De que Cor é o Mundo?

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De que cor ĂŠ o mundo



Sheila Varoli

De que cor ĂŠ o mundo

2018


Copyright © 2018 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa

Editora Baraúna

Diagramação

Editora Baraúna

Revisão

Amanda Carvalho

Ilustrações

Tamiris Carmo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Andreia de Almeida CRB-8/7889 Varoli, Sheila De que cor é o mundo? / Sheila Varoli. -– São Paulo : Ed. Baraúna, 2018. 74 p. ISBN: 978-85-437-0908-6 1. Crônicas brasileiras I. Título 18-1653 CDD B869 Índices para catálogo sistemático: 1. Crônicas brasileiras

Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.editorabarauna.com.br

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Dedicado às amigas Andrea Carla de Oliveira e Regina Bispo, que colorem meu mundo com amizade e alegria! À Damares Souza Silva, por me ensinar a utilizar as pedras para construir uma ponte.



Agradeço a Deus por todas as bênçãos, pelas oportunidades de crescimento, pelo amor, pela vida! E neste momento agradeço a Deus por colorir minha mente com essa história de amor, força e extrema beleza!



Sumário Apresentação ............................................ 11 1 – Carolina ............................................. 13 2 – Meu mundo colorido ......................... 17 3 – A escola ............................................. 25 4 – Tudo branco ...................................... 29 5 – Giz de cera colorido ........................... 33 6 – Ajeitando as coisas ............................. 39 7 – Que cor agora? ................................... 43 8 – Caindo na real ................................... 51 9 – O tempo correndo a meu favor .......... 55 10 – Uma cidade cor pastel ...................... 59 11 – O Brasil: verde, amarelo e branco ..... 63 12 – A minha cor ..................................... 69



Apresentação De que cor é o mundo? — aparentemente esta é uma pergunta simples de responder, mas não, não é! A história que Sheila Varoli nos conta mostra como estamos distantes de chegar à resposta. Carolina, a protagonista deste evento, tenta responder a essa questão. Aliás, é ela quem faz a pergunta e nos provoca a descobrir de que cor é o mundo. Os caminhos que Carolina percorre enquanto investiga as possíveis respostas para sua indagação faz lembrar uma antiga passagem bíblica conhecida como Torre de Babel. Originalmente ela é sucinta; mas para harmonizar com nosso livro, coloriríamos a história assim: Olhando do céu, Deus percebeu uma movimentação diferente na Terra: os homens estavam em plena comunhão, construindo uma torre cujo nome era Babel. Deus logo soube que os homens desejavam construir a torre para alcançar o céu e substituir o comando dele pelo comando dos homens. Ao tomar ciência da finalidade da construção, Deus ficou maravilhado e pensou que finalmente os homens que eram sua imagem e semelhança ficariam ainda mais parecidos com ele, exercendo a automaestria de suas próprias vidas e se tornando governadores e senhores


Sheila Varoli

dos seus destinos. Deus sentiu imenso orgulho dos homens: toda aquela comunhão provava que estavam mais do que aptos a governarem o mundo sozinhos, sem a ajuda dele, o Criador. Todavia, ainda assim, Deus resolveu lançar um último teste: os homens que falavam o mesmo idioma agora passariam a falar idiomas diferentes. E assim aconteceu. Para grande decepção e tristeza de Deus, quando os homens viram a si mesmos falando línguas diferentes, começaram a julgar uma língua como superior ou inferior à outra. E assim como uma língua era superior ou inferior à outra, um povo era também seria inferior ou superior ao outro. Partindo dessa conclusão, os homens pararam de construir a torre e puseram-se a brigar, e até hoje continuam disputando essa soberania uns sobre os outros. Tal disputa os impede de chegar ao poder pleno de si mesmos, e Deus se vê ainda nos dias atuais na dolorosa empreitada de ensinar o homem a reconhecer valor em si mesmo e nos seus semelhantes. A confusão que começou lá na Torre de Babel foi, talvez, o que originou a pergunta de Carolina — De que cor é o mundo? —, o que sugere que os homens estabeleceram, além da hierarquia entre as línguas, outros poderes hierárquicos, sendo um deles a soberania de uma cor sobre a outra. Portanto, cabe também a nós a reflexão sobre esta indagação: afinal, de que cor é o mundo? Damares Silva São Paulo, julho de 2018. 12


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Carolina



DE QUE COR É O MUNDO?

Meu nome é Carolina. Minha mãe sempre disse que Carolina era nome de mulher bonita, mas eu nunca me achei bonita. Como eu não via beleza como a minha em nada ao meu redor, sempre achei que minha mãe mentia. Meu pai era negro e a minha mãe também é. Ele tinha um metro e noventa e cinco de altura. Lembro de quando ele me pegava no colo e de como era ver o mundo lá de cima. O mundo da minha infância era colorido, e era ainda mais colorido nos braços do meu pai! Acho que o mundo começou a mudar de cor quando ele nos deixou. Não, não foi que “o negão deu no pé e abandonou os filhos”… Ele faleceu depois de dois anos de luta contra um câncer cruel, que o deixava cada dia menor, mais frágil… Quando ele faleceu, eu tinha quatro anos e meu irmão três. No dia em que ele faleceu, lembro que eu e meu irmão estávamos na escola e uma das minhas tias foi nos buscar mais cedo. Quando entrei em casa, a casa não parecia minha… Tinha muita gente, e minha mãe chorava muito, sentadinha no sofá, abraçada à minha madrinha. E todo mundo que eu olhava me olhava de volta com olhos de pena… Não lembro de mais nada. Minha prima, que era adolescente, deu sorvete pra gente, brincou de amarelinha no quintal, deu banho e colocou a gente pra dormir. Ela disse que minha mãe tinha que sair. Não vi minha mãe chegar, mas no dia seguinte ela estava lá. Já o meu pai eu nunca mais vi. 15


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