Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

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O recorde da Geração Y Yans, Yasmins e Yuris, nascidos nas décadas de 80 e 90, chegam em número sem precedente à UnB 08

SEGUNDA-FEIRA - Brasília, 11 de Maio de 2009

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE

Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

ANO 39, EDIÇÃO Nº335

CIÊNCIA E TECNOLOGIA FOTO: IZABELLA MIRANDA

FOTO: CAMILLA MACHUY

A consciência ambiental vem para o dia-a-dia por meio das simples técnicas da permacultura. A prática atrai cada vez mais brasilienses CULTURA FOTO: IZABELLA MIRANDA

Carros oficiais que conduzem o ministro Gilmar Mendes para dar aulas na UnB usam estacionamento preferencial. Motoristas da FUB também cometem a infração 04

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05

Novas bandas despontam na cena musical nacional fazendo releituras de antigos sucessos de artistas da MPB ESPORTE

ESPECIAL

Universitários recuperam afluente do São Francisco FOTO: TCHÉRENA GUIMARÃES

Nilson Nelson sem esportes FOTO: LEONARDO MUNIZ

07 Reformado no ano passado com gastos de R$ 10 milhões, ginásio terá apenas quatro competições esportivas, em um total de 25 eventos previstos para este ano POR AQUI

Novo DCE quer fiscalizar Reuni FOTO: ÉTORE MEDEIROS

ÁREA REFLORESTADA COM MUDAS DE UMBAÚBA ÀS MARGENS DO RIBEIRÃO SANTA ISABEL

03 Pequenas nascentes do Rio Paracatu e matas

próximas que sofriam com a erosão estão sendo regeneradas pelos ribeirinhos da região com ajuda de professores e estudantes

04 A chapa “Pra fazer

diferente” venceu as eleições com 1.877 votos. Discussão sobre a paternidade da ocupação da reitoria e vinculação partidária marcou a campanha eleitoral


2 Opinião ))

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília Campus Darcy Ribeiro, Faculdade de Comunicação, ICC-Ala Norte. Contato: (61) 3307-1925 Ramal 207/241 – campus@unb.br - Caixa Postal: 04660 CEP: 70910-900

EXPEDIENTE Editora-chefe: Marciele Santos Secretária de Redação: Mayara Reis Diretor de Arte: Lucas Doca Editores: Anna Carolina Vilela (Opinião), Camila Guedes (Por Aqui), Filipe Kafino (Cultura), Ana Paula Paiva (C&T), Bruno Silva (Esporte & Saúde), Leonardo Muniz (Comportamento), Camilla Machuy (Fotografia), Izabella Miranda (Especial) Repórteres: Ana Cláudia Felizola, Anna Beatriz Lemos, Bárbara Lopes, Fabiano Bonfim, Fernanda Neves, Gláucia Cristina, Maria Scodeler, Marina Bosio, Naiara Leão, Sacha Brasil, Taíssa Dias e Tchérena Guimarães Fotógrafos: Izabella Miranda, Naira Gomes e Pedro Duprat Diagramadores: Amanda Gonzaga, Juliana Leão, Juliana Nogueira e Luciana Albuquerque Projeto Gráfico: Filipe Kafino, Leonardo Muniz, Lucas Doca e Naiara Leão Professor responsável: Solano Nascimento Professor de fotografia: Lourenço Cardoso Jornalista: José Luiz Silva Monitores: Janine Moraes e Marina de Sá Suporte Técnico: Pedro França e Mário Filho TIRAGEM: MIL EXEMPLARES - GRÁFICA GUIAPACK

EDITORIAL

Uma questão de consciência

O

Senado volta a discutir a redução da maioridade penal e a grande questão é se a idade mínima para penalização deve baixar para 16 anos. O fato é que aquele que não entende nem conhece as regras ou leis não pode ser julgado da mesma forma que o indivíduo plenamente consciente das consequências de seus atos. Ressalte-se aí a expressão “plenamente consciente”. É bem possível, e, em muitos casos, comprovado que adolescentes com até 17 anos reconhecem direitos e deveres, mas, sendo ainda dependentes em termos civis, não podem ser obrigados a ter “pleno” conhecimento da lei. É comum usar o argumento de uma juventude cada vez mais precoce e, por isso, mais “responsável”, ao se defender a redução da maioridade penal.

ILUSTRAÇÃO:

No entanto, reduzir a idade mínima é determinar o desaparecimento gradual do direito a uma transição verdadeira da infância à vida adulta. Mecanismos legais que resguardam a adolescência já existem, só não têm sido aplicados corretamente: a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Decidir por uma mudança da maioridade é uma estratégia de fuga da responsabilidade do governo de garantir um sistema eficiente de recuperação e reintegração dos jovens detidos. É preciso trabalhar para assegurar que os adolescentes respondam por seus erros e tenham um acompanhamento que lhes dê maiores perspectivas no futuro.

ILUSTRAÇÃO: RAFAEL BENJAMIN

Carta do leitor Por estudar à noite, são raras as vezes que tenho oportunidade de ler o Campus. E fui pega de surpresa pela nova edição, que me chamou a atenção, sobretudo pela chamada de Exclusão no vestibular da UnB. Como ex-aluna de escola pública, a matéria me impressionou. Como pode o vestibular da UnB tornar o ingresso de alunos da rede pública ainda mais difícil? Sei que sou uma exceção por ter passado no vestibular no 3º ano, mas também sei de todas as dificuldades que um aluno de escola pública enfrenta: falta

!

de professores, greves constantes, infraestrutura ruim. E me preocupa bastante imaginar um vestibular que exclua ainda mais esses estudantes. É de extrema importância que se traga esse debate para dentro da universidade. Apesar de algumas matérias serem ‘batidas’, outras como As tribos da fome e Um laboratório chamado cerrado trouxeram dados novos não contemplados pela grande mídia. Creio que é esse o objetivo de um jornal-laboratório: experimentar, produzir algo diferente, trazendo discussões que valorizem a universidade.

Participe também do Campus, escreva a sua carta Envie críticas e sugestões para campus@unb.br

OMBUDSKIVINNA

O medo de abrir a caixa de Pandora Ana Rita Cunha, estudante do 7° semestre de Jornalismo

O

s índios não costumam ser vistos como brasileiros, mas como habitantes do Brasil. A matéria de capa da edição 334 do Campus, As tribos da fome, inverte essa afirmação não só pelo assunto, mas também ao usar como personagens estudantes indíge-

nas da UnB. A reportagem, no entanto, poderia ter deslocado a descrição do processo de busca dos dados para o final e cativado o leitor começando por contar a história dos índios. Apesar de abordar assuntos interessantes e abrir espaço para pesquisas da Universidade, essa edição do Campus optou pelo óbvio. A matéria da editoria de Comportamento, por exemplo,

Conjuntura

JÚLIA YOKO HAMATSU Estudante de Letras

fala de um assunto ‘batido’ de forma superficial e previsível. A entrevista com o desenhista Luigi Pedoni é cheia de respostas clichês. Já na entrevista com Gustavo Borges, a repórter compra os argumentos do entrevistado (como assim o Pan foi “um belo exemplo de organização e estrutura”?). Além disso, algumas matérias pecaram pela falta de diversidade de fontes. O repórter não pode simplesmente transcrever as falas dos entrevistados, os dados oficiais e de pesquisas. “A distância que

existe entre a realidade objetiva e a representação dessa realidade é percorrida pelo esforço de interpretação”, afirma a jornalista Cremilda Medina. É preciso interpretar (não meramente opinar) para que o relato sobre essa realidade seja o mais próximo desta. A interpretação passa pelo questionamento e faltou nesse Campus um espírito mais inquieto nos editores e repórteres para fazerem esse exercício.

César Augusto Pereira dos Santos é sociólogo e bolsista do CNPq pela UnB gutoss@bol.com.br

Abolição inacabada

H

á alguns dias, um jornal de grande circulação noticiou que o combate ao racismo no Brasil tem sido um desafio para a população negra. Mas questiono se o combate à discriminação racial seria uma questão exclusiva dos negros, ou seria uma questão inacabada do conjunto da sociedade brasileira. Sabemos que a escravidão no Brasil deixou marcas profundas na sociedade. Os negros chegaram sob condições bastante precárias. Muitos morreram no caminho. Vários morreram pelos maus-tratos. Desde a abolição formal, em 1888, o trabalho forçado se transformou em trabalho precário, e os maus-tratos, em constrangimentos. Hoje, apesar das políticas de combate à pobreza, a maioria dos trabalhadores do mercado informal é pardos ou negros. A sociedade brasileira tem reagido às desigualdades sociais e raciais. O reconhecimento do racismo como crime inafiançável e imprescritível na Constituição, os tratados internacionais sobre direitos humanos e a criação de uma Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial são exemplos de respostas institucionais de um país que reconhece sua dívida com a maioria da população. Por outro lado, cabe a nós o desafio constante de combater a discriminação racial em uma sociedade com herança escravocrata. ILUSTRAÇÃO: PAULO GARCIA

* Ombudskvinna, feminino de ombudsman. Na imprensa, é a pessoa que analisa o jornal do ponto de vista do leitor

HÁ QUASE 40 ANOS

Cursos da UnB são aprovados A edição nº 02 do Campus, publicada em março de 1971, comemorava a aprovação dos cursos da graduação da UnB pelo Conselho Federal de Educação. A reformulação de toda a estrutura didático-científica da Universidade em 1970, com a implantação do atual sistema de créditos exigiu que os novos currículos passassem por uma avaliação. Foi com entusiasmo que foi recebida a aceitação do novo sistema, reflexo do chamado “espírito altamente inovador da universidade”.

EDIÇÃO 335 – JORNAL CAMPUS

!

Leia o Campus Online www.fac.unb.br/campusonline

A integração racial no Brasil depende do fortalecimento da opinião pública sobre a garantia do direito à diversidade. Institutos educativos - como mídia, família, igreja, e movimentos populares - podem multiplicar a luta contra as formas de discriminação. Os debates sobre as melhores práticas de integração racial - as ações afirmativas, os incentivos de mercado, a titulação das terras remanescentes de comunidades quilombolas servem para consolidar uma opinião pública consciente do seu papel transformador. Os movimentos negros organizados têm sido forças motrizes de conquistas para a população negra. Mas a ampliação dos debates sobre o racismo e sobre direitos humanos nos mais diversos setores da sociedade reflete a relevância e a urgência da resolução dessa questão. Daí, então, que o desafio da abolição inacabada tem sido uma luta coletiva da sociedade brasileira.


(( Por Aqui 3 Veículos oficiais usados pelo ministro Gilmar Mendes ocupam espaço reservado a portadores de necessidades especiais em estacionamento da UnB

Carros do STF usam vaga especial FOTO: CAMILLA MACHUY

sacha brasil maria scodeler

V

eículos do Supremo Tribunal Federal (STF) que conduzem o ministro Gilmar Mendes, presidente da corte, para dar aulas na Universidade de Brasília usam vagas destinadas a pessoas com necessidades especiais. A apuração do Campus, feita entre os dias 8 de abril e 4 de maio, constatou que tanto o carro utilizado pelos seguranças do magistrado quanto o que transporta Mendes estacionam em vagas preferenciais. Gilmar Mendes leciona neste semestre a disciplina Direito Constitucional II, segunda e quarta-feira, das 10h às 11h50h, na sala AT 05/06 da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FA). Nas últimas semanas, por compromissos do tribunal, Gil-

mar Mendes não deu aulas em alguns dos dias previstos. No dia 8 de abril, o Omega preto da segurança do presidente do STF encontrava-se atravessado em uma vaga para portadores de deficiência. O outro Omega preto, usado por Mendes, estava fora das vagas preferenciais, mas em um local proibido para estacionamento. No dia 22 de abril, os dois veículos ocupavam as vagas preferenciais. Estudantes disseram que esse desrespeito do STF às vagas especiais é recorrente. Nos dias em que foram verificadas as infrações, os motoristas encontravam-se dentro dos veículos, conversando tranquilamente. Questionada pelo Campus, a Assessoria de Comunicação do STF deu duas respostas. No primeiro contato, disse, informalmente, que como os motoristas se encontravam dentro do carro, FOTO: CAMILLA MACHUY

ATÉ MESMO FUNCIONÁRIOS DA FUB ESTACIONAM IRREGULARMENTE

sairiam assim que um portador de necessidades especiais reivindicasse a vaga. Para um aluno cadeirante da UnB, que não quis se identificar por temer represálias, o fato de os condutores permanecerem no carro facilita. Porém, ele lembra que, quando está sozinho no veículo, é difícil alertar os infratores, pois precisaria buzinar ou descer do carro, o que seria um incômodo grande. A resposta oficial do STF foi dada mais tarde em nota enviada por e-mail ao Campus. A assessoria de Comunicação afirmou que a informação causou “indignação” ao presidente no STF. Conforme a nota, Gilmar Mendes disse que “ninguém está autorizado a delinquir em nome ou a serviço do Tribunal”. O STF acrescentou que, por determinação do ministro, foi instaurado um procedimento administrativo para apuração das responsabilidades e punição dos envolvidos. Neste caso, de acordo com a Secretaria de Segurança do STF, os motoristas, que são orientados a respeitar rigorosamente as normas de trânsito, arcam com as despesas se levarem multa. Quem é flagrado estacionado de forma irregular em vaga preferencial, além de levar três pontos na carteira, também recebe uma multa de R$ 53,21 e o veículo é retirado do local. A infração é considerada leve. O estudante portador de deficiência afirma que o desrespeito às vagas preferenciais ocorre porque a fiscalização

22 DE ABRIL - CARROS QUE FAZEM O TRANSPORTE DO MINISTRO GILMAR MENDES OCUPAM VAGAS ESPECIAIS

por parte da UnB é falha. De acordo com a Diretoria de Transporte e Segurança da Universidade, o órgão não pode autuar ninguém. “Nós não temos o poder de multar”, explica o segurança Carlos Nunes. “Em casos de infração, entramos em contato com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar ou com o Detran.”

Até FUB ignora lei

Infelizmente o caso dos veículos do STF não é o único registrado na UnB, e vários veículos foram flagrados cometendo o mesmo tipo de infração. A maioria dos violadores observados pela equipe do Campus permanece no carro para esperar alguém ao estacionar na vaga preferencial. Foi o caso de José Carlos que, às 12h do dia 28 de abril,

foi buscar a filha na Ala Sul do ICC (Instituto Central de Ciências). “Normalmente ela sai rápido. Hoje, infelizmente, está demorando um pouquinho”, disse. Minutos antes, às 11h42, um caminhão da empresa de construção civil Combrasem estava ocupando duas das três vagas para portadores de necessidades especiais no estacionamento da Ala Norte do ICC. O funcionário Sanslei Sousa confessou que sabia da infração, mas se justificou dizendo que a parada era rápida e não ocorria com freqüência. No dia seguinte, a situação se repetiu na Ala Sul do ICC. Um carro do modelo Scénic estacionou às 9h na vaga prioritária. Desceram do veículo mãe, dois filhos pequenos e a babá. Eles só voltaram às 12h. A babá Liliane Ferreira disse

que as crianças são atendidas no Departamento de Psicologia e a mãe deles sempre estaciona na vaga prioritária. “Ela tem dois (filhos) e não pode estacionar muito longe”, explicou Liliane. Nem mesmo funcionários da Fundação Universidade de Brasília (FUB) respeitam as vagas prioritárias. Em menos de duas horas, também no dia 29, dois carros da fundação estacionaram na única vaga preferencial que existe na Faculdade de Educação (FE). Raimundo Silva Viana, funcionário da FUB, deixou o carro estacionado apenas por alguns minutos. “Foi numa rapidez tão rápida”, disse Viana, garantindo ser contra o desrespeito às áreas reservadas para portadores de deficiência. “Eu sei que eu errei, mas não tinha vaga.”

ELEIÇÕES

Nova equipe do DCE promete fiscalização FABIANO BOMFIM

A

chapa “Pra Fazer diferente”, que na semana passada venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães, se comprometeu a vigiar a qualidade do ensino na Universidade de Brasília. “A UnB passa agora por um momento de expansão e, mais do que nunca, o DCE tem que fiscalizar”, disse Raul Cardoso, um dos integrantes do grupo que conquistou 1.877 votos, 40% do total. A chapa 1, “Apenas começamos”, candidata à reeleição, foi a segunda colocada, com 1.366 votos. A chapa 2 ficou em terceiro lugar, com 1.047 votos - 22,5% do total. A número 4 conquistou 689 votos, e a 5, 151 votos. Dos mais de 30 mil estudantes, 4,6 mil alunos foram às urnas.

A participação não foi grande, mas houve 900 votantes a mais que no pleito anterior, realizado em 2007. Desde a última eleição, 1,6 mil novos alunos ingressaram na Universidade. No ano passado, por causa do episódio de troca do reitor, a escolha para o DCE foi adiada. Os candidatos tiveram três semanas para conquistar os eleitores. De 13 de abril a 4 de maio, panfletaram, confeccionaram cartazes, criaram blogs e debateram suas propostas. Juntos, líderes de cada chapa reuniram-se com alunos dos quatro campi para discutir assuntos como a implantação do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e as condições de atendimento do Hospital Universitário (HUB). A queda do ex-reitor Timothy Mulholland estava nas mesas de todos os debates.

Nos encontros, havia o consenso de que a ocupação foi uma realização de todos os estudantes, apesar de somente a chapa 1 ter divulgado o feito em seu material de campanha. A vinculação partidária também era agulha de ouro nos debates. Sempre que tinha oportunidade, a chapa 5 alfinetava os adversários citando os partidos aos quais eram filiados. A intenção de criar um tabu com essa questão era refutada pelas outras chapas. “Entendemos a filiação partidária de estudantes como uma conquista da redemocratização”, disse Lorena Fernandes, que concorreu à coordenaçãogeral pela chapa 1. Cada chapa foi obrigada a entregar à Comissão Eleitoral um balanço dos gastos de campanha. O limite de recursos a serem usados era de cinco salários mínimos (R$ 2.325,00) por chapa. A chapa

3 foi a única que divulgou o balanço na internet durante a campanha. A votação foi realizada nos dias 05 e 06 de maio. Ao todo, 20 urnas foram distribuídas em pontos estratégicos dos três campi da UnB. Enquanto o pleito corria, um grupo panfletava contra a “mesmice das eleições”. O folheto “manifesto do boi” sugeriu aos estudantes que anulassem o voto e desenhassem um boi na cédula eleitoral, em protesto contra “os mesmos grupos e as mesmas práticas” nas eleições do DCE. A campanha não foi um sucesso. Houve apenas 139 votos brancos e nulos. A apuração começou na noite do dia 6 e terminou no começo da manhã do dia seguinte. Muitos universitários passaram a madrugada acompanhando o ��� escrutínio, e alguns chegaram

a dormir sobre mesas. Cinco chapas concorreram às eleições deste ano - uma a mais do que nas últimas eleições. Elas foram numeradas de acordo com a ordem de inscrição: 1) “Apenas Começamos” 2)“Unidade na Diversidade” 3) “Pra Fazer Diferente” 4) “Aliança Pela Liberdade”

5)“Oposição à Burocracia Estudantil”. Quatro entraram na disputa simultânea pelo DCE e para as representações discentes, enquanto uma, a chapa 4, dedicou-se apenas à conquista das 48 vagas para titulares e suplentes em três conselhos da Universidade. FOTO: PEDRO DUPRAT

4.653 ESTUDANTES COMPARECERAM ÀS URNAS NOS TRÊS CAMPI DA UNB


4 Cultura )) Bandas vão além do cover e dão nova roupagem a sucessos de artistas da MPB como Jorge Ben Jor e Chico Buarque

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Confira a a agenda cultural diariamente no site: fac.unb.br/campus2009

Tributo à VELHA GUARDA FOTO : IZABELLA MIRANDA

zem somente releituras. “Já vi muitos tributos, mas bandas que fazem apenas reinterpreorge Ben Jor com artações é algo novo pra mim”. ranjos latinos, Chico No entanto, ele não descarta Buarque para dançar e a possibilidade desses grupos Roberto Carlos cativando o alcançarem o mercado fonopúblico adolescente. O que gráfico. “O sucesso é algo imsoa incomum para esses artisprevisível. Se as novas versões tas vira realidade nas releituras emocionarem as pessoas... Por de bandas atuais que prestam que não?” homenagem a músicos consaOs integrantes da Seu Chigrados em outra geração. co acreditam que as gravadoras Em Brasília, a banda Salve estão abertas a esse modelo de Jorge toca sucessos de Jorge banda. Eles acabaram de graBen Jor. Entre Pernambuco e var um DVD independente. as casas noturnas da Lapa, Seu Para o diretor da gravadora e Chico leva o som de Chico produtora musical brasiliense Buarque para a noite. A tamGRV, Gustavo Vasconcellos, a bém pernambucana Del Rey Seu Chico acertou na escolha toca as músicas românticas de do formato DVD, e não do Roberto Carlos para avós, fiCD, para lançar seu trabalho. lhos e netos nas suas apresen“O DVD vende três coisas. A tações em Recife e São Paulo. primeira é o momento, o clima Mesmo cantando músicas da banda, a segunda são suas de outros artistas, essas banimagens e a terceira, as músibanda salve jorge em show em casa noturna da capital. após reconhecimento, o grupo pretende investir em trabalho autoral cas”. Ele afirma ainda que esse das têm público, identidade e formato de banda é “um ensonoridade próprios. Arranjos diferenciados, interpretações sombrio a João e Maria. Seu a agenda de shows nunca es- como um evento. O produtor seu toque roqueiro nas mú- tretenimento musical temático únicas e estrofes que mudam irmão, Vítor Araújo, faz lon- tava cheia. Começaram, então, musical Leo Goulart convi- sicas românticas de Roberto e por tempo limitado”. Chiquinho Moreira, da Del de lugar dão inventividade à gos solos de piano. Em alguns com um projeto paralelo que dou alguns músicos e orga- Carlos desde 2006. O teclareprodução. O que poderia momentos, as canções de Chi- apresentava músicas de artis- nizou uma festa de tributo a dista Chiquinho Moreira diz Rey, concorda. “Certamente ser mais uma banda cover vai co Buarque, conhecidas pelas tas já conhecidos do público. Jorge Ben. Deu certo e virou que a intenção não é imitar o o mercado fonográfico está além da imitação para se tor- letras de conteúdo sentimen- Há três anos, levaram can- banda que por um ano animou Rei. “A coisa toda acaba so- aberto para esse tipo de banda, ando mais como uma releitu- mas esse é um caminho mais nar “banda tributo’’. tal ou político, se transformam ções de Chico Buarque para as noites de Brasília. Prova dessa diferença é o simplesmente em música para o palco. O sucesso foi tanto O projeto terminou, mas o ra, preservando o sentimento fácil pra um sucesso temporápúblico que lota seus shows: dançar. Ou para sambar. Ao que o evento virou banda, a grupo continua. Os músicos principal da música”, explica. rio”. O grupo procura investir os jovens. “Agradar a juven- final, a banda costuma tocar Seu Chico. Entre março e querem diminuir o ritmo de Os músicos da Del Rey têm nas composições próprias, que tude com sucessos de antigas Jorge Maravilha, cujo refrão, abril deste ano, eles passaram apresentações da Salve Jorge uma banda autoral, a Mom- são “um caminho mais longo, gerações é uma característica “Você não gosta de mim/ Mas 30 dias em turnê pelo Rio de para investir em composições bojó, e o vocalista, China, tem mas que vale mais a pena”. Os músicos da Salve Jorge nossa. São os arranjos, postura sua filha gosta”, sintetiza o es- Janeiro e São Paulo, gravaram próprias. “É muito fácil fazer carreira solo. também não pensam em graum DVD e receberam a ben- sucesso com a Salve Jorge pore atitude no palco que chamam pírito jovial da banda. var. “Pra que gravar se o Jorge os mais jovens”, explica Tibério que o que tocamos já é sucesso Mercado do som Formado por quatro in- ção de Chico Buarque. A gravadora Trama tem em Ben já fez isso muito bem?”, “Ele nos convidou para jo- e todo mundo conhece”, afirma Azul, vocalista da Seu Chico. tegrantes entre 18 e 28 anos, Na performance da banda, o grupo veio de uma banda gar uma partida de futebol o vocalista Leo Goulart. “So- seu elenco diversos artistas da questiona o baixista Bruno as músicas adquirem sonori- autoral, a Mula manca & a contra o seu time, o Politea- mos bem sucedidos, mas isso é cena alternativa. Seu presi- Aguiar. Tino Freitas, produtor dade inesperada. A interpre- fabulosa figura. Os músicos ti- ma. Disse que já ouviu bons ouro de tolo, dá dinheiro, mas dente, João Marcelo Boscôlli, musical. reforça. “É a forma tação de Tibério dá um ar nham dois CDs gravados, mas comentários sobre o nosso não dá satisfação”. Ele ain- não conhece bandas que fa- mais fácil de atrair público.” trabalho e gostaria de assistir a da diz que, mesmo com toda FOTO: DIVULGAÇÃO BANDA DEL REY FOTO: DIVULGAÇÃO SEU CHICO nossos shows. Nós ficamos até a popularidade de Jorge Ben, meio bobos, monossilábicos”, “tem gente que vem perguntar conta Tibério. O encontro por um CD com as músicas, está registrado no DVD, que achando que são composições será lançado em agosto. No nossas”. dia 27 de junho, a Seu Chico No repertório da Salve Jorvem a Brasília para um segun- ge estão músicas da primeira do show na cidade. Estarão fase da carreira de Jorge Ben, acompanhados da Salve Jorge, de 1963 a 1976. Taj Mahal, banda brasiliense que trilha o Que pena e Balança Pema nuncaminho inverso porque par- ca faltam. O toque pessoal fica te do sucesso com o tributo a na força da bateria e da perJorge Ben para emplacar um cussão, nas letras de músicas trabalho autoral. que se misturam e no ritmo Criada há quatro anos, a latino que algumas ganham. REPERCUSSÃO DO TRABALHO DA SEU CHICO LEVOU A ENCONTRO COM CHICO BUARQUE Salve Jorge também surgiu Por sua vez, a Del Rey dá “é um caminho mais fácil para o sucesso temporário”, diz chiquinho (em pé a direita) naiara leão

J

! Indique Por Pedro Duprat

Filme

A Cor da Romã (URSS, 1968) Considerado uma obra-prima tanto por Fellini quanto por Godard, o filme de Sergei Parajanov conta a biografia do poeta armênio Sayat Nova. A Cor da Romã fala sobre os eventos com a poesia, mas trechos de poemas são raramente escutados.

Livro

Cinzas do Norte (Milton Hatoun, 2005) A história de um artista pelos olhos de um amigo. Ambientado no norte do Brasil, Cinzas do Norte é uma narrativa em primeira e terceira pessoas ao mesmo tempo. Uma história amarga e ao mesmo tempo madura de repressão familiar.

Álbum

Tristeza On Guitar (Baden Powell, 1966) Considerado por muitos o ponto alto da carreira de Baden Powell, o disco mistura jazz, samba e cânticos rituais de religiões afrobrasileiras. Além de canções originais, há parcerias com grandes nomes como Vinícius de Morais.


(( Ciência e Tecnologia

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A prática da permacultura está em ascensão no DF e mostra que é possível viver sob teto de grama, usar serragem como descarga no banheiro e beber água da chuva

Na casa do Capitão PLANETA Inclusão Social, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e será colocado em prática com a revitalização do Parque da Asa m tempos de degrada- Sul, o Pasul. Da parceria sairá ção ambiental crescente, um projeto para um centro de cada vez mais brasilien- convivência numa área de 20 ses abraçam a permacultura, hectares, que fica no final da prática que abrange técnicas Asa Sul, entre o Instituto de como uso de placas solares, Ensino Superior de Brasília reaproveitamento de água e (Iesb) e o Colégio Marista. A utilização de barro em pare- área está abandonada e cheia des na criação de residências de lixo, sem utilidade. “Esse autossustentáveis. O Instituto plano de manejo é um estudo de Permacultura, Ecovilas e da área que integra os interesMeio Ambiente (Ipoema) do ses da comunidade e a conDistrito Federal prepara a cria- servação do meio ambiente”, ção de um parque baseado na explica Eduardo Lira Rocha, permacultura, cursos das téc- diretor do Ipoema. “Não é só nicas atraem mais alunos e a uma pesquisa, é toda uma arUniversidade de Brasília criou ticulação com as lideranças da uma nova disciplina para ensi- comunidade e do governo.” nar noções da prática. O projeto prevê cursos de O projeto do Ipoema, or- capacitação e implantação de çado em R$ 200 mil, envolve tecnologias sustentáveis. “É também o Instituto Brasília um reconhecimento que a Ambiental e a Secretaria de sociedade está dando para a Ciência e Tecnologia para a importância da permacultura

bÁRBARA lopes GLÁUCIA CHAVES

E

FOTO: IZABELLA MIRANDA

O BANHEIRO SECO ECONOMIZA ÁGUA E OS DEJETOS SERVEM COMO ADUBO

FOTO: IZABELLA MIRANDA

para o meio ambiente”, afirma a coordenadora de cursos do instituto, Julia Costa. O Ipoema dá aulas para produtores rurais, chacareiros e estudantes. “São pessoas interessadas em entrar em harmonia com o planeta em que vivem”, comenta Julia. Ela assiste ao aumento da procura pelos cursos tanto por brasilienses quanto por pessoas de outros estados e até estrangeiros.

Origem

A permacultura, criada em 1974 no Canadá, passou a ser divulgada no Brasil apenas em 1998, quando o Ministério da Agricultura lançou o antigo Projeto Novas Fronteiras da Cooperação. O projeto cresceu e se tornou uma organização não-governamental chamada Instituto Novas Fronteiras da Cooperação. Tomou outra forma por conta da maior destruição do meio ambiente nos últimos anos. Conforme o coordenador da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Alberto Santos, a difusão da permacultura é muito importante para a ampliação de práticas sustentáveis no Brasil. “Com a cresceste degradação ambiental, o incentivo a essa cultura foi mais intensificado, a fim de gerar nas pessoas a conscientização de que devem preservar os ecossistemas naturais”, explica Santos. Cláudio Jacintho, engenheiro florestal e mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília,

CASAS COM TELHADO ORGÂNICO MANTêM O CONFORTO TÉRMICO E SÃO BOAS PARA FAZER UMA HORTA

é pioneiro na realização das técnicas de permacultura na capital. O professor foi um dos fundadores do Ipoema e parceiro da UnB para a criação da disciplina Introdução à Permacultura, que é oferecida desde o primeiro semestre de 2008 pelo Departamento de Engenharia Florestal. Jacintho foi o primeiro aluno da Universidade a fazer um projeto de graduação sobre o tema e hoje ministra a disciplina. Os alunos têm uma introdução sobre o assunto e conhecem os princípios norteadores da técnica permacultural, que abrange o planejamento de ambientes humanos sustentáveis, noções de ecologia, produção alimentar e construção de moradias. “(Permacultura) é o desenvolvimento de técnicas de atuação humana que conservem a vida no planeta, res-

peitando todos os elementos desse sistema”, ele define. Usar banheiro sem descarga, morar em casa de barro com grama no telhado, plantar e colher seu próprio alimento, construir filtros para reaproveitar a água da chuva. Se, em um primeiro momento, a permacultura parece distante da realidade da cidade grande, alguns cursos oferecidos a qualquer interessado em conhecer mais sobre o método provam que colocar essas técnicas na prática e inseri-las no dia-a-dia pode ser mais fácil do que se imagina. Julia Costa, coordenadora do Ipoema, explica que o melhor caminho para quem quer aprender os princípios básicos da permacultura é começar pelo curso de design. Com 80 horas, a proposta é fazer com que os alunos vivenciem a permacul-

tura na pele. “No começo, era mais procurado por estudantes da área ambiental, mas já vieram arquitetos, pedagogos e jornalistas”, conta Júlia. O primeiro centro de permacultura do DF foi a chácara Asa Branca. Em atividade desde 2000, recebe mais de 150 visitantes por mês e é composta por três casas, também chamadas de bioconstruções, por serem feitas de recursos que causam pouco impacto. Entre os materiais usados estão o barro, a madeira retirada das árvores da própria chácara e o bambu. O banheiro, seco, utiliza serragens como descarga. Os dejetos humanos e as serragens, depois de aquecidos, tornam-se subproduto orgânico que é utilizado como adubo nas plantações da chácara. Da água utilizada, 70% é proveniente da chuva.

Tecnologia

Cinema e televisão apostam em tecnologia 3D Pennington. Porém, segundo o professor, o custo de produção era muito elevado, por isso a xistem cerca de 30 sa- técnica não se tornou comerlas de cinema equipa- cialmente viável. Além disso, a das com formato 3D tecnologia produzida na época em todo país, entre elas, três não agradava a todos. “Havia foram inauguradas em Brasília relatos de fadiga visual, dores no mês passado. Além disso, de cabeça, náuseas e até vômiestão sendo preparadas para tos”, explica Pennington. o lançamento televisões que O novo 3D chega a Brasípermitirão assistir, em casa, a lia fazendo sucesso, apesar do filmes 3D, até sem os famosos custo elevado dos ingressos óculos. O público se divide (R$ 24 a inteira). Contudo, entre os que elogiam e aqueles ainda há quem não se sinta tão que relatam mal-estar. confortável durante o filme. No cinema, as telas tradi- “Foi divertido no começo, mas cionais e os óculos com duas em vários momentos me senti lentes, uma azul e outra ver- meio enjoada”, conta a fisiomelha, foram substituídos. terapeuta Regina Soares. Já Agora as telas são prateadas, os irmãos Matheus, 11 anos, e chamadas de Silver Screen, e Gabriela Araújo, 9, saíram anios óculos, especiais. A tecno- madíssimos após a exibição do logia não é nova. Experiências filme 3D Mostros x Alienígecom o cinema 3D começaram nas. “Podia só ter filmes assim”, a ser feitas a partir dos anos avalia Matheus. “Parece que as 50, como explica o professor coisas ficam bem pertinho da de Audiovisual da UnB David gente”, conta Gabriela.

Fernanda neves

E

De 17 a 23 de abril, ocorreu em Las Vegas a NAB Show 2009, a maior feira de radiodifusão do mundo. O destaque da feira foi o cinema digital em três dimensões. Só para este ano estão previstos dez lançamentos de filmes 3D no Brasil. A grande novidade da feira foi a TV em alta definição 3D. A Samsung lançou recentemente um televisor 3D que é visto com óculos, já a Phillips está desenvolvendo um que é visto sem os óculos. “Eu vi um protótipo desse televisor no Campus Party em janeiro e eu realmente fiquei deslumbrado, mas o custo também é extraordinário, chega a cerca de 20 mil euros”, diz David Pennington.

Como funciona o 3D

Nós vemos o mundo em três dimensões porque temos uma visão chamada estereos-

cópica, ou seja, cada olho produz uma imagem ligeiramente diferente da outra e o cérebro capta essas imagens e consegue avaliar o que está mais perto e mais longe. Em 1881, em cima desse conceito, imagens em 3D foram produzidas a partir de duas fotografias tiradas por duas máquinas fotográficas separadas pela mesma distância dos olhos dos observadores, a chamada distância interpupilar. O professor Pennington explica que para se fazer um filme em 3D são necessárias duas câmeras idênticas alinhadas criteriosamente. “É um sistema complexo que exige mecânica de alta precisão”, afirma. Durante a projeção, uma imagem fica por cima da outra, mas os óculos permitem ver certas imagens e não permitem ver outras e vice-versa. Já no caso da TV 3D que não necessita de óculos, o

monitor tem tela de LCD e ganha uma película especial com microprismas. No jogo de luzes, o espectador tem a impressão de tridimensionali-

dade. A ideia é formar na tela duas imagens diferentes, que são combinadas pelo cérebro para montar uma figura em três dimensões.


6

Especial )) A quase 240 km de Brasília, estudantes e professores universitários plantam árvores do Cerrado para recuperar as margens de nascentes do Rio Paracatu, importante afluente do São Francisco

Uma nova vida ao Velho Chico FOTO: Tchérena Guimarães

Tchérena Guimarães

do Cerrado mais adaptadas”, comemora. A coordenadora explica que no passado houve tentativas de reflorestar a região com plantas exóticas, como gramíneas e eucaliptos, mas isso não deu muito certo.

“N

as entranhas da Canastra nasce um grande aventureiro”, escreveu o poeta Laílton Araújo. Com 2.800 quilômetros de extensão, o Rio São Francisco se aventura entre diversos biomas. Brota do alto da Serra da Canastra, no Cerrado, atravessa a aridez da Caatinga com um sacrifício reconhecível, passeia com a ostentação de quem sabe do seu valor pela Mata Atlântica até, por fim, desaguar aliviado no Oceano Atlântico. Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas e até mesmo Goiás e Distrito Federal são contemplados com essa natural beleza. A Bacia do Rio São Francisco tem uma relação íntima com as pessoas que vivem ao seu redor, e vice-versa. Uma das cidades priveligiadas é a mineira Paracatu. Lá, alunos e professores universitários usam árvores do Cerrado para recuperar parte dessa beleza. O rio leva desenvolvimento social e econômico para todos esses estados. A ocupação agrícola a partir da década de 70, combinada com a pecuária extensiva, a urbanização, o uso de agrotóxicos e a mineração compulsiva fez o Velho Chico temer o próprio futuro. Sabendo da fragilidade que o rio vem enfrentando, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou em 2001 um projeto para a Revitalização da Bacia dividido em algumas linhas de atuação. Uma delas é a da Proteção e Uso Sustentável dos Recursos Naturais. Para isso, o MMA convidou, em 2007, três universidades para se juntar ao trabalho: a Universidade de Brasília, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Unifasf ). À UnB coube contribuir na criação de modelos de recuperação da biodiversidade de afluentes do Rio São Francisco no Cerrado mineiro, com o plantio de árvores nativas nas margens dos córregos.

Beneficiados

Falta de cuidado de agricultores com pequenos afluentes é responsável por grande parte dos problemas da Bacia do Rio Paracatu

rio não estarem completamente degradadas, as pequenas nascentes clamam por revitalização. Para alguns desavisados, esses ribeirões de Paracatu são apenas córregos com pouco volume e importância. Mal sabem eles que esses brejos, nascidos em sua maioria no Cerrado, são os maiores responsáveis pelo abastecimento de água do Rio Paracatu e, assim, do rio-maior: o São Francisco. Quando se degrada as margens de pequenas nascentes, os prejuízos são grandes. Neivaldo Monteiro, 55, gerente do núcleo de Paracatu do IEF, diz que existe uma grande interrelação da parte terrestre com a hídrica. Assim, o desmatamento nas margens dos afluentes pode levar à erosão, provocando a formação de bancos de areia e poluição da água. “Por isso o Rio São Francisco não é mais tão navegável como antes”, afirma Monteiro. Com a poluição, a fauna aquática diminui e o ribeirinho não consegue pescar. A água chega mais cara à casa da população, já que precisa de As nascentes um tratamento mais rigoroso. A UnB, por meio do CenDevido às mudanças amtro de Referência em Recu- bientais, algumas pessoas são peração de Áreas Degradadas forçadas a trocar de atividade. (Crad), em parceria com o Edmar Haine, 32, seguiu por Instituto Estadual de Floresta dez anos os passos do pai, que de Minas Gerais (IEF), está vive há quatro décadas da pestrabalhando na revitaliza- ca, mas percebeu que trabalhar ção dos afluentes do Rio São na extração de areia era mais seFrancisco nas cidades de Ja- guro. Haine recorda que certa nuária e Paracatu. É nesta ci- vez uma empresa deixou venedadezinha, com 83.000 habi- no cair no rio. “Era um monte tantes no noroeste de Minas, de peixe morto rodando”, lemque está um dos 11 principais bra. Com a autoridade de quem afluentes do Rio São Francis- conhece a vida ribeirinha, faz fico: o Rio Paracatu. losofia: “Pescar é muito incerto. Apesar de as margens desse É uma aventura”.

O Projeto de revitalização do Velho Chico, desenvolvido pela UnB, é multidisciplinar. São várias áreas de conhecimento, como Engenharia Florestal, Engenharia Civil e Ecologia; dez professores e 12 alunos envolvidos. Segundo Jeanine Maria Felfili, a engenheira florestal e coordenadora do projeto, o reflorestamento com plantas nativas do Cerrado não tem apenas importância ecológica, mas também socioeconômica. “Servem para o alimento e para a renda”, ressalta.

Teoria e prática

O projeto se divide em duas vertentes. Uma destina-se a treinar a comunidade (produtores e interessados no assunto) por meio de oficinas sobre técnicas de plantio, diversidade de plantas do Cerrado e a melhor maneira de utilizá-las no desenvolvimento socioeconômico. A outra faz o replantio de espécies nativas em áreas que foram degradadas e a manutenção dessas plantações. O Instituto de Floresta cadastra pequenos e grandes produtores interessados em recuperar suas áreas. De acordo com Neivaldo Monteiro, pequenos produtores procuram ajuda principalmente porque as mudas são muito caras e porque não possuem conhecimento de como fazer o plantio e a manutenção. O projeto superou a meta de 20 hectares plantados no período de um ano, pois já são quase 40. Jeanine diz que todos estão contentes com os resultados, já que a vegetação está conseguindo se desenvolver. “Estamos trabalhando com uma situação inóspita de solo, para isso estamos usando plantas

Silvio Vieira é dono da área que tem um dos mais importantes afluentes do Paracatu, o Santa Isabel. É um córrego pequeno, mas nem o seu tamanho consegue esconder sua significância. Ao fazer um pasto em sua propriedade, Vieira deixou o gado pastar até as margens do córrego. Então, o ribeirão começou a sofrer com o assoreamento e o volume de água diminuiu. Animais foram se afastando do “corredor ecológico” e o Velho Chico, lá na frente, foi sentindo as dores que um dos seus tantos filhos também sentia. O agricultor pediu ajuda para o IEF e há um ano foram plantadas três mil mudas nas margens do Santa Isabel. O córrego está voltando ao volume normal. Dizem por lá que pássaros, lobo-guará e até onça já estão voltando a dar o ar da graça. Do outro lado da cidade, mora o pequeno produtor Udeir Alvez, 50. Pequeno porque possui apenas dez hectares de terra. Reside em uma fazendinha simples e anda de carroça quando quer checar se está tudo em ordem dentro dos limites de sua fronteira. Ele tem umas vacas, que lhe garantem a renda. Da vaca ele tira o leite e sai pela cidade de Paracatu para vender. No seu quintal também há um córrego: é o Ribeirão São Domingos. As vacas e Alvez precisam do córrego para continuar mantendo sua família. “Tempos destes o córrego começou a secar, aí pedi ajuda”, relata Udeir Alvez. “É esse o tipo de gente que nós temos mais prazer de ajudar”, diz Wglevison Alegres , engenheiro florestal do centro de referência da UnB, com uma voz satisfeita. É visível que as margens próximas do ribeirão estão degradadas. Alegres explica que, devido à falta de conhecimento, Alvez plantou sem fazer curvas de nível em seu terreno declinado, o que fez os detritos serem levados para o córrego. Por falta de instrução, o produtor estava perdendo a sua renda e o Brasil estava perdendo um pouquinho do seu Nilo. Depois de 450 mudas plantadas, Udeir Alvez diz que está cuidando do córrego direitinho. “Às vezes não serve para mim, mas pode servir pros meus filhos, pros meus netos”.


(( Esporte e Saúde 7 Após reforma de R$ 10 milhões, o Nilson Nelson tem 25 eventos previstos para este ano, dos quais só quatro são esportivos. Segundo especialista, falta planejamento para atrair competições

Ginásio de esporte está sem esporte de Futebol (FIFA) e sediar a Copa do Mundo de Futsal, de evitalização das tribu- 30 de setembro a 19 de outunas de honra, de im- bro de 2008. Além do valor da prensa e dos banheiros, obra, R$ 5,5 milhões foram modernização das instalações empenhados para pagamento de transmissão, do piso e dos do Comitê Local Organizador vestiários, construção de qua- da competição. Desse valor, dra de aquecimento e salas es- R$ 2,75 milhões foram pagos peciais para atletas. Essas fo- para a realização do evento, e ram as mudanças realizadas o pagamento do restante foi em 58 dias de reforma do cancelado após o comitê não ginásio Nilson Nelson em apresentar as notas fiscais que 2008, com dispensa de lici- justificassem o gasto. tação devido ao caráter urCom a reforma, a expectagente da obra, porque custou tiva do governo era atrair mais R$ 9.998.896,70 aos cofres competições do mesmo porte. públicos, valor atualmente Porém, dos cerca de 25 evensob investigação do Minis- tos previstos para o ginásio em tério Público. 2009, quatro são esportivos. A reforma foi feita para Nas outras datas, o espaço é atender às exigências mínimas utilizado para shows, enconda Federação Internacional tros de igreja ou congressos. Ana Beatriz Lemos

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FOTO: Leonardo Muniz

Local ainda conserva placas da Copa, ocorrida no final de 2008

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Chute do Campus Esporte, palpites e filosofias de boteco

Por Bruno Silva

Efeito Ronaldo Volta de bons jogadores ao Brasil é um fenômeno passageiro?

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s explicações são diversas: crise econômica, jogadores milionários voltando ao Brasil por saudade, gente que não vinga no exterior. Por uma confluência astrológica de fatores, este ano temos uma quantidade de bons jogadores acima do comum nos gramados tupiniquins. Um fenômeno que pode ser batizado de ‘efeito Ronaldo’. Batizo esta tendência com o nome do (já nem tão) rechonchudo atacante do Corinthians porque ele foi o pioneiro de um movimento de jogadores ainda com mercado no exterior que resolveram voltar para a terra natal, como Fred e Adriano. E não estamos nem na metade do ano. Somados às jovens promessas que sempre despontam no cenário nacional e que se consolidam como craques, hoje temos a possibilidade real de ter um Campeonato Brasileiro recheado de ídolos em todos os times, algo que esteve em falta nos últimos anos. Mesmo que a permanência desses jogadores no Brasil seja curta, é importante registrar essa tendência como um fenômeno de marketing, que pode gerar renda extra para os clubes. O torcedor sonha, e o amante do futebol agradece.

“Isso acontece porque o Nilson Nelson é considerado multiuso e abriga qualquer tipo de acontecimento, seja esportivo, seja cultural”, afirma o secretário de Esporte, Agnaldo de Jesus. “A prioridade é sediar esportes, mas depende das federações trazerem mais jogos para cá”, avalia. Hoje, o Nilson Nelson tem capacidade para receber 20 mil pessoas. Segundo o subsecretário de Eventos e administrador dos espaços esportivos, José Landim Rosa, é preciso pelo menos sete mil espectadores para viabilizar uma competição no ginásio. “Hoje, em Brasília, infelizmente não temos jogos de grande porte que atrairiam esse público”, diz. O time candango de basquete Universo foi o primeiro a utilizar o ginásio, seis meses após a realização da Copa do Mundo. Foram duas partidas pelo Novo Basquete Brasil (NBB), no dia 28 de abril, contra o Minas, e no dia 1° de maio, contra o Flamengo. Para o diretor do Universo, Jorge Bastos, a vantagem de jogar no Nilson Nelson é o espetáculo que a torcida faz. “Fora isso, não é lucro jogar aqui. O custo com a estrutura e segurança é alto”, ressalta o

FOTO: Leonardo Muniz

diretor da equipe, que normalmente joga em um ginásio na Asa Sul. “Outro problema é que os jogadores acham o piso do Nilson Nelson muito duro. A secretaria está estudando se adquire um piso próprio para basquete, mas seria só em 2010”, acrescenta. Para o torcedor do Universo e servidor público Raul Martins Dias, não cabe só ao governo trazer competições ao ginásio. “Tanto o público quanto o privado têm que incentivar e atrair Ginásio sedia mais shows e eventos religiosos do que competições mais o esporte para cá. A população também tem que pouco mais, mas não nos dei- e longo prazo para utilização”, prestigiar para atrair mais pú- xaram ficar nas proximidades comenta. “Para isso, deve-se do ginásio”, comenta. blico e patrocínios”, diz. acompanhar com antecedência Segundo o professor da Uni- o calendário esportivo nacional Carlos Fustino, vendedor de cachorro-quente há 15 anos versidade de Brasília e doutor e internacional para sediar algo no estacionamento do Nilson na área de Gestão e Marke- importante. Com o custo de um Nelson, afirma que, após a re- ting Esportivo, Paulo Henri- evento mal planejado, pode-se forma, o público do local con- que Azevedo, faltam políticas realizar três ou até cinco ativitinua reduzido. “De dois anos eficazes e planejamento para dades do mesmo nível. Com pra cá, caiu muito o movimen- otimizar a ocupação do local. políticas bem consolidadas, é to e não mudou depois da re- “Quando se reforma um giná- possível manter aquele espaço forma. Além disso, na Copa a sio como esse, deve-se pensar ocupado com a sua principal gente achou que ia vender um em um projeto de curto, médio finalidade”, afirma.

SAÚDE

Pacientes se descuidam do HIV 95% é o percentual necessário de adesão à terapia. “A perda esquisa realizada pela além de 5% faz com que o traUnB sobre adesão à tamento não seja tão bom. A terapia antirretroviral carga de vírus HIV fica longe revelou que um terço dos por- de um nível indetectável, que tadores do vírus da Aids não é o ideal. Com isso, o sistema fazem o tratamento de forma imunológico não melhora”, diz suficiente, tomando menos de a pesquisadora. 95% dos remédios que deveSegundo o estudo, apenas riam. O estudo mostrou ainda dez pacientes do grupo que que, dos 156 pesquisados, dez não faz o tratamento corretatinham abandonado comple- mente têm a carga viral (quantamente a terapia. tidade de cópias do vírus HIV O estudo foi feito com pa- existente em um mililitro de cientes soropositivos que são sangue) igual ou inferior a 50 atendidos pelo projeto Com- cópias, nível próximo ao indeVivência, no Hospital Univer- tectável. Já no grupo dos que sitário de Brasília (HUB). O tomam mais de 95% dos meprograma é uma parceria en- dicamentos, o número aumentre o Instituto de Psicologia e ta para 72 pacientes. o Departamento de Serviço Outro indicador que a pesSocial que, desde 1996, ofe- quisa estudou foi o número de rece atendimento psicossocial células de defesa CD4, princia portadores do vírus HIV. A pal alvo do HIV. Quanto mais pesquisa, concluída em 2008, células CD4 o paciente tiver, foi feita por meio de entrevis- melhor a defesa do organismo, tas com os 156 soropositivos tornando o paciente menos analisados, que relatavam o suscetível a doenças oportutratamento da síndrome. nistas. O objetivo do trataA coordenadora da pes- mento antirretroviral é deixar quisa, Eliane Seidl, diz que o paciente com carga CD4 Marina Bosio

P

acima de 350. Segundo o estudo, no grupo dos que têm adesão insuficiente, apenas 16 pacientes têm carga CD4 adequada. Entre os que têm adesão suficiente, o número é de 52 pacientes. Luiz Carlos Viera, 43, descobriu ser portador do vírus em 2000, quando ficou muito doente e resolveu fazer o teste do HIV. Hoje ele tem adesão boa ao tratamento, mas já chegou a abandonar completamente a terapia por dois anos. “A Aids não tem cura,

eu vou ter que tomar esses remédios para sempre, então tive que fazer as pazes comigo mesmo e com o remédio”, afirma. Segundo a gerente de DST/Aids do Distrito Federal, Leonor Tavares, a melhor aceitação da doença faz com que o paciente consiga se tratar melhor. “A gente sabe que a adesão é um desafio”, diz. “Mais apoio das pessoas em volta e um serviço de saúde mais acolhedor facilitam a adesão”, completa. FOTO: Naira Gomes

Portador de HIV, Viera chegou a abandonar o tratamento


8 Comportamento ))

e muito inovadora...

Bem-vinda,

Y

GERAÇÃO

TAÍSSA DIAS

E

les nasceram nas décadas de 80 e 90. São dinâmicos, inovadores, questionadores, capazes de realizar inúmeras tarefas ao mesmo tempo. Na opinião de alguns chefes, impacientes, infiéis, insubordinados. Yaras, Yuris, Yasmins e Yans têm muito mais em comum do que a primeira letra do nome. Fazem parte da Geração Y, que, imersa em tecnologia, chega à UnB e ao mercado de trabalho propondo novos desafios a chefes e educadores. A origem da expressão Geração Y é controversa. Alguns a atribuem à Teoria XY da Motivação, bastante conhecida na Psicologia. Outros dizem que vem da pronúncia do Y em inglês, a mesma de why (por quê?) e tem relação com a nomenclatura dada à Geração X (nascidos nas décadas de 60 e 70). Em Cuba, o termo se refere ao grande número de pessoas batizadas com nomes iniciados pela letra Y. Na UnB, nos últimos 20 anos, foi 2008 o re-

cordista em ingresso de alunos com inicial Y. Supostamente nascidos por volta de 1990, foram 38 estudantes, número bastante alto em relação à média de oito mantida entre 1990 e 2000. O “cara” da Geração Y, também chamada de Geração Net, cresceu na era dos avanços tecnológicos. Na infância, seus brinquedos preferidos eram jogos de computador, videogames e telefones celulares. Incentivados pelos pais, fizeram inglês, espanhol, natação, esgrima ou qualquer outro esporte ou idioma. Sabem seu valor e aprenderam tudo o que se pode fazer na velocidade de um clique. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que esses jovens estão entrando no mercado de trabalho e nas universidades dispostos a mudar conceitos, quebrar barreiras. Especialistas em fazer várias coisas de uma vez só, eles são impacientes e não gostam de fazer o mesmo por muito tempo, procuram sempre mais espaço e oportunidades.

Encaram o trabalho de uma forma diferente de seus pais. Querem trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Yara de Almeida Campos, 19 anos, está no terceiro semestre de Economia na UnB. Tem aulas todas as manhãs e faz estágio à tarde no Banco Central. Divide as noites entre a academia e sua banda, a que dedica também os fins de semana. “Gosto de trabalhar. Não me importo em ter de trabalhar muitas horas, desde que ainda sobre tempo para fazer as coisas que gosto”, conta. Pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB, a professora Iône Vasques-Menezes diz que não houve uma mudança no eixo de trabalho dessa geração em relação às anteriores, o que mudaram foram as possibilidades. “O mercado hoje é mais flexível. O trabalho para os pais desses jovens tinha regras muito mais rígidas. Hoje se pode compensar horários, há bancos de horas. É natural que a geração também seja influenciada pelas mudanças do

próprio mercado de trabalho”. Apesar das queixas quanto à insubordinação e infidelidade, graças a sua natureza questionadora sempre em busca de novas oportunidades, esses jovens têm sido cada vez mais procurados pelas grandes empresas. Seu raciocínio rápido, aliado a disposição e energia, é uma ótima receita de sucesso na solução de problemas. A questão agora é saber como atrair sua atenção para o mercado de trabalho. O estudante da UnB Yuri Alfaia Ferreira Franco tem 17 anos e está no primeiro semestre de Letras. É acostumado a ler e estudar enquanto navega pelo Orkut e conversa com os amigos através da internet. Ele nunca trabalhou e ainda não sabe bem o que quer fazer. “Os fatores que vou levar em conta para escolher um emprego são o salário e o horário de trabalho. Prefiro trabalhar por meio período”, diz. Um importante fator a ser levado em conta quando o assunto é a Geração Y no Brasil é a classe social dos jovens. “Não

ILUSTRAÇÃO: LEONARDO MUNIZ

se pode generalizar”, ressalta a economista Tânia Fontenele, doutora em Psicologia Social e do Trabalho. “Enquanto há jovens impacientes, familiari zados com a tecnologia, há

também os mais pobres, que muitas vezes nem tiveram acesso a computadores e que agarram qualquer oportunidade com perseverança e vontade de vencer.”

JOGOS E HUMOR

Onde está o Thimoty?

Encare este desafio e tente achar o mais famoso ex-reitor da UnB. Procure bem, pois no meio da torcida o Thimoty quase desaparece.

Campus

Soluções (referentes aos jogos da 1ª edição)

labirinto

Garfo e faca

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Quadrinhos

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Sabe, tia, na vida a gente tem que definir prioridades

sudoku

Ei, moleque, cê não vai comprar comida, não?

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ILUSTRAÇÃO: BRUNO DA SILVA

Tô com fome,tia. Dá um trocado?

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Massa! Agora vou lá na lan house atualizar meu blog.

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Novos talentos

Se você desenha bem e gosta de contar boas e sarcásticas histórias, envie sua tirinha para o Campus, pelo e-mail: campus@unb.br. Contamos com o seu talento!


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