Iracema: versão livre do romance de José de Alencar

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Criando uma imensa saga brasileira, uma odisséia nacio­nal; fun­dar, bem ou mal, uma mitologia nossa, mes­ti­ça, colossal, telúrica, uma verdadeira sinfonia americana. Assim nasceu o gran­de mundo romanesco desse escritor cearense, um uni­ verso que abrange todas as latitudes e longitudes da brasilidade, ao mesmo tempo, urbano, indianis­ ta, sertanejo e histórico. A lenda de Iracema, a vir­ gem tabajara dos lábios de mel, é uma das mais belas notas dessa sinfonia literária da nossa nacio­na­li­da­de. Vessillo Monte

Reescrevemos Iracema como quem acio­na, no íntimo de nossa memó­ria mais ancestral, a figu­ra daquele conta­ dor de histórias que nas aldeias ou nos terreiros reunia a sua volta ouvintes atentos à experiência de imaginar per­ sonas, situações e cenários, compartilhando, assim, da fabulação de alguém que dramatiza e comenta ações. Esta atmosfera, pró­pria da inventiva épica da oralidade, assim como o fato de a Iracema de José de Alencar ter se incorporado ao imaginário cearense, nos levaram à ideia de fazer uma versão do roman­ce que preservasse, em sua escrita, a cearensidade de uma linguagem colo­quial. É, portanto, fruto dessa tentativa de resgate o recon­ tar dessa nova velha história. Ricardo Guilherme/Karlo Kardozo

A Iracema de Alencar

Versão livre do romance de José de Alencar 2ª edição Texto

Ricardo Guilherme Karlo Kardozo Ilustrações

Descartes Gadelha

Publicada pela pri­mei­ra vez em 1865, Iracema é, ao lado de O Guarani, a obra mais conhecida de José de Alencar. O livro, como toda a obra do escritor cearense, tido e havido com justa razão como o pai do roman­ ce nacional, é um capítulo da grande tarefa histórica a que se impôs José de Alencar: Exprimir a grande­ za de uma jovem nação sem passado e tradição, amesquinhada em suas ori­ gens pela escravidão, pela monocultura e pelo latifún­ dio, um País palmilhado por mercadores e verdugos. Mas como fundir dois mun­dos avessos, o do nati­ vo ameríndio e o do coloni­ zador europeu?



Iracema Versão livre do romance de José de Alencar Texto

Ricardo Guilherme Karlo Kardozo Ilustrações

Descartes Gadelha

2ª Edição Fortaleza - CE 2011


©2002 by Edições Demócrito Rocha

Fundação Demócrito Rocha Presidente Luciana Dummar

Edições Demócrito Rocha (EDR) (Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha.)

Editora Regina Ribeiro Editor de Design Deglaucy Jorge Teixeira Fotografias Marcos Studart José Leomar Capa e Projeto Gráfico Arlene Holanda Editoração Eletrônica Suzana Paz Revisão Ortográfica Nataly Pinho Fechamento de Arquivo Mikael Baima Catalogação na Fonte Ana Kelly Pereira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A368i

Alencar, José de Iracema / José de Alencar; adaptação textual de Ricardo Guilherme, Karlo Kardoso; ilustrações de Descartes Gadelha. – 2. ed. – Fortaleza : Edições Demócrito Rocha, 2011. 60 p. : il.

ISBN 978-85-7529-460-4

1. Literatura infanto-juvenil. I. Guilherme, Ricardo. II. Kardoso, Karlo. III. Gadelha, Descartes. IV. Titulo.

Edições Demócrito Rocha

CDU 82-93(81)

Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora - Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6270 - 3255.6036 - 3255.6256 - Fax (85) 3255.6276 edicoesdemocritorocha.com.br edr@fdr.com.br I livrariaedr@fdr.com.br


Apresentação

A história de Iracema, a mais famo­sa e for­mo­sa per­so­ na­gem femi­ni­na da nossa lite­ra­tu­ra, foi concebida pelo roman­cis­ta cea­ren­se José de Alencar (1829-1877) para repre­sen­tar sua visão da for­ma­ção his­tó­ri­ca da nação bra­si­ lei­ra. Uma visão român­ti­ca e poé­ti­ca do pro­ces­so de colo­ni­ za­ção bra­si­lei­ro. É no cená­rio edê­ni­co, sel­va­gem, livre e indo­má­vel de um Ceará na auro­ra dos povos que ocor­re o encon­tro de dois mun­dos: o da bela vir­gem taba­ja­ra de ­lábios de mel, Iracema, e o do con­quis­ta­dor por­tu­guês de além-mar, Martim Soares Moreno. No amor vivido entre o guer­rei­ro bran­co e a índia Iracema, José de Alencar quis simbolizar a união entre os povos indí­ge­nas e os con­quis­ta­do­res por­tu­gue­ses. Um amor 3


que enfren­tou pre­con­cei­tos, gerou ini­mi­za­des, con­fli­tos e que cul­mi­nou no sacri­fí­cio de Iracema. Amor, no entan­to, que gerou um fruto: o peque­no Moacir. Filho do colo­ni­za­dor bran­co e da índia nati­va, Moacir, o filho da dor, é uma espé­cie de Adão cea­ren­se e bra­si­lei­ro, o pri­mei­ro de uma nova raça que povoa­ria este país con­ti­nen­tal. É essa bela e trá­gi­ca his­tó­ria de amor, luta e for­ma­ção de um povo que Ricardo Guilherme e Karlo Kardoso recon­ tam aqui, dando-lhe um novo ritmo, um novo enfo­que, sempre aten­tos à natu­re­za sim­bó­li­ca da lenda de Iracema e do texto de José de Alencar. Uma relei­tu­ra com a den­si­da­de poé­ti­ca do amor de Iracema pelo guerreiro branco. A esse belo trabalho vêm somar-se também as belís­si­ mas ilus­tra­ções do gran­de artis­ta plás­ti­co Descartes Ga­de­lha. Em tra­ços finos, deli­ca­dos e pre­ci­sos, Descartes con­se­guiu nos pro­je­tar para o mundo român­ti­co de Alencar, agora recria­dos por Ricardo Guilherme e Karlo Kardoso. O edi­tor

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Criando uma imensa saga brasileira, uma odisséia nacio­nal; fun­dar, bem ou mal, uma mitologia nossa, mes­ti­ça, colossal, telúrica, uma verdadeira sinfonia americana. Assim nasceu o gran­de mundo romanesco desse escritor cearense, um uni­ verso que abrange todas as latitudes e longitudes da brasilidade, ao mesmo tempo, urbano, indianis­ ta, sertanejo e histórico. A lenda de Iracema, a vir­ gem tabajara dos lábios de mel, é uma das mais belas notas dessa sinfonia literária da nossa nacio­na­li­da­de. Vessillo Monte

Reescrevemos Iracema como quem acio­na, no íntimo de nossa memó­ria mais ancestral, a figu­ra daquele conta­ dor de histórias que nas aldeias ou nos terreiros reunia a sua volta ouvintes atentos à experiência de imaginar per­ sonas, situações e cenários, compartilhando, assim, da fabulação de alguém que dramatiza e comenta ações. Esta atmosfera, pró­pria da inventiva épica da oralidade, assim como o fato de a Iracema de José de Alencar ter se incorporado ao imaginário cearense, nos levaram à ideia de fazer uma versão do roman­ce que preservasse, em sua escrita, a cearensidade de uma linguagem colo­quial. É, portanto, fruto dessa tentativa de resgate o recon­ tar dessa nova velha história. Ricardo Guilherme/Karlo Kardozo

A Iracema de Alencar

Versão livre do romance de José de Alencar 2ª edição Texto

Ricardo Guilherme Karlo Kardozo Ilustrações

Descartes Gadelha

Publicada pela pri­mei­ra vez em 1865, Iracema é, ao lado de O Guarani, a obra mais conhecida de José de Alencar. O livro, como toda a obra do escritor cearense, tido e havido com justa razão como o pai do roman­ ce nacional, é um capítulo da grande tarefa histórica a que se impôs José de Alencar: Exprimir a grande­ za de uma jovem nação sem passado e tradição, amesquinhada em suas ori­ gens pela escravidão, pela monocultura e pelo latifún­ dio, um País palmilhado por mercadores e verdugos. Mas como fundir dois mun­dos avessos, o do nati­ vo ameríndio e o do coloni­ zador europeu?


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