REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #432

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ANA BACALHAU FANTÁSTICA EM SILVES

ALGARVE INFORMATIVO 4 de maio, 2024 #432 20.º ANIVERSÁRIO DA APAL | BUBA ESPINHO | «UMA BELEZA QUE NOS PERTENCE» CASTRO MARIM RESORT & COUNTRY CLUB FESTEJOU DIA DO REI DOS PAÍSES BAIXOS

ÍNDICE

20.º aniversário da APAL (pág. 20)

Portimão constrói mais habitação a custos controlados (pág. 34)

Jardim e Parque Infantil inaugurados em Almancil (pág. 42)

Castro Marim Resort & Country Club comemorou Dia do Rei dos Países Baixos (pág. 50)

Ana Bacalhau em Silves (pág. 66)

Alunas da Secundária Tomás Cabreira brilham em «Uma beleza que nos pertence» (pág. 82)

Buba Espinho em São Brás de Alportel (pág. 108)

OPINIÃO

Ana Isabel Soares (pág. 116)

Fábio Jesuíno (pág. 118)

Sílvia Quinteiro (pág. 120)

Dora Gago (pág. 122)

APAL promoveu reflexão sobre os caminhos para o turismo de Albufeira em dia de 20.º aniversário

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Malha Comunicação s duas décadas da APAL – Agência de Promoção de Albufeira foram assinaladas, no dia 19 de abril, com um programa intenso, no Nau Salgados Palace. Um dos pontos altos foi a conferência «Caminhos para o Turismo», que abriu com intervenções de Desidério Silva, presidente da direção da APAL, e do recém-nomeado Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.

Na ocasião, Desidério Silva apelou ao trabalho conjunto com o Município e ao empenho dos associados para fortalecer a marca Albufeira. O presidente da direção afirmou que a APAL é e será sempre um parceiro do município, reiterando que esta “não é apenas uma associação de promoção turística, mas também um elo com o tecido empresarial, especialmente o da hotelaria e similares”. Sobre a taxa turística a ser

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cobrada pela autarquia, disse ter a expectativa de que seja utilizada a favor de aspetos como a promoção e valorização do destino e marca Albufeira; requalificação do espaço público; infraestruturas de saneamento básico; acessibilidades e transportes; e formação profissional. O dirigente elogiou ainda a apresentação do Plano Estratégico para Captação de Novos Turistas e o protocolo com a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, considerando-os passos essenciais para melhorar a qualidade da oferta e mudar a perceção sobre Albufeira.

Dirigindo-se ao Secretário de Estado do Turismo, Desidério Silva desafiou o governo a dar prioridade a diversos investimentos para a região algarvia, de modo a acompanhar os esforços do setor

privado. Entre os investimentos elencados, realce para a melhoria da rede de transportes, das infraestruturas viárias, da gestão da água na região, para a construção de um novo hospital central, para a modernização da linha férrea ou a requalificação total da EN 125. “É importante olhar e dar valor a esta região de uma vez por todas”, defendeu, pedindo a Pedro Machado que “sensibilize o atual governo para colocar o Algarve no lugar que merece em termos de investimento público, de valorização do território, de sustentabilidade ambiental e económica”.

Desidério Silva mencionou igualmente a crescente importância dos associados da

APAL, que já são perto de 250, sublinhando que o futuro do destino depende de um esforço coletivo. “O destino e a marca Albufeira só serão valorizados se todos trabalharmos no mesmo sentido. Todos os mercados, bem como os nossos concorrentes, vão estar atentos àquilo que nós fizermos, portanto, não podemos falhar. O futuro de Albufeira também está nas vossas mãos e não apenas nas mãos da Câmara Municipal e de outras entidades”

Também Pedro Machado considerou que o sucesso do setor turístico em Portugal depende de uma colaboração entre governo, setor privado e universidades. O novo Secretário de

Estado do Turismo reconheceu que “os desafios do setor são imensos e as oportunidades também”, tendo revelado algumas das metas do novo governo, tais como a revisão da Lei 33, o aumento do orçamento das Regiões de Turismo, a melhor articulação entre os diferentes níveis de atuação, a criação de uma nova agenda para o turismo e a desburocratização.

A conferência «Caminhos para o Turismo» incluiu dois painéis de especialistas, os quais refletiram sobre algumas temáticas relacionadas com o setor. Para falar sobre «Novas Formas de Promoção Turística» foram convidados António Jorge Costa, CEO do IPDT Turismo, e Carlos Coelho, presidente do Ivity Brand Group. O tema «O Futuro do Turismo: Oportunidades e Ameaças» foi

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abordado por Luís Serra Coelho, professor associado da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, e por João Luís Duque, professor catedrático no ISEG – Universidade Técnica de Lisboa.

No encerramento da conferência estiveram José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, e André Gomes, presidente da Região de Turismo do Algarve. O autarca destacou o papel da APAL enquanto «braço armado» da Câmara Municipal de Albufeira ao serviço da promoção do concelho e manifestou disponibilidade para “continuar este trabalho de parceria para que os objetivos comuns de valorização turística deste território e do seu tecido económico possam ser cumpridos”. Para André Gomes, “é

fundamental haver uma boa articulação entre as várias entidades públicas, associativas e privadas para a valorização do setor, de forma a que todos, em conjunto, possam atuar na maximização dos recursos em prol da região”.

À conferência «Caminhos para o Turismo» seguiu-se um jantar, durante o qual foram homenageadas as pessoas que estiveram na constituição da APAL, designadamente, Desidério Silva, José Carlos Rolo, Helder Martins, José Carlos Leandro, Vítor Vieira, Lina Bazelga, Carla Ponte, Cristina Miguel, Arlindo Simões Ferreira, José Santos, Rui Justo, Carlos Santos e Helena Simões. Em simultâneo, foi destacado o trabalho efetuado por Dora Coelho e Luís Pereira, antigos

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coordenadores gerais da APAL, bem como Joana Machado, que desempenha atualmente essa função.

Foi, ainda, reconhecido o papel desempenhado por Carlos Silva e Sousa, na defesa desta instituição, através do patrocínio de uma bolsa de estudo com o seu nome. Esta bolsa será atribuída para o período 2024/2027 a um aluno ou aluna da Licenciatura em Turismo, da Universidade do Algarve, contemplando o pagamento das propinas dos três anos do curso. Para formalizar a entrega desta bolsa, foi chamada ao palco Rosário Silva e Sousa, esposa do falecido autarca, e Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve. A noite terminou em festa com um momento de humor protagonizado por Eduardo Madeira.

O programa comemorativo do 20.º aniversário da APAL teve início, porém, com uma mostra de associados, na qual participaram diversas empresas e entidades dos mais variados setores. Com esta mostra, a APAL pretendeu criar uma oportunidade para que os seus associados pudessem expor os seus produtos e serviços, bem como desenvolver sinergias. Este dia ficou igualmente marcado pela entrega a todos os convidados da revista «Destino Albufeira», uma publicação editada pela APAL, que visa apresentar o balanço das atividades realizadas em 2023 por esta Associação, destacar vários projetos diferenciadores implementados no concelho, e lembrar algumas das distinções nacionais e internacionais alcançadas, quer por Albufeira, quer pelas empresas que ali desenvolvem os seus negócios .

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Arrancou a construção de 227 fogos de habitação a custos controlados em Vale de Lagar

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina eve lugar, no dia 24 de abril, o lançamento da primeira pedra do projeto municipal de construção de 227 fogos de habitação a custos controlados (dos quais 23 para a Câmara Municipal de Portimão), a erigir na zona de Vale de Lagar, em Portimão. Tratam-se de fogos de tipologia T1, T2 e T3 destinados a pessoas entre os 18 e os 45 anos que se candidataram ao concurso público previamente lançado pela Câmara

Municipal de Portimão, no âmbito da estratégia municipal de combate às carências habitacionais do concelho. “Há três anos, o nosso grupo económico sentiu que existiam muitas necessidades ao nível dos patamares com menos recursos da sociedade portuguesa. Somos uma empresa privada, temos objetivos de rentabilidade, mas olhar para este problema é um desafio muito importante”, referiu, na ocasião, o

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empresário Gaspar Ferreira. “Muito importante pela responsabilidade dos produtos que desenhamos, das otimizações que introduzimos e das exigências que estão inerentes a uma operação desta natureza”.

Gaspar Ferreira admitiu que, noutros tempos, predominou uma visão negativa sobre a construção a custos controlados e que deu origem a empreendimentos de menor qualidade, mas essa não é a mentalidade da «Ferreira Build Power». “Desenhamos casas viradas para o

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futuro, para as novas gerações, económicas na sua utilização, com classificação A/A+, e que agradarão a todos aqueles que procuram a sua primeira habitação. Casas descomprometidas, sem grandes

labirintos internos, mas com todas as necessidades satisfeitas”, descreveu Gaspar Ferreira, cujo grupo construiu recentemente cerca de 90 fogos deste perfil em Faro. “Em Portimão, estamos a construir num local ótimo para se viver e nenhum dos vizinhos deve ficar preocupado com a qualidade do que aqui vai surgir.Temos uma equipa de negócio específica para o Algarve, vamos criar um empreendimento de grande qualidade, a empresa vai ganhar o seu dinheiro, porque tem direito a isso, e a Câmara Municipal vai ficar feliz porque cumpriu com o objetivo político de dar qualidade de vida às pessoas”, salientou o empresário.

Naturalmente satisfeita estava Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, “porque a verdadeira democracia só existirá quando toda a gente tiver direito a uma habitação condigna” “Nenhuma família será feliz se não tiver o seu espaço para viver, para crescer e para ter os seus momentos de repouso. Este empreendimento vai

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dar resposta a 227 famílias, sendo que os 23 apartamentos da autarquia serão sobretudo destinados a alguns trabalhadores dos quais temos alguma falta precisamente por não existir habitação disponível, nomeadamente, professores e profissionais de saúde e de segurança”, revelou Isilda Gomes. “Dar a capacidade a 204 famílias de puderem adquirir o seu apartamento a um preço bastante mais baixo do que se pratica normalmente no mercado, é dar um salto enorme na construção da democracia. O 25 de Abril trouxenos o dever e obrigação de olhar para os mais carenciados e de

tentar resolver os seus problemas”, reforçou.

Isilda Gomes afirmou ainda, sem hesitação, que “a classe média foi esmagada nos últimos anos, pelo que viu baixar bastante a sua qualidade de vida e a sua capacidade de investimento” “Há casais jovens que querem constituir a sua família e que são forçados a viver com os pais. Quero agradecer à empresa por esta sociedade que aqui fizemos para garantir uma habitação condigna para 227 famílias. Hoje é um dia de festa para os portimonenses, estamos a fazer Abril”, concluiu Isilda Gomes .

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Jardim e parque infantil inaugurados em Almancil no dia 25 de abril

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ois novos espaços públicos dirigidos à comunidade foram inaugurados, no dia 25 de abril, na vila de Almancil, uma iniciativa da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Almancil que integrou o programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril.

Na Rua Poeta Aleixo nasceu um espaço de estadia e convívio intergeracional

renovado, o Jardim da Vila. Esta área de recreio foi requalificada e integra agora novos equipamentos, nomeadamente máquinas para exercícios e um novo pavimento no parque infantil. Além da melhoria ao nível da segurança e na estética do local, pretendeu-se com esta intervenção incentivar um estilo de vida ativo e saudável com a pavimentação de uma área alargada a atividades ao ar livre. Foram ainda plantadas árvores que permitirão trazer sombras ao espaço.

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No Jardim das Comunidades, o pulmão de Almancil e centro social da vila, a Autarquia criou uma nova área de recreio na parte noroeste. Mais equipamentos para as crianças brincarem, com o alargamento das faixas etárias às quais os mesmos se destinam, melhoria do pavimento e reforço da arborização são os principais elementos desta obra de requalificação do espaço público, da autoria da jovem arquiteta Sara Nunes. E no dia inaugural foram muitas as crianças que quiseram estrear o parque e a alegria dos mais novos, entre risos, gargalhadas e muita brincadeira, reinou nesta tarde em que se celebrou a liberdade.

Joaquim Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Almancil, agradeceu à Autarquia “esta obra que foi uma

aspiração de muita gente ao longo do tempo”. “O nosso trabalho é para as pessoas, mas se essas pessoas forem crianças, o gosto é ainda maior, porque é uma alegria ver as crianças a pular e a rir”, destacou Vítor Aleixo em relação a esta requalificação. De referir que o investimento total dos dois espaços –Jardim da Vila e parque infantil do Jardim das Comunidades – ascendeu a 180 mil euros. “Desde 2013, Almancil mudou muito rapidamente e para melhor”, disse ainda o presidente da Câmara de Loulé, anunciando que está para breve a inauguração nesta freguesia de uma obra de grande dimensão, o Pavilhão Multiusos, que terá o nome de «Pavilhão 25 de Abril» .

Castro Marim Golf & Country Club comemorou Dia do Rei dos Países

Baixos

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

á mais de 15 anos que o Castro Marim Golf & Country Club festeja o Dia do Rei dos Países Baixos com a realização de um torneio de golfe que reúne jogadores habituais deste excelente empreendimento situado no sotavento algarvio, bem como proprietários e convidados especiais. O momento de convívio e fraternidade acontece sempre no dia 27 de abril e contou com a participação da Embaixadora dos Países Baixos em

Portugal, Margriet Leemhuis, do seu marido, David Zeverijn, bem como dos proprietários do resort e anfitriões, Willem van Kooten e a esposa Petronella de Lange van Kooten.

Ao todo, foram mais de 50 jogadores a percorrer os 18 verdejantes e muito bem tratados buracos do Castro Marim Golf & Country Club, num belo dia de sábado que serviu, para além da vertente competitiva, para reforçar os laços existentes entre Portugal e os Países Baixos .

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ANA BACALHAU ABRILHANTOU

DOS 50 ANOS DO 25 DE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ABRIL

ABRILHANTOU COMEMORAÇÕES

ABRIL EM SILVES

s comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Silves celebraram o nascimento da democracia portuguesa e apresentaram uma oferta diversificada e abrangente que permitiu a todas as gerações vivenciar os valores de Abril. Silves foi, deste modo, palco de um vasto programa de atividades entre 19 e 30 de abril, desde exposições a cinema, música e teatro de rua, entre outras iniciativas.

Um dos pontos altos foi, sem dúvida, o fantástico concerto que Ana Bacalhau deu, na zona ribeirinha, na noite de 24 de abril, e que levou a assistência ao rubro. Exuberante e divertida como sempre, a antiga vocalista dos Deolinda, agora a brilhar em nome próprio já há alguns anos, veio a Silves interpretar os êxitos da sua carreira a solo, bem como temas que marcaram a Revolução dos Cravos, e o público respondeu a rigor, cantando e dançando do princípio ao fim da atuação.

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ALUNAS DA SECUNDÁRIA BRILHAM EM «UMA BELEZA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

TOMÁS CABREIRA

BELEZA QUE NOS PERTENCE»

SECUNDÁRIA

ssinalou-se, a 29 de abril, o Dia

Mundial da Dança, data aproveitada pelo Curso

Profissional de Artes do Espetáculo Intérprete de Dança

Contemporânea e Ator/Atriz do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, de Faro, para dar início, no auditório do IPDJ, à segunda edição do «(a)Mostra – Mostra de Artes Performativas», numa parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude. “Hoje celebramos a arte

da dança e a sua capacidade de unir as pessoas, inspirar a criatividade e expressar emoções profundas. A dança é uma forma de comunicação universal que transcende as barreiras culturais e linguísticas, permitindo-nos compartilhar histórias e experiências de maneiras únicas e belas. Que a dança continue a conectar-nos e a enriquecer as nossas vidas, trazendo alegria, beleza e significado para o mundo”, referiram os professores Ana Filipa Antunes e Pedro Curado.

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Assistiu-se, desde modo, ao espetáculo comemorativo composto por trabalhos das alunas do Curso Profissional Intérprete de Dança Contemporânea, Adriana Sobral, Carolina Fernandes, Daniela Rocha, Luana Gomes, Mara Soares, Maria Beatriz Silva, Lara Domingos, Rosa Felisberto, Mafalda Ruivo, Luísa Simão, Cristiana Custódio, Joana Encarnação e Margarida Minhalma, que interpretaram

«Amizade», «Esperança», «Peregrinação», «Velocidade», «Dor», «Movespaçodelicado(s)», «Mal», «Sabedoria», «Fé», «Não Crentes» e «As 3 graças». As coreografias fazem parte de «Uma beleza que nos pertence», espetáculo que estreou, no dia 3 de maio, no auditório da Escola Secundária Tomás Cabreira, inspirado no livro «Uma beleza que nos pertence» de José Tolentino Mendonça .

SÃO BRÁS DE ALPORTEL COM BUBA ESPINHO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

ALPORTEL VIBROU

NO 25 DE ABRIL

ESPINHO

uba Espinho foi o cabeça-de-cartaz das comemorações do 25 de Abril em São Brás de Alportel, com um excelente concerto no Largo de São Sebastião em que partilhou o palco com o Coro Infantojuvenil da Liberdade.

Apesar da sua jovem idade, o alentejano cruza géneros musicais como ninguém, viajando do Cante ao Fado com a mesma mestria com que domina o pop nacional e

as sonoridades mais urbanas e atuais. E, de facto, o novo concerto de Buba Espinho consagra-o como o cantautor que há muito despertava dentro dele. Depois dos êxitos nos duetos com os D. A. M. A. e Bárbara Tinoco, de atuações ao vivo como convidado de grandes artistas como Rui Veloso, Ana Moura e António Zambujo, o músico natural de Beja regressou em força, em 2023, com um novo disco, «Voltar», e com muitas histórias para contar e encantar, como se verificou em São Brás de Alportel .

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Nonagésima sétima tabuinha: Reservas Ana Isabel Soares (Professora)

padrão do seu ritmo diário de movimento foi alterado”, diz-me – por estas ou semelhantes palavras – o meu telefone. É esperto, o meu telefone, e sinto-o como se só o meu falasse comigo. É uma das consequências da esperteza destes aparelhos, fazer com que uma pessoa se sinta o centro do mundo: se um mecanismo de ligação ao mundo se dirige a mim, revelando-me segredos sobre o meu padrão diário de movimento, denunciando saber de mim mais do que eu própria sei, é porque tem estado a reparar em mim, porque me tem dado atenção; logo, sou importante para este meu aparelho que me liga ao mundo; logo, sou importante para o mundo. Enche-se-me de ar o peito orgulhoso, empurra para trás as omoplatas e faz-me endireitar os ombros. Que me importa o resto do mundo, se me vejo no seu centro, observada por uma entidade «esperta» que só a mim dedica atenção, que se me dirige como se mais ninguém existisse?

(As dúvidas, porém, importunam-me: que ritmo? Eu tenho um ritmo? Tenho um ritmo diário? Como diachos se alterou aquilo que não sabia que existia? O que foi que fiz agora? «Alterou-se» como? Quem o alterou – qual o agente daquela passiva? Alterou-se para meu bem?

Como o mantenho benéfico? Ou terá sido em meu prejuízo? O que me irá acontecer?).

Olhar-me como se eu fosse o centro do mundo tem o efeito imediato de fazer desaparecer o resto do que deveria ser densidade à minha volta (a definir, precisamente, um núcleo); Narciso nasce quando – ou «e» – o mundo desaparece.

A meio de ler um artigo de jornal, crónica do El País no rescaldo da “decisión de Sánchez”, acende-se uma luzinha no telefone (insisto em chamar «telefone» a este aparato-coleira) que fala só para mim e somem-se Espanha e a retórica de um discurso político de pouco mais de oito minutos; desaparecem, como eles, Gaza e Ucrânia, a impunidade de um antigo funcionário da P.I.D.E., a volubilidade de uma Presidente da Comissão Europeia. Alterou-se o ritmo do meu movimento diário e nada mais me importa senão fazer a análise das horas mais recentes – não do país, não da Península, não da Europa nem dos continentes reaproximados pelos sismos da marcial violência –, mas das minhas pernas sobre as ruas, do meu corpo sobre as pedras da calçada; nada supera a comparação entre o tempo que passei sentada e o tempo do meu corpo em movimento vertical.

Por sorte, reaparece o papel do jornal que lia. Ouço o rumor das folhas debaixo da manga da blusa e as páginas voltam a

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assomar, reconfiguradas enquanto mundo fora de mim. Onde é que eu ia? Ah, sim – «Todos idiotas», texto assinado por Azahara Palomeque (“Que nomes curiosos”, desvio-me outra vez), cujo começo me faz estremecer: “Para poder ler com metade da concentração que tinha aos meus 10 anos, tenho de levar o telemóvel para fora da sala, colocá-lo relativamente longe como sempre o tenho, com o volume desligado, e, mesmo assim, sinto que o pensamento

fragmentado me persegue e escapa por entre as páginas, como choque elétricos de que tentasse proteger-me com uma manta”.

Tenho o telemóvel ao lado – nada a fazer quando a luz se volta a acender e os olhos se desviam: “Reserve uns momentos para escrever sobre a sua experiência em Universidade Rey Juan Carlos” .

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Foto: Vasco Célio

O futuro do marketing digital Fábio Jesuíno (Empresário)

marketing digital está a expandir-se a um ritmo acelerado, desempenhando um papel crucial nas estratégias de comunicação das empresas e das suas marcas, tornando-se um dos principais pilares para o sucesso dos negócios.

Numa evolução constante, o marketing digital enfrenta diversos desafios, principalmente associados à ligação entre as marcas e o seu público-alvo, sendo crucial identificá-los para garantir o sucesso das estratégias de comunicação.

Diminuição do alcance orgânico

A redução do alcance orgânico é um desafio cada vez mais presente. O número de empresas que reconhecem nas redes sociais uma plataforma excelente para promoverem os seus produtos ou serviços e captarem e fidelizarem clientes está a crescer exponencialmente.

Como resultado, a quantidade de conteúdo gerado aumentou significativamente, tornando-se cada vez mais difícil destacar-se da multidão. Com o aumento do número de páginas e perfis, as redes sociais têm implementado filtros cada vez mais rigorosos, utilizando algoritmos baseados em inteligência artificial capazes de selecionar o conteúdo

mais relevante para cada utilizador, privilegiando sempre os perfis em detrimento das páginas.

Para superar este desafio, as empresas devem implementar estratégias de marketing digital bem estruturadas e investir em campanhas para alcançar o seu público-alvo. É essencial recorrer a profissionais qualificados e a agências especializadas e certificadas em marketing digital para obter bons resultados.

Supremacia do Google

A hegemonia do Google é inegável. Com uma quota de cerca de 90 por cento no mercado dos motores de busca e sendo o website mais visitado do mundo, ele transformou-se num destino por si só, em vez de apenas uma plataforma de descoberta.

As funcionalidades internas do Google, que vão desde a resposta a várias perguntas até uma secção dedicada a compras ou notícias, reduzem a necessidade de recorrer a websites externos, mantendo os utilizadores dentro da sua própria plataforma. Este desafio deve ser encarado de forma proativa, através da implementação de várias estratégias baseadas em marketing de conteúdos para melhorar o alcance e a notoriedade da marca.

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Se possuir uma loja online, é crucial utilizar o Google Shopping para assegurar a visibilidade dos seus produtos e desenvolver uma estratégia de SEO contínua, adaptada às atualizações do algoritmo de pesquisa.

Utilização da inteligência artificial

A integração da inteligência artificial no marketing digital tem vindo a ganhar destaque e a tornar-se cada vez mais crucial para o êxito das estratégias de comunicação digital, especialmente na melhoria da experiência do cliente com base no seu comportamento de compra, atividades na internet ou redes sociais.

A inteligência artificial pode ser aplicada de várias formas, incluindo a

aprendizagem automática, que alimenta os algoritmos para tomarem decisões de forma autónoma. Isso melhora a segmentação dos anúncios, a geração de leads e a otimização da pesquisa. Um exemplo prático desta aplicação são os assistentes pessoais digitais.

Para superar este desafio, é essencial investir em formação contínua na área e desenvolver uma estratégia adaptada às necessidades de cada marca, compreendendo e antecipando melhor as necessidades do utilizador.

Estes são os principais desafios que, na minha opinião, o marketing digital enfrentará nos próximos anos, e é crucial encará-los de forma positiva para alcançar o sucesso .

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Em defesa do Maio Sílvia Quinteiro (Professora)

manhece. Sobre a mesa da casa de jantar, uma toalha de renda desenha penas de pavão. A mesa foi posta de véspera.

Medronho. Folar. Bolo de laranja. Figos secos. Pratos antigos e cálices de vidro muito fino. Ao centro, uma jarra vazia aguarda que a encha de maios e calças de cuco. É, por isso, hora de ir até ao mato colher as flores. A família não tarda a despertar e há que atacar o Maio de imediato.

Caminho um pouco por entre os pinheiros e encontro uma mulher que traz um molho na mão.

– Tem chovido bem. Está tudo verde.

Há muitos anos que não via tantos maios. Olhe ali. Maios e calças de cuco com fartura – diz.

Também eu estou espantada com tamanha abundância de flores. Ficamos à conversa. Talvez já não haja tanta gente a apanhá-los. Talvez o hábito de pôr a mesa para atacar o Maio se esteja a perder. Rimos do facto de ambas termos bebido um copo de medronho mal acordámos. Não fosse o Maio entrar… Há que jogar pelo seguro.

– Tenho 94 anos. Se é para afastar o bicho, tanto vale o comprimido para o

colesterol como um copinho de medronho. A Fátima é que já não vou, que fico cansada. Mas ainda cá quero andar mais uns dias – afirma, divertida.

Pergunto-lhe se conhece as rolhas de maio. Se se faziam na sua infância. Nunca ouviu falar. «Em moça», medronho e figos secos. Folar, mais tarde. Nos bons tempos. Em criança, nada. Explica-me que a tradição só existia para os ricos. A vida foi melhorando, mas até casar não se lembra de tal coisa. Os figos eram a refeição que levavam para o trabalho. Não se podiam desperdiçar. E, enquanto vamos caminhando pelo mato e compondo os nossos molhos, entra por uma fabulosa viagem no tempo. Recorda sem qualquer esforço outros Dias de Maio. A comparação surge com naturalidade: o antigamente e o agora. Percebo que, quando se tem 94 anos, o agora pode ter 50.

– Naquele tempo, era tudo uma barrigada de fome. Esses «moce pequenes» que andam pr’aí a dizer que antigamente é que era bom, era dar-lhes com um pano encharcado nas ventas –diz com rispidez. O ar de brincadeira e a leveza da conversa desaparecem. Mostra-se incomodada. Zangada. Só volta a sorrir quando nos despedimos.

Regresso a casa. Entro de ramo na mão. Acerto os caules e encho a jarra. Um volumoso molho de maios lilases

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salpicado pelo rosa vivo das calças de cuco. Ficou lindo. Sinto uma felicidade quase pueril. A mesa está finalmente pronta. Iniciamos o ataque com um brinde. Narizes franzidos. Os rapazes, ainda ensonados, fazem caretas. Engolir medronho em jejum não é para fracos. Como todos os anos, eu explico o que está na mesa. Lembro como se fazia em casa dos meus bisavós, avós e pais. Não o digo abertamente. Mas, o que realmente pretendo é que estes momentos fiquem gravados na memória dos meus filhos. Que registem todos os pormenores e não deixem que se perca o ritual algarvio.

A família dispersa-se pela casa e eu sento-me, então, a escrever esta crónica. Hesito em usar a expressão da senhora a propósito dos que têm tantas saudades de outros tempos. Dou voltas ao texto. Procuro alternativas mais poéticas. Menos gráficas. Sinónimos. Eufemismos. E decido que ficará exatamente como me foi dito.

Pela minha parte, rabisco este texto que poderão sempre imprimir e encharcar, dando-lhe depois bom uso, em defesa deste e dos Maios que virão .

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Um gesto na linha do verso Dora

Gago (Professora)

Breve homenagem a Nuno Júdice

(Portimão, Mexilhoeira Grande, 29 de abril de 1949 – Lisboa, 17 de março de 2024)

“(…) E a vida que pulsa por entre advérbios e adjectivos esfuma-se depressa, quando procuramos seguir a linha do verso, o que fica? Perguntas-me

Um encontro no canto da memória.

Risos, lágrimas, o terno murmúrio da noite.

Nada, e tudo”.

Nuno Júdice, o Estado dos Campos, Ed. Dom Quixote, 2003

erá talvez um início de Outubro de 1997 ou 1998, numa tarde de quarta feira (essa a única certeza) sem dúvida, porque era o dia das aulas de mestrado.

Nas escadas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, uma jovem sentou-se para chorar, num gesto de último desespero. Levantou-se antes das cinco da madrugada, depois de ter dado aulas numa escola secundária, no Alentejo profundo, até à meia-noite. Apanhou dois autocarros para conseguir assistir às aulas do mestrado em Lisboa e inscrever-se no último seminário, pois o prazo termina nesse dia. Inexplicavelmente, a secretária do departamento recusou-se a aceitar a inscrição. Tinha de fechar mais cedo, havia um erro qualquer no documento que não se podia corrigir. A jovem tentou argumentar, explicar a situação, sem sucesso. Ficaria sem hipótese de concluir a parte curricular nesse ano e talvez o melhor fosse desistir depois de tantos

sacrifícios. Por isso, sentou-se nas escadas, converteu em lágrimas o cansaço, a incerteza, a frustração. De repente, um senhor desconhecido, moreno, discreto, aproxima-se. Pergunta se precisa de alguma coisa. Ela explica a situação, sem qualquer esperança. Ele diz-lhe que o acompanhe que tentará resolver a situação. Chegam ao departamento e a secretária desfaz-se em desculpas. Afinal, foi um equívoco. A inscrição pode ser aceite naquele mesmo momento, sem qualquer problema.

Incrédula, a jovem agradece muito ao seu «anjo salvador», a quem por timidez não pergunta sequer o nome, mas percebeu que é Professor, ali na Universidade. Só tempo depois o reconhece, na capa de um livro de poesia. Este ainda era o tempo em que o rosto de um poeta ainda se ia desenhando pelos versos, pela palavra, um tempo longe do mediatismo da internet e das redes sociais que vão convertendo poetas e escritores numa espécie de Pop Stars.

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Agora, em tempo de aniversário, perante a dor e a consternação do esfumar da vida, fica a profunda gratidão no canto da memória, pelo gesto generoso, pelo profundo humanismo, pela beleza que habita os inúmeros versos onde a vida pulsa e pulsará para sempre entre advérbios, adjectivos, risos e lágrimas. Muito obrigada, Nuno Júdice!.

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Daniel Pina

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Daniel Pina

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve.

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores.

A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão.

A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica.

A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais.

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos.

A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

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