O CDS e a Democracia Cristã (1974-1992)

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dirigentes do partido. Francisco Lucas Pires chegou mesmo a exigir uma nova base programática para a AD141, apresentando um tom crítico relativamente à política de coligações do CDS142. A morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa em Dezembro de 1980 veio perturbar os planos do CDS de se assumir como o braço democrata cristão de uma grande frente eleitoral. Em 1982, no seguimento do definhar da AD e da ruptura com Francisco Pinto Balsemão, Diogo Freitas do Amaral demitiu-se de todos os seus cargos no Governo e no partido e abriu caminho à sua sucessão. Agora que Diogo Freitas do Amaral saía do partido e que a AD chegava ao fim, o CDS estava finalmente em condições de saber qual o seu espaço e qual o seu papel no sistema partidário português. Finalmente, depois de 3 anos integrado numa coligação governamental que reunia uma frente que agrupava figuras do centro-esquerda até à direita, o CDS poderia testar a estratégia seguida até aí. Seria o CDS um partido capaz de congregar o eleitorado tradicionalmente próximo da democracia cristã, moderado, de centro, a par do eleitorado conservador? Seria o CDS capaz de se impor no panorama político português, competindo com o PPD/PSD pela liderança do espaço político à direita do Partido Socialista? Sem o comando dos seus criadores máximos, chegava finalmente a hora de perceber o que era, ao certo o CDS. Sem a presença tutelar de Diogo Freitas do Amaral ou de Adelino Amaro da Costa, o que decidiriam os militantes do CDS? Assumir a democracia cristã?

Cfr. RICHARD A. H. ROBINSON, ob. cit., pág. 962. De acordo com Francisco Lucas Pires, na altura Vice-Presidente do CDS, um partido democrata cristão não deveria ser apenas um partido de poder, tendo mesmo de ser, por vezes, um partido de protesto, pelo que se tornava essencial, na sua opinião, rever a democracia cristã, nisso implicando um reposicionamento do partido no sistema político português, FRANCISCO LUCAS PIRES, Rever a Democracia Cristã in Democracia e Liberdade, n.º 20, Lisboa, 1981, pág. 65. 141 142

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