O CDS e a Democracia Cristã (1974-1992)

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Uma vez mais, o partido rejeitou a alternativa democrata cristã alegadamente herdeira do espírito fundacional do CDS e optou pela alternativa mais à direita. Assim, em Abril de 1986, é Adriano Moreira que sobe a líder do partido. Se a liderança de Lucas Pires, apesar de criticada por ser direitista, foi tolerada por alguns fundadores democratas cristãos e encarada como um interregno no rumo do partido, a liderança de Adriano Moreira afastava-se já muito do rumo que esses fundadores haviam delineado. Assim, vários destacados militantes do CDS fundaram o grupo “Nova Democracia”158, tutelados pela figura de Diogo Freitas do Amaral, então candidato derrotado a Presidente da República, alguns dos quais assumiam a possibilidade de se candidatar em eleições legislativas nas listas do PSD159. O CDS de Adriano Moreira estava, de facto, longe das inspirações doutrinárias dos tempos fundacionais do CDS. Este aspecto está bem patente num documento da direcção de Adriano Moreira, que propõe as exigências políticas imediatas do CDS para uma Democracia Cristã em Portugal, nele se resumindo uma renovação do discurso democrata cristão, muito para além da renovação que Lucas Pires entendera urgente. A primeira exigência, que se impõe mesmo antes da exigência de respeito total pela dignidade da pessoa humana, é precisamente a da consagração de Portugal como o valor fundamental superior a todos os outros valores políticos. Para a nova direcção do CDS, “a Nação Portuguesa deverá manter-se viável e

Entre esses membros estavam Luís Barbosa, Vítor Sá Machado, Roberto Carneiro, Maria do Rosário Carneiro, José Ribeiro e Castro, Maria Celeste Cardona e Rui Pena, in Diário Digital de 14 de Março de 2003. Estes nomes seguiram, depois, rumos e destinos diferentes. Luís Barbosa, Vítor Sá Machado e Maria do Rosário Carneiro formariam uma nova Associação, nos anos 90, que, integrada nas listas do PS, elegeria alguns deputados nas Eleições Legislativas de 1995, 1999 e 2001, Roberto Carneiro seria Ministro da Educação em Governo PSD, José Ribeiro e Castro e Maria Celeste Cardona regressariam posteriormente às Direcções do CDS, chegando este a Presidente do CDS/PP e esta a Ministra da Justiça, em Governo PPD/PSD em coligação com o CDS/PP e Rui Pena seria Ministro da Defesa em Governo PS. 159 Cfr. RICHARD A. H. ROBINSON, ob. cit., pág. 966. 158

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