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PONTOS DE INTERESSE ESPECIAIS:

Quando o tempo voltar para trás, por Carlos Lobo

Ser mãe, por Filomena Costa

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Ao leitor

A vida é uma estrada, por Jorge

D E Z E M B R O

A debulha do milho, por Raúl Matos

NESTA EDIÇÃO:

Contexto familiar...

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A rega noturna

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A descasca de vimes

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Imagem? Título?

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Cartoon de Cervera

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Fernando Pessoa

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Humor

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Com este número, cumpre-se o objetivo para os anos letivos 2013-2015. Satisfez-se minimamente os objetivos, visto que houve membros da comunidade educativa como sejam os encarregados de educação e os funcionários que acabaram por não participar no jornal. Mas houve muitos alunos e professores que participaram e que viabilizaram assim o jornal online. Queremos agradecer a todos os que se disponibilizaram contribuindo com textos e desenhos, assegurando a produção de cinco números. Neste número, não podemos deixar de agradecer à professora Cecília Luísa que fez os alunos participarem com muitos textos, à professora Filomena Costa que participou e fez alguns dos seus alunos participarem e à técnica superior de biblioteca Luísa

Sardinha pelos poemas. E deixamos um agradecimento muito especial à professora Élia Freitas e à técnica informática Lígia Rodrigues pelo inestimável apoio informático. Sentimos que o jornal não pode ser fruto apenas de um ou dois elementos da comunidade mas de mais membros para que o jornal possa espelhar mais amplamente as vivências estéticas e sociais das forças vivas da comunidade. Não sabemos se o jornal online vai continuar nos próximos anos, pois que não depende apenas de nós mas de uma vontade superior que nos atribui este ou aquele objetivo negociável em parte. E também pode acontecer que nós e a tutela podemos desejar continuar e simplesmente não haver colaboradores. E assim o jornal não tem viabilidade, pelo menos com tantos números por biénio.

Leonardo Fernandes

Para ti, meu amor Não me deixes No vazio da noite Onde estrelas adormecidas Se escondem atrás De um véu de amor E de saudade Que invade esse céu Só meu. Não me deixes Na penumbra Da noite escura

Na emboscada de uma sombra Num abismo de loucura. Continua a oferecer-me Em cada madrugada O som cálido da tua Voz de poeta, Misturado com o cântico Dos pássaros. Envolve-me com o teu abraço Terno e profundo. Une as tuas mãos

Às minhas. Juntos, contemplemos O nascer Do sol Num horizonte de esperanças. Sinto que te amo E que és o meu mundo….

Flor de Lótus


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Ser Mãe Ser mãe é a experiência mais enriquecedora que uma mulher pode ter. É viver o tempo todo, em constante vigília, sem nunca adormecer. É cuidar. Dar a papa e vestir. Contar histórias para adormecer. De encantar. É brincar e sorrir. Rir às gargalhadas e conversar. Escutar: Todos os sinais, mesmo aqueles que estão p’ra vir. É preocupar-se! É dar-se! Numa entrega incondicional.

A família é, sem dúvida, a principal responsável pelo meu desenvolvimento, seja ele psicológico ou, até mesmo, físico.

Porque afinal, Mesmo que o filho à mãe dê dor Ela dar-lhe-á sempre o amor, Até quando lhe diz não! Pois educar é dar regras, é contornar os caprichos, é limitar algum querer… Ser mãe é nunca deixar de viver. É encontrar sempre um sentido, uma bússola, uma orientação. É preencher o vazio Que outrora havia no coração. Ser mãe é estar sempre presente

Mesmo não estando lá, fisicamente. Ser mãe é acreditar É ter força p’ra levar os desafios avante. É, também, chorar Mas sem nunca deixar de amar. Porque ser mãe, é sê-lo desde as entranhas até ao mais alto cume das montanhas. Ser mãe é ter encontrado a verdadeira razão de existir. Ser mãe é não desistir, ser mãe é ser feliz! Filomena Costa

Contexto familiar e desenvolvimento Para mim, a família é o principal elemento que ajuda a construir o meu verdadeiro eu, pois é ela que em qualquer fase da minha vida me apoia, independentemente de qualquer obstáculo. É a ela que devo toda a minha personalidade, desde os valores até às relações que estabeleço com a sociedade. A família é sem dúvida a

principal responsável pelo meu desenvolvimento, seja ele psicológico ou, até mesmo, físico. Em caso de estar emocionalmente frágil, é ela que me apoia, dando-me razões para erguer a cabeça e nunca desistir de todos os meus objetivos e ambições. Por outro lado, quando a minha autoestima se encontra elevada, é novamente

este grupo de pessoas, a quem eu chamo família, que celebra comigo as minhas vitórias e parecendo que não, é isso que me faz ter orgulho na família que tenho, pois sem ela tenho a perfeita noção que não seria a rapariga bem-sucedida que sou hoje. Considero então importante que cada jovem tenha uma família presente, pois é a principal razão para que tenham educação e um crescimento saudável. Cristina Gouveia, 12º D, 2013-2014

A rega noturna Ainda muito pequenos, eu e os meus dois irmãos mais velhos, tínhamos a responsabilidade de ajudar o meu pai na rega noturna. Esta tarefa era terrível para miúdos com aquela idade. Levantarem-se a qualquer hora da madrugada dependendo do horário de rega, descalços. Depois deslocávamo-nos

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para os terrenos às vezes com certa distância, quando lá chagávamos, ou tínhamos de esperar ou então, já tínhamos a água à nossa espera. O meu pai, por sua vez, ficava no início dos camalhões deslizando o entulho e nós éramos deslocados para o final do mesmo, para darmos o aviso de que o precioso líquido já tinha chegado ao

seu destino. O que mais recordo era: Estar quase a dormir de pé e sentir um formigueiro na sola dos pés quando a água estava a chegar, para darmos o alerta de mudança de camalhão. Enfim, era uma coisa insuportável, uma das ações mais complicadas da minha infância! Raúl Matos


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A debulha do milho Esta atividade era uma prática anual, como já foi dito em casa de certas famílias com certa relevância na produção deste alimento, muito consumido pelas famílias pobres antigamente. Também era realizada por grupos de pessoas que se disponibilizavam para ajudar as famílias com certo destaque na zona, que proporcionavam trabalho a diferentes famílias na localidade e nas imediações. Nesta atividade surgiam pequenas apostas, uma vez que um dos factores mais importante era conseguir o “milho rei”, máxima curiosidade e atenção no decorrer

desta prática. Recordo-me perfeitamente destas práticas, apesar de terem deixado de existir já alguns anos. A pessoa do grupo que tivesse a sorte de encontrar o tão desejado e famoso “milho rei” de cor vermelha, sendo o normal de cor amarela pegava um grito dizendo: “encontrei-o”! Após a conclusão do trabalho nesse dia, então, regressavam a casa. No dia seguinte, esta pessoa era muito falada na vizinhança, por ter sido o elemento com mais sorte naquele grupo de praticantes, na noite anterior. Esta pessoa apresentava uma

certa felicidade, por evidenciar o tal fator sorte que muitas pessoas desejavam, mas que era impossível para alguns que atuavam neste conjunto de trabalhadores. Esta recordação ainda a tenho muito presente e por conseguinte inesquecível. Momentos de muita felicidade para aquelas pessoas humildes e carenciadas! Na atualidade, certamente oitenta por cento dos portugueses necessitam daquela sorte que referi anteriormente. Raúl Matos

A descasca de vimes Os vimes antes de serem fervidos eram selecionados por tamanhos. Os braçados eram colocados junto a uma parede muito próximo do caldeiro. Juntava-se um grupo de homens para executar aquela tarefa, na parte alta da mesma. Esta prática chamava-se a “capa dos vimes”. Depois da seleção feita, eram amarrados em maúças para a sua posterior entrada no caldeiro, com bastante água para serem fervidos. Esta fervura era feita com muita lenha a arder debaixo daquele utensílio de grande porte. Depois desta operação, eram retirados e postos a esfriar, mais tarde eram malhados, com bastante água, com um malho de pau no tronco, de vez em quando deitavam-lhe água em cima, para se manterem frescos! Nas imediações encontravam-se grupos de senhoras, as quais eram incumbidas da descasca dos mesmos… Quando os vimes não ficavam bem malhados as senhoras tinham que os levar à boca para dar início à sua descasca com os dentes, estes amargavam terrivel-

mente e muitas delas queixavamse que estaria em eminência a perda dos seus dentes. Após esta operação, eram colocados ao sol em pequenas maúças, para a sua secagem e depois o seu armazenamento, posteriormente eram vendidos para a Camacha para a sua utilização artesanal. Como é sabido, ganhavam muito pouco, porque naquela altura todos os trabalhos eram mal remunerados. Certamente, nos dias de hoje é

posta em prática esta anterior referência à classe trabalhadora, porque muitos queixamse que o seu trabalho não é suficiente para os seus humildes gastos! Estes pobres trabalhadores são: os que pagam tudo e mais alguma coisa e nada fazem durante a vida, só têm direito ao trabalho e em muitos casos nem isso, este fato é o que verificamos na atualidade! Raúl Matos

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Imagem? Título? Nesta imagem, e em primeiro plano, estão presentes, ao centro, duas figuras humanas, um rapaz e uma rapariga, sentados no que parece ser um banco de jardim no meio das árvores. Os jovens encontram-se lado a lado, têm as mãos dadas mas cada um olha para o seu telemóvel que tem na outra mão.

A presença dos telemóveis nas mãos dos jovens podem ainda ser considerados como uma crítica à sociedade e à sua dependência das novas tecnologias.

Através da representação do rapaz e da rapariga podemos presumir que são um casal devido a estarem sozinhos juntos no jardim. No entanto, a postura de um perante o outro é contraditória, pois estando próximos fisicamente, as mãos estão uama sobre a outra, cada um parece estar no mundo virtual, o que torna ambigua qualquer hipótese. A presença dos telemóveis nas mãos dos jovens podem ainda ser considerados como uma crítica à sociedade e à sua dependência das novas tecnologias. Estas personagens estão no que parece ser um encontro romântico e em vez de falarem um com o outro, contactam virtualmente. Na verdade, hoje em dia acontece muito isto, em vez das pessoas falarem umas

com as outras cara a cara mandam mensagens, por vezes podem estar uma ao lado da outra mas enviam um sms talvez para evitarem envolver-se ou revelar os seus sentimentos, pois o medo de não serem correspondidas ou alvo de troça está sempre presente. No entanto, as árvores, que estão em segundo plano, mostram imagens de corações remetendo para outros casais que percorreram esta paisagem

sem receio em revelar as suas demonstrações de amor. Esta imagem não é estéticamente bonita, podendo ser também uma crítica às redes sociais onde nem sempre

somos nós próprios. As cores são pálidas e de tons escuros, não há nenhuma cor viva, apenas se realça o verde e o castanho escuro. As figuras humanas representadas também não possuem uma grande beleza, têm olhos e cabeças grandes não sendo, por isso, muito apelativas. Em suma esta imagem representa um casal que, em vez de falar, está agarrado ao telemóvel e nem sequer

olham um para o outro, representando uma crítica à sociedade atual. Maria Freitas 10.º A, 2013/2014

Saudade tem asas Pássaro de aço que grita nas nuvens, que voa longe, e carrega meus sonhos... Pássaro de asas planas de coração quente, de corpo frio não tem alma seu olhar... Pássaro de aço ... Gigante da saudade...

VIRTUALMENTE

Porque levaste daqui o meu amor ? Voa ligeiro...no céu de abril Atravesse o espaço, Pássaro de aço, mas traga o abraço do amor que partiu...

Clyanehar Mirielle, Afonso Nunes, 10ºA , 2013/2014


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Cartoon de David V. Cervera A imagem (cartoon) de David Vela Cervera "O primeiro beijo" transmite uma triste realidade dos dias hoje. Na verdade, num plano mais próximo, é possível reparar num casal de namorados, sentado no banco de um jardim, rodeado por árvores sombrias, de mãos dadas, porém, de costas voltadas um para o outro, transmitindo o amor que sentem um pelo outro apenas através do telemóvel. É verdade que os telemóveis são fundamentais nos dias de hoje, mas em contrapartida deixamos de estar fisicamente com

as pessoas que realmente amamos, se não estivermos conscientes da dependência que eles podem criar. Nomeadamente, nesta imagem, não existe a troca de olhares e ficando estes jovens incapacitados dizer o que verdadeiramente sentem pela pessoa, olhos nos olhos. Além disso, ao olhar para este cartoon, consegue-se ver que ali já estiveram outros jovens, que em vez de estarem sentados, andavam no meio das árvores, e de que estes deixaram a imagem do coração gravado numa delas. Estes, com certeza aproveitaram a

Na verdade, numa época onde as tecnologias se sobrepõem cada vez mais ao humano, esta é uma caricatura extrema do apego das pessoas aos telemóveis. Também, cada vez mais, os menores dependem dos seus amigos eletrónicos e das redes sociais. Atualmente, as tecnologias apoderam-se da vida do homem. Para onde um humano vai, um (ou mais) telemóveis vão com ele. É como se tivessem uma vida virtual, enfiada num telemóvel. Na verdade, nesta imagem os jovens esquecem-se que estão lado a lado e comunicam por telemóvel. Será que isto significa que temem envolver-se ou têm vergonha de verbalizar os seus sentimentos? Neste cartoon predominam cores tristes ao fundo, mas onde os jovens se encontram podemos

Em suma: tudo deixa de ter brilho e, infelizmente, privilegia-se o virtual em vez do real.

...numa época onde as

Os namoros tecnológicos Na presente imagem observamos, em primeiro plano, dois jovens ao telefone, aparentemente dando o seu primeiro beijo através deste. Estes jovens encontram-se sentados num banco, num jardim.

natureza e mantiveram um contacto físico muito próximo, mas essa paixão ficou para trás, destacando-se agora a timidez que os jovens sentem para transmitir os seus sentimentos.

observar cores mais alegres. É igualmente interessante o símbolo desenhado numa árvore à esquerda. Nomeadamente a inscrição de um coração, o que nos remete para outros casais de apaixonados que passearam por aqui e manifestaram, fisicamente, o seu amor ao contrário do que acontece nesta imagem. Em suma: esta caricatura é interessante pois destaca de uma forma irónica e hiperbólica o que se passa atualmente com os jovens e as redes sociais

tecnologias se sobrepõem cada vez mais ao humano...

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Fernando Pessoa Fernando Pessoa Ortónimo é um poeta reconhecido mundialmente. Ele criou vários heterónimos, entre eles Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, a fim de despersonalizar-se. Nos seus poemas abordava temáticas como a solidão, a nostalgia da infância e a dor de pensar. Alberto Caeiro é um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Caeiro é um poeta sensacionista e é considerado por Fernando Pessoa e pelos heterónimos como o Mestre. As características principais dos seus poemas é o fruir da natureza e o deambulismo.

Nos seus poemas abordava temáticas como a solidão, a

Ricardo Reis é um dos heterónimos de Fernando Pessoa e é considerado por este último como o Disciplinado. Nos seus poemas utiliza latinismos como: óbulo, Átropos e destino. No que diz respeito às temáticas abordadas nos seus poemas temos o epicurismo que se encontra ligado ao

nostalgia da infância e a dor de pensar.

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carpe diem e à ataraxia (viver a vida sem excessos, em tranquilidade) e ao estoicismo (não pode mudar o destino, no entanto pode autocontrolar-se/autodominar-se). Álvaro de Campos é o “filho indisciplinado” das sensações, ou seja, é um poeta sensacionista. Para este heterónimo de Fernando Pessoa não lhe basta as sensações como elas são, mas sim “sentir tudo de todas as maneiras”. Assim sendo, podemos falar em três fases; A fase do opiário, caracterizada pelo tédio, cansaço e solidão. A fase do futurismo Whitmaniano. Assim se chama, visto que Álvaro de Campos se inspirou num escritor Inglês. Neste fase Campos compara a beleza concedida à máquina. A fase pessoal, caracterizada também pelo tédio e pela solidão. Nesta fase Álvaro de

Campos não tem a capacidade de unificar pensamento com sentimento e interior com exterior. Assim sendo, Álvaro de Campos apresenta algumas semelhanças com Fernando Pessoa como a dor de pensar e a nostalgia da infância.

Excerto do poema “Cruz na porta da tabacaria!” Cruz na porta da tabacaria! Quem morreu? O próprio Alves? Dou Ao diabo o bem-estar que trazia. Desde ontem a cidade mudou. Bárbara, 12º A, 2013/2014


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Humor Uma loira, depois de sair do bar, liga para o 112 para participar um assalto ao seu carro. Completamente toldada e histérica gritava: - Roubaram-me o tablier, o volante, o travão, até o acelerador levaram! - Calma – diz a voz do outro lado - dentro de 5 minutos estará aí um agente policial. Ainda não tinham passado 2 minutos, a loira liga novamente e diz: - Olhe, deixe estar! Afinal sentei -me no banco de trás por engano…

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Há dois bêbados que resolvem dormir num beliche. O que ficou por cima, antes de adormecer, reza: Com Deus me deito, Com Deus me levanto E mais a Virgem Maria E o Espírito Santo. De repente, cai da cama em baixo. O amigo olha e diz: - Estás a ver o que dá dormir com muita gente?!

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A escola de hoje… Filho: - Tenho o netbook… Tenho o mp3… Tenho a pen drive… Tenho o ipad…Pai, o que é que vocês usavam na vossa escola??? Pai: - A cabeça!!! In Almanaque de Santo António 2013

Quando o tempo voltar para trás Quero ver os Quando o tempo voltar para trás, eu voltarei a ser criança. Voltarei a crescer e a conhecer as pessoas que mais me marcaram a vida. Este é o desejo de todos. Voltar para trás e apagar os erros. Crescer de novo e mudar o rumo da história. Porém eu não quero ser assim. Quando o tempo voltar atrás eu quero ser o espetador. Quero ver a minha vida como um fã vê um jogo de futebol. Quero criticar-me sobre as minhas faltas, erros e asneiras e mesmo assim ver tudo a acontecer de novo como se as minhas críticas fossem silenciadas pelos ruídos do tempo. Quero rir-me das minhas palhaçadas e asneiras até que os meus olhos se encham de lágrimas. Quero levantar-me e aplaudir todos os meus triunfos, todas as minhas conquistas, todas as minhas vitórias e todas as metas que tinha traçado e consegui alcançar. Quero chorar por todas as asneiras, por todos os enganos, por todas as promessas quebradas e sonhos abandonados que fiz e deixei para trás. Quero sorrir por poder acordar para um novo dia. Quero sentir, mais uma vez, a alegria de ser uma criança de novo e só preocupar-me em não arranhar os joelhos. Quero ver os meus primeiros passos, as minhas primeiras palavras, o meu primeiro dia no infantário, a minha primeira birra, o meu primeiro dente, a minha primeira dentada, o meu primeiro brinquedo, o meu primeiro cobertor, a primeira vez que disse ’adoro-te’ ou então ‘gosto muito de ti’ e por fim queria ver o meu primeiro abraço. Irei então levantar-me e entrar na minha vida. Darei um abraço àquelas pessoas que já não se encontram ao meu lado e sorrirei para elas uma última vez. Acordarei finalmente e perceberei que tudo o que eu vi não passou de uma recordação. Lembrar-me-ei que o tempo da vida é fugaz e ela só tem um sentido e esse é para a frente. Carlos Lobo, 12ºD, 2013/2014

meus primeiros passos…, o meu primeiro dente, a minha primeira dentada...


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A guerra… é uma ilusão A guerra do dia-a-dia é uma ilusão chamada paz A paz é apenas uma ilusão criada pelos olhos daqueles que estão fartos de sofrer, a verdade é que enquanto o ser humano existir não existirá paz, pois o ser humano é incapaz de admitir a culpa e a guerra é apenas um crime, pago pela dor dos derrotados. A guerra não acabou, ape-

nas adquiriu outra forma,

acabou, não existe paz e as

está presente no nosso dia-a-

pessoas dizem que a veem e

dia. Os humanos culpam os

sentem, então essa paz é

outros pelas suas perdas e

apenas uma ilusão.

tentam recompensar essas perdas com a vingança, de-

Jorge, 9ºD

pois que a vingança começa, começa também um ciclo vicioso onde o ódio predomina e assim a vingança leva a outra vingança e assim ocorre durante séculos… A ganância do ser humano é o seu defeito. Sendo assim a guerra não

A vida é uma estrada A vida é como uma estrada, não existem estradas perfeitas, todas têm seus buracos...

A vida é como uma estrada, não existem estradas perfeitas, todas têm seus buracos, o ser humano não consegue assumir a culpa e então culpa os outros pelos buracos. Dizem que cada um vê a vida como quer, mas apenas se pode viver de uma maneira: se ficar pensando no passado, nunca vai avançar na vida; se ficar pensando no futuro, vai criar ilusões de como será e terá mais dificuldades em

aceitá-lo como é, mas se esqueceres o passado, viveres o presente e estiveres preparado para o futuro, não existe nada que te derrube. A vida dá voltas, hoje é aquela pessoa, amanhã pode ser tu, vive a vida enquanto podes. Jorge, 9ºD

Dia das bruxas Dia de magia Muita imaginação E fantasia. Gatos, morcegos, Aranhas, aranhiços, Sapos, sapinhos, Eis um feitiço. Cabelos de bruxa, Unhas de dragão, Banha de cobra, Eis uma poção. Bruxas más, bruxas feias,

VIRTUALMENTE

Atravessam os céus, Em voadoras vassouras, Ornamentadas de teias. Unhas compridas, Chapéu bicudo, Vestidas de negro, Comemoram o seu dia, A 31 de Outubro. Luísa Sardinha


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Logótipo da Biblioteca, por Diogo Maia, 7ºA

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Envia os teus textos, sugestões e críticas para o email do jornal: virtualmente11@sapo.pt Cria um logótipo para o jornal da escola e envia-o para o email do jornal. O jornal sai no final de cada período letivo, ou devia sair, envia os teus trabalhos com 30 dias de antecedência.

Pensamentos e vida O pobre prefere um copo de vinho a um pão, porque o estômago da miséria necessita mais de ilusões do que de alimento. G. Bernanos Só os mendigos conseguem contar as suas riquezas. W. Shakespeare

O xaile da avó A avó do Filipe estava com um ar muito desanimado. - A avó parece mesmo aborrecida! – observou o Filipe. - É verdade! Tanto trabalho para nada! – lamentava-se, olhando para o xaile de malha inacabado. - Mas o que é que aconteceu? interessou-se o Filipe. - Ora! Tentei fazer um xaile com esta lã que comprei, mas depois de uma semana de trabalho tenho de o desmanchar todo… - Mas porquê?... Não gosta do feitio?... - Não é nada disso. Até gosto bastante, apesar de ser feito todo com o mesmo ponto. Mas o problema é que a lã não chegou para terminar o xaile triangular. – E preparou-se para desfazer o xaile. - Mas não tem de o desmanchar! Basta comprar mais alguns novelos de lã. - Isso queria eu! Mas, por azar,

este era o resto da lã desta cor e na loja deram-me poucas esperanças de poder obter um novo lote desta cor, de que tanto gosto! Por outro lado, gostaria de fazer, com esta lã, o maior xaile possível. - Estou a entender… E por tentativas não é um processo lá muito agradável – constatou o Filipe. – E por que não começa o xaile pelo bico?... Assim não teria de se preocupar mais. - Nem pensar! O xaile não ficava tão perfeito! Terei de falar com o teu avô. Lá com as matemáticas dele, sempre poderá ter alguma ideia que me ajude… Quando desmanchou metade da última carreira que fez, o Filipe quase saltou. - Não! Não desmanche ainda… Diga-me só mais uma coisa! Para fazer o xaile, como procede de uma carreira para outra? – Os olhos do Filipe brilhavam enquanto a mente

fervilhava, sentindo a resposta do problema ao seu alcance. - Bem, para fazer o xaile, de uma carreira para outra, apenas tiro um ponto no início e outro no fim… - Então, minha avó, tenho boas notícias para si. Só terá de fazer o xaile mais uma vez e terá o maior xaile possível. - Queria acreditar nisso, Filipe. Mas como será possível tal coisa? Carlos Roque e Luísa Cruz


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