Paraíba a São Paulo

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Paraíba a São Paulo 50 Anos de História



Oresman de Queiroz Fernandes

Paraíba a São Paulo 50 Anos de História

São Paulo 2012


Copyright © 2012 by Editora Baraúna SE Ltda Capa e Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Fabricia Carpinelli

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ F41p Fernandes, Oresman de Queiroz Paraíba a São Paulo: 50 anos de história/ Oresman de Queiroz Fernandes. São Paulo: Baraúna, 2012. ISBN 978-85-7923-598-6 1. Fernandes, Oresman de Queiroz - Familia. 2. Fernandes (Família). 3. Queiroz (Família). 4. Mulheres - Brasil - Biografia. 5. Homens - Brasil - Biografia. 6. São Paulo (Estado) - Genealogia. 7. Paraíba - Genealogia. I. Título. 12-6707.

CDD: 929.2 CDU: 929.52

14.09.12 28.09.12 039128 ________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Glória, 246 – 3º andar CEP 01510-000 – Liberdade – São Paulo – SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br


Eu Oresman, convido a todos a uma boa leitura. Venham se emocionar com uma história real que começa com o casamento de meus pais, passa pelas dificuldades do sertão, fala do nascimento dos filhos e é recheada de causos e contos, mostrando um pouco do nordeste e suas histórias de cangaceiros. Saiba tudo sobre a nossa mudança para a Cidade Grande, os percalços da chegada, como era a pensão de dona Lúcia, e como Seu Nenê e seus filhos conquistaram na cidade grande. Com este livro, considero minha missão cumprida: tenho esposa, dois filhos, já plantei arvores e sou muito feliz. Tenho, agora, dois desejos a realizar: entregar pessoalmente um exemplar deste livro ao meu ídolo, o ex-presidente Lula, e outro ao apresentador Jô Soares, homens inteligentes que merecem meu respeito e admiração. Meus pais sempre prometeram que se ganhassem alguma coisa, dividiriam com a família. Então leia e descubra mais sobre nossa família, entenda porque vale a pena persistir e correr atrás de nossos sonhos. Acima de tudo, tenha fé, pois a felicidade existe! Um abraço



Sumário Família Fernandes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Família Queiroz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Infância Capítulo 01 - O Casamento de Dona Lúcia e Seu Nenê. 17 Capítulo 02 - O Nascimento dos Filhos. . . . . . . . . . . 24 Capítulo 03 - A Vida Nada Mole no Sítio . . . . . . . . . 31 Capítulo 04 - As Mudanças com a Chegada da Escola . . 48 Capítulo 05 - Ano de 1972 — Chegada a São Paulo. . . 57 Capítulo 06 - Divirtam com os Causos e Contos.. . . . . . .67 Eu Juro é Tudo Verdade!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Adolescência Capítulo 07 - Primeiro Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Capítulo 08 - Se Meu Fusca Falasse . . . . . . . . . . . . . . 90 Capítulo 09 - Se Meu Chevette Falasse. . . . . . . . . . . . 98 Capítulo 10 - Divirtam com Mais Causos e Contos. É Tudo Verdade! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Fase Adulta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Capítulo 11 - A Compra da Casa Própria. . . . . . . . . 113 Capítulo 12 - De Caso com o PT. . . . . . . . . . . . . . . 119 Capítulo 13 - Dois Casamentos que Não Vingaram.125


Capítulo 14 - Os Casamentos Que Estão Vingando.... 129 Capítulo 15 - A Chegada dos Netos. . . . . . . . . . . . . 133 Capítulo 16 - Divirtam com os Causos e Contos. Eu Juro, É Tudo Verdade! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Atualidade Capítulo 17 - Dona Lúcia e Seu Nenê — 50 Anos De Casamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Capitúlo 18 - A Grande Missão. . . . . . . . . . . . . . . . 154 Capítulo 19 - Divirta-Se com os Causos e Contos . . 161 Eu Juro. É Tudo Verdade!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Capítulo 20 - Depoimentos dos Irmãos:. . . . . . . . . . 167 Patriocinadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 Colaboração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193


Família Fernandes

O nome Fernandes e suas variantes foi um dos sobrenomes mais populares em Portugal e na Espanha no período medieval e permaneceu no meio, muito comum ainda hoje na península ibérica. Um dos primeiros registros de que se tem conhecimento do nome português é dom Diego Fernandes, ilustre e honrado senhor, feitor e governador das terras de dom João II, rei de Portugal.

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Como a história de Portugal era composta muitas vezes de conflitos e por força de indivíduos comumente agressivos, uma migração para as colônias se iniciou prematuramente. Estes colonos, frequentemente, deixavam sua pátria para ganhar liberdade por causa das várias formas de perseguição de que eram vítimas. A maioria dos imigrantes que possuem o nome Fernandes se estabeleceu na América Central e América do Sul, ou em várias colônias portuguesas na Oceania, norte da África e em Açores. No Brasil, precisamente, sítio Cachoeira, município de passagem, cidade fundada em 1870 por terras cedidas do Sr. Camilo de Melo, proprietário da fazenda Cruz da Passagem, mais tarde chamada simplesmente de passagem, doou o terreno para a construção de uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Algumas casas foram construídas à sua volta, originando-se dai o núcleo que mais tarde passou a município de Passagem. Em sua geografia, o índice pluviométrico é de aridez e risco de seca de sete a oito meses por ano. Em 1961, emancipou de Patos e teve como primeiro e segundo mandato para vereador o senhor Manoel Fernandes Neto. Muito conhecido e prestigiado da região, era homem de uma só palavra. Caminhoneiro, barbeiro, tocador de sanfona e dono de terras, não demorou muito para assumir um cargo maior. Prefeito, eleito com a maioria pelo partido do MDB, governou apenas por um ano e sete meses. Forças maiores e um atentado de morte o fizeram renunciar, pois não se tinha dinheiro na prefeitura para pagar o funcionalismo, então meu avô começou a vender o gado do seu sítio para pagar as contas da prefeitura. Até que todos da família o

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convenceram o seu prefeito de que, diante de toda aquela pressão, a melhor solução era renunciar. Era 1967, uma época muito forte na ditadura e repreensão.

Maria Alves Fernandes sua esposa tiveram oito filhos. Mulher forte e de uma grande simplesidade. Cativava a todos, católica, muito caridosa, na melhor idade mais parecia uma criança brincalhona, não reclamava de nada e sabia muito bem como lidar com seu marido, pois, de gênio difícil e sem meias palavras, ninguém o contrariava. De pouco estudo, mas muito experiente com tudo o que a vida lhe ensinou. Moraram por muitos anos no sítio até comprar uma casa em Patos, onde largaram o sítio nas mãos de moradores meeiros que cuidavam do seu gado. Muito influente na política, era muitas vezes conselheiro da família e amigos. Só votava em candidatos indicados pelo seu partido (MDB). Uma de suas rotinas era todos os dias, às 19h, ouvir a voz do Brasil com seu rádio portátil à pilhas na calçada, sentado numa cadeira de balanço, dava de conta a todos que passavam a sua rua.

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Acreditava em Deus, mas altamente descrente de religião, para ele tanto fazia alguém dizer vá em paz e que Deus lhe acompanhe, ou que o diabo lhe carregue. Até seus últimos dias de vida, era obrigatório pedir a sua benção. Seus filhos, netos e bisnetos já sabiam, se não quisessem passar um carão no meio de quem estivesse com ele, tinham de pedir sua benção na chegada e na saída.

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Família Queiroz

A linhagem Queirós se deu em Portugal e é das mais antigas das Astúrias. Os de Queirós provinham dos antigos senhores da vila desta designação, nas Astúrias, que tiveram alguma importância social em Portugal no século XIV. Teria sido no último quartel desse século que passou a Portugal Fernando Alvares de Queirós, que seguiu o partido do rei Dom Fernando I, o Formoso, contra Henrique III de Costela, aqui se casando com dona Elvira de Castro,

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com geração que continuou este nome no nosso país (Portugal). Um dos membros mais antigos no Brasil, localizado em pesquisa, instalou-se no Rio Grande do Norte. Nascido em 1738, o português José Pinto de Queiroz se ramificou pelo o nordeste, principalmente Pernambuco, Ceará e Paraíba. Catalogados até 2004, somos em 3.438 membros da família Queiroz. A história segue ao Estado da Paraíba. Cacimba de areia é um município brasileiro a 330 km da capital João Pessoa, localizado na microrregião de Patos. População estimada 3.604 (Censo 2009). Denominada de Cacimba de Areia devido às cacimbas escavadas no centro da malha de areia que abastecia a região. Emancipada de Patos em 1961, a região possui clima tropical quente que de sete a oito meses por ano é de seca acentuada. A vegetação nativa é composta de caatinga do sertão. No comércio local existem duas padarias, uma do Zé do Barro e a outra do Zé galego, quatro bares onde se predomina consumo grande de álcool, principalmente nas festas juninas. Uma igreja, quatro escolas, cemitério e acreditem... uma agência do Bradesco. Figuras típicas como Chico Ventinha, Ciço de Mana, João Pinto, Júnior do bar, Nêgo Ramo e Rulmão. A 6 km dali instalou-se o senhor Avelino Terto de Queiroz e dona Antônia com sua família. Dono de várias terras pela região, também era comerciante de gado e agricultura principalmente. Homem simples, mas muito conhecido pela palavra que era a honra da família. Muitas vezes comprava um rebanho com 20 ou 30 cabeças de gado só na palavra e, após a entrega dos animais, mandava o pagamento sempre em

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dinheiro vivo, pois não era comum guardar dinheiro em banco. Com 56 anos casou-se com dona Antônia (23). Segundo depoimento do seu filho caçula, Alfeu (pino), o meu avô Avelino pediu para o seu primo, Severino Anefézio, apresentar uma moça irmã de dona Antônia. Muito mais bonita, mas quando seu primo foi falar com a moça, encantou-se com a bonitona muito mais jovem. Conquistador, foi logo a propondo em namoro e deixando sua irmã mais velha, que tinha uma pequena deficiência no pé, para o meu avô, com quem se casou também. Mulher forte e capaz de comandar um batalhão de trabalhadores na ausência do seu marido. Tiveram sete filhos. Teve uma passagem muito rápida na Terra, morreu jovem de ataque cardíaco, algo caracterísco na família. Era 1933, um ano excelente de inverno, conta-se que seu Avelino, junto com seu primo, seguiu por mais de 70 km com uma boiada cortando por fazendas e sítios até a cidade de Salgadinho (PB) para vender os animais.empre despertavam a curiosidade por onde passavam com aquele volume grande de animais e todos perguntavam de quem era todo aquele gado. Respondia seu primo: “É de Avelino Terto”, que seguia à frente puxando a boiada. Montado em uma burra que era seu xodó, junto com uma cela que não emprestava a ninguém, era o meio de transporte da região. E, aos pouco, seus filhos foram trocando o sítio por São Paulo. Já de idade e muito adoentado, o trouxeram pra São Paulo e meu pai, Arizo, ficou tomando conta do sítio até 1972, quando vendeu as terras, a dividiu entre os irmãos e partiu a São Paulo.

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