Newsletter GPLiJ n.05 (Mar-2023)

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Olá! Sejam muito bem-vindos e bem-vindas à edição de fevereiro da Newsletter do G.P. Literatura Juvenil: Questões teóricas e práticas de leitura.

Essa edição da Newsletter é totalmente dedicada a uma linguagem dentro da literatura que os jovens adoram: as Histórias em Quadrinhos. Para isso, temos uma seção em homenagem ao Mauricio de Sousa, candidato à ABL, trazendo foco nos personagens de inclusão em sua Turminha, uma seção sobre o fantástico nos quadrinhos e uma sobre metaficção. Temos também as nossas já tradicionais indicações de leitura (com temática Adaptações de clássicos para os quadrinhos) e as dicas de lançamentos e eventos!

Bons voos e até a próxima edição!

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MARÇO, 2023 EDIÇÃO Nº 05
2023
© M a u r i c i o d e S o u s a P r o d u ç õ e s

FELIZ ANIVERSÁRIO, MÔNICA! UMA HOMENAGEM A MAURÍCIO DE SOUSA

No mês em que sua criação completou 60 anos, Maurício de Sousa, pai e criador da Mônica, anunciou a sua candidatura à uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, entretanto, a mente por trás da história em quadrinhos mais popular do país já é imortal. Em um domingo de 1963, Mônica, a líder da turma do Bairro do Limoeiro, mostrou a que veio pela primeira vez com seu inseparável coelho azul, seus pés descalços e seu vestidinho vermelho. Desde então, ao lado de Cebolinha, Cascão e Magali, a turma conquistou mais de 3 gerações ao longo de 6 décadas, além de ter reivindicado seu espaço no cinema e na televisão, além das prateleiras de supermercados e farmácias.

As vitórias de Maurício são inúmeras, mas talvez uma das mais relevantes entre elas seja seu pioneirismo na inclusão de personagens neurodivergentes e PCD (pessoas com deficiência) em sua obra Reconhecidos nacionalmente como fonte de aprendizagem para jovens leitores, os gibis da Turma da Mônica, assim como os materiais institucionais de auxílio a educação, retratam a realidade de diferentes tipos de crianças, cada uma com suas singularidades que as tornam ao mesmo tempo únicas e representativas. Entre elas estão: André, Luca, Dorinha, Tati e Haroldo.

André teve sua 1ª aparição em 2003 no quadrinho Um Amiguinho Diferente, quando a Maurício de Souza Produções apresentou para o Brasil a primeira criança abertamente diagnosticada no espectro autista da turma.

No ano seguinte, Dorinha, menina jovem, estilosa e com deficiência visual, se muda para o bairro, se tornando rapidamente uma grande amiga do quarteto principal. O encantador e charmoso Luca aparece no mesmo ano no gibi Um Menino Sobre Rodas para mostrar que sua cadeira não o impede de ser o pequeno galã do bairro Em Acessibilidade de 2006, Tati surgiu. Uma das caçulas do grupo, a pequena menina com síndrome de Down possui um coelho azul assim como a protagonista, demostrando que toda criança deve participar da brincadeira. No ano de 2019 a Editora Panini publicou O que está acontecendo?, e, fazendo uso do novo amigo de Cebolinha e Cascão, Haroldo, Maurício e sua equipe alertam adultos sobre as necessidades de uma criança epilética enquanto ensinam os jovens leitores sobre uma nova realidade que precisa ser respeitada.

POR MARIA VICTÓRIA SEIXAS

OUTROS CAMINHOS LITERÁRIOS

"Não era você que eu esperava" conta a relação de um pai com a filha com Síndrome de Down Como lidar com o inesperado? Como lidar com uma criança com deficiência? Fabien Toulmé escreve de maneira sensível sobre o assunto em uma narrativa em quadrinhos muito especial.

"A diferença invisível" é uma narrativa extremamente pessoal sobre a vida da própria autora, Julie Dachez, mulher autista, seus desafios e conquistas A ilustradora Mademoiselle Caroline traz também seu olhar em um jogo de cores que amplia a percepção da leitura.

"Jun" é uma graphic novel coreana, da renomada autora Keum Suk Gendry-kim que de uma forma sensível e emocionante, narra a história real de um menino autista (e sua família) que se tornou famoso em seu país por sua relação com a música.

"Demolidor" é um personagem bastante reconhecido da Marvel, principalmente por sua série na Netflix, que tem início nas histórias em quadrinhos. O personagem, cego, usa de seus outros sentidos e muita habilidade para combater vilões do dia-a-dia.

O FANTÁSTICO EM QUADRINHOS

O Fantástico hoje tem um papel de destaque nas produções literárias juvenis, e em especial no que diz respeito às Histórias em Quadrinhos, onde ganha incontáveis produções em todos os seus subgêneros –ficção científica, distopias, alta fantasia, etc. É sobre algumas dessas HQs que falaremos na newsletter desse mês.

Começando pela alta fantasia – e por grandes nomes dos quadrinhos nacionais, como Marcelo Cassaro, Erica Awano, Rodrigo Reis, Rogério Saladino, e Petra Leão (que inclusive tornou-se personagem desse quadrinho) – temos Holy Avenger, que se passa em um mundo de fantasia medieval chamado Arton, e conta as aventuras de uma druida, um ladino, um troglodita e uma maga em busca de vinte itens mágicos chamados de rubis da virtude, que possuiriam o poder dos deuses desse mundo mágico O mundo de Arton hoje é o maior universo de fantasia nacional, e se expandiu em outras publicações em quadrinhos, obras literárias, jogos eletrônicos, e suplementos de RPG (de onde saiu a inspiração para a criação desse vasto e rico universo.

No campo da distopia está um dos maiores clássicos das Histórias em Quadrinhos, X-Men. Dias de um futuro esquecido, dos geniais Chris Claremont e John Byrne, que narra a viagem da mente da mutante Kitty Pryde de volta para seu corpo de treze anos, a fim de evitar o assassinato de um senador que provocou – no futuro da personagem – a criação de um estado autoritário, violento e xenofóbico controlado por robôs tecnologicamente avançados chamados Sentinelas, cujas programações principais são a de manter a ordem a qualquer custo, e a de exterminar mutantes.

Por fim, no campo da ficção científica propriamente dita, temos o mangá Ghost in the shell, de Masamune Shirow, que se passa em um mundo futurista e ultra tecnológico, onde humanos aprimoram seus corpos com equipamentos tecnológicos e convivem com uma diversidade de ciborgues, androides e robôs. A narrativa gira em torno da Major Motoko Kusanagi, que ao lado de sua divisão especial da polícia está caçando um hacker cibernético altamente perigoso, que se revela um programa de computador que criou “vida”.

© H o l y A v e n g e r s
LITERATURA
FANTÁSTICA • POR EVANDRO FANTONI E MARIA VICTÓRIA SEIXAS

QUADRINHOS QUE FALAM COM VOCÊ

Na Newsletter desse mês, toda dedicada às Histórias em Quadrinhos, para a coluna já tradicionalmente dedicada a esse tema escolhemos trazer alguns exemplos de HQs que falam com os leitores, em um movimento que chamamos de “metaficcional”, que é quando uma obra de ficção “conversa” com o mundo real.

O exemplo mais famoso de personagem dos quadrinhos que interage com seus leitores certamente é o do mercenário mutante Wade Wilson, o Deadpool, da Marvel Comics. O mercenário tagarela, como é conhecido pelos fãs, tem consciência que é uma personagem de HQ e não apenas faz piadas com isso, como por vezes discute e briga com o leitor, que está sentado com a “revista nas mãos, se divertindo enquanto ele apanha”, e pergunta se estamos “gostando do espetáculo”.

Ainda dentro do contexto da Marvel Comics temos a personagem She-Hulk (Mulher-Hulk em algumas traduções), que com frequência também quebra a quarta parede, ou seja, faz esse contato como leitor, trazendo para dentro do universo onde se desenvolve o quadrinho

Também observamos a quebra da quarta parede na adaptação em quadrinhos do “Conto de escola”, de Machado de Assis, realizada por Silvino, onde o narrador da adaptação não é outro senão o próprio Machado – que, aliás, quebrava a quarta parede em seus romances antes mesmo de a expressão ter sido cunhada –, que faz um duplo movimento metaficcional, uma vez que conversa com o leitor sobre a história que está contando ao mesmo tempo em que interage com alguns objetos e cenas da narrativa, cujos personagens parecem não dar com a sua presença.

Movimento semelhante acontece com a adaptação de Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã dos Contos extraordinários, de Edgar Allan Poe, onde o grande escritor estadunidense aparece como narrador das histórias – e nessa condição conversa com um corvo e ao mesmo tempo com o leitor – e personagem das mesmas.

Essa estratégia é muito interessante, pois conversa com o leitor e o "convida" a participar de forma direta na narrativa, além de quebrar qualquer expectativa de leitura, uma vez que nos vemos dialogando com os próprios personagens. E aí, já se deparou com alguma HQ que fala com você?

© D e a d p o o l QUADRINHOS • POR EVANDRO FANTONI E LUARA ALMEIDA

RECOMENDAÇÕES TEMÁTICAS • POR LAÍS SAUERBRONN

ADAPTAÇÕES PARA QUADRINHOS

Vidas Secas • Graciliano Ramos, Arnaldo Branco (roteiro), Eloar Guazzelli (2015)

Em um país onde a fome e a miséria constantemente marcam presença nos livros de história e no cotidiano de milhões de pessoas, não há como se deparar como a longa e tortuosa jornada de Fabiano e sua família de retirantes sem sentir um gosto amargo na boca e um aperto no coração. É quase impossível passar pelas páginas do livro de Graciliano Ramos sem sentir a secura e pobreza do sertão transparecendo através de suas palavras, que relatam as dores e a miséria daqueles que lutam para sobreviver onde muitas vezes falta até o mínimo. Através de ilustrações quase ausentes de cores, Eloar Guazzeli consegue criar imagens que traduzem a angústia e o desamparo dos personagens, castigados pela fome e pela penúria, criando no leitor a mesma sensação inquietante de compaixão e pesar ao virar a última página.

Os Lusíadas • Luís de Camões, Denyse Cantuária (adaptação), Fido Nesti (Ilustrador) (2006)

Fazer a adaptação em quadrinhos de um clássico da literatura portuguesa que possui 450 anos pode parecer uma tarefa intimidadora para muitos. Uma que seja direcionada ao público juvenil soa como um trabalho hercúleo e quase impossível, mas não para Fido Nesti. Com um estilo arrojado e colorido, o ilustrador consegue transformar a epopeia secular de Camões em uma viagem leve e divertida, onde o leitor é convidado a conhecer as aventuras de Vasco da Gama e a passear por histórias que traçam o retrato de uma Portugal no início de sua ascensão.

Noite na Taverna • Álvares de Azevedo, Marcel Bartholo (ilustrador) (2020)

Considerada por muitos como uma das antologias de contos mais macabras da literatura brasileira do século XIX, a obra célebre de Álvares de Azevedo ganhou uma adaptação pela Editora Ateliê da Escrita que consegue ser tão envolvente e sombria quanto as páginas do livro original. O jogo de cores feito com as palhetas escolhidas pelo ilustrador Marcel Bartholo criam não somente imagens que conseguem provocar um misto de fascínio e terror no leitor, mas que também são trabalhadas para que cada conto tenha uma estética própria – sem deixar de lado o ar trágico e sinistro que o texto original carrega em suas palavras.

FEIRA DO LIVRO

A feira do livro da UNESP chega a sua quinta edição, na versão online (40% de desconto) e presencial em São Paulo (50% de desconto). Confira as editoras participantes em feiradolivrodaunesp.com.br

LIVE VIAGENS LITERÁRIAS

Viagens literárias

Próximaparada:históriasemquadrinhos

Com sérgio Alves - Editora caraminhoca

12 a 16/04 • ONLINE E PRESENCIAL 12/04 ÀS 19h • CANAL YOUTUBE LITERATURA PUC-SP

Dando continuidade às lives do Grupo de Pesquisa em Literatura Juvenil (GPLIJ.PUC-SP), a nossa próxima parada é uma conversa com o editor

Sérgio Alves, da Caraminhoca. Não vai perder né?

#EVENTOS

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