REVISTA 4

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Gis Creatio

O mundo que vemos e o mundo em que vivemos

SĂ“ PEIXE! Praia das Figueiras por Gislene Vieira de Lima



Aquรกrio por Gislene Vieira de Lima



A sem garรงa Aviรฃo por Gislene da balsa Vieira por Gislene de LimaVieira de Lima



Fazendo Rio Sucuri pose 2 por por Gislene GisleneVieira Vieira de de Lima Lima



Rio Sucuri por Gislene Vieira de Lima


A SAGA DO MACACO A imagem do mico ai do lado acabou me fazendo lembrar de uma de minhas inúmeras atrapalhadas de viagem. Essa foi em Bonito, um dos lugares mais interessantes que eu já conheci. Quem viaja com pacotes sabe que todo dia tem um passeio para algum lugar. Teve um dia em que quase todo mundo decidiu ir numa viagem corrida de um dia ao Paraguai para fazer compras. Pensei com os meus botões que se quisesse fazer compras, teria feito uma viagem para o Paraguai, não para Bonito, e decidi ficar para fazer uma pequena aventura solitária indo de bicicleta até o balneário municipal. Algo bem comum de se fazer por lá. Fui até o centro de mototaxi (lá não tem ônibus, ou é a pé ou de mototaxi), esperei a loja abrir, aluguei minha bicicleta e após pedir algumas orientações, peguei rumo. Eu sempre gostei de andar de bicicleta mas, francamente,

não tenho coragem de enfrentar o trânsito de São Paulo então quando ando de bike acabo levando um tempinho para me acostumar com ela. Então minhas primeiras pedaladas estavam entre reencontrar o equilíbrio e observar as placas que indicavam o tal balneário. Daí que a dado momento percebi que a estrada se tornou de terra e as casas foram rareando. Não havia ninguém para pedir informação mas as placas iam indicando aquele caminho então fui seguindo. Quando comecei a desconfiar que tinha algo Foto: “Congestionando” São meio Paulo por de Lima sem errado estavaemno deGislene lugarVieira nenhum,


ninguém por perto, com apenas um sol estalando em minha cabeça pois, obviamente, nem havia me preocupado em colocar um boné ou chapéu e a garrafa de água pela metade. Decidi respirar fundo e ir aos pouquinhos, descansando nas sombras, batendo fotos, já que vira e mexe aparecesse no meio da estrada aquelas placas indicando que aquele era o caminho para o balneário. Pensava com os meus botões que caminho fácil uma ova. Quem tinha inventado aquilo de que era bico ir de bicicleta devia ser algum maratonista. A parte boa/ruim, era que a estrada era ondulada. Então eu sofria para subir os declives (geralmente ia empurrando a bicicleta mesmo) e depois aproveitava um bom trecho só no N embalo TREPI DA TE daquela estrada. Aos poucos as fazendas foram sumindo e só existiam eu, o mato alto e as placas. O diacho é que sempre que eu pensava em desistir surgia uma nova placa indicando o balneário logo à frente. E nada de aparecer uma alma para me dar informação. Se bem que àquela altura do campeonato, se aparecesse alguma alma eu estava mais propensa é a sair correndo. Ou pedalando. A cada meia hora eventualmente ainda passava um carro. Pelo menos o meu corpo seria encontrado. Nova placa. Siga adiante. Vou ou não vou? Bom, era um longo declive que ia dar em uma curva. Talvez o balneário estivesse depois da curva. Montei na bicicleta e desci tomando cuidado com os buracos. Depois da curva, que decepção, só mais estrada de terra vazia. De diferente, lá na frente, algumas pedrinhas pretas no meio da estrada. Resignada, fui no embalo. Em algum momento eu teria de chegar a algum lugar. Afinal eu não estava tão desamparada assim, já que tinha o meu celular e o número do hotel. Difícil ia ser explicar onde eu estava. Era melhor me localizar primeiro. E o celular? Será que estava pegando? Com uma mão no guidão fui descendo o declive enquanto com a outra dei uma olhada no celular lembrando daqueles filmes de suspense. Não tinha problemas. Lá estava o sinal e a bateria totalmente carregada. Nisso, as tais pedras que estavam um meio metro adiante começaram a se mexer e sair correndo para mo mato. Dei um grito quase derrubando o celular e perdendo o equilibrio, quase cedendo aos instintos de brecar e, obviamente, na velocidade em que estava, dar um giro mortal de 3 voltas e cair estatelada no chão, mas no fim, acabei deixando a bicicleta em seu embalo e passei no meio daquelas pedras corredeiras entendendo que se tratavam de


enormes lagartos negros estendidos ao sol. Daí que me ocorreu que estava em uma estrada de terra, no meio do mato, preocupada com os medos urbanos (humanos) que nem me lembrei que provavelmente outros animais poderiam estar à espreita. Agradeci aos céus por não termos nem ursos nem leões. Aqueles lagartos apareciam hora ou outra lá na frente da estrada, mas pareciam pressentir a minha presença e corriam para o mato antes que eu conseguisse ter uma distância razoável para fotografá-los. Então, ficaram só na memória mesmo. Por conta deles não tive a coragem de fazer as pausas nas sombras como estivera fazendo até então e tive que suportar o sol forte até finalmente, já achando que ia ter de dar um jeito de voltar, encontrei a entrada para o balneário. Uma porteira. Me senti orgulhosa. Havia conseguido. Mas, por mais que olhasse, nem sinal do balneário. Apenas um enorme declive dentro da fazenda. Bom, era uma descida. Pra quem já tinha passado por tanto, o que era uma decida. Entrei e segui no embalo. Bois e vacas começaram a surgir aqui e ali. Pior, diferente dos outros bichos, eles apenas me encaravam com um certo desprezo e não saiam do lugar. Fui desviando com cuidado até ser obrigada a descer e ir devagarinho para não irritar algum boi bravo. Só me faltava essa. Finalmente, cheguei à entrada real do Balneário. Peguei o pessoal de surpresa. As visitas sempre vinham de carro ou de van ou de ônibus. Reclamei com a garganta seca como é que podiam dizer que aquele era um caminho fácil. E aí descobri que eu, em minha costumeira distração, havia confundido os nomes dos balneários. Nem o moço da portaria acreditava que eu tivesse vindo sozinha e de bicicleta. Envergonhada, paguei a entrada, larguei a bicicleta em um canto e fui me hidratar e descansar tentando não pensar em como iria voltar. Se não tivesse a bicicleta ainda podia pedir uma carona. Chamar um mototaxi. Ai ai. Procurei aproveitar deixando para pensar naquilo mais tarde.

Comi, nadei, conversei com um


pessoal que trabalhava por lá, a fofoca da turista maluca que tinha vindo de bicicleta do centro já tendo quebrado a rotina um tanto quanto monótona já que os poucos que ali estavam eram os turistas que haviam optado por se hospedar ali. No fim tirei um bom cochilo até que um funcionário veio me avisar que uma família de macacos havia chegado. Turista é bicho besta, lá vou eu atrás da minha máquina para bater fotos. Um funcionário me explicou que aqueles micos adoravam milho. Eles gostavam daquele miolo branco do milho de pipoca. Admirada comprei um pacote e espalhei um pouco pelo chão e não é que eles vinham mesmo pegar? Bati fotos como uma tonta e depois, cansei da brincadeira e resolvi voltar para o meu cochilo. Coloquei o saco de pipoca do lado da cadeira já que os bichos tinham voltado para o alto da árvore. Acordei com o grito do funcionário a tempo de ver e me jogar sobre um trombadinha que revirava a minha bolsa e saiu correndo com o meu celular na mão. O trombadinha era o mico. O funcionário foi rápido e se jogou sobre ele que, assustado, largou o aparelho e subiu para o alto da árvore. Aliviada ao ver o celular na mão do rapaz olhei para as minhas coisas a tempo de ver um mico miudinho, correndo sob as duas patas, carregando o pacote de milho maior do que ele em desabalada correria. Os bandidos haviam arquitetado um plano para roubar o milho. Ninguém havia me informado sobre os índices de criminalidade entre os símios. So me restou dar risada enquanto eles se alojavam no alto de postes e árvores e compartilhavam o saco em evidente desrespeito à lei brasileira. Depois de tudo isso, já descansada e bem humorada, apenas retornei pelo mesmo caminho em que viera, já tranquila em saber para onde estava indo e por onde estava passando. E provavelmente acabei ampliando as piadas sobre turistas desastrados ao entrar na loja para devolver a bicicleta coberta dos pés à cabeça pela poeira vermelha que se desprendia do chão de terra batida, carregando no alto da cabeça um boné que havia comprado no balneário para me proteger do sol na volta. Ainda lembro do rosto da atendente quando entrei na loja. Ela só arregalou os olhos com espanto e perguntou incrédula: - Você foi de bicicleta até o Balneário do Sol????


CAIU NA REDES

EE L E PIK

´E GENTE!

Este aqui é um espaço para falar de gente. Pessoas que fazem da vida uma arte e que

mesmo não tendo aparecido na TV seguem deixando a sua marca nas coisas que escolheram fazer em suas vidas. O Spike eu conheci quando fui trabalhar em uma entidade social aqui de São Bernardo do Campo. Foi um dos primeiros grafiteiros aqui do município na época que existia duas posses (gangs de rua): a M.R.O. (Movimento Rap Organizado) e a Booguidown. Na época fazia sua arte para as duas. Na década de 90 se formou oficineiro no seguimento criança se destacando por não por não utilizar o spray em suas obras que eram feitas com pigmentos, latex e muita criatividade. Quer saber mais sobre o seu trabalho? É só procurá-lo no Youtube pelo nome “grafiteiro2008”. Quando andar pela cidade de São Bernardo, fique de olho. Tem muita arte dele espalhada pelos muros da cidade.

Entre em contato pelo: spikebike@yahoo.com.br * spikebike1@hotmail.com * (11) 99886-6041

para vocês darem uma olhada.

No trabalho

Vou copiar algumas

Fim do dia

para postar no blog.

Acordando

faço dessas tirinhas

Na ½ do dia

TIRINHA De vez em quando eu

O único problema com o cabelo cacheado é que ele tem vida própria...


TROPA DE ELITE 2

Feriado, decidi colocar alguns filmes em dia. Esse aqui demorou tanto que já saiu a continuação. É que filmes assim eu sei que vou ter de ficar processando por um bom tempo para ter uma conclusão sobre o que assisti e por isso, quando chego do trabalho cansada acabo protelando. Mas posso adiantar as duas sensações meio conflitantes que me acompanharam no final: O orgulho em ver o quanto o cinema brasileiro evoluiu nos últimos anos e a vergonha em me reconhecer enquanto brasileira dentro desta história e me pegar perguntando até onde a realidade e a ficção estão interligadas nesta história muito bem contada. Para quem não assistiu e quer pensar um pouco na vida só posso recomendar. Agora só preciso criar coragem pra assistir ao próximo.


G

e l l e is

Eu vou ser bem sincera com vocês para não passar falsas impressões de cultura. Venho de

uma família simples criada na tradicional triologia:

churrasco, futebol e novela. O que adquiri da famosa “cultura

clássica” me veio através de livros. Aliás, um objeto bem estranho para boa

parte da família. Por isso nunca consegui ter sensibilidade suficiente para gostar de

balé, ópera ou até mesmo, do teatro. O que me salva é que eu sou apreciadora de uma boa história em todas as mídias e isso acaba estimulando que eu consiga corajosamente acompanhar um balé romântico como esse por mais de uma hora. Tirando o meio pelo qual a história é contada, Giselle tem um enredo muito interessante que mescla romance e terror, seguindo a linha do Fausto. Giselle é uma camponesa que se encontra e se apaixona por um príncipe disfarçado. Quando finalmente descobre a impossibilidade desse amor, seguindo toda boa tragédia de época, ela se mata. No entanto, a família do príncipe também é amaldiçoada e quando esse morre, as “willis”, seres espectrais à semelhança das valkirias, vem tomar sua alma. Giselle intercede e dança com a rainha dos mortos até o raiar do dia, salvando assim a alma do amado.


Esta semana terminei de ler esse livro que me foi enviado pela autora Mariana Mello Sgambato. Eu sou uma pessoa meio lerda para ler porque geralmente leio vários livros ao mesmo tempo então. Isso ainda se torna mais complicado quando no meio de uma leitura surge uma ideia para os meus próprios livros e ultimamente eu tenho sido assombrada por uma história que vira e mexe, como se fosse uma criança carente, fica pedindo por atenção.

Bom, mas chega de

desculpas e vamos falar do livro. Beijos e Batom é u m l i v r o i n t e r e s s a n t e q u e a c r e d i t o, provavelmente seria delicioso de se ler se eu fosse algumas décadas mais nova. Trata-se das

aventuras e desventuras amorosas de um trio de amigos que entre trapalhadas, beijos, amores confusos e sexo acabam se descobrindo aos poucos enquanto tentam, em paralelo, lidar com suas famílias problemáticas. Boa parte da história se passa em dois ambientes principais: dentro das casas dos protagonistas e dentro da escola que pulsa como um ambiente vivo e cheio de possibilidades apesar da aparente monotonia das aulas. A capa, provavelmente, vem inspirada na personagem principal, Bia, uma garota descolada que parece ser muito capaz de lidar com o mundo à sua volta apesar de ainda precisar de um pouco mais de experiência quando se trata de reger sua própria vida. Além dela temos Gustavo, seu irmão, um rapaz romântico e bem menos maduro que sua irmã e o melhor amigo deste, Daniel, um rapaz mais confuso e passivo que não parece saber muito bem o que quer da vida e que na melhor linha “deixa a vida me levar” acaba jogando todo mundo em confusões.


Ufa! Esta semana escrevi demais já que tive um dia inteiro de folga. Por favor, não fiquem mal acostumados. Eu prefiro mesmo é postar imagens e letras beeem grandes. Ultimamente o que mais tem me aparecido quando penso em escrever é a história Pés de Louça. Isso é uma coisa ruim porque, na verdade, eu deveria estar criando imagens e propostas de divulgação para o meu segundo livro, o Padaria. Pelo conteúdo da revista já deu para ver que eu fiz de tudo essa semana menos fazer algo pelo Padaria. Eu acho particularmente difícil de fazer as imagens para este livro porque elas sempre me vem em forma de fotomontagens e é difícil conseguir convencer alguém a ser um modelo de “monstro”. Para se ter uma ideia de como é difícil, na hora de criar o marcador, acabei eu mesma me enfiando debaixo de uma coberta como se fosse alguma retirante para poder montar a figura da morte tomando um cafezinho. Eu ainda estou incerta quanto a este marcador. Queria algo mais próximo da ideia de fantasmas, porém, ainda estou sofrendo para conseguir uma boa modelo para isso. Enquanto isso vou me virando com os desenhos como posso mas ainda estou aqui pensando em como vou poder fazer o vídeo para este livro. Tá vendo como escritor nacional sofre? Tem que ser que nem bombril, mil e uma utilidades. O jeito é voltar para a labuta e pensar em como criar fantasmas usando uma sulfite e meio prego. Rs. Até semana que vem!


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