Dos alpes austríacos ao xingu e serra catarinense 15

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Dos Alpes austrĂ­acos ao Xingu e Serra Catarinense Algumas guinadas do destino



Guilherme (Willy) Krautler

Dos Alpes austríacos ao Xingu e Serra Catarinense Algumas guinadas do destino

compiladores: José Wilmar Krautler Célia Carmem Münzfeld

São Paulo 2015


Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa

Jacilene Moraes

Diagramação

Felippe Scagion

Revisão

Rafael Silvestre

Tradutor

Dom Erwin Kräutler

Colaboração Especial

Marcos Krautler

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ K91d Krautler, Guilherme (Willy) Dos alpes austríacos ao xingu e serra catarinense : algumas guinadas do destino / guilherme (willy) krautler ; compilação José WilmarKrautler, Célia Carmem Münzfeld. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015. ISBN 978-85-437-0256-8 1. Krautler, Guilherme (Willy). 2. Homens - Áustria - Biografia. I. Título. 15-19997

CDD: 929.2 CDU: 929.52

________________________________________________________________ 11/02/2015 11/02/2015 Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br


Apresentação Em 1994, nossa mãe nos deixou de uma maneira extremamente abrupta. Já estava sob observação médica há algum tempo, mas nada que nos fizesse imaginar que algo mais grave poderia acontecer. Após alguns dias internada, já estava sorridente pela saída do hospital prevista para o dia seguinte, quando o pior aconteceu e ela nos deixou. Senti que o papai, mais do que nunca, precisaria de companhia que o distraísse para amenizar um pouco o baque pelo qual passara, que causou-lhe um sofrimento imensurável. Gostávamos muito de conversar e passávamos sempre horas e horas em agradáveis bate-papos, onde um dos assuntos era escola. A mamãe um dia fez uma proposta-aposta com a Alzira: no dia que eu fosse a Lages e não falássemos sobre escola, ela poderia escolher o mais lindo apartamento que quisesse. A Alzira nunca ganhou a aposta. Estavam, é claro, imaginando e querendo algo impossível, pois, há muitos e muitos anos esse era o nosso dia a dia de trabalho e o assunto surgia naturalmente. Até o falecimento de nossa mãe, que tanto mexeu com nossas vidas, eu costumava ir a Lages uma vez por semana visitá-los, pois tinha a carga horária de trabalho completa. Após essa época, passei a ir com uma frequência maior, pois, em fase de aposentadoria, fui diminuindo as horas trabalhadas. Já havia sido sugerido ao papai, várias vezes, escrever a história da sua vida, assunto que sempre despertou muita curiosidade, pois abrangia episódios relacionados a pelo menos três regiões muito distantes e diferentes entre si: Áustria, Xingu e Serra Catarinense. Unindo o útil ao agradável, imaginei ser a oportunidade de manter-lhe a mente ocupada e iniciar o rascunho da sua vida, pois além da ausência de mamãe, ele estava aposentado, portanto, fora das salas de aula. Em um determinado momento, foi como se tivéssemos perguntado um ao outro: vamos começar? Pegamos a primeira das dezenas de folhas de papel que se seguiram e começamos.


Eu questionava e ia registrando o que era contado. Escrevíamos de maneira aleatória, sem nos preocupar com a cronologia. Devagar descrevíamos fatos, momentos, situações, ora os acontecidos em Koblach, ora os acontecimentos do Norte, ora detalhes de seu cotidiano nas serrarias da região de Bocaina e sua vida em Lages e, sem nenhuma preocupação literária, deixávamos tudo fluir naturalmente. Assim, íamos dando forma ao projeto. Tivemos a colaboração importante do Wilmar, que, ao ir em casa, aproveitava cada oportunidade que tinha para também escrever o que o papai relatava. Porém, a gente nunca parou para pensar que nada é para sempre. Muita coisa ficou registrada apenas na memória. O que pensava ser eterno não foi. De maneira inesperada o papai nos deixou e algumas lacunas ficaram abertas, alguns fatos inacabados, alguns assuntos reticentes, muito a ser concluído, muita coisa a ser falada, muitos momentos a ser descritos, muita história a ser narrada. Passamos por momentos de muita tristeza e um vazio muito grande fez-se em nossa alma. Por muitos anos não consegui retornar ao que havíamos iniciado na história da sua vida. Um dia, muni-me de coragem e, incentivada, voltei aos manuscritos. Ao relê-los, tive certeza absoluta que já tínhamos atravessado o Rubicon. Já havia material suficiente para deixar claro que o projeto tinha que ser concluído. A tarefa precisava ser finalizada. Pude contar com a ajuda inestimável e atenção incondicional do Wilmar, que entre tantas colaborações, chegou a fazer uma viagem à Europa, mais precisamente a Koblach, na Áustria, com o objetivo de resgatar fatos, pesquisar datas, confirmar nomes. A colaboração dos irmãos, salientando a participação decisiva e relevante do Marcos, foi importantíssima na verificação e revisão de alguns detalhes e fatos. Os acontecimentos ocorridos na infância e adolescência, até sua vinda ao Brasil, foram registrados. Os fatos e a vida no Xingu, sua vinda para o Sul e primeiros tempos na Região Serrana, foram relatados... Suas viagens foram revividas por ele, uma a uma, e descritas com uma riqueza incrível de detalhes, revelando conhecimento qua-


se enciclopédico sobre lugares visitados, demonstrando seu grande e apurado gosto por geografia e história geral. Alguns períodos gratificantes de sua vida, porém, ficaram inacabados. Sabemos de grandes amigos, como os companheiros de trabalho, sobre os quais escreveu pouco ou não escreveu. Seu trabalho no Colégio Industrial de Lages é um exemplo claro. Talvez tenha deixado por último por ser mais fácil, estava mais vivo em sua mente, tantas passagens naquele trabalho do qual falava com tanta empolgação e entusiasmo. Não lhe foi dado mais tempo. Porém, com certeza, os estará abençoando onde estiver e agradecendo a amizade a ele dedicada nessa fase importante de sua vida. Posso garantir e falo também pelo Wilmar, que esse trabalho nos foi muito prazeroso e gratificante e estamos extremamente satisfeitos de poder tê-lo trazido à tona, para leitura dos que o conheceram ou que sintam-se inseridos afetivamente. Estamos, portanto, com muita satisfação, entregando a vocês: Dos Alpes Austríacos ao Xingu e Serra Catarinense – Algumas Guinadas do Destino – Guilherme (Willy) Krautler.

Célia Carmem Münzfeld Balneário Camboriú SC, maio de 2014



Sumário “E o tio Willy rompeu o silêncio” à guisa de prefácio . . . . . . . . . 15 “Und Onkel Willi brach sein Schweigen” Anstelle eines Vorworts. . . 21 Uma vida de lutas e realizações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 O Berço da família Krautler no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Liebe Kräutler’s in Brasilien!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Guilherme Krautler “Brasileiro de coração”. . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Nossos pais: amor, dedicação e grande exemplo. . . . . . . . . . . . . .38 Professor Guilherme e o Industrial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Willy Kräutler - einer markanten Persönlichkeit aus meiner Vorarlberger Heimat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Impossível esquecer alguém tão especial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Europa, Brasil, Estados Unidos – 1934. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Koblach, 1915. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Recordações de minha infância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 A Escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Tempos difíceis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Amigos de infância, amigos para sempre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Lenhador, apanhador de turfa e outros afazeres na infância . . . . 86 O Kummaberg. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 A inevitável dispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Meu primeiro salário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Minha mãe: a vida vai ficar melhor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Rio Reno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97


Meu pai, o Dick Krütler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Inverno no Reno, verão no arado e o Exército. . . . . . . . . . . . 101 Uma inesperada guinada na vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Der unerwartete Wendepunkt meines Lebens . . . . . . . . . . . 106 O resgate de uma dívida no Santuário de Einsiedeln . . . . . . 108 Preparativos de viagem para a Missão. . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 A despedida em Feldkirch. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Gênova, 1934: viagem rumo ao desconhecido. . . . . . . . . . . . 114 Terra à vista: chegada a Fortaleza, na costa brasileira. . . . . . . 116 Land in Sicht: Fortaleza, an der Küste Brasiliens . . . . . . . . . 118 Porto de Moz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Padre Clemente Geiger – Dom Clemente . . . . . . . . . . . . . . 124 O Maturu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 A febre insistente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Am Rande des Todes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Altamira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Igrejas de Altamira, Porto de Moz e São Félix . . . . . . . . . . . 141 A morte do pequeno Tokó-Kokenti, o José. . . . . . . . . . . . . . 143 Francisco das Chagas Alves, o Chico Branco . . . . . . . . . . . . 145 Anselmo, meu companheirão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Porcos do mato, rio revolto e uma surucucu. . . . . . . . . . . . . . 150 Minha frustração na Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Índios: o grande desafio da aproximação. . . . . . . . . . . . . . . . 154 Setembro de 1939, grande decepção: a guerra me fez recuar. . 159


September 1939: Die große Enttäuschung - Der Krieg verhindert meine Rückkehr in die Heimat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Irmão Fernando, um anjo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Rio Xingu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 São Félix do Xingu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 Subindo o rio Fresco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Irmão Francisco, um saudoso amigo do Xingu . . . . . . . . . . . 176 Padre Eurico vai ao Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178 Um indigente em Belém. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 Em Santa Isabel com padre Marcos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 Impulso à Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 Padre Eurico na Missão do Xingu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189 Por que Santa Catarina? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Setembro de 1941: despedida do Xingu e chegada ao Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 1941: Abschied vom Xingu. Nächste Station: Rio de Janeiro. . . 197 Rumo ao Sul - está selada uma nova guinada . . . . . . . . . . . . 202 Chegada à cidade que me acolheu: Lages, 1941 . . . . . . . . . . 204 O Coral Frei Bernardino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 Perseguição aos estrangeiros - fruto de muita desinformação. . . 211 Visita a meu amigo em Bom Retiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214 Palestra do meu irmão Eurico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Companheirismo dos primeiros anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 O Namoro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 A compra da casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 O Casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 Nascimento de nossas primeiras filhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 227


Marcenaria do Guilherme Ladevig. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 De serraria em serraria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 Nedinha, ainda não me conformo com sua ausência. . . . . . . . . . . 233 Serrarias: a experiência me fez construir uma . . . . . . . . . . . . . . . . 236 Pinheiro araucária e a casa nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239 Carpintaria na nova igreja da Bocaina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243 Viagem de 1953: última oportunidade de retorno definitivo à Pátria. . . 248 1953: Reise nach Europa - Die letzte Chance, in meine Heimat zurückzukehren . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 De volta a Lages . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 Pedreira no Morro Grande . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268 Ainda serviços temporários e mais serrarias. . . . . . . . . . . . . . . . . .273 Em São Paulo e Rio de Janeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275 Amalie, primeira perda entre os irmãos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279 Fábrica de Pastas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281 De Canoas a Rio Rufino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285 Caminhões sem freio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288 O mergulho do martelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 Lidia, a professora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 Não era motocicleta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 “Velha Greta”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298 Um acidente no “Mundéu”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300 Senai, 1964: um emprego definitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302 Hemkemaier, a família da Marica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305 Segunda viagem à minha terra e ordenação de meu sobrinho Erwin. . . 312


Sala de aula com ferramentas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 Na Áustria, durante a Copa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320 A Faculdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322 Inverno na Europa, 1972: não mais encontrei meu irmão Paulo . . . . . . 325 Projeto Rondon em Itaituba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328 Andando pelo centro de São Paulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330 A Kombi e o Brasília Amarelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333 Visita malograda aos nossos compadres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338 Vetter Hansuri, um tio muito querido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340 A Língua Inglesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342 Colégio Industrial de Lages: Coordenador de Turno . . . . . . . . . . 345 Visita de minha família austríaca ao Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347 Meu filho, um Sacerdote. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353 Cirurgia à queima-roupa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355 Primeira viagem à Áustria com um filho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357 Ordenação de Dom Erwin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363 Uma visita à minha irmã Lenile . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 368 Recife, 1982: Dom Eurico deixa o Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370 Nunca estive em Viena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372 Estive em São Joaquim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374 Hospital em Innsbruck, 1985: o adeus de um grande missionário. . . . . 376 Rum bei Innsbruck, 1985 - Die letzten Tage eines großen Missionars. . 381 Salão Nobre “Professor Guilherme Krautler”. . . . . . . . . . . . . . . . 386 Uma ida atrapalhada a São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389 Bodas de minha irmã Marile. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391


Depressão, algo difícil de se explicar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393 Aposentadoria, almejada por uns, nem tanto por outros. . . . 397 Bodas de Ouro de meu amigo Karl. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404 Cidadão Lageano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408 Senhor Antonio Carlos, um grande amigo . . . . . . . . . . . . . . 411 Eurico, um missionário em regiões remotas. . . . . . . . . . . . . . 413 O café no Consa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 418 Minha esposa, minha companheira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 422 Marica, meine Frau. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426 Meus filhos e sua formação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429 Unsere Kinder und ihre berufliche Ausbildung. . . . . . . . . . . 441 Lenile completa 85 anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 448 Albert, um octogenário andejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452 Bodas de Diamante de Marile e Heinrich . . . . . . . . . . . . . . . . . 457 Entrei no ano 2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 460 Visita surpresa de sobrinhos da Áustria. . . . . . . . . . . . . . . . . 463 Meus 86 anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .467 Resolvi dizer algumas palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 470 O destino pode ser traçado?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 473 Schicksal oder Vorsehung? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 478 Lebenserinnerungen von Willy Kräutler (aufgezeichnet von seinem bruder Albert). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 485 Ein ganz persönliches Nachwort. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 490 Algumas considerações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 492


“E o tio Willy rompeu o silêncio” À guisa de prefácio Temos que admitir que o tio Willy ficou um tanto à sombra de seu irmão, nosso tio Eurico. Às vezes, ao falar no Padre Eurico, mais tarde Dom Eurico, alguém fez uma homenagem “implícita” ao Willy, Wilhelm ou Guilherme Kräutler. Na realidade, porém, é sempre um equívoco referir-se a alguém como “irmão” de alguém mais famoso. Não deixa de ser uma velada injustiça, pois cria-se a impressão de que o “irmão” não tem identidade própria. Verdade é que o Willy não se pareceu com seu irmão, o Eurico. Foram filhos dos mesmos pais Josef e Barbara Kräutler, mas Willy foi o Willy e Eurico o Eurico. Distinguiram-se, e muito, pelo temperamento, pelo caráter, pela maneira de ser e de se relacionar com o próximo e o mundo que os cercou. Tinham também vocações distintas e andaram em caminhos diferentes. São duas histórias de vida que em algumas épocas se aproximam e até confundem-se e em outras se distanciam. Em 1934, Padre Eurico e seu irmão Willy deixam a Áustria, sua terra natal. Dia 27 de outubro Willy inicia na “Urânia”, em Gênova, Itália, sua viagem para o Brasil. O navio faz uma escala em Lisboa, onde Padre Eurico embarca, e outra bem breve em Las Palmas, nas Ilhas Canárias. Em 16 de novembro de 1934 fincam pela primeira vez os pés na Terra de Santa Cruz. Eurico está com 28 anos, Willy com apenas 19. Eurico escreveu um diário de viagem com o título “Nach dem Kreuz des Südens” (rumo ao Cruzeiro do Sul) em que fez também algumas referências a seu irmão. Willy não escreveu nada. O silêncio será sempre uma marca de sua personalidade. Willy é um homem pensativo, meditativo. Assemelha-se a José, o carpinteiro 15


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