Cardo em flor 15

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Cardo em flor Poemas selecionados



Marielson Duarte de Souza

Cardo em flor Poemas selecionados

SĂŁo Paulo 2016


Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda

Projeto Gráfico Jacilene Moraes Revisão

Priscila Loiola

Ilustrações

Marielson Duarte

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ S715c Souza, Marielson Duarte de Cardo em flor : poemas selecionados / Marielson Duarte de Souza. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2016. il. ISBN 978-85-437-0658-0 1. Poesia brasileira. I. Título. 16-34767

CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1

________________________________________________________________ 19/07/2016 21/07/2016 Impresso no Brasil Printed in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br


Agradecimentos Agradeço a Deus, o Supremo inspirador. À minha mãe, irmãos, alguns amigos e minha esposa, que não só aplaudiram o nascimento desta obra, mas tomaram-na em seus braços e a embalaram com amor indizível. À Editora Baraúna devo grande e sincero reconhecimento. Os profissionais engajados no trabalho deste livro me foram muito solícitos.



Sumário A meia-lua e o noctâmbulo.......................................................... 9 A negraria.................................................................................. 24 Meu Livro d’egrégio valor.......................................................... 30 À minha mãe, Rosa................................................................... 34 Poemas...................................................................................... 38 A imaginação............................................................................. 41 Um poeta à sua amada............................................................... 43 Esperança.................................................................................. 45 Postimeira epopeia (Ao pai do autor, morto em um naufrágio)..... 47 A libélula................................................................................... 49 Irrequietude.............................................................................. 50 Da ira ....................................................................................... 52 À Nice (Irmã do autor).............................................................. 53 As duas visões............................................................................ 54 Glosando o mote “A losna é só aperitivo”.................................... 55 À Graciane (No seu dia natalício) .............................................. 56


NoctĂ­vola, minguante

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A meia-lua e o noctâmbulo Dentre teus descantes homem O cantar faz-se ouvir Duma alma ruminante Cujo tino a intuir Mil meandros descreve Mundo teu _ mar ingente _ Sulcar queres e inquirir E d’exames musicados Em o peito bafejado Plasmas teus hinos assim Quiçá só achará termo Em matina o lucubrar? O sarau do noctâmbulo É anímico cantar... Do canto o hermetismo Dilucidará a voz Decifrando ao luar? Alumbre noctiluca Qual lucipotentes lúculas Té albor crepuscular! Voz decifra? Alma descanta? Há poetas a compor? Dentro a noite, noitibós? Quero franco depor: Lesam flancos sobre ecúleos 9


Acúleos animicidas À vida az de dor Cerra e solta à garra Nem trapos se-lhe agarram Tem lira só de amor Nela as cordas vibram E que as dedilha mão Dotada d’exdrúxulo estro É tenaz meditação Soliloquista o poeta Ouve o verbo do pensar E dá voz ao coração Lhe roreja a noite em geio Um gêiser, porém, no meio Há do peito e um vulcão Para dentro clínicos volve Olhos seus alma matuta De seu prisma lobrigando A reminiscência abrupta E morosa exumação Outrossim; mira presentes E recentes fatos busca Põe binóculos a porvir _ Poderá mais perquirir? _ Lembra, sonha, se perscruta... Nuvens correm desazadas Sempre esparsas pelo céu 10


Toldam corpos refulgentes E noctiluca véu Mediada à face toma Sim, cortada, vista ao léu Jaz o intuspectivo Contemplando as alturas _ “Altas são minhas agruras”, Ele escreve no papel Co alma sápido prândio _ Um melífluo glosar _ Onde ela tu concitas De teus versos a gozar? Um colóquio de truz Entre dois grão-sapientes, Ou flertou estulta a alvar? Nego vero ser singelo (Senão o cálido enregelo) Seu estuante cismar Debruçado sobre planos Concebidos na calígem Visas trazê-los à luz Sob pasmo e vertigem, Face em penipotente De voares ao vértice? Portento, tudo atinges? Não conheces necedade? Zombas da necessidade, Este é teu estigma 11


Se prolfaças proferes, Faltas no aquilatar, Termos em de corrigendas Ficam fendas pra fechar, No récipe ressaibo sofres, Elação na louvaminha, Teu repouso mora traz, Movendo-te lesto deixas Enleados em madeixas Obséquios para trás Que será mais nobre Quem poiar na rocha alta A fiúza interior! Se entono não exalça, Mas adeso à tônica fé Pendura-se sob o bem, Súplices gemidos alça Até o celso tesouro... Daí o Dono do ouro O cumula e exalta Hás indultado o algoz Teu aí no bom divã? Quanto aos infensos Os olhas como pelos fãs? Ladrões esladroas E vergonha vergonteias, Ou manducas más maçãs? Crês seres intemerato 12


E não comeres do prato Das pobres almas vilãs... Deparando as ensanchas Para te dissecares Tens degraus regredido Ou galgado mil andares Nas mui alterosas torres Da autoafirmação? Se com chaneza voltares À chã da fortaleza, _ Oh, altíssima nobreza! _ Que asas verão teus ápices? Nas foventes horas tuas Ante o humanoscópio1, O qual duas lentes tem, D’uma diz-se autoscópio2, Direi o nome da outra: _ De largo uso ambas _ O batismo é outroscópio3, Neste poema tem o sentido estrito de “predisposição intrínseca à humanidade de analisar ou examinar (meramente no pensamento) o ser humano em geral” (Criação do autor). 2 Não se refere ao instrumento com que se pratica a autoscopia. Aqui é empregado figurativamente para retratar a introspecção. 3 Sem abarcar qualquer outro significado que essa nova palavra possa ter (visto que é neologismo, talvez não com este mesmo significado, de outra lavra), recebe no poema acepção limitada ao contexto: “o ato de observar, julgar, analisar (de um prisma oculto no íntimo do observador) os outros, a vida alheia”. 1

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Vês outrem um Demo-Breu, E a ti Luzente-Deus, Vergando-te, então, autólatra? Outras vidas quando presas Na penúria as descobres Amiseras-te de plano Ou das míseras te encobres? “Fazei-lhes _ disse o Mestre _ , Almejais como vos façam” Precioso é que o obres, Sobressai-se às letícias Sim, prazeres e divícias, Raras relíquias e cobres Sob vergastadas cruas Infligidas pelo trago E nem laivos dum lene A ti dispensado trato, Cominas penas acerbas Aos perpetradores De sevícias magistrado? O longânime se atira Resignado na pira, Traga tácito o drástico Na sandice de teus lapsos Das tento ao que verbera Aristarco, e blandíloquo, Com querença _ não querela _ 14


És amigo da lisura? Desdobras dóceis mãos À fúria duma férula? Se elicias a eulalia Elícito da coprolalia, Fugi! Eis outra fera! Nada há mais sem lustro Sob o lustre do céu Que empertigado potro Se arrogar do favo o mel! É méleo o melroado Sem mélica compleição E melado co labéu? Mas vistoso mostra viso Pulcro como se polido Esplandece ouropel! Orbe estelífero vês: Luzes lutam em grupos Na abóbada embutidas Inimizadas co lúrido, Remiraste noitibó Luzir uma somente E iluminar tudo? Não queres constelar, Co o claro congraçar Este teu mundo obscuro? Hum! Recendem bons olores Lira lança-os feito lis 15


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