamentos de uso infantil e de adulto com embalagens muito parecidas. Erros de identificação podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais. • Nunca use medicamentos com prazo de validade vencido. • Descarte medicamentos vencidos. Não guarde restos de medicamentos e nunca coloque a embalagem com o seu conteúdo na lixeira. • É importante que a criança aprenda que medicamento não é bala, doce ou refresco. • Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhantes e atraentes, odor e sabor adocicado despertam a atenção e a curiosidade natural das crianças. Não estimule essa curiosidade. Mantenha-os trancados e fora do alcance das crianças. Fonte: Sinitox

prescrever se revista de todos os conhecimentos, habilidades e atitudes, imprescindíveis a sua execução. “Há reações adversas classificadas como leves, moderadas, graves e letais, o que, por si só, realça a responsabilidade que o ato de prescrever incorpora”, complementa Jorge João. Os defensores da prescrição farmacêutica veem este ganho de responsabilidade como algo positivo, que visa valorizar o papel do farmacêutico. Já os receosos em relação à mudança temem as consequências. Para a professora da USP Ribeirão Preto, Julieta Ueda, todo o profissional, 92

independentemente da atividade que exerça – seja encanador, eletricista, mecânico ou farmacêutico –, tem que assumir responsabilidades. “A reação adversa pode não ser prevista, mas se o indivíduo já a apresentou, o farmacêutico ou mesmo o prescritor não podem ignorá-la. É um erro.”

MAIS DO MESMO? Além do peso da nova atribuição, as entidades e profissionais que ainda não estão certos a respeito dos benefícios da prescrição farmacêutica questionam a relevância de se prescrever MIPs, sendo que essa categoria está ao alcance do consumidor em todas as farmácias e pode ser comprada sem qualquer orientação de um profissional da saúde. “Pesquisas mostram que 95% das pessoas que entram na farmácia a procura de um MIP já conhecem aquele medicamento e sabem como usá-lo”, defende o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Dr. Aurélio Saez. “E aqueles 5% que precisam de orientação nem sempre vão poder contar com a presença do farmacêutico. Somos contra a indicação de balconista, pois ele não está preparado, não possui conhecimento. Vai passar uma indicação de comadre ou, então, baseada em interesses comerciais”, argumenta. Ainda que a Abimip não tenha se posicionado oficialmente contra a prescrição farmacêutica, o órgão segue acreditando que a melhor postura em relação à venda de MIPs é deixá-los na frente do balcão, onde o consumidor possa comprar à vontade. “Estimular que se leia bem as orientações na bula já é o suficiente quando se trata de MIPs. Não somos contrários à prescrição, desde que seja mantido o mínimo possível de passagens para que o consumidor possa adquirir o produto e que ele tenha liberdade de escolher”, complementa Saez.

OS DEFENSORES DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA VEEM ESTE GANHO DE RESPONSABILIDADE COMO ALGO POSITIVO, QUE VISA VALORIZAR O PAPEL DO FARMACÊUTICO. JÁ OS RECEOSOS EM RELAÇÃO À MUDANÇA TEMEM AS CONSEQUÊNCIAS

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – RESPONSABILIDADE

A mestre em farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutoranda em saúde coletiva pela Universidade de Brasília (UnB), Micheline Meiners, apresenta uma opinião diferente. Em relação ao atendimento farmacêutico ser desnecessário na compra de MIPs, ela rebate: “A maioria não procura orientação por falta de conhecimento dessa possibilidade. Apoia-se na indicação do vizinho, de um conhecido ou familiar. E mesmo que já tenha utilizado o medicamento antes, repetir o uso sem orientação pode acabar agravando algum problema de saúde, provocando intoxicação quando misturada a outra substância e, inclusive, postergando o tratamento de uma doença mais grave.” Para ilustrar, a farmacêutica recorre ao exemplo de uma medicamento popularmente conhecido e vendido livremente em farmácias e drogarias: o paracetamol. “Doses grandes tomadas por muitos dias seguidos podem causar 94

intoxicação hepática e outros problemas irreversíveis ao fígado”, alerta. Além disso, a farmacêutica reforça que a importância de obter uma orientação de um profissional da saúde é repassada, inclusive, nas propagandas publicitárias dos MIPs. “No rodapé da página, é inserida a mensagem de que aquele produto deve ser usado sob consulta de médico ou orientação farmacêutica.” A professora da USP Ribeirão Preto, Julieta Ueda, compartilha da mesma opinião, defendendo a ideia de que os MIPs podem apresentar reações adversas com riscos à saúde e acarretar interações com outros medicamentos, alimentos, bebidas e condições clínicas. “Entendo que, como profissionais de saúde, temos como responsabilidade não somente orientar mas também educar, sejam crianças, adolescentes ou adultos sobre os medicamentos, não somente quando necessitam ou usam medicamentos mas como parte do processo educativo.”

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – FARMÁCIA CLÍNICA

Mais que

um técnico ALÉM DO CONHECIMENTO SOBRE FÓRMULAS E COMPONENTES DOS MEDICAMENTOS, A ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA SEGURANÇA DO PACIENTE VEM GANHANDO FORÇA E ABRINDO OPORTUNIDADES DE TRABALHO

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Apesar de ser precursora da Atenção Farmacêutica, a prática da Farmácia Clínica ainda é pouco difundida no Brasil, principalmente entre os profissionais com muitos anos de carreira, pois, durante décadas, as faculdades privilegiaram o conhecimento técnico em detrimento do atendimento ao paciente. Ainda que no Brasil a disseminação do conceito seja recente, o termo não é novo. Surgiu na década de 1960, nos

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POR FLÁVIA CO RBÓ

Estados Unidos, em resposta à necessidade dos farmacêuticos de se inserirem na equipe de saúde, utilizando seus conhecimentos técnicos sobre o medicamento em benefício do paciente. Dentro da Farmácia Clínica, o profissional contribui para o uso seguro e racional de medicamentos, tanto de forma direta – orientando o paciente a respeito do uso de medicamentos, acompanhando os FOTOS: SHUTTERSTOCK

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resultados da terapia medicamentosa e propondo intervenções para obtenção de melhores resultados farmacoterapêuticos – quanto indireta – junto à equipe multidisciplinar de saúde, prestando orientação quanto à prescrição e administração de medicamentos e avaliando riscos de interação medicamentosa ou reações adversas. Essa prática profissional ganhou maior intensidade a partir da década de 1990, principalmente no ambiente hospitalar. “Hoje em dia continua sendo um termo utilizado com mais frequência nos hospitais, mas nada impede que seja aplicado em outros ambientes”, destaca a gerente acadêmica do Instituto Racine, Denise Funchal Witzel. A prática também pode ser vista em farmácias comunitárias, clínicas privadas, ambulatórios, unidades de saúde e lares de longa permanência. Ou seja, pode ser exercida em qualquer local que possua usuários de medicamentos expostos ao risco e às consequências de seu uso. “Inclusive nas farmácias e nas drogarias, quando o farmacêutico atua clinicamente nesse ambiente, estando envolvido direta ou indiretamente com os resultados do uso de medicamentos. Contudo, o termo mais atual e específico para designar a prática clínica farmacêutica na atualidade é Atenção Farmacêutica”, complementa Denise. Independentemente do ambiente onde é praticada, a Farmácia Clínica tem a função de garantir o uso correto do medicamento, em conjunto com a equipe multiprofissional dos hospitais e ambulatório, reduzindo o tempo de internação e melhorando a adesão dos pacientes ao tratamento. “O farmacêutico clínico atua também na gestão da farmacoterapia, revisando aspectos da seleção, administração e resultados terapêuticos obtidos. Fornece educação e orientação ao paciente e recomendações ao médico para ajustes no tratamento”, complementa a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da

AINDA QUE NO BRASIL A DISSEMINAÇÃO DO CONCEITO SEJA RECENTE, O TERMO NÃO É NOVO. SURGIU NA DÉCADA DE 1960, NOS ESTADOS UNIDOS, EM RESPOSTA À NECESSIDADE DOS FARMACÊUTICOS DE SE INSERIREM NA EQUIPE DE SAÚDE

EVITANDO ERROS A maior função da Farmácia Clínica é levar segurança ao paciente. A prática torna-se muito relevante, diante dos índices de ocorrência de erros de medicação. De maneira geral, um entre dez pacientes é vítima de erro de medicação. Segundo a American Society of Healh-System Pharmacists (ASHP), os equívocos podem ocorrer em diversos pontos da cadeia:

38% na administração do medicamento

39% no ato da prescrição

11% na dispensação

12% na transcrição do pedido médico

Podendo estar relacionado a: • Pr tica pro ssional. • Características de apresentação do produto. • Procedimentos operacionais. • Problemas de comunicação prescrição ou outra forma de comunicação). • ótulos de produtos, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição, administração. • Educação e treinamento. • so e monitoramento de medicamentos.

Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti.

NO BRASIL O conceito de Farmácia Clínica começou a ser trabalhado com maior intensidade apenas nos anos 2000 entre os profissionais brasileiros. E, apesar de poder ser aplicado em diversos campos de atuação, o hospital é o local onde a prática está mais arraigada. Dentro desse universo, o farmacêutico inte2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL FARMACÊUTICO – FARMÁCIA CLÍNICA

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Fontes

Conheça o conteúdo ministrado nos cursos de Farmácia Clínica.

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gra uma equipe multidisciplinar de saúde e atua em diferentes frentes, como organização de estoque de medicamentos, dispensação, segurança clínica do paciente, avaliação de exames laboratoriais e verificação de interação ou incompatibilidade medicamentosa. Em busca da melhoria de processos e, consequentemente, da obtenção de acreditações nacionais e internacionais, os hospitais investem cada vez mais em profissionais com especialização em Farmácia Clínica. Dentro do Hospital Israelita Albert Einstein, o farmacêutico começou a ganhar espaço há 13 anos, quando foi inserido na equipe de trabalho da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Três anos depois, foram inseridos profissionais também nas alas de oncologia e geriatria. O hospital passou a perceber que a presença do farmacêutico trazia mais segurança ao paciente”, relembra o coordenador de Farmácia Clínica do Albert Einstein, Fábio Ferracini. “Em 2005, passou-se a adotar um farmacêutico clínico por unidade, mas o hospital sentiu falta de profissionais capacitados na área clínica”, conta.

Diante da falta de mão de obra especializada, o hospital decidiu inaugurar o curso de pós-graduação em Farmácia Clínica em sua própria universidade. A primeira classe foi aberta em 2006 e, até 2012, era formada uma turma por ano. Mas a procura cresceu tanto que, a partir de 2013, formaram-se duas classes de interessados em se especializar em Farmácia Clínica. O curso tem duração de um ano, com aulas duas vezes por semana, no período noturno. Entre os conceitos ministrados estão o sistema de dispensação, automação, garantia de gestão da qualidade e embasamento teórico sobre todas as especialidades atendidas no hospital. A importância que esses profissionais capacitados ganharam dentro da instituição, a exemplo do que ocorre em outros hospitais que também já adotaram a Farmácia Clínica, pode ser notada em números. “Partimos de 5 mil para 40 mil intervenções do farmacêutico na prescrição médica por ano. Essas intervenções estão voltadas para a segurança do paciente. As interações medicamentosas podem existir, mas agora o farmacêutico clínico tem a capacidade de tomar uma decisão junto com o médico”, garante Ferracini.

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FARMÁCIA CLÍNICA COMEÇOU A SER TRABALHADA COM MAIOR INTENSIDADE APENAS NOS ANOS 2000 ENTRE OS PROFISSIONAIS BRASILEIROS

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POR QUE O ANTI-INFLAMATÓRIO CORTA O EFEITO DO MEDICAMENTO PARA PRESSÃO? 100

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ENVIE SUA PERGUNTA, NÓS RESPONDEMOS!

M A R I A A PA R E C I D A N IC O L ET T I

PERGUNTA ENVIADA POR SILVIA DANIELE CZUCZMAN TROJAN, ESTUDANTE DO TERCEIRO PERÍODO DE FARMÁCIA, DE MALLET (PR)

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A hipertensão arterial é uma doença crônica degenerativa, não transmissível presente em cerca de 50% dos indivíduos acima de 65 anos e, nessa faixa etária, com o envelhecimento, é de se esperar que outras enfermidades estejam presentes, como as doenças reumáticas, particularmente, a osteoartrite e a artrite reumatoide. Nessa situação, a prescrição de medicamentos com ação analgésica e anti-inflamatória é realizada com frequência e, geralmente, os anti-inflamatórios não esteroides (Aine) são os mais utilizados. Considerando, então, que as duas situações em relação à condição da saúde do indivíduo sejam encontradas muito frequentemente na população, cuidados devem ser tomados para que se evitem as possíveis interações medicamentosas clinicamente significativas entre os medicamentos utilizados para hipertensão arterial e anti-inflamatórios para doenças crônicas, que estão presentes na vida da população idosa. Para o tratamento da hipertensão arterial, vários fármacos podem ser prescritos, como os diuréticos (furosemida, espironolactona, hidroclorotiazida, entre outros), inibidores da enzima conversora de angiotensina-IECA (captopril, enalapril, lisinopril, entre outros), betabloqueadores (propranolol, atenolol, entre outros), inibidores adrenérgicos (metildopa, clonidina, entre outros), vasodilatadores (hidralazina, minoxidil) e bloqueadores de canais de cálcio (diltiazem, anlodipina, verapamil, entre outros). Os fármacos anti-inflamatórios inibem a produção de prostaglandinas (PG), por meio de competição com o sítio ativo da enzima cicloxigenase (COX), a qual é constituída por duas

Farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de farmácia da Universidade Guarulhos (UnG)

isoformas principais: a COX-1 e a COX-2. Atualmente, os anti-inflamatórios podem ser classificados como inibidores seletivos da COX-1 (exemplo: aspirina), inibidores não seletivos da COX (exemplos: piroxicam, indometacina, diclofenaco e ibuprofeno), inibidores da COX-2 (exemplos: meloxicam e nimesulida), inibidores altamente seletivos da COX-2 (exemplos: celecoxib, etoricoxibe, lumiracoxibe). O problema em relação à elevação da hipertensão arterial está relacionado à interação de anti-hipertensivos e anti-inflamatórios. O que ocorre é a inibição da enzima COX que gera a redução sistêmica e renal da síntese de prostaglandinas. Portanto, os anti-inflamatórios não esteroides podem antagonizar a terapia anti-hipertensiva de maneira parcial ou total, podendo não ter efeito algum sobre a pressão arterial ou até gerar crises hipertensivas. Outros fármacos com ação analgésica, como a dipirona e o paracetamol, também podem interferir na ação dos medicamentos anti-hipertensivos. Os anti-inflamatórios podem bloquear os efeitos anti-hipertensivos dos diuréticos tiazídicos e de alça, os antagonistas de receptores alfa e dos receptores beta-adrenérgicos, além dos agentes que inibem o sistema renina-angiotensina-aldosterona. A utilização desses fármacos requer acompanhamento de seus usuários por profissionais da saúde considerando as possíveis interações que poderão ocorrer para que seja assegurado ao paciente o uso racional de medicamentos, ou seja, a sua eficácia e a sua segurança. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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Livre escolha

em xeque? COM A RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA AUTORIZANDO A PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA, ENTIDADES DA INDÚSTRIA FABRICANTE QUESTIONAM INTERFERÊNCIA DO FARMACÊUTICO NA ESCOLHA DOS CONSUMIDORES P O R R O D R I G O RO DR I G U ES

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Neste mês de janeiro, completa-se três meses desde a entrada em vigor da Resolução 586 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que autoriza a prescrição de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) para pacientes e consumidores das farmácias de todo o País. Polêmica, a medida teve amplo apoio da classe farmacêutica e conselhos regionais de farmácia, mas comprou uma enorme briga com a classe médica, que acionou a Justiça contra a decisão do CFF. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a decisão do conselho farmacêutico não possui amparo legal, na medida em que a legislação que

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regulamenta a profissão do farmacêutico não contempla a prescrição de medicamentos como uma das funções atribuídas ao profissional. O CFM argumenta também que a Lei do Ato Médico esclarece que cabe apenas ao médico a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças. A briga na Justiça ainda deve durar longos meses e a curiosidade do mercado neste momento é tentar entender até que ponto a nova regulamentação do CFF pode interferir nas vendas dos chamados Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) nos pontos de venda. Segundo a Associação Brasileira de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), o setor ainda não tem condições de avaliar o comportamento das vendas meses primeiros meses. “É um pouco cedo, porque nem todas as farmácias estão sabendo dessa nova regulamentação. Agora, a gente entende que toda regulamentação que seja para evitar o mau uso ou a intoxicação medicamentosa no consumidor é bem-vinda por nós. A entidade só espera, contudo, que essa regulamentação não interfira no poder de escolha do consumidor e vire moeda de troca entre farmácias e indústria”, argumenta o diretor de relações institucionais da Abimip, Aurélio Saez. A preocupação dos fabricantes de MIPs, segundo Saez, está no poder que o farmacêutico pode ganhar no ponto de venda ao decidir por medicamento A ou B, num mercado que já está bem regulamentado e dá livre direito de escolha aos consumidores. “Segundo pesquisas do mercado, 95% das pessoas que vão até o ponto de venda comprar um MIP já sabem que marca levar. Seja por já terem usado o medicamento antes, seja por indicação de algum parente ou amigo ou por indicação passada dos próprios médicos, que ajudaram a resolver o problema dela. Nossa receio é que a barreira da livre escolha seja quebrada pela interferência de terceiros”, diz Aurélio Saez. A Abimip não acha que a resolução do CFF eleve ou reduza a quantidade de vendas de medicamentos no País. “Os pacientes que precisam são os mesmos de antes, o problema que ele tem é o mesmo e o dinheiro para comprar é o mesmo. Nossa preocupação diz respeito apenas ao favorecimento de marca X ou Y, em virtude de acordos clandestinos entre farmacêuticos e fabricantes”, avalia o diretor de relações institucionais da Abimip. A opinião dos fabricantes de MIPs é compartilhada pelo Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado de São Paulo (Sindusfarma-SP). Segundo o presidente da entidade, Nelson Mussolini, os MIPs já têm uma legislação específica a ser seguida, sem a necessidade de criação de outras normas regulatórias. “O Sindusfarma entende que a atuação do farmacêutico no ponto de vendas é

95% DAS PESSOAS QUE VÃO ATÉ O PONTO DE VENDA COMPRAR UM MIP JÁ SABEM QUE MARCA LEVAR. SEJA POR JÁ TEREM USADO O MEDICAMENTO ANTES, SEJA POR INDICAÇÃO fundamental para a orientação do consumidor, pois ele detém conhecimento para orientar o usuário de medicamento. Mas os MIPs têm uma regulamentação especial e, comprovadamente, são produtos de alta segurança e com baixo risco, não havendo a necessidade, por esse motivo, de se criar uma regulamentação restringindo a sua comercialização”, diz Mussolini.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Na contramão das entidades de representação dos fabricantes, o presidente da Associação de Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Brasil (AFPFB) e do grupo Farma&Farma, Rinaldo Ferreira, diz que a resolução do CFF é a oportunidade que os pacientes e donos de farmácia têm de melhorarem a qualidade do atendimento e uso de medicamentos no País. “A Resolução 586 é positiva, principalmente, para o paciente, pois, dessa forma, ele tem mais oportunidade de ser atendido pelo farmacêutico, que pode e deve orientá-lo sobre se o medicamento que ele está pedindo sem receita médica é o mais adequado e se o problema de saúde dele é autolimitado e, portanto, pode ficar sem ir ao médico. O paciente só tem a ganhar, pois ele já iria comprar um medicamento sem ir ao médico, se ele receber atenção do farmacêutico, aumenta a chance de fazer uso racional do medicamento”, destaca. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sincofarma-SP), a venda de MIPs representam entre 15% e 25% do faturamento das drogarias. Os números da Abimip mostram que, hoje, esses medicamentos representam aproximadamente 35% do mercado total brasileiro. Dados da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar) revelam, ainda, que de outubro de 2012 a março de 2013, o mercado total de medicamentos movimentou R$ 1,3 bilhão nas farmácias associadas à entidade, e os MIPs representaram 21,15% desse total, contabilizando R$ 287,5 milhões. Segundo os dados da Abimip, a categoria movimentou, 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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VENDAS

COM A INTERVENÇÃO DO FARMACÊUTICO, O MEDICAMENTO QUE O PACIENTE LEVA ESTÁ MAIS DE ACORDO COM A SUA REAL NECESSIDADE, POIS O FARMACÊUTICO ENTENDE DE MEDICAMENTOS E PROBLEMAS DE SAÚDE em 2012, cerca de R$ 14 bilhões em valor e 900 milhões de unidades em volume, com alta de 15,6% e 10% em relação a 2011. O incremento de 2013 deve ser anunciado apenas no mês de fevereiro, mas a entidade fala num avanço superior a 13 ou 14% ano passado. Num mercado tão grande e bilionário, é natural que os fabricantes se preocupem com eventuais interferências, segundo Rinaldo Ferreira. Na visão dele, contudo, o faturamento da indústria não vai se alterar com as novas medidas do CFF: “Os MIPs são comercializados com ou sem a participação do farmacêutico. Com a intervenção do farmacêutico, o medicamento que o paciente leva está mais de acordo com a sua real necessidade, pois, de modo geral, o farmacêutico conhece mais de medicamento e de problemas de saúde do que o próprio paciente, os parentes, os vizinhos ou amigos. Além disso, o farmacêutico conhece melhor as necessidades do paciente que o artista que faz propaganda de medicamento na TV ou em outras mídias”, avalia. O presidente da Febrafar, Edison Tamascia, também não acredita em interferência nas vendas. O argumento dele, contudo, aponta que muitas farmácias da federação não devem seguir a resolução do CFF. “Esse tipo de regulamentação não nos diz nada. Ela não tem força de lei e não muda nada na estrutura atual (das farmácias). Para nós não vai mudar nada, pois não iremos cumprir a resolução”, declara. 104

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Questionado sobre a eficácia da resolução, Tamascia é incisivo em declarar a inutilidade da ação do CFF: “Não é (uma ação positiva), mas também não altera nada o mercado, pois a decisão do CFF não tem força de lei, portanto não estamos sujeito ao cumprimento de tal decisão”, argumenta novamente. O não cumprimento da resolução também é um questionamento feito pela Abimip. Segundo Aurélio Saez, em quase 70% das farmácias do Brasil não é possível se encontrar farmacêutico 24 horas para atender os pacientes. “É uma resolução que legisla sobre um mercado ainda precário. É preciso que o CFF se preocupe antes com o cumprimento da lei que obriga a presença do farmacêutico no ponto de vendas em todo o horário de funcionamento”, avalia Saez. Outro argumento levantado pelas entidades industriais fala sobre a capacidade e formação dos farmacêuticos na universidade. Já que, como acontece em todo o País e em diversas carreiras, a má qualidade do ensino prejudica a formação do profissional. Sobre esse assunto, Rinaldo Ferreira, do grupo Farma&Farma, diz que os farmacêuticos são profissionais de saúde que estudaram quatro ou cinco anos e estão habilitados a orientar os pacientes para fazerem uso racional dos medicamentos. “Os farmacêuticos têm que continuar estudando depois de formados, principalmente comunicação interpessoal, semiologia, fisiopatologia, farmacologia clínica e farmacoterapia, como em todas as carreiras de saúde. Não há diferença nesse caso”, rebate Ferreira. “Com a nova resolução, o paciente ainda pode escolher o medicamento que quiser. No entanto, ele sabe que o farmacêutico pode ajudá-lo a fazer a melhor seleção do MIP e, ainda, solicitar que o farmacêutico registre essa seleção, outras recomendações não farmacológicas ou encaminhamento a outros profissionais de saúde. Nada vai mudar para o mercado. O que muda é a certeza de que o paciente vai ter um tratamento realmente profissional e responsável”, define.

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NEGÓCIOS

Um ano para

ser lembrado

TODO COMEÇO DE UMA NOVA ETAPA TAPA EXIGE REFLEXÃO E T PLANEJAMENTO, MAS 2014 PROMETE SER UM ANO ATÍPICO, QUE DEMANDARÁ AINDA MAIS ATENÇÃO DO VAREJISTA

A POR FLÁVIA CORBÓ

A chegada do final do ano traz à tona uma série de comportamentos peculiares. Além das ruas, casas e lojas enfeitadas e a correria em busca do melhor presente para os familiares e amigos, o término de um longo período costuma trazer reflexão. Entre as pessoas, promessas, simpatias e resoluções ajudam a traçar os planos para os próximos 365 dias que se aproximam. Para os negócios e empresários não funciona muito diferente. É o momento de olhar para trás, avaliar os altos e baixos vividos e se preparar para encarar mais uma etapa de desafios.

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A lista de desejos para o próximo ano pode sofrer algumas variações de um empreendimento para outro, mas o fato é que o aumento das vendas e a prosperidade dos negócios estão sempre presentes entre as metas almejadas. O que fazer então para garantir que, ao final de 2014, as expectativas alimentadas ao longo do ano sejam atingidas? O primeiro passo é definir aonde se quer chegar e traçar um alvo que deve ser perseguido em todas as tomadas de decisão que surgirão a seguir. Nesse momento, é essencial traçar objetivos reais, que sejam possíveis de serem alcançados. “O exercício

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de previsão deve ser baseado em premissas e fatos. Não vou crescer 5% porque é bonito. Deve-se levar em consideração indicadores confiáveis e fundamentados”, determina o superintendente do ECR Brasil – entidade que desenvolve e dissemina melhores práticas visando à eficiência do varejo –, Claudio Czapski. É importante que esses indicadores não sejam determinados apenas com base em vendas e resultados. O nível de satisfação do cliente e índice de conversão de compra podem dizer muito mais do que números. “Quantos clientes entram na minha loja e efetivamente compram alguma coisa? Meu tíquete está aumentando? Analise também o tamanho da cesta de produtos por cliente, a venda por funcionário e a produtividade das categorias”, aconselha a gerente de projetos da GS&MD – Gouvêa de Souza, Paula Warick. Por meio da análise desses indicadores, será possível medir a eficiência da equipe, identificar possíveis falhas e começar a traçar as metas de melhoria e expansão para o próximo ano. O percentual de crescimento a ser seguido irá depender do nível de ambição do empresário, mas um fato é certo: se contentar em crescer no mesmo nível do mercado é pouco. “Não está se fazendo nada mais do que a obrigação”, opina Paula. O comportamento passivo é ainda mais negativo quando se fala especificamente do setor farmacêutico, que,

por ser maduro e consolidado, não apresenta espaços livres de crescimento. A expansão é baseada quase que exclusivamente em ganhar market share. “Preciso inovar e fazer diferente da concorrência. E as inovações precisam ser perceptíveis ao consumidor, que deve enxergar claramente a razão porque vai escolher Paula Warick, da GS&MD – Gouvêa de Souza, lembra a sua loja, e não a outra ao que o percentual de lado”, aponta a executiva. crescimento a ser seguido Os especialistas são unâirá depender do nível de ambição do empresário nimes em dizer que essas informações colhidas dentro do ponto de venda são essenciais para traçar metas e melhorar a performance dos negócios, no entanto, vale uma ressalva. Também é necessário olhar para além dos limites da loja. Mesmo em canais de compra de segmentos distintos é possível observar práticas que poderiam ser replicadas nas farmácias e drogarias. “Dentro da loja, normalmente, estão os custos, fora dela, as oportunidades”, reflete Czapski.

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NEGÓCIOS

ALÉM DAS INCERTEZAS ECONÔMICAS, 2014 É ANO DE ELEIÇÃO. EM BUSCA DE CRIAR UM AMBIENTE FAVORÁVEL, O GOVERNO DEVERÁ POSTERGAR CORTES EM DESPESAS, MANTENDO A ECONOMIA AQUECIDA PLANOS NO PAPEL Depois de desenhado o panorama atual da farmácia, com pontos fortes e fracos identificados, é possível traçar o caminho a ser trilhado. “O plano de voo para 2014 é feito a partir do local que se encontra a farmácia. Empresas erram em planejar o futuro ao não saber onde se está no momento atual. Para pensar no futuro, é necessário saber o hoje”, ressalta o sócio-diretor da Desenvolva Consultora, Marcelo Cristian. De acordo com o especialista, depois de traçada a meta, o próximo passo é construir um planejamento estratégico, que consiste em diagnosticar o momento atual (onde estou), criando condições para que se alcance o objetivo esperado (para onde vou em 2014), além de definir a forma como essas metas serão atingidas (como vou). O plano deve ser feito de maneira segmentada, levando em consideração os diferentes departamentos da farmácia, como financeiro, marketing, vendas e administrativo. Prazos e recursos necessários para o alcance dos objetivos deverão ser especificados no planejamento, para que o plano de ação torne-se concreto. A avaliação prévia do panorama da loja e a definição das metas serão essenciais para apontar quais áreas devem receber mais investimentos. “Se a avaliação mostrou que o layout da loja não está condizente com o mercado, é hora de agir. Para isso, coloque no plano de ação sua meta e corra atrás dos orçamentos e, após isso, descubra quanto e como investirá”, exemplifica Cristian. O ideal é que o planejamento estratégico para o ano seguinte tenha início ainda no terceiro trimestre do ano vigente. “Normalmente, neste período, você já caminhou um pouco, sentiu para que rumo o negócio está indo. Além disso, caso haja a intenção de trabalhar um produto novo, por exemplo, são necessários alguns meses de antecedência para encomendar, executar”, aconselha Czapski, da ECR. 108

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PONTOS DE ATENÇÃO Mesmo aqueles varejistas que seguirem à risca as orientações para realizar um bom planejamento podem ser pegos de surpresa, caso não se preparem para alguns turbilhões que devem marcar o ano de 2014. A primeira onda de incertezas diz respeito à economia. “Planejar o futuro envolve a avaliação do que foi o ano passado e do que o governo tem anunciado. Em 2013, tivemos um crescimento das vendas do varejo na ordem 4%, que é positivo, mas inferior aos 8% registrados em 2012. Esse é um aspecto que deve ser considerado, porque ainda que o aumento exista, houve uma freada significativa”, pondera o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo. Para o ano de 2014 também é esperado que a pressão inflacionária mantenha-se forte, o que deve gerar um impacto real na renda das famílias, principalmente nas de menor poder aquisitivo. Ao mesmo tempo, a pressão do aumento de preços deve fazer com que a taxa de juros continue crescendo, com efeitos – a médio prazo – na ponta da cadeia. “As perspectivas não são otimistas. Nesse ambiente, as empresas devem ser mais cautelosas nas compras e na formação de estoque, já que a taxa de juros vai ser aumentada, e no carregamento despesas fixas”, alerta Felisoni. Além das incertezas econômicas, 2014 é ano de eleição. Em busca de criar um ambiente favorável, o governo deverá postergar cortes em despesas, mantendo a economia aquecida. Mas, ao mesmo tempo, terá que lutar contra as pressões inflacionárias sobre o nível de preços. Diante desse cabo de guerra incerto, há que se ter cautela e atenção. “O ano que vem será atípico. O varejista que não se preparar vai sentir o baque no ano seguinte”, alerta Paula, da GS&MD.

QUAIS TENDÊNCIAS VALEM A PENA INVESTIR NO ANO DE 2014? • HPC: Se você ainda não adotou higiene pessoal, perfumaria e beleza como categorias de destaque, adote. • Serviços diferenciados: A experiência no ponto de venda deve ser diferenciada. • E-commerce: Itens de higiene e beleza são a segunda categoria mais vendida pela internet. • Crosschannel: Todos os pontos de contato e de venda de uma loja devem se mostrar integrados, passando imagem de unidade ao consumidor. Fonte: gerente de projetos da GS&MD – Gouvêa de Souza, Paula Warick

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NEGÓCIOS

COMO ESTABELECER METAS DE CRESCIMENTO? A primeira pergunta a ser feita: quanto investimento financeiro será preciso para cumprir os objetivos estipulados? Em seguida, estabeleça submetas para alcançar a resposta acima: • uanto tenho de vender • que desconto • ual deve ser meu lucro • uanto terei que trabalhar • uanto cada um de minha equipe deve contribuir • uanto cada categoria em minha lo a deve vender • Minhas despesas xas, vari veis, operacionais terão limitadores? Fonte: sócio-diretor da Desenvolva Consultoria e Treinamento, Marcelo Cristian

O movimento natural será de recuo dos planos de expansão e investimentos, mas há que se buscar alternativas de inovação perante a concorrência, principalmente em tempos de incerteza. “A necessidade é mãe da criatividade. Quando o dinheiro entra pela janela, é mais fácil viver. Em um ambiente em que as coisas não transcorrem de uma maneira tão tranquila, cabe ao varejista olhar com mais atenção para o próprio negócio e ver o que pode fazer de diferente ou, então, onde é possível economizar”, ressalta Felisoni.

ROL DE OPORTUNIDADES Ainda que o cenário pareça preocupante, o próximo ano também reserva expectativas positivas. O primeiro semestre de 2014 será marcado pela realização da Copa do Mundo no País. O evento deve movimentar a economia, 11 0

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principalmente nas cidades onde serão realizados jogos oficiais e incentivar a expansão do varejo. Mas, para tirar o melhor proveito desse momento no Brasil, é preciso estar preparado. “O varejo precisa estar pronto para receber estrangeiros e promover parcerias com indústrias para oferecer o sortimento adequado”, lembra Paula. Além do gigante evento esportivo, há tendências – algumas consolidadas, outras se desenhando – que se forem adotadas podem salvar o ano do varejista farmacêutico. Entre os caminhos que já se mostram certos, está o e-commerce. Os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos são a segunda categoria mais vendida pela internet. Quem ainda não aderiu deve começar a considerar a possibilidade de preparar seu negócio para adentrar no universo on-line. “É preciso ter cuidado, montar uma boa logística, pois, ao mesmo tempo em que pode ser muito bom e lucrativo, qualquer erro se espalha rapidamente pela rede”, alerta Paula. Dentro do ponto de venda físico, as categorias de higiene e beleza também são destaque e merecem maiores investimentos. Junto a isso, é preciso buscar agregar valor aos serviços oferecidos dentro da farmácia. Proporcionar uma experiência de compra interessante é a melhor maneira de competir com o crescimento do comércio eletrônico. “Sempre atento à legislação, o varejista pode oferecer serviço de manicure na compra de esmaltes, totens de interação, que oferecem uma lista de produtos de acordo com o perfil do consumidor”, sugere Paula.

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OPINIÃO

Remédio que

adoece o bolso

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CEO da ePharma

O brasileiro é um dos consumidores que mais paga imposto para comprar medicamentos. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação mostra que os medicamentos chegam às mãos do paciente com uma carga tributária de 34%. E o custo acaba pesando muito mais no bolso dos mais pobres. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (Ipea) mostra que as famílias carentes gastam 5,8% da renda com saúde, sendo o principal item a compra de medicamentos. Já os mais ricos comprometem apenas 1,6% do ganho familiar com esses gastos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pesquisou como os governos gastam com a saúde da população. O levantamento revela que o brasileiro é um dos cidadãos que mais coloca a mão no bolso para cuidar da saúde. Segundo a pesquisa, o governo cobre, anualmente, 47% das despesas de cada habitante do País. Em países similares ao Brasil, a média é de 48%, e, nos países desenvolvidos, 56%. A lição dessas pesquisas mostra que aqueles que mais precisam são os mais penalizados pelas altas cargas tributárias. O resultado é o adiamento da compra de medicamento, que, por sua vez, adia o tratamento. São milhares de pacientes que acabam chegando ao serviço público com a doença já em estado

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AQUELES QUE MAIS PRECISAM SÃO OS MAIS PENALIZADOS PELAS ALTAS CARGAS TRIBUTÁRIAS. A REDUÇÃO DE IMPOSTOS É APENAS O INÍCIO DE UMA LUTA

LUIZ CARLOS SILVEIRA MONTEIRO

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crônico, aumentando os gastos com saúde e, muitas vezes, com dificuldades de reverter o quadro clínico. Uma pesquisa da ePharma mostra, por exemplo, que o gasto anual na compra de produtos para controlar as altas taxas de colesterol chega a custar cerca de R$ 1,8 mil. O valor poderia ser menor se o País promovesse uma ampla desoneração tributária para os medicamentos. Por isso, uma campanha de empresas ligadas ao setor promove um abaixo-assinado para reduzir os impostos sobre os medicamentos. A redução de impostos é apenas o início desse trabalho, que pode avançar com a adoção de outras medidas importantes. Uma experiência de sucesso vem das empresas de Programa de Benefício de Medicamentos (PBM) adotadas por centenas de companhias brasileiras. Essas corporações garantem subsídios de até 100% para a compra de medicamentos para seus funcionários. Dessa maneira, ajudam o trabalhador a manter o tratamento adequado, principalmente para as doenças crônicas, além de reduzir custos para a própria empresa, reduzindo os índices de absenteísmo. A política tributária de medicamentos precisa ser assunto prioritário na agenda de saúde pública brasileira. Os mais pobres não podem pagar com a própria saúde o preço de uma política tributária desigual e injusta. FOTO: DIVULGAÇÃO

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PONTO DE VENDA

De olho na

folhinha

O VAREJO FARMACÊUTICO NÃO VIVE ESSENCIALMENTE DAS DATAS COMEMORATIVAS, MAS O CALENDÁRIO PROMOCIONAL PODE ALAVANCAR AS VENDAS POR FLÁVIA CORBÓ 11 4

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Alguns sinais indicam que 2014 será um ano desafiador para o varejo. A instabilidade econômica, alta de inflação e aumento da taxa de juros podem comprometer o bolso do consumidor, que será obrigado a se controlar nos gastos. Para que a retração não seja tão grande, cabe ao varejista encontrar maneiras de estimular a ida às compras. E nada melhor que uma data especial para justificar gastos não previstos no orçamento familiar. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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Algumas categorias de varejo se apoiam quase que totalmente no calendário promocional. Nos períodos comemorativos, setores de vestuário e eletrônicos, por exemplo, conseguem atingir picos de venda muito acima da média anual. O varejo farmacêutico tem características diferentes e peculiares, mas também sofre influência desse calendário promocional. Não é possível ficar de fora. Entidades varejistas estimam que as datas comemorativas são capazes de aumentar a rentabilidade de uma loja entre 8% e 12%, dependendo da celebração. Mas as datas mais tradicionais, como Natal e Dia das Mães, são ainda mais fortes, gerando até 25% mais de lucratividade para o varejista. “Os ganhos são proporcionais aos investimentos. Se você comprar um material promocional mais bonito, decorar a loja, trabalhar a comunicação, você vai atrair mais gente. Mas só de propor algo diferente e trabalhar essas datas com frequência, já é possível ganhar rentabilidade”, garante o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), José Carmo Vieira. A importância que se deve dar a essas datas é tanta, que especialistas recomendam que a definição do calendário deva fazer parte do planejamento anual da loja. Desta maneira, é possível se antever e tomar todas as providências com tranquilidade e precisão. “O ideal é ter um plano de vendas anual, baseado em tendências, sazonalidade e histórico de vendas, para estimar demandas e definir o crescimento. A partir daí, esse plano deve ser desdobrado em categorias, para avaliar qual a rapidez de reposição de cada uma. Se você depende de distribuidores normalmente bem estocados, terá mais maleabilidade e poderá se programar

AINDA QUE EXISTAM DATAS QUE DEVAM SER EXPLORADAS OBRIGATORIAMENTE, O VAREJISTA QUE DESEJA SE DESTACAR PERANTE À CONCORRÊNCIA PRECISA IR ALÉM E CRIAR PROGRAMAÇÕES ESPECÍFICAS

dentro de um tempo mais curto”, explica o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), Elias Frederico. Mas, de acordo com o especialista, o ideal é que ainda no ano vigente já se desenvolva para o plano comercial do ano seguinte. “Com isso, você consegue acompanhar mês a mês, ou dia a dia, o andamento das operações e saber se aquelas metas estão sendo atingidas. Desta maneira, se desenvolve um projeto de gestão.”

CHECKLIST Quando definido o calendário promocional a ser trabalhado ao longo do ano, é preciso começar a pensar nas datas individualmente. Para cada uma delas, é preciso programar-se e executar uma série de tarefas que vão garantir que os investimentos feitos resultem em ganhos para o empreendimento. Em primeiro lugar, é preciso fazer o planejamento de compras. Cada data, se relaciona a um tipo de sortimento. Para o Dia das Mães, por exemplo, recomenda-se reforço no estoque de produtos relacionados aos cuidados com a beleza. Parcerias com fornecedores e fabricantes são essenciais para garantir o recebimento de lançamentos e material promocional. As prateleiras estarão recheadas de produtos ligados à data, então o restante da loja deve seguir o mesmo clima. Decoração especial e exposição diferenciada, com corners e pontas de gôndola preparados, irão garantir que o consumidor encontre na loja aquilo que deseja para aquela data. Mas para que o cliente enxergue a farmácia ou drogaria como um canal de compra, é preciso atraí-lo. Para isso, é essencial o investimento em comunicação, tanto interna quanto externa. Dentro do ponto de venda (PDV), a sugestão é encomendar a confecção de banners, faixas e folhetos para anunciar o evento promocional. Quanto à comunicação externa, vale investir em anúncios nos jornais locais e na rádio da cidade para atingir, pelo menos, um raio de 1,5 quilômetro de distância da farmácia. “É importante também se utilizar das mídias sociais e mandar e-mail marketing para clientes já cadastrados. O objetivo é botar gente dentro da loja”, ressalta Vieira, do Sebrae-SP.

DATAS-CHAVES Na elaboração de um calendário promocional, 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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PONTO DE VENDA

PLANEJE-SE – CALENDÁRIO PROMOCIONAL

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Dia do Farmacêutico: use o mote de que, no Dia do Farmacêutico, quem ganha é o cliente.

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Férias: todo o sortimento relacionado a viagens e passeio deve ser reforçado. Repelente, protetor solar, kits de primeiros socorros.

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Dia Internacional da Mulher: elabore promoções com produtos relacionados aos cuidados com a beleza feminina.

Dia dos Aposentados: levante os produtos mais consumidos nessa faixa etária e invista em promoções.

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Carnaval: reforce o estoque de preservativos, medicamentos antirressaca e protetor solar.

Verão e férias: trabalhar sortimento específico da estação.

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Dia dos Pais: explore os produtos relacionados ao universo masculino, mas lembre-se de que a mulher que irá realizar a compra poderá levar algo para si.

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Primavera: a mudança de estação implica em mudança de sortimento. O calor começa a voltar e os problemas de alergia tendem a crescer.

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ABRIL D S

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Dias das Crianças: deixe a loja colorida, divertida, com kits de produtos infantis.

Dia do Diabético: ofereça descontos e promova a verificação das taxas de glicose.

Halloween: a data americana vem ganhando força no Brasil. Vale preparar uma decoração especial, com descontos atrativos.

Black Friday: a ideia é oferecer descontos realmente vantajosos por um dia. Negocie com o fabricante ou distribuidor.

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Natal: a época mais rentável para o varejo. A loja deve estar enfeitada e as gôndolas de destaque precisam conter lançamentos, produtos de alto valor agregado e kits de presente.

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Dia dos Namorados: siga investindo em kits de presentes e perfumes mais sofisticados.

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Dia das Mães: os kits de presente devem marcar presença nas prateleiras. Produtos para proteção da pele, banho e perfumes são bons investimentos.

Dia Mundial da Saúde: invista na parceria com distribuidores para obter material informativo sobre qualidade de vida e prevenção aos males da saúde. Ofereça um dia de aferição de pressão e taxa de glicose.

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JUNHO

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PONTO DE VENDA

Ainda que existam datas que devam ser exploradas obrigatoriamente, o varejista que deseja se destacar perante à concorrência precisa ir além e criar programações específicas. Enquanto o calendário tradicional será trabalhado de maneira ampla por todo o comércio, é possível investir em datas menos populares, mas que renderão ações mais exclusivas e inovadoras. “Isso ajuda a aumentar as vendas, a melhorar a imagem da loja e leva à fidelização do cliente àquele ponto de venda”, afirma José Carmo Vieira, consultor do Sebrae-SP. Uma das sugestões do especialista para obter ideias “fora da caixa” é utilizar um calendário promocional de profissões e investigar datas em que é possível realizar trabalhos específicos. “Cada varejo está ligado a uma causa. A farmácia está relacionada à qualidade de vida. Dentro disso, posso criar um calendário temático, que envolva temas como a pressão alta, diabetes, tabagismo e ligar produtos a esses eventos”, sugere Pastore, da ESPM. Dentre as inúmeras possibilidades, é preciso pensar no público que se pretende atingir. Isso vai ajudar a definir se o evento terá apelo mais popular ou, então, voltado à terceira idade. “O importante é atender todos os segmentos de consumidores. Dessa maneira, é possível criar um evento em todos os meses do calendário. Em muitos casos, posso até ter duplicidade. Paralelo à campanha de Natal, posso tocar outro tipo de promoção mais específica”, diz.

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FUJA DO ÓBVIO

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de compras referência na época de Natal, por exemplo, se o consumidor entrar na loja por qualquer outro motivo, mas for estimulado por meio da decoração a pensar em lembranças para amigos e familiares e se deparar com kits de presentes, poderá tomar a decisão de compra ali mesmo.

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existem eventos regulares e tradicionais que precisam ser previstos e trabalhados sem falta, como o Dia das Mães e Dia dos Namorados, que têm efeito quase tão positivo quanto à época de Natal – de longe a mais rentável para todo o varejo. Mas é possível aderir a outras celebrações, seguindo algumas referências. “A Associação Comercial local ou a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) costumam ter calendários oficiais, assim como as prefeituras”, destaca o coordenador do núcleo de varejo e professor dos cursos de férias da ESPM, Ricardo Pastore. Hoje em dia, o varejo também tem buscado referência fora do País. Datas típicas americanas como Halloween e Black Friday vêm ganhando força e merecem a atenção dos comerciantes brasileiros. Mas para quem não quer apostar tão longe, vale investir em datas regionais. “No Nordeste, por exemplo, o dia de São João tem peso totalmente diferente do que na região Sul. Lá, eles costumam trocar presentes, é como o segundo Natal”, indica Frederico, da FGV. Há, ainda, as sazonalidades que independem de datas comemorativas, mas são excelentes oportunidades para se trabalhar um sortimento diferenciado e alavancar as vendas. O importante é estudar e entender o comportamento dos consumidor em períodos específicos, para que a loja possa se adaptar e atender às expectativas. Mesmo ocasiões mais cotidianas, como vésperas de feriados, merecem uma atenção maior. Sairá na frente aquele que estiver preparado para oferecer ao consumidor opções relacionadas a proteção solar, creme pós-sol, repelente etc., mesmo fora do período de férias ou verão. O importante é não ficar de fora de nenhuma movimentação especial. Mesmo que a data comemorativa não se encaixe com o perfil de sortimento de uma farmácia, somente o movimento de consumidores nas ruas e lojas pode ser suficiente para atrair clientes ao estabelecimento. “Se as lojas ao redor estenderem o horário de funcionamento, estenda também. Invista em decoração, reforce o estoque. Pessoas em trânsito entre uma loja e outra continuam precisando de medicamentos e artigos de higiene pessoal”, lembra Pastore. Ainda que a farmácia não seja vista como o canal O importante é não ficar de fora de nenhuma movimentação especial

RA N O POR

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Além das datas comemorativas, as sazonalidades também devem ser bem trabalhadas. Veja algumas dicas de especialistas. www.guiadafarmacia.com.br

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DOR AGUDA

Corpo em estado

de alerta

QUANDO O PROBLEMA ACONTECE, DE MODO GERAL, É UM AVISO DO ORGANISMO DE QUE ALGO ESTÁ ERRADO. VEJA AS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO CASO E CONHEÇA AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DA DOR CRÔNICA P O R K ATH LEN RA M OS

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Apesar de trazer sofrimento aos acometidos, a dor pode ser bastante benéfica para a saúde, já que, dependendo do caso, ela serve de alerta, avisando o organismo de que algo está errado e necessita de tratamento. De modo geral, a dor aguda tem essas características. “Esta é uma dor previsível, autolimitada. São exemplos um machucado com objeto pontiagudo, queimaduras ou cortes cirúrgicos. Algumas doenças também podem dar origem a esse tipo de dor, como hepatite ou cólica renal. A dor aguda costuma cessar em, no máximo, três meses”, explica o anestesiologista do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e do Hospital das Clínicas (HC), Dr. George Miguel Góes Freire. Outros exemplos podem ser conferidos como lesões na coluna e aterosclerose. “As lesões na coluna têm uma grande incidência de dor aguda e boa parte delas pode se tornar crônica. A aterosclerose também pode causar dor aguda grave, bem como coronariopatias, acidente vascular cerebral (AVC), trombose e embolias”, enumera o fundador e responsável pelo Serviço de Terapia da Dor do Serviço Médico

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de Anestesia no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Mauricio Nunes Nogueira. De acordo com o médico, a dor aguda pode ter intensidade fraca, média e forte. “A mensuração da dor se dá de acordo com uma escala numérica verbal dada por pacientes adultos. A dor fraca varia entre 1 a 3; moderada de 4 a 7; e intensa de 8 a 10”, esclarece.

TERAPÊUTICA DEPENDE DA INTENSIDADE DA DOR Os tratamentos farmacológicos para a dor aguda variam de acordo com a sua amplitude. O Dr. Mauricio Nogueira enumera os medicamentos mais utilizados. “Para dores agudas de intensidade fraca, dipirona e paracetamol surtem resultados satisfatórios. Para dores moderadas, são ministrados anti-inflamatórios e drogas adjuvantes (antidepressivos FOTO: SHUTTERSTOCK

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e anticonvulsivantes), tramadol, tylex e nubain. Para casos intensos, o uso passa a ser de morfina, ketamina, metadona, durogésic, hidromorfona, entre outros.” Dependendo do tipo de lesão, o tratamento para a dor aguda é fundamental. “A dor pode cessar em pouco tempo, como uma cólica. No entanto, dependendo do caso, se for prolongada, pode se cronificar, especialmente se não houver tratamento adequado”, alerta o especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, reforçando, ainda, que os benefícios para o tratamento vão muito além, sendo fundamentais para a manutenção da qualidade de vida do paciente. “O tratamento da dor melhora o grau de satisfação do paciente porque pode proporcionar um tempo de hospitalização menor, com menor custo. Quando tratada inadequadamente, pode levar a estresse físico e emocional, angústia, irritabilidade, insônia e depressão”, adverte o especialista. Vale, ainda, alertar os consumidores para os riscos da automedicação no tratamento de dor aguda. “A automedicação sempre é prejudicial porque cada paciente tem sua sensibilidade individual com relação ao uso dos analgésicos. Algumas pessoas apresentam certos tipos de comorbidades e, nesses casos, alguns medicamentos são contraindicados porque podem

A OCORRÊNCIA DE DORES CRÔNICAS É CADA VEZ MAIOR DEVIDO AOS NOVOS HÁBITOS DE VIDA causar sangramento, lesão no fígado, rim etc.”, adverte o Dr. Mauricio Nogueira. O anestesiologista do HIAE, Dr. George Freire, também adverte sobre os riscos, conferindo outros exemplos. “Pessoas com asma podem ter o quadro agudizado com o uso de anti-inflamatórios e o mesmo pode acontecer com pacientes que apresentam úlcera ou outros problemas gástricos. O risco também aparece para pacientes com problemas cardíacos, que podem apresentar aumento da pressão arterial com esse tipo de medicamento”, mostra o especialista.

QUANDO A DOR SE CRONIFICA A dor que se prolonga por mais de três meses passa a ser classificada como crônica. “Costumo dizer que a dor aguda é uma dor útil, e dor crônica é doença. De forma aguda, a dor tem função de alerta, indicando que algo errado está acontecendo. Mas, depois do alerta, deve-se descobrir a causa para que seja tratada e cessada. A dor crônica é doença, já que não traz benefícios ao paciente. Apenas causa sofrimento, já que, muitas vezes, impossibilita o trabalho ou a diversão. Ela pode, ainda, impedir relacionamentos, gerar depressão e, em casos extremos, levar ao suicídio”, destaca o anestesiologista e diretor administrativo da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), Dr. Irimar de Paula Posso. A incidência da dor crônica no mundo oscila entre 7% e 40% da população, e cerca de 50% a 60% dos que sofrem dela ficam parcial ou totalmente incapacitados, de maneira momentânea ou permanente, comprometendo de modo significativo a qualidade de vida, conforme afirma a cinesiologista e fisioterapeuta formada pela California State University e pós-graduada em dor pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês, Mariana Schamas. “Um estudo populacional desenvolvido na Austrália, envolvendo 17.543 entrevistas realizadas por telefone, mostrou prevalência de dor crônica de 17% entre os homens e de 20% entre as mulheres, atingindo particularmente as pessoas com idade mais avançada, mulheres e pessoas com nível socioeconômico mais baixo”, relata. De acordo com o fundador e responsável pelo Serviço de Terapia da Dor do Serviço Médico de Anestesia no 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

DOR AGUDA

SETE ATITUDES QUE ATRAPALHAM O TRATAMENTO DA DOR 1) Esperar a dor passar: não é toda dor que passa e o diagnóstico precoce pode evitar consequências mais sérias. Toda dor é um alerta enviado para que o corpo mantenha a sua integridade. Uma dor aguda no peito pode indicar um infarto, por exemplo. Dores como as causadas pela artrose e artrite reumatoide não têm cura, mas já possuem tratamentos conhecidos. 2) Não fazer exercícios físicos: pessoas que sofrem com dores crônicas tendem a ter medo de praticar exercícios físicos, quando essa pode ser a solução. Evitar o movimento quando existe uma dor faz com que a musculatura mais próxima à região dolorosa acabe tensionada. Uma dor no quadril, por exemplo, pode gerar tensão na lombar e até uma dor de cabeça. Mas seja qual for o tipo de dor, o exercício físico só pode ser realizado após orientação médica. 3) Evitar a fisioterapia: ir à fisioterapia não é das atividades mais agradáveis e muitas pessoas optam por não fazê-la por isso. Essa escolha pode causar prejuízos desnecessários ao organismo, já que o tratamento não medicamentoso ameniza a dor sem sobrecarregar órgãos como os rins e o fígado. 4) Não realizar tratamentos complementares: acupuntura e meditação, por exemplo, não são levadas a sério por muitas pessoas. No entanto, algumas pesquisas mostram que esse tipo de intervenção pode ser bastante benéfica. A Universidade da Carolina do

Norte (EUA) analisou 500 estudantes que meditaram 20 minutos por três dias consecutivos. Os resultados, publicados no The Journal of Pain, apontaram que a prática ajudou a aliviar a dor. Já a acupuntura libera endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar e, assim, aliviam as dores. 5) Automedicar-se: além dos riscos de complicações, com o passar do tempo, o organismo vai se acostumando ao medicamento de uso contínuo e perde, cada vez mais, seus próprios mecanismos de regular a dor. Por isso, é fundamental procurar um médico. 6) Ir ao profissional especializado: um profissional familiarizado às dores crônicas tem formação específica para entender o problema. Algumas formas de dor sequer manifestam-se em exames, logo dificilmente são detectadas. Dessa forma, o ideal é procurar um profissional que entenda a doença e faça o encaminhamento correto, para que não haja necessidade de ir a muitos médicos. 7) Alterar o tratamento por conta própria: nunca se deve tomar atitudes sozinho. Caso haja dúvidas ou sugestões para o tratamento, o consumidor deve conversar com o médico. Ao decidir abandonar um tratamento por conta própria, mesmo que ele esteja no final, o paciente pode “jogar fora” tudo o que já foi feito.

Fontes: neurologista da SBED, José Geraldo Speciali; fisioterapeuta Mariana Schamas; e neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Thaís Villa

Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a ocorrência de dores crônicas é cada vez maior devido aos novos hábitos de vida, da maior taxa de longevidade, do prolongamento da sobrevida dos doentes com afecções clínicas fatais e das modificações ambientais. “As principais causas estão relacionadas com neoplasias (câncer), diabetes, cirurgias na coluna vertebral e herpes zoster”, acrescenta o médico. A cronificação da dor pode estar relacionada a algumas doenças, mas também a falta de tratamento. E é importante alertar que as pessoas que fazem tratamentos das suas dores têm menos sintomas das patologias que possuem e, a longo prazo, muito mais qualidade de vida. “Posso afirmar que cerca de um terço das dores poderia não se cronificar se fosse devidamente tratada”, acredita o Dr. Irimar Posso. Embora a dor crônica não tenha cura, existem uma série de tratamentos. O Dr. Mauricio Nogueira lista os 122

principais fármacos usados nos casos de dor crônica: • Analgésicos não opioides: dipirona, paracetamol. • Anti-inflamatórios por um período curto: inibidores da COX-2. • Drogas adjuvantes: gabapentina, pregabalina, amitriptilina, clonidina, protetores gástricos, antieméticos. • Opioides fracos: codeína, tramadol, nubain. • Opioides fortes: sulfato de morfina, oxicodona, cloridrato de metadona, fentanil transdérmico, hidromorfona, ketamina. Além dos fármacos, pacientes com dor crônica também podem precisar de um tratamento multidisciplinar para atingir melhores resultados. “Como muitos pacientes podem ser levados à inatividade por conta do problema, além de fisioterapia, tratamentos com psicólogos ou psiquiatras podem ser necessários”, destaca o Dr. George Freire, anestesiologista do HIAE.

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VIROSE

Uma doença

sazonal EXISTEM VÍRUS ESPECÍFICOS PARA CADA ÉPOCA DO ANO E QUE CAUSAM DESDE PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS A DESCONFORTO GASTROINTESTINAL. A HIDRATAÇÃO E O CONTROLE DA FEBRE SÃO AS PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

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POR VIV IAN LOURENÇO

As altas temperaturas e a época das férias aumentam as viagens familiares e, com isso, há um risco de contato maior com alimentos e água contaminada, o que pode ocasionar inflamações do aparelho gastrointestinal ou respiratório, ocasionando as famosas viroses. Tecnicamente, virose é qualquer doença causada por um vírus. “Normalmente chamamos de viroses doenças benignas causadas por um vírus não conhecido”, explica a infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dra. Maria Lavinea Novis de Figueiredo. São muitos os agentes causadores de viroses (rotavírus, enterovírus, norovírus, influenza etc.) e, além desses, há outros tipos de agentes (bactérias como a Escherichia coli) que causam doenças com sintomas parecidos.

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Pelo fato de ter um diagnóstico muito genérico, a pediatra do Lavoisier Medicina Diagnóstica Dra. Natasha Slhessarenko ressalta que virose é um termo que não deve ser usado. “A incidência depende do tipo do vírus: no verão são mais comuns as gastrointestinais por causa da exposição a praia, piscina e alimentos de rua. Já as viroses respiratórias são mais comuns no inverno.” Por isso os médicos ressaltam que o problema é sazonal, ou seja, existem vírus específicos para cada época do ano. “Dessa forma, as viroses não são mais frequentes no calor, pois existem vírus que são mais comuns no inverno e outros no verão. Praticamente, temos vírus causando doenças o ano todo”, acrescenta a pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Milena de Paulis. “Por exemplo: outono e inverno possibilitam a contaminação por vírus respiratórios e também daqueles que provocam as diarreias. Na priFOTO: SHUTTERSTOCK

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ESPECIAL SAÚDE

VirOsE

mavera temos as doenças respiratórias e os vírus da catapora e da diarreia, no verão também temos os das diarreias, da dengue, das verrugas simples de pele”, ressalta a médica. Devido a essa variedade de agentes, a Dra. Maria Lavinea ressalta que não é possível dizer, de maneira genérica, que há aumento de viroses nesta época do ano. “Com essa ressalva, pode-se observar que no verão costuma haver aumento de viroses gastrointestinais, que atacam boca, estômago e o intestino.” Pelo aumento da temperatura e pelo fato de as pessoas viajarem e comerem em locais nos quais não estão acostumadas (e alimentos diferentes, muitas vezes crus ou que ficaram expostos ao calor), ocorre o aumento desse tipo de virose.

PRIMEIROS SINTOMAS E TRATAMENTO A pediatra Dra. Natasha Slhessarenko aponta que os primeiros sintomas da virose do trato intestinal são a febre, vômito, diarreia e dor na barriga. “Esse quadro dura entre três e cinco dias e são tratados, em sua maioria, sozinhos. Há somente a necessidade de medicamentos para controlar a febre e o vômito, além da ingestão de líquido em abundância para a hidratação.” Dependendo do tipo de vírus, podem-se ter sintomas específicos que fazem com que se reconheça mais facilmente o tipo de vírus causador da doença, como é o caso da catapora, do sarampo ou da mononucleose. Porém, dificilmente o vírus causador da virose mais simples é detectado. “Sintomas como prostração intensa, gemência, respiração rápida e curta devem ser avaliados sempre que estiverem presentes”, aponta Dra. Milena. Apesar de os especialistas garantirem que os sintomas da virose desaparecem ao longo de uma semana, a infectologista Dra. Maria Lavinea aconselha que, se não houver sinais de melhora a partir do terceiro dia, é recomendável procurar um médico. A pediatra Dra. Natasha ressalta que é difícil ter apenas um medicamento capaz de agir sobre o vírus, por isso

OriEntaçãO Para a PrEVEnçãO: 1) não tomar água ou comprar alimentos sem saber a procedência. 2) Beber água mineral ou previamente fervida. 3) Lavar sempre as mãos, principalmente antes das refeições e depois de ir ao banheiro. 126

SINTOMAS CARACTERÍSTICOS • Enjoo • Vômito • Diarreia • Pode haver febre • Falta de apetite • Dor muscular • Dor abdominal

eles não são prescritos. O maior cuidado mesmo precisa ser com a febre. Os pacientes precisam de orientação em relação aos medicamentos que cortam a diarreia, já que esse é um processo de limpeza do organismo. “Tratam-se os sintomas com antitérmicos, analgésicos, repouso, boa hidratação e alimentação. As viroses têm começo, meio e fim, por isso não há motivo para preocupação”, esclarece Dra. Milena. Durante o tratamento, os especialistas aconselham que a alimentação também mude, as pessoas devem dar preferência ao consumo de alimentos leves e de fácil digestão, como as frutas, legumes, verduras e carnes magras cozidas. Além disso, a orientação é evitar alimentos muito condimentados, gordurosos, gasosos e de difícil digestão. Contra a desidratação, deve-se ingerir, no mínimo, a mesma quantidade de água perdida através dos vômitos e da diarreia.

PREVENÇÃO SIMPLES E EFICAZ Como as viroses são contraídas pelo contato com pessoas, alimentos e água contaminada, o melhor método de prevenção é evitar o contato com esses ambientes. “Lavar as mãos, evitar aglomeração, arejar bem os ambientes, manter boa alimentação e hidratação; não mandar o filho doente para a escola tanto para evitar a transmissão para outras crianças quanto para manter repouso e dar condições ao sistema imunológico de resolver a infecção”, destaca Dra. Milena. A pediatra do Lavoisier Medicina Diagnóstica Dra. Natasha acrescenta que há uma diferença entre as viroses em adultos e crianças. “Os pequenos toleram muito mais o problema do que os adultos, na maioria das vezes, já que a enfermidade é própria das crianças.” Viroses gastrointestinais decorrentes de alimentos contaminados podem acometer qualquer faixa etária, podendo ter sintomas mais exacerbados, inclusive com duração mais extensa, nos pequenos e nos idosos.

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ARTIGO

Dengue: prevenir

para combater

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AINDA NÃO HÁ VACINA PARA ERRADICAR A DOENÇA, MAS É POSSÍVEL EVITAR OS CRIADOUROS DO MOSQUITO

DRA. J ANE D E OLIVEIR A TE IXE I RA Infectologista do Hospital Alvorada 128

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Com a chegada do verão, o número de casos de dengue tende a aumentar no País. A temporada oferece as condições climáticas ideais para o surgimento do problema, como calor e muita chuva, que propicia o acúmulo de água parada, local onde ocorre a reprodução do mosquito Aedes aegypti, único vetor da doença, que não é transmitida por meio do contato humano. É sempre bom lembrar a população de como é possível se prevenir contra essa enfermidade que, em situações mais graves, pode levar à morte. De acordo com o Ministério da Saúde, só nos dois primeiros meses deste ano, houve aumento de 190% nos casos de pessoas infectadas em todo o País, em relação ao mesmo período de 2012. Isso se deve ao surgimento do DENV-4, um tipo de vírus que teve maior circulação no País em 2013. Até o ano passado, o Aedes aegypti transmitia apenas três tipos da dengue. A boa notícia é que o número de óbitos diminuiu 20%. A vacina ainda está em fase de testes, por isso a única medida para combater o problema é a prevenção. A medida preventiva

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mais eficaz é acabar com os criadouros do mosquito. Deve-se evitar o acúmulo de lixo e de materiais que possam armazenar água, como pneus, baldes, pratos de vaso de plantas, caixas d’água sem tampa, tanques. Esses reservatórios precisam ficar sempre cobertos e ser lavados regularmente. Dessa forma, pessoas que moram ou trabalham em locais que proporcionam a infestação do Aedes aegypti, como em vizinhanças com terrenos baldios ou com ferros-velhos, estão mais sujeitas à doença. A utilização de repelentes é uma alternativa que pode evitar a picada do mosquito, mas apenas os que são feitos à base de DEET (N,N-dietilmeta-toluamida na concentração de 35%). Esses produtos, porém, são contraindicados para grávidas e crianças menores de 12 anos. A maior incidência dos casos de dengue se dá justamente no período das férias de verão, quando a maioria das pessoas costuma viajar. Por isso, é indicado realizar uma pesquisa sobre o local que será visitado para evitar a exposição ao mosquito transmissor da doença. FOTO: DIVULGAÇÃO

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MICOSES

Umidade e calor O VERÃO É A ÉPOCA MAIS PROPÍCIA PARA A CONTAMINAÇÃO COM A MICOSE PELA IDA À PRAIA E À PISCINA, LOCAIS DE FÁCIL PROLIFERAÇÃO DO FUNGO. CUIDADOS BÁSICOS GARANTEM A DIVERSÃO DOS CLIENTES SEM RISCOS P O R V I VI A N LOU R ENÇ O

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A chegada dos dias mais quentes do ano, faz com que cresça o número de pessoas que frequentam praias e piscinas. Com isso, o contágio com os fungos causadores da micose aumenta, já que esses ambientes são úmidos e quentes, tornando-se ideais para a proliferação e contaminação. “A piscina tem mais riscos de contaminação do que a praia, por causa da combinação de umidade e calor. Juntando isso à pele quente e úmida, o ambiente fica propício para a proliferação do problema, causando lesões brancas ou escuras na pele”, explica a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Carolina Marçon. O contágio com a micose se dá de duas maneiras: contato direto (por exemplo, encostar em áreas infectadas, como piscinas e chuveiros de uso coletivo) ou indireto (usar toalhas

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compartilhadas ou mal lavadas, andar descalço em pisos úmidos, usar alicates/tesouras compartilhados etc.). “Micoses são causadas por fungos que, em um ambiente propício (úmido, quente), multiplicam-se rapidamente. Por isso, basta o contato, direto ou indireto, para o contágio acontecer”, ressalta a infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dra. Maria Lavinea Novis de Figueiredo. Segundo informa dermatologista da Clínica Fares, Dr. Thiago Vinícius Ribeiro Cunha, explica que os fungos são altamente adaptados à pele humana. “Isso dificulta a ação do sistema imunológico, daí os altos índices de contágio.”

MÉTODOS DE COMBATE A prevenção se dá através do uso de chinelos em praias, piscinas e, principalmente, em chuveiros de uso coletivo. “Além disso, secar bem o corpo e evitar o contato com pessoas contaminadas”, ensina a Dra. Carolina. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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ESPECIAL SAÚDE

MICOSES

De maneira geral, o cuidado com a higiene pessoal é a melhor alternativa para que os indivíduos não contraiam a micose nesta época do ano. “Evitar também situações que favoreçam o crescimento de fungos é imprescindível. Deve-se manter o corpo limpo e seco; evitar andar descalço em pisos públicos ou úmidos; preferir utilizar roupas de algodão ou fibras naturais (que “respiram” e deixam a umidade evaporar); não compartilhar toalhas, alicates de unha, tesouras ou outros instrumentos; manter animais de estimação limpos e secos e evitar o uso de roupas molhadas”, destaca a infectologista Dra. Maria Lavinea. As áreas do corpo mais afetadas são o tronco, braço e couro cabeludo. “Na criança é mais raro a micose, porém os adolescentes já estão mais propensos a se contaminarem”, destaca a Dra. Carolina, da SBD.

CORREÇÃO NECESSÁRIA O tratamento varia de acordo com o tipo de micose que a pessoa contraiu. “Na maioria das vezes, é utilizado medicação de uso local, como cremes, ou medicamentos orais. Mas o tratamento depende de cada caso”, ressalta o Dr. Cunha, da Clínica Fares. Há quatro formas mais comuns de micose, de acordo com o dermatologista do Hospital Israelita Albert 132

O TRATAMENTO DA MICOSE É DE LONGO PRAZO, COM USO DE PRODUTOS TÓPICOS E, ÀS VEZES, COM MEDICAÇÃO ORAL Einstein, Dr. Beni Grimblat. “As mais comuns são pitiríase versicolor (popularmente conhecida como ‘pano branco’); tinea crural, que acomete virilhas; tinea pedis, que acomete plantas e dedos dos pés e são as famosas ‘frieiras’; e as micoses de unha.” “Muitas vezes as lesões melhoram antes do fim do tratamento, mas os fungos continuam no corpo”, diz a infectologista Dra. Maria Lavinea. Por isso, é necessário continuar o tratamento pelo período indicado pelo médico, sob o risco da lesão voltar. A Dra. Carolina, da SBD, lembra que o tratamento da micose dura, em média, de 15 a 30 dias. “Só assim o fungo é eliminado totalmente do corpo. Muitas pessoas param com os cuidados antes do tempo, o que aumenta o contágio, ainda mais nessa época, que os casos são mais frequentes.”

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SAZONALIDADE

Dias de

lucratividade AO POSICIONAR OS MIPS DENTRO DA LOJA NO PERÍODO DE CARNAVAL, É IMPRESCINDÍVEL QUE ELES ESTEJAM EXPOSTOS EM UM LOCAL PRIVILEGIADO. O IDEAL É APROVEITAR AS CHAMADAS ÁREAS QUENTES, ONDE A VISUALIZAÇÃO É MAIOR POR VIV IAN LOURENÇO

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Os abusos alimentares e alcoólicos do Natal e Ano-Novo acabam sendo repetidos no Carnaval. Por isso que, de novembro até o final de março, as vendas de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) para ressaca, azia e má digestão acabam sendo os produtos mais procurados pelo consumidor. Os acontecimentos mais comuns nesse período, como relata o clínico geral da Clínica Fares, Dr. Leandro Lopes da Silva, são o excesso de álcool e má alimentação (comidas gordurosas e sem qualquer tipo de nutrientes). “Combinado isso ao calor, à de falta de hidratação e à má higiene, o quadro pode se agravar.” De acordo com o médico, a junção desses fatores possibilita o desencadeamento de problemas como gastroenterites (diarreia e vômitos) e até alcoolismo. “A prevenção vai desde a boa hidratação até uso de preservativos para evitar doenças sexualmente transmissíveis. Uma boa alimentação com frutas, legumes, carnes brancas e evitar o consumo de alimentos de origens desconhecidas também são métodos preventivos e devem ser repassados à população.” Por conta desses problemas, os medicamentos considerados sazonais de verão, como analgésicos, antiácidos e antieméticos, apresentam demanda maior nesse período. “Podemos dizer que nessa época do ano as pessoas acabam comendo mais, e as comidas são pesadas. É uma época de

comemoração”, diz a diretora de marketing de OTC da Hypermarcas, Vesper Trabulsi. De acordo com o docente dos cursos de farmácia, medicina e patologia da Universidade Anhembi Morumbi, Dr. Dirceu Raposo de Mello, o uso de MIPs é muito comum no Brasil. “O consumo é muito frequente, até mesmo pela propaganda.” A consultora especializada em marketing de varejo Tatiana Ferrara ressalta que o Carnaval é uma festa muito tradicional no Brasil e, por isso, as pessoas entram no ritmo da celebração nesta época. “Assim, é muito importante que a farmácia se prepare para o período, tanto em relação ao mix de produtos oferecidos quanto também na decoração da loja.”

RENTABILIDADE ASSEGURADA O Carnaval é uma data de grande venda para as farmácias e, como vem logo depois do mês de janeiro, que é, no geral, o pior mês, representa uma oportunidade de recuperar o desempenho do estabelecimento. A categoria de MIPs, quando é bem trabalhada, além de gerar a própria venda, gera rentabilidade de outras categorias. “O consumidor entra na farmácia buscando medicamento, mas pode comprar outros produtos. É importante que a categoria de MIPs contenha os itens mais pedidos pelo cliente e também é importante que ele os encontre com facilidade”, destaca Tatiana. Por isso, segundo informa Vesper Trabulsi, da Hypermarcas, a organização desta categoria é essencial para que o consumidor entenda que

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A RDC 41/12 DETERMINA COMO OS MIPS DEVEM SER EXPOSTOS NO AUTOSSERVIÇO, DEVENDO ESTAR ORGANIZADOS PELO PRINCÍPIO ATIVO QUE CONTÊM, OU SEJA, POR EXEMPLO, TODOS OS MEDICAMENTOS QUE TÊM COMO ATIVO PARACETAMOL DEVEM FICAR JUNTOS existem diferenças entre substâncias e apresentações. “Ao posicionar os MIPs dentro da loja, é imprescindível que eles estejam expostos em um local privilegiado. O ideal é aproveitar as áreas centrais das gôndolas, na altura dos olhos ou em pontas de gôndolas e em áreas de maior circulação.” O checkout também é uma área bem interessante. A diretora da Hypermarcas explica que a marca utiliza materiais de ponto de venda como “berços” para auxiliar o posicionamento do produto e aumentar a visibilidade da marca. “Quanto mais organizada a categoria, mais fácil o consumidor encontrará os produtos”, finaliza Vesper.

ATENDIMENTO PERSONALIZADO Por serem MIPs, o farmacêutico deve ter cuidado redobrado com a comercialização. “É preciso disponibilizar um profissional para orientar o consumidor, principalmente se ele fizer uso de outros produtos e verificar os sintomas para entender se são mesmo causados pelos abusos de Carnaval”, esclarece o Prof. Dirceu. Ele cita como exemplo os problemas causados por excesso de álcool. “É preciso ver se não tem irritação gástrica, nesse caso. E também é recomendado mostrar as opções que mais se enquadram no problema”, finaliza o docente. “O atendimento e, principalmente, a assistência farmacêutica são muito importantes para esta categoria, pois o consumidor não sabe qual 136

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é o produto mais adequado para solucionar seu problema”, destaca Tatiana. Assim, a recomendação da consultora é realizar a venda consultiva para que o consumidor leve o MIP adequado ao seu caso. “Essa postura faz com que o cliente sinta confiança na farmácia e auxilia a fidelizar os consumidores. Além disso, é importante que estes produtos estejam bem expostos para que o consumidor os localize com facilidade.”

ORGANIZAÇÃO CERTEIRA Um ponto muito importante para esta categoria é a exposição. A primeira dica é que estes produtos nunca sejam expostos em ordem alfabética, por duas razões: a primeira por não ter lógica para o consumidor. “Efetuamos a busca de produtos pela lógica de consumo e pela solução que o produto me traz, ou seja, a primeira coisa que vem à mente de uma pessoa para decidir a compra é um problema, não o produto em si”, ressalta a consultora Tatiana Ferrara.

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SAZONALIDADE

PARA DECIDIR O MIX, É NECESSÁRIO QUE A FARMÁCIA VERIFIQUE EM SEU HISTÓRICO QUAIS FORAM OS MAIS VENDIDOS NESTA ÉPOCA E INVISTA NELES. OUTRO PONTO SÃO OS PRODUTOS QUE ESTÃO NA MÍDIA, É IMPORTANTE FICAR ATENTO À PROPAGANDA DE PRODUTOS PORQUE O CONSUMIDOR IRÁ BUSCÁ-LOS NA FARMÁCIA Se o consumidor não encontrar o que está buscando, terá que perguntar, e esse ato pode ocasionar uma frustração e um sentimento negativo em relação à farmácia. 138

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“O segundo motivo é a legislação, a RDC 41/12 determina como os MIPs devem ser expostos no autosserviço, devendo estar organizados pelo princípio ativo que contêm, ou seja, por exemplo, todos os medicamentos que têm como ativo paracetamol devem ficar juntos”, alerta a consultora. Para decidir o mix , é necessário que a farmácia verifique em seu histórico quais foram os mais vendidos nesta época e invista neles. “Outro ponto são os produtos que estão na mídia, é importante ficar atento à propaganda de produtos porque o consumidor irá buscá-los na farmácia.”

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OPORTUNIDADE TECNOLOGIA

Proteção

para a folia A EXPOSIÇÃO DE PRESERVATIVOS DEVE IR ALÉM DO BÁSICO, JÁ QUE ENTRE OS CONSUMIDORES, A MAIORIA SÓ BUSCA O PRODUTO QUANDO PRECISA. UM MIX DIVERSIFICADO NA GÔNDOLA PODE DESPERTAR A CURIOSIDADE POR KATHLEN R AMOS E L ÍGIA FAVO RE T TO

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O clima prazeroso do verão, aliado às campanhas de prevenção à Aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), por causa do Carnaval, que são sempre veiculadas nesta época, faz da categoria de preservativos uma aposta lucrativa para o varejista. Nesse momento do ano, as vendas aumentam de 8% a 10%. Portanto, é a hora de aumentar o estoque e renovar o sortimento de preservativos para gerar lucro às farmácias e drogarias. O canal farma é o mais importante para a categoria, sendo responsável por 80% das vendas de preservativos, enquanto os outros canais (supermercados, conveniência e internet) somam 20%.

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OPORTUNIDADE

O gerente de marketing da Blau, fabricante dos preservativos Preserv, Moacir Sánchez, comenta que a representatividade da categoria no canal farma ainda é pequena, de acordo com ele, poderia ser muito maior. “Esta é uma categoria que não recebe atenção governamental, nem dos empresários. O produto não agrega valor no faturamento da loja, é barato e tem uma gôndola pequena.” O executivo explica que o produto não traz lucro, não pelo produto em si, mas pelo fato de que a sociedade brasileira ainda enfrenta tabus em relação ao sexo. “Por este motivo, a população não consegue se relacionar com a categoria, dessa forma, o produto acaba ficando em local escondido, no ponto de venda, ou seja, trata-se de uma questão cultural. Mais do que evitar uma gravidez indesejada, previne diversas doenças e é esta vertente que deve ser trabalhada.” Ele lembra que nas farmácias dos Estados Unidos, por exemplo, os preservativos ficam logo na entrada da loja. “O consumidor pega, paga e sai, não quer ficar procurando. No Brasil, as pessoas não conhecem a fundo os benefícios do produto, nem as marcas existentes no mercado, tamanho, cor, espessura, largura, tipo de material e acabam usando qualquer um.” Sánchez ressalta que o varejista não consegue divulgar isso dentro da loja, já que o merchandising é muito caro e o produto é muito barato.

NA LOJA Além de chamar atenção do consumidor com um sortimento diversificado, o varejista também pode acompanhar a onda de informações sobre sexo seguro e fazer uso de material promocional, pontos extras e promoções especiais. “Campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e o incentivo ao planejamento familiar demonstram preocupação e cuidado com o cliente, e isso é percebido como um ponto positivo”, afirma a gerente de marketing da DKT do Brasil, fabricante dos preservativos Prudence, Denise Santos. Em valor de vendas, a categoria apresentou crescimento de 9,9% em 2012, de acordo com dados Nielsen, contra 6,5% registrados em 2010. Empresas fabricantes do produto confirmam os resultados e revelam suas performances. A Blowtex, por exemplo, vem crescendo, no mínimo, 10% por ano, ao longo dos últimos cinco anos. Farmácias e drogarias devem expor os preservativos próximos aos produtos de higiene pessoal separados por benefício, para facilitar a compra. Os locais mais indicados são 142

OS CONSUMIDORES ESTÃO PROCURANDO PRODUTOS COM BENEFÍCIOS SENSORIAIS, EFEITOS, TEXTURAS, SENSAÇÃO QUENTE OU FRIA, SABORES as áreas masculinas, próximas a aparelhos de barbear, e na área feminina, junto aos absorventes. As mulheres precisam ser levadas em consideração. O varejista deve se atentar a isso e expor o preservativo também em locais onde exista fluxo de mulheres, que são consumidoras em potencial. O checkout é uma opção para ponto extra desse tipo de produto, já que as compras por impulso são a maior parte da lucratividade dessa categoria. A empresa Prudence recomenda fazer uso de materiais promocionais para expor melhor os produtos, manter a gôndola arrumada, separar os produtos por benefícios, facilitando a escolha do consumidor. Recomenda-se, ainda, ter sempre lançamentos, pois esse segmento é repleto de novidades, que, além de segurança, servem também como acessórios para proporcionar ainda mais prazer, como, por exemplo: cores, aromas e sabores.

PRAZER DIFERENCIADO Uma das explicações para que o valor arrecadado pelo setor tenha crescido é o aumento da procura por embalagens grandes, que contêm de 6 a 12 unidades, e o interesse do brasileiro por produtos com diferenciais de espessura, sabor e cor, que apresentam maior valor agregado. Dentre as inúmeras novidades oferecidas no mercado, uma pesquisa realizada pelo Instituto TNS revela que a preferência do brasileiro é por preservativos que possibilitam maior sensibilidade. “De um modo geral, os consumidores estão procurando produtos com benefícios sensoriais, como efeito retardante, texturas, sensação quente ou fria, sabores. Os preferidos, porém, são aqueles de menor espessura”, confirma Denise. De olho nesta movimentação, nas tendências e gostos dos consumidores, a Jontex, pioneira em preservativos no Brasil desde 1936, lança os novos sabores maçã-verde, frutas vermelhas e frutas cítricas. Inove e ofereça essas opções no ponto de venda.

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CATEGORIA

Na mira dos

mosquitos ENTRE NOVEMBRO E MARÇO (VERÃO E FÉRIAS), A POPULAÇÃO DEMANDA MAIOR PROCURA PELOS REPELENTES, E AS VENDAS PODEM CRESCER EM ATÉ 78% NO PERÍODO P O R E G L E LEO NA R DI E K ATHLE N RA M OS

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Uma categoria democrática e que é uma das poucas que não têm um público segmentado, abrangendo homens, mulheres, crianças, idosos, jovens, de todas as classes sociais. Assim são os repelentes. A procura por esses produtos começa a ser acentuada a partir de outubro, quando as temperaturas começam a se elevar e a aparição dos insetos fica mais evidente e incômoda. Já em meados de dezembro até janeiro, as vendas quase dobram, pois é nesse período, de férias escolares, que as pessoas passam mais tempo fora de casa ou viajando para o litoral ou regiões de montanha e de rios. O mercado brasileiro de repelentes cresceu mais de 20% nos últimos dois anos, segundo dados da Nielsen, e é fortemente influenciado pelo consumo nas regiões onde se confirmam as epidemias de dengue. Segundo informações da Osler,

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embora seja sazonal, picos de demanda ocorrem mais nos Estados onde as estações do ano são mais acentuadas. As regiões Norte e Nordeste experimentam variações menores que o Sul, por exemplo. Embora a oscilação sazonal de compra seja evidente, existem vários tipos de uso de repelentes de insetos que fazem com que a oscilação de venda aconteça. Na região Norte do País, onde a malária é endêmica, o fluxo é sempre contínuo. E para compensar a queda da demanda na região Sudeste, no verão, a maior incidência de ataques de carrapatos e da doença que estes transmitem (febre maculosa) acontece no inverno, entre os meses de junho e novembro. Para a indústria, 2014 é um ano especial, pois se espera uma circulação maior dos quatro tipos de vírus da dengue por conta da Copa do Mundo, o maior evento mundial da Terra, e as farmácias devem se preparar com antecedência para oferecer esses produtos. FOTO: SHUTTERSTOCK

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Apelo infantil Entre as tendências para a categoria, os produtos voltados para o público infantil têm apresentado crescimento, uma vez que as mulheres buscam proteção para toda a sua família. A Farmax, através de seus departamentos de comunicação e marketing, apontou que o produto infantil representa 50% das vendas de repelentes da empresa, que, por sua vez, registra aumento nas vendas na casa dos 30% durante o verão. A grande importância do item na proteção das crianças motivou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a restringir imagens de apelo infantil nas embalagens desses produtos, bem como o uso do ingrediente ativo DEET em concentrações maiores para crianças menores de 12 anos. No total da categoria, o segmento infantil representou, em 2011, 25% do faturamento de repelentes. Em volume, a representatividade foi de 22% (ACNielsen Retail Index).

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Muito mais do que proteção Cada vez mais os produtos usados para repelir insetos nada lembram os de antigamente, com cheiro forte e desagradável. Eles agora se aproximam do segmento de cosméticos funcionais, que, além de hidratar e cuidar da pele, oferecem um benefício adicional aos consumidores. Para a SC Johnson, os repelentes vêm evoluindo para um apelo mais cosmético que medicinal. E agora, além de oferecerem proteção contra insetos, também oferecem benefícios agregados, como hidratação da pele e fragrância agradável. Uma forte tendência nesse mercado é mostrar que existe uma preocupação em enfatizar os componentes naturais que não causam danos ao meio ambiente, além das fórmulas suaves, agradáveis e não oleosas. O perfil do consumidor, geralmente, caracteriza-se por pessoas que estão procurando proteção não só para si mas também para a família, o que acaba se tornando um fator decisivo na hora da compra do produto.

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BELEZA

Bronzeado perfeito CHEGOU A TEMPORADA MAIS AGUARDADA DO ANO E, COM ELA, A BUSCA PELA PELE MORENA

É

POR TASSIA R OCHA

É exatamente nesta época do ano que as consumidoras querem aproveitar o sol para conquistar um tom de pele dourado, tido como perfeito. Manter o bronzeado conquistado durante os dias de férias não é uma tarefa fácil, mas é possível. Toda exposição precisa ser feita com cautela e moderação. “Os cuidados básicos são: alimentação equilibrada; ingestão de muito líquido; banhos de sol na medida certa; uso constante de filtro solar e hidratação pós-sol. A pele bem hidratada e cuidada permite um bronzeado mais bonito e que fica aparente por mais tempo. As medidas fotoprotetoras, como uso de protetor solar, roupas, chapéus e óculos escuros, além de evitar o sol nos horários de pico, entre 10h e 15h, continuam sendo a principal recomendação para prevenir o fotoenvelhecimento e o câncer de pele”, orienta a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Tatiana Steiner.

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Mesmo fazendo uso de artifícios protetores, a pessoa receberá cerca de 60% da radiação solar, assim, a proteção é o cuidado mais importante. Economizar no protetor na esperança de conquistar um bronzeado mais rápido e bonito acaba se tornando uma opção errônea para as consumidoras que desejam prolongar a cor predileta. “O filtro solar adequado é o principal elemento para usar o sol a favor de todos, além de manter a saúde da pele. É preciso recomendar a aplicação do protetor solar de amplo espectro com filtros UVA e UVB com FPS igual ou maior que 30, sempre espalhando muito bem sobre o rosto e corpo. Em ambientes de exposição direta ao sol, é indicado fazer uma nova aplicação a cada duas horas. O protetor solar não impede que a pele adquira um pigmento e fique bronzeada”, afirma. As consumidoras com a pele branca deverão tomar mais cuidado na hora de se expor ao sol, caso contrário, o risco de problemas futuros serão maiores. “Pacientes de pele clara nunca terão bronzeado seguro, nem uniforme, o máximo que conseguirão será queimadura FOTOS: SHUTTERSTOCK

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É PRECISO RECOMENDAR A APLICAÇÃO DO PROTETOR SOLAR DE AMPLO ESPECTRO COM FILTROS UVA E UVB COM FPS IGUAL OU MAIOR QUE 30, SEMPRE ESPALHANDO MUITO BEM SOBRE O ROSTO E CORPO solar, envelhecimento precoce e probabilidade de câncer de pele no futuro. Então, a grande dica para esse nicho da população é usar autobronzeador em creme ou spray semanas antes de ir à praia. Ele funcionará “tingindo a pele”, assim, a pessoa já pode chegar com “uma corzinha”. Eles são cremes ou loções que contêm uma substância química chamada dihidroxiacetona (DHA), que reage com a queratina da pele, acrescentando um tom dourado a ela. Funcionam como uma ‘tintura’ superficial que sai com o tempo sem danos”, alerta a Dra. Tatiana.

EFEITO PROLONGADO Qual é a mulher que não deseja uma pele dourada, sem manchas de sol e descascados? A marca visível de biquíni é preferência nacional e, para conquistá-la, existem várias opções que auxiliam na exposição ao sol. “A esfoliação durante o banho, de forma suave, permite remover as células mortas e, associada a uma hidratação adequada, irá permitir um bronzeamento saudável e uniforme. O ideal é fazer uma vez por semana. Segundo a especialista, um dos principais erros que as consumidoras cometem é demorar muito no banho e exagerar na água quente. Banhos longos e quentes contribuem para retirar o manto lipídico da pele, que tem função protetora e de manter adequado o teor de água. A remoção desse manto irá deixá-la ainda mais ressecada e sensível. “O ressecamento não contribui para o bronzeamento uniforme e pode dar um aspecto de manchado. Uma pele seca e desidratada fica opaca, áspera, sem elasticidade e com tendência à descamação. Além disso, sua função principal, que é a proteção, fica prejudicada”, conclui.

ARTIFÍCIOS BENÉFICOS Uma boa alimentação pode ajudar a prolongar o bronzeado e na proteção da pele, deixando-a mais saudável.

PELE RESSECADA Para evitar o ressecamento, recomenda-se às consumidoras alguns cuidados básicos que fazem toda a diferença para manter a pele bonita e saudável. • eber bastante líquido, aproximadamente dois litros por dia. • Proteger a pele das agress es externas, evitando o sol em excesso e sem proteção solar. • Nas reas de pouca oleosidade, não se deve utilizar sabonetes em demasia, bucha e água muito quente, para não diminuir ainda mais o manto lipídico. • Caso se a tomado mais de um banho por dia, o sabonete deve ser usado no corpo todo apenas em um dos banhos. Nos outros, usar apenas nos locais de dobras da pele (virilha, axilas etc.) ou de maior oleosidade. • Evitar produtos que contenham lcool em sua fórmula, pois também podem ressecar a pele. • tilizar hidratantes logo após o banho nas áreas que apresentem sinais de ressecamento

O betacaroteno estimula a formação de melanina, pigmento que dá coloração à pele, ajudando a proteger dos danos da radiação solar, evitando a queimadura, a vermelhidão e resultando num bronzeado saudável. “Outros antioxidantes são os alimentos ricos em vitamina C, como acerola, caju, limão. Entre os itens mais conhecidos pela substância está a cenoura. Mas, além dela, mamão, manga, abóbora, batata-doce, espinafre, brócolis e couve contribuem para manter a cor dourada na pele”, auxilia a Dra. Tatiana. Segundo a dermatologista, o ideal é iniciar um mês antes o consumo dessas substâncias. O resultado não é imediato.

BRONZEAMENTO ARTIFICIAL O bronzeamento artificial é uma opção muito procurada pelas consumidoras de todo o País. Por ser mais

ALIMENTOS DO BEM • ons alaran ados mamão, cenoura, manga, laranja e abóbora. • ons esverdeados pimentão, salsão e ervas. • ons avermelhados morango, tomate, caqui, goiaba, framboesa e cereja.

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BELEZA

SAIBA MAIS As clientes de farmácias e drogarias desejam obter informações de ponta, portanto, fique de olho nas dicas a seguir: • omar sol aos poucos para, gradualmente, estimular a pigmentação da pele sem causar queimaduras. O bronzeado só vai começar a aparecer 48 a 72 horas após a primeira exposição. É um processo gradual. • Manter a pele bem hidratada para evitar o ressecamento que provoca a descamação e, consequentemente, a perda do bronzeado. • limentação saud vel, com subst ncias que estimulam a pigmentação, como o betacaroteno, é importante para um bronzeado saudável. • eforçar a pigmentação com autobronzeador. • tilizar protetor de amplo espectro e UVB) com FPS maior que 30. • eaplicar o protetor solar a cada duas horas em situações de exposição intensa, suor intenso e banhos de mar ou piscina. • plicar o protetor solar entre e minutos antes da exposição. • plicar em todas as partes do corpo. Não se esquecer do pescoço, orelhas, canelas e pé. • Não utilizar fórmulas caseiras para estimular o bronzeado. • Evitar banhos longos e quentes. • empre utilizar hidratantes após exposição solar.

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rápido na conquista da cor desejada, as mulheres acabam optando por esse método antes de se expor ao sol. Os raios UVA das cabines de brozeamento foram classificados como “cancerígenos” pelo Centro Internacional de Investigação sobre o Câncer (CIRC), setor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para essa enfermidade. A conclusão foi divulgada em 2009. Por isso, é preciso muito cuidado no momento de orientar e indicar o bronzeamento artificial. Embora o uso dessas câmaras de bronzeamento seja proibido no Brasil, muitas clínicas ainda continuam oferecendo este tratamento. “Quanto maior o tempo total de exposição (dose de radiação acumulada), maior o dano celular e maiores as chances do desenvolvimento do câncer de pele. O risco aumenta ainda mais nas consumidoras que têm fototipo (caracterização da pele quanto sua coloração e reação à exposição solar) baixo, ou seja, que tem pouca capacidade (determinada geneticamente) de produção de melanina. São aqueles com tendência a queimar e não bronzear, que têm olhos e cabelos claros, que são ruivos e que apresentam sardinhas na pele, por exemplo. Há outros fatores que potencializam esse risco, como histórico pessoal e/ou familiar de câncer de pele,” orienta a dermatologista da SBD, Dra. Tatiana.

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SORTIMENTO

Na gôndola PRODUTOS QUE ATUAM NOS CUIDADOS DA PELE LESIONADA E RESSECADA APÓS O SOL PRECISAM TER DUPLA EXPOSIÇÃO PARA FACILITAR A VISUALIZAÇÃO DO SHOPPER

C

POR VIV IAN LOURENÇO

Com a chegada das temperaturas mais altas e das férias, muitos escolhem a praia ou a piscina como fonte de lazer, e a exposição ao sol fica acentuada nesta época do ano, o que pode ocasionar, muitas vezes, lesões e ardência na pele. Por conta disso, a venda de produtos pós-sol aumenta, já que eles têm a

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função de acalmar e refrescar a pele, aliviando a ardência causada pelo sol e deixando-a mais hidratada. A correta exposição dessa categoria no verão é fundamental para chamar atenção do shopper. “Eles hidratam e suavizam a pele, deixando uma agradável sensação de frescor, como acontece com o gel hidratante pós-sol SUNDOWN ®”, explica o cientista da Sundown Maycon Ribeiro. Os produtos evitam a descamação e a ardência causadas FOTO: SHUTTERSTOCK

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SORTIMENTO

pela exposição solar devido à sua composição, que apresenta 95% de aloe vera, uma substância natural capaz de diminuir a inflamação causada pelos raios ultravioleta, além de recondicionar a pele, deixando-a macia e perfumada. “Além do aloe vera, que refresca e hidrata a pele, os produtos da linha pós-sol Cenoura & Bronze possuem em sua composição os seguintes princípios ativos: lactato de amônia, hidroxietil ureia e alantoína”, completa a diretora de marketing de Cenoura & Bronze, Regiane Bueno. Já a diretora de marketing e trade da BDF NIVEA, Tatiana Ponce, esclarece que, além do aloe vera, a empresa também usa outros compostos na formulação dos produtos pós-sol. “A NIVEA Loção Pós-Sol contém óleo de abacate, ingrediente que restaura a perda de umidade e prolonga o efeito bronzeado na pele.”

EXPOSIÇÃO CORRETA É importante oferecer ao consumidor um mix farto e variado de bronzeadores e protetores solares, nas versões adulto e infantil, de todas as variantes de FPS. A diretora de trade marketing da Hypermarcas, Ana Biguilin, ressalta que é importante abastecer as gôndolas também com loções e géis pós-sol, principalmente no período de temporada que acontece de setembro a março.

PARA O SORTIMENTO SER FONTE LUCRATIVA PARA O VAREJO FARMACÊUTICO, PRIMEIRO É NECESSÁRIO TER NO PORTFÓLIO AS PRINCIPAIS MARCAS CORRESPONDENTES DA CATEGORIA. A SEGUIR OS PRODUTOS DEVEM SER SEPARADOS POR SUBCATEGORIAS, COMO LOÇÕES, SPRAYS, AEROSSOL 152

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PROPRIEDADES DE COMPOSTOS DOS PRODUTOS PÓS-SOL • Lactato de amônia: forte poder hidratante promovendo consistência e aparência saudável a pele. • Hidroxietil ureia: ativo com grande capacidade de absorção de água e retenção da umidade na pele. Possui ação hidratante, que evita o ressecamento e mantém a umidade natural. • Alantoína: favorece a regeneração da pele lesada favorecendo o desaparecimento de estados irritativos da pele e asperezas.

Para o sortimento ser fonte lucrativa para o varejo farmacêutico, primeiro é necessário ter no portfólio as principais marcas correspondentes da categoria. “A seguir os produtos devem ser separados por subcategorias, como loções, sprays, aerossol, faciais, kids, bronzeadores, pós-sol e labial, dando prioridade ao mix para as loções, que representam, aproximadamente, 70% do mercado total de proteção solar”, exemplifica Tatiana. A diretora da Hypermarcas recomenda que esses tipos de produtos devam ter dupla exposição para facilitar a visualização do shopper. “A sugestão é que estejam sempre junto com os protetores solares, seguindo a sequência de faciais, labiais, kids, protetores, bronzeadores e pós-sol e também na gôndola de hidratantes, já que é um produto que acalma e hidrata a pele.” Para a gerente de gerenciamento por categoria da Johnson & Johnson, Patrícia Gimenes, nos períodos de pré-verão e verão é muito importante dar destaque à categoria, garantindo sua presença na loja em locais de alto fluxo. “Recomendamos ao varejista a organização por meio de pontos extras e crossmerchandising, para facilitar a lembrança e decisão de compra da categoria.”

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EVENTO – LUPA DE OURO

Laboratórios são homenageados

em premiação

EVENTO TEM A FINALIDADE DE RECONHECER O TALENTO DE PROFISSIONAIS DO MARKETING FARMACÊUTICO

H

POR LÍGIA FAVORETTO

Há 37 anos o prêmio Lupa de Ouro premia as melhores campanhas promocionais, materiais de divulgação de produtos e projetos especiais desenvolvidos por empresas farmacêuticas no mercado brasileiro. A cerimônia de premiação é realizada, anualmente, desde 1976, pelo Grupo dos Profissionais Executivos do Mercado Farmacêutico (Grupemef) – uma associação sem fins lucrativos, criada e mantida por laboratórios farmacêuticos. Em 2013, o tema da premiação foi Adapte-se – o que vai ao encontro da necessidade que o mercado tem de se adaptar. Nos convites e em toda comunicação visual da premiação, um camaleão estava estampado, já

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que ele é um réptil que está de olho em tudo que acontece ao seu redor e consegue, em questão de minutos, tranformar-se fisicamente para enganar suas presas. O presidente do Grupemef, Humberto Katoi, disse, na ocasião, que os 40 anos da empresa refeltem justamente um histórico de sucesso, de crescimento. “A lição mais importante é o valor da adaptação. Adaptarse não é mais uma escolha, é uma questão de sobrevivência, é um imperativo. Segundo ele, quem não consegue se adaptar sofre um processo de seleção natural. “Não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive, mas o que melhor se adapta às condições impostas pelo mercado.” FOTOS: DIVULGAÇÃO

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OS VENCEDORES DA 37º EDIÇÃO DO PRÊMIO LUPA DE OURO

Thadeu Oliveira, da GlaxoSmithKline, ganhou o prêmio pela categoria Prescrição Aparelho Respiratório, com Aerolin. O diretor-geral da Sanofi-Pasteur, Hubert Guarino, entregou o troféu

Na categoria Inteligência de Mercado, a vencedora foi a Abbott, com o projeto “Dimensionamento de Anestésicos Inalatórios”. Claudio Wiltemberg e Erick Burato receberam o prêmio das mãos do vice-presidente da América Latina Unidade de Neurociências da Alergan, Ricardo Ogaura

O prêmio Sustentabilidade foi para “As Iniciativas do Grupo Sanofi para Prevenção e Controle da Leishmaniose”. No palco, Cristina Moscardi

Recebendo o prêmio da campanha Institucional “Bem-Estar Hoje, Feminina Sempre”, no site gineco.com.br, da Bayer, Camila Rizzi

VENCEDORES Campanha Institucional – Bayer Sustentabilidade – Sanofi Inteligência de Mercado – Abbott Produtividade e Entidade – Takeda Campanha OTC/OTX – Takeda Campanha Hospitalar e Oncologia – Sanofi Campanha Lançamento de Prescrição – GlaxoSmihtKline Prescrição Sistema Cardiometabólico – Sanofi Prescrição Sistema Musculoesquelético – Aché Prescrição Aparelho Respiratório – GlaxoSmihtKline Prescrição Sistema Nervoso Central – Apsen Prescrição Demais Classes Terapêuticas – Takeda Performance Empresarial – Aché Performance Empresarial Genéricos – EMS

O evento foi realizado nos Salões Ballroom do hotel WTC, em São Paulo. A tradição do prêmio voltado aos profissionais de marketing da indústria farmacêutica brasileira é tanta que o Prêmio Lupa de Ouro é considerado o Oscar do marketing farmacêutico. A apresentação ficou por conta do fundador da organização não governamental (ONG), Doutores da Alegria, Wellington Nogueira. Irreverente, trocou de figurino várias vezes, dançou com a trilha sonora preferida dos executivos que entregaram os troféus aos vencedores e, ainda, fez toda a plateia se levantar para uma brincadeira interativa, o que causou muito riso e descontração. O prestígio é o mesmo, mas a metodologia de avaliação sofreu algumas alterações. Nessa última edição, as categorias de produtos e campanhas institucionais passaram por duas fases de avaliação. Para a apresentação das campanhas, cada participante teve de confeccionar um vídeo que apresentasse o projeto inscrito, podendo ou não utilizar-se de slides. Esse vídeo foi analisado pela comissão julgadora de cada categoria. Em seguida, os cinco finalistas foram convidados a realizar uma apresentação presencial na sede do Grupemef. 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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EVENTO - IBEVAR

As 120 maiores

empresas do varejo ENTRE AS REDES QUE FATURARAM MAIS DE R$ 1 BILHÃO POR ANO, APARECE A DROGARIA ARAUJO COMO NOVA INTEGRANTE DO CLUBE DO BILHÃO. AS EMPRESAS CLASSIFICADAS SOMARAM UM FATURAMENTO DE R$ 326 BILHÕES P O R V I V I A N LOU R ENÇ O 156

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O

O Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), em parceria com a PwC – Brasil e a Felisoni Consultores Associados, apresentou o Ranking Ibevar com as 120 maiores empresas do varejo brasileiro. A classificação foi feita de acordo com o faturamento anual. Juntas, no ano passado, as empresas listadas obtiveram um lucro de R$ 326 bilhões, representando 28% de todo consumo de bens no Brasil, excluindo-se a venda de veículos e combustíveis. O Grupo Pão de Açúcar continua na liderança do ranking, com faturamento de R$ 57,234 bilhões, tendo FOTO: SHUTTERSTOCK

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NO ANO DE 2011, APENAS 41% DAS EMPRESAS OPERAVAM EM MAIS DE UM CANAL. DEVIDO À COMPETIÇÃO DO MERCADO DE CONSUMO, EM 2012, ESSE PERCENTUAL SUBIU PARA 53% 1.882 lojas e 151 mil funcionários. Em segundo lugar, o Grupo Carrefour faturou R$ 31.474.808, com 236 lojas e 70 mil funcionários. Fechando a lista dos três primeiros está o Grupo Walmart Brasil, com faturamento de R$ 25.932.914 , 547 lojas e 82.341 funcionários. Um dos destaques do estudo é o Clube do Bilhão, título conferido às empresas que superam R$ 1 bilhão de faturamento anual. De acordo com o ranking, 14 empresas passaram a pertencer ao Clube. Em 2011, eram 58 e, neste ano, o número subiu para 72. Os novos sócios são: Habib’s, Leader, Inter-

CLASSIFICAÇÃO DAS FARMÁCIAS E DROGARIAS NO RANKING GERAL CLASSIFICAÇÃO

GRUPO

FATURAMENTO EM 2012 (EM MIL)

NÚMERO DE LOJAS

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS

10ª

RAIA DROGASIL

R$ 5.593.835

864

20.113

14ª

DROGARIA DP SP

R$ 4.783.342

722

19.398

19ª

FARMÁCIAS PAGUE MENOS

R$ 3.236.800

585

15.414

21ª

BRASIL PHARMA

R$ 2.951.671

1.096

16.000

47ª

PANVEL FARMÁCIAS

R$ 1.565.100

290

4.897

61ª

DROGARIA ARAUJO

R$ 1.084.000

120

5.553

69ª

DROGARIAS NISSEI

R$ 1.000.000

2410

4.000

83ª

DROGARIA CATARINENSE

R$ 759.000

48

3.546

102ª

DROGARIA ONOFRE

R$ 450.000

45

2.000

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EVENTO - IBEVAR

RANKING POR FATURAMENTO SOMENTE DE DROGARIAS E PERFUMARIAS GRUPO

FATURAMENTO EM 2012 (EM MIL)

NÚMERO DE LOJAS

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS

O BOTICÁRIO

R$ 5.716.550

3.600

N/I*

RAIA DROGASIL

R$ 5.593.835

864

20.113

DROGARIA DP SP

R$ 4.783.835

722

19.398

FARMÁCIAS PAGUE MENOS

R$ 3.236.800

585

15.414

BRASIL PHARMA

R$ 2.951.671

1.096

16.000

PANVEL FARMÁCIAS

R$ 1.565.100

290

4.897

DROGARIA ARAUJO

R$ 1.084.00

120

5.553

DROGARIAS NISSEI

R$ 1.000.000

240

4.000

DROGARIA CATARINENSE

R$ 759.000

48

3.546

10ª

DROGARIA ONOFRE

R$ 450.000

45

2.000

CLASSIFICAÇÃO

* N/I – Não informado

PERSPECTIVA DO CONSUMO Consumo das famílias:

R$ 2.744.452 Peso do consumo de bens

42%

Varejo de bens:

R$ 1.152.670

Faturamento dos 120 maiores:

R$ 325.988 158

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national Meal Company (IMC), Brazil Fast Food Corporation, Comercial Zaragoza, Drogaria Araujo, Fujioka Eletro Imagem, ampm, Giassi Supermercados, Supermercado Bahamas, Inbrands, Drogarias Nissei, Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD) e Móveis Romera. No ano de 2011, apenas 41% das empresas operavam em mais de um canal. Devido à competição do mercado de consumo, em 2012, esse percentual subiu para 53%. O trabalho também identifica que 48% das empresas operam no sistema multiformato e 44% são multibandeira. O ranking ainda aponta como destaque a expansão do segmento de moda e esportes, com crescimento de 20,8% de 2011 para 2012. A análise demonstrou que, da primeira empresa para a décima, há uma diferença de dez vezes, apontando que há espaço para a formação de outros grupos grandes. Apenas sete empresas, do total de 120, operam com mais de mil lojas e nove grupos operam lojas em todos os 26 Estados do Brasil e Distrito Federal. Já a média do número de lojas é de 231 por empresa, porém metade das 120 empresas tem até 54 lojas. A média de funcionários é de 9.157 por empresa, mas metade do total do ranking possui até 4 mil funcionários.

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EVENTO – - PARCEIROS DO ANO

Destaques de 2013

O

POR MAIS UM ANO, A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REDES DE FARMÁCIAS E DROGARIAS REALIZOU UM JANTAR DE ENCERRAMENTO E HOMENAGEOU GRANDES REPRESENTANTES DO SETOR FARMACÊUTICO

O desempenho do canal farma em 2013 merece uma comemoração. Enquanto outros segmentos patinam diante dos reflexos de uma crise internacional, há dez anos o setor farmacêutico apresenta uma excelente performance. Nem a alta do dólar, com o consequente impacto no preço da matéria-prima, foi capaz de estragar a festa. No acumulado de janeiro a outubro, as vendas totais de medicamentos somam R$ 48,3 bilhões, um aumento de 17% sobre igual período do ano anterior. Diante de tantos motivos para celebrar, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) realizou mais uma vez o tradicional Jantar de Confraternização Abrafarma 2013. O evento, realizado no dia 4 de dezembro, em um bufê em São Paulo, reuniu mais de 500 presidentes e executivos da indústria, distribuição e varejo farmacêuticos. A exemplo de outros países e de outros setores econômicos, a inteção do jantar é criar o espaço e o ambiente propício para que as redes de farmácias associadas da Abrafarma possam receber, juntas, os seus parceiros de negócio. “Essa iniciativa vem buscando o fortalecimento das entidades do setor e contribuindo para aproximar os dirigentes dos diversos segmentos e setores, motivando a integração das pessoas que são diretamente envolvidas com as mudanças no mercado”, declarou o presidente-executivo da Abrafarma, Sergio Mena Barreto.

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HOMENAGEM Confira abaixo as empresas agraciadas com o troféu Parceiros do Ano em cada categoria: Fornecedor de Medicamento de Marca: Sanofi-Aventis Fornecedor de Medicamento Genérico: EMS Genéricos Fornecedor de Medicamento de MIPs/ Produtos para Saúde: Hypermarcas Fornecedor de Higiene e Beleza: Unilever Fornecedor de Dermocosmético: L’Oréal/DCA Distribuidor do Ano: Santa Cruz Equipe de Trade do Ano: Hypermarcas Produto do Ano: Cicatricure Fornecedor do Ano: Colgate

O jantar marcou a entrega dos prêmios Parceiro do Ano, dado as empresas e profissionais que mais se destacaram em 2013 por sua performance no ano. “Destacar as melhores práticas do setor é uma forma de valorizar a competência e incentivar a inovação dos melhores fornecedores do varejo farmacêutico, que fazem os mais variados produtos chegarem de forma eficiente ao consumidor final”, afirma. FOTO: CLAUDIA MIFANO

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RECURSOS HUMANOS

Problemas que não devem ser levados à chefia OS CHEFES ESTÃO SEMPRE DE OLHO NA POSTURA DOS SEUS COLABORADORES E EM SUAS CAPACIDADES DE TOMAR DECISÕES

MEIR Y KA M I A Palestrante, psicóloga, mestre em administração de empresas e consultora organizacional

Site www.meirykamia.com 162

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S

Solucionar problemas faz parte do rol de comportamentos necessários no cotidiano de trabalho. Entretanto, algumas dúvidas surgem quando o assunto está relacionado à chefia. Muitos profissionais se preocupam em levar problemas aos superiores com receio de serem tachados de dependentes demais e “queimarem” sua imagem profissional. Essa preocupação é pertinente. A chefia está sempre de olho na postura dos seus colaboradores e em suas capacidades de tomar decisões, responsabilizando-se pelos resultados. Alguns colaboradores acabam pendendo para o extremo oposto, não solucionando o problema ou não pedindo ajuda, mesmo quando ela é necessária. E isso também não é positivo. Então qual é o limite? Que tipos de problemas devem ser levados ou não à chefia? Problemas considerados importantes e que devem ser levados adiante são aqueles que afetam o bom andamento da empresa e solucioná-los envolvem mudanças nos processos, impacto em outros departamentos ou que geram custo. Conhecer como a empresa funciona evita que funcionários com boas intenções tomem decisões precipitadas e realizem mudanças que acabem trazendo ainda mais problemas para a empresa. Uma boa dica é: antes de levar o problema para o chefe, pense em uma ou duas soluções para oferecer, além de mostrar proatividade, esse hábito treina sua capacidade de pensar de forma estratégica, prevendo as consequências de suas ideias. Agora seguem algumas dicas do que não deve ser levado para a chefia:

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• Evite valorizar o problema em busca de reconhecimento: alguns funcionários tendem a aumentar o problema com o intuito de valorizar sua ação na solução dele. Saiba que os chefes baseiam-se nos comportamentos do dia a dia. Para ser realmente reconhecido como um “solucionador de problemas”, é necessário que esse comportamento seja um hábito para você, e não algo que se faz ocasionalmente. O marketing pessoal está na marca que você deixa por onde passa, na forma como você executa seu trabalho. Você não precisa falar sobre seus louros, você só precisa entregar bons resultados. Deixe que seus colegas falem sobre as suas vitórias. O peso da opinião de terceiros é sempre maior. • Evite levar problemas com colegas de trabalho: falar mal de colegas para o chefe não pega bem. Mesmo quando você o faz com as melhores das intenções. Alguns funcionários assumem a posição de “olheiros”, controlando o horário de chegada e saída dos colegas de trabalho, ou a forma como o colega está executando o trabalho etc. Na maioria das vezes, esse comportamento soa como fofoca. Problemas relacionados aos colegas de trabalho só devem ser levados à chefia quando afetam a ética e quando trazem prejuízos à empresa. • Evite levar problemas familiares: comentar sobre problemas com filhos, separações etc. não é visto como algo positivo, porque, normalmente, quando isso acontece, é para justificar um mau desempenho no trabalho. O problema não é a questão pessoal em si, pois todos estão sujeitos a enfrentar graves problemas particulares, a questão maior nesse caso é a tendência à vitimização. FOTO: DIVULGAÇÃO

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SEMPRE EM DIA

AUXÍLIO DO DIA A DIA É EXATAMENTE NO PERÍODO DE FÉRIAS E FESTAS QUE AS CONSUMIDORAS ACABAM SE ESQUECENDO DOS CUIDADOS DIÁRIOS. POR ISSO, AS INOVAÇÕES DA INDÚSTRIA CHEGAM AO MERCADO PARA AUXILIÁ-LAS NA ROTINA DE BELEZA CONTRA O ENVELHECIMENTO

O Episol SEC FPS 60 foi formulado com um conjunto de filtros químicos e físicos que oferecem alta proteção contra os efeitos dos raios UVA e UVB, prevenindo o envelhecimento da pele e protegendo das queimaduras solares. A formulação ainda contém os complexos F, A, C, E – conjunto de vitaminas antioxidantes que neutraliza os radicais livres gerados pela radiação solar, prevenindo os males causados pelo sol. Preço sugerido: R$ 76 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.mantecorpskincare.com.br 164

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HIDRATAÇÃO DA PELE

Para melhorar os sintomas da pele ressecada e descamada, a Isis Pharma, marca francesa de produtos dermatológicos, lança o Secalia A.H.A. O produto foi desenvolvido para eliminar as escamas e melhorar a hidratação da camada superior da pele. Sua fórmula contém poderosos ativos capazes de amenizar os danos causados pelo ressecamento intenso. São eles: manteiga de shea, óleo de inchi sacha e alfa-hidroxiácidos (A.H.A). Preço sugerido: R$ 59,62 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.isispharm.com FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

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HIGIENE DOS PEQUENOS

A Cremer Disney acaba de lançar um portfólio completo de banho e pós-banho para bebês e crianças. As linhas licenciadas Disney Baby e Disney Kids oferecem 19 novos produtos entre xampus, condicionadores, sabonetes, colônia e talcos, que atendem com todo cuidado e carinho às exigências das mamães e às necessidades das crianças, tornando os cuidados com a higiene um hábito saudável e divertido.

Preço sugerido: R$ 5,60 Na gôndola: cantinho do bebê Site: www.fraldascremer.com.br

LIMPEZA E CONFORTO

Para complementar a linha de cuidados diários com os bebês, a Sapeka lança um novo produto em seu portfólio: Talco Sapeka, que oferece ainda mais cuidado e higiene para a pele delicada dos bebês. O talco traz uma formulação que protege contra a umidade – que pode causar assaduras e irritações –, é pouco espesso e levemente perfumado, proporcionando uma agradável sensação de limpeza e conforto. Disponível na versão de 200 g, a embalagem é prática, colorida e alegre. O rótulo traz Kiko, o personagem principal da linha Sapeka. Preço sugerido: R$ 4,99 Na gôndola: cantinho do bebê Site: www.fraldassapeka.com.br

CONTRAS AS BACTÉRIAS

A Dettol coloca no mercado a linha de sabonetes líquidos para as mãos em três novas fragrâncias. Relaxante, Revitalizante ou Hidratante, as novas variantes trazem ainda mais benefícios para a consumidora, pois, além de manter toda a família mais protegida contra doenças causadas por bactérias, garantem uma experiência sensorial agradável para a pele, proporcionando uma sensação de suavidade e proteção. Preço sugerido: R$ 11,99 Na gôndola: sabonetes/checkout Site: www.dettol.com.br

DENTES BRANCOS

Sorriso reforça a categoria de cremes dentais com mais uma novidade: Xtreme White 4D, linha composta por gel dental e escova. O lançamento traz um novo conceito para o mercado, oferecendo limpeza avançada, remoção da placa, além de fortalecer e proteger os dentes. Preço sugerido: R$ 3,40 Na gôndola: oral care Site: www.sorriso.com.br 2014 JANEIRO GUIA DA FARMÁCIA

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SEMPRE EM DIA

LONGE DAS BACTÉRIAS

A empresa Flora lança no mercado a linha de produtos antibacterianos Protege, que é composta por quatro variantes no formato sabonete barra, com 90 g cada, com tecnologia que elimina até 99,9% das bactérias e quatro variantes no formato líquido de 250 mL cada, sendo uma delas com aplicador pump, específico para o uso nas mãos.

Preço sugerido: Sabonete barra – R$ 1,19 Sabonete líquido corporal – R$ 5,99 Sabonete líquido pump para mãos – R$ 8,50 Na gôndola: sabonetes Site: www.flora.com.br

PROTEÇÃO GARANTIDA

Neste ano, SUNDOWN®, que é o protetor oficial da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014TM, traz uma novidade para o público infantil: uma embalagem comemorativa da linha Kids com estampa do Fuleco – o tatu-bola mascote do campeonato – para as loções brancas com FPS 30 e 60. Todos os produtos da linha SUNDOWN®Kids, incluindo o lançamento, são hipoalergênicos, testados por dermatologistas e trazem benefícios exclusivos: são avaliados e aprovados por oftalmologistas e pediatras. Preço sugerido: FPS 30 – R$ 28,40 FPS 60 – R$ 42,60 Na gôndola: pele/infantil Site: www.sundown.com.br

PELE RENOVADA CUIDADOS ÍNTIMOS

A nova tecnologia da Naturella reduz o abafamento e proporciona maior sensação de frescor e proteção para a região íntima, além de trazer novos aromas – Chá Verde Splash e Calêndula Fresh – que auxiliam na prevenção e controle de odores e oferecem diferentes sensações que remetem à natureza, refrescância e sensação de conforto e bem-estar. Preço sugerido: R$ 8,49 Na gôndola: higiene íntima Site: www.naturella.com.br/pt-BR 166

Buscando atender cada vez mais às necessidades das consumidoras, a La RochePosay renovou a linha Redermic [+] e lança no mercado a linha Redermic Hyalu C, que vem mais completa e com novos benefícios. O produto mantém em sua fórmula a vitamina C e madecassosside, mas ganha a manose, um açúcar de origem vegetal que ajuda a melhorar a textura, a uniformização da pele e o ácido hialurônico fragmentado, que ajuda a suavizar a pele imediatamente. Preço sugerido: R$ 69 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.laroche-posay.com.br

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SEMPRE EM DIA

CABELOS NOVOS

Biocolor, tradicional marca de coloração brasileira, possui o exclusivo BIOCOLOR Kit Mechas: um kit completo que possibilita fazer diferentes mechas nos cabelos em casa de forma segura, prática e sem complicação. As opções para quem deseja entrar na onda de fios claros são muitas: ombré, californianas, mechas tradicionais, destacadas e marcadas. Preço sugerido: R$ 9,90 Na gôndola: cabelos Site: www.biocolor.com.br

FIOS BEM TRATADOS

A Vichy identificou a grande procura das mulheres brasileiras por produtos específicos para cabelos danificados e lançou uma linha de dermocosméticos para nutrição e reparação da fibra capilar. Dercos NutriReparador é um duplo concentrado que nutre e recupera a vitalidade natural dos cabelos. A linha conta com xampu, condicionador e máscara capilar. Preço sugerido: R$ 45,90 Na gôndola: cabelos/dermocosméticos Site: www.vichy.com.br

VALOR AGREGADO

A marca Belliz acaba de lançar ao mercado a Linha de Pads. Práticos e inovadores, os pads contêm loção de aloe vera em sua composição, que nutre e hidrata a pele e ajuda também a combater a oleosidade excessiva que tanto incomoda as mulheres. A linha é composta pelos seguintes produtos: Pads Esfoliantes para limpeza facial, Pads Removedores de Maquiagem, Pads Removedores de Maquiagem para os olhos. Todos testados dermato e oftalmologicamente. Os Pads Esfoliantes Belliz são discos de algodão e poliéster que possuem micropartículas esfoliantes com loção de aloe vera para limpar e remover as células mortas de forma suave e nutritiva para a pele. Suas micropartículas esfoliantes possuem formato arredondado para não agredir a pele, proporcionando uma esfoliação suave. Preço sugerido: Pads Esfoliantes para limpeza facial – R$ 17,50 Pads Removedores de Maquiagem – R$ 15,50 Pads Removedores de Maquiagem para os olhos – R$ 13 Na gôndola: pele Site: www.bellizcompany.com.br

CUIDADOS PARA A MULHER

O produto chega ao mercado em duas opções de frascos para a higiene íntima: Duo Cycles®, sem essência, para higiene diária, e Duo Cycles® Essence, com essência exclusiva, para uma higiene íntima diferenciada em dias especiais. Juntos, os dois produtos promovem limpeza e frescor durante todo o ciclo. O lançamento chegará às principais redes de farmácias de 13 capitais. Preço sugerido: Duo Cycles® (180 mL) – R$ 19,56 Duo Cycles Essence® (70 mL) – R$ 15,21 Na gôndola: higiene íntima Site: www.silvestrelabs.com.br Obs.: Os preços sugeridos são informados pela indústria fabricante de cada produto.

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SERVIÇOS

A

E

I

P

ABEAD www.abead.com.br

ECR BRASIL www.ecrbrasil.com.br

IBGE www.ibge.gov.br

PRESERV www.preserv.com.br

ABIAD www.abiad.org.br

ELI LILLY www.lilly.com.br

IBEVAR www.ibevar.org.br

PRÓ GENÉRICOS www.progenericos.org.br

ABIMIP www.abimip.org.br

EMBRATUR www.embratur.gov.br

ICF www.icf.com.br

PROGRAMA MAIS MÉDICOS www.saude.gov.br/maismedicos

ABRAFARMA www.abrafarma.com.br

EMS www.ems.com.br

ICTQ www.ictq.com.br

PROVAR/FIA http://provar.org

ABRAHAMS EXECUTIVE SEARCH http://abrahams.com.br

ESPM www.espm.br

IDPFARMA http://pfarma.com.br

PSD-SP www.psd.org.br

IMS HEALTH www.imshealth.com

PSDB www.psdb.org.br

INSTITUTO RACINE www.racine.com.br

PT www.pt.org.br

ACME BRASIL DISTRIBUIDORA (21) 2422 0784 AFPFB www.farmaefarma.com.br ALANAC www.alanac.org.br ANVISA http://portal.anvisa.gov.br ASHP www.ashp.org

F FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO www.fcf.usp.br FARMAX www.farmax.ind.br FCFRP-USP http:// fcfrp.usp.br FEBRAFAR www.febrafar.com.br FESA www.fesa.com.br

B BDF NIVEA www.nivea.com.br

FGV-EAESP http://eaesp.fgvsp.br

BLOWTEX www.blowtex.com.br

FIOCRUZ www.fiocruz.br

C

G

CENOURA & BRONZE www.cenouraebronze.com.br CFF www.cff.org.br CFM www.cfm.org.br CIRC www.iarc.fr CIUCA http://ciuca.mct.gov.br CLÍNICA FARES http://clinicafares.com.br CLOSE-UP INTERNATIONAL www.close-upinternational.com CNT www.cnt.org.br CONCEA www.mct.gov.br CONEP http://conselho.saude.gov.br

GS&MD www.gsmd.com.br

H HAYS PHARMA www.hays.com.br

INSTITUTO TNS www.tnsglobal.com.br IPEA www.ipea.gov.br

J JMJ www.rio2013.com JOHNSON & JOHNSON www.jnjbrasil.com.br JONTEX www.jontex.com.br

L LAVOISIER MEDICINA DIAGNÓSTICA www.lavoisier.com.br LEME CONSULTORIA www.lemeconsultoria.com.br

M

HC www.hcnet.usp.br

MICHAEL PAGE www.michaelpage.com.br

HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ www.hospitalalemao.org.br

MINISTÉRIO DA SAÚDE www.saude.gov.br

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN www.einstein.br HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS www.hospitalsiriolibanes.org.br HYPERMARCAS www.hypermarcas.com.br

CRF-SP www.crfsp.org.br

D DESENVOLVA CONSULTORIA www.desenvolvaconsultoria.com.br DKT DO BRASIL www.dkt.com.br

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO www.mpsp.mp.br

N NIELSEN www.nielsen.com/br/pt

O OCDE www.oecd.org/fr OMS www.paho.org/bra

R RENAMA http://renama.org.br

S SBD www.sbd.org.br SBED www.dor.org.br SBFC www.sbfc.org.br SC JOHNSON www.scjohnson.com.br SEBRAE-SP www.sebraesp.com.br SERVIMED www.servimed.com.br SINCOFARMA-SP www.sincofarma.org.br SINDUSFARMA www.sindusfarmacomunica.org.br SINITOX www.fiocruz.br/sinitox_novo SINMETRO www.inmetro.gov.br/inmetro/sinmetro.asp SOCIEDADE BRASILEIRA DE CEFALEIA www.sbce.med.br SUNDOWN www.sundown.com.br

T TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS www.trevisan.edu.br

U UNB www.unb.br UNG www.ung.br UNICAMP www.unicamp.br UNIFESP www.unifesp.br

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