ALGARVE INFORMATIVO #22

Page 1

ALGARVE INFORMATIVO #22

WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT

RICARDO NEVES-NEVES Um homem do teatro nas suas múltiplas facetas

NOITE DE LOULÉ VESTIU-SE DE BRANCO CASTRO MARIM REGRESSOU À IDADE MÉDIA ALGARVE INFORMATIVO #22 1


ALGARVE INFORMATIVO #22

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #22


SUMÁRIO

DIAS MEDIEVAIS DE CASTRO MARIM

8 ATUALIDADE

22 RICARDO NEVES-NEVES

34 NOITE BRANCA DE LOULÉ

42 ATUALIDADE

48 ALGARVE INFORMATIVO #22 PRODUZIDO POR DANIEL PINA (DANIELPINA@SAPO.PT); FOTO DE CAPA: BRUNO BRAVO CONTATOS: ALGARVEINFORMATIVO@SAPO.PT / 919 266 930 AS NOTÍCIAS QUE MARCAM O ALGARVE EM ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT

ALGARVE INFORMATIVO #22

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #22


OPINIÃO

O ESTRANHO CASO DO ADEPTO DE FUTEBOL

DANIEL PINA Jornalista

(…) esta semana tem sido rica em piadas, risadas e gargalhadas à conta da derrota do Sporting em Moscovo, um fenómeno que não acontece na generalidade das outras modalidades. Veja-se o Campeonato do Mundo de Atletismo que está a decorrer em Pequem e a forma como os portugueses demonstram o seu orgulho pela medalha de bronze de Nélson Évora no triplo salto, até pelo quarto lugar de Ana Cabecinha nos 20 quilómetros marcha e ninguém se preocupa se são do Benfica, Porto, Sporting ou de outro clube (…)

S

ou do Sporting! Não sou daqueles adeptos ferrenhos que sobe ao céu com as vitórias e desespera com as derrotas. Nem daqueles que vai todos os fins-desemana ao estádio ver os jogos, porque não tenho dinheiro nem disponibilidade para isso. Também não sou daqueles que diz que é sportinguista desde que nasceu. Sou do Sporting porque o hóspede da minha avó era sócio do clube e levava-me com ele para ver os jogos no antigo Estádio José Alvalade. Por isso, se ele fosse do Benfica ou do Belenenses, desconfio que hoje não seria sportinguista. Porque, quando somos miúdos, escolhemos o clube por influência dos outros, dos pais, dos avós, dos irmãos mais velhos, tudo menos por nossa opção própria, porque pouco ou nada percebemos de futebol nessa tenra idade. Na altura também não percebia, e confesso que hoje, quarentão de barba rija e cabelos brancos, continuo sem perceber, esta rivalidade desmedida que existe entre os adeptos dos clubes, nomeadamente dos três grandes. Rivalidade entre os clubes é natural que aconteça, são adversários no mesmo campeonato, ganham em função das suas vitórias, mas também em função dos empates e das derrotas dos opositores diretos. Agora, faz-me uma tremenda confusão adeptos deste ou daquele clube vibraram com os maus resultados desportivos dos rivais nas competições europeias, como sucedeu esta semana com o afastamento do Sporting da fase de grupos da Liga dos Campeões, ainda por cima por terem sido prejudicados, de forma descarada, pelas arbitragens. E teria esta conversa se o Benfica ou o Porto estivessem na mesma situação, porque são todos clubes portugueses a representar a nossa nação além-fronteiras. Infelizmente, a maioria dos portugueses não pensa da mesma forma e esta semana tem sido rica em piadas, risadas e gargalhadas à conta da derrota do Sporting em Moscovo, um fenómeno que não acontece na generalidade das outras modalidades. Veja-se o Campeonato do Mundo de Atletismo que está a decorrer em Pequem e a forma como os portugueses demonstram o seu orgulho pela medalha de bronze de Nélson Évora no triplo salto, até pelo quarto lugar de Ana Cabecinha nos 20 quilómetros marcha e

ALGARVE INFORMATIVO #22

ninguém se preocupa se são do Benfica, Porto, Sporting ou de outro clube. Aliás, sei que a Ana Cabecinha é do Clube Oriental de Pechão porque já a entrevistei, e ao seu treinador Paulo Murta, algumas vezes, mas não faço a mínima ideia de que emblema defende Nélson Évora, e nem tenho a mínima curiosidade em o saber, porque o feito dele deve ser motivo de regozijo de todos os portugueses e não apenas dos adeptos do clube que representa. Mas o adepto de futebol é uma espécie à parte, que quase tem tanto prazer com os dissabores dos rivais que com os triunfos das suas equipas nas competições europeias. E nas provas internas esta rivalidade é ainda pior, como verificámos no fim de semana passado. No sábado, Sporting e Porto empataram em jogos que teoricamente deveriam ter ganho e de imediato foi o delírio dos benfiquistas, quase como se tivessem já garantido o tricampeonato. Depois, saiu-lhes o tiro pela culatra e foram derrotados de forma ainda mais escandalosa no domingo e, como se adivinha, foi a vez dos sportinguistas e portistas se divertirem à grande. E como os adeptos se comportam de maneira menos própria, os dirigentes seguem-lhes o exemplo, porque é preciso estar próximo dos seus associados, e viu-se a troca de insultos entre Sporting e Benfica que em nada abona o desporto-rei. Como referi anteriormente, penso que esta rivalidade no campeonato nacional é aceitável, desde que não se ultrapassem determinados limites, porque a malta precisa entreter-se com alguma coisa para não pensar nas contas e impostos que tem para pagar e é típico do português sentirse bem com os problemas dos vizinhos, tudo para que os seus próprios problemas não pareçam tão graves. Mas, na Liga dos Campeões e na Liga Europa, somos todos portugueses e, bem vistas as coisas, os resultados dos nossos clubes, sejam eles quais forem, acabam por influenciar o número de equipas que nos anos seguintes têm acesso direto a essas mesmas provas. Posto isto, vamos lá todos vestir a camisola das quinas também nas provas de clubes e não apenas quando a seleção nacional joga. Isto se não for muita ingenuidade minha pensar que podemos todos ficar contentes com os brilharetes dos portugueses além-fronteiras . 6


7

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

CASTRO MARIM REGRESSOU À IDADE MÉDIA

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #22 #22

8


REPORTAGEM

Reza a história que, quase a terminar o mês de Agosto, a vila de Castro Marim embarca numa viagem rumo à Idade Média. O castelo no alto da colina ganha uma vida própria, as ruas transfiguram-se, as gentes desta simpática terra do sotavento algarvio vestem-se a rigor, escuta-se música ao virar de cada esquina, os miúdos entretêm-se com brincadeiras de outros tempos, os senhores feudais passeiam com as suas donzelas, os homens do clero e os cruzados asseguram-se que os pagãos não se aproximam da vila e, lá do alto, a realeza e os nobres mais favorecidos lançam olhares em direção ao infinito sobre as suas terras e vassalos. Cinco dias depois, logo de manhãzinha na segundafeira, o despertador toca, o sonho esfuma-se pelos dedos e Castro Marim regressa à normalidade, mas os comerciantes e dirigentes associativos asseguraram, graças às dezenas de milhares de turistas que visitam os Dias Medievais de Castro Marim, fundos para manterem a sua atividade por mais um ano. E das janelas do primeiro andar, a equipa liderada por Francisco Amaral sorri com o sentimento de missão cumprida. Sorriem, mas não cruzam os braços, porque é tempo de começar a preparar a edição do próximo ano. Texto e fotografia: Daniel Pina 9

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #22 #22


REPORTAGEM

A

18ª edição dos Dias Medievais de Castro Marim ofereceu cinco dias de magia e rigor histórico a muitos milhares de turistas, nacionais e estrangeiros, que visitaram a vila de Castro Marim de 26 a 30 de agosto, num ano que contou com algumas novidades. Pela primeira vez com a duração de cinco dias, verificou-se igualmente o alargamento da Feira Medieval à zona nascente da vila, bem como a cobrança de entrada no recinto, mas que são dois euros (ou seis com acesso ao castelo) quando em troca se parte numa autêntica e genuína viagem ao passado? Quando se percorrem ruas em tudo semelhantes às de há séculos atrás? Quando se assiste à azáfama dos burgueses, que apregoam em alta voz os seus artigos? Quando se escuta música medieval de excelente qualidade, interpretada pelos

melhores grupos do género da Europa? Quando se assiste a um contínuo desfilar de malabaristas e saltimbancos que deixam os nossos filhos de sorrisos rasgados nos rostos? Quando se saboreiam os petiscos e doces do passado, esquecendo, por alguns dias, essas coisas modernas de dietas? Bem mais cara é uma ida ao cinema de hora e meia ou duas horas e, por muito bom que seja o filme, o espetador está sentado confortavelmente na cadeira, a comer umas pipocas, antes de regressar a casa depois de mais uma experiência igual a tantas outras. E ir aos Dias Medievais de Castro Marim não é, disso temos a certeza, uma experiência que se possa repetir muitas vezes na vida. É verdade que os bancos de madeira no interior do castelo, mesmo os do banquete real, não são tão acolchoados e ergonómicos. É verdade que o acesso ao castelo dá algumas dores de cabeça às senhoras que para ali vão de sapatos de

ALGARVE INFORMATIVO #22

10


REPORTAGEM

salto alto e até mesmo alguns homens chegam ao fim da íngreme subida a tentar recuperar o fôlego. Também é verdade que não há escadas rolantes para se subir despreocupadamente com os carrinhos de bebé. Mas essa é a beleza do evento, o sentir as dificuldades, ou melhor dizendo, a inexistência de alguns confortos que tomamos como garantidos no nosso dia-a-dia, porque era assim o quotidiano das gentes na Idade Média. Quem frequenta habitualmente os Dias Medievais de Castro Marim já sabe o que esperar, leva calçado confortável e deixa o que é supérfluo em casa ou no carro, coloca um repelente contra os mosquitos, que este ano, pelo vistos, nem incomodaram muito os visitantes, e vai de espírito aberto para melhor absorver tudo o que está ao alcance dos cinco sentidos. Ver as cores dos estandartes nas ruas, as decorações das lojas e restaurantes, a igreja matriz de cara lavada após a recente requalificação, as bandeiras a esvoaçar nas muralhas do Castelo e do Forte de São Sebastião do outro lado da vila. Escutar a música envolvente e as animadas conversas da plebe. Cheirar o aroma dos petiscos, até das fogueiras e dos archotes que nos rodeiam. 11

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM Saborear as receitas de outros tempos. Deslizar os dedos pelas muralhas, pelos bancos de madeira, no pelo dos cavalos e burros, segurar em armas medievais e artefactos do antigamente. Por tudo isto, só deambular pelo recinto recheado de visitantes e figurantes já é recompensa mais que suficiente para os quilómetros que se percorreram até Castro Marim e para os tais euros que se pagaram à entrada. Mas, como é óbvio, muito mais é-nos oferecido pela organização, com a colaboração inestimável das associações, coletividades e clubes do concelho. E o palco principal continua a ser o castelo da vila, o cenário ideal para as principais recriações, como as de artes e ofícios, onde estão representadas mais de 45 profissões, a exposição de instrumentos de tortura e punição, as mostras gastronómicas e os grandes espetáculos.

ALGARVE INFORMATIVO #22

12


REPORTAGEM NO CAMINHO CERTO RUMO AO FUTURO Antes da abertura das portas do castelo, todavia, personagens mitológicas e históricas, guerreiros, monstros, princesas, reis e rainhas, as várias classes sociais - clero, nobreza, burguesia e povo, desfilam pela vila de Castro Marim, e a música tem um rival à altura no som do disparar de centenas de máquinas fotográficas, pois todos querem registar os mais ínfimos pormenores desta Dalila Barros e Francisco Amaral, experiência para mais tarde recordar. presidente da Câmara Municipal de Castro Marim E isto porque não existe um universo imaginário mais cativante do que o medieval, onde os acontecimentos se confundem com as lendas, o natural com o sobrenatural, o visível com o invisível. Já no interior, a vida quotidiana do homem da Idade Média era recriada com todo o rigor e paixão, os torneios a cavalo ou a pé, os malabaristas e cuspidores de fogo, a exposição de animais e a falcoaria no acampamento medieval, as tascas medievais, os saltimbancos e trovadores num constante frenesim. Mas também se podia assistir à exposição de instrumentos de tortura Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira e Margarida Flores e punição, que marcaram a luta contra os infiéis e o paganismo, assim como a exposição «Basilius – o pedinte medieval», na igreja do castelo. Os mais novos não foram esquecidos e para eles havia animação infantil com oficinas, marionetes e contadores de histórias. Francisco Amaral foi o «rei» de Castro Marim pelo segundo ano, mas já era um visitante regular dos Dias Medievais desde a sua primeira edição, fruto de ser presidente da Câmara Municipal de Alcoutim nessa altura. E quem conhece o antigo médico de profissão, sabe bem que não gosta muito de ser o centro das Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel e Diamantina Dias 13

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

atenções, motivo pelo qual quase passava despercebido no meio da enchente que tomou as ruas da vila desde o primeiro dia do evento. Como ainda faltavam alguns minutos para o arranque do desfile da corte por Castro Marim, Francisco Amaral recordou que, em outubro do ano transato, teve lugar um amplo debate sobre a anterior edição dos Dias Medievais para se auscultar a opinião da população, com a perspetiva de se melhorar cada vez mais o evento. “Houve ideias lançadas e consensualizadas, nomeadamente a ampliação do espaço da feira, o aumento do número de dias e as entradas passarem a ser pagas. Apostámos na continuidade da qualidade e do rigor e quem vem cá tem a sensação real de que recua no tempo umas centenas de anos”, frisa o autarca. Se manter a qualidade era um objetivo primordial, importante era também tornar o evento sustentável e evitar que tivesse prejuízo, como sucedia habitualmente. “O evento tem que ser pago pelos visitantes, os residentes em Castro Marim têm livre acesso, mas é preciso garantir que o evento sobreviva, já que os comerciantes locais ganham mais nestes dias do que em vários meses de atividade no resto do ano. Pensando no desemprego que assola este concelho, e o país inteiro, os Dias Medievais são uma aposta forte na economia local”, sublinha Francisco Amaral, assumindo que um evento desta dimensão começa a ser preparado mal termina o anterior, de modo a que tudo corra bem. “São várias pessoas empenhadas no evento o ano interior, o que nos tranquiliza e nos dá a certeza de que estamos a trabalhar com tempo e qualidade.

ALGARVE INFORMATIVO #22

14


REPORTAGEM

Muito provavelmente vamos continuar a fazer esses debates de trocas de ideias, para nos continuarmos a aperfeiçoar cada vez mais”. Dias Medievais que envolvem todo o tecido associativo e empresarial do concelho de Castro Marim e Francisco Amaral garante que nunca é difícil arranjar voluntários para ajudar ao sucesso destes cinco dias. “Existe uma forte dinâmica da parte das coletividades, associações e clubes que, para além de respeitarem o rigor dos Dias Medievais, angariam receitas que lhes permitem financiar as suas atividades recreativas, culturais e desportivas ao longo do ano”, enaltece, adiantando que, apesar da grande envolvência dos castromarinenses, é necessário, como é óbvio, contratar figurantes e artistas especializados em recriações históricas desta natureza, tanto portugueses como estrangeiros. “Os Dias Medievais estão orçados em 400 mil euros e apresentam figurantes de grande valor que percorrem toda a Europa. Diria que em Portugal, com a mesma qualidade que nós, talvez apenas Vila da Feira”, aponta. Eventos que recriam a Idade Média que parecem estar na moda e mesmo no Algarve existem vários espaçados ao longo do ano, mas Castro Marim bate a concorrência graças à sua envolvência única. “Temos o Castelo e o Forte de São Sebastião e fizemos uma coisa lindíssima, uma rotunda nova, com um cavaleiro medieval que é uma escultura de um amigo

15

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

nosso, o Carlos de Oliveira Correia. Aliás, estou convencidíssimo que, se participarmos num concurso de rotundas, ganhamos. Depois, como a população do Algarve em agosto dispara, o sucesso do evento está sempre praticamente garantido”, afirma, confiante de que o impacto económico dos Dias Medievais no concelho é largamente superior ao seu orçamento. Um evento que demonstra, igualmente, o caminho que Castro Marim quer seguir no futuro, assente na sua história e no património cultural e arquitetónico e fugindo da construção em massa e altura que tipifica concelhos mais do centro da região. “Vamos apostar também nas ciclovias e há que ligar Castro Marim a Vila Real de Santo António, Monte Gordo, Altura, Praia Verde, Monte Francisco e à Reserva Natural. É um sonho que tenho e que vou concretizar, porque explorar o património cultural, histórico e arquitetónico, a beleza natural da Reserva do Sapal de Castro Marim, as salinas, é o rumo certo. Temos aqui uma riqueza tremenda que há que saber explorar”, defende, no seu característico tom sereno. Aliás, Francisco Amaral admite sentir-se algo envergonhado no meio de toda esta pompa e circunstancia. “Não tenho grande jeito para andar aqui a fazer de figurante, sinto-me bem é nos bailaricos, a caçar e a pescar. Gosto mais de peixe pescado por mim ali em Alcoutim do que banquetes medievais e não me sinto à vontade a desfilar, mas tenho que desempenhar este papel nestes dias e o povo merece tudo o que lhe possa dar” .

ALGARVE INFORMATIVO #22

16


17

ALGARVE INFORMATIVO #22


OPINIÃO

ENFANT TERRIBLE

RESILIÊNCIA (…) A Europa cresceu no Mediterrâneo e apenas algumas convenções recentes nos afastaram da sua margem sul, portanto, deveríamos aproveitar esta debandada para ganhar posição numa região tão importante e estratégica e que tem tanto a ver connosco. Nós necessitamos de jovens, a Europa esta a morrer de velhice. Basta ver o nosso exemplo: em 1960 tínhamos 27 idosos por cada 100 jovens; hoje, temos 133 idosos por cada 100 jovens (…)

PAULO BERNARDO Empresário

N

estes últimos dias tem chegado à Europa um conjunto grande de pessoas bastante resilientes. Com uma capacidade infindável de sofrimento, de resiliência, de vontade de vencer. Contudo, esta Europa está a lidar da pior forma com esta situação, não está a acolher, está a acantonar, não está a proteger, está a acantonar. Para que se tem tipos tão bem pagos em Bruxelas se não conseguem tomar uma atitude com coragem? Se é apenas para viver à custa do orçamento, não vale a pena. Basta ver como os americanos fizeram no início da emigração, no século passado, ajudavam, tratavam, recenseavam e davam algum tipo de sonho. A Europa hoje necessita de sangue novo, que vai cá chegar na mesma, por isso, deveríamos ter uma estratégia comum para receber estes valentes resilientes, poupando-lhe o sofrimento. A Europa cresceu no Mediterrâneo e apenas algumas convenções recentes nos afastaram da sua margem sul, portanto, deveríamos aproveitar esta debandada para ganhar posição numa região tão importante e estratégica e que tem tanto a ver connosco. Nós necessitamos de jovens, a Europa esta a morrer de velhice. Basta ver o nosso exemplo: em 1960 tínhamos 27 idosos por cada 100 jovens; hoje, temos 133 idosos por cada 100 jovens. Ainda se fala em segurança social sustentável, impossível. Só uma correta política para acolher estas pessoas, cheias de vontade de uma oportunidade, pode ser a salvação para esta Europa. Pessoas em idade ativa prontas a trabalhar, e agora surge a questão: e onde está o trabalho para estas pessoas?

ALGARVE INFORMATIVO #22

Temos que reverter a política de não produzir nada, temos que voltar a ter a produção no velho continente, não podemos andar a criar emprego onde nada nos pagam. Aqui, o dinheiro da produção fica na Europa, ajudando o continente a crescer novamente. Contudo, e se nada fizermos, a chegada é inevitável, uma entrada frágil e rancorosa que não vai trazer nada de bom. Criando guetos, conflitos, exploração laboral, exploração infantil, alimento para o crime organizado. Acima de tudo, vai acontecer tudo aquilo que eu não quero para a Europa. Desta situação vão surgir mais muros, mais descriminação, criação de fronteiras, ou seja, o fim da Europa como a conhecemos. Nota da semana: Sem dúvida esta semana o grande evento foi o festival medieval de Castro Marim, muita animação, muito público, mas organizado e muito animado, espetáculos bastante interessantes, comércio a preço justo e variado. Lado pedagógico também muito interessante, uma réplica quase perfeita. Um evento que me encheu as medidas e que é um bom espetáculo em qualquer parte do mundo. Obrigado também ao público espanhol que transmitiu a sua alegria característica. Figura da semana: Steven Piedade, jovem que vai sobressaindo no meio político e associativo regional. Com uma longa vida de atividade cívica, ontem assumiu mais um desafio, o de dirigir os bombeiros de Faro. Antevejo um futuro promissor para a nossa região com pessoas como o Steve. Obrigado pelo empenho e dedicação à causa pública .

18


19

ALGARVE INFORMATIVO #22


OPINIÃO CRÓNICAS DOS EMERGENTES

EDGAR PRATES

CAPITULO 1 COELHOS SOVIÉTICOS (…) Estava prevista a entrada da Roménia e Bulgária na União Europeia em 2007. A Sérvia, Turquia, Moldávia e Ucrânia preparavam também planos de adesão. A Rússia, Índia e China cresciam ano após ano a um ritmo impressionante para economias de tao grande dimensão. O cenário geopolítico era evidente: a Europa caminhava para uma expansão estratégica cada vez mais ao encontro do Leste, ao passo que o Oriente se virava para uma economia de mercado global ao encontro do Ocidente. Começava a fazer sentido a Eurásia (…)

M

arço de 2005. A República Checa é um País ateísta. É o resultado de uma reação contra o domínio da religião Católica imposta pelos Habsburgos da Áustria durante séculos. Na constituição Checa não consta qualquer alusão à religião oficial. No entanto, é um País livre que permite a livre celebração de qualquer religião. Na República Checa não existe feriado na Sexta-Feira Santa. O feriado é na SegundaFeira a seguir ao Domingo de Páscoa. As jovens trabalham em clubes noturnos e existem casinos em cada esquina dentro dos típicos hernas. É um País tão liberal como a Holanda, com leis que favorecem qualquer tipo de atividade e grandes benefícios para quem investe no desenvolvimento. É uma verdadeira economia de mercado onde só muito dificilmente um indivíduo não consegue singrar. Por exemplo, aos olhos de um Italiano, os Checos são trabalhadores. Mas pelo que pude testemunhar nos três anos que vivi na República Checa, aos olhos de um Russo, os Checos são acusados de ser preguiçosos! São as diferenças evidentes que se verificam nas diferentes economias da Europa, que apesar de criar uma União e uma moeda única, não conseguiu ainda proporcionar a mesma velocidade a todos. No plano internacional, a Rússia está confiante em voltar a ser novamente uma potência. A sua vitória simbólica para organizar o maior evento desportivo do planeta, o Mundial de Futebol de 2018, revela a ambição de uma Rússia emergente alinhada com a Nato e com a União Europeia. Apesar do tradicional apoio Norte-Americano às políticas de defesa na Europa, incluindo a estreita colaboração com os países do Leste Europeu, a ameaça histórica da Rússia na região continua a ser um ponto de discussão em qualquer agenda de defesa Europeia. No entanto, esse

ALGARVE INFORMATIVO #22

fantasma tem vindo a ser gradualmente afastado mediante a aproximação recente entre Estados Unidos e Rússia, patente nos trabalhos diplomáticos da cimeira da Nato decorrida em 2010 em Lisboa. As duas grandes potências da Guerra Fria do século XX unem-se numa preocupação global perante as ameaças vindas da Ásia. Na Ásia, o maior continente do planeta, emergem economicamente, e em simultâneo, China, Indonésia, Malásia, Vietname, Índia e Paquistão; e crescem as ameaças emergentes ao nível da instabilidade político-militar capazes de pôr em risco nações vizinhas como são os casos do Irão (risco para o Médio Oriente e Rússia), Caxemira (risco para o Paquistão e Índia), Tibete (risco para Índia e China) e Coreia do Norte (risco para Coreia do Sul, China e Japão). Perante cenários de possível conflito regional de enormes dimensões como os que se apresentam na Ásia, o Leste Europeu deixou de ser prioridade máxima na agenda diplomática internacional, ainda que raras exceções continuem a apresentar alguns focos de tensão que o tempo se encarregará de resolver, como são os casos da Sérvia, Kosovo, Albânia, República da Moldávia, Transnístria, Ucrânia, Turquia, Tchetchénia e Geórgia. Daí que seja prudente continuar a prestar atenção aos «fogos» que não foram ainda extintos, sob pena de um dia voltarem a acender-se. A República Checa, Eslováquia, Hungria e Polónia formam um bloco central de economias com uma escala semelhante às de Portugal ou Irlanda, mas completamente débeis na eventualidade de um conflito geopolítico, visto encontrarem-se entrincheiradas geograficamente entre dois blocos fundamentais na Europa: Alemanha e Rússia. Em 1991 foi criado o Grupo Visegrad, que visa fomentar a 20


cooperação entre República Checa, Eslováquia, Hungria e Polónia através de contatos diplomáticos ao mais alto nível e também todo o tipo de cooperações estratégicas ao nível dos negócios, turismo e cultura. A República Checa assume-se como o grande motor da região, uma herança rica proveniente dos tempos da Checoslováquia, outrora uma das nações mais avançadas do mundo que teve o seu auge durante o período interbélico, ou seja, entre as duas Grandes Guerras. Infelizmente, a invasão polémica de 1968 levada a cabo pelos Comunistas, que se apoderaram de Moscovo de forma angustiante, trouxeram a Praga um abrandamento visível da riqueza. A Primavera de Praga de 1968 resultou num isolamento do mundo, para lá da cortina de ferro, ao abrigo do pacto de Varsóvia, numa longa espera que durou 21 anos até que a queda do juro de Berlim em 1989 permitisse aos Checos levantar a cabeça e arregaçar mangas na sua Revolução de Veludo, um evento que deu origem à transição difícil mas necessária do socialismo retrógrado para uma economia de mercado. Foi um processo notável de mudança. Hoje em dia, é possível viver novamente em liberdade de expressão e gozar de desenvolvimento económico favorável. É possível celebrar vivamente os feriados religiosos em Praga. Quando surgem dias de descanso, é sagrado para todos. Na Páscoa, são muitos os que aproveitam o facto de se celebrar um feriado religioso e ausentam-se da cidade. Era hábito ir-se para a Morávia, Viena ou Cracóvia. Aproveita-se as últimas camadas de neve nas estâncias de ski do norte do País, antes que cheguem os primeiros raios de sol da Primavera para derreter a neve e aumentar o caudal de rios perigosamente nas margens das aldeias da Morávia. Tradicionalmente, existe ainda uma forte relação entre as regiões que outrora faziam parte do antigo Império Austro-Húngaro. Os Checos não se consideram um povo do Leste Europeu. São um País da Europa Central. Não há nada como estar aí para testemunhar isso mesmo. Um certo dia em Praga fui à estação principal Hlavní Nadrazí, de onde partem os comboios para Leste do território. São 16h. Dentro de meia hora sairia um comboio para Budapeste. Viajar para outro país implicava esperar bastante tempo na fila para comprar um bilhete. Apesar de estar indicado «Internacional», o atendimento era horrível, não se falava inglês, só algum alemão ou russo. A mulher só sabia dizer «Money! Money!». Senti a cor cinzenta do Comunismo ali naquele vidro sujo por onde eu tentava fazer contato visual com a mulher para que ela não complicasse o que era simples: um bilhete para Budapeste. Ela escrevia no computador só com um dedo, tecla a tecla. A senhora parecia que estava a desmontar um relógio suíço, tal era a delicadeza de todo o processo, enquanto a fila de estrangeiros ia aumentando.

Eu estava com mais três portugueses, do Porto: Toninho, Helena e Alexandra. Parece que tinham sido «enganados» pela agência de viagens, que lhes vendeu uma passagem aérea Porto-Budapeste que os obrigou a fazer três escalas: a voar de Porto para Lisboa, depois a voar de Lisboa para Praga, e a apanhar um comboio de Praga para Budapeste. Quanto aos australianos que também estavam na fila, eles precisavam de um Visto para visitar a Hungria, e ficaram-se pelo caminho. No comboio, fui debatendo temas da atualidade com o Toninho. Ele andava a estudar arquitetura e chegámos a um consenso em relação à discussão política: Portugal tinha de mudar de alguma forma, porque um grande número de recém-Licenciados bem formados estava a ir-se embora todos os meses. As raparigas estudavam psicologia. Era a primeira vez que eles os três saíam de Portugal. Nem parecia que se estava no Leste. O ambiente era totalmente Ocidental. As pessoas saíam dos seus lugares para fumar um cigarro ou respirar o ar na nova Europa. A paisagem de campo da República Checa fazia lembrar as fotos dos Alpes, com casinhas de bonecas dispostas sobre montes cheios de neve. A paragem em Brno revelou algo interessante: centenas de jovens que estudam em Praga saíram ali, é uma cidade muito jovem, com grandes Universidades e muita indústria. Era nesse lugar que o Pioneer megalómano do parque empresarial sonhava em construir o seu castelo. Do pouco que vi em alguns minutos da janela do comboio, deu para perceber o que ele quis dizer. Do pouco que observei pela janela do comboio nesse final de Março de 2005, a República Checa estaria prestes a ultrapassar Portugal a nível económico num prazo de 5-10 anos. Não foi preciso muito tempo: três anos depois as estatísticas já indicavam que Portugal tinha sido ultrapassado pelos Checos. Nesse momento de passagem por Brno tive uma visão, tal como aconteceu com o Jeff do Texas; e como terá acontecido a outros após a sua passagem pelo primeiro país emergente das suas vidas. Senti a mudança. Estava ali mesmo, eu era já um elemento da própria mudança, no expresso Euro-City para Budapeste. Os cidadãos provenientes da Europa Ocidental e do antigo Bloco Soviético lotavam os lugares do comboio sem fronteiras. Estava prevista a entrada da Roménia e Bulgária na União Europeia em 2007. A Sérvia, Turquia, Moldávia e Ucrânia preparavam também planos de adesão. A Rússia, Índia e China cresciam ano após ano a um ritmo impressionante para economias de tao grande dimensão. O cenário geopolítico era evidente: a Europa caminhava para uma expansão estratégica cada vez mais ao encontro do Leste, ao passo que o Oriente se virava para uma economia de mercado global ao encontro do Ocidente. Começava a fazer sentido a Eurásia . (continua na próxima edição) 21

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

AUTARQUIA DE ALBUFEIRA FIRMOU PROTOCOLO COM FUNDAÇÃO INATEL

O

presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, e o vicepresidente do Conselho de Administração da Fundação Inatel, José Manuel da Costa Sores, assinaram, no dia 20 de agosto, um protocolo de colaboração que determina a cedência de uma sala localizada no Edifício Praia da Unidade Hoteleira da Inatel para que a Autarquia aí possa criar um espaço de divulgação do concelho através da realização de iniciativas municipais ligadas à valorização do património histórico e natural de Albufeira. “Pretendemos reforçar a componente de excelência ambiental agregada à nossa Promoção Turística, criando este novo espaço que vem enriquecer a estadia de quem nos visita, mas também dos nossos munícipes, estudantes e movimento associativo”, salienta Carlos Silva e Sousa. A Sala Azul terá diversas valências, entre as quais a de exposição, onde será divulgada uma Albufeira que tem trilhado o seu caminho na procura da excelência das suas praias e que é hoje líder em Bandeiras Azuis, e também de sensibilização através de atividades que serão direcionadas a escolas e grupos de visitantes, que pretendam conhecer melhor o trabalho realizado em matéria ambiental. Por outro lado, e devido à

ALGARVE INFORMATIVO #22

sua localização privilegiada, esta Sala assumirá também a função de «Casa de Visitas» do Município, acolhendo mostras, apresentações, receções e iniciativas de interesse relacionadas com o concelho. “Acreditamos que, com todas estas componentes, desenvolvendo parceiras com entidades públicas e privadas, e assumindo este projeto como de grande interesse para Albufeira, é possível criarmos um espaço que seja motivo de orgulho para aqueles que aqui residem e um local a descobrir para os que nos visitam”, reafirmou o presidente da autarquia. Com 93 metros quadrados, a Sala Azul irá funcionar no Edifício Praia Hotel, que em 2012 foi alvo de profundas obras de requalificação. A intervenção teve como objetivo dotar de condições de funcionalidade, conforto e de uma nova imagem arquitetónica, assente na sustentabilidade. A unidade hoteleira de Albufeira, que já contava com 217 quartos nos dois edifícios existentes, passou a ter mais 110 quartos dos quais 16 são comunicantes e 16 são suítes, potenciando a sua utilização por famílias. No piso térreo, com amplos vãos envidraçados sobre a praia, os clientes têm ao seu dispor uma sala de refeições, uma galeria exterior, uma área comercial, um novo snack-bar e a antiga «Esplanada INATEL» junto à praia, agora recuperada. “A colaboração entre a Câmara e a Inatel já vem de longa data. A Fundação sentese muito bem em Albufeira e este empreendimento é o nosso ex-libris entre os 16 que temos por todo o país”, referiu José Manuel da Costa Sores, que acredita que este novo espaço vem valorizar a unidade e permitirá também potenciar a venda de Albufeira lá fora .

22


ATUALIDADE

23

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

25 MIL PEÇAS JÁ REGISTADAS DO MONTE MOLIÃO

A

s 5ªs Jornadas de Portas Abertas Monte Molião decorreram no passado dia 26 de agosto e juntaram vários interessados em conhecer, de perto, as escavações realizadas nesta importante estação arqueológica da cidade de Lagos. Esta iniciativa contou com as Portas Abertas no Monte Molião, durante toda a manhã e, à tarde, houve a oportunidade de assistir a uma conferência e projeção de um vídeo sobre este local, que decorreu no Auditório dos Paços do Concelho Séc. XXI. O dia terminou com uma visita orientada à escavação, seguida da ação performativa – «PALATO: Cozinhando na Paisagem de Monte Molião». A conferência contou, na mesa de honra, com a presença da Vereadora da Cultura, Maria Fernanda Afonso, Rui Parreira, da Direção Regional de Cultura do Algarve e de Ana Margarida Arruda, do Centro de Arqueologia UNIARQ – da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Recorde-se que os trabalhos desenvolvidos no Monte Molião pela equipa da Profª. Ana Margarida Arruda desde 2006 (ano da assinatura

ALGARVE INFORMATIVO #22

do primeiro Protocolo de Cooperação assinado entre o Município e a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e com o seu Centro de Arqueologia, a UNIARQ) foram colocando progressivamente a descoberto as ruínas do mais antigo aglomerado urbano identificado em Lagos e desvendaram informações acerca do quotidiano das gentes que nele um dia se estabeleceram e acerca das relações comerciais que mantiveram com gentes de outras terras distantes. As arquiteturas domésticas e os muito abundantes materiais arqueológicos recuperados durante os trabalhos de campo evidenciam a integração de Monte Molião nas grandes rotas comerciais da antiguidade e a interação dos seus habitantes com outras comunidades humanas mediterrâneas. De acordo com Ana Margarida Arruda, estão já registadas 25 mil peças encontradas no Monte Molião e existem umas centenas de milhares de outras não registadas porque as referências não são totais. “O importante é que estas iniciativas sirvam para produzir conhecimento e aqui temos 3 importantes vertentes: a investigação, a formação e o retorno das ações, em forma de conhecimento”, salientou a responsável pela investigação que a UNIARQ tem vindo a efetuar sobre o sítio, com o suporte financeiro da Câmara Municipal de Lagos .

24


25

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

MUNICÍPIO DE LAGOS PERPETUA NOME DE LAURETE DA FONSECA

A

Câmara Municipal de Lagos prestou uma homenagem à cidadã lacobrigense Laurete de Jesus Fonseca (1936 – 2001), perpetuando o seu nome na história da toponímia da cidade de Lagos. A cerimónia de descerramento desta placa decorreu no passado dia 22 de agosto, e contou com a presença de vários familiares e amigos. A cerimónia foi composta por dois momentos: uma Sessão Solene de Homenagem a Laurete de Jesus Fonseca, em reconhecimento pelo seu importante papel na defesa dos direitos dos Emigrantes Portugueses, em França, nos anos 60/70 e um segundo momento que consistiu no

descerramento da placa toponímica, atribuída a uma rua situada na Urbanização do Porto de Mós. No primeiro momento, que teve lugar no Auditório dos Paços do Concelho Séc. XXI, a Presidente da Câmara Municipal de Lagos considerou que esta homenagem é mais do que justa e merecida. “Uma mulher como a Laurete,

ALGARVE INFORMATIVO #22

correta, exemplar, e que viveu ajudando os seus próximos, merece fazer parte da história da cidade. É com muita honra que se presta esta homenagem que perpetua a memória desta grande cidadã lacobrigense, fazendo justiça à sua figura e, simultaneamente, dando a conhecer o seu exemplo de vida às gerações mais novas”, destacou Maria Joaquina de Matos. Por seu turno, Carlos Fonseca, marido de Laurete agradeceu, visivelmente comovido, à autarquia esta homenagem, “que não é à minha esposa, nem à mãe dos meus filhos, mas sobretudo à grande mulher que ela foi”. Aproveitando a presença de diversos amigos, recordou vários episódios das suas vidas, desde que saíram de Portugal, passando pela Argélia, e pela França (Massy), onde decidiram viver, mas onde passaram muitas provações. Carlos Fonseca, que não se apelida de português, nem francês, mas sim «um algarvio de Lagos», diz ainda hoje não ter percebido porque passaram por tantas dificuldades apenas pelo facto de terem ajudado outras pessoas, mas que se sentiu sempre orgulhoso da sua mulher. Depois de alguns amigos também terem deixado o seu testemunho em relação a Laurete, inclusivamente o Vereador da Câmara, Paulo Jorge Reis, seguiu-se o momento do descerramento da placa toponímica, situada numa rua da Urbanização do Porto de Mós .

26


27

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

PAULO PORTAS PRESIDIU AO LANÇAMENTO DO IKEA LOULÉ

O

Vice-Presidente-Ministro, Paulo Portas, esteve em Loulé, no dia 28 de agosto, para participar na cerimónia de lançamento da primeira pedra do investimento do Grupo IKEA na cidade de Loulé, um ato simbólico já que as obras arrancaram há já algumas semanas. Aquele que será um dos maiores investimentos em Portugal dos últimos anos irá integrar a construção de uma Loja IKEA, um Centro Comercial e um Outlet, num investimento que rondará os 200 milhões de euros. O projeto irá criar 3000 postos de trabalho diretos, sendo que 250 serão de novos colaboradores da Loja IKEA, mas o Managing Director da IKEA Centres, a empresa global de centros comerciais do Grupo IKEA, Richard Vathaire, acredita que este número poderá ser superior, nomeadamente durante esta fase da construção. Christiane Thomas, Retail Manager da IKEA Portugal, explicou os contornos deste investimento que trará ao Algarve aquela que é uma das maiores cadeiras de mobiliário e decoração do mundo. “A Loja IKEA terá 24 mil metros quadrados e será um ponto de inspiração e de soluções de decoração para toda a região do Algarve. A nossa visão é criar o melhor dia-a-dia

ALGARVE INFORMATIVO #22

para a maioria das pessoas. O nosso conceito de negócio assenta neste sonho, oferecer uma ampla gama de móveis e decoração para a casa, funcional, com qualidade, sustentabilidade e design, com preços acessíveis. A sustentabilidade será um pilar fundamental”, considerou esta responsável sueca. Refira-se que está previsto que a inauguração desta Loja decorra já no próximo ano. Por outro lado, o Centro Comercial, que irá abrir ao público em 2017, comportará 220 lojas e 3500 lugares de estacionamento, distribuídos por 85 mil metros quadrados. Como é tradição nos grupos escandinavos, a IKEA fará projetos de responsabilidade social nesta região, nomeadamente na área da infância, assumindo também um papel determinante no contexto social da região. E Richard Vathaire falou do investimento em Loulé como “um projeto absolutamente fantástico, sendo a única loja e outlet IKEA da região”. Sendo o Algarve um destino turístico por excelência, este responsável do Grupo acredita também que o Centro Comercial que aqui irá nascer vai competir com os melhores da Europa. “Apesar da situação económica, queremos continuar a contribuir para o desenvolvimento da economia portuguesa, com projetos de qualidade, e gerar riqueza e emprego”, considerou ainda Richard Vathaire. Durante o discurso na Sala da Assembleia Municipal de Loulé, o Vice-Primeiro-Ministro considerou o investimento do Grupo IKEA no Algarve como “muito significativo do ponto de 28


ATUALIDADE vista da sua dimensão”. “Este investimento é, do ponto de vista financeiro, um dos maiores desta legislatura, e do ponto de vista da criação de pontos de trabalho, seguramente, o maior dos últimos anos, numa região onde a questão da criação de emprego é muito importante”, sublinhou o número dois do Governo. Paulo Portas enalteceu a presença do Grupo sueco em Portugal – “uma multinacional muito conhecida e exigente, quer do ponto de vista ambiental, quer do ponto de vista de responsabilidade social” – com as três lojas já existentes e as três fábricas de Paços de Ferreira, mas também as parcerias que tem estabelecido com empresas portuguesas. “Mantém uma parceria com a Vista Alegre para a produção de louça de mesa e há uma parceria com a Aquinos, em Tábua, para a produção de colchões. O IKEA veio para Portugal trabalhar com fornecedores portugueses e com empresas portuguesas com qualidade que integram a cadeia de valor que o IKEA pode apresentar ao mercado”, explicou. Este responsável governamental frisou a importância da colaboração entre as administrações central e local para levar para atrair novos investimentos. “Não se fazem investimentos sem a colaboração entre a administração central e a administração local. Ter uma atitude aberta e competitiva para atrair investimento é uma responsabilidade tanto da administração central como local. O nosso primeiro dever não é criar complicações que levam o investimento para outro lugar e os postos de trabalho para outros países”, disse Paulo Portas. Por último, o membro do Governo que detém responsabilidades na área da Economia frisou a confiança que o Grupo IKEA tem mantido na capacidade, profissionalismo e brio dos trabalhadores portugueses e na aposta desta cadeia sueca em Portugal, mesmo quando

o país atravessou maiores dificuldades financeiras. Reportando-se a este investimento, o vicepresidente da Autarquia, Hugo Nunes, referiu que este processo que “já vai muito longo, foi um processo complexo, controverso,

amplamente discutido, contestado mas também muito apoiado”. Neste momento, com a obra já a decorrer no terreno, o vereador que detém o pelouro da Economia e Empreendedorismo acredita que este será um “investimento estruturante para a região, muito importante para o Concelho, e que terá um impacto significativo do ponto de vista da economia local e do emprego”. Face às vozes críticas que receiam que a instalação do IKEA significará o declínio do comércio tradicional, o autarca foi bem claro ao referir que a Autarquia está atenta a esta alteração do modelo de organização da atividade comercial e económica que terá um impacto nos centros urbanos. Nesse sentido, a Câmara Municipal de Loulé e a própria IKEA estão já a refletir sobre as medidas para implementar que possam ajudar a “mitigar e minorar os impactos menos positivos que possam advir da instalação da IKEA junto do comércio local e que ajudem a procurar novos caminhos e soluções para a vitalidade e para as dinâmicas das zonas comerciais e dos centros urbanos das nossas cidades” .

29

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

ARRANCA A VOTAÇÃO NO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO 2015 DE LOULÉ

O

dia 1 de setembro marca o início da fase de votação dos projetos selecionados no âmbito do projeto do Orçamento Participativo 2015 do Município de Loulé, que decorrerá durante todo o mês. À semelhança da edição de 2014, estarão à votação 33 projetos (três por localidade) que resultaram das propostas apresentadas nas 11 sessões participativas realizadas, sendo que no final da votação se definirá qual o projeto vencedor em cada freguesia. A votação dos projetos poderá ocorrer de forma presencial ou eletrónica - via SMS gratuito. A votação presencial poderá ser realizada no edifício do Terminal Rodoviário em Loulé, mais concretamente no Gabinete da Equipa de Projeto

ALGARVE INFORMATIVO #22

de Sustentabilidade do Município, Economia Local, Turismo e Emprego, de segunda a sextafeira, no período da manhã, entre as 9h e as 13h, e no período da tarde, das 14h às 17h, ou ainda nas várias localidades através de voto em urna itinerante. Para a votação presencial, apenas poderão votar os cidadãos eleitores do Concelho de Loulé. A votação eletrónica – via SMS grátis - será realizada através dos códigos atribuídos a cada um dos projetos, com envio de mensagem para o número 4400 com a indicação do código do projeto (Ex: OP34). A cada número de telemóvel só pode estar associado um único voto válido, a que corresponda um código de projeto correto .

30


31

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

WORKSHOP DE ARQUITETURA VAI ESTUDAR MINA DE SAL-GEMA EM LOULÉ

A

cidade de Loulé recebe, de 29 de setembro a 4 de setembro, o Workshop Internacional de Arquitetura «Under Scapes», uma iniciativa da Câmara Municipal de Loulé, com direção científica de Campos Costa Arquitetos. Tendo a Mina de Sal-Gema de Loulé como ponto de partida, a discussão sobre o programa de intervenção nas minas constitui um dos desafios deste workshop. Nesta iniciativa irão participar estudantes e professores de seis escolas europeias de arquitetura paisagista: FAUP – Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, ISA – Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, IUAV – Università di Architettura di Venezia (Itália), ETSAB – Escola Tecnica Superior d’Arquitectura de Barcelona (Espanha), Akademie der binden Kunste Wien (Áustria) e PWR - Wroclaw University of Technology (Polónia). Filipa de Castro Guerreiro, Eduardo Pinto, Leonor Themudo Barata, Stefano Tornieri, Michelle Howard, Thamsz Glowacki, Johannes Kuehn, Emilia Giorgi, Margherita VAnore, Duarte Santo, Jordi Bellmunt e João Soares são os tutores convidados.

ALGARVE INFORMATIVO #22

Para além da visita à Mina de Sal-Gema, no programa do Workshop destacase a receção no Salão Nobre dos Paços do Concelho e presença na Noite Branca de todos os participantes, visita guiada ao Santuário da Mãe Soberana, sessão preparatória no Convento Espírito Santo e enquadramento pelo diretor de departamento de Urbanismo do Município, Manuel Vieira, e pelo consultor da Autarquia para esta área, Carlos Delgado. No encerramento desta iniciativa, na sexta-feira, dia 4, entre as 17h e as 20h, decorre a apresentação final, numa sessão pública na Sala da Assembleia Municipal, Edifício Eng.º Duarte Pacheco, com o júri constituído por Emilia Giiorgi (curadora do Museu MAXXI), Johannes Kuehn (do Kuehn Malvezzi Studio). Recorde-se que a Mina de Sal-Gema localiza-se na Campina de Cima, zona nordeste da cidade. Muitos quilómetros de galerias estendem-se sob a cidade e é aí, entre os 230 e 270 metros de profundidade, que é extraído sal-gema de grande pureza, destinado ao uso industrial e ao degelo das estradas associado à segurança das vias rodoviárias. Existe um projeto de Turismo Mineiro para este local, que tem como objetivo diversificar a oferta turística do Concelho e da região e que assenta em três vertentes fundamentais: uma área para serviços de «storage», isto é para armazenagem documental, um Parque Temático/Museu do Sal e a criação de um hotel com quartos e SPA . 32


33

ALGARVE INFORMATIVO #22


ENTREVISTA

RICARDO NEVES-NEVES UM HOMEM DO TEATRO NAS SUAS MÚLTIPLAS FACETAS O Cine-Teatro Louletano recebe, no próximo dia 5 de setembro, a peça «Menos Emergências», da companhia Teatro do Elétrico, que conta no elenco com nomes como Custódia Gallego, Filomena Cautela, José Leite, entre outros. Ao todo, estarão em palco 10 atores, uma orquestra de 13 músicos e um coro de 20 cantores, num dinâmico diálogo entre estética visual e movimento. Antes do pano subir, o ALGARVE INFORMATIVO foi conhecer o encenador e diretor artístico Ricardo Neves-Neves, um quarteirense apaixonado pelo teatro desde miúdo e que cedo rumou à capital para tirar uma formação superior na área e perseguir o sonho de representar. Depois, de forma natural, sem quaisquer planos ou meditação, vestiu a personagem de encenador e dramaturgo e, daí a formar a sua própria companhia, foi um pequeno passo. Entrevista: Daniel Pina

ALGARVE INFORMATIVO ALGARVE INFORMATIVO #22#22

34


ENTREVISTA FOTOGRAFIA: BRUNO BRAVO

35

ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO#22 #22


ENTREVISTA

FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA

A

poucos dias de voltar ao seu Algarve, e ao concelho onde nasceu, para levar a cena «Menos Emergências» no Cine-Teatro Louletano, Ricardo Neves-Neves andava na típica azáfama de quem é ator, encenador, dramaturgo e diretor artístico de uma companhia de teatro num país onde a cultura é vista como um bem supérfluo e onde o contínuo desinvestimento das entidades competentes na criação de novos públicos já passou a fronteira do preocupante há muitos anos. Apesar deste cenário cinzentão, o quarteirense de 30 anos não hesitou em partir para Lisboa quando terminou o ensino secundário para ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde tirou a licenciatura em Teatro-Atores, ao que se seguiram cursos e workshops em algumas companhias teatrais e uma pós-graduação na Faculdade de Letras de Lisboa em Estudos de Teatro. Ainda na Escola Secundária Dra. Laura Ayres fundou, com a ajuda de alguns professores e colegas, o TELA – Teatro da Escola Laura Ayres e outro grupo de representação de textos de

ALGARVE INFORMATIVO #22

poetas essencialmente portugueses e, por volta dos 15 anos, já fazia parte do Grupo de Teatro Amador de Quarteira e de outra companhia informal com jovens de Faro. No Grupo de Teatro Amador de Quarteira participou em duas peças como ator e, quando o encenador José Matos Maia faleceu, foi convidado para assumir esse papel, num período em que já estava a estudar em Lisboa. Não causou, por isso, surpresa quando o jovem Ricardo Neves-Neves se mudou de malas e bagagens para a capital e que o seu futuro não seria passado numa secretária, de fato e gravata, num emprego tradicional das nove às 19h. “Essa possibilidade sempre foi muito remota e a minha primeira manifestação artística até foi através do piano, que comecei a aprender em casa com o meu pai e depois fui mesmo para uma escola de música. Durante o ensino secundário, vinha para Lisboa aos fins de semana fazer pequenas formações de ator para teatro ou para televisão, dormia numa pensão ao pé do Marquês do Pombal, portanto, quando cheguei aos 18 anos, o meu destino já estava perfeitamente definido”, conta. 36


ENTREVISTA Ricardo Neves-Neves não se livrou, porém, da habitual preocupação dos pais quando os filhos decidem seguir um caminho académico e profissional menos tradicional e mais incerto, sobretudo da parte da mãe, uma vez que o pai era o artista da família e tivera um grupo de música no passado. “A minha mãe era um bocadinho mais cética, mas sempre me deu total apoio. O problema é que, como eu era muito bom aluno na escola secundária e terminei com média de 19, ela tinha pena que todo esse esforço não valesse para nada, já que, para ingressar na escola de teatro, as provas assentavam noutros critérios. De qualquer modo, como entrar no Conservatório não era fácil, joguei pelo seguro e também me inscrevi na Escola Superior de Comunicação Social e ainda fui ao primeiro dia de aulas e fui praxado como caloiro. No dia seguinte, soube que tinha entrado na Escola Superior de Teatro e Cinema”, lembra o entrevistado. Entretanto, enquanto decorria a licenciatura, Ricardo Neves-Neves passa a ser convidado por alguns professores para espetáculos de teatro, oportunidades que eram prontamente agarradas pelo quarteirense, mesmo que isso implicasse ter aulas das 9h às 18h e depois ensaios toda a noite. “O meu último docente no Conservatório foi o Bruno Bravo, que tem uma companhia chamada «Primeiros Sintomas», e que já se apresentou no Cine-Teatro Louletano com «Dias Felizes», de Samuel Beckett, e eu comecei logo a trabalhar com ele, já lá vão quase 10 anos. Tem sido um trabalho contínuo, primeiro como ator, mais recentemente como autor de alguns textos, e isso trouxe-me alguma estabilidade”.

DIRIGIR UMA COMPANHIA CHEGA A SER DESESPERANTE Recuando ao passado, Ricardo Neves-Neves confessa que a sua ideia sempre foi ser ator e que encenar e escrever aconteceu sem planos prévios, como consequência natural do trabalho que ia realizando, de tal modo que, mesmo hoje, se considera mais um ator do que um encenador ou dramaturgo. O certo é que, um ano depois de entrar na Escola Superior de Teatro e Cinema, já estava a encenar num grupo de teatro amador e escrevia a sua primeira peça, «O Regresso de Natasha», que já foi levada a cena por uma companhia de Leiria. “As coisas foram acontecendo sem ter definido um caminho, era uma necessidade que sentia e que passava, primeiro para o papel, depois para o palco. Os

FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA

convites também iam surgindo da vontade de outras pessoas em que desenvolvesse trabalhos com eles”, explica. Ricardo Neves-Neves não considera, porém, que um criador, por ter experiência como ator, seja necessariamente um bom encenador, embora sinta que, no seu caso, é uma mais-valia ter as três facetas, pois escrever para teatro é algo bastante específico. “Os textos não são para serem lidos, para ficarem no papel, são para serem colocados nos corpos dos atores, 37

ALGARVE INFORMATIVO #22


ENTREVISTA FOTOGRAFIA: JORGE GONÇALVES

Ricardo Neves-Neves: (…) “Vemos municípios que acham que estão a investir muito em cultura e, na hora da verdade, o orçamento é gasto nas luzes de Natal e nos fogos-de-artifício da passagem de ano e do feriado municipal. Não compreendo por que razão o fogo-de-artifício é cultura” (…) que desenvolvem o seu trabalho a partir do que está escrito. Existem grandes dramaturgos que não têm qualquer experiência como atores ou encenadores e são brilhantes a escrever, assim como excelentes encenadores que não têm qualquer formação como atores, mas também acontece o contrário. Há pessoas que têm experiência em todas as áreas e depois há qualquer coisa que falha”, observa, admitindo que, no seu caso, ser ator e encenador influencia, por vezes, a tarefa da escrita, mas tal não significa que o resultado seja melhor ou pior por causa disso. O certo é que, depois de trabalhar vários anos para outras companhias teatrais, Ricardo Neves-

ALGARVE INFORMATIVO #22

Neves decidiu criar a sua própria, o Teatro do Elétrico, em parceria com Rita Cruz. “Trabalhar com outras companhias é sempre bom e enriquecedor para diversificar a experiência, mas queria desenvolver algo de raiz onde pudesse implementar a minha linguagem estética e artística nos nossos espetáculos. Quando somos atores noutras companhias, podemos apresentar as nossas propostas, que são ou não aceites, mas não é exclusivamente a minha linguagem que ali está”, indica o quarteirense, adiantando que o nascimento do Teatro do Elétrico surge também da vontade de trabalhar com pessoas específicas, nomeadamente com os antigos colegas de turma do Conservatório. Claro que dirigir uma companhia de teatro permite essa liberdade de escolher com quem vai trabalhar e que peças levar a cena, mas traz outras dores de cabeça acrescidas, precisamente reunir os elencos que deseja, que podem ou não estar disponíveis, angariar apoios financeiros, arranjar espaços para levar as peças a cena e por aí adiante, uma realidade que gera um sorriso a Ricardo Neves-Neves. “Acaba por ser, muitas vezes, desesperante. Somos uma companhia nova formada por jovens atores, o que dificulta a tarefa de obter algum crédito ou atenção das entidades competentes. As dores de cabeça existem e, quando a equipa é reduzida, os dias de 18 horas de trabalho são muito frequentes e o trabalho criativo acaba por ficar para segundo plano. Nunca desmotivei, porque temos tido respostas bastante positivas, quer por parte do público, como da crítica e dos próprios colegas, mas há sempre uma altura, uma ou duas semanas antes da estreia, em que digo que é a 38


ENTREVISTA última vez que enceno uma peça”, nota, bemdisposto. Obstáculos e vicissitudes que não impedem o Teatro do Eléctrico de já ter os próximos dois anos totalmente programados, mas Ricardo Neves-Neves reforça que os artistas são homens e mulheres como outros quaisquer, que precisam pagar as contas da casa, ir fazer compras aos supermercados, ir ao FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA médico quando tal é necessário. “Algumas profissões são romantizadas, as pessoas pensam que são cheias de glamour e esquecem-se que somos cidadãos perfeitamente normais”, frisa.

NÃO SE PODE OBRIGAR AS PESSOAS A GOSTAR DE TEATRO Que cada vez se investe menos em cultura é um facto consumado e, por muito que se tente justificar essa realidade pelas restrições financeiras das autarquias e pelo enfoque do poder central em outras áreas, Ricardo NevesNeves atribui uma boa quota-parte da culpa à confusão que muitos fazem entre os conceitos de lazer, animação e cultura. “Vemos municípios que acham que estão a investir muito em cultura e, na hora da verdade, o orçamento é gasto nas luzes de Natal e nos fogos-de-artifício da passagem de ano e do feriado municipal. Não compreendo por que razão o fogo-de-artifício é cultura”, desabafa o dramaturgo, não partilhando da opinião que muitos programadores culturais não percebem do seu ofício. “Eu parto sempre do princípio que as pessoas que estão nos cargos sabem o que estão a fazer e vejo, por este país fora, programadores com bastante boa vontade, mas muitas vezes desesperados porque, por exemplo, o reveillon acaba por ter mais

prioridade do que a programação anual de um teatro. Infelizmente nota-se que o orçamento da noite de fim-de-ano, que normalmente é da responsabilidade do pelouro da cultura, é três ou quatro vezes maior do que 12 meses de programação de um auditório municipal”, enfatiza. Perante este cenário, o entrevistado não sabe se deve ficar revoltado ou triste, mas também não sabe quem são os verdadeiros culpados de isto acontecer, uma vez que as pessoas já estão tão habituadas a tais «fogos-de-artifício» que, quando eles não acontecem, parece que as próprias festividades perderam todo o sentido. “Eu tinha um professor no Conservatório que dizia que ‘a cultura só é necessária depois de a conhecermos’ e, se formos a ver bem as coisas, há muita gente que não sente esta necessidade, o que me deixa triste, mas não posso obrigar as pessoas a gostar de teatro”, aponta, com um encolher de ombros, sinal de que é uma batalha difícil para todos os agentes culturais E como os programadores e os diretores das companhias têm consciência da dificuldade de levar os portugueses ao teatro, muitas vezes acabam por optar por peças mais ligeiras, mais fáceis de digerir, em vez de um repertório clássico ou contemporâneo mais exigente. Esse não é o caso, no entanto, de Ricardo NevesNeves, que defende que cada companhia deve escolher um repertório que pense que irá 39

ALGARVE INFORMATIVO #22


ENTREVISTA levar a cena em determinada cidade ou concelho porque, supostamente, terá pouca aceitação por parte do público. “Há dois anos apresentámos no Cine-Teatro Louletano uma peça da minha autoria e uma colega que reside em Loulé chamou-me a atenção para esse facto. Eu respondi-lhe que sou de Quarteira, do concelho de Loulé, e perguntei-lhe então o que é que funcionava com o «público de cá». FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA Há 30 anos existia, de facto, uma maior dificuldade da perceção da desempenhar bem e com o qual também se língua portuguesa, que se expressava com um identifique. “Eu escrevo sobre aquilo que gosto pouco mais de complexidade, mas a televisão e com a linguagem com que sei escrever e, quando se trata de uma adaptação de um texto desempenhou um papel bastante importante que já existe, seleciono as peças de acordo com nesse campo e não acredito que persista a ideia de que o teatro é só para intelectuais”, salienta o meu gosto pessoal e com o pensamento de o entrevistado. que, com aquele texto, consigo dar um contributo melhor do que com outro diferente. Às vezes, os textos até podem ser mais HÁ DINHEIRO PARA TUDO MENOS aprazíveis ao público mas, depois, fazemos um PARA OS ARTISTAS trabalho tão mau que as pessoas acabam por não gostar do espectáculo”, alerta o encenador Outra situação que demonstra o contínuo e ator. desinvestimento na cultura em Portugal é que Para reforçar esta ideia, o quarteirense muitos espetáculos são contratados sem um garante que existe público para todo o tipo de cachet pré-definido, ficando as companhias com teatro e não apenas para revista à portuguesa a exploração da bilheteira, da mesma forma que ou trabalhos mais populares. “Acho que, nestes diversas autarquias preferiram entregar a últimos 15 anos, há mais pessoas a ir ao teatro, programação dos teatros ou auditórios o que existe é menos investimento na cultura. municipais às próprias companhias de teatro, O preço dos bilhetes, por exemplo, baixou e, conforme Ricardo Neves-Neves já constatou na pela primeira vez, é mais caro ir ao cinema do realidade. No que toca à exploração dos que ao teatro. Em Lisboa já se encontra equipamentos, o entrevistado defende que as frequentemente teatro independente a vender responsabilidades devem ser sempre partilhadas bilhetes a cinco ou sete euros, quando ir ao e a justificação dada é bem simples: “É uma cinema custa 7,5 euros. Há 15 anos, nós, no imensa mais-valia uma companhia ter um Grupo de Teatro Amador, cobrávamos 7,5 espaço próprio para programar e não estar euros por um bilhete e, hoje, isso é difícil de dependente de um administrativo a decisão de acontecer”, destaca Ricardo Neves-Neves. se apresentar ou não num determinado teatro, Ao mesmo tempo, o ator/encenador não do mesmo modo que é positivo para a própria compreende quando algumas pessoas dizem programação do espaço que ela seja feita por que esta ou aquela peça não é indicada para

ALGARVE INFORMATIVO #22

40


ENTREVISTA um artista que conhece os seus colegas e o seu trabalho. Todavia, tem que existir sempre um apoio institucional e financeiro, porque o teatro tem que estar equipado, fazer divulgação e ter as tais pessoas de escritório que ajudem no trabalho de comunicação e de produção. Não nos podemos esquecer que estamos a prestar um serviço público, portanto, deve ser partilhado com uma entidade pública”. Mais confusão lhe faz a nova política das companhias estarem dependentes dos resultados de bilheteira, com toda a incerteza e insegurança que daí decorre para os seus elementos. “Um teatro é construído e equipado com grande esforço para nele serem apresentados espetáculos pelos atores, encenadores, bailarinos, coreógrafos, cenógrafos, músicos, maestros, etc. Contudo, é muito comum ver-se que o orçamento de alguns teatros contempla um diretor, um ou dois contabilistas, um ou dois programadores, vários assistentes, as senhoras da limpeza e da bilheteira, os senhores da segurança, todo um conjunto de profissionais que são pagos ao mês mas onde não se encontram os próprios artistas. Isso é altamente perverso, um edifício ter financiamento para cobrir as despesas de todos os funcionários à exceção dos artistas”, critica, sem papas na língua. “A função principal do teatro é o que se passa dentro do palco e na plateia onde estão os espetadores. Todo o outro trabalho é importante, mas não tem sentido não haver verba para a programação porque se gastou o dinheiro todo a arranjar os elevadores”. Mas, apesar de mais estas injustiças, o espetáculo continua, porque estes homens e mulheres amam a sua profissão, mesmo que só subam ao palco uma ou duas vezes por semana.

E uma solução apontada por Ricardo NevesNeves para aumentar a atividade passaria pela criação de pequenos polos culturais dentro das várias freguesias de cada concelho, à semelhança do que sucede com os equipamentos desportivos, mostrando-se FOTOGRAFIA: RAQUEL ALBINO

disponível para colaborar nesse campo com o concelho onde nasceu e viveu até se mudar para Lisboa. E como ainda é um jovem, mas já com bastante experiência no meio teatral, que conselho deixa aos miúdos que sonham em ser atores, em pisar o palco? “Há muita gente a trabalhar no teatro e que consegue retirar uma recompensa financeira positiva da sua atividade mas, para isso, é preciso trabalhar muito. É uma profissão que exige, durante longos períodos, não se ter uma folga e muito menos férias. Quando alguém tem o sonho de ser ator, bailarino, músico ou outra coisa qualquer e acha que possui capacidades para o conseguir, acho que deve investir numa formação específica e workshops de dois dias não são suficientes. Por isso, esses jovens devem trabalhar muito, não devem acreditar que o talento inato que têm, ou não, chega para ter sucesso. Sem trabalho, é tudo uma questão de lotaria, e isso sai a pouca gente”, conclui em final de conversa, pois era hora de seguir para mais um ensaio pela noite dentro .

41

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

NOITE DE LOULÉ VESTIU-SE DE BRANCO

Foi um verdadeiro mar de branco que inundou as principais artérias da cidade de Loulé no dia 29 de agosto, na já célebre «Noite Branca de Loulé» que pretende celebrar o final do verão de forma apoteótica. Com um cartaz musical de luxo, dezenas de artistas a maravilhar os transeuntes com os seus malabarismos e performances de arregalar os olhos, comércio local de portas abertas e em tons de branco e turistas de múltiplas nacionalidades a encher as esplanadas em refeições tardias e de sorrisos nos lábios perante tanta animação, ninguém ficou indiferente a uma das noites mais inebriantes do país ao longo de todo o ano. Texto e fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #22

42


REPORTAGEM

43

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

A

cidade de Loulé viveu, no dia 29 de agosto, uma das noites mais agitadas do calendário nacional e a festa começou bem cedo, com animação, música e arte de diversos estilos, com o branco em comum, a proporcionarem um ambiente de glamour, descontração e muita alegria aos visitantes. Bem vistas as coisas, Loulé parecia uma gigantesca discoteca ao ar livre, em certos zonas com as típicas pistas de dança a vibrar com os sucessos dos DJ’s, noutras num clima mais lounge com as pessoas a observarem comodamente sentadas os mais de 150 artistas de ruas, bailarinos e malabaristas, noutros ainda a saltar ao som dos temas do pop/rock, blues e jazz de bandas, umas sobejamente conhecidas do grande público, outras menos famosas, mas não com menos qualidade. Com um «recinto» maior em relação à edição anterior, Mercado Municipal, Avenida José da Costa Mealha, Praça da República, Avenida 25 de Abril, Largo do Monumento Eng.º Duarte Pacheco, Largo de S. Francisco, Castelo de Loulé ou Largo Afonso III foram alguns dos espaços mais em evidência e os spots que agitaram as noites do verão algarvio – Água Moments, Purobeach, Palms e Bliss – também se juntaram à festa com bares, DJs e animadores. No programa musical pontificavam nomes como Expensive Soul, Capicua, Mia Rose, Marta Ren, White Haus e Da Chick, mas também Magazino, DJ Wilson Honrado, Volume2015, Nice Weather for

ALGARVE INFORMATIVO #22

44


REPORTAGEM Ducks ou First Breath after Coma. As surpresas eram constantes e bastava contornar-se uma esquina para nos depararmos com palcos improváveis e live acts imprevistos, desde músicos suspensos no ar a sereias nas fontes, entre tantos outros motivos de interesse. E, para receber esta enchente de visitantes, o comércio também se vestiu de branco e manteve portas abertas ao longo de toda a noite, fosse o Mercado Municipal como as lojas, restaurantes, cafés, para que qualquer pessoa pudesse comprar uma lembrança antes de regressar a casa ou simplesmente retemperar as forças ou refrescar-se numa noite de grande calor. Face ao mar de gente que passava em frente ao edifício da Câmara Municipal de Loulé, o edil Vítor Aleixo não escondia a satisfação perante mais um sucesso deste prestigiante evento para a cidade e concelho e cuja notoriedade já ultrapassou as fronteiras do Algarve e do próprio país. “Basta passear por aí para sentir esta atmosfera fantástica de fim de Verão, com muita festa e animação. É mais uma edição da «Noite Branca» que faz jus ao que de melhor se faz em termos de eventos e que tornam Loulé um município incontornável no que diz respeito às grandes manifestações culturais. Estão aqui milhares de pessoas e temos todas as razões para nos sentirmos satisfeitos com o trabalho feito e com o contributo que esta noite dá ao turismo no plano regional”, enaltece o autarca, 45

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM situação em que é bastante difícil fazer previsões. O futuro é muito volátil porque a crise é uma realidade brutal. Este ano foi possível dar estes aliciantes extra ao evento, mas não sabemos o que acontecerá daqui a dois anos. Claro que gostaríamos de proporcionar aos turistas e a todos aqueles que se vêm divertir à cidade de Loulé uma «Noite Branca» com as mesmas características e, se possível, ainda com mais qualidade, mas nada neste Ao centro, Vítor Aleixo, édil de Loulé, com José Cardoso, João Pedro Rodrigues, Fernando Anastácio, Dália Paulo, João Fernandes, José Apolinário e Vítor Guerreiro momento é garantido”, frisa o presidente da Câmara Municipal de Loulé, com a sua habitual ponderação e cautela. Certo é que se, nas primeiras edições, foi complicado arranjar artistas em número suficiente para preencher as diversas zonas de animação ao longo de toda a noite, hoje a dificuldade é precisamente inversa, ou seja, escolher entre as centenas de opções ao dispor da organização. “Há imensos artistas e grupos de animação que, de uma forma ou outra, nos dão sinais ou nos contatam diretamente, porque Vítor Guerreiro, Dália Paulo, António Eusébio, José Apolinário, José Cardoso, Fernando gostam de marcar Anastácio e Hugo Nunes, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé presença na «Noite considerando que o evento há muito assumiu Branca». É um sinal positivo de que o evento tem uma dimensão nacional. uma enorme qualidade e que os próprios artistas gostam de o ter no seu currículo”, entende o Uma noite que deu logo nas vistas pela atuação de artistas de peso como Expensive Soul, Capicua, responsável autárquico, reconhecendo que, perante tanta qualidade, e o facto do evento ser Mia Rose, Marta Ren, White Haus e Da Chick, a que se juntaram diversos DJs e outras bandas que de entrada gratuita, o orçamento é mais elevado estão na vanguarda da música nacional, mas Vítor do que outros festivais ou acontecimentos do Aleixo prefere não fazer promessas em relação ao género. “Não ultrapassamos o orçamento da última edição, mas conseguimos, com o mesmo futuro no que toca ao cartaz. “O país vive numa

ALGARVE INFORMATIVO #22

46


REPORTAGEM

custo, aumentar a área do evento, ter mais grupos a fazer dimensão e outros com maior notoriedade e qualidade”. Sem ter valores concretos na ponta da língua para apresentar, Vítor Aleixo garante, porém, que é um compromisso assumido por todo o executivo municipal que o orçamento não seja superior aos valores despendidos no passado. E, exatamente por essa razão, a «Noite Branca» continuará a acontecer apenas de dois em dois anos. “Não temos condições para realizar 47

ALGARVE INFORMATIVO #22


REPORTAGEM

anualmente um acontecimento desta dimensão, porque há outras coisas que contam na vida do concelho. É óbvio que um evento destes não coloca em causa a sustentabilidade das contas do Município de Loulé, mas há que ter bom senso em tudo, ter os pés muito bem assentes no chão, dar à cultura, ao entretenimento, à diversão, a importância que na realidade tem, mas sem nunca esquecermos que continuamos a viver num contexto de crise”. Crise que, verdade seja dita, estava bem longe das mentes das dezenas de milhares de pessoas que continuavam a chegar à cidade de Loulé, a encher as cidades da sede do maior concelho do Algarve, a preencher os espaços frente aos palcos, a conversar com os amigos, a escutar músicas de todas as sonoridades, num ambiente descontraído e familiar que permanecia indiferente ao avançar do relógio e sempre sob o olhar atento da lua cheia que espreitava lá do alto. No fim, já o sol espreitava por entre as nuvens, ficava a pena de ter que esperar dois anos para repetir a experiência, com a certeza de que a «Noite Branca de Loulé», em 2017, será ainda melhor .

ALGARVE INFORMATIVO #22

48


49

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

MELHORES ALUNOS SÃO-BRASENSES VÃO A BARCELONA

S

eis alunos do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas foram premiados com uma viagem cultural a Barcelona, uma recompensa pelos bons resultados alcançados no ano letivo 2014/2015, segundo o Quadro de Excelência das Escolas do concelho. Esta é mais uma edição da iniciativa da Câmara Municipal de São Brás de Alportel «Melhores Alunos do Município», dando continuidade à aposta na educação e formação dos jovens. Assim, entre os dias 2 e 5 de setembro, os alunos Joana Pato Pereira e Catarina Conceição Guerra (as duas melhores alunas finalistas do 2.º ciclo), David Neves Ferreira e Teresa Cavaco Pires (os dois melhores alunos finalistas do 3.º ciclo) e os jovens Bruno Guerreiro Pereira e Laila Wocke, (os dois melhores alunos finalistas do ensino secundário), vão partir numa viagem pela capital do modernismo catalão. No programa da viagem está previsto um passeio de autocarro panorâmico para uma visita guiada aos principais pontos de interesse turístico da cidade e um cruzeiro pela costa, que dará aos jovens sãobrasenses a oportunidade de ver Barcelona a partir do Mediterrâneo. Na cidade que acolhe as maiores obras do arquiteto Gaudí, os alunos poderão conhecer a Praça da Catalunha, as

ALGARVE INFORMATIVO #22

famosas Ramblas e a Avenida Diagonal, visitar a inacabada Sagrada Família, o colorido Parc Güell, a La Pedrera e a original Casa Batlló. A sessão de entrega do Prémio Melhores Alunos referente ao ano letivo 2014/2015 decorreu no dia 26 de agosto, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Brás de Alportel na presença do presidente Vítor Guerreiro, da vice-presidente, Marlene Guerreiro, do vereador Acácio Martins e da diretora do Agrupamento de Escolas, Nídia Amaro. “O Prémio Melhores Alunos é mais um investimento da autarquia na educação dos nossos jovens, enquanto forma de reconhecimento pela dedicação e empenho daqueles que tiveram os melhores resultados no ano letivo transato, uma prova de que o caminho para o sucesso requer esforço mas é recompensador”, afirmou Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal .

50


51

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

SÃO BRÁS DE ALPORTEL PROSSEGUE RENOVAÇÃO DE PARQUE DESPORTIVO

A

rrancaram no dia 20 de Agosto os trabalhos de renovação do Campo de Jogos da Escola EB 2,3 Poeta Bernardo Passos, em São Brás de Alportel. Desde a inauguração daquela escola, em 1993, o campo de jogos tem vindo a ser alvo de pequenos melhoramentos, sempre com a colaboração da autarquia, preocupada com a qualidade das infraestruturas escolares e na defesa do desporto escolar. Neste momento, o equipamento necessita de uma intervenção global que permita dotar o espaço das condições desejadas para a prática de desporto e dado que, através de protocolo de transferência de competências na área da educação, o município de São Brás de Alportel assumiu as responsabilidades com a manutenção deste edifício, a Câmara Municipal

ALGARVE INFORMATIVO #22

decidiu levar a cabo esta obra, a bem dos jovens são-brasenses. Com esta intervenção, o campo de jogos fica completamente renovado com a aplicação de um novo revestimento, assim como novas marcações inerentes às diversas atividades desportivas que ali se praticam: andebol, basquetebol, futebol, atletismo, entre outras modalidades. A obra inclui também a construção de um novo campo de salto em comprimento, já há muito desejado pelo Agrupamento escolar, para melhorar as condições para a prática desta modalidade. Esta intervenção configura mais um significativo investimento neste ano marcado pela forte aposta do município na educação, entendida como o pilar mais importante na edificação do futuro .

52


53

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

TEATRO DAS FIGURAS AO SABOR DA DANÇA CONTEMPORÂNEA

A

nova temporada do Teatro das Figuras apresenta no dia 3 de setembro, e pela primeira vez em Faro, a Orquestra XXI, um projeto que reúne perto de uma centena de jovens músicos portugueses residentes no estrangeiro. Com o clarinetista Horácio Ferreira, Jovem Músico do Ano de 2014, a Orquestra XXI traz em estreia nacional a orquestração de L. Berio da primeira sonata para clarinete e piano de J. Brahms, concluindo o programa com uma obra de referência do repertório sinfónico - a 5ª Sinfonia de Tchaikovsky. Nos dias 4 e 5 de setembro, o Teatro das Figuras sai fora de portas e, em coprodução com o Município de Faro e a Sons em Trânsito, apresenta a segunda edição do Festival F. A

ALGARVE INFORMATIVO #22

música portuguesa vai invadir a Vila Adentro com alguns dos maiores nomes da música portuguesa atual, a que se juntam propostas de artistas emergentes, artes plásticas, street food, artesanato, cinema e animação de rua. Pelos seis palcos do Festival F, que neste ano alarga o recinto e passa a incluir o Palco Muralhas, passarão António Zambujo, Deolinda, David Fonseca e Carlão, mas também Linda Martini, Márcia, We Trust e Sara Paço, entre muitos outros. De volta ao palco do Teatro das Figuras, a pianista Joana Vieira e a soprano Beatriz Miranda propõem uma viagem pelo mundo canção francesa e alemã entre os séculos XIX e início do século XX, a ter lugar no dia 10 de setembro, quinta-feira às 18h30. Pelo

54


ATUALIDADE quarto ano, o Festival Dance, Dance, Dance, traz ao Teatro das Figuras novos valores da dança contemporânea nacional, com uma programação que conta com um workshop e quatro espetáculos dos criadores emergentes. Filipa Rodriguez orientará o workshop Vem Dançar os Animais da Ria destinado a crianças entre os 6 e os 12 anos e apresentará o espetáculo Formosa é a Ria, inspirado na fauna e flora da Ria Formosa. O workshop terá lugar na sexta-feira, dia 11 das 10h às 13h00 e o espetáculo no dia seguinte, em duas sessões às 11h e 16h. No dia 17 de setembro, a companhia de dança inclusiva CiM apresenta Contraluz um espetáculo que reúne em palco bailarinos profissionais e intérpretes com paralisia cerebral. Contraluz é o resultado do projeto Contrastes – ciclo de formação em dança inclusiva, promovido pela FAPPC – Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral. No sábado dia 19, a companhia de dança espanhola La Phármaco apresenta «La

Voz de Nunca», um espetáculo cuja dramaturgia parte de «À Espera de Godot», de Samuel Beckett. No dia 24 de setembro, Carolina e Margarida Cantinho estreiam no Teatro das Figuras a sua mais recente criação – Ponto Zero. A programação do Festival Dance, Dance, Dance encerra no sábado dia 26 com The Very Delicious Piece, uma criação de Cristina Planas Leitão e Jasmina Krizaj, para quem a peça é “primeiro que tudo uma busca pela essencialidade, intensidade e insistência. É um encontro entre entretenimento, uma experiência pessoal a dois e como o nosso corpo vibrante atinge uma plateia inerte”. The Very Delicious Piece é uma coprodução de DeVIR-Capa, Platforma Festival – Plesna Izba Maribor e de HELLERAU European Center for the Arts Dresden no âmbito do projeto MODUL DANCE, financiado por Maribor 2012 – Capital Europeia da Cultura .

55

ALGARVE INFORMATIVO #22


ATUALIDADE

PRAIA DOS PESCADORES ACOLHEU X PROVA DE MAR DE ALBUFEIRA

N

o dia 22 de agosto, a Praia dos Pescadores acolheu a 10ª Prova de Mar de Albufeira, uma competição inserida no 23.º Circuito de Provas de Mar do Algarve e organizada pelo Futebol Clube de Ferreiras com o apoio da Câmara Municipal. A prova contou com duas distâncias, uma de 1500 metros, onde participaram cerca de 130 nadadores federados, e outra de 800 metros, em que nadaram 40 populares. O circuito foi composto por sete provas avaliadas através de um raking individual e por equipas com os quatro melhores resultados. O Futebol Clube Ferreiras conseguiu um lugar no pódio, com uma equipa de nadadores a conquistar a terceira posição do circuito disputado entre 20 equipas, tendo a Portinado e a O2 Portimão ocupado a primeira e a segunda posição respetivamente. Destaque ainda para as performances de Marina Zaborskaya e Paulo Sousa, nadadores do FC Ferreiras e vencedores dos escalões G e H. Os atletas Diana Silva e Pedro Soares também subiram ao pódio na segunda posição no ranking final, nos escalões G e H, respetivamente .

ALGARVE INFORMATIVO #22

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #22


ALGARVE INFORMATIVO #22

58


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.