O Vale de Suicidas em Revista

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O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA



O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA ALBERTO KENUTSEN

São Paulo - 2016


Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda.

Jacilene Moraes

Capa

Diagramação Felippe Scagion Revisão

Patrícia de Almeida Murari

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________

K44v

Kenutsen, Alberto O vale de suicidas em revista / Alberto Kenutsen. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2016. ISBN 978-85-437-0517-0 1. Filosofia e religião. 2. Teologia. 3. Filosofia. II. Título. 16-30209

CDD: 210 CDU: 2-1

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SUMÁRIO Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Nada há de novo nos horizontes da morte . . . . . . . . . 13 01 - A clientela ausente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 02 - A inconsciência coletiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 03 - A atuação da psicologia coletiva . . . . . . . . . . . . . 21 04 - A doutrina da libertação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 05 - Os tambores da comunicação . . . . . . . . . . . . . . . 27 06 - O reino das sombras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 07 - Que se dizer da alma coletiva . . . . . . . . . . . . . . . 34 08 - O que são as obsessões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 09 - Algo sobre a prodigalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 40


10 - O que se dizer das criações mentais. . . . . . . . . . . 44 11 - O mecanismo do recalcamento . . . . . . . . . . . . . 47 12 - Sobre as especializações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 13 - O consciente e o inconsciente. . . . . . . . . . . . . . . . 55 14 - A efetivação do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 15 - O sonho como informação do inconsciente . . . . 61 16 - Do mecanismo anímico à mediunidade . . . . . . . 64 17 - O desejo inconsciente nos sonhos. . . . . . . . . . . . 68 18 - Sobre a terapêutica hipnótica . . . . . . . . . . . . . . . 71 19 - O drama da indefinição sexual . . . . . . . . . . . . . . 74 20 - A busca psíquica da normalidade. . . . . . . . . . . . 78 21 - Os quadros mentais depressivos. . . . . . . . . . . . . 82 22 - Os cursos de guardião. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 23 - O tenebroso vale dos suicidas . . . . . . . . . . . . . . . 88 24 - A síndrome doméstica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 25 - O que dizer da obra criativa . . . . . . . . . . . . . . . . 96


26 - As leis austeras dos guardiões. . . . . . . . . . . . . . . . 99 27 - As sociedades internacionais de psicologia . . . . 102 28 - Diga-se que todos somos criadores . . . . . . . . . . 106 29 - A velocidade escalar do desenvolvimento. . . . . . 109 30 - A visão parabólica no ato da criação . . . . . . . . . 113 31 - Os executivos de talião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 32 - A revolução tecnológica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 33 - As transformações fisiológicas. . . . . . . . . . . . . . 122 34 - O cooperativismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 35 - Como se comporta a memória sexual . . . . . . . . 129 36 - As cooperativas indígenas . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 37 - O trato analítico dos atos falhados. . . . . . . . . . 137 38 - Os deuses ocultos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 39 - A dança do acasalamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 40 - Aversões e inversões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 41 - Os guardiões austeros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149


42 - Recalcamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 43 - A escalada dos temperamentos . . . . . . . . . . . . . 155 44 - O caminho espírita para a salvação . . . . . . . . . . 158 45 - A metamorfose ambulante . . . . . . . . . . . . . . . . 162 46 - A teoria dos humores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 47 - A seleção natural das espécies . . . . . . . . . . . . . . 169 48 - A seleção natural dos humanos. . . . . . . . . . . . . 173 49 - Os processos de transformação . . . . . . . . . . . . . 176 50 - Uma revolução que continua . . . . . . . . . . . . . . 179


INTRODUÇÃO Miguel Cervante de Saavedra (1547-1616) foi um preso político e seu discurso igualmente ignorado por muitos séculos. Contudo, em uma quinzena de autores que seguiram a doutrina de Cervantes observou-se José Ortega Y Gasset (1883-1955) e por êle conhecemos todos outros. Foram os discursos pronunciados entre as monarquias em falência e as repúblicas que se criavam, mantendo as elites caudilhas na administração das nações. Com certeza isto se deu na América Latina numa época em que o Império Mulçumano viera para o novo mundo com Dom João VI (1767-1826) e a trilogia política de Algarves, Brasil e Portugal conduzindo os árabes para a América, da mesma forma como Maomet em 732 estabeleceu a cultura Islâmica e o modelo de reunir opiniões frequentemente divergentes em doutrina social poderosa. Observa-se que a dramaturgia e a prosa eram publicadas e vistas com insistência pela imprensa depois que Johann Gutemberg (1398-1468) criou a impressão com tipos móveis e facilitou a reunião de idéias conflitantes contidas nas opiniões em diálogo. O mundo se dividiu e a bíblia tornou-se divisora de águas. A influência árabe era grande e o prazer da leitura girava em redor das novelas de cavalaria como em “El Dom Quixote de La Mancha”, 9


romance pastoril mais tarde reconhecido por Arthur Conan Doyle (1859-1930) como a interferência das noções inconscientes sobre as afirmações conscientes. Todos os indivíduos, depois disto, passaram a registrar condutas misturadas entre as reações masculinas e femininas com diferentes proporções. Os gays e as lésbicas logo se abraçaram e dançaram pelas ruas. O Ego juntou-se ao Id. O consciente e o inconsciente, depois de Cláudio Galeno (130-200) que classificou as relações entre os biliosos, os coléricos, os fleumáticos e os sanguíneos e tornaram-se frequentemente lotados os consultórios médicos e os templos religiosos. A vitalidade se repartia de várias maneiras como o espírito natural no corpo e na mente sob a influência dos humores em contraste. A sombra das opiniões parecia formar os grupos e as classes sociais com a doutrina arábica; a ordem mulçumana de Maomet veio para o Brasil com Dom João VI de Bragança. Foi quando vimos presente a contribuição árabe para a formação da cultura nacional brasileira; a constituição da unidade familiar levou o capitalismo a distribuir o apelido masculino nos nomes dos descendentes. Uma unidade atual e oficialmente desfeita pelos próprios cartórios de registro que acusaram um novo tipo de matriarcado sem filhos ou a desnecessidade de gerar-se herança nas fronteiras familiares. Foi observado, porém, um enorme desenvolvimento tecnológico na mecanização e em todas as áreas científicas. A humanidade tornou-se assistente nas máquinas que criou e depois da China a produção cresceu em todos os continentes. Ao Estado coube o papel importante de distribuir justiça e os magistrados 10


passaram a proteger os assalariados. A Educação se fez ministério e todas as massas se beneficiaram com a melhoria de vida. As velhas aeronaves se a aperfeiçoaram, e os foguetes interplanetários ganharam os ares. A arte de escrever afastou-se as novelas medievais e dinamizou-se. O leitor se especializou com a tecnologia e o aperfeiçoamento generalizado. O Id une-se ao Ego e Zé Pilantra se revela incomparável nas idéias sugeridas.

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NADA HÁ DE NOVO NOS HORIZONTES DA MORTE O progresso tecnológico facilmente visto na vida física determinou na vida extrafísica ou espiritual algumas mudanças que serão aqui estudadas. Os boiadeiros seguirão na frente recebendo os bezerros ainda novos para criar, de igual modo como nós recebemos os filhos para cuidar, sendo que já entre os pequenos boiadeiros é fácil encontrar-se modelos para essa redação. Ao romper do dia, eles ganham a estrada, hoje de caminhão, para as feiras distantes, onde o gado será negociado. Levam trinta, cinquenta ou mais cabeças de porte adulto, e ao entardecer, trazem cem ou duzentos garrotes de pequeno e médio portes, todos tomados como filhos para cuidar. A mecanização torna difícil de notar o carinho com que são recebidas “as crianças”, porém é possível ver-se ao longo dos meses gastos em fainas especializadas desenvolvidas com os animais destinados ao corte. 13


Os peões de boiadeiro, como são chamados, dormem ao lado deles quando estão doentes, banham-se com eles nas lagoas com cenas alegres vistas em família e tocam os seus berrantes saudosos como se fosse pela última vez, com cenários iguais aos vistos nos velórios, onde acompanhamos os funerais dos entes bastante queridos. As comitivas de boiadeiros, todavia, são tradicionais. Das longas jornadas em busca das reses selvagens só restaram os berrantes, hoje vistos como ornamento de boleia. Os boiadeiros, no entanto, serão os mesmos, hoje com novas roupagens. No passado enfrentavam os carrascais nos resgates de cabeças estouradas, mas hoje seus novos compromissos os mandam afundar-se no carrascal magnético para resgatarem os infelizes suicidas que sem a noção do tempo julgam-se condenados eternamente. Contudo, como os demais guias da Umbanda, os boiadeiros também se submetem ao exercício de recuperação de todos os retidos no “vale dos suicidas”, até que venham a nascer regenerados.

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01 - A CLIENTELA AUSENTE Tivemos a oportunidade de observar a importância da Inconsciência Coletiva tornada transparente por Carl Gustavo Jung (1875-1961). Foram vistas as influências da moral coletiva sobre as tendências individuais. Conhecemos a formação de uma massa psicológica artificial na conduta particular dos indivíduos que em dadas circunstâncias acabam por reunir-se em um mesmo fato de conduta histórica. Vimos o porte vigoroso da opinião pública se projetar sobre a conduta individual, burlando interesses particulares. E descobrimos assim a patente natural que fixa por tempo indeterminado a grande população do “vale dos suicidas”. Entretanto, devo salientar que este vale não é físico, mas mental, como vemos por aí uma multidão abaixo da linha de pobreza. Vejamos agora a exemplificação numerosa, mas dois deles serão suficientes: os fumantes e os alcoólatras. Não todos 15


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