KDF - Traições e Intrigas

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Dinarte Alves Portela

KDF Traições e Intrigas



Dinarte Alves Portela

KDF Traições e Intrigas

editora

S Ã O PAU L O - 2 0 1 1


editora

© Editora Lexia Ltda, 2011. São Paulo, SP CNPJ 11.605.752/0001-00 www.editoralexia.com

Editores-responsáveis Fabio Aguiar Alexandra Aguiar Projeto gráfico Fabio Aguiar

Diagramação e capa Equipe Lexia Revisão Bianca Briones

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP P482k Portela, Dinarte Alves KDF: Traições e Intrigas / Dinarte Alves Portela. -- São Paulo: Lexia, 2011. 240 p. ISBN 978-85-63557-58-2 Inclui bibliografia

1. Literatura - Brasileira 2. Contos I. Título. CDD –B869 Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas ideias em realidade e trazê-las até você. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento do autor. Impresso no Brasil. Printed in Brazil.


AGRADECIMENTO

Agradeรงo a todos meus amigos que torceram para que essa obra pudesse sair.



DEDICATÓRIA

Dedico essa obra em forma de homenagem às minhas duas filhas, Mariana e Beatriz Portela. Também a todos que de um modo ou de outro me ajudaram através de incentivos.


SUMÁRIO

Introdução .................................................................. 11 Capítulo 1 O poder do Amor ....................................................... 13 Capítulo 2 Pétrus Gregory: Uma história de vida ....................... 21 Capítulo 3 Um menino chamado Trapo ....................................... 39 Capítulo 4 O Emissário da Morte ................................................ 55 Capítulo 5 Explosão em Alto Mar ................................................ 87 Capítulo 6 Guarujá pérola do Atlântico ....................................... 121


Capítulo 7 O misterioso Luiz Alberto ....................................... 145 Capítulo 8 Viver como as flores ................................................ 197 Capítulo 9 As últimas horas da Irmandade .............................. 211 Capítulo 10 O começo de uma Nova Era .................................. 229 Ficha Técnica ........................................................... 239



INTRODUÇÃO

Até onde vai a ambição do homem? Quem somos nós? Como podemos estar interligados com a lei do universo e que força de atração ela exerce sobre nós? Que fazer quando somos impulsionados a fazer o que nós não queremos? Qual a razão de tantas mentiras para nos levar ao poder e dinheiro? Para ser um milionário tem de se pagar um preço? São essas perguntas que se tornam complexas na vida do milionário Koldo Dornelles, dono da mais influente empresa aérea e acionista de várias empresas de mineração e siderúrgica. Agora está a volta de um intrigante acontecimento na K.D.F, empresa que leva o seu nome: Koldo Dornelles Filhos. Seu vice-diretor se vê envolvido com trabalho escuso e extremamente perigoso que poderá colocar em risco a vida de sua família e até a de seu fiel amigo, Pétrus Gregory. Que confronto virá pela frente colocando em risco não só o que ele possui, mas também o que ele mesmo acredita? Somos todos inocentes ou a atração cósmica reflete naquilo em que nós somos como pessoas do bem ou do mal? Qual caminho podemos seguir? Que mecanismo deverá usar para anular a ação do mal diante dessas e outras

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situações? Quantas oportunidades ainda terão para assumirmos o controle de nossas vidas? Leia essa intrigante e emocionante história de fidelidade, amor e muito suspense, quando vidas são jogadas no meio de uma rede de intrigas! Dinarte A Portela.

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Capítulo - 01 O PODER DO AMOR

Era o ano 2004, um verão inesquecível na vida do empresário Koldo Dornelles Filho, homem bem –sucedido, dono da empresa aérea K.D.F. Com o crescimento desta tornou-se ainda mais rico por se tornar acionista de outras empresas: mineradora e siderúrgica. Sua maior realização foi a empresa que leva o seu nome, sendo conhecida por suas iniciais K.D.F., pois foi herança de seus pais e ele conseguiu quadruplicar sua fortuna com seu bom desempenho administrativo. Sua esposa Marina Dornelles ajudava no serviço administrativo da empresa e também com a fundação do mesmo nome, que ajudava a crianças vítimas de maus-tratos e violência, principalmente dos países em guerras. Marina, mulher bonita de semblante feliz, estava sempre de bem com a vida, além da beleza que tem, era dona de uma sabedoria incomparável. Sabia dirigir muito bem a vida de esposa, empresária executiva e cuidava de todos os aparatos do marido, mulher muito influente na sociedade. Foi naquela manhã de sábado da primeira semana de dezembro de 2004, que Koldo resolveu ir, mas cedo para sua empresa. Havia em seu rosto um semblante de preocupação, perplexidade e ao mesmo tempo

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uma angústia que tomava conta de si. Ele folheava documentos e mais documentos. Seu computador estava ligado e fazia questão de comparar os registros de materiais, dia, hora, registros de empresa e clientes. Ele ouviu passos firmes sob o piso liso e encerado, como se a pessoa não tivesse nenhuma intenção de esconder sua presença ali. Quem poderia estar no corredor numa hora dessas visto que visitas naquela ala eram restritas a quase todos os funcionários? A porta grossa e transparente do escritório revelou a silhueta de um vulto vindo em sua direção. – Koldo, meu amigo! Por que está tão cedo na empresa? Vim te buscar. Todos estão te esperando lá em baixo. O meu iate está pronto para conquistar as águas do Atlântico! – Como sabia que estava tão cedo aqui, Pétrus? Não comentei a ninguém? – Pura dedução, amigo... Anos e anos... E o conheço como a palma de minha mão... Pétrus fez uma pausa, notou o semblante de Koldo e por um momento houve um silêncio sombrio na sala do dono da K.D.F. O silêncio mais uma vez foi cortado por uma indagação do amigo: – Está tão assustado, Koldo? Posso ajudar? – Olha, Pétrus, feche a porta e me ouça. Marina não pode saber dessa conversa por hora, nem Lia! Há dias que venho suspeitando de uma suposta operação misteriosa aqui na empresa. Não se trata de desfalque em dinheiro, ou coisa parecida, mas há indícios de produtos indo para várias partes do mundo e estão usando a empresa para essas operações... Não há falta de dinheiro, Marina e eu temos total controle das verbas, até porque somos nós dois que assinamos os cheques, mas há algo misterioso, as operações mostram que estão usando a nossa empresa para algum fim desconhecido. – Você não faz ideia do que seja? – Não, Pétrus. Uma coisa muito estranha é um galpão desativado que antes vivia aberto e agora Novac Cintra o mantém sempre fechado... Tentei convencê-lo várias vezes, mas ele sempre desviou a conversa...

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– Você é o dono da empresa, Koldo. Cabe a você decidir qual porta tem que permanecer aberta ou fechada, mas o que tinha no galpão de importante? – Apenas peças usadas sem nenhuma utilização, por isso eu a mantinha aberta. Tanto fazia se ficasse aberta ou fechada. Há algo mais estranho ainda. Um dia, na sala do Novac, percebi seu computador ligado e numa das pastas de arquivo notei o seguinte: "Projeto D.N.A.”. Por isso não quero alarmar Lia e Marina, e também não quero causar suspeita no Novac que eu estou de olho nele, pois ele pode se sentir acuado e pode ser muito perigoso para minha família. Não sei o enigma em que nos encontramos. Logo a conversa foi interrompida por um leve som. – Atenda, Koldo! Devem ser elas nos esperando no estacionamento, Vamos sair um pouco, Marina está ansiosa para ir para Angra conosco, mas irá só se você vier. Nossa mansão está nos esperando, minha clínica já está organizada e qualquer emergência serei rastreado. – Clinica! Aquilo ali é um hospital. Só você que ainda não se deu conta. O telefone voltou a tocar suavemente. – Já estamos descendo, Marina, calma! Pétrus já me convenceu. Koldo se preparou para pegar o paletó sobre a poltrona, enquanto Pétrus folheou rapidamente o jornal da cidade: "RJ em Alerta”. Não conseguiu ler a página principal: "Crianças desaparecem em vários pontos da cidade”. No bairro do Blokim, no Rio, o jornal fez menção de uma família que teve sua filhinha de 16 anos raptada dentro de um restaurante. Os pais estão desesperados e a polícia não tem pista. As páginas foram desfolhadas muito rapidamente, sem nenhuma intenção de parar em um assunto especifico. – Vamos indo, Pétrus! – interrompeu Koldo se direcionando para porta. – Então, vamos! – Hurrááá! Finalmente consegui tirar Dr. Dornelles da sua senzala... Viva!

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Lia era só alegria, a máquina fotográfica sempre pronta para o primeiro flash. Ela gritava freneticamente do lado traseiro do carro, que estava pronto pra sair a qualquer momento. Ao encontro de Koldo vinha Marina, com o sorriso contagiante, seus olhos pareciam duas pedras de jaspe brilhantes. Fazia tempo que ele não via sua mulher com um sorriso desse e com seus olhos radiantes de felicidade... Seus pensamentos foram cortados pela voz de Pétrus com uma voz grave e silenciosa. – Em Angra quero saber mais sobre a história... Enquanto o carro saiu vagarosamente até pegar a pista, Lia foi passando a memória de sua máquina digital para seu notebook! – Pronto, sr. Pétrus, máquina com a memória vazia, pronta para receber novas imagens suas e do casal Dornelles. Pétrus soltou um sorriso e a abraçou carinhosamente como sinal de satisfação de tê-los ali por perto. O motorista da família Dornelles olhou para o retrovisor e ao pegar a autopista comentou: – Hora do passeio. Nossa rota: Marina Nacional. Lia era muito mimada pelos pais, tinha se formado em Administração, mas ao concluir o curso, optou por ser fotógrafa. Era uma garota muito perspicaz, para não dizer curiosa. Era muito afoita devido sua característica de menina inteligente, moderna e sofisticada também. Apesar de seus 19 anos, era uma jovem determinada, uma mistura de elegância de sua mãe, Marina, e da sabedoria de seu pai, Dornelles. Tinha imaginação fértil, acostumada com sua própria opinião dava solução a tudo, insistindo e defendendo a sua posição. – Pessoal, vocês estão acompanhando as notícias das pessoas desaparecidas no Rio? A polícia insiste que há um serial killer a solta. As vítimas não são apenas crianças, há casos de presidiários que foram soltos e estão desaparecidos. Outro caso foi em Nova Iorque em que uma criança desapareceu bem diante dos pais, por uma distração em uma fração de segundo. Em São Paulo, há quem diga que até homens de ruas estão sumindo... O que vocês acham?

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– Onde você está vendo isso, Lia? – Pai, está aqui no meu notebook, na net... Vários jornais estão noticiando... – Ah! Deve ser algum lunático que está matando essas pessoas. Você não acha, Petrus? – Olha, no RJ em Alerta estava falando sobre isso, mas não sei não, acho meio sinistro isso tudo... Logo Marina interrompeu a todos e se envolveu na conversa: – Ebola, Aids, gripe do frango, vaca louca, agora isso! Em breve, os evangélicos afirmarão que é o tal do arrebatamento, pelo que sei isso não é só no Brasil, mas já houve sumiço nos Estados Unidos, na Europa e na China... Logo virá uma outra novidade.. A febre Suína, por exemplo. A humanidade cresce e com o crescimento vêm as complicações. – Isso mesmo. Marina tem razão, Koldo. – Meu amigo Pétrus, vou me esbaldar nas lagostas isso, sim! Não antes de eu ir à desforra no xadrez. Pétrus sabia que quando eles se reuniam para jogar xadrez era mais para colocar a conversa em dia do que o próprio jogo, tudo era apenas uma justificativa para os dois. O motorista Dilermando procurou uma vaga no estacionamento. Ele foi dando marcha ré aos poucos até preencher a vaga de número 20 na Marina Nacional. – Dilermando, as malas, por favor? – gritou Marina. Logo apareceu o filho adotivo de Pétrus. Sua aparência rústica, com uma camisa regatas não conseguiu esconder sua forma atlética de marinheiro experiente. Ele ajuda Dilermando a colocar as poucas malas no iate. – Téo! Quanto tempo! Posso... – Lia foi dizendo enquanto disparava a máquina fotográfica por várias vezes seguidas. – Lia, você não sabe que Teófilo detesta ser fotografado? – disse Marina. Teófilo olhou sério para Lia com ar de pouca conversa e respondeu:

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– Deixa pra lá, tia, tudo bem. – Mas, mãe, essa foi a primeira foto do dia. Brincadeira. Pétrus olhou para Teófilo. Koldo e Marina notaram em seus olhos a satisfação em rever seu filho. Teófilo se direcionou para o timão do iate e começou sair do porto rumo ao mar aberto. Todos estavam a bordo, observando a experiência dele como se estivessem em uma plateia e ele fosse o único ator no momento. Do mar uma pequena corrente de ar agitava os cabelos de Marina, Lia olhava fixamente para Teófilo enquanto Koldo observava uma gaivota mergulhando no mar a procura de alimento. Enquanto isso, Pétrus naufragava no mais profundo e longínquo do seu pensamento. Relembrou o dia que conheceu a irmã de Marina, quando ela e Koldo ainda eram namorados. Eles se conheceram em sua formatura, Pétrus estava feliz, além de se formar em Medicina, naquele momento conheceria a criatura mais doce, mais meiga da Terra. “Foi Koldo que teve a ideia de convidá-la para minha festa de formatura .” A lembrança veio nítida na sua mente invadindo o seu presente momento. – Pétrus, tem uma pessoa que quer conhecê-lo, tudo bem? Ela veio justamente para o meu casamento com Marina, falamos tanto de você que ela quis te conhecer... Posso chamá-la? Nem precisou chamar, logo apareceu aquela moça linda, cabelos longos, lábios levemente grossos em um vestido longo e azul, suportado por alças, que não conseguiu esconder o formato perfeito e feminino de Bárbara. Cabelos até os ombros e olhos verdes cheios de vida. – Muito bonita a sua festa. Muitas pessoas bonitas... – Dança tango? – interrompeu Pétrus inseguro. – Sim... Então vamos.. Os dois dançaram a noite toda e não se desgrudaram um do outro. Parecia que se conheciam havia muito tempo. Pétrus tinha 28 anos e Bárbara tinha apenas 23 anos. Tudo parecia bem e eles se casaram. Mas no primeiro ano de casamento, Bárbara começou

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a ter os sintomas de um câncer que lhe tirou a vida naquela primavera de 1974. “Hoje me restou apenas a família Dornelles a quem eu prezo muito.”, pensava Petrus. – Alô! Astronauta, volta para Terra! – gritou Lia interrompendo o pensamento de Pétrus. – Pétrus, em que planeta você estava? – sorriu Koldo. – Bom, ainda estou na Terra! Pétrus não conseguiu disfarçar a sua emoção, pois havia se aprofundado nas lembranças e agora o resultado estava em seus olhos, levemente molhados de emoção. Koldo se aproximou do seu amigo e com um forte abraço desabafa: – Foi muito bom ter te conhecido, meu amigo... – Você pra mim é muito mais que um amigo, Koldo, é meu irmão. Quantas dificuldades passamos juntos e aqui estamos? Foram muitas coisas, Só um irmão mm estaria tão próximo de mim como você sempre esteve. Muito obrigado, meu amigo, meu irmão. – Pétrus, eu acredito muito em Deus e sinto que sua vida em breve vai ser totalmente mudada e pra melhor. Sinto que algo muito bom vai acontecer em sua vida, meu amigo, meu irmão. Talvez isso mudará até o seu conceito sobre a pessoa de Deus. – Olha, Koldo, vindo de você acredito e muito. Sinto que há algo especial em você. Ou você tem uma fé muito grande ou tem uma ótima intuição, pois tudo o que você me disse até agora tem acontecido de maneira anormal... – Você quer dizer sobrenatural, não é, Petrus? – Sim. Que seja como você esta pensando... Há alguns minutos estava pensando em Bárbara e no quanto a amava. Pensava que chegaria um tempo em que eu morreria primeiro que ela, mas meus pensamentos estavam completamente errados, eu estava errado e ela me deixou de modo tão prematuro, com toda sua juventude. Às vezes, não consigo entender essas coisas. Elas estão fora do meu domínio e de todos os meus entendimentos, Koldo?

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– Eu sei como se sente, mas essas coisas só Deus poderá te responder. Dê tempo ao tempo, meu amigo... – Tudo bem, Koldo... Mudando de assunto, e agora o que vamos fazer? Vai conversar com Novac sobre o Galpão 13? O que será que aquele indivíduo esta tentando esconder lá? – Não sei, mas vou descobrir. – E você como está lá na sua clinica? Não vai me dizer que você não tem problemas por lá. – Tenho e muitos, mas tenho sorte de ter um homem tão competente como o Magnum Soultoon. Ele me ajuda em tudo, conhece passo a passo toda minha clínica e, na dúvida, ele me consulta. Nada como ter um braço direito na empresa, não é? – Certo, muito bom. Voltando o assunto sobre o Novac, ele também é muito competente, já esta comigo há anos. Às vezes creio que não deva ser tão rude com ele. – Bom, amigo, você é quem sabe. Não posso ensinar o melhor economista do Brasil e dono da maior empresa da aviação civil a lidar com seus funcionários... Koldo riu das palavras de Pétrus. – Certo, você tem razão, velho lobo da Medicina.

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Capítulo 02 PÉTRUS GREGORY: UMA HISTÓRIA, UMA VIDA!

No início de 1975, Pétrus, a pedido de seus pais, resolveu se mudar para –Nova Iorque. Os problemas de sua vida ainda estavam latentes. Aferida não havia se cicatrizado e parecia que o jovem médico estava de mal com o mundo e com todos. Foi seu amigo Koldo que, mesmo do Brasil, sempre segurou as pontas do amigo. A vida de Pétrus foi só estudar, estudar e estudar. Usou os estudos como plano de fuga, pois ele já não tinha forças para condenar Deus pela sua perda. Vinha pouco ao Brasil e, quando o fazia, ficava trancado em um dos vários quartos que Marina havia preparado para ele. O casal Dornelles mantinha sempre a firmeza de estar sempre em sua vida. Enfim nem mesmo Pétrus notou que as especializações que havia feito nos Estados Unidos e na Europa havia o transformado em um dos cirurgiões mais bem preparados do mundo. A riqueza que conseguiu acumular estava cada vez maior e a cada dia novas pessoas o procuravam para seu serviço, desde pequenos empresários até autoridades políticas dos quatro cantos do mundo., Sua fama o tornou uma lenda viva no universo da medicina, suas técnicas eram perfeitas, não admitia erro de jeito nenhum.

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Com o tempo optou por retornar ao Brasil, dessa vez com plano específico de permanecer, pois sentia falta do amigo. Nessa época, Marina e Koldo tinham assumido por completo a empresa K.D.F. e isso os impedia de viajar para vê-lo e isso o ajudou a se decidir. Brasil Surgiu assim o Centro Cirúrgico: Pétrus Gregory. Numa extensa área no meio de uma paisagem sem igual, ele não poupou em sofisticação, além de uma clínica com aparelhos de primeiro mundo. Não mediu esforços para construir uma pequena pista de pouso em ponto estratégico em sua propriedade. Próximo dali se avistava um hangar, em que seu pequeno jato ficava à disposição. A clínica mais parecia um hospital. Sofisticado, com uma equipe médica invejável. Pétrus, depois dos acontecimentos que cercaram sua vida, se tornou um pouco desacreditado no lado espiritual, se tornando assim um homem racional, excêntrico demais e de poucos amigos, passando a se dedicar mais à família Dornelles. De volta ao presente, aquele sábado na mansão de Pétrus foi muito bom, as águas do mar vinham deslizando majestoso sobre as encostas até beijarem as pedras batendo fortemente levantando espuma sobre o ar. Tudo parecia mágico, o sol de 39 graus. Parecia ser cúmplice da mais pura felicidade, pois ali na casa de Pétrus, a família Dornelles sabia o significado da palavra amizade. – Koldo, agora é a hora... Sua oportunidade da revanche. Esse é o momento! – Bom, enquanto as meninas estão aproveitando a praia, vamos colocar nossa conversa em dia. Hoje o almoço vai demorar, visto que elas vão se encher de besteira... – Teófilo, meu fiel escudeiro, já mandou preparar tudo pra gente. Ele não demonstra, mas fica muito feliz quando estamos juntos em família. Nessas horas noto como meu filho é solitário, pois ele aproveita cada momento de sua estadia aqui conosco. – Noto também a afeição que ele tem por Lia, embora não dê sossego pra ele, vive enchendo a cabeça do menino! Você soube a última da Lia na internet, Pétrus?

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– O que houve? – Ela simplesmente pegou uma foto da comunidade do Teófilo e colocou um cachimbo na boca dele e uma tatuagem de âncora no braço dele e escreveu “Popeye”.– Ele ficou cheio de raiva. – É hoje se faz milagre com Photoshop. – replicou Pétrus sorridente. – Mas ele já acostumou com as brincadeiras sem graça de Lia. Houve um silêncio na sala, do som saía uma suave música de sax, em seguida uma voz rouca tomava conta do ambiente, como se B.B. King estivesse ali presente. – Fale, Koldo! Ainda está preocupado com os acontecimentos da empresa? Você sabe que está não é só uma partida de xadrez normal, eu te entendo e sei que há motivo pra tanta preocupação, mas será que isso tudo não passa de um equívoco? – Gostaria que fosse, gostaria que eu estivesse acordando e que tudo não passasse de um pesadelo... – Não acha melhor falar com Marina e Lia, pois... – Não! Não! De jeito nenhum, ainda mais para Lia que gosta de tirar tudo a limpo e ficaria preocupada, serão noites e noites sem dormir, enquanto não achar nada de concreto é melhor ficar só entre nós dois! – Certo, Koldo, você tem razão. – Às vezes, fico pensando, sei que você é um excelente médico e fez tudo para merecer isso. Eu me tornei o melhor empresário, quadrupliquei minha riqueza depois que meus pais deixarão sua empresa pra Marina e eu administrarmos. Hoje vejo quase que é impossível minha falência, pois sei o que faço e acredito nisso. Sou acionista direto de várias outras empresas e concluo que nós dois somos muito bem-sucedidos naquilo que fazemos. Acredito que há um Deus-todo-poderoso, que emana sua energia no universo e que essa energia cósmica emana na nossa vida e na nossa vontade. Você, por exemplo. Acha-se um ateu. – Ateu não, Koldo, sou racional!

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– Que seja. Olha bem pra dentro de si mesmo, você por vontade própria se tornou uma lenda da medicina. A sua riqueza material aumenta mesmo você não querendo, como se fosse uma resposta as coisas que você acredita. Tanto a sua participação, quanto aminha, na fundação como membro e cooperador da fundação K.D.F e Cia nos tornam mais e mais ricos. Como se uma energia cósmica refletisse em benefício pra nós mesmos... – Você quer dizer que bom benefício resulta em bom benefício e que coisas ruins também refletem em coisas ruins? – Sim. Mas quero que saiba que tudo tem um por quê? Tudo tem um propósito. – _O que isso tem há ver com a gente? – _Tem a ver, amigo... Que desde os últimos acontecimentos tenho tido um estranho pressentimentos que alguma coisa de ruim está para acontecer. Se algo acontecer comigo, me prometa que vai estar sempre por perto de minha esposa, orientando Marina nas decisões mais complexas e ao mesmo tempo preparando Lia para assumir todo aquele complexo empresarial que Marina me ajudou a construir. Pétrus sorriu para o amigo, mas não descartou a ideia, visto que sentiu seu rosto ficou aparentemente pálido. – Amigo, o que pode acontecer com você? Somos imbatíveis. Juntos somos muito fortes. E como você mesmo disse, o universo conspira a nosso favor. – Mesmo assim fique atento a qualquer movimento meu. A conversa dos dois amigos foi quebrada com a voz firme e direta de Teófilo: – _Senhores, hora do almoço. Essa é a vantagem de morar próximo do mar, podemos sempre almoçar depois das 15 horas. – Pétrus, é tão tarde assim? Não sabia. – Tá vendo, tio Koldo? O senhor precisava mesmo ficar esse final de semana conosco, não viu nem o tempo passar. – É isso mesmo, filho. Acertou. O entardecer se aproximava lentamente em Angra, o sol foi se pondo emanando um vermelho rubro sobre o mar, tudo como

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num passe de mágica... Calmo, sereno, tranquilo, os banhistas vão saindo pouco a pouco da praia, dando lugar aos amantes de futebol, como se um palco estivesse sendo preparado para uma nova cena. A maioria trocou o traje de banho por um para caminhar na calçada, ou até mesmo para namorar. Outros preferiam se amontoar em grupos. As choperias começavam a ser frequentadas por pessoas de várias idades, enquanto outros preferiam tomar cerveja na orla da praia. O início do anoitecer tornava o local multicor, com vestes de vários tipos e uma variedade de pessoas bonitas, até mesmo o comércio começava a se modificar, dando lugar às lojas de miçanga. Apareceu o artista plástico que consegue pintar quadro em azulejo em aproximadamente 15 minutos com habilidades jamais vistas. Sem contar os homens sombras que seguem os turistas imitando todos os gestos que fazem dando o ar da graça de quem quer se divertir. Ainda se vê no início da noite os últimos banhistas tirando os jet skis da água, enquanto os últimos passageiros terminvam seu passeio sobre o mar de helicóptero. A noite em Angra dos Reis tinha realmente sua magia, tudo parecia perfeito. Teófilo estava sentado na varanda pensativo, enquanto Lia está tomando sorvete, os dois conversam amigavelmente. – Téo, é verdade que tio Pétrus tem uma clínica secreta na mansão para pacientes especiais? – Quem disse isso, Lia? Ficou louca? Quem disse isso a você? – É o que se comenta por aí... – Se comenta nada. Isso é invenção da sua cabeça. Se realmente existe alguma, coisa seu pai deve saber. Pergunte pra ele, pois é o melhor amigo os dois parecem irmãos. – Olha, Téo, jamais vou perguntar uma coisa dessas pra papai, ele pode tomar como uma ofensa e isso podem afetar minha relação com ele... – Que nada... Sua matusquela, ele só vai achar que você está mais biruta do que já é... – Olha a foto!

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Após tirar a foto de Téo, Lia saiu correndo por saber que ele se irritava por qualquer coisa... – Volte aqui, sua biruta, quero quebrar sua máquina. Téo entrou possesso de raiva na sala, enquanto Marina se divertia de tanto rir das duas crianças. – Deixa, Téo. Depois ela apaga. Só está brincando com você, quanto mais você se irrita, mas ela se diverte a sua custa. Duas horas depois Lia apareceu com suas amigas, elas foram fazer companhia para Téo que estava sentado na almofada assistindo a um filme. A noite se tornava empolgante para Téo, pois apesar das rixas com Lia, ele adorava a ter por perto. Mônica e Roberta namoravam na varanda, enquanto esperavam atentamente que acabasse o filme, pois Téo e Lia haviam prometido acompanhá-las até o luau. Marina estava esparramada entre as pernas de Koldo, cochilando levemente, enquanto Pétrus estava organizando seus afazeres no seu notebook, logo recebe em tempo real os últimos acontecimentos da clínica. Já na praia, Lia, Teófilo, Roberta e Mônica estão se divertindo. No luau, vários ritmos de músicas estavam sendo tocadas durante a noite. Ao som de instrumentos, os grupinhos jovens foram se formando, uns preferiam curtir a música no sereno da madrugada, Mônica e Roberta preferiam namorar dentro da barraca de camping de um amigo, havia três anos que as duas moças assumiram o namoro e viviam essa história romântica. São amigas fiéis de Téo e são elas que o ajudam a não se sentir tão sozinho na mansão quando Pétrus mergulha em seu trabalho durante dias. A madrugada prometia grandes emoções entre os amigos. Dificilmente acontecia uma balada dessa com todos reunidos em um final de semana, cerveja, muita cerveja, caipirinha e muitas músicas cortam a madrugada. Eles sabiam que domingo à tarde tudo acabaria, indo cada um por um lado diferente.

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Na mansão o silêncio foi interrompido pelo toque do celular de Pétrus, o que fez com que Marina e Koldo se levantassem para ir ao quarto dormir. Eram 3h30 da madrugada. A cortina da janela do quarto onde o casal estava dormindo, começou a se agitar pela leve brisa que vinha do mar. Koldo levemente embriagado pelo sono sentiu algo pousar, ficando no espaço entreaberto da janela, a cortina cessou de se mover pelo vento e si ele notou atônito um pombo totalmente branco pousado entre as duas partes da janela, como se estivesse olhando diretamente em seus olhos. Ele era enorme e não tinha como se enganar, era realmente essa ave. Koldo começou a se indagar que essa cena não era comum. “Estou sonhando ou é apenas um delírio da minha mente.”, pensou. Ele ouviu uma voz, como se aquela voz, estivesse bem distante.... Enquanto o pombo ainda estava ali observando-o no quarto... – Koldo... Koldo... Koldo... Perigo no seu retorno... Koldo... Koldo... Koldo... Perigo... – Quem é você? O que quer? Logo uma densa neblina foi entrando no quarto enquanto o pombo sumia na noite. Koldo estava em um lugar diferente e parecia que ele estava em um mundo paralelo, pois não estava mais de pijama, mas, sim vestido com um terno bege de grife e sentado em uma cadeira muito antiga trabalhada com madeira rústica. Estava ali como se estivesse assistindo a um filme, mas tudo parecia real embora estivesse envolto em uma grande neblina dificultando de ver quem estava ali. Havia pessoas com vestes brancas, parecia um quarto de hospital. As pessoas estavam preocupadas, porque havia ali sete pessoas mortas. Suas roupas começaram a se manchar de vermelho, pareciam manchas de sangue e eles não se preocupavam com isso. Logo ele viu que com instrumentos de metal pontiagudos eles retalhavam os corpos daquelas pessoas, era uma verdadeira carnificina humana, nas paredes do quarto ouviam-se choros e lamentos das almas dos corpos que estavam sendo retalhadas e uma delas gritava: – Olha dentro do galpão 13... Cuidado com o galpão 13... O galpão 13!

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O cenário mudou repentinamente mais uma vez, mostrando muitas almas olhando para uma aeronave, enquanto alçava voo. Enquanto o avião ganhava os ares muitos outros vultos iam se aproximando mirando seus olhos para o avião que se distanciava e desaparecia da vista de todos. Koldo olhava assustado àquela cena, com um nó na garganta, sentia vontade de chorar por ver aquilo tudo. Quando percebeu um novo vulto que saiu do meio daquelas almas com uma veste resplandecente como se quisesse chamar a atenção dele. O vulto levantava sua mão direita para os lados apontando para uma direção. Koldo seguiu com seus olhos atônitos e assustado pelo que tinha visto e seguiu na direção para onde aquela pessoa estava apontando. Na medida que ele olhava a cena ia se modificando. Assim novas personagens iam aparecendo, novas pessoas. Dessa vez, uma pessoa correndo entrou em um carro luxuoso, sua aparência era muito familiar, mas Koldo não conseguiu identificá-la porque seu rosto estava coberto pela escuridão da neblina, mas sabia que havia desespero na sua face. Logo aquele homem não estava mais no carro e como por encanto se viu dentro de um barco a toda velocidade. No meio do mar viu o barco se transformando em uma bola de fogo soltando uma enorme nuvem de fumaça negra e uma explosão muito grande tomou conta daquele pedaço de mar. – Não! Não! Não.... – Querido, O que houve? Acorda! Acorda, Koldo! Marina estava apavorada. – Amor, eu tive um pesadelo e parecia tão real! Pétrus bateu na porta do quarto preocupado com os gritos de Koldo. – Não foi nada, Pétrus, foi só um pesadelo e daqueles bem sinistros. – Vamos para a sala, vou preparar algo pra gente comer. – Ótimo! Vamos, Marina. – Nossa! São quase 5 horas da manhã, querido. Quando Marina terminava de falar, foi surpreendida com os barulhos vindo de fora e gritou:

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– Olha os baladeiros vindo da farra. Todos se reuniram na sala de estar para lanchar, enquanto Koldo surpreendeu a todos com o seu sonho. Pétrus tentou a todo custo fazer uma interpretação dele até que assunto caísse no esquecimento. O dia foi amanhecendo cada vez mais rápido e de dentro da mansão dava para ouvir os sons das aves que alardeavam aquele local. Os primeiros raios de sol apareceram sutilmente, trazendo uma manhã de domingo maravilhosa e convidativa, enquanto Lia, Teófilo, Mônica e Roberta dormiam em seus aposentos, Koldo e Marina estavam na varanda apreciando os primeiros raios solares. – Querida, é muito bom estar aqui com você! Precisamos ficar cada vez mais juntos, fazia tempo que não tínhamos um tempo só pra gente e hoje estamos aqui, juntos com nossos amigos e nossa filha. É maravilhoso, isso só vem confirmar o meu amor por você! Te amo, Marina, um amor que nunca senti por mais ninguém... – Também te amo, meu amor. Você é a razão do meu viver, vou te amar sempre, na minha vida não tem espaço pra mais ninguém. Meu amor por você está mais forte do que há vinte anos. Você é tudo que sempre quis na minha vida, é tudo que sempre sonhei. Marina passou seus dedos sobre os cabelos grisalhos de Koldo levemente e puxando para perto de si beijou-o apaixonadamente entre juras de amor. Na sala, Pétrus estava assistindo às primeiras notícias na televisão. – Cresce o número de pessoas desaparecidas . Agora subiu para quinze só no Rio de Janeiro... Ele estava tentando entender as notícias quando é interrompido pelo som do seu celular. – Dr. Pétrus! Bom dia.– Como o senhor está? – Bom dia, Magno Soultoon, como vão as coisas por aí? – Doutor, as coisa vão bem, mas quero lembrar que tem uma cirurgia marcada para segunda-feira e sua agenda está cheia. Logo pela manhã o paciente Marcelo já o estará esperando no centro cirúrgico. Estou aqui porque é meu plantão. Todos os paciente estão se recuperando bem.

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– Tudo bem, Magno, obrigado! Hoje à tarde estou saindo daqui, amanhã já estarei com vocês. Espero que a equipe já esteja pronta. – Vai estar tudo certo! Pode ter certeza. – Ok! – Bom retorno, doutor. – Obrigado.

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