Chile Incógnito

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O ar fresco do oceano pacífico bate nas nossas costas ao contemplar a cordilheira dos Andes, aos nossos pés serpenteia o rio Itata que entrega o seu nome a um dos vales mais emblemáticos na produção de vinhos do Chile. Estamos em “Cerro Verde” um dos pontos mais altos da Cordilheira do litoral, num ponto de observação privilegiado para contemplar a maior parte do vale. Esta região é o berço da vitivinicultura no Chile e por vários séculos foi o mais importante produtor de vinhos do país. Esta edição de “Chile Incógnito” está dedicada a descobrir os mistérios deste vale, seus vinhos, sua paisagem e seu povo. Os vinhos descrevem os costumes e as tradições de um território, mostrando-nos como evoluciona uma cultura local, como se adapta e como é possível crescer respeitando o meio natural, como é o caso dos vinhos orgânicos. Também através dos vinhos podemos criar a curiosidade por

conhecer, através do turismo, um território, seu povo e suas etnias; não há melhor embaixador que uma garrafa de um bom vinho. Numa época de mudanças, climáticas, políticas, sociais; “Chile Incógnito” te convida a respirar profundo, olhar o oceano e a cordilheira e descobrir que o futuro não está escrito, que nem tudo está dito, ainda existem coisas inéditas. Saúde, desde Chile Incógnito “Chile Incógnito” é uma publicação de difusão informativa de Acabodemundo Ltda e suas empresas Viñas Inéditas e Furrimahuida Unlimited Tours.


A etnia Selknam foi denominada pelos espanhóis como “onas” um termo que este povo nunca chegou a assimilar. Estritamente falando, Selknam é o nome que este povo dava a si mesmo, como povoadores de terra do fogo, pode-se dizer que evolucionaram ilhados do resto das culturas astrais do Chile, desenvolvendo seus próprios costumes, sua própria língua e sua própria concepção do mundo espiritual; adaptando-se e crescendo. À diferença de outros povos originários não fizeram representações físicas dos espíritos do bosque, e sim o representaram através das pinturas corporais em branco, preto e vermelho que utilizavam em cerimônias de iniciação dos jovens. Apesar de serem bravos caçadores, eram dóceis e amigáveis com os estrangeiros, e foi assim como a etnia Selknam foi completamente exterminada durante a colonização da Patagônia. Ainda hoje, desde o sul chega o vento frio que sussurra “não esqueça”.

Hoje, Selknam, vinho do fim da terra, pretende ser uma homenagem a esta raça de homens e mulheres fortes, que habitaram um dos ambientes más hostis do mundo, o fim da América, a Patagônia, a terra do fogo, o fim da terra. Selknam, vinho do fim da terra, é um Cabernet Sauvignon robusto, obtido de vinhedos do “Valle del Itata”, onde o conceito terroir, de identidade é prioritário. Viñas Inéditas aplica o conceito de terroir em todos os vinhos que elabora e comercializa. A brisa marinha e o vento do sul refrescam as tardes do Valle del Itata, o mesmo vale que há permanecido ilhado do resto do país, evolucionando, adaptando-se, crescendo, aguardando o momento exato para se mostrar ao mundo.


Este tipo de agricultura e vitivinicultura, considera o campo de cultivo como um ecossistema complexo, no qual interagem plantas, animais, insetos, fungos, bactérias, etc em um equilíbrio dinâmico. As pragas são controladas pela estimulação dos inimigos naturais, fungicidas orgânicos (cobre e enxofre), a fertilização realiza-se mediante o compostagem da matéria orgânica produzido integramente no fazenda e controle de plantas daninhas realiza-se com métodos mecânicos ou mediante pastoreio. A “Viña Rio Itata” é uma vinha em transição orgânica cujos protocolos de produção e comercialização está a cargo de Viñas Inéditas, o que permite produzir vinhos de excelente qualidade e em harmonia com o meio ambiente, seus Cabernet Sauvignon estão literalmente plantados à beira do rio Itata em três terraços naturais . De maneira adicional destinaram-se lugares da fazenda para a vida silvestre onde não se intervém de forma alguma, permitindo a expressão selvagem e indômito ao bosque nativo. Quiques (uma espécie de furão) e Chingues (espécie de zorro) ambas espécies em perigo de extinção são possíveis de encontrar nesta área e são testemunhos de um ecossistema. Se bem é certo que os vinhos orgânicos não são necessariamente diferentes dos vinhos convencionais, resta-nos a tranqüilidade de que em cada taça só existem produtos da natureza: o clima, a terra, o vinhedo, em definitiva, o que conhecemos por terroir.


exportador que a indústria do vinho teve nas décadas de 80 e 90. Atualmente, no “Valle del Itata” existe um forte impulso para a recuperação desta tradição centenária. O “Valle del Itata”, que se circunscreve, de acordo a legislação vitivinicola chilena, dentro da região do sul e foi, segundo os registros históricas, a primeira região vitivinicola do Reino do Chile. Em 1553 desembarcou no porto de Penco, Don Francisco de Carabántes, trazendo as primeiras cepas que se plantaram no Chile, supõe-se que correspondiam as cepas País e Cinsault, ambas ainda cultivadas no vale. Durante vários séculos o “Valle del Itata” foi provedor importante de vinhos para a região central do Chile. Durante os séculos 18 e 19 no vale privilegiou-se a produção de cereais, consideravelmente a produção de uvas para o vinho diminuiu e paralelamente produziu-se um constante deterioramento nos solos ao realizar-se lavração nas colinas que antes eram destinadas para vinhedos. Com a chegada do século 20, o “Valle del Itata” caracterizou-se pela produção de vinhos comuns em grandes volumes. Com isso, a região do Sul ficava ultrapassada do impulso

Um dos baluartes da antiga tradição vitivinícola do país é a vinha Santa Sofia, localizada na ribeira sul do Rio Itata, na antiga fazenda Ñipas, recuperando as cepas antigas como Carignan e Cinsault e plantando variedades novas como Shiraz, Carmenere e Cabernet Sauvignon, esta vinha não perde de vista sua tradição e sua filosofia de produção: observar com paciência a relação do clima, solo e planta dentro de um ecossistema complexo, buscando a harmonia de seus vinhos através da harmonia como o meio natural. Como vemos, o “Valle del Itata” está despertando e tem muito para contar.


A “Viña Santa Sofia” está localizada à beira do rio Itata, em sua ribeira sul, onde recebe a benção dos raios solares que permitem madurar pausada mas completamente, cepas antigas e quase esquecidas pelo tempo. O Carignan de aromas complexos, estrutura voluptuosa e deliciosa acidez, amadurece em frente a um Cinsault suave, amável e cordial. Junto à elas, o Carmenere e o Cabernet Sauvignon receben a mais moderna vinificação que respeita a identidade da cepa e do terrunho. Como parte do antigo coração vitivinícola do Chile, a Fazenda Ñipas foi protagonista, durante grande parte dos séculos 19 e 20, da história do vinho chileno. Em cada canto é possível encontrar fragmentos daquela história, antigas cepas como o Cinsault ou centenárias plantas de Carignan escrevem na terra as raízes de Santa Sofia: a Sabedoria. Sabedoria que é adquirida através dos anos na paciência de observar como se relacionam intimamente o solo, o clima, as plantas e a fauna. Isso representa a Loica, ave silvestre presente em toda a Fazenda Ñipas, a cooperação quase invisível que conformam o terroir, a sabedoria da natureza convertida em vinho.


Não se trata de vinhos que cheiram a oficina mecânica ou que literalmente sejam elaborados em uma garagem. Trata-se de vinhos elaborados numa pequena escala, com muita dedicação em cada garrafa que poderiam ser perfeitamente elaborados como um hobby, como um passatempo, porém é muito mais que isso. São o pólo oposto aos vinhos industriais, onde o importante é produzir volume, deixando de lado a identidade e o terroir. Perto da cidade de Parral, sexta região do Chile, uma mãe e avó dedica seus anos de descanso à paixão pelo vinho, elaborando com suas próprias mãos vinhos únicos, delicados, garrafas cheias de carinho pelo vinhedo e pela terra. Margarita recebe suas visitas, como sempre cheia de atenções, rodeada por galinhas e perus que a seguem como se fossem suas mascotes. “Pão amassado” saindo do forno, “cazuela de campo” e um bom vinho, um excelente vinho. Elaborados literalmente à mão, selecionando cada grão, os vinhos de Margarita Manríquez são representativos de seu exclusivo e único terroir, sua paixão e carinho

pelo vinho, uma orientação adequada e muitas horas de trabalho cuidadoso, tanto no vinhedo como na bodega. Sem propor-se nunca chegar à mostrar seus vinhos ao mundo, os vinhos de “Viña Manríquez” tem conseguido nestes anos uma evolução delicada, fineza e distinção, com fruta delicadamente manipulada, desbrotes especificos, eliminação de carga excessiva, fertilização moderada, manejo cuidadoso de doenças e pragas, mas sobretudo muito carinho. H o j e o s v i n h o s d e “ Vi ñ a Manríquez” estão disponíveis, em quantidades limitadas para sua comercialização, através de Viñas Ineditas, em suas variedades Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Shiraz y Carmenere


Define-se Turismo Responsável como um conjunto de políticas que apontam a desenvolver as atividades turísticas garantindo aos turistas que todas as atividades relacionadas com sua visita tem um impacto zero ou positivo no contexto ambiental, social e cultural em que se desenvolvem. Isto quer dizer que não haverá efeitos nocivos para as pessoas ou a flora e fauna, além de garantir que as pessoas e a comunidade involucradas recebam uma remuneração justa pelos seus bens e serviços, que essa remuneração contribua de alguma forma ao desenvolvimento da comunidade e que exista um programa de desenvolvimento da cultura local e do território relacionado com a atividade turística. Não se trata só de prometer, é necessário cumprir. Abundam no mundo agencias que dizem praticar um turismo responsável ou sustentável e que finalmente remuneram os guias locais com uma ínfima parte do valor real de seus serviços. No Chile, até o ano 2006 existiam bem poucas iniciativas no que diz respeito, hoje Furrimahuida Unlimited Tours especializa-se em desenvolver atividades de turismo personalizado que involucram os conceitos de turismo responsável, realizando tours para consumidores de produtos do Comércio Justo de Reino Unido, Estados Unidos e Brasil. O profundo conhecimento do território e a relação com diversas ONG que participam na superação da pobreza rural e o desenvolvimento local das comunidades hão permitido a Furrimahuida

U n l i m i t e d To u r s desenvolver programas únicos como o “Bio Bio Fair trade tour” ou “Biobio Organic producers tour” onde o Chile mostra-se do mar até a Cordilheira, através das mãos e do trabalho de sua gente.


Que vinho servir? Em qual temperatura? Como servi-lo adequadamente? Todas estas perguntas nos podem fazer duvidar e enganar-nos na hora de escolher o vinho como acompanhante de nossas comidas ou eventos sociais. Mas, geralmente existem respostas bem simples, onde o sentido comum colabora bastante, não obstante, é preciso conhecer os vinhos, cada uma de suas características e suas possibilidades, para tomar uma decisão correta, aqui é onde se faz indispensável uma formação adequada. Porquepara aprender as formalidades do vinho basta com revisar a abundante informação de internet ou vídeos explicativos mas nada poderá ajudar-nos a degustar melhor que uma degustação guiada, onde cada descritor aromático pode ser analisado pelo instrutor que orienta aos alunos a melhor maneira de encontrar esse sentido oculto. Essa é a missão da escola de vinho de Furriamhuida Unlimited Tours, educar na degustação para tomar decisões informadas na compra, serviço e manejo dos vinhos. Esta escola de vinho centra-se em desenvolver a degustação descritiva, que serve de ferramenta para escolher, servir e maridar adequadamente um vinho. Cada curso inicia com um pouco de história para dar passo à elaboração dos diferentes tipos de vinhos a degustar, logo da degustação dos descritores aromáticos puros, aborda-se a técnica de degustação em todas as suas fases. Adquirida já a técnica, os alunos degustam diferentes variedades de vinhos, em diferentes formas de elaboração e descrevem aromas, sabores e cores, o qual permitirá tomar decisões informadas em suas compras, serviço e manejo de vinhos.


Quando falamos de terroir geralmente nos vem à mente a definição acadêmica “combinação de solo, clima e planta”, ademais é possível acrescentar a mão do homem ou o manejo como ente modulador. Efetivamente, quando devido a essa trilogia única os vinhos tem características distinguíveis que se repetem à cada colheita, estamos falando de que o vinho expressa a identidade do terroir. Geralmente isto ocorre com manejos de vinhedos bem restritivos, níveis baixos de produção, alta concentração que intensifica aromas e sabores. Portanto, eventualmente poderíamos falar de que um terroir pode dar-se em qualquer lugar, inclusive um lugar que jamais tenha produzido uvas. Assim, cada certo tempo aparecem novos terroirs onde nunca se imaginou plantar vinhedos, como em San Antonio no litoral, ou em Traiguen no sul do Chile. Os chamados vales emergentes nos falam da adaptabilidade do vinhedo em quase qualquer condição.

Quando vinhos de um mesmo vale ou região levam uma característica especial e única, esse “algo” que os une, falamos da Tipicidade. Não nos referimos a que é um vinho comum, senão que são vinhos com personalidades próprias, mas que se unem por alguma característica especial e comum em certa área geográfica e agroclimática. Viñas Inéditas especializa-se em produzir e comercializar vinhos com tipicidade, respeitando o terroir do vinhedo e a identidade do indivíduo com a força de todo um território



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