Projeto sustentável troca copos descartáveis por permanentes

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JCEmpresas

Jornal do Comércio - Porto Alegre

Segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

& Negócios

EMPREENDEDORISMO

Peçanha e seus amigos trouxeram para o Brasil o copo reutilizável personalizado, comum na Europa

Imagine uma reunião de diretores em uma corporação de grande porte onde o dilema é gerenciar um problema severo: o uso do copo plástico. A discussão sobre esse tipo de problema toma conta de gestões empresariais, e até mesmo de planos sobre crise, em diversas situações que envolvem empreendedorismo. Remover o copo descartável, antigamente, chegava a gerar conflito, pois a mudança da cultura exigia esforços de ambos os lados: chefias e empregados. No trabalho, em uma festa, em uma reunião com os amigos, o uso do copo plástico é prático e comum quando há muita gente no mesmo ambiente. No entanto, não é ecologicamente eficiente. As pessoas tendem a usar mais de um recipiente, e, ao final dos eventos, muitos copinhos vão parar no chão ao invés de no lixo. No entanto, um jovem estudante de engenharia sanitária, da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), parece ter conseguido implantar um sistema que funciona quando o assunto é substituir o descartável

por permanente. Um dos colaboradores do Meucopo Eco Florianópolis, Mateus Peçanha, 22 anos, e seus amigos conseguiram trazer para o Brasil uma ideia que surgiu na França e se disseminou pela Europa: o copo reutilizável personalizado. Parece simples e até mesmo óbvio, mas o projeto vai além da superficialidade da reposição. O diferencial do produto é que ele é autofinanciável. O sistema é simples: a pessoa adquire o copo, geralmente em um evento, por R$ 3,00. Peçanha revela que o Meucopo Eco funciona por caução, ou seja, no final do acontecimento, todos podem devolver os copos e retirar seu dinheiro de volta. “Se o cliente quer levar o copo de lembrança, sem problemas, basta não voltar para pegar a caução”, explica Peçanha. “Eu trabalhava com gestão de resíduos sólidos em condomínios quando conheci o projeto, que principiava seus trabalhos, em dezembro de 2011”, conta Peçanha, que hoje é responsável pela viabilização e a organização dos eventos universitários da empresa. Ele explica que o conceito da proposta se baseia na filosofia dos três Rs – reduzir,

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

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reutilizar e reciclar. “É nesse contexto que a Meucopo Eco se encaixa, pois estimula a reutilização, proporcionando uma grande redução de resíduos. Além disso, existem outros fatores, como a renda que traz ao evento e a própria limpeza do local”, afirma. O jovem engenheiro obteve um aumento nos lucros de 400% de 2012 para 2013. A empresa se divide em três outras menores no Brasil: a de Florianópolis, para a qual Peçanha trabalha, uma filial em Pelotas e uma nova, que abriu em novembro, em Porto Alegre. O representante da versão gaúcha é o engenheiro de produção Vinícius Eduardo Augustin Muller, 28 anos, idealizador e dono do Tele Trago, uma companhia de tele-entrega de bebidas alcoólicas. “Nos últi-

mos 20 dias, estivemos presentes em cinco eventos. A procura e o interesse pelos copos são surpreendentemente altos”, diz. No último ano, o site do Meucopo Eco registrou 1,5 milhão de copos descartáveis economizados, atingindo 130 mil usuários em 14 estados brasileiros. O serviço pode ser adquirido diretamente no site www. meucopoeco.com.br, que já traz os formatos e as cores disponíveis para confecção do recipiente. O plástico utilizado é ecologicamente correto, feito de polipropileno, material resistente a altas temperaturas. Os copos devolvidos passam por uma lavagem em máquina industrial a 95 graus Celsius, o que os higieniza e remove qualquer risco de contaminação.

OSNI MACHADO

EMPRESÁRIOS & CIA Plásticos Fada comemora o seu cinquentenário com tecnologia A empresa gaúcha Fada Plásticos comemora, em janeiro de 2014, os seus 50 anos de fundação. Hoje instalada em Glorinha, com um moderno parque fabril, que ocupa parte da área de seis mil metros quadrados da propriedade, a fábrica tem capacidade para produzir até 200 toneladas/ mês, com uma variedade que ultrapassa os 200 modelos de embalagens rígidas, a maior parte patenteada em modelo de utilidade. A Fada é uma das únicas três empresas do mundo detentoras da tecnologia Blocktainer, aplicada à fabricação de recipientes em plástico-barreira, destinados ao armazenamento hermético de produtos da agroindústria, agroquímica e indústria farmacêutica. Produzidas por meio de processos de sopro e de injection blow, as

embalagens com a assinatura da empresa também se destinam aos mercados hospitalar, veterinário e da construção civil. Os produtos vão desde frascos conta-gotas de 10 ml até bombonas de 60 litros, todos elaborados de acordo com especificações técnicas bastante específicas e rigorosas. Fundada por Erni Markus e Carlos Arthur Tanhäuser e originalmente instalada em Canoas, a Plásticos Fada mudou de mãos em 1984, passando a ser administrada por Enilton Nunes, seu novo proprietário. Desde então, o empreendimento tem mantido crescimento constante, sempre alicerçado na excelência e na qualidade. “São 50 anos de perseverança, obstinação e resistência. Com o tempo, a velocidade das relações de produção e venda aumentou visivelmente, mas os va-

lores da empresa se mantiveram inalterados”, diz. A busca da excelência na produção de suas embalagens plásticas fez da Fada uma das empresas gaúchas que mais têm participado do Senior Experten Service (SES), programa do governo alemão, que traz aposentados daquele país para temporadas em empresas locais. Com a intermediação da Câmara Brasil-Alemanha de Porto Alegre, que representa a iniciativa no Estado desde 2005, nada menos do que oito profissionais sêniores passaram pela fábrica de Glorinha, deixando seus ensinamentos, técnicas e valiosos contatos com o mercado europeu. “O SES é um serviço organizado e com resultados efetivos”, diz Enilton, explicando que o vínculo criado entre a empresa e o sênior prossegue, mesmo que de

ALINE MARTINS/CÂMARA BRASIL ALEMANHA DE POA/DIVULGAÇÃO/JC

osni.machado@jornaldocomercio.com.br

Valmor Kerber, diretor executivo da Câmara Brasil-Alemanha, o sênior alemão Roland Marquad, que já fez quatro temporadas na Fada, e o diretor da empresa, Enilton Nunes

maneira informal, depois de seu retorno para a Alemanha. “Ele se transforma em um consultor da empresa na Europa, nos ajudando na pesquisa de materiais e equipamentos. É uma relação altamente compensadora”. De acordo com ele, a estada

desses profissionais é responsável, inclusive, pela mudança da cultura das empresas que os recebem, que passam a elevar seus padrões, esforçando-se para mantê-los, mesmo depois que a temporada se encerra e o sênior vai embora.


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